sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Tiros em Columbine

Ótimo filme. Eu gosto do Michael Moore, embora ele muitas vezes coloque seu partidarismo acima de tudo (os democratas sempre são mocinhos e os republicanos sempre são vilões em sua forma de pensar). Aqui ele debate a questão das armas nos EUA, que infelizmente podem ser encontradas para venda em qualquer lugar, até mesmo no posto de gasolina mais próximo. Com mais gente armada, mais chances de acontecer uma tragédia como aconteceu no colégio em Columbine quando dois jovens alucinados se armaram até os dentes e mandaram fogo em colegiais inocentes. Em minha opinião a tese defendida por Michael Moore é válida e concordo com ele. A par disso a cena que mais lembro de Columbine é aquela em que Charlton Heston aparece defendendo o uso de armas de fogo. Velho e alquebrado o ídolo do passado não lembra em nada seus heróicos papéis no cinema. É duplamente deprimente a cena. Primeiro por ver um ídolo como aquele defendendo esse tipo de ideologia que hoje em dia não mais se sustenta. Segundo porque vemos um homem no crepúsculo de sua vida ignorando massacres como o de Columbine, que de certa forma foi um efeito cruel das idéias que defende em cena. Ele simplesmente se nega a falar sobre o assunto. Lamentável.

O calcanhar de Aquiles do filme porém é a falta de parcialidade de Michael Moore. Assim você nunca vai ver uma crítica a um democrata nos filmes dele. Nenhum parlamentar do partido que defenda a comercialização das armas aparece em cena. Michael Moore é um membro desse partido e sendo assim só sabe falar mal do partido republicano. Uma pena que ele partidarize tanto o tema. Outro aspecto a se criticar é o pouco espaço que o diretor abre para as vítimas de Columbine. Os dois estudantes que mataram seus colegas acabam ganhando mais espaço em cena, o que acho bem equivocado. Para sanar isso eu aconselho ao espectador que pesquise no Youtube pois há vários vídeos feitos por familiares e amigos sobre os jovens que foram mortos, alguns são muito tocantes, como a de uma jovem que sonhava virar uma missionária nos países pobres. É realmente lamentável que pessoas tão boas, com esse tipo de índole, tenham sido mortas de forma tão sem sentido e brutal. Por essas e outras razões também defendo, como o diretor, um rígido controle de vendas de armas pois nunca se sabe em quais mãos elas vão parar. Lamentavelmente os eventos de Columbine acabaram se multiplicando em vários outros colégios e universidades americanas nos anos seguintes. Virou uma espécie de modelo do crime. Pessoas descontentes com suas vidas acabaram cometendo atos terríveis em um espiral de insanidade sem freios. Aonde afinal tudo isso vai parar? Será que algum dia Columbine deixará de inspirar todos esses homicidas? Só nos resta esperar que sim.

Tiros em Columbine (Bowling For Columbine, Estados Unidos, 2002) Direção: Michael Moore / Roteiro: Michael Moore / Elenco: Michael Moore, Charlton Heston,  Mike Bradley, Marilyn Manson / Sinopse: Documentário em que o diretor Michael Moore tenta lançar uma luz sobre o terrível massacre ocorrido em Columbine, quando dois jovens fortemente armados atiraram em seus colegas de escola. Treze estudantes foram mortos e vinte e um feridos. "Tiros em Columbine" foi o vencedor do Oscar de Melhor Documentário e o César de Melhor Filme Estrangeiro.

Pablo Aluísio.

2 comentários:

  1. Pablo:

    Eu não gosto de comentar discordando do dono do blog; porém para ser honesto com você que muito admiro não posso me furtar a esta oportunidade,

    Eu também gosto de ver os filmes do Michael Moore, tanto que acabei de baixar um, mas acho Tiros em Columbine é, no mínimo, desonesto, para não dizer acéfalo.

    Fazer o que ele fez com o Charlton Hestom depois de ser recebido com toda gentileza em sua casa foi muito triste, indigno, grosseiro e desnecessário, afinal somente se trata de alguem que pensa diferente, o que é totalmente aceito em uma democrácia. Se eu não apoio o uso de armes, tem quem apóie e vendo o que está acontecendo nos dias atuais, com a nossa sociedade covarde refém de bandinhos vagabundos, da o que pensar. Outra coisa: no filme ele vai a outros países para provar o número grande de armas nas mãos da população é que provoca os tiroteios em escolas e outros lugares públicos, mas não prova, pois, no Canadá, por exemplo, existem muitos mais armas por habitante que nos Estados Unidos e não há tiroteios, e nem roubos, em número elevado, tanto que as portas ficam abertas. O próprio Michael Moore testemunha isso fica com cara de paisagem sem saber o que concluir da sua experiência para provar a sua teoria. Me pareceu que ele, o Michael, é meio desprovido de recursos intelectuais. Por isso não achei Tiros em Columbine, o grande filme eu pensei que fosse, ainda mais vindo de quem veio.

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  2. Serge,

    Fique à vontade para discordar sempre que quiser. Em relação ao Michael Moore é como disse no texto, ele não é uma pessoa imparcial. Isso afeta sua capacidade de analisar com clareza os problemas propostos em seus filmes. Eu sou da opinião de que não é a população civil que deve ser armada mas os órgãos de segurança do Estado. O cidadão armado contra o bandido tem grandes chances de morrer. O Estado é que deve dar proteção ao cidadão. Agora o que não se pode é aceitar uma situação como essa de Columbine onde esses assassinos compraram um verdadeiro arsenal de guerra pela Internet sem nenhum controle. Sobre a cena do Charlton Heston concordo inteiramente com você - é tudo muito deprimente.

    Abraços,
    Pablo Aluísio.

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