segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Por Causa de uma Mulher

Título no Brasil: Por Causa de uma Mulher
Título Original: Whistle Stop
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Léonide Moguy
Roteiro: Philip Yordan
Elenco: Ava Gardner, George Raft, Victor McLaglen, Tom Conway, Jorja Curtright, Jane Nigh

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Maritta M. Wolff, o filme "Por Causa de uma Mulher" conta a história de Mary (Ava Gardner), uma jovem e bonita mulher que fica entre o amor de dois homens, o honesto e pobre Kenny Veech (George Raft) e o rico comerciante Lew Lentz (Tom Conway).

Comentários:
Esse foi o primeiro filme de Ava Gardner como estrela principal. Antes disso ela só surgia em papéis bem secundários. Isso porque o estúdio considerava que, apesar dela ser uma das mulheres mais bonitas em Hollywood, não sabia atuar e tinha péssima dicção. Ela também tinha um sotaque horrível, bem carregado, do sul dos Estados Unidos. Isso era visto como algo ruim em Hollywood pois a estigmatizava como uma caipira das montanhas. De origem humilde, Ava era bem isso mesmo na época. Assim ela foi colocada em uma escola de arte dramática para aprender seu trabalho. Os primeiros resultados estão nesse filme. É interessante perceber também que os produtores ficaram com um pé atrás, já que temos aqui uma produção B, com orçamento limitado. Não era prudente jogar todas as fichas em Ava nessa época, pois ela ainda estava muito jovem e inexperiente. O resultado final ficou OK. Não digo que é um grande filme e nada do tipo. Percebe-se que os cenários são bem esconômicos, que o elenco é meio fraco e a direção insegura. Além disso o roteiro tem tropeços. Isso porém não tira o valor histórico do filme, revelando uma Ava Gardner em seus primeiros passos no cinema.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de setembro de 2025

Os Filmes de Leonardo DiCaprio - Parte 2

Romeu + Julieta
Romeu (Leonardo DiCaprio) ama Julieta (Claire Danes), mas não conseguem ficar felizes e em paz pois pertencem a duas famílias que simplesmente se detestam e se odeiam. Como superar todas as adversidades em nome de um grande amor como aquele? Desde essa época o Leonardo DiCaprio sonhava com o Oscar de melhor ator (e lá se vão vinte anos de puro desespero por um prêmio que parece não chegar nunca!). Enfim... voltemos ao filme. A premissa é básica: trazer a obra do grande e imortal William Shakespeare para o público jovem. E como fazer isso? Transformando tudo em um videoclip, ou melhor explicando, usar a linguagem dos videoclips para atrair a atenção da juventude dos anos 90 (que não parava de assistir a MTV). 

Como se trata também de uma das obras mais populares do dramaturgo inglês era de se esperar que fluísse às mil maravilhas. Não foi bem isso que aconteceu. A verdade é que o diretor Baz Luhrmann é um pretensioso arrogante que pensa estar sempre revolucionando o cinema com seus filmes. Menos. Ele fez um filme muito colorido, bonitinho e simpático, mas a despeito disso também esvaziou muito a obra que lhe deu origem. Na ânsia de soar moderninho demais tudo o que Baz Luhrmann conseguiu no final das contas foi ser muito, mas muito chato! O filme nunca me convenceu e nem agradou. Há excessos de modernices que aborrecem. Além disso Leonardo DiCaprio parece estar mais preocupado em aparecer bonitinho em cena, como se estivesse posando para uma revista de adolescentes entediadas, do que em atuar realmente bem. Assim não há como salvar o filme. O bardo merecia coisa muito melhor (além do devido respeito, é claro). E o Leo ficou novamente a ver navios. Oscar que é bom... nada!

Romeu + Julieta (Romeo + Juliet, Estados Unidos, 1996) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Baz Luhrmann / Roteiro: Craig Pearce, baseado na obra de William Shakespeare / Elenco: Leonardo DiCaprio, Claire Danes, John Leguizamo / Sinopse:Uma visão moderna do clássico Romeu e Julieta. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Direção de Arte (Catherine Martin e Brigitte Broch). Vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Direção, Design de Produção e Roteiro Adaptado.

As Filhas de Marvin
Após sofrer um derrame, Marvin passa a ser cuidado por sua filha Bessie (Diane Keaton). Vinte anos depois, ela descobre que está com leucemia e que nessa situação delicada de saúde precisará da ajuda de sua irmã Lee (Meryl Streep), que não vê há anos. O reencontro das duas irmãs vai acabar gerando um choque de personalidades.

Esse filme ainda hoje é considerado um dos melhores dramas produzidos nos anos 90. Foi produzido em parte pela produtora do ator Robert De Niro que generosamente interpreta o papel coadjuvante de um médico na história. Além de De Niro o filme ainda tem um elenco maravilhoso. Diane Keaton interpreta a irmã sofredora que passou a vida toda cuidando do pai doente, abrindo mão de sua própria vida pessoal. Meryl Streep é a irmã que foi embora, teve uma vida e passou todo esse tempo negligenciando seus familiares. Seu retorno não vai ser isento de crises e dramas. 

E completando esse ótimo elenco o filme ainda apresenta um jovem Leonardo DiCaprio interpretando um rapaz de 17 anos, vivendo todos os problemas emocionais de sua adolescência. Grande trabalho de atuação coletiva, o filme levou uma indicação ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz para Diane Keaton. Em minha opinião foi pouco, Meryl Streep e Leonardo DiCaprio também mereciam indicações nas categorias de atriz e ator coadjuvante. Eles também estão ótimos nesse filme sensível e tocante que tampouco deixa de lado momentos de humor e desconcentração no meio de uma história dramática e até mesmo bem pesada.

As Filhas de Marvin (Marvin's Room, Estados Unidos, 1996) Estúdio: Scott Rudin Productions, Tribeca Productions / Direção: Jerry Zaks / Roteiro: Scott McPherson / Elenco: Diane Keaton, Meryl Streep, Leonardo DiCaprio, Robert De Niro, Hume Cronyn, Gwen Verdon / Sinopse:Uma história de uma família e seus dramas do dia a dia. 

Titanic
Jack Dawson (DiCaprio) é um jovem pobretão que ganha numa aposta uma passagem de navio no imenso Titanic. A viagem partirá de Londres rumo aos Estados Unidos, considerado naqueles tempos a terra das oportunidades para imigrantes de todo o mundo. Durante a jornada Jack acaba conhecendo a bela Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), uma garota rica e cheia de sonhos. Ambos se enamoram, mas antes que essa paixão venha a se concretizar definitivamente um grande desastre acontece. O Titanic esbarra em um iceberg em alto-mar, levando à morte centenas de milhares de seus passageiros. 

Quando assisti "Titanic" pela primeira vez, nos cinemas em seu lançamento, pude perceber que o roteiro não era muito original. Na verdade era uma mistura e uma reciclagem de velhos clichês sentimentais e apelativos que curiosamente ainda funcionavam muito bem. Certas fórmulas nunca perdem seu poder de atração perante a plateia. O público e a crítica, claro, foram fisgados imediatamente. O curioso é que nada disso parecia ser o ponto principal do filme. A trama em si parecia uma coisa secundária, usada apenas para que James Cameron viabilizasse seus projetos ambiciosos de fazer as melhores imagens do navio afundado em alto-mar. Para isso ele gastou milhões de dólares. A bilheteria imensa do filme iria assim servir para tornar viável seu velho sonho de ir até as profundezas do Atlântico Norte ver como o Titanic se encontrava no presente. O resultado foi o que todos conhecemos. 

Como obra cinematográfica o filme é puramente piegas, mas de uma pieguice irresistível, com trilha sonora evocativa e o melhor dos mundos em termos de efeitos especiais, sonoros, etc. Tecnicamente é um filme perfeito, com roteiro redondinho para agradar às grandes massas (com aquela velha coisa romântica de garoto pobre se apaixonando por garota rica), um pano de fundo histórico não muito fiel aos fatos e toneladas de computação gráfica. Um milk-shake que todos estavam esperando consumir. A maioria que provou, gostou e não teve do que reclamar. O filme é o blockbuster romântico por excelência, provavelmente o maior de todos os tempos, o que não quer dizer que seja isento de falhas ou equívocos. Será que alguém ainda se importa com isso hoje em dia?

Titanic (Titanic, Estados Unidos, 1997) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: James Cameron / Roteiro: James Cameron / Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane, Kathy Bates, Bill Paxton, Jonathan Hyde / Sinopse: Uma bela história de amor que se passa no Titanic, o navio que iria protagonizar o mais famoso naufrágio da história. Filme vencedor de 11 Oscars.

O Homem da Máscara de Ferro
Na França, durante o auge do absolutismo do reinado de Louis XIV, um grupo de mosqueteiros aposentados resolve ajudar Philippe (Leonardo DiCaprio), irmão gêmeo do cruel monarca francês, que foi encarcerado em uma masmorra com uma torturante máscara de ferro, para que ninguém possa ver sua face. Filme baseado no livro escrito pelo aclamado autor Alexandre Dumas. 

Um elenco acima da média valorizado por uma produção luxuosa. Esses são os principais méritos de mais uma refilmagem dessa conhecida estória. Se trata da sexta adaptação para as telas do famoso livro. Para se ter uma ideia a primeira versão foi realizada em 1929 com William Bakewell no papel principal. Depois vieram novos remakes em 1939, 1977 (com Richard Chamberlain como Phillipe), 1979 (filme com o título de "O Quinto Mosqueteiro" estrelado por Beau Bridges) e finalmente "O Homem com a Máscara de Ferro" de 1985. Nessa versão de Randall Wallace (o roteirista de "Coração Valente") se optou por realizar um filme com foco mais na diversão, embora sem deixar de lado a carga dramática do livro original. Wallace se preocupou especialmente em desenvolver os personagens dos mosqueteiros, procurando tornar todos mais humanos, com características próprias de cada um. 

Leonardo DiCaprio também está muito bem em dois personagens. Em um deles, a do Rei Luís XIV, se mostra arrogante, cruel e sanguinário. Um monarca que não perde muito tempo com aspectos morais ou éticos de seus atos condenáveis. No outro, como Philippe, ele muda de personalidade, se revelando um jovem oprimido, mas com uma grande humanidade. Embora não tenha sido realizado nenhuma versão que podemos afirmar com segurança ser a adaptação definitiva do livro, essa aqui se mostra bem superior às demais. Um bom filme, com muita ação, baseado em um dos romances mais conhecidos da literatura mundial.

O Homem da Máscara de Ferro (The Man in the Iron Mask, Estados Unidos, França, 1998) Estúdio: United Artists / Direção: Randall Wallace / Roteiro: Randall Wallace / Elenco:  Leonardo DiCaprio, Jeremy Irons, John Malkovich, Gérard Depardieu, Gabriel Byrne, Peter Sarsgaard / Sinopse: Uma antiga lenda envolvendo a monarquia francesa ganha vida nesse filme histórico. Filme indicado ao European Film Awards na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Gérard Depardieu).

Celebridades
Nos anos 70 Woody Allen dirigiu uma série de filmes bem autorais. Os roteiros eram bem intelectualizados e o humor refinado. Acontece que naquela época o diretor tinha um produtor rico, um tipo de mecenas, que sempre bancava a produção de seus filmes. Mesmo que essas produções não trouxessem grandes bilheterias ou até mesmo se viessem a se tornar fracassos, não importava. O mecenas estava lá para bancar Allen e sua filmografia. Nos anos 90 ele morreu. Assim Woody Allen precisou se mexer novamente, fazer filmes mais comerciais, que trouxessem retorno financeiro aos estúdios. Esse "Celebridades" é dessa segunda fase. Allen deixou as obras mais autorais de lado, encheu seus filmes de atores conhecidos e estrelas de Hollywood (que participavam quase de graça em suas obras pelo simples prestígio de trabalhar nelas) e mudou seu estilo de fazer cinema.

Eu nunca gostei muito desses filmes da segunda fase do diretor. Eles são artificiais demais, com roteiros mais bobos, mais simples, tudo para abrir espaço a uma constelação de atores famosos. A maioria desses filmes trazem roteiros mosaicos, com várias histórias se desenvolvendo ao mesmo tempo, se encontrando apenas no final. Algo cansativo e que nem sempre funciona direito. Como o próprio nome desse filme indicava, Allen resolveu reunir um grupo de celebridades do cinema, com direito a  Leonardo DiCaprio e Charlize Theron em papéis menores, servindo como coadjuvantes de alto luxo. No saldo final tudo é bem fraco. Allen até tentou se justificar, dizendo que o roteiro servia como uma crítica ao mundo das celebridades, mas sabemos que o que ele queria mesmo era fazer boa bilheteria. Sem o velho e bom mecenas era hora de arregaçar as mangas e fazer sucesso a todo custo. Por fim um detalhe curioso: no elenco temos uma participação especial de Donald J. Trump, ele mesmo o atual presidente dos Estados Unidos! Naquela época ele era apenas mais uma celebridade espalhafatosa e ninguém poderia supor que um dia iria se tornar presidente!

Celebridades (Celebrity, Estados Unidos, 1998) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco:  Leonardo DiCaprio, Charlize Theron, J.K. Simmons, Joe Mantegna, Kenneth Branagh, Judy Davis, Donald J. Trump / Sinopse: Um grupo de casais, alguns deles formados por celebridades, passa por inúmeras crises em seus casamentos, tudo desandando para uma série de divórcios escandalosos.

Pablo Aluísio. 

sábado, 27 de setembro de 2025

Elvis Presley - Elvis Now - Parte 2

Elvis Now - Parte 2
Havia uma variedade de gêneros musicais nesse álbum de Elvis lançado em 1972, mas era inegável também que a country music se fazia muito presente em seu repertório. A primeira faixa do disco era justamente um country chamado  "Help Me Make It Through The Night" de autoria do cantor e compositor Kris Kristofferson. Era uma canção bem recente na época, lançada no disco "Kristofferson" de 1970. Esse álbum tinha se tornado um dos preferidos de Elvis, justamente pelo seu estilo country / rock de Nashville que estava começando a se sobressair nas rádios do sul.

A história de criação dessa canção é bem curiosa. Ela foi explicada pelo autor alguns anos depois, em entrevista. Ele disse que leu uma entrevista de Frank Sinatra para a revista Esquire onde o cantor se esquivava de uma pergunta sobre suas crenças religiosas. Frank respondeu: "Em que eu acredito? Eu acredito em um copo de whisky, em uma boa companhia, na bíblia... ou em qualquer coisa que me ajude a atravessar a noite!".

Sinatra vinha passando por uma crise depressiva após o fim de seu casamento e passava as noites em claro, tentando chegar no dia seguinte. Foi justamente em cima dessa declaração que Kris Kristofferson escreveu sua canção. Inicialmente ele ofereceu a música para Dottie West, mas ela recusou. Assim ele acabou a gravando originalmente para o seu álbum de 1970. A versão de Elvis surgiria dois anos depois. Para alguns Elvis havia se identificado com a letra, pois ele também vinha passando por problemas relacionados a uma grave depressão, após o fim de seu casamento com Priscilla. Além disso Elvis tinha sérios problemas de insônia, que o deixava acordado por noites seguidas. Assim se tornava bem óbvio que ele tinha muitos motivos para se ver naquelas palavras escritas por Kristofferson.

Outro country do disco foi a faixa "Fools Rush In". A primeira versão veio com Johnny Mercer em 1940. Tempo de guerra, com os soldados americanos se preparando para lutar na Europa contra os nazistas. Essa versão porém era bem antiga, não marcando muito Elvis (afinal ele tinha apenas cinco anos de idade quando ela foi lançada) As versões que parecem ter inspirado Elvis vieram bem depois, primeiro com Frank Sinatra e depois com Ricky Nelson que a transformou em um grande sucesso em 1963. A letra também demonstrava trazer uma certa identificação para Elvis na época. Afinal apenas os tolos abriam completamente seu coração. Com a traição de Priscilla, o divórcio e tudo o mais que de ruim lhe havia acontecido não era mesmo de se admirar que Elvis não se sentisse apenas magoado com o fracasso de seu casamento, mas também como um verdadeiro tolo por ter acreditado demais no amor.

Pablo Aluísio. 

The Beatles - A Collection of Beatles Oldies

Primeira coletânea da carreira dos Beatles. Por essa época o grupo estava em uma verdadeira maratona de shows ao redor do mundo, sem tempo para praticamente nada. Há muitos anos que as turnês já tinham se transformado em um aborrecimento, principalmente para John Lennon que não agüentava mais o assédio sem medidas das fãs. Para Lennon os concertos tinham virado uma atração de circo, com muita gritaria e histeria, com pouca coisa a ver com musicalidade. Para piorar o que já era ruim os Beatles também deixaram de se importar com a qualidade dos shows. Segundo Lennon eles aceleravam as músicas para terminarem logo os concertos com receios de que algo mais sério pudesse acontecer – ou até mesmo alguém sair ferido no meio daquele delírio coletivo.

Assim quando a EMI cobrou por novas gravações em estúdio Lennon e Harrison disseram um sonoro não! Eles estavam fartos, emocionalmente desgastados e fisicamente muito cansados. Para não criar um atrito com a gravadora o empresário dos Beatles, o sempre cordial Brian Epstein, sugeriu a edição de uma coletânea com os maiores sucessos da banda até aquele momento. Além disso não podia se desprezar o fato de que muitos desses hits jamais tinham sido reunidos antes em um álbum, sendo lançados apenas em singles, compactos simples. Como eram bons os argumentos a EMI enfim comprou a idéia.

Nasceu assim “The Collection of Beatles Oldies” Na contracapa John Lennon mandou colocar uma frase muito espirituosa que dizia: “Oldies... But Goldies” (“velharias... mas douradas”). Os próprios Beatles foram consultados para a elaboração da seleção musical. Foram escolhidas 15 faixas e George Martin os convenceu a gravar mais uma para ser encaixada no disco como canção bônus inédita. Apesar da preguiça o grupo então se reuniu em Abbey Road para a gravação da canção “Bad Boy”, um cover de Larry Williams (um dos preferidos de Lennon). O restante do repertório iria ser completado apenas com clássicos absolutos, entre eles os grandes sucessos “She Loves You”, “Yesterday”, “Can´t Buy Me Love” e “I Want To Hold Your Hand”. “Yellow Submarine” também foi incluída para agradar Ringo e manter a tradição dos discos dos Beatles que sempre saiam com uma faixa cantada por seu baterista.

John Lennon ainda opinou sobre a capa, pois ele não queria uma daquelas capas óbvias de coletâneas e sim algo mais artístico. Por essa razão fez questão de mandar um telegrama a George Martin dizendo que a EMI deveria caprichar na direção de arte da nova capa! O curioso sobre “Beatles Oldies” é que ele foi lançado entre os discos “Revolver” e “Sgt Pepper’s” se tornando assim o verdadeiro divisor entre a primeira e a segunda fase do grupo. Infelizmente como toda coletânea o disco ficou obsoleto em poucos anos. Hoje em dia apenas colecionadores mantém o álbum em sua coleção uma vez que os discos da série “Past Masters” vieram para ocupar seu espaço (tinham mais canções e eram mais completos, fechando assim a discografia oficial dos Beatles, inclusive com a inclusão das versões em alemão que o grupo gravou no começo de carreira). De qualquer modo fica a lembrança, principalmente para quem começou a colecionar Beatles na era do vinil e sabia que ter o disco era a única forma de ter alguns dos maiores clássicos da banda no formato LP. Velharias?! Jamais...
 

The Beatles - A Collection of Beatles Oldies (1966)
She Loves You
From Me to You
We Can Work It Out
Help!
Michelle
Yesterday
I Feel Fine
Yellow Submarine
Can't Buy Me Love
Bad Boy
Day Tripper
A Hard Day's Night
Ticket to Ride
Paperback Writer
Eleanor Rigby
I Want to Hold Your Hand

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Os Filmes de Brad Pitt - Parte 1

Thelma & Louise
Existem filmes que nascem pequenos e despretensiosos e depois ganham a simpatia do público, se tornando grandes sucessos de bilheteria. Com o passar dos anos acabam também sendo considerados pequenas obras cultuadas, elevando seu status, se transformando em cult movies. Um exemplo perfeito disso temos aqui com "Thelma & Louise". A Warner bancou a realização do filme, porém jamais apostou muito nele. Foi lançado discretamente nos Estados Unidos e ganhou poucas resenhas significativas nas revistas de cinema da época. O público (especialmente o feminino) porém adorou o filme e assim começou uma propaganda boca a boca que acabou se refletindo nas bilheterias, tornando "Thelma & Louise" o grande campeão de venda de ingressos daquela temporada. O que explicaria esse tipo de fenômeno? Em minha forma de ver a situação o filme caiu nas graças do espectador porque explorava algo que diz respeito a muitas mulheres pelo mundo afora. As duas personagens principais são esposas frustradas, atoladas em casamentos ruins e relacionamentos destrutivos, que procuram encontrar uma saída para essa encruzilhada que se tornou suas vidas. Para elas o que deveria ser a felicidade de um casamento perfeito acabou se transformando em algo insuportável de tolerar. Então elas simplesmente pegam um carro e caem na estrada, procurando pela liberdade que sempre desejaram.

Não é complicado de entender que a fórmula e o segredo do filme se concentram justamente nisso, nessa situação de dar um basta a uma vida de fachada, infeliz e reprimida, para finalmente buscar o que se deseja, sair pelo mundo em busca de aventuras e ser feliz de uma vez por todas. Some-se a isso a bela atuação da dupla Susan Sarandon e Geena Davis e você entenderá porque afinal o filme fez tanto sucesso. De quebra ainda trouxe um jovem Brad Pitt, ainda desconhecida na época, como um cowboy sensual que seduz uma delas. Que mulher não ficaria extasiada com algo assim? A sociedade muitas vezes massacra a posição da mulher, geralmente a colocando numa situação de submissão e repressão. O enredo de "Thelma & Louise" funcionava justamente como uma válvula de escape para tudo isso. Olhando sob esse ponto de vista realmente o resultado foi acima das expectativas.

Thelma & Louise (Thelma & Louise, Estados Unidos, 1991) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Callie Khouri / Elenco: Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Brad Pitt, Michael Madsen / Sinopse: Thelma (Geena Davis) e Louise (Susan Sarandon) são duas amigas que resolvem dar uma guinada na vida. Cansadas de seus relacionamentos ruins e doentios elas resolvem pegar a estrada, buscando por aventuras na rota 66. Filme vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original (Callie Khouri). Também indicado na categorias de Melhor Atriz (Susan Sarandon e Geena Davis, ambas indicadas), Direção, Fotografia e Edição. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Roteiro.

Johnny Suede
Depois de chamar a atenção com "Thelma & Louise" os produtores lançaram no mercado um estranho filme que Brad Pitt havia estrelado chamado "Johnny Suede". Esse filme chegou a ser lançado no Brasil, em VHS, mas pouquíssimas pessoas assistiram. Era uma produção nonsense, com pretensões de se tornar cult, trazendo Pitt interpretando um personagem com um imenso topete (de fazer inveja a Elvis e James Dean). O roteiro era fraco e o filme como um todo não fazia muito sentido. Mesmo assim, visando principalmente ganhar algum proveito em cima da fama do ator, acabou sendo lançado, mas sem causar maior interesse tanto do público como da crítica. 

Tive a oportunidade de assistir ao filme na época, em VHS. Pelo que me consta jamais foi lançado em nossos cinemas. Afinal nesse tempo Pitt não era conhecido, poucos tinham ouvido falar em seu nome, além disso o filme não tinha a menor chance de fazer sucesso comercial em nosso cinemas, primeiro por ser esquisito demais. Segundo por não ter nenhum grande nome popular em seu elenco. Assim acabou passando em brancas nuvens realmente. Só os mais antenados assistiram. 

Johnny Suede (Johnny Suede, Estados Unidos, 1991) Direção: Tom DiCillo / Roteiro: Tom DiCillo / Elenco: Brad Pitt, Richard Boes, Cheryl Costa / Sinopse: Jovem músico desconhecido sonha em se tornar uma estrela de rock ao estilo anos 50, cantando Rockabilly. Só que realizar esse sonho não vai ser nada fácil como ele bem vai descobrir. 

Mundo Proibido
Em 1992 Brad Pitt estrelou outro filme que era bem fora dos padrões chamado "Mundo Proibido". Essa produção misturava cenas com atores reais e desenhos animados. Era de certa forma uma nova versão mais pobre e sem os mesmos recursos do sucesso "Uma Cilada Para Roger Rabitt". A protagonista era uma versão animada da atriz Kim Basinger, que fazia de tudo para copiar a sensual Jessica Rabbit. O filme não deu certo, foi fracasso de público e crítica, justamente por não ser nada original. Nem o clima de fim noir, que o diretor tentou imprimir à direção de arte, ajudou. Hoje em dia é uma produção que poucos conhecem, sendo praticamente desconhecida.

De minha parte realmente tenho poucos elogios a tecer sobre essa animação. A Kim animada era bem mais bonita e sensual do que a Kim do mundo real. Os cartunistas não foram econômicos em lhes dar muitas curvas e sensualidade. O fato porém é que Kim Basinger, apesar de ser uma atriz popular na época, não tinha todo esse cacife para virar desenho animado de sucesso. Ela não era assim tão mundialmente conhecida. Dessa maneira o filme realmente não aconteceu e só circulou entre poucas pessoas, no mercado de vídeos VHS dos anos 90. 

Mundo Proibido (Cool World, Estados Unidos, 1992) Direção: Ralph Bakshi / Roteiro: Michael Grais, Mark Victor / Elenco: Gabriel Byrne, Kim Basinger, Brad Pitt, Janni Brenn / Sinopse: Uma personagem de história em quadrinhos quer viver no mundo real e para isso não mede esforços, chegando a seduzir seu próprio criador. 

Nada é Para Sempre
No Estado americano de Montana, no começo do século XX, dois jovens crescem e enfrentam as adversidades da vida adulta. São filhos do reverendo Maclean (Tom Skerritt). Paul (Brad Pitt) é impulsivo, rebelde e aventureiro. Norman (Craig Sheffer) apenas deseja seguir os passos de seu pai. O estouro da I Guerra Mundial trará grandes modificações no seio familiar. Eu poderia escrever um texto bem longo sobre essa produção dirigida por Robert Redford mas isso iria ser desnecessário porque o filme pode ser resumido numa frase simples: "Nada é Para Sempre" é um filme bonito. Isso mesmo. A produção não é apenas bonita por ter sido filmada numa das reservas naturais mais belas dos Estados Unidos, o que resultou numa fotografia de encher os olhos. Ele é bonito porque tem um roteiro com muito lirismo, nostalgia e saudosismo. 

Baseado em fatos reais o filme se apóia nas ternas lembranças de Norman Maclean, um professor em idade avançada que vai recordando os anos de sua juventude ao lado de seu irmão e seus pais. Como pano de fundo as pescarias que faziam juntos, com o rio servindo como um símbolo da própria vida que passa por nós! Tudo muito suave, relembrado com muita ternura. Embora seja estrelado pelo ator Craig Sheffer, o filme acabou sendo um dos primeiros de repercussão do jovem Brad Pitt. Ainda meio desconhecido dentro da indústria Brad mostra muita desenvoltura e boa disposição no papel de Paul, o filho caçula dos Macleans. Interessante notar que mesmo em um filme dirigido por Redford o praticamente novato Pitt não se intimidou e aparece bem à vontade, num sinal do grande astro que ele iria se transformar dentro de alguns anos. Esse papel causou suspiros em suas jovens fãs no começo dos anos 90 pois Brad estava no auge da juventude e beleza. Como se isso não bastasse o filme ainda é agraciado por uma das melhores trilhas incidentais que já ouvi. "Nada é Para Sempre" é isso, bonito como sua fotografia, belo como o lirismo de seu roteiro e um colírio para os olhos por suas lindas paisagens naturais. Se ainda não assistiu fica a dica, sendo você um amante da beleza ou não. 

Nada é Para Sempre (A River Runs Through It, Estados Unidos, 1992) Direção: Robert Redford / Roteiro: Richard Friedenberg baseado no livro de Norman Maclean / Elenco: Craig Sheffer, Brad Pitt, Tom Skerritt / Sinopse: No Estado americano de Montana, no começo do século XX, dois jovens crescem e enfrentam as adversidades da vida adulta. São filhos do reverendo Maclean (Tom Skerritt). Paul (Brad Pitt) é impulsivo, rebelde e aventureiro. Norman (Craig Sheffer) apenas deseja seguir os passos de seu pai. O estouro da I Guerra Mundial trará grandes modificações no seio familiar. 

Kalifornia
Poucos ainda se recordam hoje em dia desse que foi um dos primeiros filmes de Brad Pitt a ganhar maior repercussão. De fato até aquele momento o ator só tinha se destacado mesmo com sua pontinha em "Thelma e Louise" e depois no drama nostálgico "Nada é Para Sempre", uma emocional volta ao passado dirigido pelo sempre correto Robert Redford na direção. "Kalifornia" destoa de todos os seus trabalhos anteriores. O filme é de complicada classificação pois passeia com êxito por diferentes gêneros cinematográficos. É extremamente violento e impactante mas isso não lhe tira o foco do aspecto mais humanos dos personagens insanos. A trama investe num tipo que tem se tornado comum nos últimos anos - a dos fãs de Serial Killers. Existe todo um nicho específico para os que gostam de conhecer as histórias desses assassinos em série. Há vasta literatura sobre o assunto e milhares de sites que possuem como temática a vida desses psicopatas. O tema, apesar de assustador e terrível, já entrou definitivamente dentro da cultura pop.

Pois bem, no filme acompanhamos um casal de jornalistas que resolvem visitar os locais históricos por onde passaram os mais famosos assassinos da história dos EUA; Brian Kessler (David Duchovny) e Carrie Laughlin (Michelle Forbes) formam o casal que decide embarcar nessa estranha viagem. Para dividir os custos da viagem resolvem colocar um anúncio nos jornais convidando pessoas que se interessem pelo assunto e que queiram fazer a mesma excursão. Quem responde aos anúncios é o casal formado por Adele Corners (Juliette Lewis) e Early Grayce (Brad Pitt). Ela é uma mulher submissa ao irascível marido, Early que não parece ter o juízo no lugar. O que não sabem é que ele próprio é um psicopata violento, com acessos de fúria e violência. A viagem que parecia ser um tanto inusitada acaba virando um terror completo para todos os envolvidos. Kalifornia causou certa polêmica em seu lançamento justamente porque há um viés de apologia à vida desses assassinos. Não penso que seja o caso, na realidade se trata de um bem orquestrado road movie com muitas cenas de suspense e tensão. Uma boa amostra do cinema mais ousado da década de 90. Procure conhecer, vai valer a pena.

Kalifornia - Uma Viagem ao Inferno (Kalifornia, Estados Unidos, 1993) Direção: Dominic Sena / Roteiro: Stephen Levy, Tim Metcalfe / Elenco: Brad Pitt, Juliette Lewis, Kathy Larson,  David Duchovny / Sinopse: Casal resolve conhecer os lugares históricos onde viveram os principais psicopatas dos Estados Unidos. Para dividir as despesas resolve viajar com um outro casal. O problema é que eles não serão bons companheiros de viagem.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Blindado

Blindado
Stallone está com 79 anos de idade. Então não dá para ficar cobrando muito dele. Não é questão de etarismo, mas sim da forma como Hollywood geralmente trata de seus astros do passado. São descartados quando ficam mais velhos! Assim, mesmo que ele venha a fazer filmes fracos, temos que dar uma colher de chá. É o que vejo nesse seu novo filme. Ele está ali defendendo seu cachê, sem maiores problemas. E nem é o protagonista, para falar a verdade. Seu personagem é basicamente o chefe de uma quadrilha de assaltantes que precisa parar e encurralar um carro-forte que está transportando uma carga que é importante para um perigoso cartel mexicano. Eles acabam tendo êxito inicial, emboscando o veículo numa ponte. Depois fica a questão de como vão abrir aquela lata de sardinhas, já que dois guardas (pai e filho) dentro dele estão dispostos a não entregar o ouro transportado do veículo para os criminosos. 

E o filme é isso aí. Claro que há inúmeros furos de roteiro. Um dos mais óbvios é que o carro-forte fica parado por longas horas no meio da ponte e nada acontece. Hoje em dia essas empresas de transportes de valores monitoram seus carros. Uma vez que são parados em lugares não autorizados, logo são acionados alertas, sendo enviadas equipes e a própria polícia para o local, para averiguar o que está acontecendo. Ninguém transporta milhões em dinheiro e ouro sem esse tipo de protocolo básico de segurança. Além disso, em um mundo de celulares, o que poderia impedir dos guardas ligarem para sua central (ou os tiras) pedindo ajuda emergencial. Esses são detalhes e tantos outros que fazem a base central da história desse filme não fazer muito sentido, mas eu vou ser legal por aqui. Até que não me aborreceu e o filme foi até bem regular. No final o Stallone tenta suavizar seu personagem (afinal é um criminoso), para manter sua imagem de bom moço. Até nisso vou relevar. Pelo conjunto da obra e pela idade o Stallone tem esse direito. Seu personagem é um criminoso, mas no fundo é um cara legal! Ok, tudo bem. Isso dá uma ideia da boa vontade que tive assistindo a esse filme. E isso é tudo. 

Blindado (Armor, Estados Unidos, 2024) Direção: Justin Routt / Roteiro: Cory Todd Hughes, Adrian Speckert / Elenco: Jason Patric, Sylvester Stallone, Josh Wiggins / Sinopse: Um carro-forte blindado é encurralado e cercado numa ponte. Os criminosos querem o ouro que ele transporta. Os guardas estão dispostos a tudo para evitar que o roubo venha a se concretizar. Vai vencer o duelo quem tiver mais sangue frio e resistência ao que está acontecendo.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

O Despertar

O Despertar
A história se passa em 1921, na Inglaterra. Uma pesquisadora cética, especializada em desmascarar falsos médiuns, é contratada para um novo serviço a ser realizado dentro de um orfanato. As crianças de lá dizem ver um garotinho rondando as sombras da noite nos corredores do lugar. Para eles se trata de um fantasma de uma criança que ali morreu há muitos anos. No começo a pesquisadora segue seus protocolos habituais. Ela quer desvendar mais uma farsa, só que conforme o tempo passa, vão acontecendo coisas sobrenaturais que ela não consegue explicar apenas com a racionalidade de sua ciência. 

Então, eis que temos um bom filme aqui. E isso não é de admirar. Afinal os ingleses  - desde os velhos tempos da Hammer - são especialistas em filmes de fantasmas. E aqui conseguiram novamente fazer um filme de terror e suspense que me prendeu a atenção do começo ao fim. Tudo muito bem realizado, sutil, jogando com o espectador o tempo todo. Assim se faz bons filmes sobre almas penadas e coisas do gênero. Não adianta encher de efeitos visuais se não tem um bom roteiro e nem inteligência para desenvolver esses velhos contos de fantasmas. E o desfecho da trama não decepciona em nada. Enfim, deixo minha recomendação. Esse filme inglês vale mesmo a pena. Não deixe passar em branco. 

O Despertar (The Awakening, Reino Unido, 2011) Direção: Nick Murphy / Roteiro: Stephen Volk, Nick Murphy / Elenco: Rebecca Hall, Dominic West, Imelda Staunton / Sinopse: Durante a década de 1920 uma pesquisadora cética de eventos paranormais vai até um velho orfanato, onde as crianças dizem avistar, nas sombras da noite, o fantasma de um menino, provavelmente um órfão que morreu naquele lugar há muitos anos no passado. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

A Fúria dos Peles Vermelhas

Título no Brasil: A Fúria dos Peles Vermelhas 
Título Original: Rock Island Trail
Ano de Lançamento: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Joseph Kane
Roteiro: James Edward Grant, Frank J. Nevins
Elenco: Forrest Tucker, Adele Mara, Lorna Gray

Sinopse:
O filme conta a história de um empresário americano que no século XIX decidiu empreender por seus próprios esforços pessoais uma ferrovia ligando vários estados do Norte com regiões distantes do oeste selvagem. Uma aventura cheia de perigos, com ataques de bandoleiros sanguinários, concorrentes inescrupulosos e hordas de selvanges nativos violentos. 

Comentários:
Mais um filme que resgata a história das grandes ferrovias que cruzaram o velho oeste no período de verdadeiro colonização daquelas terras selvagens. Os americanos possuem um grande senso de valorização desse período histórico, basicamente porque acreditam que foi através das ferrovias que a civilização chegou naqueles lugares distantes e isolados. Não deixa de ser uma verdade histórica. Até gostei do filme, mas devo dizer que no fundo se trata de uma produção B. Muito bem intencionada, com muito capricho em seu roteiro, mas ainda assim um filme B. O que não desvaloriza o filme em si, mas apenas o coloca numa certa categoria de entretenimento sem maiores pretensões cinematográficas. No quadro geral conta bem sua história, valoriza bons valores e homenageia os pioneiros do velho oeste. Está de bom tamanho. 

Pablo Aluísio.

Pilastras do Céu

Pilastras do Céu
O Sargento Emmett Bell (Jeff Chandler) é o encarregado do governo americano para manter a ordem e a lei numa reserva de tribos nativas norte-americanas. Nessa funciona uma missão cristã que tenta levar o evangelho para os indígenas, convertendo alguns do grupo. Os problemas começam quando alguns chefes não aceitam a realização de uma obra pelo governo americano dentro da reserva. Para os caciques essa seria uma intervenção dentro dos novos domínios controlados pelos índios. Não tarda a se criar um clima de rebelião no local. "Pilastras do Céu" me surpreendeu positivamente. Nunca o tinha assistido e só o fiz por curiosidade, pois andei lendo sobre a vida do ator Jeff Chandler (que morreu em 1961 e hoje anda meio esquecido). Bom, adoro filmes de cavalaria, sou fã assumido desse tipo de western. Esse é bem curioso porque embora tenhamos todos os elementos que sempre caracterizaram esse tipo de filme: tiroteios, batalhas e índios x cavalaria, o subtexto que o roteiro traz não é nada clichê ou banal.

Seu final é uma grande surpresa e mostra bem a mentalidade religiosa que ainda hoje prevalece na sociedade americana. Não vou contar mais para não estragar, quem tiver curiosidade de assistir um filme que consegue misturar tantas coisas em tão pouco tempo aproveite para conferir, garanto que no mínimo ficará surpreso pelo final incomum. Em definição podemos dizer que se trata de um western com temática religiosa ao fundo que certamente vale a pena ser redescoberto pelos admiradores de faroestes americanos da década de 50.

Pilastras do Céu (Pillars Of The Sky, EUA, 1956) Direção: George Marshall / Roteiro: Sam Rolfe baseado na novela de Heck Allen / Elenco: Jeff Chandler, Dorothy Malone, Ward Bond / Sinopse: O Sargento Emmett Bell (Jeff Chandler) é o encarregado do governo americano para manter a ordem e a lei numa reserva de tribos nativas norte-americanas. Nessa funciona uma missão cristã que tenta levar o evangelho para os indígenas, convertendo alguns do grupo. Os problemas começam quando alguns chefes não aceitam a realização de uma obra pelo governo americano dentro da reserva. Para os caciques essa seria uma intervenção dentro dos novos domínios controlados pelos índios. Não tarda a se criar um clima de rebelião no local.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Os Filmes de Marilyn Monroe - Parte 1

Sua Alteza, a Secretária
Esse filme foi o primeiro com Marilyn Monroe. Na época ela era apenas uma modelo que aspirava a ter uma carreira de atriz em Hollywood. Era um sonho que parecia muito, muito distante! Seu papel era tão insignificante que sequer tinha nome. De fato o personagem de Marilyn era apenas identificado como a "operadora de telefone". Na verdade ela sequer surgia em cena, pois os espectadores praticamente apenas ouviram sua voz. Também não foi creditada no elenco, o que demonstra como foi mesmo apenas um pequeno teste para ela na Fox (e pensar que em um futuro não tão distante ela se tornaria a maior estrela da história do estúdio). 

Já o filme em si, é um misto de drama socialmente consciente, explorando as conquistas da mulher no começo do século e também uma comédia romântica com muitos figurinos bonitos para impressionar no Technicolor berrante da época. Betty Grable era considerada a miss simpatia do plantel da Fox, conquistando boas bilheterias com seus filmes levemente açucarados.

Sua Alteza, a Secretária (The Shocking Miss Pilgrim, Estados Unidos, 1947) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: George Seaton, Edmund Goulding / Roteiro: George Seaton, Ernest Maasz / Elenco: Betty Grable, Dick Haymes, Anne Revere, Marilyn Monroe, Gene Lockhart, Elizabeth Patterson / Sinopse: No século XIX, Cynthia Pilgrim (Betty Grable) se torna a primeira funcionária de uma grande empresa de transporte em Boston. Em uma época em que poucas mulheres trabalhavam fora ela acaba se tornando um símbolo da nova posição feminina dentro do mercado de trabalho.

Idade Perigosa 
Um grupo de garotos é influenciado negativamente pelo delinquente juvenil Danny (Billy Halop). Assim ele convence mais três jovens a participarem de um assalto, mas os planos não saem exatamente como eles queriam. Uma briga pelo destino daqueles jovens acaba gerando a morte de um professor muito querido na escola, Jeff Carter (Donald Curtis) e Danny é preso! Levado a julgamento começa um intenso debate no tribunal sobre quem seria o verdadeiro culpado, o rapaz ou a sociedade? Esse é considerado por muitos como primeiro filme da carreira de Marilyn Monroe. Segundo os próprios créditos do filme ela "interpreta" Evie, a garçonete do Gopher Hole! Isso não é de se surpreender pois na época em que Marilyn entrou no cast dessa produção ela não era nada mais do que uma modelo bonita que tinha a pretensão de um dia ser levada a sério como atriz! Alguns indicam esse como seu primeiro filme, pois é aqui que ela surge pela primeira vez na tela. Um equívoco pois Marilyn também esteve em "Sua Alteza, a Secretária", onde o espectador podia ouvir sua sensual voz ao telefone.

Já o filme "Dangerous Years" lida com a questão da delinquência juvenil, tema bastante em voga no pós-guerra. O que temos aqui é uma produção B com ares de melodrama que não envelheceu muito bem, sendo em muitos aspectos soa bem inocente - pelo menos para os padrões atuais pois o roteiro insiste de certa forma em apostar na boa índole de jovens a um passo da criminalidade. Na verdade Marilyn Monroe iria se conscientizar que esse não era o caminho para o sucesso, pois ela tinha muito mais vocação para as comédias românticas de costumes, o gênero que iria lhe transformar em uma estrela nas marquises de cinema de todo o mundo. Até porque ela era uma loira bonita e os homens a queriam ver em filmes divertidos e não em dramas sociais com um bando de pequenos infratores como esse.

Idade Perigosa (Dangerous Years, Estados Unidos, 1947) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Arthur Pierson / Roteiro: Arnold Belgard / Elenco: Billy Halop, Scotty Beckett, Richard Gaines, Marilyn Monroe / Sinopse: Jovens acabam caindo no lado errado da vida quando começam a seguir um delinquente juvenil que planeja um crime na cidade onde mora. 

Nasceste Para Mim
Mais um filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe. Aqui ela não teve tanta sorte como nos demais filmes pois sua participação acabou no chão da sala de edição pois o diretor cortou justamente a cena em que ela tinha maior presença - muito embora tenhamos consciência que suas duas linhas de diálogo eram pouco mais do que uma figuração comum. Mesmo assim ela ainda pode ser visualizada rapidamente numa cena gravada durante uma animada festa, na pista de dança. Ela, acredite, está na pista de dança lotada que foi captada pelo filme. 

Anos depois a própria Marilyn comentou o começo duro de sua carreira ao falar ironicamente sobre sua ofuscada participação nesse filme: "Que papel foi aquele?!". Papel é forma de dizer pois no fundo ela não passa de uma figurante anônima. É uma pena pois o filme, cujo enredo se passa inteiramente na década de 1920, poderia dar a chance para Marilyn pelo menos surgir na tela muito bonita, com aquele figurino do passado. De uma forma ou outra vale a pena ver o filme para tentar achar Marilyn em seus poucos segundos de fama.

Nasceste Para Mim (You Were Meant for Me, Estados Unidos, 1948) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Lloyd Bacon / Roteiro: Elick Moll, Valentine Davies / Elenco: Jeanne Crain, Dan Dailey, Oscar Levant, Marilyn Monroe / Sinopse: Chuck Arnold é um músico e líder de banda que acaba se apaixonando por Peggy, uma garota de sua cidade natal que acaba conhecendo durante um baile. Poucas semanas depois acaba se casando com ela. A vida de músico, sempre viajando para outras cidades, passando longas temporadas fora de casa, porém acaba prejudicando seu relacionamento com a esposa e as coisas pioram ainda mais quando sua banda começa a realmente fazer sucesso.

Travessuras de Casados
Comédia romântica que estaria completamente esquecida hoje em dia se não fosse por um detalhe mais do que importante: a presença no elenco do mito Marilyn Monroe. Muito jovem ainda e nada famosa na época a não ser por alguns ensaios em revistas como modelo, Marilyn tenta ao mesmo chamar a atenção para sua presença em um filme nada memorável, bobo até. Outro destaque digno de menção no elenco é a presença da maravilhosa Ginger Rogers, que hoje em dia infelizmente também anda bem esquecida. 

Por essa época Marilyn lutava para se firmar como atriz em Hollywood, algo que não era nada fácil por causa da competição, afinal loiras bonitas como ela existiam aos montes pelos corredores dos estúdios. Ela passava por várias dificuldades financeiras, sendo despejada de uma série de apartamentos aos quais não podia pagar o aluguel mas o sonho de vencer no cinema era maior. Aqui presenciamos seus primeiros passos antes de virar o maior mito feminino da história do cinema.

Travessuras de Casados (We´re Not Married, Estados Unidos, 1952) Estúdio: Twenty Century Fox / Direção: Edmund Goulding / Roteiro: Dwight Taylor, Gina Kaus, Nunnally Johnson / Elenco: David Wayne, Eddie Bracken, Eve Arden, Fred Allen, Ginger Rogers, Louis Calhern, Marilyn Monroe / Sinopse: Após descobrir que seu casamento não tem valor jurídico pois foi realizado por um juiz de paz com a licença vencida a jovem Annabel Norris (Marilyn Monroe) entra em desespero pois ela almeja disputar o concurso de "Senhora América" que só aceita mulheres casadas entre as competidoras. E agora o que fará, já que ela descobriu que continua solteira uma vez que seu casamento não tem validade?

Almas Desesperadas 
Esse foi um filme feito pela atriz Marilyn Monroe antes dela se tornar uma das maiores estrelas da história de Hollywood. Na época Marilyn era apenas uma garota bonita com um certo potencial. Uma starlet. E o mais interessante de tudo é que ela se saiu muito bem como atriz, sem apelar tanto para seu Sex Appeal. Claro, sua beleza e sensualidade natural sempre iriam chamar a atenção, mas esse não foi o foco do filme em si. A trama é engenhosa. Um casal deixa sua pequena filha aos cuidados da sobrinha do ascensorista do hotel onde estão hospedados. O problema é que a nova babá, chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe), sofre de graves problemas psicológicos e mentais. A aproximação de um outro hóspede, Jed Towers (Richard Widmark), na vida de Nell só piora ainda mais a situação. Com isso a situação que já era delicada, se torna explosiva e altamente perigosa.

"Almas Desesperadas" foi o primeiro filme em que Marilyn Monroe realmente se destacou, surgindo com um papel importante. Até aquele momento ela se resumia a fazer papéis pequenos, sem grande importância. A maioria deles apenas aproveitando de sua beleza. Tudo muda aqui. Marilyn Monroe está em praticamente todas as cenas de um roteiro que se passa quase em tempo real, todo em uma só noite, dentro de um quarto de hotel. Muitos biógrafos e críticos afirmam que o papel da babysitter mentalmente perturbada era muito forte para uma Marilyn Monroe ainda tão jovem e inexperiente. De fato, não deve ter sido nada fácil interpretar um personagem assim com apenas 26 anos de idade, mas sinceramente discordo dos que criticam a atuação da atriz nesse filme. Achei sua atuação muito digna e correta. Marilyn, em nenhum momento, cai no exagero ou na caricatura. Para uma jovem estrela, sem muita experiência dramática, devo dizer que ela se saiu extremamente bem. O filme só funcionaria se Marilyn atuasse de forma satisfatória - e ela fez isso, com muita garra e sensibilidade, tenham certeza.

E como poderíamos definir esse filme? "Almas Desesperadas" é, em essência, um drama com toques de suspense e tensão. Quase cinema noir. A estrutura narrativa inclusive lembra uma peça de teatro. Os personagens estão concentrados em um ambiente fechado, dentro de uma situação limite. Poderia ter ficado pesado e chato, mas não, o filme se desenvolve muito bem em seus curtos 76 minutos. Richard Widmark segue a trilha da boa atuação de Marilyn Monroe e desfila elegância e charme durante as cenas. Aliás seu figurino chama bem a atenção pois revela a moda masculina na primeira metade dos anos 1950 com ternos enormes, folgadões, que alguns anos depois viriam a virar moda novamente. E ele era certamente o ator ideal para atuar nesse tipo de papel. Geralmente interpretava personagens que eram anti-heróis ou vilões assumidos. Nunca foi um ator de papéis de sujeitos bonzinhos ao longo de toda a sua carreira.

Para uma produção B da Fox, achei tudo de bom gosto. O hotel onde se passa a estória foi bem recriado e os demais figurinos são bonitos. E por falar em beleza, Marilyn estava linda, maravilhosa na época. Ainda com o frescor da juventude ela fotografou muito bem nas cenas. Com cabelos mais escuros que o normal, os fãs da atriz foram presenteados com vários closes de seu rosto inesquecível. Mesmo fazendo papel de maluquinha sua sensualidade acabou explodindo em cada tomada. Não foi à toa que ela se tornou um dos grandes símbolos sexuais do século XX. Embora seu papel não fosse essencialmente sensual, ela o tornava assim naturalmente. A Fox inclusive investiu bem nisso, a começar pelo poster do filme explorando a sensualidade de Marilyn de forma bem ostensiva e descarada. Em conclusão podemos afirmar que "Almas Desesperadas" não decepciona. É um registro histórico da ascensão de um dos maiores mitos da história do cinema! Só isso já o torna obrigatório.

Almas Desesperadas (Don't Bother to Knock, Estados Unidos, 1953) Direção: Roy Ward Baker / Roteiro: Daniel Taradash baseado na novela de Charlotte Armstrong / Elenco: Richard Widmark, Marilyn Monroe, Anne Bancroft, Donna Corcoran, Jeanne Cagney / Sinopse: Casal que vai a um jantar de gala contrata jovem babá chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe) para cuidar de sua filhinha. A babá é sobrinha do ascensorista do hotel e desde que seu namorado morreu na guerra sofre de crises mentais. E esse se torna o grande problema daquela noite.

Pablo Aluísio.