Particularmente gostei bastante dessa cerimônia do Oscar. A pandemia mudou várias coisas e devo dizer que para melhor. Ao invés de todo aquele exagero (e breguice) dos anos anteriores, ontem tudo transcorreu de maneira bem mais simples, elegante, com sobriedade. O cineasta Steven Soderbergh dirigiu o show e acertou muito. Ao invés um palco imenso, optou-se por um palco pequeno, quase um tablado. Apenas os profissionais que concorriam ao Oscar (com no máximo dois acompanhantes) ocuparam as mesas. O interessante de tudo é que esse estilo, com mesas separadas, abajures elegantes e tudo mais, foi claramente inspirado na primeira noite do Oscar, em 1929 Na ocasião a entrega dos prêmios foi anunciada como um "jantar dançante".
Igualmente gostei da lista dos premiados. Não houve injustiças históricas e nem bobagens. Só ganhou quem realmente merecia ganhar. "Nomadland" foi o grande vencedor da noite. Foi premiado como melhor filme, melhor atriz (Frances McDormand, em excelente atuação) e melhor direção (para a mais do que talentosa Chloé Zhao). Todos os prêmios mais do que merecidos, em todos os aspectos. O filme é realmente muito bom, mostrando o lado mais sofrido dos Estados Unidos, com a pobreza, a falta de esperança e a adoção de uma vida nômade como meio de sobrevivência.
Anthony Hopkins venceu o Oscar de melhor ator pelo filme "Meu Pai". Eu torcia por ele, não vou negar. Quando escrevi sobre o filme disse que ele merecia o prêmio, era a melhor atuação do ano e uma das mais primorosas de toda a sua carreira. Também se tornou o ator mais velho a ser premiado, com 83 anos de idade. Não chegou a assistir à cerimônia, segundo seu agente. Quando seu nome foi anunciado, o bom e velho Hopkins estava dormindo em sua casa. Só veio a saber de seu prêmio hoje pela manhã. Ele já conquistou tudo na carreira, não precisa mais fazer média com ninguém (aliás nunca precisou!).
Youn Yuh-jung, também na terceira idade, venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo seu papel de vovó fora dos padrões no drama coreano "Minari". De fato ela é alma desse filme sobre uma família de imigrantes coreanos tentando vencer na vida nos Estados Unidos. Daniel Kaluuya venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação visceral no filme sobre os panteras negras, "Judas e o messias negro". Filmão politicamente consciente. "Druk - Mais uma rodada" o filme da Dinamarca que resenhei há poucos dias aqui no blog venceu na categoria de Melhor filme internacional. Quem diria... o diretor fez um longo discurso, logo no começa da cerimônia, o que assustou os produtores da festa pois se todo mundo seguisse seu exemplo o Oscar iria estourar seu tempo determinado pelo roteiro.
"Bela vingança", filme que anda muito elogiado, não saiu de mãos vazias. Levou o prestigiado Oscar de melhor roteiro original. O Oscar de melhor roteiro adaptado foi para "Meu pai". Ambas as premiações foram certeiras. Nada a criticar. A animação "Soul" levou dois prêmios, a de melhor trilha sonora e a de melhor animação. Justo demais. O estranho "Tenet" levou o Oscar de melhores efeitos especiais. De roteiro é que ele não iria levar de jeito nenhum pois foi um dos roteiros mais confusos dos últimos tempos. Por fim o tão badalado "Mank" que liderava em número de indicações ficou apenas no meio do caminho. Foi premiado em melhor direção de fotografia e melhor design de produção (direção de arte). A Netflix esperava por muito mais. Então é isso, um Oscar diferente, sóbrio, justo e bem realizado. Gostei de maneira em geral.
Oscar 2021 - Lista de Indicados - Em negrito os VENCEDORES:
Melhor filme
"Meu pai"
'"Judas e o messias negro"
"Mank"
"Minari"
"Nomadland"
"Bela vingança"
"O som do silêncio"
"Os 7 de Chicago"
Melhor atriz
Viola Davis - "A voz suprema do blues"
Andra Day - "Estados Unidos Vs Billie Holiday"
Vanessa Kirby - "Pieces of a woman"
Frances McDormand - "Nomadland"
Carey Mulligan - "Bela vingança"
Melhor ator
Riz Ahmed - "O som do silêncio"
Chadwick Boseman - "A voz suprema do blues"
Anthony Hopkins - "Meu pai"
Gary Oldman - "Mank"
Steve Yeun - "Minari"
Melhor direção
Thomas Vinterberg - "Druk - Mais uma rodada"
David Fincher - "Mank"
Lee Isaac Chung - "Minari"
Chloé Zhao - "Nomadland"
Emerald Fennell - "Bela vingança"
Melhor atriz coadjuvante
Maria Bakalova - "Borat: fita de cinema seguinte"
Glenn Close - "Era uma vez um sonho"
Olivia Colman - "Meu pai"
Amanda Seyfried - "Mank"
Youn Yuh-jung - "Minari"
Melhor ator coadjuvante
Sacha Baron Cohen - "Os 7 de Chicago"
Daniel Kaluuya - "Judas e o messias negro"
Leslie Odom Jr. - "Uma noite em Miami"
Paul Raci - "O som do silêncio"
Lakeith Stanfield - "Judas e o messias negro"
Melhor filme internacional
"Druk - Mais uma rodada" (Dinamarca)
"Shaonian de ni" (Hong Kong)
"Collective" (Romênia)
"O homem que vendeu sua pele" (Tunísia)
"Quo vadis, Aida?" (Bósnia e Herzegovina)
Melhor roteiro adaptado
"Borat: fita de cinema seguinte"
"Meu pai"
"Nomadland"
"Uma noite em Miami"
"O tigre branco"
Melhor roteiro original
"Judas e o Messias negro"
"Minari"
"Bela vingança"
"O som do silêncio"
"Os 7 de Chicago"
Melhor figurino
"Emma"
"A voz suprema do blues"
"Mank"
"Mulan"
"Pinóquio"
Melhor trilha sonora
"Destacamento blood"
"Mank"
"Minari"
"Relatos do mundo"
"Soul"
Melhor animação
"Dois irmãos: Uma jornada fantástica"
"A caminho da lua"
"Shaun, o Carneiro: O Filme - A fazenda contra-ataca"
"Soul"
"Wolfwalkers"
Melhor curta de animação
"Burrow"
"Genius Loci"
"If anything happens I love you"
"Opera"
"Yes people"
Melhor curta-metragem em live action
"Feeling through"
"The letter room'"
"The present"
'"wo distant strangers"
"White Eye"
Melhor documentário
"Collective"
"Crip camp"
"The mole agent"
"My octopus teacher"
"Time"
Melhor documentário de curta-metragem
"Collete"
"A concerto is a conversation"
"Do not split"
"Hunger ward"
"A love song for Natasha"
Melhor som
"Greyhound: Na mira do inimigo"
"Mank"
"Relatos do mundo"
"Soul"
"O som do silêncio"
Canção original
"Fight for you" - "Judas e o messias negro"
"Hear my voice" - "Os 7 de Chicago"
"Husa'vik" - "Festival Eurovision da Canção: A saga de Sigrit e Lars"
"Io sì" - "Rosa e Momo"
"Speak now" - "Uma noite em Miami"
Maquiagem e cabelo
"Emma"
"Era uma vez um sonho"
"A voz suprema do blues"
"Mank"
"Pinóquio"
Efeitos visuais
"Problemas monstruosos"
"O céu da meia-noite"
"Mulan"
"O grande Ivan"
"Tenet"
Melhor fotografia
"Judas e o messias negro"
"Mank"
"Relatos do mundo"
"Nomadland"
"Os 7 de Chicago"
Melhor edição
"Meu pai"
"Nomadland"
"Bela vingança"
"O som do silêncio"
"Os 7 de Chicago"
Melhor design de produção
"Meu pai"
"A voz suprema do blues"
"Mank"
"Relatos do mundo"
"Tenet"
Pablo Aluísio.