quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Elvis Presley - Too Much / Playing For Keeps

O primeiro material inédito de Elvis a chegar nas lojas americanas em 1957 nos Estados Unidos foi o single Too Much / Playing For Keeps. Havia uma grande ansiedade por canções inéditas de Elvis Presley pois seu sucesso inigualável no ano anterior o tinha elevado ao posto de cantor número 1 da América. Assim tudo o que levava a marca Elvis era esperado com grande expectativa pelo mercado. Um mês antes do lançamento a RCA enviava para as principais lojas do país o material promocional do novo single de Elvis – um enorme cartaz para ser exposto na entrada dos estabelecimentos com a capa do compacto e a data de lançamento. A frase “Elvis está chegando” podia ser lida em letras garrafais.

Pelos números alcançados em 1956 a RCA resolveu caprichar em cada novo produto de seu agora artista principal. Os fãs adoravam esse tipo de clima pré lançamento e não se faziam de rogados oferecendo uma bela soma pelos cartazes para adicionar em suas coleções de itens relacionados ao Rei do Rock. O curioso é que embora fossem esperadas como novidade absoluta a verdade pura e simples é que as duas canções desse compacto nada mais eram do que sobras das sessões do segundo álbum de Elvis. As músicas tinham sido arquivadas para serem lançadas depois, justamente para cobrir os primeiros meses do ano de 1957 pois Elvis descansaria por algumas semanas da correria dos compromissos do ano anterior para só então retomar o ritmo dentro do novo ano que nascia.

Dentro da RCA surgiu um debate sobre qual música deveria ocupar o lado A do compacto. Alguns defendiam que Playing For Keeps tinha mais potencial nas paradas pois lembrava em certos momentos a grande balada de seu último sucesso, Love Me Tender. Keeps também era uma balada cuja letra consistia em uma declaração de amor, ideal para os corações adolescentes apaixonados da década de 50. Outra corrente porém defendia que Too Much tinha mais forças para chegar ao topo da Billboard pois era um rock com pegada, com aquela vocalização “mastigada” de Elvis que todos os jovens adoravam. A indecisão fez com que a RCA imprimisse a capa do single com Playing For Keeps em primeiro lugar (obviamente ocupando o lado A) para logo depois mudar completamente de idéia ao colocar finalmente Too Much no lado principal. Indecisão é pouco.

Quem não estava gostando nem um pouco de Too Much ganhar todo esse destaque no lançamento era justamente Scotty Moore, o guitarrista da banda de Elvis. Ele tinha errado no solo, perdeu-se por um momento e só depois conseguiu voltar ao ponto certo. Quando Elvis escolheu aquele take como oficial, Moore se apressou em lhe avisar que ele tinha errado mas Elvis respondeu: “Eu sei disso, mas essa versão ficou ótima, vamos deixar assim”. A canção chegou ao mercado com a falha de Scotty Moore que falaria sobre esse seu erro por anos a fio, como que se quisesse se desculpar com os fãs de Elvis. Bobagem, a falha existe realmente mas não macula a gravação e nem a música que é contagiante e tem a marca registrado do vocal de Elvis – algo que ele já fazia desde os tempos da Sun e que usaria ainda bastante nos anos seguintes. Aquilo era o mais puro puro rock ´n ´Roll. O single chegou nas lojas e como era de se esperar vendeu muito, mas não o bastante para chegar ao topo da Billboard. O máximo que alcançou foi um honroso segundo lugar. O fato deixou alguns cabeças da RCA preocupados mas eles não teriam motivos para reclamar pois logo Elvis estaria de volta aos estúdios para produzir material realmente novo, fresquinho, saído do forno em um ano que ele reinaria absoluto nas paradas de sucesso. Elvis estava realmente chegando e dessa vez para ficar definitivamente.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Audie Murphy e o Western - Parte 6

Cimarron é um dos clássicos da literatura de faroeste dos Estados Unidos. O próximo filme de Audie Murphy pegava de certa forma carona no Best-Seller, embora seu roteiro e seus personagens tivessem pouco (ou nada) a ver com o livro escrito por Edna Feber. "The Cimarron Kid" ou "O Último Duelo" como foi chamado no Brasil era um filme de western bem mais convencional, nada muito pretensioso.

Audie Murphy interpretava um cowboy acusado de um crime que não cometeu. Fugindo pelo velho oeste ele acabava entrando numa quadrilha de bandoleiros, os Daltons, para sobreviver e quem sabe recomeçar sua vida em algum lugar. A direção foi entregue ao ótimo Budd Boetticher, mas a crítica em geral considerou o filme sem maiores surpresas, até mesmo um ponto abaixo dos dois anteriores que ele havia feito, um deles, "A Glória de um Covarde", dirigido pelo mestre John Huston, o que complicava bastante em termos de comparação.

Os estúdios Universal não estavam mesmo tentando transformar Audie Murphy em um novo Marlon Brando. Ao contrário disso escalou o ator para interpretar diversos faroestes B, ao estilo Bang-Bang, mais de acordo com o gosto médio do público da época. A ideia era colocar o ator em filmes mais baratos, porém que se tornassem altamente lucrativos para a companhia. Assim seu destino no cinema foi de carta forma selado. Não adiantava gastar muito dinheiro em produções requintadas. Murphy faria mesmo o feijão com arroz dos filmes feitos para as matinês de sábado e domingo. Nada mais.

Onde Impera a Traição (The Duel at Silver Creek, Estados Unidos, 1952) seguia basicamente por essa linha. O filme custou pouco, um autêntico western B, mas rendeu bem, gerou lucro. Era o que importava. Audie Murphy aqui interpretava de certa forma mais um personagem genérico, um pistoleiro chamado The Silver Kid (O garoto de prata). O enredo também não trazia maiores novidades. Ele era o rapaz jovem, rápido no gatilho, que se unia a um xerife contra um bando de assaltantes. A crítica novamente torceu o nariz para o resultado, mas o resultado comercial foi excelente. Todo filmado no rancho da Universal o filme custou meros 10 mil dólares - uma mixaria para os padrões atuais e conseguiu faturar cinco vezes mais nas bilheterias. Era exatamente isso que os produtores procuravam.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 24

James Dean entrou para a história como o grande rebelde do cinema americano, o maior de todos os tempos. Até o roqueiro Elvis Presley que viria a surgir muitos anos depois, também seria associado a um rebelde, tal como fora Dean antes dele. Todos eles tiveram grande importância dentro da chamada nascente cultura jovem americana que teve seu auge nos anos 1950. O fato real porém é que nenhum deles foi o original nesse estilo de ser. O primeiro rebelde de Hollywood e da cultura pop foi mesmo Marlon Brando. Ele ditou uma forma de ser única, que ninguém ainda havia visto  na capital do cinema antes de seu surgimento. O próprio Brando foi rebelde desde os primeiros anos de sua vida. Era algo natural de sua personalidade. Mesmo nas escolas por onde passou ele aprontou e muito. Odiava disciplina e seguir ordens. Fazia pouco das convenções sociais e não ligava para regras de comportamento. Agir assim naqueles anos era algo que chocava as pessoas.

A imagem do jovem rebelde, de casaco de couro, óculos escuros, andando com uma moto possante pelas madrugadas foi criada por Marlon Brando e isso não foi uma invenção de marketing dos estúdios ou algo parecido. Era o próprio jeito de ser do ator. Brando não ligava para a moda, estava sempre vestido de forma muito simples, com camisetas brancas e sua moto era praticamente sua segunda pele, companheira constante.

Ele não dava bola para eventos sociais e desdenhava prêmios como o Oscar. Para Brando a arte não era uma competição e categorias como "Melhor Filme" ou "Melhor Ator" eram absurdas pois não havia como medir que obra de arte seria melhor do que a outra. Por ser um cara tão anti convencional Brando acabou fazendo escola. O próprio James Dean era obcecado pela personalidade de Brando e esse por sua vez foi grande influência para o primeiro grande mito do rock americano, Elvis Presley.

O curioso é que Brando não tinha boa impressão de nenhum de seus "seguidores". Para Marlon o jovem James Dean apenas procurava lhe imitar, ou imitar aquilo que ele achava que era o verdadeiro jeito de ser do ator. Já sobre Elvis, Brando tinha uma visão bem mais crítica. O achava sem qualquer talento como ator, apenas um cantor que era explorado pelo cinema e nada mais. Pelo visto o rebelde Brando não poupava ninguém, nem mesmo seus dois mais famosos seguidores.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de setembro de 2022

Órfã 2

Título no Brasil: Órfã 2 - A Origem
Título Original: Orphan - First Kill
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Dark Castle Entertainment
Direção: William Brent Bell
Roteiro: David Coggeshall. David Leslie
Elenco: Isabelle Fuhrman, Julia Stiles, Rossif Sutherland, Hiro Kanagawa, Matthew Finlan, Samantha Walkes

Sinopse:
Jovem mulher com estranha síndrome que a deixa com aparência infantil eterna, foge do Manicômio judiciário, onde está internada. De volta à sociedade, ela se faz passar por uma garotinha que está desaparecida. Dentro dessa nova família, ela logo começa a demonstrar atitudes estranhas e bizarras. No fundo, é uma psicopata perigosa à solta.

Comentários:
Quando eu soube da existência desse segundo filme, fiquei surpreso. Isso porque o primeiro filme já tinha uma história que se fechava muito bem. Não havia maiores desdobramentos para uma segunda história em uma continuação. Assim, os roteiristas resolveram a questão. Eles voltaram no passado para contar uma história que acontece antes dos eventos que vimos no primeiro filme. É o que os americanos chamam de prequel. Até os 50 minutos de duração os dois filmes são extremamente semelhantes. Afinal, a protagonista usa sempre o mesmo método para se infiltrar nas famílias. E acaba igualmente se apaixonando pela figura paterna em questão. O que o roteiro traz de novo nesse segundo filme é uma reviravolta que acontece no terceiro ato. Isso me fez manter o interesse nos acontecimentos até o final. Esse filme também apresenta suas falhas. A atriz Isabelle Fuhrman que interpreta a protagonista já não é mais adequada ao personagem, ao meu ver. Ela é baixinha e de estrutura física frágil. Entretanto seu rosto não é a de uma criança, como sugere o roteiro. Em 2009 no primeiro filme ainda convencia, hoje não mais. Ela não enganaria a própria mãe. Ainda bem que o roteiro também encontra algumas saídas para esse tipo de encruzilhada narrativa. No quadro geral é um filme que até me agradou. Assim como o primeiro filme, esta continuação também se revela ser um bom entretenimento para quem aprecia filmes de terror e suspense.

Pablo Aluísio.

Tico e Teco - Defensores da Lei

Título no Brasil: Tico e Teco - Defensores da Lei
Título Original:  Chip 'n Dale - Rescue Rangers
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney
Direção: Akiva Schaffer
Roteiro: Dan Gregor, Doug Mand
Elenco: Andy Samberg, John Mulaney, KiKi Layne, Eric Bana, Seth Rogen, J.K. Simmons

Sinopse:
Depois de anos separados os esquilos Tico e Teco voltam a se reencontrar para descobrir o paradeiro de um velho amigo que misteriosamente desapareceu. E o culpado de tudo parece ter sido o Peter Pan, agora envelhecido e malvado. 

Comentários:
Falaram tão bem dessa animação que eu decidi conferir. Penso que houve um certo exagero nos elogios. O roteiro é simples como convém a um produto feito para as crianças, Em certo aspecto é tudo bem bobinho realmente. Então por qual razão esse filme foi tão elogiado? Parece que os críticos que hoje são adultos se derreteram mesmo com o fato do roteiro trazer inúmeras referências aos anos 90, quando eles eram garotinhos. Só que essa é uma questão de pura nostalgia, coisa pessoal deles. Como não é o meu caso, não vi nada demais, apenas mais um produto Disney com excelente nível de produção. Pelo visto bobinhos mesmo são esses críticos quarentões sem muito bom senso. De qualquer maneira, o filme utiliza bem aquela velha forma de mesclar personagens animados com atores reais. Algo que foi bem utilizado na animação "Uma cilada para Roger Rabbit". A diferença é que esse filme não é tão ousado. Não esperem encontrar Jessica Rabbit em cena. As coisas aqui são bem mais na linha family friendly.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de setembro de 2022

Não! Não Olhe!

Título no Brasil: Não! Não Olhe!
Título Original: Nope
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jordan Peele
Roteiro: Jordan Peele
Elenco: Daniel Kaluuya, Keke Palmer, Brandon Perea, Michael Wincott, Steven Yeun

Sinopse:
Dois irmãos que herdaram a criação de cavalos no rancho do seu pai, acabam lidando com um estranho fenômeno no céu em sua propriedade. Uma nuvem que parece nunca sair do lugar. Pessoas desaparecendo no meio do nada. O que estaria acontecendo? Seria algum tipo de invasão extraterrestre? Ou apenas um estranho evento da natureza, desconhecido da ciência?

Comentários:
Do ponto de vista do roteiro. o filme até que começa bem. Entretanto é bem o tipo do caso em que o filme começa bem e depois desaba no final. Não me convenceu nem um pouco a explicação do que seria aquele estranho fenômeno que surge sobre o rancho do protagonista. Seria um disco voador ou seria algum tipo de fenômeno natural? E aí, quando surge finalmente a explicação, vem a decepção. Uma bobagem enorme! A sensação que tive foi que havia perdido meu tempo. Eu até me lembrei de uma recente pesquisa feita por cientistas que afirmaram que poderia existir vida sobre a atmosfera de Vênus. Estranhos seres totalmente desconhecidos, pairando sobre aquele planeta. Só que é melhor esquecer isso. O roteiro não é tão inteligente. O que me surpreende é que esse filme acabou sendo o mais assistido em sua semana de estreia nos Estados Unidos. Não deixa de ser um sintoma bem visível da crise de criatividade que se abate sobre o cinema americano nos dias atuais.

Pablo Aluísio.

Woodstock

Título no Brasil: Woodstock 
Título Original: Woodstock 
Ano de Lançamento: 1970
País: Estados Unidos
Estúdio: Wadleigh-Maurice
Direção: Michael Wadleigh
Roteiro: Michael Wadleigh
Elenco: Jimi Hendrix, Joe Cocker, Joan Baez, Joe Cocker, The Who, Crosby Stills & Nash, Santana 

Sinopse:
Documentário sobre o festival de Woodstock, realizado em 1969. Traz shows de grandes lendas do rock mundial. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor documentário. Lançado no Brasil como "Woodstock - 3 Dias de Paz, Amor e Música".

Comentários:
Assisti esse documentário pela primeira vez em 1995. Foi lançado no Brasil em VHS, em fita dupla, numa edição especial. Tecnicamente falando, se trata de um filme que tem nuances até mesmo amadoras. Isso se explica facilmente porque o próprio festival de Woodstock foi meio amador. Um festival de música que fugiu do controle, com milhares de pessoas a mais do que era previsto. O amadorismo estava em todo lugar. As filmagens seguem esse mesmo padrão. Afinal, havia muita lama, muitos hippies e muita desorganização. De qualquer forma, captou os grandes nomes da música e do rock mundial em pleno palco no auge de suas carreiras. Curiosamente, artistas como Jimi Hendrix tiveram apresentações prejudicadas justamente por causa dessa falta de organização do festival. De uma forma ou outra, a questão é simples, se você gosta de rock, não pode deixar de assistir, pois é um dos maiores registros do gênero em sua história. A fita a que assisti na época tinha 3 horas de duração. Outras edições aumentaram ou diminuíram essa metragem. Fica o registro.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Onde Começa o Inferno

John T. Chance (John Wayne) é um xerife de uma pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato. "Rio Bravo" foi um dos maiores westerns da carreira de John Wayne e isso definitivamente não é pouca coisa. O filme tem um roteiro excelente que desenvolve de forma excepcional a crescente ansiedade dos três homens da lei que tentam manter atrás das grades um perigoso assassino que conta com a ajuda de uma grande quadrilha para tirá-lo de lá. A história fascinou tanto o diretor Howard Hawks que ele voltaria a realizar outro western famoso, "El Dorado", com praticamente o mesmo argumento, embora sejam filmes diferentes. Hawks realmente tinha especial paixão pelo conto que deu origem ao filme (escrito por BH McCampbel) por trazer vários temas caros à mitologia do faroeste como por exemplo a redenção, a dignidade dos homens da lei e a crescente tensão psicológica que antecede o confronto final.

O filme já começa inovando com uma longa sequência de mais de 4 minutos sem qualquer diálogo (algo que anos depois seria copiado por Sergio Leone em "Era Uma Vez no Oeste"). Quando Dude (Dean Martin) finalmente surge em cena logo ficamos chocados com sua aparência de alcoólatra, sujo, esfarrapado, lutando para manter o pouco de dignidade que ainda lhe resta. Aliás é bom frisar que a interpretação de Dean Martin para seu personagem é muito digna, passando mesmo uma sensação de dependência completa da bebida. Há inclusive uma ótima cena em que ele tenta sem sucesso enrolar um cigarro de fumo e não consegue por causa dos tremores em sua mão (curiosamente o único close de todo o filme). John Wayne mantém sua postura irretocável em um personagem tópico de seus westerns. Já o velhinho Stumpy (Walter Brennan) é um grande destaque. Servindo como alívio cômico ele acaba roubando várias cenas com sua simpatia e bom humor. Em suma, "Rio Bravo" merece todo o status que possui. É envolvente, tenso, bem escrito, com excelente desenvolvimento psicológico de seus personagens e acima de tudo diverte com inteligência. Um programa obrigatório para cinéfilos.

Onde Começa o Inferno (Rio Bravo, EUA, 1959) Direção: Howard Hawks / Roteiro: Jules Furthman, Leigh Brackett baseado na curta história de B.H. McCampbell / Elenco: John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan, Ward Bond / Sinopse: John T. Chance (John Wayne) é um xerife de uma pequena cidade do velho oeste. Ele tem como auxiliares Dude (Dean Martin), um sujeito com sérios problemas de alcoolismo e Stumpy (Walter Brennan) um velho manco que já não mete medo em ninguém. Juntos passarão por um teste de fogo ao prenderem Joe Burdette (Claude Akins), irmão de um perigoso fora da lei da região. Sitiados em sua própria delegacia eles tentam manter o bandido preso até a chegada do delegado federal que irá levar o facínora à julgamento por assassinato.

Pablo Aluísio.

Um Certo Capitão Lockhart

Última parceria entre James Stewart e o diretor Anthony Mann, "The Man From Laramie" é um faroeste dos bons. O filme é uma adaptação do conto do escritor Thomas T. Flint que publicou originalmente seu texto nas páginas do Saturday Evening Post. Nos anos 50 era comum a publicação de textos com estórias do velho oeste nos grandes jornais americanos. O sucesso foi tão bom que eles depois começaram a publicar esses textos em forma de livros de bolso (até aqui no Brasil os livrinhos de faroeste de bolso foram extremamente populares). O roteiro também aproveita para se inspirar levemente na peça Rei Lear - o que fica evidente nas relações familiares em torno da família do rico fazendeiro Alec Waggoman (Donald Crisp). Idoso, extremamente rico e ficando cego, ele se preocupa sobre sua sucessão pois seu filho, Dave, é um mimado irresponsável que não sabe lidar com o poder que tem.

James Stewart novamente nos brinda com uma excelente interpretação. Seus personagens em faroestes sempre foram cowboys menos viris do que os interpretados pelo Duke (John Wayne) mas não eram menos éticos e virtuosos. Aqui ele faz um ex capitão do exército americano que acaba se envolvendo em um conflito contra Dave, o herdeiro do clã Waggoman. O curioso é que o roteiro, muito bem trabalhado, traz inúmeras reviravoltas e uma sub trama muito interessante envolvendo contrabando de rifles automáticos para a tribo Apache. O filme é bem cadenciado, com preocupação de se desenvolver todos os personagens e o resultado final é muito eficiente, o que surpreende pois a duração é curta, pouco mais de 90 minutos, o que demonstra que para se contar uma boa estória não é necessário encher a paciência do espectador com filmes longos demais.

Um Certo Capitão Lockhart (Man From Laramie, The, 1955) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Philip Yordan, Frank Burt, Thomas T. Flynn / Elenco: James Stewart, Arthur Kennedy e Donald Crisp / Sinopse: Will Lockhart (James Stewart) chega a uma pequena cidade do Novo México para descarregar uma carga de mantimentos para o comércio local. Na volta resolve retirar de uma salina próxima um novo carregamento mas é impedido de forma violenta por Dave Waggoman (Alex Nicol), filho de um rico fazendeiro da região.

Pablo Aluúsio.

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 24

Uma das histórias mais loucas da vida de Marilyn Monroe até hoje desperta dúvidas sobre sua veracidade. Até mesmo autores que vasculharam a fundo sua biografia ficaram sem saber se tudo não passou de um boato ou se foi mesmo verdade. É a famosa história do casamento mexicano de Marilyn, quando ela, aparentemente em uma farra de fim de semana que fugiu do controle, acabou se casando no México. O estúdio ficou apavorado porque naquele momento Marilyn Monroe era sua principal estrela e não iria cair nada bem a divulgação de que ela teria se casado em segredo, em um fim de semana de bebedeiras, com um desconhecido, numa cidadezinha do México. Robert Slatzer era um jornalista que ela conheceu durante as filmagens de "Torrente de Paixão". Ele conheceu Marilyn mais de perto e descobriu que tinha algo em comum com ela, pois gostava de diversão e festas. Os dois também gostavam muito de beber. Ir para o México para comemorar o fim das filmagens pareceu um convite interessante para Marilyn. Então em um fim de semana de 1952 eles atravessaram a fronteira. Era comum americanos exagerarem nas cidades mexicanas, era uma espécie de tradição entre os jovens. Então Marilyn e Slatzer resolveram fazer jus a isso.

Eles beberam por vários dias seguidos, saíram pelas ruas atrás das festas populares das vilas mexicanas e chegando numa localidade afastada resolveram procurar um padre local para se casarem, bem ao meio-dia, depois de uma noite de excessos. Eles se casaram e depois de alguns dias voltaram para Los Angeles. O produtor Zanuck ficou irado quando soube de tudo. Mandou Marilyn e Slatzer de volta ao México para que eles anulassem o casamento por lá. Tudo isso teria acontecido em menos de um mês, mostrando como era caótica a vida de Marilyn Monroe na época. O que era verdade e o que era mentira nesse boato? Robert Slatzer morreu afirmando que havia se casado com Marilyn. Ele até escreveu um livro chamado "A Vida e a Curiosa Morte de Marilyn Monroe", onde também defendia que Marilyn havia sido assassinada por um complô conspiratório liderado pela família Kennedy. Ao longo dos anos surgiram inúmeros artigos publicados em revistas e jornais, ora desmentindo completamente o suposto casamento mexicano de Marilyn, ora confirmando tudo com testemunhas e documentos obtidos além da fronteira. Talvez a verdade esteja no meio termo, talvez tudo tenha um fundo de verdade, muito embora não da forma tão exagerada como Robert Slatzer contou em seus textos. O escritor Anthony Summers, autor de "A Deusa", biografia sobre a atriz, afirmou no livro que o casamento mexicano de Marilyn Monroe pode ter acontecido de verdade. Ele não foi a fundo na questão, não viajou ao México em busca de documentos que provassem tudo, mas conversou com pessoas que eram próximas da Marilyn Monroe naquela época. Uma de suas assistentes nos estúdios da Fox lhe contou que certo dia Marilyn chegou muito preocupada para trabalhar e confessou que havia "feito uma grande besteira". Depois ela teria sido chamada até o escritório de Zanuck, naquele tempo praticamente o dono da Fox e que uma vez lá a conversa tinha sido tensa. 

Segundo as informações Marilyn Monroe se casou em Tijuana. Por acaso ela se encontrou com um ator americano nas ruas, um velho conhecido, pedindo que ele fizesse um "favor especial". Esse favor era nada mais, nada menos, do que ser sua testemunha de casamento. A cerimônia, rápida e apressada, aconteceu numa igreja católica da cidade. Depois Marilyn e o novo marido foram para um pequeno hotel chamado Rosarita Hotel, onde passaram a lua de mel que durou apenas dois dias. Robert Slatzer disse que tirou muitas fotos nesses dias, mas os "capangas" da Fox a teriam tirado dele. Muito provavelmente todas as fotos foram queimadas a mando do chefão do estúdio. De uma forma ou outra o casamento teria durado apenas três dias! O tempo suficiente para Marilyn chegar em Los Angeles e ser mandada de volta para desfazer o que tinha feito.

Isso foi em uma época em que os estúdios de cinema controlavam toda a vida de seus astros e estrelas. Elas não podiam fazer nada, nem em suas vidas pessoais, sem a autorização dos executivos. Uma estrela como Marilyn Monroe era considerada um "produto" da Fox e cabia ao estúdio zelar para que sua vida pessoal não se tornasse um escândalo de grandes proporções. Só alguns anos depois é que os produtores iriam entender que isso não funcionava com Marilyn Monroe. Ela mesma produzia seus próprios escândalos públicos, muitas vezes para não sair das páginas de revistas e jornais, afinal tudo isso também era uma publicidade para sua carreira. Assim depois de algum tempo o casamento mexicano de Marilyn acabou se tornando uma espécie de piada dentro da Fox, um exemplo das loucuras que sua própria estrela conseguia fazer. Afinal o que seria mais louco do que um casamento de fim de semana no México? 

Pablo Aluísio.