domingo, 20 de março de 2005

Elvis Presley - A vida em Bad Nauheim

Após a morte de sua mãe Gladys, Elvis teve mais alguns dias de licença e depois retornou para a base militar de Fort Hood. Ele foi integrado ao Primeiro Batalhão de Tanques da Terceira Divisão Americana (Spearhead) que seria enviada para a Alemanha Ocidental. Antes de morrer Gladys havia tido uma conversa com Elvis. Pressentindo que algo mais sério pudesse acontecer com sua saúde, ela fez Elvis prometer que para onde quer que fosse sempre levaria seu pai e sua avó juntos, pois na visão de Gladys a família deveria sempre manter-se unida. Elvis prometeu a ela em seu leito de morte que faria isso e cumpriu sua promessa. Assim que soube que iria para a Alemanha resolveu que Vernon e Minnie Mae deveriam seguir ao seu lado para a Europa.

Havia uma cláusula no regimento interno do exército americano que dizia que caso o militar em serviço tivesse familiares sob sua dependência financeira, ele poderia dormir em sua própria residência. Para Elvis isso era mais do que conveniente. Estaria ao lado de seus parentes queridos e de quebra poderia voltar a dormir em uma cama quente e macia novamente. Ele estava cansado de dormir nas frias casernas do batalhão e com Vernon e Minnie Mae por perto isso seria um alívio para ele pois dormiria em seu próprio quarto em uma casa alugada na Alemanha.

Inicialmente a tropa de Elvis foi enviada para Hamburgo, depois Frankfurt, finalmente estacionando na pequenina cidade de Bad Nauheim. Foi ali que Elvis decidiu alugar uma casa para ele, Vernon e Minnie Mae. Quando todos pensavam que Elvis iria alugar uma mansão por lá ele escolheu uma pequena residência comum no endereço Goethestrasse 14, que absolutamente nada tinha nada de diferente das demais casas da rua. Era pequena, mas confortável.

A rotina de Elvis nessa cidade nunca mudou desde que lá chegou. Ele geralmente acordava às cinco da manhã; tomava seu café e dirigia seu próprio carro em direção a base. Às 18:00hs retornava para casa. Não havia luxos, nem glamour, apenas a vida normal de um militar americano prestando serviço na Alemanha. Embora estivesse determinado a levar uma vida comum, o fato é que sua presença não poderia ser ignorada por ninguém. Em pouco tempo seu endereço foi divulgado em fanzines de fãs clubes da região e levas e mais levas de fãs começaram a chegar em sua casa todos os dias. Vernon e Minnie Mae eram muito gentis com os fãs que batiam na porta, mas depois de um certo tempo Elvis achou que, como eram pessoas mais velhas, não deveriam ser perturbadas durante o dia. Assim estipulou que uma placa fosse colocada na entrada da casa avisando que autógrafos só seriam dados a partir das sete horas da noite.

Assim criou-se um verdadeiro ritual. Durante o dia a rua ficava deserta e calma, mas quando a noite vinha chegando pequenas multidões se formavam nos portões de sua casa. Elvis abria a porta, falava com os fãs, assinava autógrafos, tirava fotos, brincava, sempre muito simpático e solicito com todos. Seu alemão ainda era muito rudimentar mas dentro do possível Elvis tentava se comunicar com suas jovens fãs alemãs. Ao contrário de outros superstars, Elvis não via qualquer problema em se ver rodeado por admiradoras e fãs em geral. Todas às noites lá estava ele no meio deles, trocando gentilezas, beijinhos, rindo, parecendo mais um amigo entre sua turma do que qualquer outra coisa. Seu carisma e simpatia encantava a todos.

Enquanto estava na Alemanha com a família, sua mansão Graceland ficou completamente vazia nos Estados Unidos. Pela primeira (e única) vez na vida Elvis levantou a hipótese de vende-la, pois não saberia se conseguiria voltar a morar lá após a morte de Gladys. As lembranças eram dolorosas demais. O futuro era incerto e tudo poderia acontecer, costumava dizer, Elvis também tinha sérias dúvidas se um dia sua carreira iria conseguir renascer das cinzas. A única certeza era que deveria levantar a cabeça para seguir em frente, viver um dia de cada vez.

O retorno para a vida civil ainda parecia distante, mas aos poucos Elvis foi vendo a chama de sua carreira resplandecer. Um grupo da Paramount foi enviado a Bad Nauheim. Eram executivos do produtor Hall Wallis. Eles queriam assinar com Elvis a realização de seu primeiro filme após voltar do exército. Eram boas notícias – eles ainda se interessavam por ele! Elvis assinou sem pensar duas vezes. Ele havia telefonado ao Coronel Parker na noite anterior e esse lhe contou que sua volta era aguardada com ansiedade nos Estados Unidos. Quem sabe o futuro não traria boas surpresas? Os tempos difíceis pareciam estar chegando ao final. Foi por essa época de um novo recomeço que Elvis conheceu uma jovem adolescente, filha de um oficial da Força Aérea americana. Ela se chamava Priscilla, era uma garota muito jovem, mas dona de uma beleza estonteante. Para Elvis foi amor à primeira vista! Mal sabia ele que a partir daí sua vida iria mudar para sempre...

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de março de 2005

Elvis Presley - Elvis e Elisabeth Stefaniak

Enquanto estava servindo o exército americano na Alemanha, Elvis conheceu uma jovem garota de 18 anos chamada Elisabeth Stefaniak. Ela era nascida na Alemanha, mas filha de um militar americano, por isso sabia falar muito bem os dois idiomas, inglês e alemão. Elvis tinha muitas dificuldades para aprender até mesmo o básico em alemão. Ele conhecia no máximo vinte palavras básicas daquele idioma que ele considerava absurdamente complicado de entender. Assim após uma sessão de cinema eles começaram a namorar.

Por essa época o endereço de Elvis na Alemanha foi vazado por um fã clube nos Estados Unidos. Da noite para o dia o cantor começou a receber milhares de cartas escritas por fãs de todo o mundo. Elvis então designou sua namorada Stefaniak para responder sua enorme correspondência, uma vez que Elvis não tinha tempo pois passava o dia todo no quartel. Ela então começou a servir como secretária e intérprete pessoal de Elvis, tentando organizar toda aquela montanha de cartas que chegavam todos os dias. Quando terminava seu dia no exército, Elvis retornava para casa, lá pelas seis da noite, Ele tomava um pequeno lanche e ficava assinando dezenas de cartas de resposta às suas fãs. 

Elizabeth também passou a organizar as sessões de autógrafos que Elvis havia organizado todas as noites em frente à sua casa. Elvis havia criado essas sessões para evitar que sua família fosse perturbada durante o dia. Assim as fãs alemãs sabiam que Elvis só iria atender elas durante à noite, onde ele recebia discos e fotos para assinar. Tudo muito organizado, para evitar problemas e tumultos. Elvis estava morando numa área residencial e não queria importunar seus vizinhos alemães.

Quem cuidava de tudo era Elisabeth Stefaniak. Depois de um  tempo aquilo começou a cansar Elvis. Ele então pediu que ela falsificasse sua assinatura, porque ele definitivamente não tinha tempo para mais nada. Elvis instruiu sua namorada e secretária a só lhe avisar sobre cartas de pessoas que pediam ajuda, como um fã que pediu a Elvis uma cadeira de rodas. Ele era deficiente e não tinha dinheiro para comprar a cadeira. Esse tipo de carta de auxílio muitas vezes era respondida pelo próprio Elvis. Pessoas pobres, com parentes doentes, era o tipo de carta que Elvis queria ser informado de seu teor, porque ele queria mesmo ajudar todas essas pessoas que passavam por sofrimentos materiais. O resto, de fãs platonicamente apaixonadas por ele, podiam ser respondidas pela secretária.

O curioso é que aos poucos o namoro foi esfriando, até porque Elvis se apaixonaria por Priscilla, sua futura esposa, mas mesmo assim Elvis não despediu a alemã que era seu braço direito na Alemanha. Mais do que isso, quando retornou para os Estados Unidos, para morar em Graceland, Elvis levou Elisabeth com ele, para trabalhar ao seu lado na América. Curiosamente ela iria se casar com Rex Mansfield, um bom amigo que Elvis havia feito no exército.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis em Paris

Elvis Presley em Paris
Enquanto servia o exército americano na Alemanha Elvis decidiu que queria visitar e conhecer Paris, a Cidade Luz! A ideia surgiu meio por acaso, Elvis viu um desses folders de turismo numa estação de trem enquanto estava ao lado de sua tropa e procurou se informar sobre a viagem. Talvez nem fosse tão longe, uma vez que ele já estava na Alemanha. Tudo na Europa era relativamente mais perto do que nos Estados Unidos! Elvis então entrou numa agência de viagens localizada na estação e perguntou gentilmente quanto tempo levaria para chegar em Paris. Era uma viagem relativamente curta de trem, de poucas horas – lhe informou uma surpreendida secretária da agência de turismo.

Então Elvis decidiu que em seu próximo fim de semana com passe livre iria conhecer a famosa cidade, afinal ele nunca estivera lá antes! E assim foi feito. Elvis pisou na cidade pela primeira (e única) vez em março de 1959. Não havia qualquer compromisso de trabalho, na linda capital francesa. O cantor era apenas mais um turista americano a passear pelas ruas, pelos monumentos históricos. A cidade não o decepcionou e Elvis ficou maravilhado com as riquezas arquitetônicas da milenar metrópole. Ele assinou autógrafos a fãs franceses e até mesmo brincou com um jornalista que lhe perguntou sobre quem ele mais gostaria de encontrar em Paris. Elvis nem pensou duas vezes e respondeu: "Brigitte Bardot!". Curiosamente Elvis e BB nunca se conhecerem pessoalmente. Tudo ficou apenas na esfera da imprensa francesa.
   
Nesse dia de turismo despreocupado, Elvis pareceu bem relaxado e calmo. Mesmo sendo mundialmente famoso fez questão de caminhar pelas ruas como uma pessoa comum, sentar nos famosos cafés parisienses, tomar café, experimentar os doces da culinária local, tirar fotos. Fardado em seu traje militar, ele esbanjou simpatia e cortesia com todos que vieram até ele atrás de um aperto de mãos ou um pequeno bate papo amigável com algum fã francês que teve a sorte de encontrá-lo passeando pelas ruas de Paris. Ele adorou tudo, o clima irresistível dos pequenos restaurantes, a amizade cordial das pessoas. Ficou bem impressionado com os pratos da culinária parisiense, do sabor dos pratos que nunca havia provado antes, de fato sentiu-se completamente à vontade.

Quando chegou a noite resolveu conhecer um famoso night club chamado Lido! Era um local de apresentações ao estilo vaudeville, com todas aquelas garotas levantando as saias, mostrando suas pernas torneadas em coreografias ousadas (para a época, é claro!). Depois do show Elvis fez questão de conhecer pessoalmente as bailarinas, tirou fotos, trocou beijinhos e não se fez de tímido! Aquele foi um fim de semana foi muito divertido! Depois que voltou para a Alemanha Elvis disse a seus amigos mais próximos que gostaria de fazer outras viagens como aquela, conhecer outros países europeus. Afinal todo militar americano estacionado no continente europeu fazia exatamente isso, aproveitava seus dias de folga para conhecer outras culturas, visitar as históricas cidades do continente. Elvis demonstrou desejos que conhecer Londres, na Inglaterra e Madrid, na Espanha. O interessante de toda essa história é que apesar de tudo ele nunca faria essas viagens. Uma pena, teria sido algo também muito especial, não apenas para ele, como bom turista americano, mas também para seus fãs europeus.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 18 de março de 2005

Elvis Presley - Elvis & Sophia Loren

Elvis estava tranquilamente sentado no refeitório da Paramount Pictures, durante uma pausa nas filmagens do filme "King Creole" (Balada Sangrenta) quando foi interrompido em sua refeição por Sophia Loren. Ela foi até Elvis para se apresentar pessoalmente. Já que ninguém apresentava os dois, ela decidiu que iria lá conhecer Elvis de qualquer jeito. "Olá Elvis, sou Sophia Loren!". Elvis se levantou, como bem determinava a educação sulista, apertou a mãe da atriz e respondeu: "É um prazer conhecê-la". Claro que Elvis sabia quem era Sophia Loren, já que ela estava se tornando uma das atrizes mais populares do cinema americano.

Sophia se sentou ao lado de Elvis e após um pequeno bate papo com o cantor viu se aproximando o fotógrafo Bob Willoughby. Esse não perdeu tempo, vendo ali duas estrelas do cinema juntas. Apontou sua câmera e saiu tirando uma série de fotos! Para sua surpresa Sophia Loren pulou então no colo de Elvis, que visivelmente ficou até um pouco constrangido com o avanço da atriz. Ele então  começou a dar risada. Sophia Loren decidiu despentear  completamente o cabelo de Elvis, enquanto as fotos iam sendo tiradas... foi um momento de pura diversão e desconcentração para todos que estavam ali. Sophia Loren estava claramente provocando Elvis, de um jeito até bem pouco sutil.

Entre risadas, beijos e abraços, Elvis acabou perdendo sua refeição, mas em compensação se divertiu muito também. Sophia Loren pareceu muito contente, provocando Elvis, dizendo que havia ouvido falar que ele era "um rapaz muito bonzinho". Aos 23 anos de idade Elvis obviamente entendeu bem os avanços da atriz, mas preferiu apenas se divertir com a situação. Anos depois a atriz contou em uma entrevista que seu objetivo era mesmo dar uns amassos em Elvis, convidar ele para jantar e depois levar para a cama o famoso rockstar, mas pelo visto seus planos não deram muito certo. Ela lamentou depois dizendo: "Que pena que ele não era um homem italiano!". Outra coisa que chamou a atenção de Sophia Loren foi a beleza de Elvis. Ela disse: "Elvis era muito mais bonito pessoalmente do que nas fotos! Foi um dos homens mais bonitos que ja conheci na minha vida!".

Elvis, por sua vez, elogiou a atriz afirmando: "Eu assisti a todos os filmes dela. Só que ela me disse que só havia assistido um dos meus filmes!" Depois de rir um pouquinho, Elvis disse: "Tudo bem! Espero que depois possa trabalhar ao seu lado no cinema, depois que eu voltar do exército e retomar minha carreira". Teria sido sem dúvida uma boa parceria no cinema, mas infelizmente nunca aconteceu. Elvis e Sophia Loren eram ambos contratados pela Paramount Pictures e teria sido fácil produzir um filme com o casal. Bastava ter vontade. Só que isso não passou pela cabeça do produtor Hall Wallis. Ele perdeu a oportunidade de unir o Rei do Rock e a estrela italiana em um mesmo filme. Teria sido muito interessante, tanto para os fãs de rock como para os fãs de cinema da época.

Pablo Aluísio.


quinta-feira, 17 de março de 2005

Elvis Presley - Balada Sangrenta

É considerado o melhor filme da carreira de Elvis Presley. De fato é um dos melhores momentos de Elvis em sua carreira como ator. Realmente “King Creole” é cinema de altíssima qualidade. Do roteiro às atuações, do argumento à trilha sonora, tudo é muito bem realizado, caprichado, de primeiríssima linha. Isso era de se esperar, pois se trata de uma direção assinada por Michael Curtiz, o diretor de “Casablanca” e tantos outros clássicos, como os filmes que dirigiu com o astro Errol Flynn na Warner, durante as décadas de 1930 e 1940, por exemplo. Então não é nenhuma surpresa o excelente nível técnico do filme como um todo.

A trama se passa numa New Orleans com muita música no ar, mas também com muita criminalidade pelos becos escuros da cidade. É nesse cenário que vive o jovem Danny Fisher (Elvis Presley). Após a morte de sua mãe em um acidente automobilístico, a outrora família feliz de Danny entra em crise. Seu pai (interpretado pelo ator Dean Jagger), um homem honesto e digno, não consegue mais se firmar em nenhum emprego. Já sua irmã Mimi (Jan Shepard) tenta de alguma forma ajudar em casa, ocupando a posição que era exercida por sua mãe falecida. Uma pessoa que logo se torna o equilíbrio emocional da família Fisher.

O sonho de todos eles é que Danny se forme, construa assim um futuro melhor para si e venha a ter um dia uma profissão que lhe dê segurança e estabilidade na vida. A escola se torna a única esperança de toda a família. E é justamente no último dia de aula, quando está prestes a receber seu diploma, que Danny acaba se envolvendo em uma confusão que irá alterar todo o seu destino. Ele briga com alguns colegas na porta da escola e por isso não consegue mais se formar. Desiludido, decide ir atrás de algum trabalho melhor na Bourbon Street, a principal e mais famosa rua de New Orleans. Cheia de boates e cabarets, a Bourbon é uma opção para quem não tem um diploma como Danny. É lá que Maxie Fields (Walter Matthau) impera, controlando tudo menos a pequena casa noturna chamada “King Creole”, onde Danny acaba encontrando um emprego como cantor fixo. E justamente nesse meio cheio de violência e crimes, disputas e concorrências desleais que Danny irá tentar finalmente abrir os caminhos de sua vida.

“Balada Sangrenta” tem um excelente roteiro que procura desenvolver todos os personagens. Apesar das músicas suavizarem um pouco o clima barra pesada da estória, Michael Curtiz conseguiu manter a densidade dramática dos acontecimentos. O Danny Fisher de Elvis é um cara durão, tenaz, que não aceita desaforos, bem ao contrário de seu pai, que muitas vezes se coloca em situações humilhantes apenas para garantir um suado e minguado salário em um emprego como assistente numa farmácia local. Isso é tudo o que Danny não deseja em seu futuro. Para piorar ele começa a andar com a turma de Shark (Vic Morrow de “Sementes da Violência”). Por falar nisso, o elenco coadjuvante de “Balada Sangrenta” é realmente excepcional.

O personagem de Elvis fica dividido entre o amor inocente e puro de Nellie (interpretada por Dolores Hart, mais uma vez contracenando com Elvis) e a paixão pela desiludida Ronnie (Carolyn Jones), uma garota de boate e amante casual do gangster Maxie. E por falar nesse personagem não deixa de ser muito interessante ver Walter Matthau interpretando um gangster que tenta controlar a tudo e a todos com violência, chantagens e poder econômico. Suas cenas ao lado de Elvis são excelentes. Curiosamente aqui Matthau deixou de lado seus personagens cômicos, em divertidos filmes ao lado de Jack Lemmon, para atuar em uma papel bem sério, diria até mesmo sinistro. Foi uma exceção em sua longa carreira no cinema.

E o Rei do Rock, como se sai com tanta responsabilidade ao ter que atuar no meio de tantos atores talentosos? Muito bem. A crítica da época elogiou Presley por sua capacidade de segurar um filme desse porte! Embora não fosse um ator com formação dramática, não há como deixar de elogiar o cantor em sua caracterização aqui. Obviamente que sua atuação não pode ser comparada aos grandes atores da época, mas dentro de suas possibilidades Elvis se saiu excepcionalmente bem. E ele tem muitas cenas complicadas ao longo do filme, seja sofrendo ao saber que seu pai foi apunhalado, seja tentando transmitir a dor pela perda de uma pessoa querida.

Embora tivesse a opção de realizar o filme em cores, o diretor Michael Curtiz se decidiu pelo Preto e Branco. A decisão foi baseada no próprio enredo do filme que pedia por um clima mais sórdido, noir, sombrio, ideal para o P&B. Outra decisão do diretor foi filmar grande parte do filme nos estúdios da Paramount em Los Angeles. Apenas algumas cenas seriam realizadas em locação na cidade de New Orleans, como a seqüência final no píer. Dentro dos confortáveis estúdios era bem mais fácil controlar as filmagens. Assim uma Bourbon Street foi recriada dentro do estúdio, o mesmo acontecendo com as boates de Maxie Fields e o próprio King Creole.

Em conclusão, “Balada Sangrenta” é um pequeno clássico da década de 1950 que merecia inclusive ter mais reconhecimento. Há uma mistura de elementos e gêneros que vão do drama ao suspense, do musical ao romance, que não pode ser subestimada. Pena que Michael Curtiz já estava com a idade muito avançada, perto de se aposentar definitivamente. Ele nunca mais trabalharia com Elvis. A lamentar também os rumos que a vida do próprio Elvis tomou após terminar o filme, ao ser convocado para o exército americano, interrompendo sua carreira em Hollywood, logo no melhor momento e na melhor fase de toda a sua vida artistica. De qualquer modo ficou para a posteridade essa obra cinematográfica, que resistiu excepcionalmente bem ao tempo. Uma preciosidade que merece ser redescoberta não apenas por fãs de Elvis Presley ou admirados de Michael Curtiz, mas principalmente pelos cinéfilos em geral. “Balada Sangrenta” é sem dúvida um exemplo do que de melhor Hollywood produzia naquela época.

Balada Sangrenta (King Creole, Estados Unidos, 1958) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Herbert Baker, Michael V. Gazzo baseados na obra "A Stone for Danny Fisher" de Harold Robbins / Elenco: Elvis Presley, Carolyn Jones, Walter Matthau, Dolores Hart, Dean Jagger, Vic Morrow, Paul Stewart, Jan Shepard, Liliane Montevecchi / Sinopse: Danny Fisher (Elvis Presley) se vira como é possível para ajudar sua família. Após as aulas ganha uns trocados limpando mesas e arrumando os salões de bares e casas noturnas em New Orleans. É justamente aí que descobre ter um talento especial, o de cantor. Disputado por duas casas noturnas da Bourbon Street, ele terá que ser forte para sobreviver ao jogo de gangsters e criminosos de todos os tipos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de março de 2005

Elvis Presley - G.I. Elvis

Em 1958 Elvis Presley teve finalmente a certeza de que iria prestar serviço militar no exército norte-americano. Muito já se escreveu sobre esse momento na vida de Elvis, mas a grande maioria das teorias são bobagens. O fato histórico real é simples de explicar: Elvis Presley era um cidadão americano e como tal tinha que cumprir suas obrigações militares para com o seu país. Em 1958 o serviço militar dos Estados Unidos ainda era obrigatório e se convocado, ele teria que servir. Era um dever, não uma opção. As forças armadas daquele país sempre necessitavam de um grande número de homens todos os anos pois havia bases americanas espalhadas por todo o mundo. Como Elvis era apto para o serviço militar, estava na idade e não tinha nenhum problema físico que o impedia de ser um soldado, não havia como escapar da convocação. É óbvio que ele tinha muito a perder com isso pois sua carreira ficaria em suspensão, não gravaria discos e nem faria filmes. Comercialmente falando era realmente desastroso mas o interesse cívico sempre falou mais alto e assim Elvis realmente seguiu em frente, cumprindo com suas obrigações.

O cantor já estava conformado, mas a Paramount acionou seu departamento jurídico para pedir mais alguns meses com o exército, uma vez que tudo já estava pronto para Elvis estrelar “King Creole” no estúdio. Caso Elvis entrasse em serviço de forma imediata, o prejuízo seria realmente enorme. Apelando para o bom senso, demonstrando o tamanho do prejuízo que sofreria pelo estúdio, o pedido foi finalmente aceito pelo alto comando do exército americano. Elvis teria mais algum tempo para terminar seu filme – o último antes de entrar em campo para treinamento militar. Exatamente no dia 24 de março de 1958 Elvis sob o número US53310761 se tornou oficialmente o mais novo recruta do exército dos Estados Unidos. Logo foi apelidado pela imprensa de “G.I. Elvis”, um trocadilho feito em torno de “G.I. Joe”, designação popular usada para identificar os soldados americanos no exterior. No mesmo dia seu famoso topete foi cortado e pela primeira vez em sua vida adulta Elvis Presley se viu sem suas famosas costeletas e topete. Nem é preciso dizer o rebuliço que isso causou na imprensa na época. A Life fez ampla cobertura, mostrando cada minuto da entrada de Presley nas forças armadas. Sua chegada ao posto militar, o recebimento de seu fardamento, o exame médico e finalmente o tão aguardado corte de cabelo no estilo “escovinha”. Foi um evento jornalístico e tanto! Afinal era uma notícia surpreendente – o maior roqueiro do mundo, símbolo da rebeldia dos jovens, sendo finalmente enquadrado pelo Tio Sam!

Assim que deu entrada no quartel, Elvis foi despachado junto de sua tropa para o complexo militar de Fort Hood no Texas, uma das maiores bases do exército americano. Uma vez lá foi designado para participar do treinamento com tanques, função que Elvis exerceria em grande parte de seu tempo no exército. Havia uma expectativa de que o cantor seria enviado para o exterior, para alguma base americana no Japão ou na Europa. Quando soube disso Gladys ficou apavorada! Pessoa simples, humilde, sem muita instrução e educação, ela logo associou esses lugares aos mesmos campos de batalha que ouvira falar durante a II Guerra Mundial. Para ela Japão e Alemanha significavam Guerra e ela ficou alarmada com a possibilidade de Elvis ir para países tão perigosos como esses – muito embora, como era óbvio, não havia guerra nenhuma em curso, sendo que os últimos conflitos armados nessas regiões se deram em 1945.

Mas ninguém conseguia acalmar a mãe de Elvis. Gladys ficou tão abatida com as notícias que sua saúde, que já não era boa, começou a declinar ainda mais. Elvis foi informado que sua mãe estava doente, muito abalada com sua convocação. Preocupado ele pediu licença para visitá-la. Uma verdadeira multidão esperava Elvis em Memphis. Ele surgiu sorridente no meio da confusão, devidamente fardado, procurando como sempre dar atenção aos seus fãs que o tinha esperado por horas. Sua nova imagem impressionou a muitos – com cabelos curtíssimos, bem magro e com a cor loira natural de volta ao seu penteado. Elvis visitou sua mãe e decidiu junto com Vernon que eles iriam segui-lo aonde quer que ele fosse. Se Elvis fosse para o Japão ou Alemanha, sua família iria junto também, não importando o quanto isso iria lhe custar. Seguiriam juntos até o fim. Gladys ficou muito feliz com essa decisão de Elvis pois isso a deixaria perto de seu amado filho. De volta a Graceland, Elvis conseguiu ainda passar mais alguns dias ao lado da mãe, até sua licença chegar finalmente ao fim. De volta a Fort Hood Elvis foi informado que sua unidade seria deslocada para a Alemanha, na fronteira da chamada Cortina de Ferro. Era uma premissa do que viria a seguir. Novas mudanças iriam acontecer na vida de Elvis em breve, algumas delas inclusive marcariam sua vida para sempre.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis em Memphis

Elvis ao lado de sua mãe, Gladys.
Elvis Presley nasceu no dia 8 de janeiro de 1935. De origem bastante humilde sempre celebrou seu aniversário ao lado da mãe, Gladys. Seu pai estava ausente a maior parte do tempo em sua infância pois havia sido preso ao tentar falsificar um cheque de uma quantia irrisória. Os primeiros aniversários assim foram passados ao lado de Gladys que mesmo sendo muito pobre jamais deixou o filho sem presentes, muitas vezes bem caros, acima inclusive do modesto orçamento familiar. Anos depois, com Vernon já em liberdade, Elvis fez um pedido inusitado em seu aniversário. Apesar de ser apenas um garotinho pediu de presente uma espingarda!

Mãe super protetora, Gladys jamais daria algo assim de presente para Elvis, ainda mais sendo ele menor de idade. Ao invés de uma arma ela e Vernon resolveram lhe dar um violão! Era um presente bem mais de acordo com o recente talento musical mostrado pelo filho nas horas em que a família se reunia para ouvir o rádio da casa – o bem mais precioso daquele humilde lar. Sentando no chão, geralmente aos pés de sua mãe, Elvis acompanhava os cantores de música country e gospel que se apresentavam nos programas radiofônicos da região. Não havia televisão e o rádio era o grande responsável pelo entretenimento das famílias durante o anoitecer. Elvis conseguia imitar qualquer cantor e tinha uma bela voz que deixavam admirados vizinhos e amigos da família Presley. Ele estava a muitos anos distante da Sun Records mas já demonstrava muito talento ao cantar.

Depois que ficou adulto, rico e famoso, Elvis mostrou um lado muito interessante de sua personalidade durante seus aniversários. Ele adorava presentear as pessoas mais próximas mas ao mesmo tempo sentia-se acanhado e sem jeito quando recebia presentes, principalmente em seu dia, 8 de janeiro. Obviamente que a data era sempre um acontecimento dentro de seu círculo de amigos mas Elvis se mostrava bem tímido nessas ocasiões. Raramente deu festas de aniversário para si durante os longos anos em que morou em Graceland. Sempre preferia algo bem informal. Reunia as pessoas mais próximas e mandava comprar alguns sanduíches e refrigerantes em um boteco próximo. Nada de festas suntuosas e exageradas. Ele aliás odiava festas luxuosas. Preferia celebrar seu aniversário entre amigos e família, sem nenhum estranho por perto.

Outro fato curioso é que ele sempre preferia voltar para sua querida Memphis quando seu aniversário chegava. Raras foram as vezes em que ele celebrou mais um ano de vida longe de Graceland. Era seu refúgio e seu lar, o local mais amado pelo cantor. Isso levou Elvis a exigir de Tom Parker que a sua agenda sempre ficasse livre de compromissos no período que ia Natal até o dia de seu aniversário no começo de janeiro. Nada de gravações, de filmes ou apresentações durante esse período. E o Coronel Parker respeitou essa exigência de Elvis por longos anos.

Só na década de 70 Elvis quebraria essa tradição em sua vida profissional quando realizaria alguns concertos durante as festividades de ano novo. Nesse caso havia necessidade de colocar sua bagunçada vida financeira em dia e os shows de reveillon sempre pagavam cachês atrativos demais para serem recusados. Mesmo que um tanto a contragosto Elvis foi acima de tudo profissional e realizou esses shows.

O pior aconteceu mesmo quando finalmente chegou aos 40 anos de idade em 1975. Para surpresa de muitos Elvis ficou muito abalado ao completar essa idade. Confessou aos mais próximos que estava velho demais. Tinha receios de que não seria mais aceito pelos fãs depois dos 40. Afinal nunca tinha ouvido falar de alguém com essa idade ainda no pique da glória e da popularidade. Por essa razão esse foi seguramente seu pior aniversário. Cancelou compromissos e se trancou em seu quarto de Graceland. Ficou deprimido e procurou se isolar de tudo e todos. De certa forma previu o que isso significaria.

A data porém não passou em branco. No dia 8 os jornais de todos os EUA noticiaram o fato de que Elvis, o símbolo máximo da juventude americana, havia finalmente se tornado um “quarentão”! É realmente de se admirar hoje em dia que algo assim tenha deixado Elvis tão abatido. Atualmente os 40 anos não são mais vistos como sinal de idade avançada ou algo assim. Pessoas são plenamente produtivas aos 50, 60, até mesmo 70 anos e não faz muito sentido se sentir um velho aos 40 como Elvis se sentiu na década de 70. Os tempos porém são outros. De qualquer forma, embora tenha celebrado apenas 42 aniversários em sua curta vida, os fãs de Elvis jamais deixam passar essa tão importante data em branco, sempre relembrando o artista, alguns até mesmo celebrando com bolos e velinhas. Uma ironia do destino certamente. Mal sabia Elvis ao fazer 40 anos que isso de fato não significaria nada para um artista como ele, que é simplesmente imortal.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de março de 2005

Elvis Presley - O Prisioneiro do Rock

Esse foi o grande sucesso de Elvis nos anos 50. Foi seu terceiro filme e o primeiro totalmente escrito e produzido para ele estrelar. Nos anteriores Elvis ainda era uma dúvida. Mesmo sendo o cantor mais popular do mundo na época, não se sabia ainda se ele daria certo no cinema. Não tinha muita experiência como ator e não sabia atuar direito, mas seus filmes eram sucessos de bilheteria. Para muitos Jailhouse Rock é o melhor filme de Elvis, talvez só sendo superado por "Balada Sangrenta", de Michael Curtiz, o mesmo diretor de Casablanca. Em termos puramente cinematográficos essa opinião parece bem certa.

De qualquer maneira, deixando comparações de lado, o fato é que esse "O Prisioneiro do Rock" tem bom roteiro e músicas famosas. O cantor vestido de prisioneiro acabou marcando tanto a cultura pop que até hoje a imagem é explorada em produtos como action figures, posters e brinquedos. O filme tem a famosa cena da dança dos prisioneiros que alguns consideram o primeiro videoclip da história e uma canção tema que vendeu milhões de cópias ao redor do mundo. Um marco na história de Elvis no cinema. Tanto isso é verdade que esse musical da MGM sempre é citado em revistas de cinema quando a carreira de Elvis na sétima arte é tratada em algum artigo ou matéria especial.

Pena que em poucos meses Elvis seria convocado pelo exército americano, o que iria interromper sua carreira por dois longos anos enquanto servia na Alemanha ocupada. Quando voltou aos EUA, Elvis estrelou vários musicais água com açúcar que não chegavam nem perto da qualidade de seus primeiros filmes. Os roteiros fracos acabaram decepcionando o cantor que abandonou Hollywood definitivamente em 1969 para se dedicar novamente apenas à sua carreira de cantor de sucesso em Las Vegas e em turnês pelos EUA.

Realmente a questão chave sobre Elvis no cinema era que ele não era um ator, era um cantor que usava o cinema para vender discos. Cada um nasce com seu talento, Elvis Presley jamais poderia ser comparado a James Dean ou Marlon Brando, do mesmo modo que nenhum deles poderiam sequer tentar cantar igual a Elvis. No fundo Tom Parker, o empresário de Elvis, usava o cinema como um tremendo meio promocional para a música de Elvis e nesse aspecto o objetivo foi alcançado pois Elvis alcançou uma popularidade que nenhum outro cantor de sua época conseguiu chegar. Pois é, os filmes de Elvis mostraram que era possível arrecadar boas bilheterias com um astro do mundo da música estrelando filmes. Depois de Elvis, vários astros foram para o cinema como os Beatles, Rolling Stones e até Michael Jackson (inclusive postumamente). No Brasil Roberto Carlos estrelou diversos filmes nos anos 60 só para citar um exemplo mais próximo de nós. Nenhum desses filmes eram "obras de arte" do cinema, longe disso, eram meios promocionais para os artistas e como tais devem ser encarados.

O Prisioneiro do Rock (Jailhouse Rock, Estados Unidos, 1957) Direção: Richard Thorpe / Roteiro: Guy Trosper / Elenco: Elvis Presley, Judy Tayler e Mickey Shaugnessey / Sinopse: Vince Everett (Elvis Presley é um jovem que acaba cometendo um crime sem intenção. Preso e condenado é enviado para a penitenciária do Estado. Lá conhece Hunk Houghton (Mickey Shaugnessy) que o apresenta ao mundo da música. Após ser libertado Vince decide tentar uma carreira artística. Com a ajuda da bela Peggy Van Aldern (Judy Tyler) ele tenta subir os degraus da fama e do sucesso.

Pablo Aluísio.