Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I deu o famoso grito de independência do Brasil, "Independência ou Morte!". E de lá para cá tivemos uma longa história, de muitos altos e baixos. Hoje o Brasil passa por um momento importante, de luz na podridão da escuridão da corrupção que vem assolando nossa nação há tempos. É um momento muito peculiar. Obviamente que sempre existiu corrupção e roubo no Brasil, principalmente de sua classe política. Porém o povo não tinha realmente noção do tamanho da roubalheira. É de fato uma coisa impressionante. O bom de tudo isso é que do choque está nascendo uma nova mentalidade em nosso povo. Não mais acreditar em partidos de esquerda imundos, que apenas usaram de uma velha ideologia para literalmente roubar os cofres públicos da nação.
No fundo tudo se resume em mudar a própria mentalidade. O patriotismo, que sempre foi muito valorizado em outras nações, deve ser resgatado em nosso país. Não o usando de uma maneira boba e ufanista, mas sim como amor à terra onde nascemos. O Brasil deve ser valorizado pelo seu povo, para superar esse complexo de inferioridade que atinge grande parte da população. Claro que diante de tantas decepções com a classe política, dentro de uma democracia que até agora gerou muitos frutos podres, a sensação geral que se abate é de desânimo. Mas isso não deve ser encarado dessa maneira. Pelo contrário. Devemos aprender com os erros do passado para erguer a cabeça, valorizar e pensar melhor naqueles que iremos dar nossos votos nas próximas eleições e partir para um futuro melhor.
E assim voltamos a 1822. D. Pedro I não era um exemplo de herói virtuoso. Pelo contrário, ele tinha inúmeros defeitos. Falhou muitas vezes como pai, como marido e como político. Porém a importância de seu ato, de libertar o Brasil dos desmandos das cortes portuguesas, tem uma importância histórica inegável. Graças a D. Pedro I o Brasil não apenas alcançou sua independência, como também manteve-se unido, em um grande território unificado, com a mesma língua e as mesmas raízes culturais. A definição de nação é justamente essa. Dessa forma é fato histórico que D. Pedro I foi de fato o fundador da nação brasileira tal como a conhecemos.
Basta olharmos para nossas nação vizinhas - do antigo domínio espanhol - para entendermos bem isso. São vários países diferentes, não unificados, dispersos no mapa. Obviamente que hoje no Brasil temos inúmeras correntes políticas de pensamentos diferentes. Há os que pedem intervenção militar, os que querem a volta da monarquia, os republicanos arrependidos. Não quero criticar nenhuma forma de pensamento. Afinal vivemos numa democracia. Uma democracia machucada, explorada, expropriada. Porém como afirmou Churchill não existe opção melhor, mesmo que imperfeita. O momento assim é de reavaliação de nosso país. Que os corruptos paguem por seus crimes, que sejam presos, sem ares de seitas malucas (como acontece no caso do petismo). Olhar para a frente e partir para um futuro melhor. Afinal ser brasileiro é algo único. Não é fácil, mas a força do povo voltará a salvar nosso querido país.
Pablo Aluísio.
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quinta-feira, 28 de abril de 2011
sábado, 23 de abril de 2011
1808
Achei extremamente agradável a leitura desse livro intitulado "1808" de autoria de Laurentino Gomes. A leitura flui muito bem pois o autor procurou trazer o máximo de informações de uma maneira simples e direta, sem exageros acadêmicos (que acabam tornando qualquer livro uma chatice enfadonha). Como o próprio título sugere a proposta é resgatar os anos em que a família real portuguesa viveu no Brasil (como sabemos a dinastia Bragança na realidade estava fugindo do imperador Napoleão Bonaparte). Assim somos levados aos primórdios de nossa nação em capítulos curtos que procuram resgatar não apenas o lado mais histórico dessa estadia imperial na colônia, mas também os costumes e o modo de viver dos brasileiros e portugueses naquela época.
Um dos aspectos mais interessantes vem do choque cultural entre os nobres portugueses e a classe burguesa brasileira. Poucos sabem, mas o Reino de Portugal estava falido e a família imperial arruinada. A rainha, D. Maria, estava louca e o império acabou indo parar nas mãos de D. João VI, que nem estava na linha de sucessão pois só herdou o trono porque seu irmão mais velho morreu precocemente. D. João VI é uma figura tão tradicional como folclórica em nossa história. Ele era baixo, gordo e de temperamento medroso. Morria de medo de caranguejos (o que o fazia evitar tomar banhos de mar) e de tempestades (quando ouvia trovões se escondia debaixo de sua cama no Palácio real).
Como se pode perceber D. João VI não tinha a menor vocação para ser Rei porém teve inteligência suficiente para confiar em homens bem mais preparados do que ele, conselheiros que mantiveram a colônia unificada e segura. O autor lembra de um fato importante: embora Dom João VI seja retratado como um trapalhão e um abobado ele na realidade foi um dos poucos Reis europeus que não foram decapitados naqueles tempos revolucionários. Nesse ponto de vista histórico o velho e inepto D. João VI tão mais bem sucedido do que a formosa dinastia dos Bourbons da França, que terminaram na guilhotina dos revolucionários franceses.
E como não poderia faltar em um livro sobre a família real portuguesa no Brasil há todo um capítulo dedicado apenas à Carlota Joaquina. Curiosamente o autor aliviou um pouco a imagem de uma mulher escandalosa e promíscua como era retratada nas crônicas da época. Certamente Carlota era vil, traidora e escandalosa, mas em um nível menor. Não há como comprovar historicamente os inúmeros casos extraconjugais que foram atribuídos a ela. Nem tampouco que teria realmente conspirado tanto como foi dito a D. João VI que cansado de suas supostas conspirações a isolou de sua vida pessoal. Só se encontravam em eventos e mesmo assim de maneira protocolar.
Além dos personagens históricos o autor procura recriar o Rio de Janeiro do século XIX, com suas ruas cheias de escravos, sujeira e caos urbano. O interessante é que mesmo chocados com a realidade da colônia brasileira os nobres portugueses, apesar da pompa e elegância em seus trajes, estavam arruinados e precisavam do dinheiro dos burgueses brasileiros. Assim centenas e centenas de títulos de nobreza eram trocados por dinheiro, ouro ou propriedades, mostrando o quanto a corte lusa era corrupta já naqueles tempos. Vários traficantes de escravos foram honrados como nobres, duques e marqueses, mesmo que não soubessem sequer a ler. Tudo em troca do vil metal. Pelo visto a corrupção em nosso país certamente tem raízes históricas mais profundas do que realmente pensamos.
Pablo Aluísio.
Um dos aspectos mais interessantes vem do choque cultural entre os nobres portugueses e a classe burguesa brasileira. Poucos sabem, mas o Reino de Portugal estava falido e a família imperial arruinada. A rainha, D. Maria, estava louca e o império acabou indo parar nas mãos de D. João VI, que nem estava na linha de sucessão pois só herdou o trono porque seu irmão mais velho morreu precocemente. D. João VI é uma figura tão tradicional como folclórica em nossa história. Ele era baixo, gordo e de temperamento medroso. Morria de medo de caranguejos (o que o fazia evitar tomar banhos de mar) e de tempestades (quando ouvia trovões se escondia debaixo de sua cama no Palácio real).
Como se pode perceber D. João VI não tinha a menor vocação para ser Rei porém teve inteligência suficiente para confiar em homens bem mais preparados do que ele, conselheiros que mantiveram a colônia unificada e segura. O autor lembra de um fato importante: embora Dom João VI seja retratado como um trapalhão e um abobado ele na realidade foi um dos poucos Reis europeus que não foram decapitados naqueles tempos revolucionários. Nesse ponto de vista histórico o velho e inepto D. João VI tão mais bem sucedido do que a formosa dinastia dos Bourbons da França, que terminaram na guilhotina dos revolucionários franceses.
E como não poderia faltar em um livro sobre a família real portuguesa no Brasil há todo um capítulo dedicado apenas à Carlota Joaquina. Curiosamente o autor aliviou um pouco a imagem de uma mulher escandalosa e promíscua como era retratada nas crônicas da época. Certamente Carlota era vil, traidora e escandalosa, mas em um nível menor. Não há como comprovar historicamente os inúmeros casos extraconjugais que foram atribuídos a ela. Nem tampouco que teria realmente conspirado tanto como foi dito a D. João VI que cansado de suas supostas conspirações a isolou de sua vida pessoal. Só se encontravam em eventos e mesmo assim de maneira protocolar.
Além dos personagens históricos o autor procura recriar o Rio de Janeiro do século XIX, com suas ruas cheias de escravos, sujeira e caos urbano. O interessante é que mesmo chocados com a realidade da colônia brasileira os nobres portugueses, apesar da pompa e elegância em seus trajes, estavam arruinados e precisavam do dinheiro dos burgueses brasileiros. Assim centenas e centenas de títulos de nobreza eram trocados por dinheiro, ouro ou propriedades, mostrando o quanto a corte lusa era corrupta já naqueles tempos. Vários traficantes de escravos foram honrados como nobres, duques e marqueses, mesmo que não soubessem sequer a ler. Tudo em troca do vil metal. Pelo visto a corrupção em nosso país certamente tem raízes históricas mais profundas do que realmente pensamos.
Pablo Aluísio.
sábado, 8 de março de 2008
Dom Pedro I: A Guerra em Portugal
Após a independência do Brasil Dom Pedro I foi perdendo cada vez mais popularidade entre o povo brasileiro. Ele dissolveu a constituinte e outorgou sua própria constituição em 1824. Embora tivesse diversos artigos de índole liberal a nova carta magna da nação que nascia também concentrava grande poder nas mãos do imperador através do chamado poder moderador, acima de todos os demais poderes executivo, legislativo e judiciário.
A morte de um jornalista no Rio, um ferrenho crítico do governo de D. Pedro I piorou muito a situação. Assim ele decidiu abdicar ao trono em nome de seu filho D. Pedro II e partiu para Portugal onde uma grave crise na monarquia se instalava. Seu irmão D. Miguel, de índole absolutista havia assumido o trono português. Perseguidor e adepto do absolutismo monárquico mais atrasado, ele havia levado a nação portuguesa ao caos.
D. Pedro I tinha uma visão mais liberal do mundo. Ele inclusive era admirador do imperador Napoleão Bonaparte que naquele período histórico representava justamente a vitória dos ideais de libertação da Revolução Francesa. Pedro não tinha os meios e nem as forças necessárias para vencer o irmão numa guerra civil, mas mesmo assim foi adiante. Ele vendeu grande parte de sua fortuna pessoal e criou um exército para invadir Portugal com a finalidade de tirar seu irmão do trono. Como tinha propostas mais liberais que D. Miguel acabou ganhando apoio de grande parte da população portuguesa.
A primeira cidade conquistada por D. Pedro I foi o Porto. A população local o recebeu de braços abertos. Tão emocionado ele ficou com esse apoio nesse momento tão difícil de sua vida que mandou que após sua morte seu coração fosse levado para a catedral da cidade. D. Miguel tentou vencer D. Pedro ainda no Porto, mas não foi feliz. Depois disso sofreu uma série de derrotas que o levou a fugir de Portugal. Dom Pedro então assumiu por um breve período o torno português como Dom Pedro IV, para logo em seguida abdicar em nome de sua filha, Maria I, que seria a futura rainha de Portugal. A vitória porém lhe custou muito. Dom Pedro contraiu tuberculose no campo de batalha e morreu precocemente no mesmo quarto que havia nascido, décadas antes. Era o fim de uma vida realmente extraordinária.
Pablo Aluísio.
A morte de um jornalista no Rio, um ferrenho crítico do governo de D. Pedro I piorou muito a situação. Assim ele decidiu abdicar ao trono em nome de seu filho D. Pedro II e partiu para Portugal onde uma grave crise na monarquia se instalava. Seu irmão D. Miguel, de índole absolutista havia assumido o trono português. Perseguidor e adepto do absolutismo monárquico mais atrasado, ele havia levado a nação portuguesa ao caos.
D. Pedro I tinha uma visão mais liberal do mundo. Ele inclusive era admirador do imperador Napoleão Bonaparte que naquele período histórico representava justamente a vitória dos ideais de libertação da Revolução Francesa. Pedro não tinha os meios e nem as forças necessárias para vencer o irmão numa guerra civil, mas mesmo assim foi adiante. Ele vendeu grande parte de sua fortuna pessoal e criou um exército para invadir Portugal com a finalidade de tirar seu irmão do trono. Como tinha propostas mais liberais que D. Miguel acabou ganhando apoio de grande parte da população portuguesa.
A primeira cidade conquistada por D. Pedro I foi o Porto. A população local o recebeu de braços abertos. Tão emocionado ele ficou com esse apoio nesse momento tão difícil de sua vida que mandou que após sua morte seu coração fosse levado para a catedral da cidade. D. Miguel tentou vencer D. Pedro ainda no Porto, mas não foi feliz. Depois disso sofreu uma série de derrotas que o levou a fugir de Portugal. Dom Pedro então assumiu por um breve período o torno português como Dom Pedro IV, para logo em seguida abdicar em nome de sua filha, Maria I, que seria a futura rainha de Portugal. A vitória porém lhe custou muito. Dom Pedro contraiu tuberculose no campo de batalha e morreu precocemente no mesmo quarto que havia nascido, décadas antes. Era o fim de uma vida realmente extraordinária.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 7 de março de 2008
Dom Pedro I
Durante sua vida Dom Pedro I teve uma conduta sexual e moral muito condenável. Enquanto era um jovem solteiro, herdeiro do trono, vivendo no Rio de Janeiro, ele colecionou amantes. Habitualmente frequentava tavernas onde prostitutas se ofereciam a quem pagava mais. Seu mais próximo amigo, o tal "Chalaça", não passava de um alcoviteiro, um sujeito cuja principal função era arranjar mulheres ao jovem príncipe.
Quando se casou a situação que deveria ter melhorado, piorou e muito. Casado com a bela, refinada e educada Imperatriz Leopoldina, Pedro I deveria mostrar uma postura de bom pai de família, honrado e respeitoso com sua esposa. Só que isso nunca aconteceu. Ele continuou pulando a cerca, tendo inúmeras amantes, chegando ao ponto de engravidar uma freira - e ter casos com escravas, mulheres que por sua condição jamais poderiam dizer não a ele!
Pior de tudo foi transformar sua amante número 1, a Marquesa de Santos, em uma mulher pública, rica e poderosa dentro da corte. Quando isso acontece a própria monarquia se torna desmoralizada, pois em um Estado como o Brasil imperial, onde a Igreja era fundida com o Estado, que moral poderia ser exigida dos cidadãos se o próprio imperador era um sujeito galinha, que desmoralizava seu casamento e sua própria esposa, a imperatriz?
D. Pedro teve filhos com a amante e os trouxe para a corte. Chegou a fazer viagens oficiais ao lado dela, para humilhação da imperatriz. Depois de tantas humilhações Leopoldina sucumbiu, provavelmente teve uma depressão que se manifestou também em sua saúde, a levando à morte de forma prematura. D. Pedro reconheceu tudo isso em seu funeral. Ele ficou muito abalado com tudo e assumiu sua culpa. Só que já era tarde, ela estava morta. Claro, não morreu de um espancamento promovido pelo imperador como foi dito em boatos na época, mas certamente ajudou na morte dela, mesmo que indiretamente. Não existe conduta imoral que não traga sérias consequências.
Pablo Aluísio.
Quando se casou a situação que deveria ter melhorado, piorou e muito. Casado com a bela, refinada e educada Imperatriz Leopoldina, Pedro I deveria mostrar uma postura de bom pai de família, honrado e respeitoso com sua esposa. Só que isso nunca aconteceu. Ele continuou pulando a cerca, tendo inúmeras amantes, chegando ao ponto de engravidar uma freira - e ter casos com escravas, mulheres que por sua condição jamais poderiam dizer não a ele!
Pior de tudo foi transformar sua amante número 1, a Marquesa de Santos, em uma mulher pública, rica e poderosa dentro da corte. Quando isso acontece a própria monarquia se torna desmoralizada, pois em um Estado como o Brasil imperial, onde a Igreja era fundida com o Estado, que moral poderia ser exigida dos cidadãos se o próprio imperador era um sujeito galinha, que desmoralizava seu casamento e sua própria esposa, a imperatriz?
D. Pedro teve filhos com a amante e os trouxe para a corte. Chegou a fazer viagens oficiais ao lado dela, para humilhação da imperatriz. Depois de tantas humilhações Leopoldina sucumbiu, provavelmente teve uma depressão que se manifestou também em sua saúde, a levando à morte de forma prematura. D. Pedro reconheceu tudo isso em seu funeral. Ele ficou muito abalado com tudo e assumiu sua culpa. Só que já era tarde, ela estava morta. Claro, não morreu de um espancamento promovido pelo imperador como foi dito em boatos na época, mas certamente ajudou na morte dela, mesmo que indiretamente. Não existe conduta imoral que não traga sérias consequências.
Pablo Aluísio.
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