sábado, 30 de abril de 2011

Maria Antonieta - Verdades e Mentiras

Maria Antonieta realmente disse a frase: "Se não tem pão, que comam brioches"? Não. Hoje em dia os historiadores concordam que a Rainha francesa nunca disse essa frase. Um dos aspectos que mais reforçam isso é o fato de que essa mesma frase foi atribuída a outras rainhas da França no passado, como Ana da Áustria. O que realmente ocorreu foi uma mentira inventada pela máquina de propaganda dos revolucionários franceses, sem base na realidade.

Qual era o problema sexual do Rei Louis XVI? Marie Antoinette foi uma linda arquiduquesa austríaca cuja principal função ao se casar com o Rei Luís XVI era gerar filhos para a dinastia Bourbon. Só que o tempo passou após seu casamento e nada de ficar grávida. O jovem rei francês não era impotente e nem homossexual como se chegou a dizer na época, mas apenas tímido em excesso e portador de fimose, o que lhe dificultava imensamente na hora de cumprir suas obrigações sexuais com sua esposa. Suas dificuldades de alcova levaram a boatos, de que os filhos de Maria Antonieta fossem mesmo de seu grande amor, o Conde Hans Axel von Fersen.

Maria Antonieta e o Conde Fersen realmente tiveram um romance? Outro ponto sempre debatido sobre a história da rainha. Alguns historiadores afirmam que sobre isso não restam dúvidas. Inclusive cartas foram descobertas em que Maria Antonieta escreveu: "Eu te amo loucamente e não há um momento sequer em que eu não vos adore”. Tudo bem, a Rainha seria mesmo apaixonada pelo Conde, já que o rei não era bem um exemplo de paixão romântica (ela se casou em um casamento de conveniência entre as cortes francesas e austríacas). A questão principal é: foi um amor puramente platônico ou chegou às vias de fato. Para alguns autores pelo menos um dos filhos da Rainha era filho de Fersen. Como a moralidade era flexível em Versalhes não seria de toda surpresa que a Rainha tivesse mesmo traído o Rei Luís XVI.

Marie Antoinette era parente da Imperatriz Leopoldina? Sim, ambas vinham da mesma dinastia familiar, a Casa de Habsbourg-Lorraine da Áustria. A rainha francesa era sua tia-avó. O curioso é que a Imperatriz do Brasil (casada com D. Pedro I) tinha muito receio de que lhe acontecesse a mesma coisa, que alguma revolução a tirasse do trono. Por essa razão ela sempre resistia aos avanços liberais do Imperador. A dinastia Habsbourg foi por nove séculos um símbolo máximo do absolutismo europeu.

Maria Antonieta foi tão culpada como quis fazer a Revolução Francesa? Uma injustiça foi cometida contra a Rainha quando os revolucionários a culparam de diversos crimes cometidos durante o reinado de Luís XVI. As rainhas francesas tinham pouco poder político na chefia dos assuntos de Estado. Por essa razão a maioria dos crimes atribuídos a Maria Antonieta não são verdadeiros. O que existiu foi um ato de vingança e não de justiça contra ela e sua família. Inclusive a Rainha foi acusada de coisas absurdas, como ter relações com seus próprios filhos! A única coisa que parece ter sido comprovada foi a suposta conspiração de Maria Antonieta contra o Reino da França ao pedir aos seus parentes austríacos que a salvassem da morte. Isso na época era considerada alta traição. Fora isso nada a mais foi comprovado por historiadores que estudaram seu processo.

O que aconteceu com o corpo de Maria Antonieta após sua execução na guilhotina? O ódio dos revolucionários franceses contra a monarquia era tão grande que sequer deram um enterro digno à Rainha após sua morte na guilhotina. Seu corpo foi simplesmente jogado numa cova coletiva e coberta de cal. Sua cabeça por sua vez foi comprada pelo famosa Madame Tussauds para a confecção de um rosto preciso a ser usado em seu museu de cera. A peça ficou anos em exposição. Depois que a Dinastia Bourbon retomou o poder o corpo de Maria Antonieta foi resgatado dessa cova e colocado em um belo mausoléu na Basílica de Saint-Denis onde praticamente todos os Reis Franceses da história foram sepultados. Ela está até hoje sepultada nesse monumento.

Os móveis e utensílios do Palácio de Versalhes são originais? O Palácio de Versalhes é um dos pontos turísticos mais famosos da França. Lá o visitante pode ver a cama real de Maria Antonieta, seus móveis e pertences. Tudo muito bonito e luxuoso, só que não são verdadeiros, mas sim réplicas. Os revolucionários franceses roubaram praticamente tudo o que havia dentro do palácio. Apenas alguns quadros (gigantes demais para se roubar) ficaram intactos. Depois da loucura da revolução o governo francês entendeu a importância histórica desse lugar e passou a reconstruir tudo. Alguns itens originais até foram recuperados, em leilões por toda a Europa, mas o estrago da turba revolucionária foi realmente imenso.

Qual é a importância do Petit Trianon na história de Maria Antonieta? Esse pequeno palacete, próximo de Versalhes, é um dos melhores lugares para se visitar caso você queira reencontrar lugares importantes na história de Maria Antonieta. Quando era Rainha da França ela o reformou, remodelou e foi lá morar, viver em paz, longe da corte de Versalhes que era composta basicamente por víboras. Foi uma forma que Maria Antonieta encontrou de ter um pouco de paz, privacidade e sossego, longe das conspirações políticas da corte.

O que aconteceu com o Conde Fersen e a Madame Du Barry? O Conde sueco Hans Axel von Fersen, o grande amor de Maria Antonieta, teve um destino trágico. Ele foi morto por uma multidão em fúria, bem em frente ao palácio real da corte da Suécia. Esse foi outro momento de extrema violência, ocorrida durante os ares revolucionários que varreram a Europa. Já a Madame Du Barry, amante do Rei Luís XV, também foi guilhotinada como muitos outros nobres absolutistas que foram mortos de forma violenta pela Revolução Francesa. O mesmo destino teve o Rei Luís XVI, colocando fim na monarquia original Bourbon.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Anne Frank

Anne Frank era uma mocinha cheia de sonhos, que tragicamente viveu dentro de um dos maiores pesadelos da história da humanidade, a invasão de seu país (a Holanda) por tropas nazistas durante a II Guerra Mundial. Como era de família judia ela e seus pais precisaram se esconder da barbárie racista do nazismo. Eles foram para um sótão secreto e lá viveram por alguns anos, completamente confinados, muitas vezes em silêncio absoluto, para que ninguém desconfiasse de nada.

Para suportar o tédio e aquela vida absurdamente opressora para uma garotinha de sua idade, a Anne Frank começou a escrever seus pensamentos em um diário, igual a muitos outros de meninas de sua idade. Esse diário sobreviveu ao horror do nazismo e se tornou um dos livros mais importantes da história, porque deu voz e rosto para uma vítima do holocausto. Uma coisa é afirmar que seis milhões de judeus foram mortos em campos de concentração. Outra completamente diferente é mostrar essa adolescente, cheia de esperanças no futuro, ser morta de forma tão covarde e desumana como foi.

Não se sabe exatamente o que aconteceu, mas a família Frank acabou sendo descoberta pelos nazistas. Historiadores dizem que muito provavelmente eles foram denunciados aos nazistas por alguém que sabia de tudo - onde eles se escondiam. Um empregado? Um amigo da família? Quem foi o traidor? Não há como dizer. Porém é fato que os Frank foram descobertos, presos e enviados para um campo de concentração. Anne Frank foi enviada para o complexo da morte de Bergen-Belsen, Alemanha.

É muito complicado saber com exatidão como ela morreu. Até a data de sua morte é incerta, mas presume-se que ela morreu doente (e não executada na câmara de gás) em fevereiro ou março de 1945. Uma dupla tragédia já que a guerra não iria durar muito mais do que isso. Em poucos meses os aliados iriam destruir a máquina de guerra do III Reich e os nazistas iriam se render incondicionalmente. Se tivesse sobrevivido por mais algum tempo naquele inferno, Anne Frank, a menina cheia de sonhos, teria ficado viva. Ela foi transferida de campo em campo durante um certo tempo, trabalhando como mão de obra escrava, até ficar doente com sarna.

Já em Bergen-Belsen contraiu tifo e essa doença foi fatal. Muitos sobreviventes dizem ter encontrado Anne nos campos de concentração. Uma amiga disse que ela estava pálida, tremendo e com fome. Outros que ela sofreu muito em seu isolamento nas celas, chorando muito. A uma conhecida disse que seus pais estavam mortos e que não queria mais viver. De uma forma ou outra ela não resistiu e morreu. Seu pai achou o diário no chão do esconderijo da família e resolveu publicá-lo, até como uma homenagem à curta vida da filha. Tornado best-seller "O Diário de Anne Frank" é leitura obrigatória para quem deseja entender a tragédia humana que se abateu sobre o mundo durante o horror nazista.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

D. Pedro II

D. Pedro II
Nossa história não foi feita apenas de homens execráveis e inescrupulosos, muito pelo contrário. Também tivemos bons homens em momentos chaves. Um deles foi o segundo e último imperador do Brasil, Dom Pedro II. Ao contrário de seu pai que muitas vezes podia ser temperamental e rude, Pedro II era um homem elegante, educado, muito solícito e ponderado. Ele herdou todas essas características de temperamento de sua mãe, a bondosa Imperatriz Leopoldina. Ao longo de todo o seu duradouro reinado D. Pedro II jamais se envolveu em algum escândalo envolvendo corrupção ou desvio de dinheiro público. O Imperador era muito respeitado por sua honestidade e bom caráter.

Isso ficou bem claro quando foi proclamada a República. Geralmente em outros países os monarcas eram depostos com extrema violência e até assassinato. Nenhum republicano brasileiro da época levantou a hipótese de sequer tocar no Imperador e sua família, como tristemente aconteceu com o último Czar da Rússia. Ao invés disso ele foi convidado a ir para o exílio na França, mas tudo feito com o devido respeito a ele e seus familiares. A filha de D. Pedro II, Princesa Isabel, aboliu a escravidão sob sua bênção. Aliás verdade seja dita, a Princesa deveria ser a verdadeira madrinha dos movimentos negros no Brasil, pois lhes deu a liberdade há tanto desejada. Ao invés disso resolveram dar tal prestigio a Zumbi, que tinha escravos negros em seu quilombo. E isso tudo só pelo fato dele ser negro, mas enfim.

D. Pedro II também foi um exemplo de bom governante. Durante o II Reinado ele exercia um poder denominado pela constituição de Poder Moderador. Ele estava acima dos demais poderes (judiciário, executivo e legislativo), sempre permanecendo numa distância prudente de todos eles, só intervindo em situações excepcionais, quando era realmente necessária sua presença. Respeitava todas as posições políticas e sociais, ouvindo liberais, conservadores e reformistas com a mesma paciência e atenção. Um homem polido, diplomata e muito íntegro.

D. Pedro II também se notabilizou por ser um amante das artes e da ciência. Sempre procurava se inteirar das novas descobertas cientificas e não raro procurava dar apoio a cientistas inteligentes, geniais, mas pobres demais para colocar em prática suas ideias. Foi com sua intervenção direta que a máquina fotográfica chegou ao Brasil. Ele era um amante das ciências naturais e amava a natureza. Tinha um grande carinho e amor pelo Brasil e no final da vida não lamentou a perda de seu poder, mas sim o fato de não poder passar seus últimos dias em seu país querido. Não resta dúvidas que o maior legado de D. Pedro II foi sua bondade. Ele foi um homem bom.

Pablo Aluísio.

A Independência do Brasil

Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I deu o famoso grito de independência do Brasil, "Independência ou Morte!". E de lá para cá tivemos uma longa história, de muitos altos e baixos. Hoje o Brasil passa por um momento importante, de luz na podridão da escuridão da corrupção que vem assolando nossa nação há tempos. É um momento muito peculiar. Obviamente que sempre existiu corrupção e roubo no Brasil, principalmente de sua classe política. Porém o povo não tinha realmente noção do tamanho da roubalheira. É de fato uma coisa impressionante. O bom de tudo isso é que do choque está nascendo uma nova mentalidade em nosso povo. Não mais acreditar em partidos de esquerda imundos, que apenas usaram de uma velha ideologia para literalmente roubar os cofres públicos da nação.

No fundo tudo se resume em mudar a própria mentalidade. O patriotismo, que sempre foi muito valorizado em outras nações, deve ser resgatado em nosso país. Não o usando de uma maneira boba e ufanista, mas sim como amor à terra onde nascemos. O Brasil deve ser valorizado pelo seu povo, para superar esse complexo de inferioridade que atinge grande parte da população. Claro que diante de tantas decepções com a classe política, dentro de uma democracia que até agora gerou muitos frutos podres, a sensação geral que se abate é de desânimo. Mas isso não deve ser encarado dessa maneira. Pelo contrário. Devemos aprender com os erros do passado para erguer a cabeça, valorizar e pensar melhor naqueles que iremos dar nossos votos nas próximas eleições e partir para um futuro melhor.

E assim voltamos a 1822. D. Pedro I não era um exemplo de herói virtuoso. Pelo contrário, ele tinha inúmeros defeitos. Falhou muitas vezes como pai, como marido e como político. Porém a importância de seu ato, de libertar o Brasil dos desmandos das cortes portuguesas, tem uma importância histórica inegável. Graças a D. Pedro I o Brasil não apenas alcançou sua independência, como também manteve-se unido, em um grande território unificado, com a mesma língua e as mesmas raízes culturais. A definição de nação é justamente essa. Dessa forma é fato histórico que D. Pedro I foi de fato o fundador da nação brasileira tal como a conhecemos.

Basta olharmos para nossas nação vizinhas - do antigo domínio espanhol - para entendermos bem isso. São vários países diferentes, não unificados, dispersos no mapa. Obviamente que hoje no Brasil temos inúmeras correntes políticas de pensamentos diferentes. Há os que pedem intervenção militar, os que querem a volta da monarquia, os republicanos arrependidos. Não quero criticar nenhuma forma de pensamento. Afinal vivemos numa democracia. Uma democracia machucada, explorada, expropriada. Porém como afirmou Churchill não existe opção melhor, mesmo que imperfeita. O momento assim é de reavaliação de nosso país. Que os corruptos paguem por seus crimes, que sejam presos, sem ares de seitas malucas (como acontece no caso do petismo). Olhar para a frente e partir para um futuro melhor. Afinal ser brasileiro é algo único. Não é fácil, mas a força do povo voltará a salvar nosso querido país.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O General Lee e a Supremacia Branca

Essa semana não houve notícia mais comentada do que o desfile dos supremacistas brancos na pequena cidade de Charlottesville, no estado sulista da Virgínia. A coisa toda começou quando algumas pessoas decidiram que era hora de colocar abaixo uma estátua do General Robert Lee, o herói confederado da guerra civil americana. Como gosto muito de história não deixei de prestar atenção em todos os acontecimentos. O mais curioso de tudo é saber que o velho general Lee foi, através do tempo, alçado a uma posição, se tornando símbolo de uma causa, que nem ele mesmo acreditava em vida.

O General Lee virou de certa forma um ícone desse movimento de supremacia branca nos Estados Unidos. O problema é que Lee não era um defensor da escravidão negra como muitos pensam. Ao contrário disso ele era um sujeito bem pragmático, um militar que mesmo tendo lutado ao lado dos confederados, sabia muito bem que não havia volta sobre a libertação dos escravos. A roda da história havia girado e não teria mais como manter a escravidão dos negros nas plantações de algodão das grandes fazendas do sul. O General Lee ia além e sabia até mesmo de antemão que seria impossível vencer a guerra. Homem experiente, general famoso do exército americano, ele tinha plena consciência de que as melhores tropas, os melhores armamentos e oficiais estavam do lado da União, dos ianques. Vencer aquela guerra civil era praticamente impossível.

Assim você pode se perguntar: Se Robert Lee não acreditava na escravidão e sabia que o Sul jamais venceria a guerra, por que afinal ele ficou do lado do exército confederado? A resposta sobre essa questão pode ser encontrada em qualquer biografia do militar americano. Ele sempre dizia que havia entrado para o lado rebelde simplesmente porque seu estado natal, a Virgínia, havia decidido lutar ao lado da Confederação. Ele dizia amar sua terra natal e assim foi para um exército que tinha poucas chances de vitória, lutando por uma causa que nem sequer acreditava. Ele nem era um racista, mas sim um homem do seu tempo, que sabia muito bem que a escravidão estava com os dias contados.

E a história também tem suas ironias. Com os anos Robert Lee virou esse símbolo dos supremacistas, dos neonazistas americanos do sul, mas a verdade é que ele não tinha essa visão que seus supostos seguidores ainda defendem. Já o presidente Abraham Lincoln, dito como o grande libertador, escreveu textos de cunho nitidamente racistas. Em um deles chegou a dizer que os negros jamais poderiam ser comparados aos brancos, que eram superiores. Mais do que isso, em determinado momento da guerra Lincoln estava disposto a abrir mão da abolição da escravidão em troca da paz, algo que pelo calor dos acontecimentos foi negado pelos sulistas. Assim o tempo muda as percepções. Nem Lincoln foi esse herói todo que muitos almejam, nem Robert Lee foi esse racista da supremacia branca que tantos o descrevem. A verdade histórica é bem mais complexa do que muitos imaginam.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Guerra Civil Americana - General Muralha Jackson

"Meu Deus, fui atingido por meus próprios homens!" - Foi com essas palavras que o general confederado Thomas Jonathan Jackson ou "Muralha" Jackson tomou consciência que havia sido baleado por suas próprias tropas na Batalha de Chancellorsville em 2 de maio de 1863, no auge da guerra civil americana. Jackson retornava ao front ao lado de seus homens após enfrentar fogo pesado dos ianques quando em maio aos arbustos os soldados rebeldes o confundiram com soldados da União e abriram fogo em direção a ele! "Muralha" Jackson levou três tiros, dois abaixo do abdômen e um que estraçalhou o osso de seu braço esquerdo.

Após cair do cavalo, ainda bastante ensanguentado, o general acabou sendo levado por seus homens para o hospital de campanha do batalhão. Lá descobriu-se que o estrago das balas em seu braço era extremamente sério e que ele deveria ser amputado o mais rapidamente possível. Jackson, como homem de fibra, militar linha dura, não vacilou e mandou arrancar o braço fora ainda naquela tarde. Quando Robert Lee, comandante supremo das forças confederadas, ficou sabendo do ocorrido abalou-se pois Jackson era sem dúvida seu melhor general. Após ser informado dos acontecimentos declarou uma frase que ficou famosa: "O General Jackson perdeu seu braço esquerdo e eu o meu direito". Não havia dúvidas que Jackson havia sido até aquele momento realmente o braço direito de Lee na guerra.

A preocupação de Lee tinha razão de ser. Durante a guerra seu mais inteligente general ganhou o apelido de Muralha Jackson por causa de sua capacidade de repelir ataques inimigos e manter posições conquistadas no front de batalha. Sua tenacidade de não recuar um palmo atrás acabou fazendo com que os ianques começassem a lhe chamar de Muralha, pois ele definitivamente não arredava pé das posições onde se encontrava. Ao longo de inúmeros combates Jackson também mostrou ser um estrategista capaz de antecipar os movimentos do inimigo, criando assim formações de defesa que se mostravam extremamente duras de serem rompidas. Para Muralha Jackson o mais importante em uma guerra era não recuar, ficar firme, aguentar fogo cruzado e quando possível avançar posições. Em meio a guerra sangrenta, onde o sul geralmente perdia suas batalhas por não possuir a mesma capacidade econômica do norte, Jackson acabou virando ídolo dos sulistas, o que fez a Confederação o eleger quase como um garoto propaganda de sua causa perante os Estados rebeldes.

Comandante do Exército da Virgínia do Norte ele ficou famoso não apenas no Sul como no Norte também. Quando Lincoln enviou um pomposo general para enfrentar Muralha Jackson ele se gabou dizendo que iria destruir Jackson ainda naquele fim de semana. Muito espirituoso Lincoln disse: "As galinhas é que são sábias, pois apenas cacarejam após colocarem seus ovos". O presidente brincava assim com a mania de seus generais cantarem vitória antes do tempo. Depois, quando veio a derrota para Jackson e os confederados tomaram posse de quase mil cavalos da União o presidente se saiu com outra tirada bem humorada sobre o acontecimento: "Disso lamento, já que posso fazer novos generais a cada dia, mas cavalos não!".

Mesmo com uma carreira brilhante Jackson pagou caro pelo mal posicionamento de seus homens de artilharia, que no final das contas lhe custaria a vida! Depois de sete dias, agonizando de dores por causa da amputação (imagine as condições da medicina da época), Muralha Jackson finalmente morreu. A causa foi considerada incerta por causa das primitivas técnicas medicinais da época. Para alguns ele teria morrido de uma infecção generalizada após perder seu braço, para outros a causa de sua morte foi pneumonia contraída enquanto estava se recuperando da amputação. De uma forma ou outra sua morte acabou sendo uma premonição do que viria a acontecer com os confederados na guerra civil americana.

Pablo Aluísio.

Nazismo: Posição da Ideologia

Resolvi escrever algumas linhas porque ultimamente no Brasil há um intenso debate entre as pessoas sobre a real dimensão em termos ideológicos do Nazismo. Seria uma ideologia de esquerda, alinhada aos movimentos socialistas ou bem ao contrário disso seria uma ideologia nascida de um pensamento de ultra-direita? A resposta a esse questionamento é bem simples. O Nazismo como ideologia é único, singular. Não é uma ideologia socialista e nem muito menos comunista. Quem leu o que Hitler escreveu e disse em seus discursos sabe muito bem disso. Para Hitler o Marxismo era um mal a se combater, tanto que rompeu um pacto de não agressão que mantinha com o ditador Stálin da União Soviética. O motivo desse rompimento foi puramente ideológico.

Tampouco o Nazismo pode ser visto como uma ideologia de direita. Hitler não estava completamente comprometido com nenhuma das bases que formam o pensamento mais capitalista e liberal que imperava em países como Inglaterra e Estados Unidos. Nessas nações se pregava uma atuação mínima do Estado. O cidadão deveria ter toda a liberdade para trabalhar e crescer como ser humano. O Estado só deveria intervir em setores básicos como segurança pública, mantendo um status político estável para que a iniciativa privada cuidasse do resto, da economia. No Nazismo não existia esse tipo de pensamento. Para Hitler o Estado Nacional deveria ser máximo, interferindo em todos os aspectos da vida dos cidadãos. E havia mais, não poderia existir liberdades individuais que estivessem acima da vontade desse Estado máximo. Ora, dentro do capitalismo os direitos fundamentais e a liberdade são pressupostos para o desenvolvimento de um sistema sadio, que se auto regula e conserta seus próprios problemas de funcionamento. Nem o Estado do Bem Estar Social, que é de certa forma bem mais presente na vida da sociedade, consegue ser semelhante ao Estado que Hitler pregava.

Assim o Nazismo não é socialista e nem muito menos capitalista. Não é de direita e nem de esquerda. O Nazismo é único, singular, sem paralelos com outras ideologias. A ideologia nazista nasceu de particularidades próprias que existiam na Alemanha no momento de seu surgimento. Havia o ódio racial - inexistente em outras ideologias - a ideia de uma raça superior e a tese do Estado vital para o desenvolvimento da grande pátria alemã. Até mesmo o nacionalismo exacerbado do Nazismo não pode ser comparado com outras ideologias, pois era fincado no ódio e no revanchismo pela derrota alemã na I Guerra Mundial. Havia até mesmo o sistema de escravidão de raças consideradas inferiores pelos nazistas! Quem já viu um sistema capitalista funcionando com escravos? E que socialismo seria esse que transformava trabalhadores em meros escravos? Então diante de tudo isso é bom parar com as especulações. Nazismo não é socialismo e nem capitalismo, Nazismo é simplesmente Nazismo, uma ideologia própria e única.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Rainha Cristina da Suécia

No século XVII a Europa foi varrida por uma série de guerras entre nações católicas e protestantes. O Rei da Suécia Gustalf I era um dos principais líderes políticos protestantes da época. Durante uma batalha ele foi morto. Na linha de sucessão estava sua filha Kristina ou Cristina, uma jovem com muitas ideias brilhantes para sua nação. A nova Rainha achava um absurdo promover uma guerra por questões religiosas. Assim ela queria antes de qualquer coisa assinar um tratado de paz com os católicos da Europa. Na questão interna Cristina estava disposta a promover uma grande reforma educacional na Suécia, que para ela era apenas uma nação com um povo sem cultura, sem estudo, sem ciência.

Cristina adorava os livros e as artes. Durante todo o seu reinado ela promoveu a construção de escolas e bibliotecas, além de ser extremamente tolerante com todas as demais religiões. Isso enfureceu os líderes protestantes de seu país. Os evangélicos achavam que a única sabedoria vinha da Bíblia e tudo o mais seria apenas heresia. Eram fundamentalistas fanáticos! Os protestantes também eram contra qualquer tipo de reforma visando uma ampla alfabetização e educação do povo sueco. Os pastores igualmente abominavam a ideia de ter paz com as nações católicas da Europa. Os diversos grupos de protestantes da Suécia acreditavam que os católicos deveriam ser mortos. Os Luteranos eram os mais empenhados em promover uma guerra de matança continental contra todos os católicos europeus. A Rainha porém abominava uma visão tão absurda como aquela. Não é à toa que começou a se criar contra ela um grande movimento de oposição aos seus planos de Estado.

A Rainha estava consternada com a corrupção religiosa dos pastores suecos. Eles dilapidavam os cofres públicos e roubavam as pessoas pobres, das comunidades mais humildes do interior. A ira e o fanatismo dos protestantes contra qualquer outra forma de religiosidade também impressionaram a Rainha. Diante de tanta corrupção, roubo e abusos, a Rainha aos poucos foi se aproximando dos católicos. O Papa enviou um grupo de jesuítas para mostrar a doutrina católica para a Rainha. Ela ficou impressionada com o verdadeiro catolicismo e não apenas com aquilo que ela pensava ser a doutrina católica. Logo a Rainha pensou em se converter ao catolicismo romano, se aproximando cada vez mais do Papa Alexandre VII.

Também se tornou muito amiga do filosofo católico René Descartes, de quem era grande admiradora. O pensador mostrou para a Rainha seus pensamentos, sua filosofia. Ela ficou grandemente inspirada. Os protestantes porém odiavam Descartes e sua forma de pensar livre e libertadora. Depois de muito lutar contra os protestantes obtusos e atrasados da Suécia, Cristina resolveu abdicar em favor de seu primo. Ela entregou o trono e foi morar em Roma, no berço cultural do mundo da época. A rainha se converteu ao catolicismo e começou a aproveitar sua vida, livre da opressão insuportável dos protestantes. Ela se tornou protegida do Papa e viveu seus últimos anos entre artistas, pensadores, escritores e dramaturgos. Quando morreu a Rainha teve a honra de ser enterrada ao lado dos Papas, algo inimaginável para outras mulheres do século XVII. O fato justificador é que a Rainha havia se tornado um símbolo poderoso da força da doutrina católica.

Pablo Aluísio.