quinta-feira, 16 de junho de 2005

Elvis Presley - Elvis e os Beatles - Parte 2

Depois de uma série de desencontros finalmente Elvis se encontrou com os Beatles. Corria o ano de 1965 e a carreira de Elvis vinha mal. Ele estava concentrado em cumprir uma série de contratos com estúdios de cinema, fazendo filmes em série, um atrás do outro. Obviamente que a fórmula iria se desgastar com os anos. E foi justamente esse momento ruim na carreira de Elvis que levou John Lennon a ir direto ao ponto ao perguntar a Presley porque ele não gravava mais rock ´n´ roll. Elvis foi pego de surpresa e se desculpou, dizendo justamente que havia uma série de contratos com Hollywood e que a falta de tempo o fazia se ausentar do cenário do rock mundial.

Tentando tranquilizar o Beatle, Elvis se saiu com essa: "Eu ainda vou gravar alguma coisa, quem sabe em breve!". Sem perder o pique, Lennon rebateu: "Ah, então esse disco eu vou comprar!". Esse diálogo de Elvis com John revelava muito do que os Beatles pensavam dele naquela época. Eles eram fãs desde os primeiros discos, quando ainda eram apenas adolescentes em Liverpool, só que agora não conseguiam mais gostar dos álbuns do cantor, justamente pela insistência em gravar o tal "material de Hollywood". De todos os Beatles o que mais gostava do velho Elvis, do roqueiro, era John Lennon. Por isso ele deu essa indireta, como que dizendo a Elvis que voltasse para o velho estilo musical que o havia consagrado nos anos 50.

Já Paul McCartney resolveu prestar atenção em coisas, digamos, periféricas. Ele ficou impressionado quando Elvis lhe mostrou um controle remoto de TV, onde ele conseguia mudar os canais da televisão sem precisar se levantar da poltrona. Na Inglaterra isso ainda não havia chegado no mercado e era como se Elvis lhe apresentasse algum tipo de tecnologia do outro mundo. Paul também se impressionou com o bronzeado de Elvis. Ele estava terminando de filmar mais um filme do Havaí, esse chamado "No Paraíso do Havaí" e estava super bronzeado, algo que pegou Paul de surpresa! "Nunca havia visto alguém com um bronze daquele! Na Inglaterra apagaram o sol! A gente estava bem pálido ao lado de Elvis" - relembraria Paul anos depois!

Já os demais Beatles ficaram meio de lado. Enquanto Elvis, Paul e John levavam um papo, George Harrison se isolou e parecia não ter ninguém para conversar. Sua atitude antissocial levou alguns presentes a antipatizarem com seu jeito calado, mas esse era de certo modo seu modo de agir. Não era à toa que ele era chamado pela imprensa de "O Beatle quieto". Ringo Starr se saiu melhor. Ele era considerado o mais simpático Beatle e por isso interagiu com todos, mas gostou particularmente mais do Coronel Parker pois esse também adorava jogos em geral. Com o empresário de Elvis, Ringo jogou bilhar, cartas e bebeu alguns drinks de whisky escocês, já que Ringo também era muito bom de copo.

Depois de algumas horas conversando com os Beatles o próprio Elvis resolveu colocar fim no histórico encontro. Ele se desculpou e disse que tinha que ir dormir pois tinha trabalho no dia seguinte, pela manhã. Os Beatles então se tocaram que era hora de ir embora. Com sua educação tipicamente sulista Elvis os acompanhou até o carro, se despediu e disse que em breve eles poderiam voltar a se encontrar pessoalmente. Curiosamente esse novo encontro jamais aconteceu. O único Beatle que voltou a ver Elvis novamente foi George Harrison muitos anos depois, quando conseguiu ser recebido por Elvis em seu camarim, durante um concerto em Nova Iorque. Os Beatles não existiam mais como grupo, porém Elvis foi cordial e educado com George, agradecendo por ele ter ido ao seu show.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e os Beatles - Parte 1

Elvis não ficou muito impressionado com os primeiros discos dos Beatles. Claro, havia boa música ali, mas nada excepcional em sua opinião pessoal. Ele comprou os primeiros LPs do selo Capitol porque tudo que fosse novidade o interessava. Elvis era um colecionador de discos e sempre que ouvia alguma música no rádio que o agradasse acabava comprando o disco. Ele gostou muito de "Yesterday", a canção romântica do disco "Help!". Anos depois ele a cantaria ao vivo em Las Vegas na sua temporada de retorno aos palcos no International Hotel.

Ao longo dos anos muitos jornalistas escreveram que Elvis estava com ciúmes do sucesso dos Beatles nos Estados Unidos. Isso nunca foi verdade. A própria Priscilla, que vivia ao seu lado, disse anos depois que Elvis sempre tinha muita generosidade com novos artistas. Sempre que eles faziam sucesso Elvis repetia a mesma frase: "Há espaço para todos na música!". Quando os Beatles chegaram em sua primeira turnê americana o impacto na mídia foi avassalador, a ponto inclusive de ter sido criada a expressão "Beatlemania". Foi inclusive os Beatles os primeiros a quebrarem o recorde de audiência de Elvis no Ed Sullivan Show.

O Coronel Parker prestou mais atenção no que estava acontecendo do que o próprio Elvis. Chegou inclusive a enviar presentes ao quarteto inglês no nome de Elvis sem que ele nem ao menos soubesse disso. Os Beatles também enviaram sinais de admiração através de entrevistas. John Lennon declarou a um jornal de Nova Iorque: "A única pessoa que que eu quero conhecer de verdade na América é Elvis Presley". Apesar das trocas de gentilezas os Beatles não se encontrariam com Elvis nessa primeira turnê. Brian Epstein, o empresário dos Beatles, telefonou ao Coronel dizendo que os Beatles queriam se encontrar pessoalmente com Elvis. Fazer amizade com o Coronel e Elvis era importante na visão de Epstein. Ele tinha remotas esperanças de um dia organizar a primeira turnê de Elvis na Inglaterra.

Foi então que Paul McCartney resolveu tomar a iniciativa de ligar para Elvis. Seu número pessoal havia sido dado pelo Coronel Parker a Brian em seu primeiro contato. Paul assim conseguiu falar com Elvis pela primeira vez. Foi uma conversa agradável, de apresentação. Eles falaram de música brevemente e Elvis disse a Paul que quando eles chegassem na Califórnia que entrassem em contato com Parker. Quem sabe eles poderiam se conhecer pessoalmente, seria uma boa ideia. Assim os primeiros contatos foram feitos, só que não seria dessa vez que o histórico encontro seria realizado. Só depois, quando os Beatles voltassem em uma nova turnê, é que eles finalmente se encontrariam face a face.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 15 de junho de 2005

Elvis Presley - Elvis e as Armas

Elvis Presley adorava armas de fogo! Quando era apenas um jovem adolescente ele pediu para sua mãe Gladys um revólver de presente em seu aniversário. Ela recusou e deu ao filho um violão. Com ele Elvis fez sua vida, mas nunca deixou o amor pelas armas de lado. Quando se tornou rico e famoso investiu pesado na compra de todos os tipos de armas, desde pequenos revólveres, até pistolas, rifles de grande calibre, passando até mesmo por potentes armamentos que ele adorava utilizar, fazendo de mira qualquer objeto que estivesse por perto.

Ele também era um ferrenho defensor do porte e posse de armas. Em determinado momento resumiu sua "filosofia" da seguinte forma: "Se todas as pessoas tivessem armas ninguém se meteria com ninguém. As pessoas ficariam protegidas e não haveria mais crimes". Embora fosse discreto em suas posições políticas, o fato é que Elvis tinha muita afinidade com o programa do partido republicano, o mais conservador, que lutava pelo direito de cada cidadão americano ter armas. Tudo garantido pela constituição americana. Para Elvis era um absurdo qualquer campanha que tolhesse esse direito.

Além de andar com no mínimo duas armas quando estava em turnês, Elvis mandou armar seus homens (seus seguranças) sempre quando colocava o pé na estrada para cumprir seus contratos. A morte da atriz Sharon Tate, de forma bárbara em sua casa em Los Angeles, aumentou ainda mais a paranoia de Elvis. Ele dizia que toda celebridade era um alvo em potencial de pessoas loucas. A profecia de Elvis iria se tornar realidade com John Lennon alguns anos depois, quando ele foi morto por um suposto "fã" em frente ao seu prédio em Nova Iorque.

Para seus seguranças Elvis deixava claro que qualquer ameaça deveria ser respondida com extrema violência. Depois ele, Elvis, garantiria qualquer proteção contra qualquer problema judicial que viesse a acontecer. "Matem o desgraçado! Não deixem ninguém vivo que possa dizer a frase "Eu matei Elvis Presley" - costumava repetir o cantor. Sua fixação com a polícia também aumentou com os anos. Elvis tinha um sonho de infância de se tornar patrulheiro rodoviário, algo que ele correria atrás mesmo após já ser uma lenda da música. Começou a colecionar distintivos policiais com orgulho e chegou a se nomeado pelo próprio presidente Nixon como agente federal do FBI. Foi a realização de seu sonho de criança.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis nos anos 1970

Elvis nos Anos 70
Os arranjos das músicas de Elvis nos anos 70, principalmente aqueles que ele utilizava em seus shows de palco em Las Vegas, foram produzidas por maestros e músicos que nunca tiveram tradição no estilo anterior de Elvis, dos anos 50 e 60. Era pessoal da tradição de Frank Sinatra e Tommy Dorsey. Eles colocaram todos aqueles naipes de metais, coisa que era inteiramente anacrônica na música de Elvis Presley até aquele momento. No final das contas eles não se adaptaram a Elvis, mas o contrário, Elvis é que se adaptou ao estilo deles. Os arranjos à La Sinatra conferem um sabor nostálgico e saudosista ao som de Elvis nos seus anos finais. Com poucas exceções não havia esse tipo de arranjo na música de Elvis até aquele ponto.

É importante também lembrar da influência da Motown de Berry Gordin na música de Elvis. Esse processo começou em 1969 nas sessões do American, mas se acelerou a partir nos anos 70. Além de apresentar músicas dessa conhecida gravadora negra americana, Elvis ainda acrescentou outra coisa inédita em seus discos: um acompanhamento feminino no melhor estilo Supremes. Estou me referindo ao grupo Sweet Inspirations, é claro. Não havia esse tipo de coisa na música de Elvis do passado, se me lembro e muito as únicas participações em coro feminino de Elvis nos anos anteriores se resumia a participações da Mila Kirkham e nada mais. Os grupos vocais no passado de Elvis eram todos ao estilo mais gospel, como os Jordanaires. Acrescentar Motown, símbolo da música negra americana dos anos 60 em seus próprios discos, é sem dúvida tomar uma atitude saudosista e nostálgica.

O Uso imoderado de grupos vocais gospel de apoio também é uma atitude de quem estava mesmo voltado para o passado e não para o futuro. É bom lembrar que de certa forma o gospel apreciado por Elvis era aquele dos anos 50, começo da década de 1960, coisa simples de se constatar ao tomar conhecimento dos conjuntos que estavam ao lado de Elvis em sua última década: JD Summer por exemplo e até o Voice, mesmo sendo um grupo novo, não deixavam nunca o velho repertório para trás. Usar músicas e canções gospel estilo anos 50 e 60 é uma atitude nostálgica e pouco atualizada. Em poucas palavras: nostalgia pura.

O mais evidente retorno para os standarts musicais. O uso excessivo de suas antigas músicas ou de canções clássicas do passado. As músicas de trabalho dos discos finais de Elvis quase todas eram antigas: Unchained Melody, Promised Land, Hurt, You´ve Lost That Lovin Feeling, My Way, são as músicas que ele se utilizava em seus shows para promover seus discos recentes. Mesmo que houvesse material inédito nos discos de estúdio a postura de Elvis ao apresentar essas músicas como as de trabalho, as que divulgavam seus discos perante seus fãs, afastava qualquer dúvida de como ele dirigia sua imagem nos anos 70. É um fato de certeza que ele se posicionara definitivamente como um ídolo fundado no passado. Na minha concepção não há dúvida que Elvis tinha uma imagem completamente voltada para a nostalgia de sua geração em seus derradeiros anos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de junho de 2005

Elvis Presley - Las Vegas 1969

Elvis Presley, Las Vegas, 1969
Em 1969 Elvis voltou a se apresentar ao vivo. Desde a primeira metade da década ele estava ausente dos palcos. O motivo? O Coronel Parker colocou na cabeça que os fãs só pagariam uma entrada de cinema para ver Elvis cantando se não houvesse nenhuma outra forma disso acontecer, ou seja, para fazer sucesso em Hollywood Elvis deveria cair fora do mercado de turnês e shows ao vivo! Assim Parker isolou seu artista, quase como se fosse uma figura inalcançável, o colocando em um pedestal negado a meros mortais. Depois do esgotamento da fórmula dos filmes o jeito foi mesmo retornar aos shows. Como bem analisou anos depois David Stanley: "Os filmes de Elvis não estavam mais com nada e era muito mais lucrativo e vantajoso investir em concertos ao vivo, já que a casa sempre estava cheia, com ingressos esgotados e era bem mais barato de produzir".

Assim Elvis colocou o pé na estrada novamente... ou quase isso. Uma nova banda foi contratada e os antigos músicos que tinham tocado ao seu lado por anos foram definitivamente dispensados. Praticamente não sobrou ninguém da velha turma. Scotty Moore, por exemplo, foi descartado após pedir um cachê melhor ao empresário de Elvis. O Coronel Parker também adorava Las Vegas pois era um jogador contumaz das mesas de cassinos da cidade. Assim não pensou duas vezes em unir o útil ao agradável. Fechou contrato com o recém construído International Hotel. Na hora de assinar o contrato escrito Parker dispensou qualquer tipo de documento, assinando em uma toalha de mesa do restaurante do hotel, mandando que ela fosse depois recolhida aos seus aposentos! Imagine, assinar algo tão importante assim de forma tão surreal e fora dos padrões! Coisas do velho Coronel...

A agenda era puxada, com Elvis se apresentando todas as noites. O fato de ter que trabalhar tanto não o aterrorizou, mas sim o incentivou a perder peso, pegar uma cor e se apresentar com o melhor visual possível em seu reencontro com os fãs. O show da estreia foi realmente espetacular, com Elvis muito animado e empolgado, cantando muito bem e com afinco. Por mais absurdo que isso possa parecer o fato é que a RCA Victor, gravadora de Elvis, cochilou e ao que se saiba não gravou o concerto de forma profissional (o que existem são gravações feitas da plateia, com fraca qualidade sonora, os chamados CDs Audience). Pois bem, Elvis estava com muita vontade de cantar novamente ao vivo, ele sempre afirmara que amava mesmo era o palco. A crítica elogiou bastante e todos ficaram bem animados com os resultados. Elvis tinha planos de sair logo em turnê, pelas cidades americanas e depois, quem sabe, fazer sua tão sonhada turnê internacional (recentemente Priscilla Presley declarou em uma entrevista a um jornal americano que em 1977 Elvis estava preparando os últimos acertos para fazer seus primeiros concertos na Inglaterra - algo que deixou muita gente surpresa).

Mas voltemos a 1969. Esse foi realmente um grande ano para Elvis tanto dentro dos estúdios como também em shows. A volta do contato com o público rejuvenesceu o cantor. Ele parecia muito feliz com tudo, porém a esposa Priscilla também notou uma certa mudança em seu modo de agir. Ao retornar ao pique da glória, após tantos anos em baixa, Elvis começou também a ter uma postura mais arrogante, cheio de si, segundo sua mulher. Isso acabaria dando origem a diversos problemas com o casal. Presley não parecia muito se importar com esse tipo de coisa e decretou que namoradas e esposas só poderiam ir a Las Vegas para os shows de abertura e encerramento das temporadas. Priscilla ficou de orelha em pé, desconfiada - e ela tinha razão. A volta aos palcos levou Elvis de volta para a idolatria de seus fãs. Em pouco tempo ele começaria também a afundar pra valer nos prazeres e decadências que só a chamada cidade do pecado poderia lhe oferecer.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Sessão de gravação: Charro

Em outubro de 1968 Elvis foi até os estúdios Samuel Goldwyn em Hollywood para a gravação de mais uma trilha sonora. É curioso, nessa mesma época Elvis vinha produzindo muito bem em outras sessões, principalmente no American Studios em Memphis, para outros futuros projetos, mas agora que tinha que parar tudo e voltar para gravar mais músicas para filmes, algo que não o deixava muito animado. Além disso tinha que suspender as maravilhosas sessões em Memphis, em seu lar, para viajar até a costa oeste gravar canções de bangue-bangue!

Era demais! Na verdade ele só estava ali para cumprir seu contrato. Se havia algo que Elvis se orgulhava era de sempre cumprir suas obrigações contratuais, sejam elas quais fossem. Quem produziu a sessão foi o arranjador e maestro Hugo Montenegro, especialista em temas desse tipo e que nunca havia antes trabalhado ao lado de Elvis. Como o filme era um faroeste a sessão tinha que registrar canções de filmes western, algo que deixava Elvis ainda mais preguiçoso e desanimado. Mesmo assim ele foi em frente. Essas duas primeiras noites de sessão não renderam nada de útil. Elvis estava com uma banda nova, a maioria dos músicos ele mal conhecia e isso talvez tenha deixado tudo ainda mais complicado. Assim o engenheiro Kevin Cleary relembra: "Elvis gravou apenas alguns takes de Let's Forget About the Stars e Charro. O resultado não ficou bom. Uma nova sessão foi marcada para dali algumas semanas".

Elvis foi embora e a orquestra de Hugo Montenegro providenciou a parte instrumental. Em novembro Elvis voltou para os mesmos estúdios e encontrou tudo pronto, só sendo necessário mesmo colocar sua voz e assim o fez, terminando rapidamente as duas músicas. Ao lado do cantor no estúdio havia apenas a equipe vocal de apoio (composta por Sue Allen, Allan Capps, Loren Faber, Ronald Hicklin, Ian Freebairn-Smith, Sally Stevens e Robert Zwirn). Elvis não gostava de gravar sobre uma faixa previamente gravada. Ele apreciava a troca de ideias com os músicos da banda dentro do estúdio, além do clima de estar cantando ao lado de sua equipe musical de rotina. Ele queria sentir melhor a música, algo que não acontecia nesse tipo de sistema de gravação. De uma forma ou outra o maestro e produtor Montenegro até que realizou um bom trabalho. Ele enriqueceu o background, colocando e tirando outros instrumentos, tudo para deixar as faixas no ponto certo.

Depois os tapes foram enviados para a RCA Victor em Nova Iorque que nem se animou muito em lançá-las corretamente, afinal de contas era mais uma trilha sonora de filmes de Hollywood e esse tipo de material não animava mais aos executivos da grande multinacional do ramo fonográfico desde 1965. Logo a edição de um compacto apenas com canções de Charro foi deixado de lado. Também era impensável aproveitar aquele material em algum lançamento mais bem elaborado. As músicas seriam usadas nos cinemas, mas no mercado tinham pouca chance de fazer sucesso. Assim foram arquivadas para serem lançadas depois como meros tapas buracos dos discos e singles futuros (como a própria faixa título Charro que iria se tornar lado B do single Memories no ano seguinte).

Sessão de gravação da trilha sonora Charro
Data de gravação: 15 de outubro e 25 a 27 de novembro de 1968
Local de gravação: Samuel Goldwyn Studio, Hollywood, California
Produção: Hugo Montenegro
Engenheiros de som: Kevin Cleary
Músicos: Elvis Presley (vocais), Tommy Tedesco (guitarra), Ralph Grasso (guitarra), Howard Roberts (guitarra), Raymond Brown (baixo), Max Bennett (baixo), Carl O'Brian (bateria), Emil Radocchia (percussão), Don Randi (piano), The Hugo Montenegro Orquestra.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Elvis Presley - Charro

Título no Brasil: Charro
Título Original: Charro
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: National General Pictures
Direção: Charles Marquis Warren
Roteiro: Charles Marquis Warren, Frederick Louis Fox
Elenco: Elvis Presley, Ina Balin, Victor French
 
Sinopse:
Jess Wade (Elvis Presley) é falsamente acusado de ter roubado um canhão das forças revolucionárias mexicanas. Para então limpar seu nome e restabelecer a justiça ele resolve tentar encontrar os verdadeiros culpados, um bando de criminosos e bandoleiros que espalham terror por onde passam. "Charro!" é o último western da filmografia do cantor e ator Elvis Presley (1935 - 1977) que em pouco tempo deixaria Hollywood para se dedicar exclusivamente à sua carreira como cantor em Las Vegas.

Comentários:
Existem filmes que nem deveriam existir. Lamento dizer, mas esse é o caso de Charro! O filme foi claramente uma tentativa de levantar a carreira do cantor Elvis Presley no cinema. Ele que havia começado tão bem em Hollywood na década de 1950, estrelando bons filmes musicais - e alguns clássicos como "Balada Sangrenta" de 1958 - acabou perdendo o rumo na década seguinte. Os estúdios não se interessavam mais com qualidade e assim Elvis foi jogado em fitas comerciais com baixo teor artístico, realizadas em ritmo industrial. Em média três filmes por ano, sem qualquer capricho em termos de roteiro, atuação ou direção. Quando os anos 60 foram chegando ao fim, Elvis e seu empresário tentaram renovar um pouco sua estagnada carreira cinematográfica e "Charro!" foi certamente um dos veículos que foram usados nessa direção. Infelizmente não deu certo.

Embora seja um faroeste americano o filme tenta seguir os passos da estética do chamado Western Spaghetti, com ênfase nos filmes italianos de bangue-bangue, como aqueles estrelados por Franco Nero, naquele período desfrutando do auge de sua popularidade. O problema básico era que Elvis Presley não era Franco Nero e nem Charro era Django. Mesmo de barba o grande astro do Rock não consegue convencer em seu papel. A produção mais lembra um telefilme, com orçamento restrito e problemas de ambientação. O roteiro também tem várias falhas, pois foi praticamente escrito no calor das filmagens. Enfim, nem o astro da música precisava de um filme assim em seu currículo e nem o mundo do Western estava precisando de uma cópia americana de filmes italianos de faroeste. Como eu disse, essa é realmente uma produção que não precisava ter existido.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Joe É Muito Vivo

Título no Brasil: Joe é Muito Vivo
Título Original: Stay Away, Joe
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Peter Tewksbury
Roteiro: Dan Cushman, Michael A. Hoey
Elenco: Elvis Presley, Burgess Meredith, Joan Blondell, Katy Jurado
  
Sinopse:
A vida é uma grande curtição para Joe Lightcloud (Elvis Presley). Jovem e extrovertido ele ganha a vida em campeonatos de rodeio pelo oeste americano. Mestiço com bastante orgulho de sua origem nativa, Joe retorna para a reserva na qual nasceu e foi criado para provar para amigos e familiares que também pode ter uma atitude mais madura, com responsabilidades. Mas será mesmo que o bom e velho Joe está disposto a cumprir todas as suas promessas?

Comentários:
"Stay Away, Joe" sempre foi considerado um dos piores filmes de Elvis Presley. Na realidade foi uma produção realizada a toque de caixa, quase sem estrutura nenhuma, com um orçamento pequeno (quase mínimo) que mal sequer tinha um roteiro pronto quando começaram as filmagens. O clima de bagunça e desorganização no set foi tamanho que o próprio Elvis passou várias vezes por cima do poder do diretor ao colocar seus próprios amigos da Máfia de Memphis em cenas que nem estavam no script original. Michael A. Hoey, o roteirista, lembrou anos depois que de repente Elvis se levantava de sua cadeira e dizia: "Vamos fazer uma cena de briga agora!" - só que tal cena sequer existia no roteiro do filme. Mesmo assim ela era filmada! Em suma, uma bagunça e anarquia completas. Isso é facilmente percebido no filme, cujo enredo é disperso e mal estruturado. Elvis canta aqui e acolá, mas sempre com aquele tipo de atitude de desinteresse completo. O clima é de pastelão ao estilo dos antigos filmes dos Três Patetas, mas sem a mesma graça que outras comédias do tipo. A qualidade da produção deixa tanto a desejar que a própria MGM estudou a possibilidade de tirar seu nome dos créditos, tamanha a falta de relevância artística da fita. A carreira do diretor Peter Tewksbury só não foi destruída completamente porque o próprio Elvis deu uma força a ele um ano depois para dirigir mais um de seus filmes, a comédia musical romântica "Lindas Encrencas: As Garotas". Provavelmente Elvis gostou da liberdade que ele dava durante as filmagens, algo impensável para um cineasta sério como  Michael Curtiz, por exemplo. Pena que esse tipo de coisa não se revertia em boa qualidade no resultado final. Em termos gerais não há como escapar pois "Joe é Muito Vivo" realmente é bem ruim, mais fraco do que o que os demais filmes com Elvis Presley nessa mesma época, que inclusive passavam longe de serem considerados bons. Um desperdício completo.

Pablo Aluísio.