A faixa "Lawdy Miss Clawdy" foi gravada no dia 3 de fevereiro de 1956. Nessa época Elvis já era um cantor profissional contratado pela grande multinacional RCA Victor. Os dias de quase amadorismo, da Sun Records, tinham ficado para trás. Agora ele viajava bastante, não apenas para fazer shows, mas também para gravar nos melhores estúdios de gravação, fossem localizados em Nova Iorque, Nashville ou Los Angeles. Elvis estava sempre ocupado, cumprindo seus compromissos de agenda. Relembrando o passado, conferindo a carga de trabalho a que era submetido, realmente apenas um jovem de sua idade iria conseguir manter aquele pique. E o mais incrível é que Elvis conseguia produzir muito, com qualidade artística.
Essa canção "Lawdy Miss Clawdy" havia sido composta pelo talentoso Lloyd Price. Era uma das preferidas de Elvis, tanto que assim que ele colocou os olhos na set list enviada pela RCA, com a lista das músicas sugeridas para gravação, ele a escolheu rapidamente, sem pensar duas vezes. Inicialmente a RCA pensou em colocar a faixa no primeiro disco de Elvis, mas essa ideia inicial não foi para a frente. Depois ela foi escolhida para fazer parte do segundo álbum do cantor na gravadora, mas igualmente foi deixada de lado. Entender porque uma canção tão boa foi sucessivamente cancelada nesses discos é uma questão sem resposta. É complicado entender o que se passava na cabeça desses executivos e produtores que montavam o repertório dos álbuns de Elvis nessa época distante.
Já "Mystery Train" vinha do repertório do acervo herdado da Sun Records pela RCA. Quando Elvis foi contratado pela grande gravadora de Nova Iorque ficou estipulado em seu contrato que a RCA também teria direito a todas as gravações que ele havia feito na gravadora de Sam Phillips. E essas canções foram sendo lançadas (ou relançadas) aos poucos. Em discos como esse "For LP Fans Only" surgia mais uma boa oportunidade de colocar essas gravações antigas no mercado novamente. Essa aqui foi gravada em julho de 1955, em um tempo em que Elvis ainda estava decidindo se iria virar cantor profissional mesmo ou fazer um curso de eletricidade para trabalhar na companhia de energia de Memphis. Nesses tempos ele apenas dirigia o caminhão da firma.
Em relação aos valores artísticos de "Mystery Train" devemos relembrar que para muitos críticos essa foi uma das maiores e melhores gravações de Elvis em sua carreira. Para Sam Phillips, por exemplo, não havia a menor dúvida que tinha sido o melhor que Elvis havia produzido em sua pequena gravadora. E de fato chega a ser incrível como aqueles jovens músicos conseguiram chegar em um take tão perfeito, com tão poucos recursos disponíveis. A tecnologia de gravação da época era rudimentar. Fazer edições era praticamente impossível. Assim era mesmo uma questão de se chegar em um momento especial para capturar o talento dos artistas. No caso de Elvis, Scotty e Bill, isso aconteceu justamente aqui. Foi mesmo algo fantástico por parte deles. Algo que aliás nunca mais se repetiria ao longo de sua persmanência na Sun de Memphis.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 2 de agosto de 2023
As Máquinas Quentes
O primeiro filme de Robert Redford na década de 1970. Na época ele chegou a dizer que era o melhor script que tinha lido em sua vida. Claro, um exagero absoluto, fruto de sua inexperiência naqueles tempos hoje distantes. O que temos aqui é até um bom filme, mas com uma clara intenção de seguir os passos de "Sem Destino". A diferença é que aquele tinha uma forte ligação com a cultura hippie e a flower power enquanto essa produção era bem mais convencional e nada revolucionária. Um filme que só queria divertir o público que fosse ao cinema, nada mais.
A base do enredo porém surgia bem parecido, mostrando dois motoqueiros, seus amores e experiências de vida. Ambos possuem personalidades bem diferentes. Redford interpreta o piloto boa pinta e mulherengo, enquanto seu amigo vai mais para a linha do humor. Um filme bacana, com a cara daquela época. Não deixa de ser uma boa diversão mesmo revisto nos dias atuais. E Redford, claro, estava mais galã e "golden boy" do que nunca nessa produção. Era considerado o mais bonito ator de cinema dos anos 70.
As Máquinas Quentes (Little Fauss and Big Halsy, Estados Unidos, 1970) Direção: Sidney J. Furie / Roteiro: Charles Eastman / Elenco: Robert Redford, Michael J. Pollard, Lauren Hutton / Sinopse: Dois pilotos de motos tentam se dar bem na vida profissional e no amor na década de 1970, no interior dos Estados Unidos. Em cada nova corrida, uma vitória, uma derrota e um novo amor!
Pablo Aluísio.
terça-feira, 1 de agosto de 2023
Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 16
Em 1942 o mundo estava em guerra. O ataque japonês ao porto norte-americano de Pearl Harbor colocou os Estados Unidos no conflito. Vários atores e diretores entraram nas forças armadas, mas curiosamente John Wayne não conseguiu entrar para o exército. Além da idade, havia problemas de saúde com o já veterano Wayne. Isso iria de certa forma manchar um pouco sua fama de grande patriota, mas Wayne percebeu que sua carreira iria se tornar gloriosa a partir daquele momento. Sem a concorrência dos grandes astros, excelentes roteiros lhe foram oferecidos. O tempo de filmes B tinha ficado para trás.
Embora estivesse em busca de filmes de guerra, outro gênero ao qual iria se dedicar naqueles anos, John Wayne não pretendia negligenciar seus filmes de faroeste, ainda que isso tenha realmente acontecido. Afinal havia sido eles que lhe trouxeram fama e sucesso no cinema. Por isso ainda em 1942 ele voltou a vestir a velha vestimenta de cowboy, subiu em um cavalo e estrelou o filme "Caminho Fatal". Com direção de William C. McGann, esse era um western tradicional, como nos velhos tempos. No filme Wayne interpretava um sujeito que se mudava de Boston para uma cidade no velho oeste, bem no meio da corrida ao ouro. Em tempos de violência, ele iria aprender rapidamente as regras do jogo naquele lugar distante da civilização.
O mais interessante de tudo é que ele daria um tempo depois dessa produção nos filmes de faroeste. Na realidade ficaria dois anos afastado do gênero, justamente os anos da guerra. Nesse período, como era de se esperar, ele atuou em filmes com temáticas militares para levantar a moral dos soldados americanos que lutavam na Europa e no Pacífico. Seu maior sucesso nessa fase foi "Tigres Voadores" sobre uma esquadrilha de bravos pilotos americanos lutando na guerra. Se ele não podia lutar a guerra real, iria se dedicar, pelo menos por um tempo, em ser um modelo de herói dos filmes que estavam passando nos cinemas. Deu certo e todos essas produções foram bem nas bilheterias.
Ele só retornaria mesmo ao velho estilo em 1945, no mesmo ano em que a guerra chegou ao seu final. John Wayne atendia assim aos inúmeros pedidos de fãs que chegavam todos os dias no estúdio. Ele estava de volta ao mundo do velho oeste. O filme que marcou seu retorno era intitulado "Dakota", justamente o nome de um estado do meio-oeste dos Estados Unidos. A história do filme se passava em 1871, onde empresários nortistas desonestos lutavam contra fazendeiros de trigo da região de Dakota, com o objetivo de aproveitar o desenvolvimento trazido pela nova ferrovia inaugurada na região. Tudo para controlar a cidade de Fargo, considerada a mais rica daquele estado. Esse sem dúvida foi um bom filme de sua carreira naquele período.
Pablo Aluísio.
Sangue Acusador
Esse filme estaria esquecido completamente na história do cinema se não fosse por algumas peculiaridades em sua produção e elenco. Essencialmente é um filme B da Universal, lançado no final da década de 1940. Naquele período do pós segunda guerra, tudo o que os americanos queriam era um pouco de diversão nos cinemas, para afastar e superar os traumas do maior conflito armado da história. E os filmes contando histórias de detetives caíam muito bem no gosto popular. Traziam boas histórias, boas tramas envolvendo crimes e tinha aquele clima sombrio do cinema noir que agradava em cheio ao público.
A direção foi do conhecido produtor de fitas B, William Castle. Ele era bem famoso por causa de seus filmes sobre aranhas gigantes e coisas do tipo. Filmes de detetives, ao estilo noir, nem sempre faziam parte de sua filmografia. Apesar disso se deu bem aqui. E teve visão para entender que o jovem Rock Hudson que estava no elenco, interpretando um detetive, iria se destacar no cinema. Ele fotografava muito bem em cena e tinha o tipo ideal de galã naquela fase da indústria norte-americana. Castle inclusive declarou: "Com o agente certo e os filmes bem selecionados esse ator pode se tornar um grande astro nos próximos anos". Acertou em cheio na sua previsão.
Sangue Acusador (Undertow, Estados Unidos, 1949) Direção: William Castle / Roteiro: Arthur T. Horman, Lee Loeb / Elenco: Scott Brady, John Russell, Dorothy Hart, Rock Hudson / Sinopse: Um condenado em liberdade condicional é acusado de assassinato e procura se livrar de uma nova prisão antes que a polícia o encontre. Uma nova condenação seria o fim definitivo de sua liberdade.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 31 de julho de 2023
A História de Rock Hudson - Parte 16
Conforme a carreira de Rock Hudson decolava, ele passou a ser cortejado por outros grandes estúdios de Hollywood. A Warner queria Rock de todo jeito. Ele era considerado o galã ideal para os filmes dessa empresa cinematográfica, que era bem conhecida pela classe de seus filmes. A Warner produzia filmes para a elite dos Estados Unidos, para o topo da sociedade. Eram filmes refinados, muito bem produzidos, contando com excelentes diretores. Só faltava Rock Hudson para completar o time, mas o ator tinha contrato de exclusividade com a Universal Pictures.
A Universal fazia filmes para as massas, para a classe trabalhadora, para os operários, para o povão. O seu público alvo era o homem comum que pagaria um ingresso de cinema para ter um pouco de diversão. Grande parte do faturamento da companhia vinha de uma grande série de filmes B de faroeste que eram rodados e lançados de maneira industrial, tudo filmado no próprio rancho da Universal, nos arredores de Los Angeles. Esses filmes de western eram muito lucrativos, custavam pouco e nunca decepcionavam na bilheteria. Era o que mantinha o estúdio funcionando e com boa saúde financeira. A Universal também detinha os direitos autorais para adaptação ao cinema de todos aqueles monstros clássicos da literatura de terror. Drácula, Lobisomem, a múmia, o monstro de Frankenstein e o Homem Invisível, entre outros. O terror era uma marca registrada da Universal naqueles anos.
Sabendo do grande interesse da Warner, o agente de Rock, a velha raposa Henry Wilson, renegociou um excelente novo contrato com a Universal, com duração de sete anos. Entre outras coisas aumentava e muito o cachê de Rock, além de dar poder de veto ao ator nas escolhas de roteiro, diretores e até mesmo dos demais atores do elenco. Além disso a cláusula de exclusividade foi retirada, dando oportunidade de Rock trabalhar em outros estúdios se assim desejasse. Rock optou por continuar na Universal por lealdade, pois havia sido o primeiro estúdio que havia lhe dado uma chance real, bem no começo de sua carreira, quando ele não era conhecido por ninguém em Hollywood. Rock adorava o pessoal da Universal. Todos se consideravam da família. Rock era amigo próximo de pessoas que trabalhavam nos figurinos, na construção de cenários, dos operadores de câmera etc. Todo mundo se conhecia e se tratava como amigo. Ele não queria deixar aquele ambiente de trabalho tão acolhedor.
Com o dinheiro da renovação de seu contrato com a Universal, Rock resolveu comprar um veleiro e foi morar nele. Quando todos pensavam que Rock iria comprar uma casa ou apartamento novo, ele surpreendeu a todos ao comprar um grande barco que ficava ancorado na praia de Malibu, bem em frente à casa de Paul Newman. E Rock sabia o que estava fazendo. Ele havia sido marinheiro na Segunda Guerra Mundial, tinha experiência e treinamento para ter um veleiro como aquele. De fato Rock adorava a vida no mar e aquele tipo de sensação de liberdade que havia desfrutado quando servia na Marinha de guerra havia voltado. Ele tinha grandes planos de viagem, o que sempre causava um grande receio por parte da Universal Pictures, afinal grande investimento havia sido feito e ninguém queria que algo de ruim acontecesse a ele nessas longas viagens mar adentro.
Pablo Aluísio.
domingo, 30 de julho de 2023
Um Vampiro no Brooklyn
Título Original: Vampire in Brooklyn
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Wes Craven
Roteiro: Eddie Murphy, Vernon Lynch
Elenco: Eddie Murphy, Angela Bassett, Allen Payne
Sinopse:
Maximillian é o único sobrevivente de uma raça de vampiros em uma ilha do Caribe e, como uma criatura da noite, ele deve encontrar uma companheira para impedir que a sua linhagem acabe. Ele sabe que uma criança nasceu de uma mulher que tinha um pai vampiro e a procura no Brooklyn. Assim parte para Nova Iorque em busca dessa mulher que vai tornar possível seus sonhos, mas não vai ser algo fácil de realizar, ainda mais quando começa a ser procurado por policiais e caçadores de vampiros.
Comentários:
Eddie Murphy vinha em uma sucessão de sucessos no cinema quando decidiu filmar esse roteiro cuja premissa ele mesmo havia escrito. Quando o ego é maior do que o bom senso vem a queda, já nos ensinou vários capítulos escritos em Hollywood. E assim aconteceu com Murphy. O fracasso foi tão grande que o filme não conseguiu sequer recuperar nas bilheterias o investimento que foi gasto em sua produção. Com isso Murphy aprendeu sua primeira dura lição na indústria do cinema. O público não queria vê-lo bancando o vampirão sedutor em busca da mulher que tanto idealizava e sim como o comediante gaiato de outros sucessos anteriores. Pena que Wes Craven, um dos melhores diretores de terror de sua geração, tenha afundando junto com Murphy nessa sua egotrip. Em busca de um sucesso ele aceitou o convite daquele que era um dos atores mais populares do cinema e acabou se dando mal, muito mal.
Pablo Aluísio.
sábado, 29 de julho de 2023
Bem-vindos à Vizinhança
Eu já tinha visto essa história antes, em um documentário do Discovery Channel. É baseado em fatos reais, só que agora ressurge em formato de minissérie na Netflix. Conta a história de um casal que compra uma linda casa que está sendo vendida por um preço muito abaixo do normal. Ora, quem conhece filmes de terror e suspense já sabe de antemão que casa barata demais, ainda mais em bairro nobre nos Estados Unidos, é sinal de fria na certa. Provavelmente tem algum passado tenebroso ou algo do tipo. E é justamente o que ocorre nesse caso.
Assim que a família se muda para seu novo lar começa o inferno. Os vizinhos mais próximos são tipos bizarros, complicados de se lidar. E o clima parece hostil entre os moradores da cidade, só que ninguém parece disposto a explicar nada. As coisas começam a piorar quando cartas ameaçadoras começam a chegar pelo correio (sim, a história original foi passada nos anos 80, ainda existiam as cartas de papel!). Pois bem, a situação vai ficando tensa, o casal passa a ficar paranoico e se sentir muito ameaçado. É uma boa história, mas devo antecipar que no fundo, no fundo, é tudo pastel de vento. A solução (ou a falta de solução) do caso torna tudo ainda mais frustrante.
Bem-vindos à Vizinhança (The Watcher, Estados Unidos, 2022) Direção: Paris Barclay, Ryan Murphy, Jennifer Lynch / Roteiro: Ryan Murphy, Ian Brennan / Elenco: Naomi Watts, Bobby Cannavale, Mia Farrow / Sinopse: Casal compra uma belíssima casa com um preço bem abaixo do mercado. Após se mudarem passam a ser ameaçados por cartas anônimas e vizinhos nada simpáticos e amigáveis. Baseado em fatos reais.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 28 de julho de 2023
Dirt - Levantando Poeira
Eu sou um cinéfilo das antigas. Eu me lembro perfeitamente do ator Kevin Dillon em seu começo de carreira. Ele foi ídolo adolescente nos Estados Unidos e se destacou em alguns bons filmes, entre eles "Platoon", o hoje clássico filme sobre a guerra do Vietnã, com direção de Oliver Stone. Com esse mesmo diretor fez "The Doors", onde interpretava o baterista da famosa banda dos anos 60. Kevin Dillon que era um típico representante da geração jovem dos anos 80, também viu sua carreira entrar em parafuso quando aquela década chegou ao fim. Nesse filme o agora cinquentão Dillon interpreta um chefe de equipe de carros de corridas. Os resultados são ruins, o carro não corresponde nas pistas e para piorar tudo ele ainda tem um piloto temperamental e agressivo com os demais membros de sua equipe.
A solução para seus problemas surge com um jovem, um rapaz negro, que havia sido preso por roubar carros. Nas fugas acabou ganhando muita experiência na direção. Após brigar com o piloto principal da escuderia, o personagem de Dillon resolve então escalar o jovem para dirigir seu carro numa competição e para sua surpresa as coisas acabam saindo bem melhores do que ele esperaria. É a tal coisa, se eu fosse resumir esse filme de um modo bem geral eu diria que temos aqui um filme ao estilo "Sessão da Tarde" bem honesto. Não tem maiores pretensões a não ser se tornar um filme sobre carros de corridas velozes para puro entretenimento do espectador. Nesse aspecto cumpre bem seu papel.
Dirt - Levantando Poeira (Dirt, Estados Unidos, 2018) Direção: Alex Ranarivelo / Roteiro: John Ducey / Elenco: Kevin Dillon, DeRon Horton, Christina Moore / Sinopse: Chefe de uma equipe de corridas decide investir toda a sorte de sua escuderia ao escalar um jovem inexperiente nas pistas como seu novo piloto principal.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 27 de julho de 2023
De Tirar o Fôlego
Esse interessante documentário chegou essa semana na grade de programação da plataforma Netflix. Ele mostra a rotina de treinamentos e competições de uma nadadora italiana de alta profundidade. Eu já tinha tido contato com esse esporte através do cinema, no muito bom filme francês "Imensidão Azul" de Luc Besson (quem ainda lembra?). É o mesmo esporte, um dos mais perigosos do mundo, onde o competidor (no caso aqui, uma competidora) deve mergulhar em linha reta, sem qualquer equipamento de oxigênio, para tentar vencer. Quem descer em maior profundidade, vence. O problema é que alguns desportistas já morreram fazendo essa modalidade esportiva. Geralmente o nosso cérebro simplesmente "desliga" com a falta de oxigênio e dependendo da profundidade que o mergulhador está, ele acabará morrendo.
Há assim uma história de superação e outra de tristeza contada aqui. Na superação vemos essa mergulhadora italiana tentando superar o recorde mundial de uma russa, que inclusive morreu ao tentar bater seu próprio recorde, anos atrás. A parte triste vem com uma morte de um dos principais protagonistas dessa história que está sendo cotada ao vivo, em tempo real, no documentário. Pois é, como eu disse, há elevado risco de vida nessa prática esportiva, por isso o mergulho em profundidade é considerado um dos esportes com maior potencialidade de letalidade no mundo. Quem conseguir sobreviver, quem sabe, poderá ser a grande vencedora...
De Tirar o Fôlego (The Deepest Breath, Estados Unidos, 2023) Direção: Laura McGann / Roteiro: Laura McGann / Elenco: Alessia Zecchini, Kristof Coenen, Stephen Keenan, Audrey Mestre / Sinopse: Documentário da Netflix contando a rotina de treinos e competições de uma mergulhadora italiana determinada a bater o recorde mundial de mergulho em profundezas.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 26 de julho de 2023
De Palma
Para quem gosta de cinema de verdade esse filme é praticamente obrigatório. Traz uma longa entrevista com o diretor Brian De Palma onde ele relembra todos os seus filmes, os bastidores, as dificuldades em ser um cineasta autoral em Hollywood, além dos projetos que ficaram pelo meio do caminho. E obviamente há também uma farta dose de revelações de bastidores sobre como foi trabalhar com determinados atores. Por exemplo, ficamos sabendo que Sean Connery odiou o fato de seu personagem ser morto em "Os Intocáveis" e que Robert De Niro levou semanas para aceitar interpretar o mafioso Al Capone nessa produção que até hoje é considerada a definitiva sobre esse famoso gângster de Chicago. Para Kevin Costner sobram elogios e em relação a John Travolta há uma espécie de frustração pelo filme que fizeram juntos não ter dado certo, comercialmente falando.
O diretor lamenta, com muita sinceridade e honestidade, o fracasso de certos filmes que ele dirigiu e que gostava muito como, por exemplo, "Um Tiro na Noite". Também fala bastante sobre "Scarface" e "O Pagamento Final", dois filmes em que dirigiu Al Pacino. O ator inclusive não teve o melhor dos relacionamentos com o diretor enquanto estava trabalhando ao seu lado. Em uma ocasião, cansado das repetições de uma mesma cena que durou praticamente toda uma madrugada, Pacino simplesmente pegou o metrô de Nova Iorque e foi embora para casa, bem no meio das filmagens. Para De Palma, Pacino era um gênio, mas também um profissional muito temperamental e explosivo, tal como certos personagens que interpretou em sua vida. Enfim, primoroso e saboroso, é um depoimento do coração desse que sempre foi um dos meus diretores de cinema preferido. Um mestre da sétima arte.
De Palma (Estados Unidos, 2015) Direção: Noah Baumbach, Jake Paltrow / Roteiro: Noah Baumbach, Jake Paltrow / Elenco: Brian De Palma, Mark Hamill, Amy Irving / Sinopse: Documentário sobre a carreira do diretor Brian De Palma. Através de uma longa entrevista ele relembra todo a sua filmografia, fazendo um painel e um panorama bem honesto sobre seu trabalho em Hollywood durante sua trajetória de cineasta.
Pablo Aluísio.
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