quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 89

No céu com Elvis!
Em Graceland, mansão onde Elvis morou em Memphis (no Tennessee, não no Egito), hoje transformada numa lucrativa mistura de tumba faraônica, shopping center religioso e meca do rock – a decoração natalina permanece por mais alguns dias para que dezenas de milhares de fãs comemorem seu nascimento em 8 de janeiro de 1935. A expectativa para este ano é de que a maluquice se repita em uma escala maior. Até porque o culto ao rei está tomando proporções inacreditáveis. Em seu nome estão sendo fundadas seitas e uma nova versão do testamento circula com Elvis tal qual Jesus. A peregrinação não é só mental. Imitadores têm se submetido a cirurgias plásticas para se transformar em cópias do ídolo. O rei do rock and roll morreu em 16 de agosto de 1977. Mas este não foi o final da história – a morte de Elvis Aaron Presley, na verdade, representou mais um grande passo na sua gloriosa carreira. Como acontecia com os fa-raós, Elvis deixou de ser rei para tornar-se uma divindade, um santo adorado pelos fãs de todo o planeta – e com isso conseguir vender mais discos e bugigangas do que quando estava vivo. Quando morreu, seu patrimônio foi avaliado em US$ 7 milhões. Hoje, os negócios que usam seu nome em vão geram US$ 300 milhões por ano.

Elvis Presley nasceu numa família pobre na cidadezinha de Tupelo, Mississippi, o gêmeo sobrevivente de um parto difícil. A vida do filho único e precioso de Vernon e Gladys Presley foi o sonho americano. De um berço humilde ele se ergueu para se tornar o maior astro mundial da música pop. E agora ele está sendo transformado em um messias, sua vida sendo comparada à de Jesus Cristo. Elvis veio ao mundo numa gelada noite de inverno, em um barraco de madeira pouco maior do que um estábulo. Seu pai, que era meio mio-lo mole, contou que no instante do seu nascimento “uma forte luz azul brilhou sobre a casa”. E um livro intitulado The new, improved testament, que faz uma releitura do Novo Testamento, afirma que três bluesmen apareceram guiados por essa luz levando oferendas ao recém-nascido: guitarra, pasta de amendoim e anfetaminas. O próprio Elvis acreditava que seu súbito e avassalador sucesso só podia mesmo ser obra divina e, talvez pelo efeito das drogas que consumia, estava convencido de que era mesmo um messias, um daqueles seres privilegiados que surgem uma vez a cada milênio para iluminar uma civilização. Hoje seus devotos se autodenominam “presleyterianos” e estão abrindo igrejas em lugares “sagrados”, como Memphis e Las Vegas, e na Internet.

Não se pode saber entre os presleyterianos quem está enganando quem. A Primeira Igreja de Jesus Cristo Elvis foi fundada pelo artista Chris Ryell, que criou imagens de Presley no estilo católico clássico, sobrepondo o rosto do cantor ao de Jesus. A Primeira Igreja Presleyteriana de Elvis o Divino, em Denver (Colorado), proclama representar “a única religião que será importante no próximo milênio”. O negócio não surgiu como uma igreja de verdade, mas acabou ganhando vida própria e está sendo levada cada vez mais a sério – tanto que está reivindicando junto ao Congresso americano um feriado nacional em homenagem ao rei do rock. O dia do seu aniversário é a data proposta. “A falta de um feriado para Elvis é uma desgraça nacional”, lamenta o dr. Karl Edwards, co-fundador da igreja. “Um selo de correio não basta; os Estados Unidos devem reconhecer a poderosa obra de Elvis com um feriado oficial. Precisamos trazer o país de volta ao sagrado Espírito do Rock.” Aproveitando o embalo, o dr. Edwards ainda questiona o valor de outros feriados do calendário americano que homenageiam uma variedade de figuras históricas. “Quantos discos de ouro teve Geor-ge Washington?”, provoca. Ele ainda espera contar com o apoio presidencial e argumenta: “Bill Clinton até se parece com o Elvis gordo dos últimos anos e tenho certeza de que ele é um presleyteriano devotado.”

Sacerdócio – Mas a divindade do rei está mais bem traduzida por um simbolismo que ultrapassa a noção de ícone da Idade Média, quando em vez de estátuas numa igreja temos como emblema da sua santidade uma legião de efí-gies vivas em seus imitadores. Essas esquisitas figuras nascidas do culto a Elvis, que só encontram paralelo nos emuladores de Charles Cha-plin, não são simples imitadores, mas replicantes que rezam segundo o evangelho de São Xerox. Algumas dessas efígies humanas são tão dedicadas à identidade do ídolo que, como os transexuais, submeteram seus corpos à cirurgia plástica para realçar ainda mais a semelhança com Elvis. Para muitos fãs, esses imitadores de Elvis tornaram-se uma espécie de sumo sacerdotes da nova religião. David Moore, por exemplo. Ele imita Elvis em sua fase crepuscular e diz que faz isso por vocação: “Desde quando tinha cinco anos, sinto uma forte ligação com Elvis e quero que as pessoas saibam como aquele homem era bondoso.” Como outros fãs, Moore dedica-se a trabalhos de caridade em memória de Elvis, mas seu sacerdócio não chega a ser como o de alguns imitadores de Memphis e Las Vegas, que realizam casamentos em nome de Elvis.

O reverendo Tommy Foster é o responsável pela Primeira Igreja dos Imitadores de Elvis, em Memphis, com altares e santuários dedicados ao cantor. “No dia dos namorados casamos até 30 casais”, orgulha-se ele. Em Vegas, casamentos são celebrados por um Elvis balofo cantando Viva Las Vegas e com os casais trocando votos recitando as letras de suas canções românticas. Imagens, peregrinações e locais sagrados são comuns a quase todas as tradições religiosas. Mas as comparações não param por aí. O fã Robert Campbell nos fala das revelações de Elvis e suas visões apocalípticas. Ele garante que Elvis é Emanuel, “o único filho gerado que Deus prometeu nos enviar”, e acredita piamente que ele irá voltar para o juízo final, o que deve acontecer dentro de uns dez anos. Camp-bell compara as escrituras sagradas com a vida de Elvis. “Na Bíblia está escrito que quando Cristo foi posto em seu túmulo, foi envolto em uma mortalha. Elvis foi enterrado em uma mortalha de cobre. Cristo foi enterrado por seu amigo José e quem cuidou do funeral de Elvis foi seu amigo Joseph B. Samuel. Cristo ressuscitou três dias depois e o corpo de Elvis foi ‘sequestrado’ três dias depois de enterrado e desde então tem sido visto por muitas pessoas.”

Os fãs estão mitificando Elvis e tentando expressar em linguagem religiosa o que ele significava para suas vidas, exatamente como foi feito com Jesus Cristo e Maomé. Apesar de parecer muito estranho, essas pessoas estão convictas de haver encontrado o sagrado em Elvis Presley. E, por Elvis ser um ícone do século XX, ele continua vivo em seus filmes e em sua música, podendo ser ressuscitado por qualquer um apenas com o toque de um botão.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 88

Elvis: Na mira dos críticos
Os críticos nunca estiveram ao lado de Elvis Presley. Essa afirmação jogada assim ao vácuo das indagações pode parecer sem propósito. Será? 

Talvez o grande problema Elvis x críticos seja simplesmente o fato de que ele nunca se prendeu a um estilo: gravava os blues, da sua maneira sui generis,  que ele tanto amava, os countries que o remetiam ao universo fosforescente dos festivais itinerantes de música do Tennessee e as baladonas pop de qualquer época que ouvia quando era criança. Tudo isso mostra que o afamado Rei do Rock era antes de tudo Rei do Pop. Sim, Rei do Pop porque sempre houve lugar na sua personalidade de grande intérprete e produtor (Sim! ele produzia seus discos) para todos os estilos de música, do gospel ao blues, do country a baladas de qualquer lugar do mundo.

Nos anos 50, Elvis não podia ter o apoio da crítica musical porque quem escrevia sobre música, na época, eram pessoas que tinham como referências musicais Nat “King” Cole, Sinatra e Bing Crosby; ou seja, pessoas que não podiam entender o porquê de um garoto branco de 19 anos, ainda por cima sulista, cantar blues. Sendo assim, os críticos não poderiam avaliar o trabalho de Presley como grande estilizador do blues urbano e do country, ou seja, o criador do que se convencionou chamar de rockabilly: ouça That’s All Right de 1954.

Nos anos 60 Elvis inicia bem a década com um de seus LP's mais consistentes, Elvis is Back e um LP só de gospel, His Hand In Mine, ambos de 1960. Mas essa década também traz o estigma da linha de produção filme/long play e aí temos o primeiro grande erro de sua carreira, pois por volta de 1964 ele já não consegue emplacar músicas direto no top 10 da Billboard e nem no equivalente britânico. Motivos: falta de tempo para se apresentar ao vivo (últimos dois shows em 1961 ), e principalmente esgotamento psicológico e artístico ao se ver preso a um contrato de quase 10 anos que lhe obrigava a estrelar uma média de 3 filmes por ano seguidos de trilhas sonoras medíocres. Elvis sempre gravou o que queria, só que na década de 60, sugado ao máximo para fazer os filmecos de Hollywood (com raras exceções) e uma trilha por filme  de mais ou menos dez músicas compostas e produzidas por produtores musicais de Hollywood, mesmo para ele seria difícil transformar uma música medíocre em um grande sucesso baseado apenas na sua enorme popularidade.

Os críticos que cresceram ao som do rock dos anos 50, que faziam a cabeça com Beatles, Stones e Dylan, no meio dos anos 60, esperavam que ele sempre fizesse algo como Blue Suede Shoes e Elvis, não podendo desenvolver de forma total seu amadurecimento artístico, conforme razões já mencionadas, estava de novo na mira dos críticos.

Em 1966 ele entra no estúdio para gravar algo que realmente queria fazer, um novo álbum gospel, How Great Thou Art (ganhador de um Grammy em 1967), e também aproveita para gravar algumas músicas que não fossem trilhas, mas que irremediavelmente entrariam em algum disco de filme para completar o que foi convencionado pela gravadora como tamanho padrão. Estas músicas foram: Down in The Alley (blues), Love Letters (clássico de Victor Young) e Tomorrow is a Long Time (de Bob Dylan). Em 1967, Presley iria continuar sua reaproximação com suas raízes através de blues singles como Guitar Man, U.S. Male, Hi Heel Sneakers. Estes singles foram ignorados pelo grande público simplesmente porque a RCA (gravadora de Elvis) achava mais rentável investir nas trilhas que bem ou mal eram o grande veículo para o seu trabalho. Mas como “água mole em pedra dura ...” Elvis conseguiu sua salvação em 1968 com um especial para a televisão que além de mostrar todo seu vigor como intérprete através de canções novas como If I Can Dream o colocava novamente como uns do maiores performers de palco dos EUA.

Em 1969, finalmente termina o suplício/contrato com Hollywood. Elvis inicia uma sessão de gravação em janeiro que se estende até fevereiro (no American Sound Studios of  Memphis). Nesta sessão ele grava mais de 30 músicas, constando entre estas alguns dos maiores sucessos de sua carreira como Suspicious Minds e o grande LP From Elvis in Memphis. Elvis praticamente estabelece nesta sessão um novo conceito musical tão versátil quanto seu próprio estilo de cantar, algo que pode ser definido como Som Total; o melhor de tudo é que agora o seu contato com o público iria ser ao vivo; de 1969 a 1977 ele iria cruzar os EUA em tours de costa a costa. Será que agora os críticos teriam razão para malhar Elvis ?

No início, de 69 à 73, sua relação com os críticos foi amistosa, algumas vezes elogiosa ao ponto de parecer tietagem. Mas como tudo que é bom dura pouco... Aconteceu que dois probleminhas passaram a interferir na sua vida profissional: seu divórcio e, principalmente, o abuso de drogas.

Na década de 70, Presley estava trabalhando no palco e no estúdio todas as suas personas enquanto intérprete. Talvez a sessão de gravação que melhor represente seu trabalho na década de 70 seja a de junho de 1970, em Nashville. Para se ter uma idéia, nesta sessão ele repetiu a qualidade que marcou seus trabalhos nos anos 50, nas sessões de Elvis is Back e as de From Elvis in Memphis. Mais uma vez ele gravou cerca de 30 canções que iam do blues de Got my Mojo Working, clássico gravado por Muddy Watters, countries vigorosos como I Really Don’t Want to Know, o gospel Where Did They Go, Lord? e o pop Bridge Over Troubled Water.

Elvis entra de novo na mira dos críticos a partir de 74 por estar muito mais interessado em gravar baladas que melhor exteriorizavam seus conflitos pessoais; por isso mesmo os críticos o detonam: afinal ele não era o grande Rei do Rock? Onde está o rock na suas apresentações e gravações deste período? Outro ataque sempre colocado pelos críticos era sua aparência física que não lembrava mais o símbolo sexual que ele fora.

Elvis não deixou de fazer rocks, só que este tipo de música nunca foi o ponto focal da sua vida, apesar da imprensa sempre esperar que ele fizesse rock. Ele tinha amadurecido e sua música também, e quanto à questão da aparência, é tão irrelevante que dá vontade de rir. Se ele estava inchado por causa do abuso de drogas, o problema era só dele; e vale lembrar que se os críticos estavam interessados na sua aparência, os fãs e qualquer amante do bom pop/rock estavam interessados na sua música. Vinte anos depois de sua morte ele ainda é lembrado por ela.

Texto publicado no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 87

 Será que Elvis está vivo?
A maioria das pessoas acredita que Elvis Presley morreu no dia 16 de agosto de 1977, na mansão de Graceland, em Memphis, no Tennessee. Mas a tese do "Elvis não morreu" tem defensores fanáticos, ajudados por uma porção de circunstâncias estranhas ou, pelo menos, controvertidas que cercam a morte e os últimos dias do cantor. Vários sites da Internet reuniram as "provas" ou, digamos, as "alegações". As teorias demonstram várias "falhas" na suposta morte de Elvis, veja os principais argumentos que sustentam a tese da "Teoria da conspiração sobre a morte de Elvis":

O túmulo: nele, está escrito errado o nome do meio de Elvis, Aron, e não Aaron como aparece na lápide. Seu pai não deixaria cometerem esse erro. Além disso, o corpo de Elvis jaz entre os de seu pai e de sua avó. Uma coisa inimaginável tê-lo deixado longe da sua querida mamãe. Era sua vontade clara ser enterrado perto de Gladys.

A certidão de óbito: muito vaidoso, Elvis tinha vergonha de ter engordado muito. Pesava mais de 100 quilos ao "morrer". Mas a certidão de óbito registra pouco mais de 70. A certidão original sumiu e a existente foi expedida dois meses depois.

O cadáver de cera: o caixão de Elvis exigiu vários carregadores, pois pesava mais de 300 quilos. Testemunhas do funeral afirmaram que o ar perto do caixão estava muito frio. Suspeitou-se que o caixão tivesse um aparelho de ar condicionado para conservar um cadáver de cera, réplica do Rei, destinado a enganar os presentes. E como a família Presley conseguiu um elaborado caixão feito sob medida, de mais de 300 quilos, para um enterro no dia seguinte ao da morte?

O enterro: por que o enterro foi tão rápido? dizem que a razão foi evitar que os maiores fãs de Elvis chegassem a tempo e reconhecessem defeitos no cadáver de cera. Elvis era um faixa preta de oitavo grau, cujas mãos eram cheias de calos, enquanto o corpo do caixão tinha mãos lisas e gorduchas. O nariz e as sobrancelhas arqueadas também causaram estranheza. Foi comentado na época que uma costeleta do "cadáver" estava solta e um cabeleireiro teve de grudá-la.

Comportamento estranho: duas horas depois da morte de Elvis ser anunciada publicamente, um homem muitíssimo parecido com ele comprou uma passagem para Buenos Aires, pagou em dinheiro e usou o nome John Burrows, o mesmo que Elvis empregara várias vezes como disfarce. Elvis tinha alguns livros que considerava seus tesouros. Tinha uma Bíblia, vários livros de farmácia, sobre a morte e, sobretudo, o Livro dos Números de Chiro e a Autobiografia do Iogue, que desapareceram para sempre depois da morte de Elvis. Nas semanas antes de sua morte, as ações de Elvis não foram as de um homem que tinha de cumprir uma enorme turnê pelos EUA; encomendou novas roupas e despediu-se do público com um "adiós", no seu último show em Indianapolis ao contrário do habitual "Espero vocês no meu próximo show". A RCA mostrou um certeiro (e incrível) faro ao produzir milhões dos discos atuais e anteriores do cantor. Era uma prática comum antes de uma turnê, mas os números dessa vez foram muito maiores.

Outras coisas estranhas: o Rei despediu vários empregados em quem confiava há muito tempo. Dois dias antes da "morte", Elvis ligou para uma amiga chamada miss Foster. Disse-lhe que estava pensando em não realizar a turnê prevista. Ela lhe perguntou se havia cancelado e ele respondeu que não.

Quando ela perguntou se estava doente, Elvis disse que estava bem e que ela não deveria mais perguntar nada, que não deveria acreditar em nada do que lesse. Num livro chamado Elvis Where Are You? é citado o caso e que miss Foster teria confirmado tudo, num teste de detetor de mentiras. Ainda, no dia seguinte ao da morte, uma ex-amante de Elvis, Lucy De Barbon, recebeu uma rosa pelo correio. O cartão dizia que era de "El Lancelot", o apelido que ela usava para Elvis, que ninguém mais sabia.

Numerologia e banheiro: Elvis era fascinado pelo assunto desde que leu o Livro de Números de Chiro. Se ele forjou sua morte, deve ter pensado que 16 do mês 8 de 1977 completava uma soma de 2001. Era o título do filme favorito do Rei, em que o herói planeja sua imortalidade no banheiro. Elvis passava muito tempo fazendo o mesmo. Tinha até uma espécie de poltrona reclinável na privada. E foi no banheiro que dizem ter achado o corpo de Elvis.

Motivo: ele tinha razões para forjar a morte. Estava com a vida em perigo. Perdera US$ 10 milhões numa transação com uma organização californiana chamada "Fraternidade", que tinha ligações com a Máfia. Há quem especule que ele teria revelado a ação do crime organizado, em troca de proteção, talvez na forma de uma nova vida e uma nova identidade. Aos 42 anos, sua carreira ameaça declinar. O cabelo estava embranquecendo, estava muito acima do peso e a voz enfraquecia. O que oferecia condições para um final abrupto.

Meios: Elvis tinha os meios para fingir a própria morte. Acusaram-no de se destruir com remédios, mas ele entendia muito do assunto. Tomava muitos remédios, mas sabia o que estava fazendo. Sabia tomar remédios para criar um estado de morte aparente. Além disso, como perito em artes marciais, sabia reduzir sua pulsação cardíaca e sua respiração para fingir que estava morto.

O coronel Tom Parker, o admininistrador dos negócios de Elvis, criou uma nova identidade para si, quando chegou aos Estados Unidos como um imigrante ilegal da Holanda. Virou outra pessoa, com passaporte, certidão de nascimento, carteira de motorista e de previdência social. Ele poderia fazer o mesmo com Elvis. Além disso, Elvis tnha ligações oficiais e usava documentos reais com o nome de John Burrows.

Ficam aí as "Evidências", sem dúvida elas irão servir de prato cheio para os fãs do seriado "arquivo X", onde são mostrados os mais diversos meios conspiratórios do governo americano. Será que Elvis está por aí, rindo de tudo isso e se divertindo com toda esta história!? A verdade está lá fora...

Texto publicado no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 86

Secretamente em Graceland
Uma visita a Graceland, a mansão onde viveu, amou e morreu o maior ídolo popular do século XX

Eu percebi o problema no momento em que tirei meu carro alugado no "Elvis Presley Boulevard" e o coloquei irregularmente no complexo Graceland. Logo na entrada, na cabine do guarda, um letreiro ordenava a todos os jornalistas a se reportarem imediatamente para o escritório. Outro letreiro também dizia que o preço do estacionamento era fixado em 2 dólares.

Contudo eu odeio de ter que pagar estacionamento assim como receber ordens, como jornalista que sou, segui em frente mesmo com uma certa desconfiança. Encobri meu caderno assim como meu gravador no banco do carro e fui para a estrada economizando assim meus 2 dólares.

Eu fui à mansão Graceland não como repórter, mas como fã de longa data de Elvis Presley. Para mim ele foi realmente um Rei e um dos poucos heróis do século XX, um homem que se fez por mérito próprio e que detonou uma revolução cultural que quebrou todas as barreiras que amarravam a música popular norte americana.

Graceland é hoje uma das atrações mais visitadas dos Estados Unidos. Na verdade Graceland se localiza em um dos subúrbios de Memphis, conhecido como "Whitehaven", sem dúvida é a Disneylândia dos aficionados em Elvis, um rancho no mais puro estilo sulista onda a memória do eterno Rei do Rock é constantemente venerada. O Elvis aqui é jovem, magro, bonito e livre das drogas, em nenhum lugar aqui há qualquer indício dos seus anos finais e do seu trágico fim. "Nós ignoramos isso" disse Jack Soden, Presidente da EPE e um dos diretores executivos de Graceland à revista "Forbes" em 1999. Não se pode ignorar que esta mansão, hoje, é uma fábrica de dinheiro operada como o maior bem da família Presley.

Depois do estacionamento você dirige através da rua de Graceland denominada "Graceland Plaza" - na verdade um moderníssimo lugar com toda a comodidade de um verdadeiro Shopping Center. O Plaza consiste de vários estabelecimentos comerciais que vão desde lojas de presentes, restaurantes, um deles chamado "Heartbreak Hotel", até sorveterias e o famoso museu automobilístico com os carros do astro do rock.

A primeira parada antes de efetivamente entrar na mansão é o guichê onde você paga U$$ 15,95 para ver um filme de 20 minutos sobre a vida de Elvis e sua carreira incluído aí também um turnê pela propriedade do cantor. Você passa então pelos famosos "Portões musicais", uma bela obra de arte moderna onde estão representados a figura de Elvis e diversas notas musicais. A partir deste ponto você pode se considerar dentro do reino de Elvis. Graceland é uma bonita casa de classe média alta, na qual qualquer doutor de Nova iorque ou Beverly Hills sentiria conforto. A sua fachada principal é composta de quatro majestosas colunas Greco-romanas. A casa se parece muito com outra famosa residência, a casa branca. Eu notei com interesse que todas as janelas, inclusive às do segundo pavimento onde Elvis morreu são decoradas com grades pretas que estariam suficientemente familiares em qualquer vizinhança de Miami ou Washington, mas um tanto desconcertante e complicado na casa do querido ídolo. À frente da porta nos encontramos com o primeiro dos 12 guias que com os quais passamos através da casa. Estes guias nos passam a ortodoxa história de Elvis. Uma das mais interessantes é que Graceland é assim chamada em uma homenagem a uma tia do dentista que construiu a mansão em 1939. "Graceland" quer dizer a terra da tia Grace. O guia nos explicou ainda que a ninguém era permitido subir ao segundo pavimento, porque esta era a área privada do Rei e deveria ser mantida assim. Mas Porque? Será que aquelas histórias bobas que Elvis está vivo são verdadeiras e ele está lá em cima!?

As luzes que vinham do primeiro pavimento eram da sala de refeições, com duas gigantescas fileiras de lustres luxuosos. Na sala de estar um conjunto de sofás brancos, aliás a casa toda é decorada em azul, branco e dourado, assim como espelhos que se podem encontrar em praticamente todos os cantos da mansão. Interessante são as diversas câmeras de circuito interno suspensas por todo o teto. Uma insana história diz que Elvis gostava de espionar os seus convidados através destas câmeras. Quem sabe se isto foi verdade? De qualquer maneira você não escapa do sentimento de estar sendo vigiado por todo este lugar. Parado no saguão, não se pode escapar ao instinto de se dar uma olhada na escadaria que leva ao quarto de Presley, onde ele morreu em 1977. Quando uma criança se moveu para sentar-se na escadaria, apareceu um segurança vindo não sei de onde e a tirou de lá.

Andávamos tranqüilamente, antes que o guia nos dissesse que fossemos mais cuidadosos, pois estávamos descendo as escadas em direção ao porão da casa. Elvis colocara espelhos em cada lado das escadas, assim como também no teto. O guia então nos avisou para não olhar para os espelhos do teto pois isto iria nos deixar tontos e poderia ocorrer até um acidente. Estampadas na entrada do porão estavam as seguintes frases: "Descendo minhas escadas" e "correndo oito milhas", bem, deve ser algum tipo de piada que só Elvis e seus amigos sabiam o significado. De certo modo o porão era até confortável, mas como sou claustrófobo aquele lugar frio e sem janelas mais parecia um túmulo. Todo o lugar era coberto com papel de parede. E quando digo coberto incluo até o teto. E não era qualquer papel de parede, era um tecido oriundo de alguma tribo africana. A única coisa que faltou mencionar foi um canário o qual eu descobri após dois minutos de insistente canto no ar.

Fomos então para a chamada "Sala das Selvas". O teto aqui não era de papel de parede, mas era decorado com o mesmo carpete verde e felpudo que foi decorado o andar. Mais um ataque de claustrofobia, porém o que mais me atacou foi uma desagradável ofensa ao estilo polinésio contida nos móveis de madeira que mais pareciam fúteis imitações ao estilo original. As cadeiras eram decoradas com a mais visível pele de macaco falsificado. O guia nos disse então que Elvis comprara tudo aquilo em menos de 5 minutos numa loja de quinquilharias de Memphis. Foi aqui que Elvis gravou seus dois últimos discos "From Elvis Presley Boulevard" e "Moody Blue".

Bem, mas o que faltava a Elvis como decorador certamente lhe sobrava como cantor. Ocorre um verdadeiro impacto quando você conhece a "Sala dos Troféus". Aqui você tem uma idéia do enorme sucesso da carreira de "The Pelvis". Nesse lugar, num corredor aparentemente sem fim estão suspensos os 193 discos de ouro e platina que ele ganhou em sua maravilhosa carreira. Ninguém possui tantos discos, sendo que Elvis é o maior recordista de vendas de discos da história mundial. A morte do Rei é o fim da turnê. O último guia nos informa que Elvis morreu no dia 16 de agosto de 1977 de "arritmia cardíaca". A parada final foi no "Jardim da meditação" onde estão enterrados Elvis, sua mãe Gladys, seu pai Vernon e sua avó Minni Mae. Elvis Presley jaz sob uma lápide de bronze onde estão inscritos algumas palavras de seu pai Vernon. No texto, entre outras coisas está escrito que "...Elvis foi um precioso presente de Deus". Sem dúvida, não só para sua família, mas também para as centenas de milhares de fãs do Rei do Rock'n'Roll ao redor do mundo.

Texto publicado no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 85

Lisa Marie Presley
Filha única de Elvis. De novo solteira. Herdeira de 300 milhões de dólares.

Na fila de supermercado Mayfair, em Los Angeles, Califórnia, numa tarde de sábado, de jeans, casaco escuro, óculos de sol e um chapéu desajeitado, Lisa Marie Presley não tem nada de Lisa Marie Presley.

Toda semana, para a devolução de uns trocados, ela entrega os cupons de descontos que recortou dos jornais, bem como latas e garrafas retornáveis. Sua compra mais exagerada, recentemente, foi uma dúzia de vestidos estampados em motivos florais - 39 dólares cada um. O supermercado da semana é um momento banal de uma vida extraordinária.

Os eventos e as personalidades que definiram Lisa Marie são enormes e apavorantes: filha única de Elvis Presley; filha da incrível Priscilla, que conseguiu transformar o espólio de Elvis de um desastre financeiro num estrondoso sucesso comercial; e por um curtíssimo espaço de tempo mulher de Michael Jackson. Lisa Marie vai herdar um império de 300 milhões de dólares construído sobre a nostalgia de Elvis. E, no entanto, toda semana ela entra na fila, bolsa na mão, parecendo mais uma econômica dona de casa do que uma herdeira multimilionária - a cada compra, ela confere o sentido de um pequeno investimento de normalidade.

Suas tentativas de levar uma vida normal beiram o heroísmo. Sua casa fica no bairro de Hidden Hills, 50 quilômetros ao norte de Los Angeles. A maioria das 500 casas aqui é de residências modestas. No ponto em que a rua principal termina, há uma gigantesca estrutura, com recuo de aproximadamente 9 metros da rua. É aí que fica a casa de quatro quartos e três banheiros de Lisa Marie Presley, adquirida por 2,63 milhões de dólares em 1993.

O ídolo fez 860 shows e 33 filmes. A grana evaporou

Quando morreu em 1977 o testamento de 13 páginas de Elvis Presley determinava que Lisa Marie seria sua única herdeira e beneficiária. Aos 25 anos, previa o testamento, Lisa assumiria a fortuna de Elvis Presley. Mas que fortuna? Embora tenha sido o maior vendedor de discos da história, tenha estrelado grandes sucessos de bilheteria no cinema, e ainda tenha feito pelo menos 860 shows (fora suas apresentações anuais em Las Vegas), deixou patrimônio de cerca de U$$ 5 milhões, resultado da má administração de sua carreira e suas finanças pelo seu empresário, Coronel Tom Parker. Ao morrer, Elvis, que poderia ter um bilhão de dólares, tinha 1.055,173 dólares em sua conta corrente e tinha Graceland, sua casa em Memphis, que comprara em 1957 por cem mil dólares.

Vernon, pai de Elvis, morreu em 1979, e Priscilla, aos 34 anos e sem nenhuma experiência empresarial, assumiu o comando. De cara, arriscou os últimos 500.000 dólares dos bens líquidos do espólio para transformar Graceland num museu, antes do quinto ano de aniversário da morte de Elvis. Foi um empreendimento arriscado, mas a idéia de Priscilla obteve um êxito espetacular. O investimento original foi recuperado em apenas 38 dias. Em poucos meses, milhões de dólares estavam sendo gerados por Graceland, graças ao fascínio imorredouro da lenda de Elvis. Graceland é hoje uma das seis atrações turísticas particulares mais visitadas dos Estados unidos.

O recruta Elvis conheceu Priscilla Beaulieu em 1959, quando estava aquartelado com o exército americano na Alemanha. Priscilla tinha apenas 14 anos. Ela deu à luz Lisa Marie em Memphis no dia 1 de fevereiro de 1968. A menina foi supermimada. Antes de andar, Lisa já tinha um pônei. Quando completou seis anos, Elvis comprou para ela um casaco de peles, um broche de diamantes e um carrinho de golfe. Um ano depois, comprou um jato de passageiros azul e branco ao qual deu o nome de "The Lisa Marie".

O casamento dos pais acabou quando ela tinha 4 anos. Priscilla levou a filha para Los Angeles. Quando Lisa viu o pai novamente, seis meses mais tarde, ele já estava viciado em drogas. No dia 16 de agosto de 1977, o coração de Elvis Presley parou de bater, depois de uma aparente overdose de drogas. Lisa Marie estava em Graceland. Enquanto enfermeiros administravam respiração boca a boca no pai, Lisa ficou encostada na porta, soluçando.

Lisa, uma garota problema
Nos anos que se seguiram Lisa freqüentaria uma série de escolas particulares. Era uma péssima aluna. Uma garota problema. Quando completou 12 anos, sua mãe matriculou-a numa escola da cientologia. Aos 14 anos, Lisa começou a fumar maconha e a tomar drogas. Susan Jenkins, sua amiga de escola, diz que as colegas queriam se aproximar dela e a melhor forma para isso era oferecendo drogas a ela: "Lisa dizia que aquela era a única vantagem da celebridade", recorda Jenkins.

Lisa conseguiu se livrar dos problemas com as drogas e hoje a cientologia (uma mistura de religião e ciência, muito popular entre as celebridades dos Estados Unidos) é o ponto focal em sua vida.

Em 1986, Lisa envolveu-se com Danny Keough, jovem contrabaixista de uma banda de rock que não chegou a fazer sucesso. Os pais dele eram professores da cientologia. No início do outono de 1988, Lisa anunciou a sua mãe que estava grávida de Keough, então com 24 anos. Lisa Marie tinha 20 anos. Ela e Danny casaram-se no dia 3 de outubro de 1988. Oito meses depois, ela deu à luz Danielle Riley, a primeira neta de Elvis Presley. O filho Benjamin nasceu pouco antes do casal se separar amigavelmente.

Depois Lisa se envolveu com Michael Jackson, mas o seu casamento estava desde o início destinado ao fracasso. Lisa cansou de encobrir o homossexualismo e a pedofilia do cantor. Lisa acabou sendo usada para tentar provar ao público americano que Michael Jackson era um "macho viril", claro que não deu certo!

Neste meio tempo, Lisa Marie posou para a vogue americana. Seus cabelos estão curtos, tingidos de preto e com aquele ar absolutamente inconfundível de Elvis Presley - ela é a cara do pai. Seus planos para o futuro são "evitar celulite e retenção de água a qualquer custo". Ela não faz nenhuma menção a seu império empresarial. Não faz também menção a Michael Jackson. Refere-se rapidamente a seu desejo de se tornar cantora: "Se não der certo não vou insistir". Tem um certo receio do público compará-la a Elvis. Sua carreira deslanchando ou não, o certo é que Lisa Marie estará todo sábado empurrando seu carrinho no supermercado.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 84

Elvis está vivo - e faturando
Unindo o bamboleio do corpo ao balanço da música, o rei do rock - morto há vinte anos - se tornou o ídolo mais rentável do planeta

Nem a morte conseguiu matar Elvis Presley. Neste fim de semana, cerca de cem mil fãs de várias partes do mundo estão em vigília de vela na mão, em frente a Graceland, Memphis, a mansão em que Elvis morou e de onde passou para a eternidade no dia 16 de agosto de 1977. Os hotéis estão lotados: a galera acampou pelas calçadas e parques. Todos vão visitar, em procissão, o túmulo do Rei do Rock, no jardim de Graceland, e comprar souvenirs. Acontece todo ano. E Elvis está mais rico do que nunca.

Ao morrer, deixou uma fortuna avaliada em pouco mais de 5 milhões de dólares, venda de mais de um bilhão de discos e salários de 33 filmes (grandes sucessos de bilheteria) em que participou. Sua filha Lisa Marie herdou tudo. Graças a gerência da ex-mulher Priscilla, o espólio de Elvis vale agora mais de 300 milhões de dólares.

Rei morto, Rei posto. Mas não Elvis, que já ultrapassou a categoria de mito e virou instituição nacional, ícone popular, acima de James Dean, que ele adorava, e Marilyn Monroe. Como marca registrada, é o exemplo mais poderoso de capacidade de renda póstuma - gerou uma indústria de meio bilhão de dólares. É venerado por mais de 500 fãs-clubes internacionais; acadêmicos estudam o fenômeno e sua influência na cultura americana; especialistas escrevem sua biografia; existem restaurantes (dez projetados nos EUA e diversos países) com cardápio Elvis (sanduíche de manteiga de amendoim e banana frita, entre outros pratos gordurosos); e a venda das gravações de Elvis, que há muito ultrapassou um bilhão de discos e CDs, e continua a crescer à medida que o mercado se expande (China e Rússia) e novas gerações o descobrem.

Ainda se debate o que teria feito de Elvis o Rei do Rock'n'Roll. Equipamento necessário, ele certamente tinha: voz, interpretação, visual, machismo. Mas dizem especialistas em comportamento social, um elemento "cósmico" também impulsionou este fenômeno. Quando Elvis surgiu na sala de milhões de americanos, muitos já ansiavam por uma variação no rock-balada e nas canções da época e por escapar do racismo que separava a sociedade dos EEUU (Elvis era admirado por músicos negros e os freqüentava socialmente, fato raro no sul racista dos anos 50. Elvis ia aos serviços de igrejas protestantes de negros para cantar hinos gospel).

O rádio perdia seu público para a televisão e procurava capturar os jovens com o tipo de música criada ao gosto dos adolescentes. Embora as "bobby-sockers" (mocinhas de meias soquetes brancas) desmaiassem por Frank Sinatra, nenhum intérprete ainda tinha incendiado multidões, nem era tão adorado por homens e mulheres, adolescentes e senhoras. Elvis foi a primeira grande celebridade da música Pop.

Imortal foi um destino diferente do que ele sonhou em criança; queria ser motorista de caminhão, daí o topete lustroso, típico da profissão, na época. Tinha 17 anos e começava a dirigir, em 1953, ao gravar um demo no Memphis Recording Service. Não gostou, mas Sam Phillips, da Sun Records viu potencial naquela voz de barítono. Tinha achado, disse mais tarde, "um branco que cantava com sentimento de negro". O resto é história. Não importam as lendas - com quem Elvis transou, ou não transou, e por quê; se tinha fetiche por mocinhas; fixação na mãe; a cor dos cadillacs; as drogas que tomava; as circunstâncias de sua morte - Elvis continua vivo por sua música.

O fato é que Elvis recriou a música popular. Transmitiu sua arte de um modo que ninguém mais soube imitar na época ou agora e, sem pretender fundiu dois gêneros musicais extremamente relevantes: country e blues para criar um tipo híbrido de entretenimento popular, o Rock'n'Roll. Talvez porque muitos não entendessem que assistiam a uma revolução, e não ligassem a figura empevitada de Elvis à música em si, ficaram mais ligados à moralidade do evento. Críticos se recusaram a ver que aquela ginga frenética era o cantor que se movia ao balanço da música; era parte da perfomance. Elvis mudou não apenas sua própria cultura, ele mudou a cultura da América. Elvis foi, desde muito cedo, influenciado por artistas que cantavam nos clubes da histórica Beale Street, em Memphis (Bluesmen como Muddy Waters e Johnny Ace), e pelos gospels negros nas igrejas que lhe deram senso de ritmo. Disse Elvis uma vez à platéia: "Todos sabem que Rock'n'Roll, na base, é apenas a junção de country music e blues". Elvis foi o primeiro cantor branco a se abandonar languidamente e completamente na música e por isso se tornou eterno.

Ao lado do grande artista se formou também um homem torturado pela fama e pela impossibilidade de ser uma pessoa comum. Certa noite, no natal, muito triste Elvis gastou 85 mil dólares em presentes. Outra vez, comprou 14 cadillacs de uma só vez e deu um deles de presente para uma senhora negra que vinha passando na rua. Assistia a três canais de TV ao mesmo tempo e se entediava com todos. Alugava cinemas para sessões fechadas, só com alguns amigos, deu um mercedes ao seu médico particular, comprou dois aviões para suas viagens (apesar de morrer de medo de voar); Tinha tudo que o dinheiro podia comprar mas nunca se sentiu realmente feliz. As drogas foram sua válvula de escape e acabaram o levando à morte. Sua namorada na ocasião, Ginger Alden o encontrou morto de manhã, caído de bruços, no banheiro forrado de pelúcia de Graceland. Elvis Presley foi um grande artista, mas uma pessoa extremamente infeliz na sua vida particular.

Tudo isso agora é passado. Elvis ainda é o artista que mais vende CDs nos Estados Unidos, Seu último lançamento está vendendo assustadoramente. Elvis Presley está morto? é uma questão de ponto de vista. Muito roqueiro já famoso daria a vida para ter tanto sucesso e lucro.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 83

A Última Noite de Elvis Presley
"Na noite da morte de Elvis Presley em agosto de 1977, seu meio irmão Rick Stanley foi um dos últimos a vê-lo com vida. Rick Stanley prestou depoimento que se segue à revista People, mostrando aspectos ternos da personalidade de Elvis, embora sem fugir à realidade das drogas e do sexo. A vida com Elvis Presley, diz ele, era realmente sexo, drogas e rock'n'roll".

"Uma tarde minha mãe chegou em um bonito continental com um cara que era um perfeito estranho para mim. Saí da escola, e minha mãe estava no banco de frente com o cara, que nos apresentou como nosso novo pai, Vernon Presley e nós três (Rick e seus dois irmãos) fomos colocados no banco traseiro". Bem deixamos a escola e nos dirigimos para a mansão, Graceland. E de repente eis uma grande, bela casa. A primeiríssima coisa que notei foi aqueles guarda-costas - aqueles camaradas andando em volta com grandes armas debaixo do braço.

Dentro, andei num corredor cheio de espelhos e achei maravilhoso que aqueles grandes discos de ouro estivessem por toda parte. Elvis estava de pé junto ao toca-discos ouvindo música. Ele atravessou a sala, e eu soube na primeira vez que eu encontrei esse sujeito que ele era diferente. Então Elvis disse: "Estes são meus pequenos irmãos. É assim mesmo que eu vou tratá-los". Aqui está este cara, tão grande quanto a vida, 19 anos mais velho que eu, e ele nos torna em sua família. Elvis era uma pessoa realmente especial.

Na manhã seguinte eu saí, e lá estava ele. E também pôneis, gatos, cachorros, motonetas, bicicletas, e calções para nadar. Ele e seus empregados tinham ido à loja para comprar todos aqueles brinquedos só para mim e meus irmãos. E Elvis quebrou o hábito de dormir o dia todo só pra ver meu rosto brilhando quando vi aquilo tudo.

Eu me senti muito em casa quando estava em Graceland. Vivemos com Vernon como vizinhos de porta, e quando Elvis estava em casa, eu ia vê-lo. Elvis adorava assistir ao futebol. Eu segui seu exemplo, e passávamos horas e horas no quintal. Um dia ele decidiu que queria consertar as cercas. Saiu e com um martelo e pregos, e enfiou dez pregos em uma tábua só, feito criança.

Quando eu tinha 17 anos, estava começando nas drogas e Elvis deu a entender que poderia ajudar a endireitar as coisas. Queria que eu fosse trabalhar com ele como seu auxiliar pessoal, mas sabia que seria difícil convencer minha mãe a me deixar pôr o pé na estrada. Então ele disse que eu teria um tutor especial, poderia estar na igreja todas as manhãs, todas aquelas coisas diferentes.

Minha primeira viagem foi a Washington. Estávamos no avião, ele à janela, e eu à sua direita. Elvis apenas olhou pra mim e disparou: "eu sou seu professor" - com aquele grande riso em sua face. "vou ensinar tudo o que você precisa aprender, e, portanto tudo o que você vir ou ouvir no caminho, não diga nada em casa ok?"

Fomos para o hotel, ficamos cinco minutos, e todas aqueles garotas estavam lá. Todos aqueles caras tinham posto garotas a nos esperar! Nenhuma das esposas teve permissão para sair em viagens conosco e aquela era um das razões. Elvis olhou para mim e disse: "Tem duas meninas que eu arranjei e estão vindo para cá. Joyce e Janice". Ele era um homem casado e não arranjou só uma garota, arranjou duas!!

Era a noite em que Elvis me iniciou naquilo que apelidava de "Máfia de Memphis". Chamou-me às quatro ou cinco da manhã e me mandou procurar um chessburguer, Washington afora. Era dezembro de 1970, tempo gelado. Quando disse que queria chessburguers, eu respondi: "Onde vou encontrá-los?" e ele disse: "Isto é com você, se vira". Liguei para o vigia noturno, ele não sabia. Então eu literalmente me lancei nas ruas da capital e encontrei um lugar. Coloquei os chessburguers dentro do casaco e corri todo o caminho de volta para o hotel. Subi as escadas, entrei no quarto, e uma das garotas estava lá. Peguei os chessburguers e estendi para Elvis, e ele disse: "Não quero. Eu estava só lhe experimentando, para ver se você é capaz de fazer coisas assim".

Muitas vezes eu tomei conta dele quando estávamos na estrada. Ficou claro que precisava cuidar de toda a comida. Cuidei do guarda roupas e das jóias, escureci as janelas para o sol não entrar, arrumei o quarto e carreguei o kit que continha todos os remédios (drogas) dele. Também cuidava de seus documentos como a carteira de agente especial do FBI que lhe foi dado pelo presidente Richard Nixon. Quando estava fora do palco era minha responsabilidade pôr uma toalha em volta de seu pescoço, um copo de água na mão, um casaco nas costas. Normalmente, no carro, ficávamos ele e eu no banco de trás, com alguém dirigindo.

As garotas estavam sempre à mão. Era só apanhar a que ele queria. E ele queria uma a cada noite. Tinha de ter alguém na cama. Não penso que o sexo fosse o motivo principal o tempo todo. O fato era que odiava ficar só. Se não houvesse uma garota eu dormia ao pé da cama.

Eu sempre instruía as garotas que passavam a noite com Elvis. Dizia o que ele gostava e não gostava. Dizia que se as coisas deveriam andar do jeito correto. Dizia que Elvis gostava de comer na cama, então eu colocava um espécie de mesa sobre a cama. Dizia que Elvis sempre comia e dormia de pijama, e que eu deixava alguns de seus pijamas em cima da banheira para elas. E dizia que Elvis insistia que todas as pessoas em volta dele estivessem limpas, portanto elas deviam tomar banho antes de colocar os pijamas.

Elvis sempre pareceu solícito. Importava-se com as pessoas. Seus atos de generosidade para com gente totalmente estranha estavam em toda parte. Posso lembrar crianças em cadeiras de rodas vindo atrás do palco antes dos concertos e Elvis visivelmente comovido e estremecido. Ficávamos até preocupados, pensando se ele seria capaz de cantar em situações assim.

Na última noite de sua vida, eu acabara de desligar o telefone. Falava com minha namorada, Robyn. Através dos anos ela me encorajava a largar as drogas, e, quando estava pendurando o telefone, ia dizer que alguma coisa precisava acontecer para trazer minha vida de volta. Subi as escadas e sentei na cama com Elvis. Ele puxou os óculos sobre o nariz - tinha aquela espécie de olhar cortado ao meio - e encostou o canto dos óculos na boca. Realmente pareceu frio. Suas costeletas estavam grisalhas. Estava muito maduro. Parecia muito, muito cansado, não fisicamente cansado, mas emocionalmente gasto.

Enquanto sentávamos e conversávamos um pouco, ele me entregou um pedaço de papel, a resenha do livro "Elvis, o que aconteceu?" escrito por seus guarda-costas. Falava do abuso de drogas e de sua vida particular. Fez duas perguntas: "O que Lisa Marie vai falar disso?" e eu não tive muito a responder. Apenas disse: "Bem, ela é sua filha. Estou certo que ela te ama". E então me perguntou: "O Que os fãs vão pensar disto?", e mesmo sem pensar eu fui capaz de dizer: "Bem, eles te amam incondicionalmente".

Ele falou durante muito tempo. Uma viagem começava no dia seguinte e ele não estava excitado sobre isso tudo. Quando eu ia embora, Elvis disse: "Não quero ser perturbado, não quero ser aborrecido". Muitas vezes eu tinha visto Elvis fora de si quando ia ao banheiro, ficava sentado e caía. eu tinha de levantá-lo quando aquilo acontecia. Muitas vezes. E esta é a minha teoria sobre a morte de Elvis. Veja aquele tapete grosso. Grande, Grosso. Naquela noite, quando ele caiu pra frente, sendo tão pesado, e estando fora de si, não conseguiu levantar-se com suas próprias forças. E sufocou no tapete.

"Alguém disse uma vez que as três palavras mais ouvidas no mundo ocidental eram: Jesus, Coca-Cola e Elvis Presley. Quando você pára e pensa em usar essa fama para alguma coisa boa, bem, então eis aí um final feliz"

RICK STANLEY largou as drogas e com o apoio de sua namorada Robyn conseguiu sobreviver e retomar sua vida. Hoje Rick é pastor na Igreja Batista de Tallahasse, Filadélfia.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 82

Estará o mais popular gênero musical do século XX morto?

Estava andando pela quinta avenida na última sexta feira quando me deparei com a maior, senão a melhor loja de CDs da costa leste dos Estados Unidos. Resolvi entrar, atitude que tomei não só em razão da minha profissão de crítico de música, mas também porque queria conhecer os novos lançamentos para completar minha coluna aqui no "New York Times".

Lá dentro fui atendido por uma moça muito bonita e atenciosa. Perguntei logo: "Quero o CD mais vendido da loja na semana na categoria Rock". Prontamente me atendeu e me deu um CD de Elvis Presley!!! Como assim Elvis!? Como um cantor que não está mais vivo pode liderar a parada dos mais vendidos na maior loja da grande maçã? Logo o Rock que é o gênero musical dos jovens por excelência. Ela, vendo minha surpresa me disse que o Cd era vendido não só para os antigos fãs do cantor como também para jovens na faixa de idade de 17 a 23 anos.

Fiz uma conta rápida e cheguei a conclusão que muitos destes jovens sequer tinham nascidos quando o garoto de Memphis incendiava a América. Neste dia eu senti a grandeza e o valor do velho e bom Elvis.

Acompanhei toda a sua carreira, desde os anos iniciais, quando ele se tornou o maior nome da música jovem até os seus últimos shows e discos. Elvis foi grande num tempo em que todos eram gigantes em termos musicais. A cultura jovem nasceu com James Dean e Elvis Presley nos anos 50. Ser jovem passou a ser um orgulho e como disse Timothy Leary "Foi ótimo ter vivido os anos 50 e 60".

Dean se espatifou com seu carro e morreu logo, ficou pra sempre com o rosto de 24 anos, virou mito. Elvis viveu ainda 42 anos e teve uma vida intensa com altos e baixos na sua carreira, mas sempre lá marcando presença. Como estes também Hendrix, Morrisson e Joplin viveram tudo o que tinham direito e não conseguiram suportar o peso de sua própria liberdade. Viraram martires dos jovens de todo o mundo. Viver logo e intensamente. Carpe diem. Herdeiros tardios do Lord Byron.

Mas fica a questão: Será que nada mais de relevante ocorreu no Rock'n'Roll depois da morte de Elvis? A resposta é: Só o Nirvana trouxe algo de novo, mas Kurt Cobain fez jus aos seus ídolos e estourou seus miolos muito rápido. O legado de ser o maior no mundo do Rock traz seu preço. Depois disso, nada mais aconteceu de importante no ritmo das rochas rolando. A não ser que você goste de produtos de marketing de péssima qualidade (Guns'n'Roses) ou vovôs ridículos posando de adolescentes imaturos (Rolling Stones).

Pois é. O rock acabou virando vítima de seu próprio modo de encarar a vida, ou a morte. O gênero de Elvis, Chuck Berry, Beatles e tantos outros está morrendo aos poucos. como disse Lennon no final de sua vida: "Se você ficar muito tempo neste negócio de Rock'n'Roll acaba sendo apanhado".

PS: acabei comprando o CD de Elvis e estou adorando.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 81

O Último Trem para Memphis
A Primeira vez que Elvis Presley entrou em um estúdio de gravação foi no verão de 1953, com 18 anos. Ele parecia tão inseguro que Sam Phillips, proprietário da Memphis Recording Service, achou difícil de acreditar que o rapaz já houvesse cantado em público antes. "Ele tentou não demonstrar isso... mas ele se sentiu tão inferiorizado... Elvis Presley foi provavelmente a pessoa mais introvertida que já entrou naquele estúdio". Elvis tinha acabado de se formar no colégio em Junho. Estava trabalhando como motorista na M.B. Parker Machinists, e entrou no estúdio com a certeza que queria gravar um disco. O Memphis Recording Service ficava na 706 Union Avenue e era quase exclusivamente um gravadora de Blues naquela época. Funcionava sob o comando de um homem de 31 anos, Sam Phillips. A gravadora fazia promoções para quem quisesse gravar um compacto de forma mais barata e acessível. E Elvis foi uma das muitas pessoas que pagaram 4 dólares para gravar um compacto com sua própria voz.

Elvis esperava extremamente nervoso numa salinha ao lado, enquanto o pequeno estúdio era preparado para a gravação. A gerente do escritório de Sam Phillips, Marion Keisker, chegou a interromper seu trabalho por sentir pena do estado de nervos que o rapaz se encontrava. Eles conversaram um pouco enquanto Phillips fazia os acertos finais no estúdio. A conversa foi se alongando, e Marion confusa com a ousadia e "arrogância" do garoto tímido. Ela perguntou: "Que tipo de cantor você é?" "Eu canto qualquer tipo de música", respondeu Elvis. Ela voltou a perguntar: "Você canta parecido com quem?" Elvis Presley respondeu de primeira: "Eu não me pareço com ninguém".

O que ele disse estava próximo da realidade. As duas canções que ele gravou naquele dia - "My Happiness" e "That's When Your Heartaches Begin" - atestam que Elvis não só era diferente de qualquer outro cantor, como também havia uma grande qualidade em sua voz, um tipo de melancolia, de lamento que não se alterava e que grudava na mente. Elvis soava diferente de tudo. Felizmente Sam Phillips não era do tipo de empresário que olhava apenas para as tendências do mercado. Se fosse, Elvis não teria a menor chance. Ao longo de toda sua carreira Phillips sempre acreditou na individualidade e na criatividade. Por exemplo: o segundo grande sucesso na sua gravadora naquele verão (o primeiro tinha sido "Bear Cat" de Rufus Thomas, uma resposta a "Hound Dog" de Big Mama Thornton) foi com um grupo vocal de negros chamado The Prisionaires, que na época era eram presidiários de Nashville.

Continuando sua relação com o grupo, Phillips conseguiu uma nova canção de outro presidiário, cuja voz fez Sam se lembrar daquele rapaz que havia gravado em seu estúdio algum tempo atrás. Imediatamente, Sam pediu que Marion chamasse o garoto ao estúdio. Já havia se passado quase dez meses desde que Elvis gravara seu acetato, com aquele velho sonho de ser "descoberto". Ele já estava quase desistindo de se tornar um artista. Ainda assim, tentava de qualquer jeito entrar para os Songfellows - um tipo de Blackwood Brothers mirim, que era o grupo número 1 Gospel do país e pertenciam a Assembléia de Deus, a mesma Igreja que Elvis Freqüentava. Elvis foi a gravadora e sua audição foi decepcionante. Quando muito a demo de "Without You" lembrava "My Happiness", que ele já havia gravado no compacto. Depois, Elvis cantou para Phillips trechos de músicas que conhecia - "Harbor Lights" de Bing Crosby, "If I Don't Care" de Dean Martin, "tomorrow Night" de Lonnie Johnson, "I Really Don't Want To Know" de Eddy Arnold. Todas baladas e todas cantadas com aquela voz melancólica perdida em algum lugar entre a súplica e o desejo.

O que intrigou Sam Phillips é que o rapaz colocava cada uma de sua emoções em todas as canções. Era como se ele não pudesse controlá-las. E isso era a base de toda grande gravação que fazia, desde que abriu seu estúdio em 1950. Pela Sun Records já haviam passado B.B.King, Howlin Wolf e outros. Mas desta vez, com Elvis, Sam teve a certeza de ter encontrado o cantor ideal. Nos últimos meses, Phillips havia trabalhado com um guitarrista chamado Scotty Moore. Moore tinha um grupo chamado Starlite Wranglers, que já havia gravado pela Sun Records. Phillips contou a Scotty sobre o rapaz que cantava baladas. Ao mesmo tempo, Marion disse o nome do cantor para Scotty: "Elvis Presley", soou como "um nome tirado de um filme de ficção científica", disse Scotty.

Sam começou a falar dele e o guitarrista pediu seu telefone e endereço. Talvez eles poderiam se juntar. Talvez o garoto realmente tivesse algo especial. Marion trouxe a informação e numa tarde de sábado no começo de julho, Scotty ligou para Elvis dizendo que era um "caçador de talentos de Sam Phillips e que gostaria de ouvi-lo se ele estivesse interessado, e ele disse que achava que sim" No dia seguinte eles se reuniram na casa de Scotty com o baixista dos Wranglers, Bill Black. Numa segunda feira, 5 de julho de 1954, os três foram até a Sun Records para o que seria apenas um ensaio. No começo nada dava certo. As primeiras músicas que tocaram eram baladas. E os músicos pareciam ainda procurar uma direção a seguir, tocavam trechos de uma música, de outra e de outra novamente, sem atingir o ponto ideal. Estavam totalmente perdidos.

Mas Sam Phillips era muito, mas muito paciente. E ele não deu nenhum sinal que estava ficando aborrecido ou desencorajado. Então, enquanto os músicos faziam uma pausa para o lanche "repentinamente", disse Scotty, "Elvis começou a cantar e a agir como um louco, e Bill pegou o baixo e começou a agir como um louco também e eu comecei a tocar com eles. Acho que Sam estava com a porta do escritório aberta, ergueu sua cabeça e disse: "O que estão fazendo?" E eu disse: "Não sabemos". "Tudo bem", ele disse "tentem encontrar um ponto para recomeçar e façam tudo de novo" A Música era "That's All Right", um velho blues de Arthur "Big Boy" Grudup, e Sam ficou muito mais surpreso do que Elvis jamais imaginaria. O garoto dançava e cantava com um vigor inacreditável. Sam teve a certeza de ter encontrado a música que havia procurado por tanto tempo.

Logo depois de executarem "That's All Right", os rapazes tocaram "Blue Moon of Kentucky" de Bill Monroe, de uma maneira mais ou menos parecida. "Nós achamos aquele tipo de música muito excitante" disse Scotty "Mas o que era aquilo? Era tão diferente de tudo". Não importa. O que realmente importa era que aquela música tinha realmente empolgado Sam Phillips. Assim nasceu o "Rockabilly". A Passagem de Elvis Presley pela Sun Records, representou - em muito aspectos - a descoberta de uma musicalidade latente que nunca apareceu antes. Sam Phillips faria com os novos artistas - os Rockbillys - o que já havia feito com os bluesmen que passaram pela Sun Records. Ele descobriria e produziria caras como Roy Orbinson, Gene Vincent, Jerry Lee Lewis e Johnny Cash. Sam Phillips viu seu papel de "descobridor" como uma missão "que era a de abrir as portas para esse novo grupo de artistas, ajudá-los a expressar a mensagem que carregavam dentro de si"

Sam realmente ficou espantado ao descobrir a capacidade intuitiva de Elvis para a música. "É como se ele tivesse uma memória fotográfica para cada música que ouvia. Elvis jamais rotulava um canção". No estúdio sua vontade era a de trazer para fora toda a criativa diferença de Elvis. Phillips não queria desperdiçar nada. "Eu tinha na mente o que desejava ouvir. Não nota por nota, claro. Mas uma essência. Eu queria simplicidade. Queria ouvir aquele tipo de som e poder dizer: "É isso!". Sam Phillips se orgulhava de sua habilidade como engenheiro de som. Afinal, ele havia trabalhado por mais de dez anos em várias estações de rádio. Phillips trabalhava exaustivamente para criar um som diferente de tudo em suas gravações, combinando clareza, presença e um tipo de reverberação que ele chamou de "Slapback". Quando ele introduziu uma bateria pela primeira vez, no quarto single da gravadora, foi com a idéia de criar um som totalmente específico. Sam acreditava piamente no acidental, no inesperado, no único. Ele confiava na espontaniedade. O que incluía alguns erros. E era assim que os discos de Elvis eram gravados. As gravações de Elvis Presley pela Sun Records são diferentes. Elas jamais soam datadas. Elas diferem-se uma das outras, e refletem as circunstâncias como cada uma delas foi feita.

Sam continuou a gravar baladas que tanto chamaram sua atenção. Só que ele queria também aquele ritmo que surgiu com "That's All Right". Então, cada sessão de gravação era uma questão de esperar os músicos se "transformarem", de fazer de novo aquela simbiose e esperar que a "Luz" se acendesse novamente. Phillips era paciente com todos. com Bill Black era muito mais uma questão de apreciar suas poucas boas qualidades como baixista do que ressaltar seus defeitos. "Bill era o pior baixista do mundo, tecnicamente, mas ele sabia fazer um "Slap" como ninguém", dizia Sam. Para Scotty Moore, Phillips vivia dizendo para que o desse ênfase no ritmo. "Eu dizia a ele: Nós não queremos nenhuma dessas bobagens suaves. Nós queremos uma bobagem aguda e cortante! Tudo tinha que ser pungente, mordaz e ter muito ritmo"

E em músicas como "Baby, Let's Play House" e "Mistery Train" é possível notar a mudança. A guitarra de Scotty Moore é tocada de uma maneira cortante, parecida com o blues de Memphis. Os instrumentos se fundem numa levada que Scotty definiu como "um ritmo total e - Sam não se aborrecia se errássemos uma nota, era só continuar tocando". Em Julho de 1955 o som do grupo estava afinado. "I Forgot to Remember to Forget" era uma canção country que Sam teve que praticamente empurrar Elvis para a gravação. "Ele não queria gravar a música de jeito nenhum, primeiro porque era muito country, e também porque era muito lenta. Mas eu queria gravar para mostrar um pouco mais de diversificação. Então eu disse a Johnny Bernero (o baterista) mantenha isso em 4/4 até entrarmos no coro, então entra o baixo em 2/4. E fazendo isso a música soou duas vezes mais rápida do que era. E Elvis adorou"

Em "Mistery Train" não havia necessidade de nenhum truque. A Canção era a mais espontânea e livre que já havia sido gravada naquele estúdio. "Essa música foi o maior trabalho que eu fiz com Elvis" disse Sam "Era uma grande canção. Puro Ritmo" "I Forgot to Remember to Forget" foi o primeiro grande sucesso nacional de Elvis. Em 1955 ele chegou ao primeiro lugar nas listas de música country e foi eleito o "O mais promissor artista country do país" pela revista Billboard. Foi aí que pintou o Coronel Tom Parker a a RCA Victor na vida de Elvis Presley, mas essa é uma outra história...

Artigo escrito por Peter Guralnick, Jornalista e pesquisador, colaborador de revistas como "Rolling Stone" e "Village Voice" e autor de diversos livros sobre música como os best sellers "Last Train To Memphis" e "Careless Love: The Unmaking of Elvis Presley" contando a história de Elvis Presley. Guralnick é hoje considerado o maior especialista mundial sobre Elvis e o nascimento do Rock'n'Roll.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 80

Elvis, 23 anos esta noite
Faz vinte e três anos que Elvis Presley Morreu. O ano foi 1977, o local, Graceland em Memphis. Além de Elvis o mundo se viu privado neste mesmo ano, também do maior gênio do cinema, Charles Chaplin. Dois acontecimentos, dois ícones que ficarão para sempre na memória dos amantes da música e da sétima arte. O cinema e o rock'n'Roll já existiam antes de Chaplin e Presley surgirem, respectivamente, mas foram eles os grandes responsáveis em transformar estes dois meios de arte em fenômenos de massa. O cinema ainda dava seus primeiros passos quando o genial Chaplin o transformou na principal forma de lazer do americano médio da época, ajudando a transformar a invenção dos irmãos Lumiere em indústria geradora de milhões de dólares ao redor do mundo. Do mesmo modo o Rock'n'Roll era um sub gênero musical, cantado por artistas negros, discriminado e considerado uma forma de arte menor quando Elvis surgiu. 

Elvis Presley transformou este primo pobre do Blues e do Jazz no estilo musical de maior sucesso do século XX. Ambos, Chaplin e Elvis, desta forma abriram o caminho para milhares de artistas e cantores, ambos se identificaram tanto com seus meios que acabaram virando sinônimos perfeitos do Rock e do cinema. Chaplin foi um grande ator e diretor, além de ter ficado conhecido por seu humanismo. Elvis criou a imagem definitiva do roqueiro, ou seja, daquele sujeito alucinado no palco, com roupas extravagantes, cabelo grande e fora dos padrões, empunhando um violão ou guitarra, que canta e dança com furor causando comoção no público. Tão cristalizada é essa imagem que é impossível pensar em um roqueiro agindo de forma diferente. Quem efetivamente inventou esta forma de expressão foi Elvis Presley.

Infelizmente Elvis e Chaplin já se foram e não deixaram herdeiros. Que Pena! Como seria bom comentar sobre o novo disco de Elvis ou a sua próxima turnê, que bom seria descobrir que tipo de artista ele seria hoje aos 65 anos (relativamente novo para os padrões americanos), enfim que bom seria saber que nos dias de hoje ele seria um homem feliz e realizado. Mas, infelizmente, isso não é mais possível. Apesar de todos os boatos e estórias que ele estaria vivo, escondido em algum lugar dos Estados unidos, todos aqueles que realmente estudaram sua vida a fundo, partindo do próprio estado de saúde do rei em seus últimos momentos sabem, sem dúvida, que ele realmente nos deixou.

Elvis Presley deve ser estudado e analisado partindo do pressuposto que ele foi um homem que viveu de acordo com as idéias e as ideologias de seu tempo. Deve-se sempre levar em conta o contexto social da época em que ele viveu. É errado e irrelevante julgar seus atos de acordo com a ideologia do nosso tempo. Muitas pessoas, utilizando estes falsos preceitos o condenam por atos de sua vida particular, outros o idolatram ao ponto de considerá-lo um tipo de messias ou santo (vide a absurda "Igreja Presleyteriana do Divino Elvis"). Estas duas posições estão totalmente equivocadas. Elvis foi um artista, um cantor, um mito, um ícone e antes de qualquer coisa um ser humano, e como tal sua vida foi repleta de erros e acertos. Elvis sempre será lembrado por ter dado a sua contribuição para tornar este nosso mundo um lugar mais alegre e a sua arma para isso foi a sua voz e o seu velho violão, enfim seu talento e sua Arte. Por isso hoje, deve-se antes de qualquer coisa, reverenciar a importância que o rei teve no mundo musical e social.

O mundo não foi o mesmo depois de seu sucesso. Elvis ensinou a todos a se tornarem mais livres, a se divertirem e se orgulharem de serem jovens. "Antes de Elvis não existia nada" disse uma vez John Lennon. Realmente não existia a cultura jovem como a conhecemos hoje, a sociedade era muito mais repressiva aos jovens da época, tudo era muito preso, fechado, impuro. "Elvis com aquela dança dele me deu uma porrada" disse Raul Seixas, o grande nome do Rock Brasileiro, sem nenhuma forma de violência ou tumulto, Elvis mostrou o quanto era bom ser livre, namorar, dançar e se divertir, ele realmente deu uma "porrada" no sistema, apenas com sua ginga e seu som. Elvis revolucionou o modo das pessoas verem o mundo. "Elvis ensinou a América branca a curtir" disse o genial James Brown. Este sempre será o seu maior legado.

Uma das frases mais conhecidas após sua morte foi: "Elvis não morreu". Esta simples frase representa não só a dor daqueles que nunca aceitaram seu falecimento, como também uma verdade. Realmente Elvis não morreu, sempre ele estará vivo quando alguém o imitar nos palcos da vida, sempre ele estará vivo quando alguém ouvir sua música, sempre ele estará vivo quando alguém tocar suas canções por aí. Elvis não morrerá enquanto sua arte não morrer. Sempre ele renascerá no novo fã, naquele que comprar um disco seu pela primeira vez, ou assistir alguns de seus filmes, enfim sempre ele estará presente quando alguém o descobrir de novo.

Não fique triste neste dia. Você quer realmente homenagear o Rei do Rock neste 16 de agosto? Pegue aquele seu disco do Rei e o coloque para tocar, pois aí você realmente entenderá porque o Rei do Rock'n'Roll Elvis Presley nunca morrerá. VIVA ELVIS!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 79

Elvis Presley à mesa
Livro relata os hábitos alimentares do "Rei do Rock", percorrendo as principais fases de sua vida

O culto à Elvis Presley é como um vírus. Você vê de longe, acha graça, quase não entende, mas, quando chega mais perto, pega como um sarampão. Vinte anos depois de sua morte, as locadoras de vídeo, as livrarias, casa de discos e Internet oferecem material para refrescar nossa memória. Foi ontem e já esquecemos. Que História, que cantor, que carreira e que carisma! Uma paixão.

Observo fotos, centenas delas, Elvis menino, carinhosamente abraçado à mãe, Gladys, e ao pai, Vernon. Elvis na sala de aula, sentado na carteira do fundo. Orgulhoso, encostado no caminhão do pai. Em todas as fotos tem os olhos tristes. A boca sorri, mas os olhos são sempre tristes. Uma depressão no olhar, uma cara de "quero mais" que nenhuma torta de pecan ou de banana curaria.

Assisti os filmes que consegui encontrar na locadora. Lembrei vagamente das preguiçosas sessões da tarde e de Flipper, o golfinho. Hollywood conseguiu "Fliperizar" o cantor, repetindo "ad nauseam" os mesmos mergulhos em fundo de céu azul, mar e palmeiras. As músicas eram quase sempre horríveis, mas se era possível, Elvis as tornava palatáveis.

Só os filmes dão assunto para um livro inteiro, mas queria Ter visto Elvis em Shows, pois Hollywood censurava o cantor da cintura para baixo e ele aparecia um pouco duro. Imaginem, Elvis, the pelvis, desengonçado.

No meio do material sobre Presley o achado mais precioso é o livro "The Life and Cuisine of Elvis Presley", de David Adler. Geralmente detesto estes livros de quem comeu o quê, totalmente dispensáveis, mas este é surpreendentemente agradável de ler. Através dos hábitos alimentares de Elvis conseguimos ver uma ponta de realidade da vida do homem, desde sua infância até a morte em Graceland, sua casa em Memphis.

A comida de Elvis é igualzinha a ele. Inocente e mítica, simples e caipira, às vezes complicada como o demônio. O lambiscar sem culpa, hoje chamado de "Grazing", foi a regra dos primeiros anos de fama. O autor do livro fez uma pesquisa, começando em Tupelo, onde Elvis nasceu, e terminando nas casas de fãs que ainda o consideram vivo e fazem para ele bolos de aniversário. Em resumo foi essa a trajetória da comilança de Presley.

Tupelo
Os pobres de Tupelo em meados dos anos 30, comiam basicamente a mesma coisa. Bolinho de fubá frito, legumes, quiabo empanado e, se aparecesse algum dinheiro, um pedaço de carne. A família de Presley tinha a sorte de receber uma cesta de legumes e verduras de uma tia que plantava uma horta. Nunca sentiram falta de mostarda, ervilha, feijão, beringela, tomate couve. Gladys não era lá essas coisas na cozinha. Seu maior desejo era Ter se tornado atriz, mas o amor pelo filho foi tanto que aprendeu a fazer uma comidinha gostosa como mais um modo de expressar amor. Comida de mãe para Elvis, então, era mais que couve passado na gordura de porco, broinha de fubá, sanduíche de manteiga de amendoim, batatas e tomates fritos, que ás vezes acompanhavam um esquilo caçado pelo pai e feito como se fosse galinha frita. Para beber chá gelado muito doce.

Pudim da Sra. Cocke
¾ de xícara de açúcar, 3 gemas, 2 e ½ xícaras de leite, ¼ de xícara de farinha de trigo, 1 colher de (chá) de essência de baunilha, waffers, bananas finamente cortadas, claras batidas para suspiro. Coloque numa tigela o açúcar, as gemas, o leite e a baunilha. Cozinhe em fogo baixo até engrossar, tire e deixe esfriar. Numa vasilha refratária coloque os waffers, a banana e o creme. Repita as camadas. Cubra com suspiros. Leve ao forno para dourar. Sirva gelado.

Primeira Assembleia de Deus
O filho e a mãe não perdiam um Domingo na Igreja. A primeira Assembléia de Deus é uma seita fundamentalista que acredita na realidade do sobrenatural. De acordo com a seita, Deus e o demônio estão conosco, fisicamente reais. As cerimônias são agitadas. Fiéis e ministro se mexem, pulam, requebram por entre as fileiras das cadeiras, braços e pernas sacudidos. Elvis aprendeu lá, segundo ele, todos os hinos que existem. Depois de tanta dança, era feito um piquenique, debaixo de uma árvore com sombra.

Cultura Teen
A cultura Teen só aparece nos anos 50 e nos Estados Unidos, na América afluente do pós guerra, com seus ícones e tradições de consumo. As estradas ficam cheias de Drive-ins de hambúrgueres com desenhos de naves espaciais. Os carros parecem aviões, tudo é fake, até a comida. Os livros de receitas da época são difíceis de acompanhar porque quanto mais coisa em pacotes e em lata mais sofisticada era a refeição. O bolo em formato de coração desmontava sob a camada grossa de açúcar cor de rosa, as saladas eram verdes e azuis, até a lua era azul, o chique era "moop Turtle Soup", "Mock-isto-e-aquilo", (no caso Mock significa imitação). Elvis participou pouco da folia de consumo porque era pobre. Como motorista de caminhão, começou a cantar na estrada em troca de comida. Em pouquíssimo tempo, transformou-se no Teen mais conhecido e famoso do mundo, o "Rei do Rock". Comprou um cadillac cor-de-rosa. Aprendeu a gostar de algodão doce, cachorro quente, pipoca caramelada, karo , Coca-Cola e Pepsi. O sonho dos Teens era não Ter hora para comer, Elvis desistiu de refeições regulares. Era o prêmio, a vantagem de ser célebre.

Salada de 7 Up
2 pacotes de gelatina de limão, 2 xícaras de 7Up, 1 xícara de queijo cottage, 1 lata de abacaxi picado, colorante verde (opcional). Prepare a gelatina de acordo com as instruções do pacote, substituindo a água por 7Up. Deixe esfriar em temperatura ambiente. Junte os demais ingredientes. Despeje em forminhas individuais e deixe na geladeira por algumas horas. Desenforme, passando a forma em água morna por alguns segundos e sirva em seguida.

Graceland
A cozinheira mais requisitada em Graceland era a da noite, pois o cantor tinha hábitos noturnos. David Adler, autor da pesquisa, foi até a casa dela e comeu uma refeição à la Elvis. Pauline, a cozinheira, era uma negra de cabelo branco. A mãe de Elvis era uma branca de cabelo preto. Pois o cantor as achava muito parecidas. Na verdade só tinham em comum o desejo de amamentá-lo. O menu foi "Ugly Steak" (bife feio), um filé de carne, passado na farinha de trigo e frito como frango. Toda a carne de Elvis vinha cortada em pedacinhos, como a comida de uma criança pequena. Ervilhas na lata na manteiga com um pouco de cebolas picada e vagens. E catchup. Em Graceland Elvis comia tudo o que gostava . Rosbife, peru, muito bolo e muito doce. De vez em quando se ouvia falar em regime e as empregadas que tentavam executar a dieta recebiam um chamado de Elvis. "Vamos, meu amor, estou morrendo de fome. Preciso de uma coisa gostosa para comer", dizia. Elas, imediatamente faziam o que ele pedisse.

Tomates à Mississipi
4 tomates grandes verdes, 1/3 de xícara de óleo vegetal, sal e pimenta-do-reino a gosto, ¾ de xícara de farinha de trigo. Mergulhe os tomates por 20 minutos em água gelada até a hora de usar. Corte em fatias de pouco menos de 1 cm de espessura. Aqueça o óleo em numa frigideira sobre fogo médio. Misture o tomate aos temperos e passe na farinha. Frite em óleo quente até ficarem douradas. Sirva quente ou à temperatura ambiente.

Las Vegas
No final de sua vida, Elvis entrou em um mundo só dele. Era o show, o quarto de hotel, nenhum amigo, a TV e a comida. A comida era conforto e companhia. Nos anos 70, começou a comer compulsivamente. Uma vez, em Baltimore, na manhã seguinte a um show, Elvis se levantou e pediu um Sundae com calda quente. Comeu depressa, pediu o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto e... desmaiou. Por estas e outras, era freqüentemente internado no Hospital de Memphis para uma desintoxicação forçada. Lá, ficou uma enfermeira que, mais tarde, escreveu um livro sobre ele, defendendo a idéia polêmica que Elvis não tinha o perfil de um "Junkie". A enfermeira compreensiva fazia uma torta de banana que Elvis adorava e comia inteira. A torta era comida de mãe em qualquer lugar do mundo.

A Pergunta
Elvis está vivo? Gosto da resposta de Madonna, pensando em Lisa Marie Presley, "Elvis está vivo e é muito bonita". Claro que está vivo. Como sua música e como sua comida, que desaponta como moda neste fim de milênio.

Artigo escrito por Nina Horta.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 78

Elvis Top Secret! 
Livro lançado revela e analisa a ficha policial do Rei do Rock no FBI. Sob as ordens diretas de seu todo-poderoso diretor J.Edgar Hoover, a força policial número um dos EUA – o FBI – manteve e mantém arquivos sobre gente supostamente perigosa e subversiva, ou considerada individualista e excêntrica demais. Entre tais pessoas tem havido celebridades, e entre estas o alvo de observação oficial mais surpreendente foi talvez Elvis Presley – O Rei do Rock. Pode-se imaginar Hoover permanentemente obcecado com os movimentos coreográficos de quadris que valeram a Elvis o apelido de The Pelvis. Do início ao apogeu de sua carreira, Elvis Presley representou um perigo para a moral, os valores sacrossantos e quanto o FBI entendesse como a quintessência da alma da juventude americana. Na época, os americanos não desconfiavam de seu próprio governo como desconfiam hoje. Não ocorreria a ninguém, nem mesmo ao coronel Tom Parker, que o FBI espionasse seu cliente Elvis Presley. Foi só depois da morte de Hoover, em 1972, que táticas discutíveis e, em alguns casos, ilegais vieram a público e passaram a ser questionados.

O Novo livro Elvis – Top Secret de Earl Greenwald e Kathleen Tracy, tem por subtítulo "A história inédita do Arquivo Secreto do FBI sobre Elvis Presley". E começa revelando as origens da desconfiança do ressentimento que Presley, como tanta gente, sempre nutriu em relação às autoridades em geral. Tudo começou quando o próprio pai, Vernon, foi preso por falsificar um cheque. O xerife de Tupelo, Mississipi, prendeu-o por uma noite, só para que não esquecesse mais de quão desagradável só pode ser uma noite na cadeia. Mas o que impressionou e ficou na memória de Elvis foram os insultos que a autoridade número um da pequena cidade despejou sobre seu pai. Nunca mais o garotinho esqueceu o impacto do poder simbolizado pelo distintivo do xerife. Gente de baixa reputação como os Presleys não tinha outro recurso, nenhuma corte de apelações. E a família mudou-se para Memphis, Tennessee, com o espírito de recomeçar do zero.

A big city foi ora benção, ora maldição para Elvis. Ele gostou da cidade grande porque dava mais oportunidade e mais liberdade à família. Mas sentiu-se como se estivesse perdido uma parte da própria identidade.

No colégio, jamais se comportou como um dos rebeldes sem causa explícita, tipificados pelos protagonistas do filme "juventude transviada". Mas havia um conteúdo de desafio em sua atitude sob a forma de cabelos compridos pintados de preto, com o topete laqueado que, anos depois, ele próprio, Elvis, ditaria ao mundo da moda jovem. Suas roupas eram de gosto no mínimo discutível, para a época. E seu jeito não escondia a turbulência interior com que uma fração incrível da juventude mundial se identificou, nos anos 50. Em classe, Elvis Presley foi um aluno medíocre, embora sem mácula. Raramente chamou a atenção de algum professor e muito menos deu razão para reprimendas. Não fosse o guarda roupa e passaria praticamente incógnito. Mas uma decepção o marcou. Elvis queria muito entrar para o time de Football, mas o técnico não deixou, explicando que para entrar ele teria de cortar o cabelo.

Fama Precoce e Controvérsia

O segundo capítulo do livro Elvis – Top Secret "Fama Precoce e Controvérsia", focaliza o fenômeno da fama da noite para o dia. Já em Abril de 1956, jornais de Memphis e outras localidades estampavam cartas de leitores e leitoras ( sobretudo mães) preocupadas com a influência de seu sex-appeal: "quero saber quanto tempo a gente vai levar até se dar a conta exata do que ele (Elvis) está fazendo". Ou esta carta de um aluno do segundo grau: "nunca me considerei uma espécie de exemplo a ser seguido, porque faço tudo que a maioria dos jovens da minha idade faz. Mas repito: o que ele (Elvis) faz na TV e em toda parte por onde se apresenta rebolando é simplesmente podre! Não gostaria que minha mãe ou minhas irmãs vissem isso". Cartas parecidas como essa começaram a chegar também, naturalmente à mesa de J Edgar Hoover. E estrelas de televisão de primeira grandeza, humoristas como Steve Allen e Sid Caeser, por exemplo, acabaram ridicularizando Elvis, tornando-o um dos alvos favoritos de suas piadas.

A Vida no Exército e o estranho caso do Dr. Schmidt
O capítulo 3 (o mais longo), "A Vida no Exército e o estranho caso do Dr. Schmidt", tem um estranho co-protagonista que atende por este pseudônimo, "Dr. Schmidt" ( o livro não hesita em usar pseudônimos sempre que a identidade dos personagens é ou deve permanecer em secreto). Estamos em 1959, Elvis Presley foi convocado para o exército e está servindo em Bad Nauheim, Alemanha Ocidental. "Hans Schmidt" é um dermatologista sul africano que patenteou um tratamento de pele supostamente milagroso. Elvis sofreu muito de acne na adolescência. Aos vinte e poucos anos, o pavor da velhice o traumatiza. "Schmidt" põe, sem querer, o dedo na ferida quando lhe escreve uma carta extremamente detalhada oferecendo a tal "terapia aromática" que desenvolveu em seu consultório em de Johanesburgo. "Schmidt" é um vendedor e tanto. Sua retórica teria afugentado os que fogem dos charlatões como diabo da cruz. Mas Presley, um rapaz no fundo ingênuo e de pouca cultura, tem uma reação oposta e fica impressionado com tanto Know How. Tendo sido entalhador e chofer de caminhão, Elvis entende de mecânica e de madeiras. Mas frases como "receptividade neuromuscular", "elasticidade epidérmica", fazem seus olhos brilhar de espanto.

"Schmidt" não abre mão da chance de ir à Alemanha ministrar-lhe pessoalmente o milagroso tratamento. A secretária de Elvis escreve, em resposta, que se "Schmidt" puder viajar até a Alemanha, as despesas da viagem serão acrescentadas aos seus honorários. Para "Schmidt" isto significa dizer simplesmente negócio fechado. Ele responde dando a Elvis a opção de depositar o dinheiro em conta bancária ou, de preferência, mandar-lhe a passagem. Duas semanas mais tarde escreve de novo. Agora não se dirige mais a Mr. Presley, é Dear Elvis, na maior intimidade. Na sua crescente impaciência, "Schmidt" resolve tomar as providências necessárias usando inclusive o próprio dinheiro. Acha que já conhece Elvis na intimidade, no entanto sequer recebeu resposta a sua última carta. Elvis é soldado, tem deveres a cumprir todo dia. E o tamanho de sua correspondência é inimaginável.

Na carta seguinte, "Schmidt" reflete quase em desespero: "Elvis, mais uma vez peço que me deixe ir prestar-lhe um serviço, só me diga quando. Conclusivamente, participo-lhe que já abandonei meu negócio e toda a clientela, só para ir servi-lo. Por favor, Elvis, não me decepcione. Eu não me recuperaria facilmente". E o Dr. "Schmidt" acaba viajando de Johanesburgo para Bad Nauheim com uma mala sobrecarregada de emolientes da cútis especialmente personalizadas para o tom e a textura dérmica de Elvis. Vernon Presley dá um baile no filho: - você trouxe um médico da África, via aérea? Não há bastante creme de pele à venda por aqui? Garoto, você é o sonho de qualquer vendedor!. E o insinuante "Schmidt" acabou tornando-se praticamente da casa, entrando e saindo com a bolsa cheia de segredos para a eterna juventude. Massagea diariamente os ombros, o rosto, pescoço do cantor. Elvis já namorava então Priscilla Beaulieu (com quem se casaria)

Mas ele não percebeu, por trás das boas maneiras convencionais "Schmidt", uma ciumenta frieza com relação à moça. O tom das visitas de "Schmidt" aos Presleys iria começar a mudar. Ele passou a tomar certas liberdades. Em pouco tempo, ficou intimo de todo o entourage (exceto de Vernon Presley, que nunca o topou), inclusive os próprios companheiros de farda do cliente: "Schmidt" tem mais de 40 anos, mas é um fã nervoso, esfuziante. Quanto mais à vontade se sente com os Presleys, mais maneirista se torna. Elvis não liga muito para isso, apresenta-o em geral como "um amigo da família, de visita a Europa" e atribui os maneirismos ao fato de ele ser estrangeiro, até o dia em que vários soldados começam a queixar-se de uma constante paquera por parte do Dr "Schmidt"!. Segundo os pracinhas, o homem havia tocado sugestivamente ou tentado encostar a mão em várias partes de seus corpos e, em um caso em especial, até se ofereceu para determinada prática sexual.

Elvis Presley ficou tão perplexo com esta história que não reagiu calculadamente. Prometeu aos pracinhas que iria Ter uma conversa de homem para homem com "Schmidt" e teve. O outro abriu-se com ele: "Eles entenderam mal minhas intenções... mas é verdade que, no passado eu me relacionei com homens, assim como com mulheres. Espero que isso não o choque...

Elvis deu a entender que não. Mas nem por isso decidiu-se a despachar de volta para casa o Dr que viajara meio mundo para conhece-lo e servi-lo. É provável que, com a proximidade física, o Sex-appeal de Elvis se tenha revelado irresistível para o farmacêutico gay. O fato é que Schmidt a partir de então, transformou em obsessão a maior de todas as suas fantasias, uma vez, durante o tratamento que se concentrava em rosto, pescoço e ombros, pôs a mão por entre as pernas do cliente com intenção totalmente extra medicinal. Elvis pulou da cadeira ainda cheio de creme, mas genuinamente chocado para poder se revoltar, e mandou que Schmidt se retirasse dali.

- Não tenha medo de mim, Elvis, ninguém gosta mais de você do que eu – foi a resposta.

No dia de natal, Schmidt reapareceu para cumprimentar a família Presley. Foi um vexame. Elvis espinafrou-o na frente de todos. O outro pediu-lhe as contas e compensação financeira pelos prejuízos que iria Ter. Elvis então concordou em pagar 200 dólares pelo tratamento e 315 dólares para uma passagem de avião para Londres, uma vez que Schmidt não decidira não voltar mais ao seu país. Mas, no dia seguinte, o fã mudou de idéia e pediu 2000 dólares, ameaçando-o em caso de recusa, arruinar a carreira de Elvis, através da imprensa. O astro decidiu levar o caso ao comandante do destacamento e o caso acabou sendo investigado pelo exército americano, que logo descobriu, entre outras coisas, que Schmidt jamais fora médico de coisa alguma.

Uma última carta do fã apaixonado, antes de pegar o avião para Londres, revelava sua decisão de não tomar nenhuma ação judicial. Ele não guardava maiores rancores. E o episódio acabou por aí, mas não sem deixar profundas marcas psicológicas em Elvis Presley.

Visões do Apocalipse

O capítulo 4 intitula-se "visões do apocalipse"; após os dois anos de serviço militar, a morte da mãe e um segundo casamento relativamente precoce do pai, Vernon, transformaram Presley em uma abrasiva mistura de carência e desordem afetiva. Sua válvula de escape é o sexo, um sexo quase sempre informal, anônimo e freqüente. A sua atitude para com o sexo oposto torna-se antagonista, às vezes abusiva, do ponto de vista emocional. Ele trata as moças com quem sai como se fossem prostitutas de rua. O sexo tinge-se de ódio e alguma paranóia. Toda mulher está a fim de usá-lo, seja financeiramente, seja para ver o nome publicado no jornal. A auto estima de Elvis decai: nenhuma delas pode Ter se encantado pelo ar de seu charme... não bastasse, e ele resolve filmar a própria libidinagem, com garotas menor de idade! Elvis quase pagou caro por esta besteira. Embora não tivesse contado nada a ninguém (a não ser anos mais tarde, antes de morrer), seu agente pessoal, o coronel Parker, descobriu a coisa e conseguiu confiscar o filme com cenas de orgias. Afinal, se jerry Lee Lewis havia-se arruinado só porque ele se casou com uma prima adolescente, o que é que filmes pornôs não poderiam causar, em potencial, à carreira de Elvis (e a dele, coronel Parker)?...

Ameaças de Morte e Dores de Cabeça Judiciais

No capítulo 5 "Ameaças de Morte e Dores de Cabeça Judiciais", a década de 60 está chegando ao fim e isto é um alívio para Elvis. O decênio de 70 é mais do que bem vindo. Está na hora de mudar porque tudo anda mal: a carreira musical, os filmes, a saúde, até o casamento com Priscilla, que ele jamais soube tratar como uma mulher de carne e osso. Mas, ao longo da década, nada mudou, na prática. Elvis não voltou ao topo das paradas de sucesso de forma consistente, nem Hollywood lhe ofereceu um roteiro que desse vida à sua estereotipada imagem cinematográfica. O jeito foi concentrar-se em performances ao vivo, de preferência sem sair do circuito Las Vegas – Lake Tahoe, porque os rigores e desconfortos das excursões e a vida on the road não estavam mais para ele. Novos dissabores não tardaram. Em 1970, uma mulher chamada Patrícia Parker ajuizou uma queixa paternidade contra Elvis. Ela estava no sétimo mês de gravidez e alegava Ter tido um ligeiro caso com Presley em Las Vegas.

Elvis, naturalmente, jurou que jamais dormira com ela; que seu único contato com a fã havia sido uma fotografia durante um show no Interrnational Hotel. Em agosto daquele ano, um telefonema anônimo anunciou que Elvis seria seqüestrado no próximo fim de semana. Um outro telefonema e nova ameaça: um homem, com forte sotaque do Sul dos EUA, dizia estar sabendo que dois homens foram contratados para matar Elvis Presley, mas em troca de 50.000 dólares, livraria a cara do cantor. As suspeitas recaíram sobre alguém ligado a Patrícia Parker. Mas não seria verossímil: mesmo que Elvis tenha tido um caso com ela, ameaças telefônicas não sintonizam bem com o temperamento de alguém empenhado em ganhar uma causa através dos competentes canais judiciais. Elvis soma 2 mais 2 e conclui que quem telefonou o conhecia muito bem, e é de sua própria terra de origem. A ameaça seria então um enorme blefe, com a finalidade de arrancar-lhe dinheiro. Até a quantia pedida reforçava isto, por ser um montante fácil de reunir depressa, ao passo que muito mais dinheiro seria problemático de levantar de uma vez.

Enfim, nada aconteceu e o episódio terminou sem um clímax. Elvis fez o show daquela noite com mais intensidade do que de costume. E nunca mais ouviu falar do misterioso telefonista anônimo. A polícia de Las Vegas manteve o caso aberto por duas semanas, depois arquivou. A experiência serviu para isolar ainda mais Elvis Presley emocionalmente e abriu caminho para uma estranha aliança com o famigerado recluso Howard Hughes.

Elvis e Howard Hughes

O FBI abriu uma pasta para Elvis em 1956. Ironicamente ao longo de 20 anos, ao mesmo tempo que investigava secretamente a sua vida, o FBI trabalhou para protegê-lo de inimigos reais e imaginários. Volta e meia, Presley recorria ao FBI em busca de proteção. Foi alvo de inúmeras ameaças de morte. Recebeu uma vasta correspondência com insinuações de violência. E houve incontáveis tentativas de chantagem e difamação. No início, Elvis não ligava muito. Com o tempo porém foi se tornando paranóico (como Howard Hughes) quanto a própria segurança, a ponto de quase não mais sair de casa por sentir medo. No fim da vida, em contato constante com o FBI, ele relatava qualquer telefonema ou transeunte misterioso que fosse visto em frente da lendária mansão de Memphis, Graceland. Qualquer semelhança com Howard Hughes não era mera coincidência e formou-se assim uma inesperada amizade. Presley conhecera Hughes em Las Vegas, na década de 50.

Hughes, um homem imprevisto e cismado, gostou de sua simplicidade. Achava o fenômeno Elvis Presley fascinante e queria entendê-lo em primeira mão. Marcou um encontro com Elvis. Foi a única vez, em que os dois conversaram a sós. Tempos mais tarde, o cantor descobriu que compartilhava das fobias e das suspeitas do bilionário. Em 1969, praticamente o dono de metade de Las Vegas, levava uma existência misteriosa no último andar do Hotel Desert Inn. Um homem obcecado por germes e bactérias, entre outras excentricidades, não cortava mais as unhas nem os cabelos. Hughes (tão paranóico que nunca deu o seu telefone para Elvis) ligava para Memphis a altas horas da noite, e os dois se queixavam amargamente dos infortúnios da fama... A instabilidade pessoal de Hughes acabou tornando a ansiedade de Presley muito mais insuportável.

Pouco antes de morrer, Elvis anunciou a alguns íntimos que ia começar a se exercitar com vistas a uma turnê projetada e que ia reunir a coragem necessária para despedir, de uma vez por todas, o coronel Parker. O abuso de drogas teve um papel decisivo no ataque cardíaco que o matou em 16 de agosto de 1977. Mas Earl Greenwood e Kathleen Tracy questionam moralmente a atitude das pessoas próximas, que deixaram esse abuso tomar tais proporções e durante tanto tempo. Muitos tiveram a ganhar mais com Elvis doentio e dependente. A começar por seguranças cujo trabalho consistia em praticamente não fazer nada: eles tinham mais chance de roubar Elvis descaradamente caso ele estivesse drogado. Se por um lado, era difícil dar conselhos pessoais a Elvis, seu pai Vernon e o empresário Tom Parker estiveram sempre em posição de autoridade que lhes permitia ao menos tentar fazer alguma coisa. Só em agosto / setembro de 1977, Tom Parker ganhou perto de um milhão de dólares com a venda de camisetas, chapéus e demais objetos de lembrança póstuma que encheram as lojas de Memphis da noite para o dia.

O livro se encerra com as especulações das causas mortis do ídolo. Para uns, suicídio, para outros, uma superdose acidental, outros finalmente acreditam mesmo em homicídio culposo. Os autores concordam e discordam das três versões. Culpam o vício da comer frituras demais a vida toda, culpam o excesso de mulheres e culpam o excesso de drogas e medicamentos, tudo aliado à personalidade extremamente emotiva e insegura, do ponto de vista auto critico, de Elvis Presley, que nunca soube o significado da palavra moderação.

Artigo escrito por José Guilherme Correa.