terça-feira, 4 de junho de 2019

Retorno a Howards End

Um filme tipicamente britânico, bem sofisticado e elegante, contando com a assinatura do talentoso cineasta James Ivory; O roteiro é baseado na obra do romancista E.M. Forster que publicou seu romance originalmente em 1910. Assim somos apresentados aos principais personagens. As irmãs Margaret Schlegel (Emma Thompson) e Helen Schlegel (Helena Bonham Carter) vivem em Londres. Ambas são solteiras. Margaret acaba se aproximando de Ruth Wilcox (Vanessa Redgrave) e se torna sua amiga. Ela é esposa de um bem sucedido homem de negócios chamado Henry Wilcox (Anthony Hopkins). O que Margaret não sabe é que Ruth está em seus últimos dias de vida. Assim ela acaba sendo surpreendida por sua morte após algumas semanas. Um choque na sociedade londrina.

Sem saber de nada, Ruth deixa de herança para Margaret sua casa de campo,  Howards End, um lugar bucólico e muito agradável onde ela passou sua infância. Só que o marido Henry esconde esse fato. Ele quer deixar o imóvel para seu filho mais velho. O destino porém tem suas artimanhas e assim o viúvo acaba se apaixonando pela amiga de sua esposa falecida. Após alguns desencontros eles finalmente decidem se casar. A irmã mais jovem Helen não simpatiza muito com o novo marido dela, uma vez que ela tem suas próprias ideias de liberdade social, que conflitam quase sempre com o capitalista que Henry se torna. Para piorar um conhecido, o desafortunado Leonard Bast (Samuel West), perde seu emprego, justamente por algo que Henry indiretamente causa. Esse e outros acontecimentos acabam desgastando o relacionamento entre as irmãs. Helen vai embora morar na Alemanha. Quando retorna a situação se complica ainda mais, gerando um grande mal-estar entre todos os envolvidos.

Esse filme tem muitas características de outra produção inglesa que gosto muito, "Vestígios do Dia". É praticamente a mesma equipe técnica, o mesmo produtor (Ismail Merchant, antigo parceiro de Ivory) e a mesma classe e sofisticação. É curioso porque a casa de Howards End funciona não apenas como cenário para as cenas, mas também como um catalisador de momentos importantes. Sempre que algo fundamental na trama vai acontecer o escritor Foster desloca todos os personagens para esse lugar bem bucólico, longe da agitação de Londres. Com excelente elenco e uma nobreza ímpar, esse filme é essencial para quem aprecia o melhor do cinema inglês dos anos 90.

Retorno a Howards End (Howards End, Inglaterra, 1992) Direção: James Ivory / Roteiro: Ruth Prawer Jhabvala, baseado na obra de E.M. Forster / Elenco: Anthony Hopkins, Emma Thompson, Vanessa Redgrave, Helena Bonham Carter, Samuel West / Sinopse: Após a morte de sua amiga Ruth Wilcox (Vanessa Redgrave), Margaret Schlegel (Emma Thompson) se casa com seu marido Henry Wilcox (Anthony Hopkins). Afinal ambos são livres e desimpetidos, nada tendo contra esse casamento. Só que a irmã mais jovem de Margaret, a temperamental Helen Schlegel (Helena Bonham Carter), não gosta de Henry e seu jeito de ricaço arrogante, criando assim um abismo entre elas. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Emma Thompson), Melhor Roteiro Adaptado (Ruth Prawer Jhabvala) e Melhor Direção de Arte (Luciana Arrighi e Ian Whittaker).

Pablo Aluísio.

As Bruxas de Salém

É assombroso saber que a história desse filme realmente aconteceu em Salem, uma cidadezinha à beira-mar durante o século XVII. Até hoje os historiadores não chegaram em um consenso sobre o que de fato aconteceu. Seria um delírio coletivo? Uma contaminação com fungos venenosos? Ou tudo não passou mesmo de um surto de fanatismo religioso sem freios? Pode ser que tenha sido tudo isso ao mesmo tempo. O fato é que mais de duzentas pessoas foram acusadas de bruxaria! Quase vinte delas foram enforcadas! Tudo se baseando em depoimentos de meninas (meninas mesmo, pois algumas tinham apenas 14 anos de idade) que começaram a dizer que o demônio havia tomado conta da vila.

O roteiro desse filme não segue tão de perto os eventos históricos. Na realidade ele é baseado mais na peça teatral escrita por Arthur Miller. Na época ele próprio estava sendo perseguido por um novo tipo de caça às bruxas, também conhecido por Macarthismo, que via comunistas em todos os setores da sociedade americana. Por isso escreveu a peça, para fazer uma inteligente analogia entre o que havia acontecido em Salem e o que estava acontecendo nos Estados Unidos durante a década de 1950. Seria a mesma paranoia insana. De qualquer forma o que historicamente aconteceu em Salem serviu de base para o argumento de Miller. Encaixou tudo muito bem.

No filme tudo começa com algo simples, banal. Um grupo de jovens de Salem decide fazer um ritual na floresta. Quem comanda tudo é a escrava Tituba. É algo até bobo, um tipo de simpatia para atrair os homens pelos quais elas eram apaixonadas. Bobagem adolescente. Só que o ritual acaba sendo pego em flagrante pelo pastor local. E aí começa a loucura. As meninas começaram a inventar mentiras, querendo com isso cair fora de uma suposta acusação de bruxaria. Só que isso desencadeia algo sem limites, pois em pouco tempo todo mundo praticamente passa a ser acusado de bruxaria. Um tribunal de inquisição protestante (sim, porque todos eles eram protestantes) começa a perseguir pessoas inocentes. Uma mera palavra mal colocada já servia como indícios de bruxaria. Uma insanidade completa. Desnecessário dizer que o filme é excelente. Todos os personagens são bem construídos, com uma reconstituição histórica perfeita. Só não espere por um final feliz, isso realmente você não vai encontrar aqui.

As Bruxas de Salém (The Crucible, Estados Unidos, 1996) Direção: Nicholas Hytner / Roteiro: Arthur Miller / Elenco: Daniel Day-Lewis, Winona Ryder, Paul Scofield, Joan Allen, Bruce Davison / Sinopse: Um grupo de meninas começa uma onda de acusações de bruxaria na pequena Salem, durante o século XVII. Isso desencadeia uma série de julgamentos que acabam executando pessoas inocentes na forca. História baseada em fatos reais. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz coadjuvante (Joan Allen) e melhor roteiro adaptado (Arthur Miller).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Alien 3

Resolvi rever ontem esse terceiro filme da série "Aliens". Tudo começa exatamente onde parou "Aliens, o Resgate". A Tenente Ripley (Sigourney Weaver) e o que restou da tripulação está vagando pelo espaço dentro de uma nave de salvamento. Ela está hibernando até que algo sai errado e o compartimento cai em um planeta inóspito. O lugar não poderia ser pior. É uma velha penitenciária semi desativada que agora funciona como fundição de metais pesados. Apenas 25 pessoas vivem ali. Só a escória, estupradores, assassinos, psicopatas, etc. Ripley é resgatada e descobre que ninguém da sua tripulação sobreviveu. Estão todos mortos, inclusive a garotinha que ela tanto se afeiçoou no filme anterior.

Para piorar o que já está bem ruim descobre-se que o Alien estava também dentro da nave. A criatura sobrevive à queda e sai em busca de um hospedeiro. Acaba encontrando um cão pela frente e aí começa o verdadeiro terror. Um a um os prisioneiros daquele lugar são devorados e levados como hospedeiros humanos do alienígena, só que esse parece ser de uma espécie diferente, pois apresenta ter maior inteligência, poupando propositalmente inclusive a vida da tenente por um motivo que só ficará mais claro depois. O roteiro desse terceiro filme inova ao procurar uma nova ambientação, um novo cenário para os ataques do monstro. Ao invés de tudo acontecer numa espaçonave, agora os corredores pouco iluminados daquele presídio se tornam o lugar ideal para os ataques.

Confesso que o filme decai um pouco a partir da terceira parte, quando tudo vira um jogo de gato e rato entre os homens e o aliens. A correria em câmera subjetiva já não tem mais o mesmo impacto de antes. Isso porém não tira o brilho das boas sacadas do roteiro, como o próprio destino inglório de Ripley (se você ainda não se lembra, ela se sacrifica, colocando um suposto ponto final na infestação); Além disso vale ressaltar o estilo mais realista e cruel do diretor  David Fincher; que inclusive quis filmar tudo em preto e branco e só foi contido por exigências do estúdio. Enfim, como ficção pessimista e violenta, esse "Alien 3" resistiu bem ao tempo. Não é tão bom como os dois primeiros filmes, mas continua sendo um filme muito bem realizado, que pode ser apreciado hoje em dia sem nenhum problema. Ele não envelheceu e pareceu melhorar mesmo com o passar dos anos.

Alien 3 (Alien³, Estados Unidos, 1992) Direção: David Fincher / Roteiro:  Vincent Ward, David Giler / Elenco: Sigourney Weaver, Charles S. Dutton, Charles Dance, Lance Henriksen / Sinopse: Após ficar no espaço hibernando, o compartimento de salvamento contendo o corpo de tripulantes mortos e a tenente Ripley chega em um planeta praticamente abandonado. Um velho presídio que hoje funciona como fábrica de fundição, com apenas 25 homens vivendo por lá. A presença de uma mulher no meio de todos aqueles homens, criminosos no passado, cria uma tensão no lugar. Porém nada será pior do que a presença do Alien, que também estava na nave que caiu. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

Alien - A Ressurreição

Aproveitando que revi "Alien 3" decidi rever também esse quarto filme da série. A vaga lembrança que tinha era de não ter gostado muito do filme. Fazia muitos anos que tinha assistido uma única vez, ainda em seu lançamento original. Revendo agora já não achei tão ruim, pelo contrário. Os roteiristas desse filme tiveram um problemão para superar. A Tenente Ripley havia se matado no final de "Alien 3". Ela pulou dentro de um caldeirão de aço em fundição. Impossível ter sobrado nada. Como trazer de volta uma personagem com um fim tão definitivo como aquele?

Assim os roteiristas avançaram no tempo. A história desse quarto filme se passa 200 anos depois da morte de Ripley. A solução foi encontrada na engenharia genética. Através de gotas de sangue de Ripley eles conseguem criar uma clone, só que igualmente contaminada com o sangue alienígena. A companhia não tinha exatamente a intenção de trazer Ripley de volta, mas sim o DNA do alien, uma arma biológica que poderia ser usada em campo de batalha. O "soldado" perfeito. Por isso quando o filme começa os personagens estão em uma nave militar. O Alien já foi trazido de volta à vida. Está preso em um laboratório. Como se trata de uma Rainha-Mãe ela logo dará origem a uma nova linhagem de criaturas.

Para alimentar os monstros um grupo de mercenários é contratado. Sua missão é trazer cobaias humanas vivas para serem devoradas pelos aliens. Esses mercenários são interpretados por novos atores dentro do universo da série de filmes, contando com gente como Ron Perlman e Winona Ryder, essa última no melhor estilo replicante de "Blade Runner", uma máquina com consciência, que deseja destruir qualquer vestígio desses aliens. Já a atriz  Sigourney Weaver interpreta a clone número 8 de Ripley. É uma personagem mais sombria, que fica entre sua humanidade e seu código genético alien. Aliás a atriz só concordou em voltar para a franquia após receber um cachê milionário. Também acabou se tornando produtora executiva. O filme, como disse, ficou melhor nessa revisão. Gostei e me diverti. Talvez na época em que vi pela primeira vez a enxurrada de críticas negativas tenham influenciado para pior minha opinião. Hoje já revejo tudo com mais boa vontade. Com isso a diversão de fato ficou garantida.

Alien - A Ressurreição (Alien Resurrection, Estados Unidos, 1997) Direçao:  Jean-Pierre Jeunet / Roteiro: Joss Whedon / Elenco: Sigourney Weaver, Winona Ryder, Dominique Pinon, Ron Perlman / Sinopse: A companhia espacial consegue produzir um clone da Tenente Ripley, 200 anos após sua morte. A intenção é trazer de volta à vida também o alien que infectava seu organismo. A experiência de retorno é um sucesso, mas tudo logo sai do controle quando as criaturas conseguem fugir do laboratório de uma nave espacial onde os experimentos estão sendo realizados.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de junho de 2019

Rocketman

O filme do Queen abriu as portas dos estúdios para esse tipo de filme. Cinebiografias de cantores famosos, principalmente nas décadas de 70 e 80. Um tipo de marketing de nostalgia que parecia perfeito. O resultado comercial desse filme sobre Elton John porém tem sido morno. Nada comparável ao sucesso do filme enfocando Mercury e seus colegas de banda. O público provavelmente torceu o nariz para a proposta desse roteiro, que tencionava contar a história de Elton John ao mesmo tempo em que transformaria os momentos importantes de sua vida em bem elaboradas coreografias musicais, bem ao estilo da velha escola, da Broadway.

Esse talvez seja o ponto mais vulnerável do filme. Nem todos vão comprar a ideia de, por exemplo, saber mais sobre a infância do cantor através de um garotinho vestido de aluno, dançando ao lado de seus pais em plena rua de um subúrbio londrino da década de 1950. Particularmente não me incomodei com isso, aceitei a proposta do filme, mas claro, muita gente achou fora de foco. Até porque o roteiro realmente não se decide se é um drama convencional ou um musical filmado da Broadway.

O ator que interpreta Elton John, chamado Taron Egerton, é muito bom, porém é mais alto e mais esquio do que o Elton John do mundo real. Assim mesmo fantasiado com todas aquelas fantasias espalhafatosas dele, nem sempre consegue convencer de que estamos vendo Elton John na tela. Por fim e não menos importante: o que novamente salva o filme, o redime completamente, é a excelente trilha sonora, cheia de sucessos do passado. A trilha é excelente, mas devo dizer que não completa. Esqueceram de "Nikita" e outros sucessos. Mesmo assim, no saldo final, é um bom filme. Tem seus erros e desacertos, porém no final agrada.

Rocketman (Estados Unidos, Inglaterra, 2019) Direção: Dexter Fletcher / Roteiro: Lee Hall / Elenco: Taron Egerton, Jamie Bell, Richard Madden, Bryce Dallas Howard / Sinopse: O filme se propõe a contar a história do cantor e compositor Elton John. Através de sua música, cenas mais dramáticas e coreografias em sequências musicais, somos apresentados à obra e a vida desse artista inglês.

Pablo Aluísio.

White Boy Rick

A história desse filme é baseada em fatos reais. Nos anos 1980 um jovem de classe média baixa acaba se envolvendo com a criminalidade, com o tráfico de drogas. O pai Richard Wershe Sr. (Matthew McConaughey) tenta sobreviver um dia de cada vez. Pobre, desempregado e sem escolaridade, ele precisa se virar. Para isso vai em feiras de armas e compra as pechinchas, tudo de forma legal. Depois as revende nas ruas, geralmente para membros de gangues formadas por jovens negros. Isso vale para a sua subsistência. O filho Rick Wershe Jr. (Richie Merritt) decide ir além. Ele se torna amigo de garotos negros de sua idade. Pessoas que conhece desde sempre. Eles vivem de pequenos crimes pelo bairro. Em pouco tempo começa a traficar drogas e se dá muito bem (pelo menos financeiramente).

Pela pouca idade (tinha 17 anos na época) começa também a entrar em um jogo perigoso, pois se torna informante não oficial do FBI, ajudando a revelar crimes para os policiais. Claro, isso coloca sua vida em risco. Em pouco tempo também vira alvo. O filme tem um estilo realista que me lembrou bastante filmes policiais do passado, principalmente os produzidos na década de 1970. Como se trata de uma história real o roteiro e a direção optaram por uma visão fria daquele mundo, um jovem branco, pobre, que acaba indo para o lado da criminalidade, até porque ele parece não ter muitas opções A cidade onde mora é um centro industrial decadente, sem empregos e sem esperanças. O pai vive de pequenos delitos. Então dar um passo rumo ao tráfico de drogas se torna algo natural a se fazer. Só que ele acabou pagando bem caro por essa escolha.

White Boy Rick (Estados Unidos, 2018) Direção: Yann Demange / Roteiro: Andy Weiss, Logan Miller / Elenco: Matthew McConaughey, Richie Merritt, Bel Powley, Jennifer Jason Leigh / Sinopse: Durante a década de 1980 pai e filho tentam sobreviver numa cidade sem empregos e sem esperança. O velho Richard Wershe Sr. (Matthew McConaughey) vende armas compradas legalmente nas ruas, geralmente para criminosos negros. O filho Rick Wershe Jr. (Richie Merritt) acaba se transformando em um traficante de drogas juvenil, ao mesmo tempo em que faz serviços informais de informante para agentes do FBI.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de junho de 2019

No Portal da Eternidade

O final da vida do pintor Vincent van Gogh (Willem Dafoe) não foi feliz. Ele estava solitário, pobre e entregue ao alcoolismo. Como se tudo isso não fosse ruim o bastante ele começou também a apresentar sinais de que estava perdendo a sanidade. Via sombras e figuras em sua mente, ouvia vozes. Vivendo em pequenas cidades do sul da França, ele buscava refúgio justamente em sua arte. O roteiro desse excelente filme explora justamente esses momentos finais de sua vida. Assim voltamos no tempo para encontrar esse gênio completamente abandonado em sua época. Nunca teve o devido reconhecimento em vida e jamais conseguiu vender um só quadro de sua coleção. Até mesmo donos dos bares mais deploráveis se recusavam a expor seus quadros em suas paredes. Era uma situação bem desanimadora para qualquer artista.

Porém a despeito de todo o fracasso comercial, mesmo com as críticas que lhe eram feitas pessoalmente, de pessoas que não entendiam de arte e que diziam que seus quadros eram feios, ele seguiu em frente. Há uma cena muito bem elaborada de uma conversação entre van Gogh e um padre interpretado pelo ator Mads Mikkelsen que retrata bem isso. Muito sutilmente o sacerdote pergunta ao pintor se ele se considerava mesmo um homem de talento, uma vez que ele pessoalmente não achava grande coisa de suas obras. A conversa devassa o espírito de Van Cogh que sai dali com uma semente de dúvida sobre suas próprias qualidades como pintor. Algo para desabar qualquer um que tente vencer na vida como artista.

O roteiro do filme aliás é muito bem escrito, procurando captar um pouco da natureza que inspirou van Gogh em sua vida ao mesmo tempo que tece nuances sobre aspectos de sua conturbada vida pessoal. O famoso episódio em que ele, em um acesso de loucura, cortou sua própria orelha é sutilmente desenvolvida no enredo. Até mesmo detalhes de sua morte que nunca foram esclarecidas direito se tornam pano de fundo para a obra desse grande homem das artes. Some tudo isso à brilhante atuação do ator Willem Dafoe e você terá sem dúvida um grande filme. Um dos melhores já feitos sobre esse pintor.

No Portal da Eternidade (At Eternity's Gate, França, Inglaterra, Estados Unidos, 2018) Direção: Julian Schnabel / Roteiro: Jean-Claude Carrière, Julian Schnabel / Elenco: Willem Dafoe, Rupert Friend, Oscar Isaac, Mads Mikkelsen / Sinopse: O filme retrata os últimos meses de vida do pintor Vincent van Gogh (Willem Dafoe). Vivendo uma vida de cão, pobre e abandonado, ele tenta encontrar alguma felicidade em sua arte. Com a ajuda do irmão Theo van Gogh (Rupert Friend) e do amigo, também pintor, Paul Gauguin (Oscar Isaac), ele tenta sobreviver um dia de cada vez. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Willem Dafoe).

Pablo Aluísio.

A Morte Te Dá Parabéns 2

O primeiro filme não foi grande coisa, porém rendeu o suficiente para que os produtores investissem nessa sequência. Coisas do mercado cinematográfico. A premissa segue sendo basicamente a mesma, quando uma jovem garota universitária se vê diante de um loop temporal em sua vida. A consequência é que ela sempre acorda no dia de seu aniversário. O pior é que no final desse mesmo dia ela sempre é morta por um serial killer mascarado. Ok, repetir o primeiro filme seria muito cansativo. Aliás o primeiro filme é mesmo cansativo em certos momentos. Para mudar um pouco eles decidiram inovar, expandir um pouco esse roteiro, trazendo agora as explicações do porquê disso sempre acontecer com a protagonista.

E aí, meus caros, o meio de campo enrola. Há uma explicação meio pífia de que tudo estaria acontecendo em razão de experimentos de física quântica feitas no laboratório da universidade por um bando de nerds. A mocinha então precisa se aliar a esses caras para finalmente se ver livre desse inferno de repetição temporal. Quem assistiu ao último filme dos Vingadores e a animação do Homem-Aranha que lida com universos paralelos, saltos no tempo, etc, vai sentir um certo cheirinho de imitação no ar. Não é para menos. Hollywood parece embarcar de tempos em tempos em certos argumentos e os repete à exaustão numa série de filmes. No mais, nenhuma grande novidade. O roteiro segue uma fórmula que vem sendo utilizada desde os anos 80, com jovens bonitos sendo mortos por assassinos mascarados (olha o exemplo de "Sexta-Feira 13" por aí). Enfim, uma continuação um tanto desnecessária que tenta complicar o que por si deveria ser simples. Filmes de terror não combinam muito bem com física de universos paralelos, essa é a principal conclusão que chegamos após assistirmos a esse novo terrorzinho teen.

A Morte Te Dá Parabéns 2 (Happy Death Day 2U, Estados Unidos, 2019) Direção: Christopher Landon / Roteiro: Christopher Landon, Scott Lobdell / Elenco: Jessica Rothe, Israel Broussard, Phi Vu / Sinopse: A loirinha Tree Gelbman (Jessica Rothe) está de volta oa mesmo loop temporal do primeiro filme. Assim ela acorda todos os dias em seu aniversário e em todos eles é morta pelo assassino da máscara de bebezinho. Agora ela se une a um bando de nerds da universidade para achar uma saída desse inferno pessoal.

Pablo Aluísio.