sexta-feira, 12 de março de 2010

Elvis Presley - Aloha From Hawaii

Em janeiro de 1973, Elvis Presley realizou o projeto mais ambicioso de sua carreira, o show "Aloha From Hawaii", um concerto realizado nas ilhas Havaianas transmitido para todo o mundo, ao vivo, via satélite. O evento foi histórico e, alcançou tamanho sucesso que foi o primeiro acontecimento em nível mundial a superar a audiência da transmissão da chegada do homem à Lua em 1969. Elvis Presley foi assistido ao vivo por um público estipulado em Um bilhão de pessoas. Nunca um artista chegou à tão elevado patamar!. "Elvis superou sua própria lenda", disse o jornal "The New York Times".

O disco, quando foi lançado, subiu como um foguete nas paradas chegando ao primeiro lugar em fevereiro de 1973. Tamanho foi o sucesso do especial de TV, que no Japão, Elvis bateu uma marca histórica de 98% de audiência. Até hoje nenhum evento foi tão grandioso ou teve tamanha repercussão. Aqui fica provado de uma vez por todas, o tamanho da popularidade do Rei do Rock, pois Elvis foi assistido por povos de culturas totalmente diferentes, e em todos os países em que o especial passou ele alcançou um grande êxito. Elvis Presley levou o Rock mundial, em 1973, a alturas olímpicas.

Elvis por sua vez, foi perfeito no show, mostrando a perfeita união entre seu profissionalismo e sua emoção. Para ocasião tão importante ele mandou fazer uma roupa especial para o concerto, a famosa "American Eagle", considerado um de seus trajes mais espetaculares, coberto de pedras preciosas e com uma capa avaliada em 10 mil dólares. No dia D Elvis praticamente fez vários shows, pois os ensaios foram exaustivos com a banda. Este foi um momento fenomenal na carreira de Elvis Presley.

Destaque do álbum: My Way (Claude François / J. Revaux / P. Anka) - Esta sem dúvida pode ser incluída entre as cinco melhores músicas que Elvis interpretou em sua vida. O Título original desta canção Francesa é "Comme D'Habitut" e foi lançada pela primeira vez pelo autor, Claude François, em 1967, na França, pelo selo Barclay. Em 1968, Frank Sinatra lançou sua versão em língua Inglesa, adaptada por Paul Anka, que acabou conquistando o mundo. Esta versão é a primeira que aparece na discografia de Elvis. Em 1977 ela seria lançada num single de enorme sucesso, com "America" no lado B.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis On Tour 1973

Depois do sucesso do Aloha, Elvis colocou o pé na estrada com a banda para cumprir uma maratona de Shows. Primeiro uma série de apresentações em Vegas entre os dias 26 de janeiro a 23 de fevereiro, e em Abril mais um tour em diversas cidades com a seguinte agenda: dia 23, (8:30 pm). Anaheim, CA / dia 24, (8:30 pm) Anaheim, CA / dia 26, (8:30 pm) San Diego, CA / dia 27, Portland, OR / dia 28, (3:00 pm) Spokane, WA / dia 29, (3:00 pm) Seattle, WA / dia 29, (8:30 pm) Seattle, WA.

Se já não bastasse a correria, Elvis ainda enfrentava diversos problemas pessoais, principalmente com Priscilla que resolveu, no dia do aniversário da filha, falar para o cantor que ele não devia vê-la por uns tempos. Elvis estourou! aquilo era demais e a briga ficou feia durante a festa. Um infeliz acontecimento bem no meio do aniversário de cinco anos de Lisa Marie.

Single nas lojas:
Fool (James Last / Carl Sigman) - Esta canção foi gravada em março de 1972 em Hollywood para ser usada na trilha sonora do filme "Elvis On Tour" (Elvis Triunfal, 1972). Porém a RCA desistiu de lançar este disco e ao invés disto investiu nos LPs gravados ao vivo "Madison Square Garden" e "Aloha From Hawaii". Assim esta canção foi arquivada e só foi lançada em março de 1973 como lado B do single "Steamroller Blues" (música gravada ao vivo no "Aloha From Hawaii"). Se tornou mais tarde carro chefe do disco "Elvis" o que deixou o Rei do Rock surpreso.

Steamroller Blues (James Taylor) - Fantástico Blues. Elvis Presley sempre será lembrado como o Rei do Rock, mas também foi um grande intérprete de Blues e Gospel. Aqui mais uma prova de seu talento. Esta canção foi lançada no único single extraído do disco "Aloha From Hawaii" em março de 1973. No lado B "Fool" (do disco "Elvis"). Um grande momento do disco, que nos remete imediatamente aos anos 50.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Elvis Presley - Elvis no Texas

Elvis tinha que fazer um show no Texas, mas como ele morria de medo de voar, resolveu alugar um vagão inteiro de um trem para chegar em Dallas a tempo. Foi acompanhado de seu amigo Nick Adams e Gene Smith. Os caras da banda, Scotty, Bill e D.J. tiveram mais coragem e foram de avião mesmo. O show foi realizado no Cotton Bowl Stadium, com lotação esgotada de 26.500 fãs. Elvis cantou 'Heartbreak Hotel', 'Long Tall Sally', 'I Was The One', 'Blue Suede Shoes', 'I Got A Woman', 'Love Me', 'Don't Be Cruel' e 'Hound Dog'. Os mais velhos não gostaram nada do show e o principal jornal do Texas no dia seguinte se referiu a Elvis como "O Marginal do Tennessee".

O público adorou e o número de fãs cresceu tanto no Texas que nesse mesmo dia foi formado o primeiro fan club de Elvis Presley no Estado da Rosa Amarela. Dois meses antes o cantor tinha terminado as gravações de "Elvis", segundo disco da carreira de Elvis Presley. Com o sucesso alcançado pelo seu primeiro disco e pelos singles "Heartbreak Hotel / I Was the One", "I Want You, I Need You,I Love You / My Baby Left Me" e "Don't Be Cruel / Hound Dog" Elvis conseguia o feito de emplacar quatro discos consecutivos entre os dez mais, sendo considerado já a aquela altura um fenômeno não só musical mas também social pois suas apresentações polêmicas em programas de TV lhe trazia cada vez mais popularidade.

Sem dúvida 1956 foi o grande ano do Rei do Rock, o seu auge, sendo o sucesso tamanho alcançado por ele, que logo estava estreando no cinema com o filme "Love Me Tender" (ama-me com ternura, 1956) e alcançando novamente o primeiro lugar nas paradas com o single "Love Me Tender / Any Way You Want Me", além do lançamento de toda a trilha do filme num compacto duplo que foi lançado em novembro de 1956. Este era em suma tudo o que estava rolando nesta época com Elvis Presley, ou seja, ele estava no auge de sua popularidade. Assim em setembro de 1956 Elvis entrava novamente nos estúdios para "encher a lata". Sem dúvida ele foi o mais rápido "Hit Maker" da história pois gravou este LP em apenas três dias nos Studios Radio Recorders da RCA em Hollywood.

O LP foi lançado no final de 1956 alcançando o primeiro lugar nas paradas. Elvis Presley havia começado o ano como um obscuro cantor do sul dos Estados Unidos e terminou como um fenômeno de sucesso, nunca ninguém subiu tão rápido em tão pouco tempo. Fora estes dois discos, Elvis liderou as paradas mundiais também com singles de enorme sucesso. Este foi o início da carreira de um dos maiores sucessos da história do show bussines norte americano.

Single nas lojas: Lawdy, Miss Clawdy (Price) - Outro grande momento da carreira de Elvis que foi gravado no dia 3 de fevereiro de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Foi lançada como parte de um single com "Shake, Rattle and Roll" em Agosto de 56. Era uma das preferidas do Rei do Rock. Shake, Rattle And Roll (Calhoun) - Clássico dos anos 50 que foi imortalizada na voz de Bill Halley and the comets. Ao longo dos anos esta música foi sendo gravada por diversos outros nomes como Little Richard e os Beatles. Sem dúvida é uma das melhores interpretações do cantor e uma das mais vibrantes músicas da história do Rock.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e a Gold Leaf

Após terminar seu filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957), Elvis fez uma apresentação no International Amphitheater em Chicago no dia 24 de março de 1957. Na ocasião o cantor usou a famosa suit "gold-leaf". A roupa toda dourada foi uma criação do estilista Nudie Cohen. Cinco dias depois o cantor voltava ao palco no Kiel Auditorium em St. Louis, no repertório seus maiores hits no momento, "All Shook Up", "Don't be Cruel" entre outras. Esta famosa jumpsuit, a "Gold Leaf", apareceu na capa do disco "Elvis Golden Records vol 2", este é um disco que reúne os principais singles de sucesso de Elvis Presley no período em que ele estava servindo o exército na Alemanha. ~

Na minha modesta opinião é o melhor trabalho musical de toda a carreira do cantor. As canções aqui presentes são simplesmente o melhor exemplo do Rock'n'Roll de Elvis nos anos 50. Foi lançado em dezembro de 1959 marcando a despedida do rei aos melhores anos de sua trajetória artística. É a reunião dos cincos singles lançados por Elvis, no período de janeiro de 1958 a junho de 1959. Todos estes compactos receberam o disco de ouro e se tornaram "as gravações douradas do Rei". Apesar de ter sido lançadas separadamente, estas músicas foram gravadas nas mesmas sessões de gravação, que se realizaram um pouco antes do cantor partir para a Alemanha.

O subtítulo "50.000.000 Elvis Fans Can't Be Wrong", ou seja, "50.000.000 de fãs de Elvis não podem estar errados" retrata bem a popularidade do cantor em fins dos anos cinqüenta. Na capa em diversas fotos da mesma pose o cantor está vestindo sua roupa primeira "jumpsuit", a famosa "Gold Leaf", avaliada em dez mil dólares, que passa a mensagem de que Elvis realmente era "o sonho dourado da indústria fonográfica". O fato engraçado é que mesmo tendo a usado em alguns shows, ele não aprovou a roupa por achá-la muito pesada e quente. Melhor assim, desta forma a "Gold Leaf" ficou representando para a posteridade este momento da carreira de Elvis. Época que ficaria conhecida como àquela em que ninguém liderou as paradas mundiais de sucesso com tanta freqüência quanto ele.

Estas canções marcam também a despedida do contrabaixista Bill Black pois ele deixou de trabalhar com Elvis depois de entrar em conflito com o coronel Parker por motivos financeiros. Assumiu deste modo o posto deixado por Black o músico Bob Moore. Era o fim dos "Blue Moon Boys".
Single nas lojas: All Shook Up (Elvis Presley / Blackwell) — Esta canção alcançou tamanho sucesso quando lançada que se tornou parte do vocabulário da juventude norte americana da época. Elvis alcança uma das mais brilhantes interpretações de sua vida resultando num dos singles mais vendidos de sua carreira. A canção chegou a Elvis através de Steve Sholes, seu produtor na RCA Victor. O single alcançou o primeiro lugar da parada da revista Billboard em março de 1957 tendo sido gravada em 12 de janeiro do mesmo ano nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Esta canção foi gravada primeiramente como I´m All Shook Up por David Hill, na Aladdin Records. Elvis gravou fazendo percussão na parte de trás do violão. O single ficou durante nove semanas no topo das paradas dos EUA, seu maior tempo consecutivo como número 1. Também foi seu primeiro número 1 na Inglaterra.

That's When Your Heartaches Begin (Raskin / Brown / Fisher} - Em 1953 Elvis entrou pela primeira vez num estúdio de gravação. Pagou quatro dólares e saiu com o primeiro acetato de sua vida. A lenda afirmava que o cantor havia gravado este disco para dar de presente a sua mãe mas o que Elvis queria mesmo era ouvir como ficava sua voz num disco. Este pequeno acetato contava com "My Happiness" no lado A e esta música no lado B. Esta é uma versão gravada posteriormente por Elvis já como cantor profissional e que foi lado B de "All Shook Up" em março de 1957. A versão do Acetato só foi encontrada muitos anos depois e lançada na caixa de cinco CDs intitulada "The King of Rock'n'Roll". A Versão original desta música foi lançada em 1950 pelo grupo "The Ink Spots".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Elvis Presley - Elvis e Ginger Alden

Quando um repórter perguntou a Ginger Alden (foto), a mulher com quem Elvis pretendia se casar pouco antes de morrer, o que ela sentiu ao se encontrar com o grande astro pela primeira vez, ela respondeu: - "Sei lá, a gente espera que as trombetas toquem ou qualquer coisa parecida". E isso era a pura verdade. Apesar de tudo o que aconteceu na vida e na carreira de Elvis, no final de sua vida ocorreu algo que poucos esperavam: ele se tornou mais famoso ainda! Para um jornal local Elvis declarou: - "Pretendo continuar fazendo shows enquanto eu puder e enquanto os fãs me quiserem. Eu realmente adoro cantar para meus fãs. É a minha vida. Quero que eles se divirtam e saiam dizendo "pôxa! uau!". Gosto de pensar que eles se lembram de nós com prazer e ficam esperando que voltemos. É irônico, mas parece que a história está se repetindo. Minha carreira voltou a ser tão agitada como nos anos 50. As pessoas lotam todas as arenas. É apavorante. De algum modo não parece normal. Sou grato por sua lealdade, mas é assustador. O que virá depois?"

Elvis estava admirado com Ginger, uma garota de 20 anos nascida e criada em Memphis. Assim que aprendeu a andar, sua mãe a levou até Graceland, onde ambas ficaram em frente ao portão musical, esperando Elvis aparecer para assinar autógrafos. Quando Ginger tinha cinco anos sua mãe a levou até o parque de diversões que Elvis havia alugado uma noite. O Rei acariciou a cabeça de Ginger e a levou para um passeio na montanha russa. A primeira vez que Ginger entrou no palácio real, estava acompanhada de uma de suas duas irmãs, sendo que uma delas, Terry, era a nova miss Tennessee e por isso mesmo candidata natural à sucessão de Linda Thompson como preferida de Elvis. Mas quando o rei exerceu o seu direito de escolha, surpreendeu a todos ao ficar com Ginger, tão tímida, pura e inocente. No primeiro encontro, ele a levou até o aeroporto de Memphis, em seu carro preferido, um Stutz Blackhawk.

Ao chegarem, Elvis perguntou-lhe casualmente se ela queria dar uma volta em seu jet star. Ginger disse que sim, e quando entraram no grande avião, encontraram-se com a prima favorita de Elvis, Patsy Gambill, filha do tio Vester, e seu marido Gee Gee (ex valete do rei), assim como outros convidados. Quando o avião estava levantando vôo, Elvis anunciou que o destino era Las Vegas. Durante a viagem o rei presenteou Ginger com um bracelete de ouro maciço incrustado com pequenos diamantes que formavam a palavra "Elvis". - "Isso vai mostrar para todo mundo que você me pertence" - disse para Ginger. Em Las Vegas, todos foram para o hotel, onde passaram a noite e voltaram a Memphis no dia seguinte. Uma semana depois, Ginger recebeu um telefonema de Elvis. Dessa vez ele estava em San Francisco, morrendo de vontade de vê-la. Ela podia vir assistir o show. Elvis mandaria seu avião ir buscá-la. Poucos dias depois, Elvis lhe deu um carro, um Cadillac Seville, seu modelo feminino predileto. O que Ginger dirigia antes? Uma bicicleta de três marchas.

Nove semanas depois de conhecer Ginger Alden, Elvis decidiu que queria se casar com ela. Consultando seu livro de numerologia (Cheiro's Book of Numbers) ele descobriu que a data ideal seria 26 de janeiro de 1977. No dia seguinte ele comprou o anel de diamantes, no valor de 70 mil dólares e pediu Ginger em casamento. Todavia nenhuma data foi marcada para as núpcias. De sua parte, Ginger sentia-se agradecida de ser a rainha de Elvis. - "Começo a sentir que talvez tenha sido para isso que eu vim ao mundo. Se eu puder fazer Elvis feliz, terei cumprido meu objetivo. Ele quer um filho. Ele me quer ao seu lado dia e noite". Priscilla Presley, por sua vez, tinha uma outra visão do romance: - "A vida pessoal de Elvis não ajudava em nada. Ele estava namorando Ginger Alden, que era vinte anos mais moça. A diferença de idade se tornava um problema cada vez maior. Elvis dizia: - 'Estou cansado de criar crianças. Não tenho paciência para passar por tudo outra vez". Em julho de 1977 saiu o livro de West Hebler, "Elvis, What Happened?". Pela primeira vez na sua longa e muito bem guardada carreira, Elvis tinha sua vida particular exposta ao grande público. Foi um período sinistro. Elvis ficou na pior, sem saber o que fazer. Uma noite ele recebeu um telefonema de Frank Sinatra, se oferecendo para usar sua "influência" para dar um "jeito" no livro. Elvis detestou Sinatra a vida inteira. Mesmo nesse momento de grande necessidade, ele não podia aceitar a ajuda do rival e recusou a oferta. Enquanto isso ele leu o livro de cabo a rabo, ficando angustiado com a parte que tratava das drogas.

Chegou a perguntar a Rick Stanley: - "O que os fãs irão pensar? O que Lisa Marie vai achar de uma coisa dessas?". Na imprensa começaram a surgir rumores que a polícia iria investigar seus médicos. Em Denver, por exemplo, alguns oficiais da polícia, conhecidos de Elvis, pegaram no seu hotel uma receita de Dilaudid e reconheceram que seu capitão honorário tinha problemas e se ofereceram para interná-lo em um sanatório. Elvis deixou a cidade como um bandido. Agora com toda essa sujeira pintando, como é que ele iria encarar seus fãs e lidar com toda a avalanche de notas negativas por parte da imprensa? Vive drogado? É por isso que está tão gordo e ofegante? Super sensível em relação aos ataques vindos de todas as partes, ele se sentiu encurralado. Elvis só ficou pensando nisso, até que achou a resposta para seus problemas: o Casamento. Aqueles caras ficavam falando que ele era um drogado e que dava tiros na TV. Mas iam ver só quando ele se casasse diante das principais personalidades dos Estados Unidos. Depois disso quem poderia dizer que ele era um Junky? Uau! isso calaria a boca de todo mundo. Elvis não passou um quarto de século com o Coronel Parker sem aprender alguma coisa sobre como manipular a opinião pública. Ginger ficou mais emocionada ainda quando Elvis lhe confidenciou radiante: - "Sabe o que meu pai me disse? Ele disse que nunca me viu tão feliz como homem"

Elvis - Documento Histórico.

Elvis Presley - A morte de Elvis por Priscilla Presley

Em abril de 1977 Elvis ficou doente, teve que cancelar uma excursão e voltar para Graceland. Lisa e eu estávamos lá, visitando Dodger (a avó do cantor). Ele me chamou a seu quarto. Não olhou para si mesmo, o rosto e o corpo estavam inchados. Vestia um pijama, o traje que parecia preferir agora quando estava em casa. Tinha nas mãos o livro dos números de Cheiro e disse que queria que eu lesse alguma coisa. Sua busca por respostas não se extinguira. Ainda procurava seu propósito na vida, ainda achava que não encontrara a sua vocação. Se descobrisse uma causa para defender, quer fosse uma sociedade sem drogas ou a paz mundial, teria o papel que procurava na vida. Sua generosidade era a prova dessa parte de sua natureza – a legendária propensão para dar, até mesmo incontáveis pessoas que não conhecia.

Mas Elvis jamais encontrou uma cruzada para tirá-lo de seu mundo enclausurado, uma disciplina bastante forte para anular a fuga nas drogas, naquela noite ele leu para mim, procurando por respostas, exatamente como fizera no ano anterior e em todos outros anos antes. Foi a última vez em que o encontrei.

Embarcamos no avião Lisa Marie por volta das nove horas daquela noite, 16 de agosto de 1977, apenas meus pais, Michele, Jerry Schilling, Joan Esposito e mais uns poucos amigos íntimos. A principio, fiquei sentada sozinha, desesperada. Depois, fui para a parte posterior do avião onde ficava o quarto de Elvis. Deitei ali, incapaz de acreditar que Elvis estava mesmo morto.

Lembrei dos gracejos que Elvis costumava dizer em relação a morte:

"Será sensacional para mim deixar esse mundo"
Contudo, ele usava no pescoço uma corrente com uma cruz e com uma estrela de Davi. Dizia que queria estar coberto por todos os lados "Não quero perder o paraíso por um detalhe técnico". Tinha medo de voar, mas nunca o demonstrava, Elvis nunca deixava transparecer os seus medos. Achava que tinha a responsabilidade de fazer com que todos nós sentissem seguros. Dava a impressão de ser confiante porque não queria que os outros ficassem desanimados.

Lembrei de uma ocasião em que estávamos voando de Los Angeles para Memphis. Havia muita turbulência e o avião sacudia bastante. Todos a bordo estavam assustados. Menos Elvis. Quando o fitei, ele sorriu e pegou minha mão

- "Não se preocupe, Baby. Vamos chegar lá"

No mesmo instante eu me senti segura. Havia uma certeza em Elvis. Se ele dizia que uma coisa aconteceria assim, então não restava a menor dúvida.

A viagem pareceu interminável. Eu estava completamente atordoada ao chegarmos a Memphis. Fomos levados a uma limousine à espera na pista, a fim de evitar os fotógrafos. Partimos a toda velocidade para Graceland, onde fomos recebidos por rostos frenéticos e incrédulos, de parentes, amigos íntimos e criados – as mesmas pessoas que nos havia cercado por tantos anos. Eu passara a maior parte de minha vida com aquela gente e olhar para todos agora foi Terrível.

A maior parte da família de Elvis – Vovó, Vernon, suas irmãs Delta e Hash, e outros – estava reunida no quarto de vovó, enquanto os amigos e os caras que trabalhavam para Elvis se concentrava nos Estúdios. Todos pareciam se limitar a entrar e sair dos cômodos, em silêncio, solenes, olhando ao redor com expressões incrédulas.

Vovó cuidava da casa, cozinhava, mantinha a tudo e a todos sob controle. Tinha o ar de uma pessoa com um propósito resoluto na vida, que no caso de Elvis era providenciar para que ele fosse bem cuidado. Quando morava em Graceland ficávamos por horas a fio juntas conversando, ela me falava dos velhos tempos, sobre Gladys e seu profundo amor por Elvis, sobre a terrível luta que os Presleys haviam travado pela sobrevivência. Ela vivia com Vernon e Gladys desde o nascimento de Elvis, ajudando quando Gladys arrumava um emprego para ajudar no sustento da casa. Uma mulher forte, vovó agüentara firme quando o marido fora embora, deixando-a com cinco filhos. Queria que todos acreditassem que tinha um ressentimento contra J.D. Presley, mas Dodger tinha um coração que a tudo perdoava e tenho a impressão que ainda gostava dele. Sempre falava que Elvis tinha sido um bom menino, nunca se meteu em qualquer encrenca mais grave, sempre saía da escola e voltava direto para casa, cumpria com suas obrigações. Fui informada de que o esforço constante de Gladys para proteger Elvis era o resultado de sua angústia pela morte do irmão gêmeo de Elvis, Jesse Garon. Aprendi a amar Dodger e o que ela representava – compaixão e devoção total a família.

Lisa estava lá fora, no gramado, em companhia de uma amiga, passeando no carrinho de golfe que o pai lhe dera. A princípio, fiquei aturdida por ela brincar numa ocasião como aquela, mas depois compreendi que Lisa ainda não fora ainda plenamente atingida pelo impacto do que acontecera. Vira a ambulância levando Elvis e ele ainda estava no hospital quando cheguei, por isso, Lisa estava confusa

E verdade? – perguntou ela – papai morreu mesmo?

Mas uma vez eu me senti desolada, sem saber o que dizer. Era nossa filha. Já era difícil para mim acreditar e enfrentar a morte de Elvis. Não sabia como contar a Lisa como nunca mais tornaria a ver o pai novamente. Balancei a cabeça e depois abracei-a Depois Lisa se afastou e voltou a passear de carrinho de golfe. Mas agora eu estava mais contente por ela ser capaz de brincar. Sabia que era sua maneira de evitar a realidade, era apenas uma criança.

A noite parecia interminável. Várias pessoas sentaram em torno da mesa de jantar, conversando. Foi então que tomei conhecimento das circunstâncias da morte de Elvis. Fui informada de que Elvis jogara tênis com seu primo Billy Smith até às quatro horas da madrugada, com a mulher de Billy, Jo, e a namorada de Elvis, Ginger, assistindo. Depois, todos se retiraram para dormir, mas enquanto Ginger dormia, Elvis permaneceu acordado, lendo. Ligou para tia Delta e disse que queria um pouco de água gelada, estava tendo dificuldades para dormir.

Elvis ainda estava lendo quando Ginger acordou, às nove horas da manhã, e quando ela voltou a dormir, por volta de uma hora da tarde. Quando ela despertou, Elvis não estava na cama. Foi encontrá-lo caído no chão do banheiro. Ginger gritou por socorro e Al Strada e Joe Esposito subiram correndo. Depois de chamar a ambulância, Joe aplicou respiração boca a boca em Elvis. Quando a ambulância estava saindo com Elvis para o hospital, seu médico particular, Dr Nick, apareceu e foi junto para o Memorial Batista. Ali os médicos tentaram por meia hora ressuscitar Elvis. Mas foi tudo inútil. Ele foi declarado morto ao chegar, de parada cardíaca. Vernon pediu a autópsia. O corpo foi levado para a agência funerária Memphis, a fim de ser preparado para a exposição no dia seguinte.

Enquanto estava escutando o relato das últimas horas de Elvis, fui me sentido cada vez mais perturbada. Havia dúvidas demais. Elvis raramente ficava sozinho por períodos prolongados. Subitamente compreendi que precisava ficar sozinha. Subi para a suíte de Elvis, onde passáramos boa parte de nossa vida conjugal. Os aposentos estavam arrumados mais do que o normal, muitos de seus pertences pessoais haviam desaparecido, não havia livros na mesinha de cabeceira, onde foi parar seus livros queridos, aqueles que ele jamais se separava? Fui ao seu quarto de vestir e era como se pudesse sentir sua presença viva – sua flagrância característica impregnava o quarto. Era uma sensação fantástica.

Pela janela da sala de jantar pude ver as milhares de pessoas que esperavam no Elvis Presley Boulevard pelo carro que traria seu corpo de volta a Graceland. Sua música enchia o ar, com as emissoras de rádio de todo o país prestando seu tributo ao rei.

Não demorou muito para que o caixão fosse instalado no vestíbulo da frente, aberto à visitação pública. Fiquei no quarto de vovó a maior parte daquela noite, enquanto milhares de pessoas do mundo inteiro apareciam, prestando sua última homenagem. Muitas choravam, alguns homens e mulheres até desmaiaram. Outras se demoravam junto ao caixão, recusando-se a acreditar que era ele mesmo. Elvis fora realmente amado, admirado e respeitado.

Esperei pelo momento certo para Lisa e eu nos despedirmos. Era tarde da noite e Elvis já fora transferido para a sala de estar, onde seria realizado o funeral. Havia silêncio, todos haviam ido embora. Juntas, ficamos paradas ao lado do caixão emocionadas. "Você parece tão sereno, Sattnin, tão descansado...sei que vai encontrar lá toda a felicidade e todas as respostas" Lisa pegou minha mão e pusemos no pulso direito de Elvis uma pulseira de prata , mostrando mãe e filha de mãos dadas.

- "Vamos sentir sua falta... "- murmurei

O coronel Parker compareceu ao funeral usando seu habitual quepe de beisebol, camisa e calça esporte. Disfarçou suas emoções da melhor forma que pôde. Elvis fora como um filho para ele. Um homem da velha escola, o coronel era considerado um homem de negócios de coração frio. Mas, na verdade, permaneceu fiel e leal a Elvis, mesmo quando sua carreira começara a declinar. Naquele dia pediu a Vernon que assinasse um contrato prolongando a sua posição como agente de Elvis. Já estava planejando meios de manter o nome de Elvis na lembrança do público. Agiu depressa, receando que Vernon, com a morte de Elvis, ficasse transtornado demais para cuidar direito das muitas propostas iminentes. Vernon assinou.

Durante o serviço religioso, Lisa e eu sentamos junto de Vernon e sua nova noiva, Sandy Miller, Dodger, Delta, Patsy, meus pais, Michelle e o resto da família. George Hamilton estava presente. Ann-Margret compareceu em companhia do marido, Roger Smith. Ann apresentou suas condolências com tanta sinceridade que senti um vínculo genuíno com ela.

J.D. e os Stamps Quartet cantaram as músicas evangélicas prediletas de Elvis. Vernon escolhera o pregador, um homem que mal conhecia Elvis e falou principalmente de sua generosidade. Elvis provavelmente teria rido e diria ao pai: "Não poderiam Ter arrumado um comediante ou algo parecido?" Elvis não queria que o lamentássemos.

Encerrado o serviço, fomos para o cemitério, Lisa e eu acompanhamos Vernon e Sandy. Ficava a cinco quilômetros da casa e por todo o percurso havia pessoas nos dois lados da rua, com outra milhares de pessoas no cemitério. Os carregadores do caixão – Jerry Schilling, Charlie Hodge, Dr Nick e Gene Smith – levaram-no até o mausoléu de mármore. Houve uma breve cerimônia e depois, um a um, todos nos aproximamos do caixão, beijamos ou tocamos, murmuramos algumas palavras finais de despedida. Depois, por medida de segurança, Elvis foi transferido para o jardim de Graceland, seu local de repouso eterno.

Antes de Lisa e eu voltarmos a Los Angeles, Vernon pediu-me que fosse ao escritório. Ele estava desesperado. Eu sabia de qualquer coisa que pudesse ajudá-lo a compreender por que o filho morrera? Vernon jamais aceitou plenamente e creio que a angústia o levou a morte, assim como vovó também não se recuperou da morte de Vernon.

Eu sabia que minha vida nunca mais seria a mesma. A morte de Elvis tornou-me muito mais consciente de minha própria mortalidade e das pessoas que eu amava. Compreendi que era melhor começar a partilhar mais com as pessoas com quem me importava, cada momento que tinha com minha filha ou meus pais se tornou mais precioso.

Aprendi com Elvis, muitas vezes – lamentavelmente – com seus erros. Aprendi que Ter muitas pessoas ao redor pode minar suas energias. Aprendi o preço de tentar fazer todos felizes. Elvis dava presentes a alguns e deixava outros ciumentos, freqüentemente criando rivalidades e ansiedades no grupo. Aprendi a confrontar as pessoas e os problemas – duas coisas que Elvis sempre evitara.

Aprendi a assumir o controle da minha vida. Elvis era tão jovem quando se tornara um astro que nunca fora capaz de manipular o poder e o dinheiro que acompanhavam a fama. Sob muitos aspectos, ele foi uma vítima, destruído pelas próprias pessoas que atendiam a todos os seus desejos e necessidades. Foi também uma vítima de sua imagem. O público queria que ele fosse perfeito, enquanto a imprensa implacavelmente exagerava os seus defeitos. Nunca teve a oportunidade de ser humano, de crescer para se tornar um adulto amadurecido, experimentar o mundo além de seu casulo artificial.

Quando Elvis Presley morreu, um pouco de nossas próprias vidas nos foi tirado, de todos que conheciam e amavam Elvis Presley, que partilharam suas Músicas e filmes, que acompanharam sua carreira. Sua paixão era divertir os amigos e os fãs. O público era seu verdadeiro amor. E o amor que Elvis e eu partilhamos foi profundo e permanente.

Passei muitas horas recordando momentos de meu passado que são para mim pedaços da história, significativos e memoráveis. Quando decidi contar essa história, não tinha a menor idéia de como seria uma tarefa difícil e emocionada. Muito se disse e escreveu a respeito de Elvis, por aqueles que o conheciam e outros que não conheciam mas diziam que conheciam. Espero Ter oferecido uma perspectiva melhor do que ele foi como um homem. Outros livros apresentaram uma imagem não muito lisonjeira, ressaltando suas fraquezas, excentricidades, explosões violentas, perversões e abuso de drogas. Eu queria escrever sobre amor, momentos preciosos e maravilhosos, outros repletos de sofrimento e desapontamento, sobre os triunfos e derrotas de um homem, uma grande parte com uma criança mulher ao seu lado, sentindo e experimentando suas angústias e alegrias como se fossem uma só pessoa.

Eu não seria honesta se não dissesse, ao revelar nossa vida, tão invejada, que não foi fácil para mim. Houve muitas ocasiões em que desejei pular fora, desistir, esquecer ou abrir mão daquele amor tão penoso. Alguns vão achar que omiti muitas datas importantes, fatos específicos e histórias incontáveis. Não creio que alguém possa sequer começar a captar a magia, sensibilidade, charme, generosidade e grandeza desse homem que tanto influenciou e contribuiu para a nossa cultura através de sua arte e sua música. Nunca tive intenção de realizar tal feito, queria apenas contar uma história. Elvis foi uma alma gentil, que emocionou e proporcionou felicidade a milhões de pessoas no mundo inteiro e continua a ser respeitado por seus semelhantes.

Ele era um homem, um homem muito especial.

Escrito por Priscilla Presley em seu livro "Elvis e eu" (Elvis and me, 1985)

terça-feira, 9 de março de 2010

Elvis Presley - O dia em que Priscilla conheceu Elvis

Como toda adolescente americana, Priscilla Beaulieu era fã de Elvis Presley. Aos 14 anos, quando morava na Alemanha, conheceu seu ídolo, que lá servia o exército, e viveu um inesperado conto de fadas: apaixonaram-se profundamente e viveram um romance que se prolongou por 14 anos. Esta é a história desses anos, contada por Priscilla. É um relato sentido e verdadeiro de sua vida com um dos mais famosos cantores de todos os tempos, onde nos é revelado também o quanto o sucesso afetou a personalidade desse músico inovador, talentoso e sensual. Assediado pela imprensa, disputado pelas mulheres, obrigado a enfrentar o ritmo frenético do show business, o rapaz simpático e generoso tornou-se uma pessoa insegura, angustiada, sujeito a crises emocionais, profissionais e existenciais. 

Envolvida numa relação de ternura e dependência, a mocinha que se moldara ao gosto de seu ídolo - amante - marido, e que nele concentrava todo o seu universo afetivo, teve que lutar muito para buscar o equilíbrio entre o amor, a devoção e suas próprias escolhas pessoais. A vida pessoal, o lado oculto do grande astro internacional são descritos, sem meias palavras, num retrato pungente dos bastidores da glória de Elvis Presley. Priscilla Beaulieu conheceu Elvis melhor do que ninguém. Durante muitos anos ela viveu com o homem que era o ídolo de milhões de pessoas ao redor do mundo. Esta é a história de um amor verdadeiro entre duas pessoas. Aos nos relatar neste livro a apaixonada e conflitante relação que ambos viveram, ela torna pública também a intimidade do mais famoso cantor de todos os tempos, suas manias, fraquezas, virtudes, suas crises místicas e sua moral ambígua. Presa na rede do amor e da devoção, ela tentou ser o que Elvis dela se esperava. Mas não tardou a amargar a decepção e o ciúme, ao ter que assistir, quase impotente, sua crescente necessidade de emoções fortes e o assédio constante das mulheres. É um depoimento sincero, saudoso e emocionado. Leia a seguir o primeiro capítulo de "Elvis e Eu":

Era o ano de 1956. Eu morava com minha família na base Bergstrom, da Força Aérea, em Austin, Texas, onde meu pai, então Capitão Joseph Paul Beaulieu, um oficial de carreira, estava estacionado. Ele chegou tarde para o jantar e me entregou um disco. - 'Não sei nada sobre esse tal de Elvis, mas deve ser muito especial' - comentou ele - 'Entrei na fila com a metade da Força Aérea para comprar esse disco no reembolsável'. Todo mundo está querendo. Pus o disco na vitrola e ouvi o rock "Blue Suede Shoes". O disco chamava-se "Elvis Presley". Era seu primeiro lançamento. Como quase todos os jovens dos Estados Unidos, eu gostava de Elvis, embora não com o fanatismo de minhas amigas da escola secundária de Del Valley. Todas tinham camisas de Elvis, chapéus de Elvis e meias soquetes de Elvis, além de batons em cores como "Hound Dog Orange" e "Heartbreak Pink". Elvis estava em toda parte, nas figurinhas de goma de mascar e em bermudas, em diários e carteiras, em fotografias que brilhavam no escuro. Os garotos na escola começavam a tentar se parecer com ele, com os cabelos penteados para trás, com muita gomalina, costeletas compridas e golas levantadas.

Havia uma garota tão louca por Elvis que dirigia seu próprio Fã clube local. Ele disse que eu poderia ingressar por apenas 25 cents, o preço de um livro que encomendara para mim pelo reembolso postal. Ao recebê-lo, fiquei chocada ao me deparar com uma fotografia de Elvis autografando os seios de duas garotas, um ato sem precedentes na ocasião.

E depois o vi na televisão, no Stage Show, de Jimmy e Tommy Dorsey. Ele era sensual, bonito, olhos profundos e meditativos, lábios lindos e sorriso insinuante. Ele avançou para o microfone, abriu as pernas, inclinou-se para trás e dedilhou sua guitarra. Pôs-se a cantar com extrema confiança, remexendo o corpo numa sensualidade desenfreada. Contra a vontade, me senti atraída. Algumas pessoas na audiência adulta não se mostraram muito entusiasmadas. Não demorou muito para que suas apresentações fossem rotuladas de obscenas. Minha mãe declarou de forma taxativa que ele era "uma péssima influência sobre os adolescentes". E acrescentou: - "Ele desperta coisas nas moças que deveriam ficar adormecidas. Se houvesse uma marcha de mães contra Elvis Presley, eu estaria na primeira fila". Mas eu ouvi dizer que Elvis, apesar de suas extravagâncias e sensualidade nos palcos, tivera uma rigorosa educação cristã do sul. Era um garoto do interior que não fumava e nem bebia, que amava e honrava os pais e que tratava todos os adultos como "senhor" ou "senhora".

Eu era uma típica filha de oficial da Força Aérea, uma garota bonita e tímida, que jamais se acostumara a mudar de uma base para outra a cada dois ou três anos. Aos onze anos de idade eu já vivera em seis cidades diferentes; com receio de não ser aceita, permanecia retraída ou esperava que alguém tomasse a iniciativa de fazer amizade. Descobria ser difícil ingressar numa escola no meio do ano, quando os grupos já estavam formados e os novos alunos era considerados forasteiros. Uma garota pequena, de cabelos castanhos compridos, olhos azuis e nariz arrebitado, eu era sempre observado pelos colegas. A princípio, as garotas me viam como uma rival, receando que eu pudesse tomar seus namorados. Eu tinha a impressão de que me sentia mais à vontade com os rapazes... e geralmente eles se mostravam mais amistosos.

As pessoas sempre diziam que eu era a garota mais bonita da escola, mas nunca me senti assim. Era magra, quase esquelética; e mesmo que fosse tão atraente quanto diziam, queria ter algo mais que apenas aparência. Só com minha família é que eu me sentia totalmente amada e protegida. Afetivos e solidários, eles me proporcionavam estabilidade. Modelo antes do casamento, minha mãe se devotava inteiramente à família. Como a mais velha era minha responsabilidade ajudá-la com os menores. Depois de mim, havia Don, quatro anos mais moço e Michelle, minha única irmã, que era cinco anos mais moça do que Don. Jeff e os gêmeos, Tim e Tom, ainda não haviam nascido. Minha mãe era inibida demais para falar sobre as coisas da vida e por isso recebi toda a educação sexual na escola, no sexto ano. Alguns garotos estavam circulando com um livro que parecia a Bíblia, mas quando se abria o que se encontrava eram ilustrações de homens fazendo amor com mulheres e homens fazendo amor entre si. Meu corpo estava mudando e se agitando com as novas sensações. Eu recebia olhares constantes dos rapazes na escola e houve uma ocasião em que uma fotografia minha, numa suéter justa de gola rulê, foi roubada do quadro de avisos da escola. Contudo eu ainda era uma criança, embaraçada por minha sexualidade. Fantasiava interminavelmente sobre o beijo de língua, mas quando a turma brincava de girar a garrafa eu levava meia hora para permitir que algum rapaz me beijasse nos lábios, devidamente fechados.

Meu pai, forte e bonito, era o centro de nosso mundo. Um homem muito esforçado e determinada, formara-se em Administração de empresas pela Universidade do Texas. Em casa, mantinha tudo sob controle. Acreditava firmemente na disciplina e responsabilidade e tínhamos conflitos freqüentes. Quando me tornei animadora de torcida, aos treze anos, não era fácil convencê-lo a me deixar ir aos jogos em outras cidades. Havia ocasiões em que não havia choro, súplicas ou apelos a minha mãe que pudessem fazê-lo mudar de idéia. Quando ele tomava uma decisão, era ponto final. Eu conseguia envolvê-lo de vez em quando. Quando ele não deu permissão para que eu usasse uma saia justa, ingressei nas bandeirantes, a fim de vestir seu uniforme bem justo.

Meus pais eram sobreviventes. Muitas vezes se debatiam com dificuldades financeiras, mas os filhos era os últimos a sentir. Quando eu era pequena, minha mãe costurava lindas toalhas de mesa para cobrir os engradados de laranjas que usávamos como mesinhas. Em vez de ficar sem, procurávamos tirar o melhor proveito do que tínhamos. O jantar era sempre uma atividade de grupo; mamãe cozinhava, um de nós punha a mesa e o resto cuidava da limpeza. Ninguém ficava sem fazer nada, mas éramos sempre solidários uns com os outros. Eu me sentia afortunada por ter uma família tão unida.

Minha tranqüilidade recém-encontrada terminou abruptamente quando meu pai anunciou que estava sendo transferido para Wiesbaden, Alemanha Ocidental. Fiquei desesperada. A Alemanha era no outro lado do mundo. Todos os meus medos voltaram. Meu primeiro pensamento foi: O que vou fazer com meus amigos? falei com mamãe, que se mostrou compreensiva, mas lembrou que estávamos na Força Aérea e a mudança era uma parte inevitável de nossas vidas. Concluí a primeira parte do curso secundário, Jeff nasceu e nos despedimos de nossos amigos e vizinhos. Todos prometeram escrever ou telefonar, mas eu sabia que isso dificilmente aconteceria, pois me recordava das promessas similares anteriores. Minha amiga Angela me disse, em tom de brincadeira, que Elvis Presley estava prestando o serviço militar em Bad Nauheim, Alemanha Ocidental.

- Já pensou nisso? Você estará no mesmo país que Elvis Presley!

Examinamos um mapa e descobrimos que Bad Nauheim ficava perto de Wiesbaden. E comentei:

- Vou até lá para conhecer Elvis - Nós rimos, nos abraçamos e nos despedimos.

O vôo de quinze horas para a Alemanha Ocidental pareceu interminável, mas finalmente chegamos à linda e antiga cidade de Wiesbaden, sede da força aérea dos Estados Unidos na Europa. Fomos nos hospedar no hotel Helene, um prédio enorme e venerável na rua principal. Depois de três meses, a vida no hotel ficou muito cara e começamos a procurar uma casa para alugar. Tivemos sorte de encontrar um grande apartamento num prédio clássico, construído muito antes da Primeira Guerra Mundial. Mudamos logo depois e notamos que todos os outros apartamentos estavam alugados para moças solteiras. As "Fräuleins" andavam durante o dia inteiro em negligês e à noite se vestiam a capricho. Assim que aprendemos um pouco de alemão, compreendemos que, embora a pensão fosse bastante discreta, estávamos vivendo em um bordel.

Era impossível mudar, pois havia uma escassez de moradias. Mas o local em nada contribuiu para meu ajustamento. Não apenas estava isolada de outras famílias americanas, mas havia também a barreira da língua. Já estava acostumada a mudar de escola com freqüência, mas um país estrangeiro apresentava problemas inteiramente novos - e o principal era o fato de não ter ninguém com quem pudesse partilhar meus pensamentos. Comecei a sentir que minha vida parara por inteiro.

Setembro chegou a as aulas começaram. Mais uma vez eu era a garota nova. Não era mais popular e segura como me sentira na Del. Havia um lugar chamado Eagles Club, onde as famílias dos militares americanos costumavam fazer refeições e se encontrar socialmente. Dava para ir a pé da pensão e logo se tornou uma descoberta importante para mim. Todos os dias, depois das aulas, eu ia à lanchonete que havia ali, ficava escutando a vitrola automática e escrevia cartas para minhas amigas em Austin, dizendo como sentia saudades de todo mundo. Desmanchando-me em lágrimas, gastava a minha mesada tocando as músicas mais populares nos Estados Unidos como "Venus" de Frankie Avalon e "All I Have to Do Is Dream" dos Everly Brothers.

Numa tarde quente de verão eu estava sentada ali com meu irmão Don quando notei um homem bonito, na casa dos vinte anos, que não tirava os olhos de mim. Já o vira me observando antes, mas nunca lhe prestara nenhuma atenção. Desta vez porém, ele se levantou e se aproximou de mim. Apresentou-se como Currie Grant e perguntou meu nome.

- Priscilla Beaulieu - respondi, imediatamente desconfiada, porque ele era muito mais velho.

Ele perguntou de que lugar dos EUA eu vinha, se estava gostando da Alemanha e se apreciava Elvis Presley.

- Claro - respondi, rindo - Quem não gosta dele?

- Sou grande amigo de Elvis. Minha mulher e eu estamos sempre indo à casa dele. Não gostaria de nos acompanhar uma noite?

Despreparada para um convite tão extraordinário, eu me senti ainda mais cética e cautelosa. E declarei que teria de pedir permissão aos meus pais. Durante as duas semanas seguintes Currie conheceu meus pais. Ele também estava na Força Aérea e papai verificou suas credenciais, descobrindo que conhecia seu comandante. Isso pareceu romper o gelo entre os dois. Currie garantiu a papai que eu seria devidamente vigiada quando visitássemos Elvis, que vivia numa casa perto da base, em Bad Nauheim.

Vasculhei meu armário na noite marcada, tentando encontrar uma roupa apropriada. Nada parecia bastante elegante para o meu encontro com Elvis Presley. Acabei escolhendo um vestido branco e azul, sapatos e meias brancas. Contemplando-me no espelho, achei que estava atraente, mas convencida de que não causaria qualquer impressão em Elvis, já que tinha apenas quatorze anos.

Currie Grant apareceu às oito horas, em companhia de sua atraente esposa, Carole. Ansiosa, mal falei com qualquer dos dois durante a viagem de 45 minutos. Entramos na cidadezinha de Bad Nauheim, com suas ruas estreitas, calçamentos de pedras, casas feias e antigas. Eu me mantinha atenta, à espera de avistar o que presumia ser a enorme mansão de Elvis. Em vez disso, Currie parou o carro diante de uma casa de aparência comum, de três andares, com uma cerca de madeira branca.

Havia uma placa em alemão no portão que dizia: "Autógrafos somente entre sete e oito horas da noite". Embora já passasse das oito horas, havia um grupo enorme de pessoas e moças alemãs por ali, expectantes. E havia também vendedores de cachorros quentes, ambulantes, um verdadeiro carnaval. Quando interroguei Currie a respeito, ele explicou que havia sempre muitas fãs na frente da casa, esperando por um vislumbre de Elvis.

Segui Currie pelo portão e subimos pelo pequeno caminho até a casa. Fomos recebidos por Vernon Presley, o pai de Elvis, um homem alto, atraente, de cabelos grisalhos que nos levou por um corredor comprido até a sala de estar, de onde eu podia ouvir Brenda Lee na vitrola, cantando "Sweet Nothin's".

A sala simples, quase insípida, estava cheia de pessoas, mas avistei Elvis no mesmo instante. Era mais bonito do que aparecia nos filmes e nas fotos, mais jovem e com uma aparência mais vulnerável, os cabelos bem curtos de soldado. Estava à paisana, com uma suéter vermelha e calça castanha amarelada, sentado em uma poltrona grande, com um charuto pendendo nos lábios.

Quando Currie me levou em sua direção, Elvis levantou-se e sorriu.

- Ora, ora, o que temos aqui? - disse ele

Não falei nada. Não podia. Só tinha condição de fitá-lo fixamente.

- Elvis - disse Currie - esta é Priscilla Beaulieu. A garota de quem lhe falei.

Trocamos um aperto de mão e ele disse:

- Oi. Sou Elvis Presley.

Depois, houve um silêncio entre nós, até que Elvis convidou-me a sentar em seu lado e Currie afastou-se.

- Está na escola? - perguntou Elvis.

- Estou.

- E está no começo ou no final da escola secundária? (High School)

Corei e não respondi, não querendo revelar que estava apenas no nono ano.

- E então? - insistiu Elvis.

- Estou no nono ano.

Ele ficou confuso.

- Nono o quê?

- Nono ano - balbuciei.

- Nono ano! - exclamou ele rindo - Ora, você não passa de uma criança!

- Obrigada - respondi, bruscamente, pois nem mesmo Elvis Presley tinha o direito de falar assim.

- Parece que a garotinha não é fácil - comentou ele, rindo, de novo, divertido com a minha reação.

Elvis me presenteou com o seu sorriso encantador e todo o meu ressentimento se derreteu.

Conversamos mais um pouco. Depois, Elvis levantou-se, foi para o piano e sentou-se. A sala ficou em silêncio. Todos os olhos se fixaram nele.

Elvis cantou "Rags to Riches" e "Are You Lonesome Tonight?" e depois, com os amigos cantando em harmonia, "End of the Rainbow". Também ofereceu uma interpretação de Jerry Lee Lewis, martelando as teclas com tanta força que um copo com água que pusera em cima do piano começou a escorregar. Quando Elvis pegou-o, sem perder uma nota da canção, todos riram e aplaudiram - menos eu. Estava nervosa. Olhei ao redor e vi um poster de Brigite Bardot seminua, preso na parede. Ela era a última pessoa que eu queria ver, com seu corpo sedutor, lábios espichados e cabelos desgrenhados, Imaginando o gosto de Elvis em mulheres, eu me senti muito jovem e deslocada.

Levantei os olhos e me deparei com Elvis tentando atrair minha atenção. Percebi que quanto menos reação demonstrava, mas ele passava a cantar só para mim. Mas não podia acreditar que Elvis Presley estava tentando me impressionar.

Mais tarde, ele pediu-me que o acompanhasse até a cozinha, onde me apresentou à sua avó, Minnie Mae Presley, que estava no fogão, fritando bacon numa enorme panela. Sentamos à mesa e eu disse a Elvis que não estava com fome. Na verdade sentia-me nervosa demais para comer.

- Você é a primeira garota dos Estados Unidos que eu encontro em muito tempo - disse ele, enquanto começava a devorar o primeiro de cinco sanduíches de bacon, todos com mostarda.

- Quem é que a turma por lá está ouvindo?

- Está brincando? Todo mundo ouve você!

Elvis não ficou convencido. Fez-me uma porção de perguntas sobre Fabian e Ricky Nelson. Comentou que estava preocupado com a aceitação dos fãs quando voltasse aos Estados Unidos. Como estava ausente há algum tempo, não aparecia em espetáculos públicos nem em filmes, embora tivesse cinco músicas nas paradas de sucesso, todas gravadas antes de sua partida.

Parecia que mal começáramos a conversar quando Currie entrou na cozinha e apontou para o relógio. Eu receara aquele momento; a noite correra muito depressa. Parecia que acabara de chegar e agora já tinha que ir embora. Elvis e eu mal começávamos a nos conhecer. Sentia-me como Cinderela sabendo que toda a magia terminaria quando soasse o toque de recolher. Fiquei surpresa quando Elvis perguntou se eu poderia permanecer por mais algum tempo. Currie explicou o acordo com meu pai e Elvis sugeriu então que eu poderia voltar outro dia. Embora fosse a coisa que eu mais queria no mundo, não acreditava que pudesse acontecer.

O nevoeiro era tão denso na auto estrada, durante a volta a Wiesbaden, que só cheguei em casa às duas horas da madrugada. Meus pais estavam acordados e quiseram saber tudo o que acontecera. Contei que Elvis era um cavalheiro, muito divertido, cantara para os amigos, eu adorara a noite.

No dia seguinte na escola, eu não conseguira me concentrar. Os pensamentos fixavam-se exclusivamente em Elvis. Tentei recordar todas as palavras que ele me dissera, cada canção que cantara, cada expressão em seus olhos ao me fitar. Reconstituí interminavelmente nossa conversa. Seu charme era fascinante. Não contei a ninguém na escola. Quem iria acreditar que eu estivera com Elvis Presley na noite anterior?

Priscilla Presley e Sandra Harmon (Elvis e Eu).

Elvis Presley - Tupelo, Mississipi

Quando um repórter contou a Vernon que o nome Presley era de origem inglesa, ele respondeu surpreso: "Nunca ouvi falar que meus parentes tivessem vindo de tão longe. Deve Ter sido há muito tempo. Parece que nós sempre vivemos por aqui. E é a mesma coisa com a família de Gladys, os Smiths". Elvis Presley, muito mais educado que seu pai semi-analfabeto, também não tinha a mínima idéia sobre a sua origem. Pouco antes de morrer, porém, ele recebeu uma pesquisa que rastreava os Presleys até nove gerações passadas, quando o primeiro homem, o "tronco" da árvore genealógica de sua família imigrou para a América do Norte. Seu nome era David Pressley e pouco se sabe sobre ele, exceto que era anglo-irlandês e desembargou com seu filho Andrew em nova Bern, Carolina do Norte, por volta de 1740. A terceira geração da família foi Andrew Pressley junior, que lutou contra os ingleses em 1781, na última grande batalha travada no Sul do país durante a Guerra da Independência.

Em 1861, Dunnan Pressley Junior casou-se com Martha Jane Wesson e estabeleceu-se em Fulton, Mississipi, uma região pacificada por um tratado com os índios assinado em 1832, e onde a terra era muito barata. Antes de abandonar a mulher, Dunnan teve duas filhas com Martha: Rosalinda e Rosella. Nascida em 1862, Rosella seria a bisavó de Elvis. Rosella Presley cresceu e se tornou uma mulher muito estranha e misteriosa. Dos 19 até os 30 anos, ela deu à luz nove crianças ilegítimas. Rosella nunca identificou seu amante ou fez qualquer exigência a ele – ou a eles. Ela era uma mulher orgulhosa e dura como pedra e criou sua prole trabalhando de sol a sol nas fazendas de algodão.

Da mesma forma que os Pressleys, a família de Gladys, os Smiths também vieram das Carolinas. O Tataravô de Elvis, John Smith, aparece no censo de 1850 em Atlanta, Geórgia. Em 1874, seu filho Obe Smith, casou-se com Ann Mansell e foi morar em Satillo, a noroeste do Estado do Mississipi, um pouco ao norte de Tupelo. O segundo filho desta união foi Robert Lee Smith, avô de Elvis. Robert "Bob" Lee casou-se com Octavia Lavinia "Doll" Mansell, naquela que foi talvez a mais significativa aliança na genealogia de Elvis Presley, pois existem fortes razões para se acreditar que marido e mulher eram primos em primeiro grau. Bob e Doll geraram filhos que apresentaram uma propensão a bebedeiras, distúrbios físicos e emocionais e morte prematura. Os três irmãos de Gladys, por exemplo: Tracy nasceu surdo e mudo, Travis morreu na casa dos trinta anos, Johnny morreu aos 46 anos (como Gladys). Travis e Johnny eram bons bebedores e ficavam perigosamente violentos quando bêbados.

Jessie Presley, o avô, gostava de beber e sempre se metia em brigas de bar

Bob Smith gostava muito de sua filha Gladys, a mãe de Elvis Presley, que era muito parecida com ele. Embora no fim da vida Gladys tenha mergulhado em profunda depressão, sua personalidade era muito forte e ela tinha um excelente astral, sempre rindo e brincando o tempo todo. Quando Gladys tinha 19 anos, a saúde de seu pai, já cego, começou a piorar e a família decidiu mudar sua estratégia de sobrevivência, deixando de ser trabalhadores migrantes e estabelecendo-se em Tupelo, para aproveitar o desenvolvimento industrial da região. Na década de 30, Tupelo havia se transformado em cidade-modelo do "New Deal", a política desenvolvimentista criada pelo Presidente Roosevelt.

Os Smiths mudaram-se para uma casa em East Tupelo e as moças solteiras arrumaram emprego. Gladys foi trabalhar numa fábrica de roupas, costurando 12 horas por dia, seis vezes por semana, para ganhar um salário de 120 dólares mensais. East Tupelo estava cheio de Pressleys: 26 crianças do grupo escolar tinham este nome. O primeiro a chegar foi Jessie Pressley, o avô de Elvis, junto com os irmãos Noah e Calhoun. Em 1913, aos 17 anos, Jesse casou com Minnie Mae Hood. Tiveram dois filhos (Vernon e Vester) e três filhas (Delat Mae, Gladys Earlene e Nashville Lorene). E Minnie Mae começou a odiar o seu jovem marido. Calhoun Pressley, certa ocasião, ofereceu uma boa descrição de seu irmão mais velho:

- "Jessie vivia mudando de emprego. Era um homem honesto, mas gostava de beber e sempre se metia em brigas de bar, indo parar na cadeia. Ele era magro, tinha quase 1,90 m de altura e gostava de se vestir muito bem. Elvis herdou sua aparência física do avô Jessie" - O depoimento de Calhoun Pressley revela ainda que Jessie passava meses desempregado e que sua família geralmente ficava sem Ter o que comer, porque ele gastava todo o dinheiro necessário a subsistência em roupas e bebedeiras. Minnie Mae, como vimos, tinha bons motivos para detestar o marido irresponsável. Contudo, continuou com ele até 1947.

Não é difícil imaginar o efeito que tudo isso teve sobre os filhos do casal. Vester e Vernon virtualmente não tiveram educação alguma. Aos 48 anos, Vernon mal sabia assinar o nome. A morena Gladys era muito bonita nos seus 20 anos, quando conheceu o loiro e jovem Vernon, de 16 anos. Eram dois pólos opostos e talvez por isso tenham se apaixonado. Gladys era madura e trabalhadora, Vernon imaturo e negligente. Gladys era extrovertida, Vernon estava sempre sorumbático. Mais importante, Gladys possuía alguma inteligência e imaginação, enquanto Vernon estava predestinado a passar o resto da vida tentando tornar-se um homem.

Elvis Presley nasceu em uma casinha de madeira

O casamento foi em Pontotoc, a 220 milhas de Tupelo, no dia 17 de junho de 1933. Embaraçados pela diferença de idade entre eles, trataram de mentir na licença de casamento: Gladys afirmou que tinha 19 anos, quando na realidade tinha 21; Vernon acrescentou cinco anos à sua idade afirmando que tinha 22anos. Recém-casados, foram morar com Jessie Pressley. Quando Gladys engravidou, em meados de 1934, Vernon arrumou 180 dólares emprestado e, com a ajuda do pai e do irmão construiu uma casinha de madeira de dois cômodos num lote que pertencia a Jessie, localizado ao lado da casa deste na estrada de North Saltillo. Foi nessa modesta casa que Elvis nasceu.

Esta casinha (foto acima), que atrai centenas de milhares de fãs, está hoje totalmente diferente do que era quando Elvis veio ao mundo. As senhoras que ficaram com a propriedade devem Ter se horrorizados com sua aparência original e foram logo providenciando uma decoração mais adequado com o mito Elvis Presley. As tábuas cinzentas foram pintadas de branco, cortinas e papel de parede foram aplicados em seu interior, e objetos que os Presleys nunca tiveram dinheiro para comprar foram adicionados ao mobiliário: uma máquina de costura, uma cadeirinha de bebê e aparelhos elétricos como rádio e ventilador. Para completar, o chão batido em frente da casa foi transformado num belo gramado. Depois de todo este trabalho fútil, as caridosas senhoras haviam substituído toda a realidade histórica pela fantasia, num gesto que tem sido muito freqüente no mito Elvis Presley.

Gladys estava tão convencida de que iria Ter gêmeos homens, que ela e o marido escolheram até os nomes: Jessie Garon, em homenagem ao pai de Vernon, e Elvis Aron em homenagem ao próprio Vernon, cujo nome do meio também era Elvis.
A supersticiosa Gladys estava certa. Na fria noite de 7 para 8 de janeiro de 1935, o médico William Robert Hunt foi atendê-la em sua casa e, às 4 horas da manhã, a sra. Presley deu à luz um filho nati-morto. Mas, às 4:35, veio outro, que sobreviveu. No registro de nascimento o doutor escreveu "Elvis Aaron". Como a pequena família não tinha os 15 dólares para pagar o atendimento médico, o Dr. Hunt mandou a conta para a assistência social. Assim nasceu o Rei do Rock'n'Roll.

Personalidade dividida desde a adolescência

Gladys chorou imensamente o gêmeo morto, que foi velado num pequeno caixão na sala da casa e enterrado numa cova sem identificação no cemitério Princeville. Não era apenas o golpe pela perda de Jessie Garon – o médico disse também a Gladys que ela jamais poderia Ter outros filhos. Gladys transformou Jessie Garon numa presença viva em sua casa. Uma das primeiras coisas que Elvis aprendeu com a mãe foi que ele tinha um irmão gêmeo que era um anjo no céu, e com quem poderia se comunicar através de orações. Com a idade de 4 anos, Elvis começou a ouvir a voz do irmão morto.

Esse irmão fantasma é uma das características mais importantes de sua vida, pois desde a adolescência Elvis começou a exibir uma personalidade dividida, dois sistemas de fantasias opostos que iriam surgir sempre em sua vida subsequente: o Bem e o Mal Quando criança, Elvis queria ser um santo. Aos 9 anos ele foi batizado pela Igreja Pentecostal e essa cerimônia despertou-lhe tão fortemente o espírito cristão que ele pegou tudo o que tinha – um punhado de gibis – e deu para as crianças da vizinhança. Dois anos depois do nascimento do filho, Gladys foi testemunha da morte da mãe, por Tuberculosa. Pobre Gladys! Primeiro foi seu pai, depois Jessie Garon e agora sua mãe. Mas outra desgraça ainda estava por vir, seu jovem marido, que sustentava a pequena família foi levado para a prisão.

Gladys, a mãe superprotetora

Vernon e seu cunhado Travis Smith foram acusados de falsificar um cheque de pagamento. A quantia era irrisória (algo assim como de 18 para 28 dólares) mas a sentença foi severa. Julgado em 25 de maio de 1941, Vernon pegou três anos na penitenciaria Estadual
Desolada, Gladys foi trabalhar como costureira e lavadeira para sustentar o filho, até Vernon sair da cadeia em janeiro de 1941. A prolongada ausência paterna afetou muito o desenvolvimento do jovem Elvis, que virou um clássico "filhinho da mamãe", que não desgrudava da saia de Gladys nem por um minuto. Cheia de zelo, Gladys acompanhava Elvis à escola (ida e volta) proibia-o de nadar ou qualquer outra brincadeira perigosa e atacava toda criança que brigava com o filho, que aliás dormiu na cama da mãe até a puberdade.

Mãe e filho, de fato, se amavam muitíssimo. Elvis tratava Gladys pelo carinhoso apelido de "Satnin" e ambos conversavam uma "Linguagem de Bebês" que só eles entendiam. Sempre na companhia da mãe Elvis lhe confessava todos os seus sentimentos mais profundos e os pensamentos mais íntimos. Tão dependente se tornou, que era para ela que ele corria quando precisava de conselhos ou decisões. Havia somente uma pessoa capaz de entendê-lo e guiá-lo no mundo e essa pessoa era a sua mãe. Quando Gladys morreu, Elvis se fechou como uma ostra.

Gladys mimava demais o filho querido. Embora os Presleys fossem desesperadamente pobres, sempre havia dinheiro para lhe comprar presentes caros, como um triciclo ou um violão. Em sua infância Elvis era um pequeno príncipe. Também pudera – Gladys não tinha mais ninguém a devotar o seu amor. Seus pais estavam mortos e Vernon havia se revelado um "crianção" Irresponsável, que na ocasião mais crítica de seu casamento acabou sendo preso por causa de um erro tolo e infantil, jogando nos ombros da esposa toda a responsabilidade pela educação do filho

Família Humilde

A primeira vez que Elvis subiu em um palco para cantar foi no dia da criança, quando tinha 11 anos, num concurso da feira anual de Tupelo. A canção escolhida foi "Old Sheep", um sucesso de Red Foley, uma balada sentimental sobre um cachorrinho de estimação que morreu. Elvis tirou 2o lugar.

Em 1946, Os Presleys mudaram-se de East Tupelo para Tupelo e Vernon se empregou como motorista de caminhão, ganhando 100 dólares por mês. Nos três anos que viveu nesta cidade Elvis fez amizade com James Ausborn, seu colega de classe na escola Milhan Junior High e irmão mais novo de Mississipi Slim, um cantor country da região. Dos 12 aos 13 anos, na companhia de James, Elvis passou a freqüentar a estação local de rádio, onde todo Sábado pela manhã Mississipi Slim apresentava seu programa em frente a um pequeno auditório.

Em setembro de 1948, os Presleys juntaram suas coisas, colocaram tudo num velho Plymouth 37 todo estropiado e foram para Memphis, a capital do Tennesse. Mais tarde, Elvis contaria que sua família estava completamente na miséria e que Vernon esperava conseguir emprego na grande cidade. Esta súbita mudança de Estado, entretanto, foi conseqüência de outra infelicidade ocorrida com os Presleys. A polícia de Tupelo declarou aos compiladores do livro "All About Elvis", que Vernon Presley fora apanhado vendendo uísque fabricado ilegalmente e havia sido expulso da cidade.

Assim, numa manhã ensolarada Elvis, Gladys, Vernon rumaram em direção a Memphis, na esperança de uma vida melhor.

Elvis, Documento Histórico.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Elvis Presley - Elvis e o Karatê

Ao seu modo, Elvis Aaron Presley dedicou-se ao KARATE como apenas o fez à sua carreira. Durante muito tempo, aventei que, não fora o mito e todas as benesses e doações concedidas às associações e instituições afins, talvez não tivesse chegado aonde chegou; logrado tamanho êxito. Ou lhe tivessem retirado o DAN maior com o tempo, em função dos rumos tomados por seu próprio viver. Jamais saberemos ao certo.

A prática das ARTES MARCIAIS exige disciplina, alimentação adequada, respiração trabalhada, isenção dos impulsos egóicos do ser, treinamento diário, dedicação máxima, aprimoramento continuado de sentimentos e valores existenciais, abstinências; abandono de hábitos, vícios e químicas. Isso, em nível de mestre e monge; o patamar que lhe imputaram, supremo e professoral.

Elvis esteve muito longe de tudo isso. Mas aplicou-se. Se formos avaliar empenho, ao invés de resultados, como preconizava a cultura grega - e oriental - na Antiguidade, é merecedor de todas as glórias e homenagens.

Não podemos ser anacrônicos, olhar para ontem com os olhos de hoje. O KARATE exportado em sua época era lacônico em filosofia, estilo SHOTO-KAN, pouco enfático em ética e transcendência; muito histriônico e espetacular; e voltado para o embate, show e catarse. Mormente o KARATE presente no sul dos Estados Unidos, em meados dos anos 60, estava longe de ser um princípio e filosofia de vida como hoje se preconiza; aliás, muito por influência do ZEN BUDISMO.

Ao meu ver, Elvis, se falhou em quase todos os aspectos também como karateca, aprendeu, de maneira irrefutável, o imprescindível: que a prática deve ser centrada em busca de aprimoramento pessoal e utilizada, exclusivamente, para defesa pessoal; devendo ser disseminada, propagada e cultuada por esta vertente. Sob esse aspecto, essencial, Elvis foi um campeão.

Consideremos alguns dados biográficos. O primeiro contato de Elvis com ARTES MARCIAIS se deu em Fort Hood, no Texas, quando em escala para Alemanha, onde serviria o exército, ainda em 1958. Assistiu torneios de JUDÔ e JIU-JITSU e ficou impressionado. Iniciaria seu treinamento ainda em 1958, na Alemanha, com o Professor JUERGEN SEYDAL, expert em exatamente em SHOTO-KAN. Em Paris, 1959, em sua breve passagem pelo território francês, treinou com instrutores vietnamitas.

Orientado por HANK SLEMANSKY, um artista em SHITO-RYU - uma modalidade já mais "espiritualizada" do que o SHOTO-KAN -, dedicou- se à prática na Alemanha como jamais voltaria a fazê-lo; forma de sublimar, através da arte (marcial), a dor de dois lutos: o do falecimento, então recente, de sua mãe; e o do afastamento circunstancial de sua carreira e de sua condição de ASTRO-REI.

Ao retornar aos EUA, conquistou sua FAIXA PRETA com DAN INOSANTO, em 1960. Apesar do esmero e excelência apresentados, houve controvérsias por parte dos que julgaram aproximadamente 20 meses de treinamentos como insuficientes para tamanha concessão e honraria.

Na capa de seu LP HIS HAND IN MINE, gospel, lançado em 1961 e, posteriormente, agraciado com o GRAMMY; Elvis, ao piano, porta um broche; insígnia da qualificação alçada. HANK SLEMANSKY morreria no Vietnam e Elvis, pessoalmente, passaria a treinador de toda sua equipe, orientado por ED PARKER – que o introduziria ao KENPO, uma terceira modalidade, ainda mais refinada.

Ed Parker viria a escrever um livro medíocre nos anos 70; ufanista e, desnecessariamente, bajulador. O leitor, se fã ingênuo, toma Elvis por um super-herói. Se sensato, questionará seus méritos, realmente amplificados. Fazer justiça é uma coisa. Bajular é outra; desmerecer, ainda que às avessas.

Em 1970, Elvis interessou-se por TAEKWONDO e passou a treinar com KANG RHEE. Com Priscilla Beaulieu Presley, conheceu Mike Stone, por intermédio de Ed Parker, em um torneio no Havaí. Cilla ficaria interessadíssima pelo KARATE a partir de então e iniciaria lições particulares com o campeão; por sugestão do próprio Elvis.

O fim de seu casamento em 1972 - e as vicissitudes decorrentes do desenlace - o faria abandonar quase que totalmente os treinamentos em 1973. Porém, a antológica e surreal invasão de seu palco, em Vegas, pelos espectadores sul-americanos alcoolizados, o levaria a motivar-se novamente. Elvis e Red West demonstraram o que aprenderam em anos de treinamento, anulando os agressores déspotas, sem, entretanto, massacrá-los. Demonstração de ética e autocontrole; ainda que a imprensa, o público e, posteriormente, a literatura, discorram sobre a fúria quase indomável de Elvis.

Pouco depois, na qualidade de contratado exclusivo do HILTON HOTEL, Elvis quase se viu em problemas judiciais, ao comparecer a um campeonato de KARATE nos arredores de Los Angeles; onde seu nome fora, inadvertidamente, colocado em destaque; próximo de uma nova estréia, em Lãs Vegas. Problemas contratuais.

Elvis passaria a vida quebrando telhas, ladrilhos e toras. E estourando os dedos e as articulações, tratadas às escondidas – e, mais tarde, com muita Acupuntura. Constata-se que sua tendência à autoflagelação, posteriormente acentuada e consentida, já se manifestava então; ainda que sob o disfarce de treinamento obstinado - onde, aliás, qualquer dor era dissimulada. Quando a platéia de fãs privilegiados e de amigos menos íntimos partia, urrava! – conta-se.

Dentre as circunstâncias mais preocupantes aos empresários, diretores e produtores, por exemplo, filmou G. I. BLUES sob o efeito de fortes analgésicos e antiinflamatórios e com as mãos, totalmente edemaciadas, maquiadas. Em FLAMING STAR, rompeu um tendão do braço de Red West, seu principal companheiro de treinamento.

O KARATE lhe marcaria a vida e a carreira e sua estética estaria também em filmes como WILD IN THE COUNTRY, BLUE HAWAII, FOLLOW THAT DREAM, KID GALAHAD, ROUSTABOUT, HARUM SCARUM, DOUBLE TROUBLE e outros. KATAS estilizados estiveram presentes em seu especial de televisão de 1968 e seriam freqüentes em espetáculos ao vivo, a partir de 1969.

Durante os anos 60, Elvis conquistou o segundo, terceiro e quarto DAN (gradação), como Mestre. Em 1971 viria o quinto; em 1973, o sexto e sétimo e, em 1974, o oitavo DAN, dado por Ed Parker, como homenagem e estímulo. Ed, apontado como oportunista por alguns autores, não tinha qualquer parentesco com Tom Andrew Parker. Ou melhor, Andreas Cornelis van Kuijk.

Em 1974, Elvis viu fracassar sua idéia de realizar um semidocumentário independente intitulado TIGER. Seu personagem, Billy Eastern, seria um agente do FBI; ironicamente, adversário do submundo do narcotráfico internacional.

Os últimos anos de Elvis foram muito difíceis; particularmente, os dezoito meses que precederam sua morte, em 16 de agosto de 1977. Ainda assim, daria continuidade aos estudos teóricos sobre os meandros do TAEKWONDO, até 1976.

Segundo BILL WALLACE, expoente mundial dos mais expressivos nas ARTES MARCIAIS, "Elvis foi um dos primeiros mestres não asiáticos em seu país e um dos mais versáteis até hoje, abraçando o KARATE em suas múltiplas vertentes; não raramente, bastante distintas. Portanto, um notável e eclético embaixador nos EUA, onde a prática começaria a ser popularizada apenas em meados dos anos 70".

Quando ELVIS: THAT'S THE WAY IT IS (ELVIS É ASSIM) estreou no Rio de Janeiro, no final de 1971, escreveu o crítico José Carlos Monteiro, em O GLOBO: "É bom e surpreendente rever Elvis em tão boa forma. Quem não gostar do ídolo, entretanto, se deliciará com o show de Karate e contorcionismo apresentado!".

Artigo escrito por Nilson Calasans, fã desde 1966, fundador do GRUPO-INFORMATIVO THE PELVIS (1973- 1979) e membro da GANG´ ELVIS (1973 – 2003).


Elvis Presley - Os Tesouros Perdidos de Elvis

 Elvis Presley gravou mais de 600 músicas. Muitas são clássicos absolutos da música universal como "Hound Dog", "Can´t Help Falling in Love" e "Suspicious Minds". Outras são menos conhecidas, mas que fizeram sucesso como por exemplo "Don´t Cry Daddy", "Too Much" e "Hurt". Outras apesar de muito boas são desconhecidas do grande público. Vou tentar colocar todas as minhas favoritas nessa categoria. Esta é uma pequena busca pela colcha de retalhos que é a discografia de Elvis, onde vou comentar verdadeiras preciosidades, pelo menos na minha opinião, que não receberam a devida atenção na sua época de lançamento.

Anyway You Want Me (Schroeder / Owens) - Em 1993 o Guns'n'Roses regravou uma belíssima balada da década de 50 chamada "Since I Don't Have You". O resultado ficou excelente. Se tivessem escolhido essa pérola de Elvis o resultado também seria um sucesso. Essa fantástica balada possui os elementos que fazem de uma música um sucesso: letras simples, porém bonitas, uma melodia agradável aos ouvidos e um solo de introdução marcante. Gravado na mesma sessão que produziu os clássicos "Hound Dog" e "Don't Be Cruel", essa música foi o lado B de "Love me Tender" e por isso totalmente ofuscada. Quando algum artista a descobrir e fizer uma regravação terá seu lugar de sucesso nas paradas!!

Ain't That Loving Baby (Fast Version) (Hunter / Otis) - As sessões de junho de 58 produziram fantásticas músicas como "A bing Hunk O'Love", "A Fool Such As I", "I Got Stung", "I Need Your Love Tonight" que alcançaram o top 10. A outra música dessa sessão - Ain´t That Loving You Baby - só foi lançada em single em 1964 e alcançou 16º lugar nas paradas sendo um top 20 hit. A versão lançada foi uma mais lenta e muito boa também, mas a versão rápida dá de dez!! Começa com uma batera ritmada de DJ Fontana e tem uns solos do Hank Garland simplesmente fantásticos!! Por que essa versão não foi lançada e por que a versão oficial só foi aparecer em 64, 6 anos depois de sua gravação?? Burradas da RCA presumo. Pra variar. Alegre e dançante essa versão pode ser encontrada no vinil "Reconsider Baby" (a melhor versão com três solos), "Essential Elvis vol.3" e no disco 5 da caixa "The King of Rock'n'Roll". Essa versão só foi lançada depois da morte de Elvis!!! Gente só escutando para conferir: essa música é muito boa!! Se estiver triste é só colocá-la. Remix em Potencial!!

Suspicion (Pomus / Schuman) - Os escritores Doc Pomus e Mort Shuman foram uma espécie de Leiber e Stoller da década de 60. Sério mesmo, os caras escreveram alguns dos grandes clássicos de Elvis, incluindo sucessos imortais como "Little Sister", "His Latest Flame", "Viva Las Vegas", "Kiss me Quick", "A Mess of Blues", "Surrender", entre outras. É verdade que escorregaram com besteiras como "Double Trouble" e "Never Say Yes", mas a gente perdoa. A música acima citada, também escrita por eles foi lançada como lado B junto com "Kiss me Quick". Essa música é uma espécie de "Suspicious Minds" ao contrário, pois aqui quem tem problemas com ciúme é o cara e não a mulher. Letra bem legal, fácil de se identificar e puxada por uma introdução ritmada, com a voz de Elvis perfeita em 1962, essa música foi esquecida por culpa de.... má promoção! Que novidade! Os motivos foram os seguintes:
a) Fez parte de um álbum que o foi o último de estúdio de Elvis até 1967, e que foi abafado na época pelo sucesso das trilhas. O álbum foi "Pot Luck", que é bem interessante. A falta de promoção desse álbum foi tão grande que nenhum, repito, nenhum single foi lançado na época em que ele apareceu.
b) O single que promoveu esse álbum foi lançado em... 1964, dois anos depois de sua liberação no mercado. Vai entender a RCA!
c) Além de ter sido lançado com dois anos de atraso, chegou ao mercado no período em que havia muitos singles de Elvis, um atrás do outro. Se você não prolonga a exposição de uma música ela vai ser esquecida. O problema de Elvis nessa época era esse, seus produtos eram rapidamente substituídos por outros, sem ter chance de causar impacto.
d) Caiu no lado B, o que já não é muito bom, principalmente em um single em que nem o lado A é promovido.
e) Apareceu no auge da beatlemania.
Resultado, "Kiss Me Quick" alcançou apenas 34º lugar e "Suspicion" nem entrou no hot 100.

C´Mon Everybody (Joy Byers) - Como é que essa música não foi top 10?! Parte do filme "Viva Las Vegas", esse rock acelerado possui uma excelente seqüência de dança no filme com toda a Pelvis que você tiver direito. A letra é boba, mas nesse caso não atrapalha, pois o objetivo dessa música é levantar seu espirito e não mudar o mundo! Com um novo arranjo ia ficar uma beleza!

It Hurts Me (Byers / Daniels) - Sabe aquela música que só não fez sucesso pois foi lançada na época errada? Pois esse é o caso dessa belíssima balada que foi gravada em 64, na última sessão sem ser de trilhas até maio de 66 e lançada no auge da Beatlemania e para completar renegada ao lado B de um single. Alcançou apenas 29º lugar nas paradas. Uma pena, pois Elvis a canta com convicção e possui ótima letra. A versão do especial de 68 é igualmente boa. O segredo dessa música é que ela consegue ser bonita sem ser piegas.

Am I Ready? (S. Tepper / R.C. Bennet) - Essa música faz parte da trilha sonora de "Spinout", que não é tão boa, mas passa longe de ser das piores trilhas de seus filmes. Apesar de conter uma das maiores atrocidades musicais gravadas por Elvis (Beach Shack), contém boas músicas como "Am I Ready? Sem exagero nenhum, essa música é tão bonita quanto "Can't Help Falling In Love"!!! Belíssima melodia e uma letra simples mais que se encaixa com o ritmo. Além disso, a voz de Elvis estava macia no mínimo, o que no caso dessa música é o ideal. Talvez não tenha feito sucesso por ter feito parte do filme que menos rendeu na carreira de Elvis e pouca gente a notou. Também não foi lançada como single, apesar de ser superior a "Spinout / All That I Am". Vocais absurdamente perfeitos, boa instrumentação e melodia nota 10!!

You Gotta Stop (Giant / Baum / Kaye) - Por incrível que pareça, as trilhas de 66 tem uma qualidade melhor do que os horrorosos "Paradise Hawaiian Style" e "Harum Scarum", definitivamente uma prova de que Elvis estava dormindo em 65. "Double trouble" é bem razoável e "Spinout" é até interessante (tirando a horrenda Beach Shack!!). O mesmo não pode se dizer de "Easy Come Easy Go", que está em 5º lugar nas piores bilheterias de Elvis. E pessoalmente eu achei o filme horrível. A trilha é péssima, com exceção de "I´ll Take Love" e a mencionada acima. Essa trilha contém a extremamente desprezível "Yoga is as Yoga Does", uma das piores músicas que já escutei. Mas como esse é um caso de altos e baixos, temos o prazer de escutar essa excelente música completamente desconhecida até entre os fãs, talvez por ser dificílima de se conseguir. Com uma letra fugindo da temática "garoto apaixonado pela garota", falando de um cara que quer terminar um relacionamento, essa música tem um excelente ritmo e é extremamente contagiante, com uma introdução que usa os mesmos acordes do clássico de Dion "Runaroun Sue". Como já disse, se quisessem fazer um remix dela ficaria perfeito. Nada dance, mas um arranjo mais rock. Se o Offspring descobrisse essa música... Tenho certeza que iam fazer maravilhas, transformando-a num punk rock, pois ela tem ritmo para isso. Nota dez para talvez a mais desconhecida canção dessa lista de preciosidades!!!

Let Yourself Go (Joy Byers) - Gravada em 1967, se um remix fosse feito preferiria a versão de 68 onde os vocais de Elvis estão de matar. Sua voz estava rouca como na década de 50 só que mais grossa e madura. Parte da trilha de "Speedway" essa música alcançou apenas 72º lugar nas paradas e foi lado B, não recebendo maior atenção. Com uma letra maliciosa e ritmo que ficaria perfeito na voz de Britney Spears, essa música nas pesquisas entre os fãs é quase unânime como preferida para um remix. Muita gente já notou seu potencial, falta só o EPE e a BMG. Como vocês vêem Elvis não é só "Hound Dog" e "Tutti Frutti" e é o único cantor que conheço que quase trinta anos depois de sua morte possui pelo menos uma dezena de músicas, lançadas mas desconhecidas, com, talvez, o mesmo potencial de clássicos como os acima citados. "A Little Less Conversation" que o diga...

Clean Up Your Home Backyard (Billy Strange / Mac Davis) - Com o especial de 68 no gatilho Elvis foi filmar "The Trouble With Girls" em outubro de 68, seu último filme pela MGM. O filme é bem diferente dos anteriores com Elvis em um papel no mínimo inusitado. Não acho o filme tão bom assim, mas está longe de ser o seu pior. Contém cinco músicas, a curta "Violet", um dueto na engraçada "Signs of the Zodiac", uma regravação de um gospel de 1960, "Swing Down Sweet Chariot", que acho que ficou bem melhor nessa versão de 68, a belíssima balada "Almost" e uma das músicas mais intrigantes da carreira de Elvis: Clean Up Your Home Backyard. Com uma das melhores letras que eu já ouvi, essa música pinta um retrato sarcástico da sociedade hipócrita de uma típica cidadezinha dos EUA: fala do falso religioso que prega e se mete na vida de todo mundo, mas que na verdade em vez de ir para a missa fica se embriagando em casa, o cara que critica todo mundo, mas que trai a esposa com a funcionária de sua loja etc. No final conclui: "Quando você chega no fundo da questão, não é uma pena que nessa pequena cidade ninguém consegue admitir que possa estar um pouco errado?" Não chega a ser uma música com conotação social como "If I Can Dream" ou "In The Guetto", mas é na mesma linha, só que nela o tópico é abordado de forma irônica. Possui ainda uma instrumentação meio blues / funk bastante interessante. Foi lançado como single e foi relativamente bem, alcançando 35º lugar.

The Power of My Love (Giant / Baum / Kaye) - Acreditem, os mesmos autores desse fantástico blues rock são os mesmos de... "Beach Shack"!!! Giant, Baum e Kaye escreveram algumas das piores músicas para Elvis e outras muito boas como essa e pasmem, "Devil In Disguise"!!! Vai gostar de extremos em outro canto!!! Gravada nas lendárias sessões de 69 de Memphis que produziu clássicos como "Suspicious Minds" e "In The Guetto", essa música mereceu um lançamento em single que nunca aconteceu. Tem balanço, boa letra, e a instrumentação - incluindo uma gaita assassina - está fantástica com a voz de Elvis bem grossa detonando no vocal. Uma obra prima ainda a ser descoberta!!

Only The Strong Survive (Gamble / Huff / Buttler) - Me apaixonei por essa música desde a primeira vez que a ouvi. Mas ela ganhou um significado todo especial quando acabei meu primeiro namoro. Esse musicão definitivamente foi uma das melhores músicas gravadas nas fabulosas sessões de gravação em Memphis em 69 e deu bastante trabalho para Elvis, que a completou somente após 29 takes! Aqui nota-se a dedicação dele em fazer um bom trabalho por essa época de sua carreira. Essa música que tem como letra a história de um garotinho que acabou o namoro e recebe alguns conselhos da mãe que diz que não adianta ficar triste com o fim do relacionamento, pois existem muitas outras garotas por aí que podem se interessar por você e que ele não as conheceria se não se desse a chance, e conclui numa frase simples uma coisa que todos nós sabemos: só os fortes sobrevivem. Ela começa com Elvis falando ao som de uma instrumentação: "Eu me lembro de meu primeiro caso de amor. Por algum motivo a coisa toda não deu certo. Minha mãe tinha alguns ótimos conselhos pra me dar. Por isso eu pensei em botá-los na letra dessa canção. Eu ainda consigo escutá-la dizendo...." Depois começa Elvis cantando, reproduzindo a fala da mãe. Belíssima música! Merecia um lançamento em single, que nunca ocorreu. Erro da RCA? Talvez. Foi lançada em um dos melhores álbuns de Elvis: From Elvis In Memphis, que continha clássicos como In the Guetto e pérolas como essa e Power of My Love.

Patch it Up (Eddie Rabbit / Rory Rourke) - Favorita entre muitos fãs para um remix, esse rock de primeira foi gravado nas espetaculares sessões de 70 e foi lado B de "You Don´t Have to Say You Love Me", que por sinal foi muito bem nas paradas e vendas, e na minha opinião é o melhor single de Elvis na década de 70. O sucesso do lado A desse single apagou qualquer chance que esse musicão tinha de virar hit. Saiu em uma versão ao vivo, muito boa e dinâmica por sinal no álbum "That's The Way It Is". Também aparece no filme de mesmo nome numa performace eletrizante de Elvis, com sacudidas e movimentos de caratê a vontade. Só vendo pra saber! Um remix ao estilo guns por exemplo, com guitarra e bateria ao máximo ficaria perfeito. Mandaria esses rappers de atualmente pro espaço!!! Novamente fica o recado: BMG e EPE fiquem de olho, vocês tem uma mina de ouro nas mãos e não sabem!!!

Cindy, Cindy (Kaye / Weisman / Fuller) - Esse rock gravado nas sessões de junho de 70 foi parar no álbum "Love Letters From Elvis"(!?) e não foi lançada em single! Uma pena, pois é um típico rock de Elvis da década de 70 com um solo de arrebentar de James Burton (tem uma versão do "Essential Elvis vol.4" que tem dois solos), a banda detonando e o segredo de todo bom rock: ritmo bom, acelerado e um vocal poderoso do vocalista. Aqui Elvis dá um show. Sua voz ainda estava com a aspereza (no bom sentido) dos anos de 68 e 69. Curiosidade: essa é uma das poucas músicas que fica melhor com os overdubs, ou seja a orquestra e instrumentos adicionais.

The Sound of Your Cry (Giant / Baum / Kaye)- As sessões de 70 produziram belíssimas baladas como "Sylvia", "How The Web Was Woven", "Bridge Over Troubled Water" e "You Don't Have To Say You Love Me" entre outras. Essa balada não fica devendo a nenhuma das acima citadas. Mas com uma belezura dessa nas mãos advinha o que a RCA fez? A lançou no lado B de "Ot's Only Love" em 71 e... só!!! Ela não apareceu em nenhum álbum de Elvis na década de 70 e virou o mais raro "Lost Single" de toda sua carreira. A RCA não interpretou dessa forma pois na parte do "Silver Box" que se denomina "Lost Single" e tem como proposta resgatar alguns singles que ficaram difíceis de se encontrar, como "Rags To Riches" e "I'm Leaving", a gravadora simplesmente não lançou essa preciosidade que sem dúvida rivaliza com "Always On My Mind". Não tenho palavras para dizer como essa música é linda!!! Mas aconselho as versões sem os violinos (essa versão do violino não ficou ruim, só menos legal que as outras, apesar de ser a oficial), que está presente no "Platinum Box Set" e no CD da FTD "Nashville Marathon". Se você quiser entender porque Elvis é o maior vocalista de todos os tempos pegue essa música, feche a luz do quarto, ligue o som e deixe essa verdadeira pérola lhe levar para onde só as boas músicas conseguem: qualquer lugar que a sua imaginação queira!! Ah e escutá-la acompanhado é bem melhor. Só uma dica...

We Can Make The Morning (Jay Ramsey) - Lançada como lado B de "Until Is Time For You To Go", essa pérola é uma das melhores músicas que eu ouvi de Elvis. Mas como suas qualidades são muitas vamos por partes:
a) A letra dessa música é sensacional! Com um tom otimista e introspectivo essa música é uma discreta mensagem a todos aqueles que por um motivo ou outro se sentem perdidos e não estão bem consigo mesmo. Começa falando como o personagem da música se sente deslocado e com medo da própria vida e de ver seus problemas (I just thought I heard a small voice crying / Looked again and saw it was me / I feel like a little boy denying that he fears the night cause he can´t see) Como vocês percebem a beleza dessa letra é que ela não é tão direta e precisa-se de um pouco de atenção para entendê-la. Aí ela segue imediatamente com uma mensagem de força, dizendo que nada está perdido e que depende de você se ajudar para sair dessa (Bitter larger thoughts will stop your crying / Only scared to search cause you may find / Faith hold the candle for your footsteps / Time rolls back the shadows of your mind.) Aí vem o refrão clamando que é uma noite solitária mais nós faremos a manhã, se tentarmos. Usando essa linguagem figurada o autor diz que mesmo que as coisas estejam ruins, se tentarmos, podemos nos ajudar para que elas melhorem, principalmente se tivermos a ajuda de alguém. O segundo refrão segue a mesma linha. Com certeza, junto com "In The Guetto" e "If I Can Dream" é uma das melhores letras das músicas de Elvis.
b) A voz de Elvis está sensacional e aqui realmente os vocais do Imperial Quartet ajudam.
c) O ritmo impulsionado pela introdução de James Burton é excelente, não ficando atrás de nenhuma Rock Ballad atual. Um remix dessa música com umas guitarras rítmicas adicionais ficaria ótimo.

I'm Leaving (Jarret / Charles) - Sucessos recentes de músicas românticas como "My Immortal" do "Evanescence" provam que baladas nunca ficam fora de moda. Seria uma tacada certa um remix dessa pérola, bastante executada em shows de 73. Essa música de melodia bonita, introdução pegajosa (no bom sentido) e letra simples mas honesta junto com a voz de Elvis ecoando uma solidão e transmitindo uma idéia de vazio de arrepiar foi lançada em 71 como um single, que por algum motivo só chegou ao 36º lugar nas paradas. O desprezo da RCA foi tão grande que essa musica só foi lançada em 1980 em um álbum (Silver Box)!! Numa altura dessa (71) a política de marketing da gravadora era uma bagunça, fato que levou os produtores a esquecerem essa pequena obra prima que aguarda ansiosamente o dia em que alguém veja o potencial de sua beleza e melancolia.

T-R-O-U-B-L-E (Jerry Chesnut) - 35ª posição foi pouco para esse verdadeiro tesouro de 1975. Essa música possui ritmo contagiante e uma letra alegre e apesar de ter ouvido comentários diferentes, a voz de Elvis está soberba. O cara tinha 40 anos e seu talento para rock continuava intacto. Remix em Potencial!!! E essa música ainda tem a vantagem de ficar boa tanto em um ritmo dance quanto em uma nova roupagem rock! Talvez não tenha progredido tanto pois foi lançada sem muita promoção e em um disco que foi péssimo nas paradas (Elvis Today, 57ª posição). O disco é irregular, mas possui a bela "And I Love You So" e a excelente "I Can Help". Para quem gosta de country "Fairytale" é perfeita. Porém tem músicas como "Woman Without Love", que é simplesmente terrível. Mas, como disse T-R-O-U-B-L-E é fantástica e um verdadeiro tesouro escondido!!

For The Heart (Dennis Linde) - Essa música faz parte do álbum "From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee" de 1976. Como todos sabemos 1976 marcou o inicio da derrocada final de Elvis e este álbum reflete isso, apesar de em hipótese alguma ser ruim. Pelo contrário é um dos melhores da década de 70. Quando me refiro a derrocada quero dizer a emocional, pois este é um dos álbuns mais melancólicos que escutei. O que não necessariamente faz dele ruim, simplesmente triste!! Beirando o top 40, visto que atingiu a 41ª posição, este álbum foi bem recebido na época e foi bem melhor que "Elvis Today", ganhando disco de ouro. Elvis nessa época não queria gravar e suas doenças e preguiça obrigaram a RCA a trazer o material de gravação para sua casa. Apesar de conter várias baladas contém esse grande rock pop, que deveria ter sido lado A de um single. Escrita por Dennis Linde, o mesmo de "Burning Love" essa música é a mais alegrinha do disco e uma instrumentação bacana da banda com uma introduçãozinha bem legal. A voz grossa de Elvis também dá um toque especial. No meio da música tem uma frase que tenho certeza que Elvis se identificou na época: "I´m a Roll but I just can´t Rock......" Foi o lado B do único single do álbum que ainda continha Hurt. O single foi bem, chegando a 28º lugar nas paradas. Mas, apesar de "Hurt" ser ótima, For the Heart merecia ser lado A, era mais moderna, alegre e mais sucetível de alcançar uma vendagem maior. Mas a RCA não pensou assim e essa preciosidade ficou desconhecida do grande público.

Victor Alves.