Além de ser o galã número 1 de Hollywood em sua fase de ouro, em plena era do cinema clássico americano, o ator Rock Hudson também tinha que procurar preservar sua vida pessoal de todas as maneiras possíveis. Rock cultivava hábitos que poderiam manchar sua imagem perante o grande público. Além da homossexualidade, que ele tinha verdadeiro pavor que fosse revelada (afinal uma revelação escandalosa dessas em plenos anos 1950 poderia destruir sua carreira), Rock ainda tinha sérios problemas com a bebida. Ele era muito bom de copo e desenvolveu um alcoolismo que com o tempo começou a afetar seriamente seu prestigio em Hollywood.
Rock veio de uma família de bebedores de whisky. Nascido no meio oeste americano ele viu desde cedo o hábito de beber muito como algo natural. Quando foi para a Marinha, durante a II Guerra, o problema só piorou. Para aguentar as intermináveis jornadas de trabalho nos navios, ele e seus colegas de farda afogavam o stress e a exaustão em bebedeiras homéricas nos bares dos portos onde chegavam. Rock Hudson foi um marinheiro ao velho estilo, onde seus camaradas se reuniam em bando para brigar em bares ao longo da costa. Geralmente as brigas eram contra soldados do exército ou Força Aérea. Bastavam se encontrar para a briga começar. Esse tipo de rivalidade era algo comum nas forças armadas americanas e invariavelmente terminava com todos bêbados, cantando pelas ruas pela madrugada adentro.
Depois da guerra Rock resolveu que iria tentar realizar seu velho sonho de se tornar um astro de cinema. No começo era apenas um sonho quase impossível de realizar. Como era boa pinta, alto e bonito, as portas dos grandes estúdios logo se abriram para ele. Rock então aproveitou como poucos a boa vida de um galã de Hollywood. Praticamente dava festas todas as noites para colegas de profissão, diretores e amantes ocasionais. A farra não tinha hora para parar e nem havia previsão de terminar a bebedeira. Rock não perdia a chance de encher a cara nessas ocasiões festivas. Geralmente terminava a noite desmaiado na piscina ou no sofá de sua sala ricamente decorada.
Com o tempo todos foram percebendo que o consumo de álcool aumentou e fugiu do controle. Rock começou a beber todas as noites, ficando embriagado com regularidade. Dono de uma maravilhosa coleção de discos de vinil, Rock passava a noite ouvindo música e bebendo até cair, mesmo que estivesse sozinho. Em fins da década de 1960 ele começou um longo e complicado caso amoroso com um sujeito chamado Tom Clark que trabalhava como publicitário da MGM. Clark bebia tanto quanto Rock e juntos eles protagonizaram bebedeiras que entraram na história de Hollywood. Em uma dessas festas Rock ficou tão bêbado que apareceu vestido de bebê, com fralda e tudo. Em outra começou uma violenta briga com Clark que terminou em socos e pontapés na frente de todos os convidados.
Sua carreira começou a ficar prejudicada. Como Rock não se parava de beber todas as noites, ele começou a aparecer arrasado nos estúdios no dia seguinte. Seu semblante de ressaca atrapalhava a sua imagem e seu estado deplorável o impedia de decorar corretamente suas falas. Não era fácil ficar bebendo até as quatro da manhã para depois aparecer para trabalhar, posando de galã, as oito da manhã. Seu alcoolismo ficou tão sério que Rock começou a perder seu bem mais precioso: sua imagem, que se deteriorou rapidamente. Ele ficou com a pele ruim, cinzenta, e seu aspecto era a de um homem acabado. Com isso os papéis para o cinema começaram a sumir, afinal ele sempre fora um galã e galãs precisam aparecer bonitos e impecáveis em cena.
Rock Hudson bebeu sem parar até a morte. Na década de 1980 ele sofreu um infarto e o médico atribuiu isso ao alcoolismo e ao tabagismo desenfreado de Rock. Depois disso ele só viveria poucos anos. Quando contraiu AIDS isso lhe pareceu como uma sentença de morte, afinal ele nunca fora um homem de hábitos saudáveis e agora doente isso iria lhe custar um alto preço. Com o organismo debilitado pelo alcoolismo e fumo, ele não conseguiu encontrar forças para fazer frente à terrível doença. Rock morreu em 1985, naquela que foi considerada a primeira morte de AIDS de uma celebridade internacional. Em seus últimos dias de vida ainda bebia muito whisky sem gelo. Dizia que era um dos poucos prazeres que ainda lhe restavam.
Pablo Aluísio.
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