Esse pode ser considerado o primeiro álbum póstumo de Elvis Presley, lançado poucos meses após sua morte. Nem preciso dizer que foi uma ideia do Coronel Tom Parker, porque nessa época ele passou a dominar completamente o legado de Elvis. Com a morte do cantor o Coronel conseguiu assinar um contrato ótimo (para ele, claro) com o pai de Elvis, Vernon, que sempre foi muito submisso ao próprio Coronel. Com o passar dos anos Elvis se rebelou algumas vezes contra Parker, mas sempre recuava, muitas vezes a conselho do pai Vernon. Essa é uma realidade histórica que não se pode negar.
Então com um novo contrato o Coronel decidiu que iria movimentar a máquina promocional em torno de Elvis com novos lançamentos. Ele chegou a dizer a pessoas próximas que a morte de Elvis não iria mudar nada, porque depois que ele morreu estava vendendo mais discos do que quando estava vivo. Uma observação cruel e sem alma, mas que refletia o que estava de fato acontecendo.
Então a "ideia genial" para esse novo álbum era simplesmente tirar todo o acompanhamento vocal e overdubs das recentes gravações de Elvis em estúdio para lançar o material cru, trazendo em essência apenas a voz de Elvis e a banda que o acompanhava no momento em que as músicas estavam sendo gravadas. Confesso que o resultado de fato ficou muito bom. Felton Jarvis, o produtor de Elvis, muitas vezes pesava demais a mão na hora de adicionar overtubs às gravações originais.
E o disco abria justamente com uma versão muito honesta de Elvis de "Are You Sincere". Essa faixa havia sido lançada originalmente na discografia no disco "Raised on Rock" de 1973. Alguns não gostam da música pois avaliam ela como melancólica demais, diria até depressiva. Eu não penso assim. Gosto de sua sonoridade mais sóbria, mais intimista. E a voz de Elvis nesse disco se sobressai completamente. Uma performance realmente vinda da alma. Mostrava acima de tudo como ele era mesmo um grande cantor.
Pablo Aluísio.