terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A Taberna das Ilusões Perdidas

Tentando tornar em realidade seus sonhos de se tornar um músico de sucesso, o jovem saxofonista Pete Hammond Jr (Tony Curtis) resolve ir embora da pequenina cidadezinha do meio oeste onde nasceu rumo a Nova Iorque. Na cidade grande ele acaba conhecendo o lado duro da vida. Para sobreviver nos primeiros dias, sem emprego e sem trabalho à vista, ele divide um pequeno quartinho com a jovem Peggy Brown (Debbie Reynolds). Ela também veio do interior alguns meses atrás com o sonho de se tornar modelo, mas tudo o que conseguiu foi ganhar alguns trocados trabalhando como companhia de dança em um estabelecimento barato nas redondezas. Prestes a ser despejada por falta de pagamento do aluguel ela acaba se tornando amiga de Pete. Afinal ambos estão passando pelos mesmos problemas (e eles são muitos a cada dia). Quando eu vi as informações sobre esse filme pela primeira vez pensei se tratar de uma comédia romântica. Essa primeira impressão veio do fato do elenco ser encabeçado pela dupla Tony Curtis e Debbie Reynolds, uma espécie de casal doçura dos anos dourados. Para minha surpresa não era nada disso. O filme tem uma trama realista, melancólica e até mesmo triste. Embora o romance venha a aparecer em seu clímax (em um dos poucos momentos de doce esperança nesse roteiro amargo), o fato é que o filme investe mesmo na dura realidade de dois jovens perdidos em uma grande cidade que no fundo pode engolir a ambos sem piedade.

O título original do filme inclusive vem de uma fala ácida de Reynolds ao dizer que pelo luta da sobrevivência na selva de pedra vale tudo, com as pessoas se comportando como se estivessem em uma corrida de ratos! É triste, mas soa bem real de fato. A própria personagem de Debbie Reynolds é um jovem garota que não sonha mais. Ela havia ido para New York pensando se tornar modelo, mas tudo cai por terra e ela se vê sendo explorada por um crápula que a chantageia para que ela se torne prostituta. Arruinada financeiramente, ela não consegue sequer pagar o aluguel do quartinho minúsculo em que mora! Sua falta de esperança acaba contrastando  com a chegada do músico de interior interpretado por Tony Curtis. Esse ainda sonha em vencer na cidade grande, se tornando um músico de renome. Os primeiros dias porém logo acabam com suas esperanças. Uma quadrilha de picaretas rouba seus instrumentos e ele fica sem seu meio de trabalho.

O drama desse filme realmente me deixou bem surpreso. Não é algo tão dramático e trágico como nas peças de Tennessee Williams, mas que acaba no final das contas tendo a mesma dose de realismo cortante. A única coisa que pode salvar personagens tão amargos, vivendo em uma realidade tão cruel, é o amor. E eles estão tão massacrados pela vida dura que levam que até isso - expressar um sentimento verdadeiro pelo outro - acaba virando um tremendo esforço pessoal por parte de cada um deles. Em suma, um filme realmente acima da média que vai agradar bastante aos cinéfilos que estejam em busca de um tipo de cinema clássico mais socialmente consciente, retratando pessoas bem reais, com suas dificuldades para viver a cada dia, tentando sobreviver ao seu próprio fracasso pessoal.

A Taberna das Ilusões Perdidas (The Rat Race, Estados Unidos, 1960) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Robert Mulligan / Roteiro: Garson Kanin / Elenco: Tony Curtis, Debbie Reynolds, Jack Oakie, Kay Medford, Don Rickles, Marjorie Bennett, Joe Bushkin / Sinopse: jovem músico, vindo do interior, tenta vencer na cidade grande. Ele logo percebe que as coisas não serão muito fáceis, principalmente após sofrer um golpe dado por outros músicos que roubam seu instrumento, seu único meio de sobreviver em sua nova vida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

The Mandalorian

Star Wars - The Mandalorian
Há um certo consenso entre os fãs de "Star Wars" que a franquia anda derrapando feio nos cinemas. Esse último filme, que está entrando em cartaz, recebeu uma tonelada de críticas ruins - e não foi apenas dos especialistas, dos jornalistas, mas também dos fãs, o que é bem grave. Curioso é que se "Star Wars" não anda agradando nos cinemas, no ramo das séries há uma boa novidade chegando. Se trata de "The Mandalorian", nova série da Disney passada no mesmo universo de "Star Wars".

Essa nova série está sob controle do diretor Jon Favreau. Ele criou o conceito, os personagens e os roteiros. Ele tem muita experiência. Já lidou com sucesso nas adaptações do Homem de Ferro nos cinemas. Também dirigiu bons filmes como "Mogli, o Menino Lobo" e a nova versão de "O Rei Leão". Sabe o que faz e tem talento para isso. Aqui nessa postagem vou publicar, de forma gradual, todas as resenhas dos episódios que vou assistindo. Certamente será uma boa opção de entretenimento conferir tudo o que se passa nesse novo programa - que vem recebendo boas críticas de uma maneira em geral. Ao custo de 100 milhões de dólares já é uma das melhores novidades do ano. E para quem andava reclamando do novo filme - que para alguns é bem ruim - não deixa de ser um alívio mais do que bem-vindo.

The Mandalorian 1.01 - Chapter 1: The Bounty
Por mais estranho que isso possa parecer o clima desse primeiro episódio é de puro velho oeste. Sim, daqueles faroestes clássicos que estamos tão bem acostumados a assistir. O protagonista é um caçador de recompensas. Um mandaloriano que cruza o universo em busca de criminosos e procurados em geral. Ele vive das recompensas que ganha quando os captura. O problema é que os tais sujeitos formam a escória do universo e esse trabalho passa longe de ser fácil! Nesse primeiro episódio ele consegue sua captura e terminado o serviço, com mais cinco presos em sua nave, ele retorna para receber o prêmio por suas cabeças. E acaba aceitando um novo serviço. Ir atrás de alguém (sem saber exatamente quem) em um lugar inóspito e cheio de bandoleiros. O episódio termina com ele frente a frente de sua presa. Quer uma pista? Baby Yoda! (ainda iremos falar muito nele por aqui, já que virou uma espécie de febre dos memes na internet!). E o mais divertido de tudo é saber que a tal criaturinha não é o Yoda e nem tampouco é um baby, pois tem 50 anos de idade! Só "Star Wars" mesmo para criar algo assim.../ The Mandalorian 1.01 - Chapter 1: The Bounty (Estados Unidos, 2019) Direção: Dave Filoni / Roteiro: Jon Favreau / Elenco: Pedro Pascal, Carl Weathers, Werner Herzog, Nick Nolte.

The Mandalorian 1.02 - Chapter 2: The Child  
A criança (que ganhou o apelido de "Baby Yoda") está recuperada. Com isso o caçador de recompensas mandaloriano já pode sair daquele planeta deserto. Só que ao chegar em sua nave ele tem uma surpresa bem desagradável. O povo do deserto depenou as peças dela. Com a ajuda de Kuiil (Nick Nolte) ele vai até o povo do deserto negociar com aquilo que havia sido roubado dele! Tempos complicados. Eles pedem sua arma. Ele nega. Pedem o Baby Yoda. Ele nega. Então o povo do deserto lhe faz uma oferta mais aceitável. Ele teve trazer o ovo de um animal da região. Em troca eles lhe devolverão as peças roubadas. Só que o tal bichano é uma fera monstruosa! Excelente episódio, mesclando diversão, aventura e ótimas cenas de ação. Os produtores dos filmes para o cinema deveriam dar uma olhada aqui para ver como se faz para renovar a franquia Star Wars com qualidade. / Star Wars - The Mandalorian 1.02 - Chapter 2: The Child  (Estados Unidos, 2019) Direção: Rick Famuyiwa / Roteiro: Jon Favreau / Elenco: Pedro Pascal, Nick Nolte, Misty Rosas.

The Mandalorian 1.03 - Chapter 3: The Sin 
O caçador de recompensas fez sua parte. Ele localizou e colocou as mãos no pequeno Baby Yoda. Após realizar seu serviço entrega a criança para seu cliente, mas a consciência fica pesada. Ele recebe o pagamento em tabletes de aço forjados pelo império. Vai usar o material para reforçar sua armadura. Quando todos pensam que ele vai entrar em sua nave para ir embora do planeta, ele muda de ideia. Pega suas armas e vai atrás do pequeno Yoda. E aí se origina uma carnificina. Ele acaba sendo salvo na última hora por outros caçadores de recompensa, mesmo todos sabendo que ele quebrou o "código de ética" de sua profissão, da guilda. Com a criança dentro de sua cabine ele então vai embora. Bom episódio, sempre mantendo o bom padrão dessa boa série com o selo "Star Wars". / The Mandalorian 1.03 - Chapter 3: The Sin (Estados Unidos, 2019) Direção: Deborah Chow / Roteiro: Jon Favreau / Elenco: Pedro Pascal, Werner Herzog, Omid Abtahi.

The Mandalorian 1.04 - Chapter 4: Sanctuary
O mercenário mandaloriano e seu "pequeno Yoda" chegam em um pequeno planeta perdido no universo. Claro, eles estão em fuga, então aquele lugar parece ser o ideal pois é perdido no meio do nada absoluto. Lá eles conhecem um pequeno vilarejo onde o povo local, todos fazendeiros e inexperientes na arte da guerra, pedem por sua proteção. Eles juntam tudo o que possuem e contratam o mercenário. Seu "serviço" é proteger a vila do ataque de um bando de bandoleiros, só que armados também com um tanque imperial (só não se sabe como ele foi parar ali). Nesse episódio o mercenário também conhece uma guerreira e pinta até um certo clima entre eles. O curioso é que esse roteiro é óbviamente uma homenagem ao clássico do western americano "Sete Homens e um Destino", com as devidas adaptações, claro. No final é um episódio bem interessante da série e com duração um pouco maior do que os anteriores. / Star Wars - The Mandalorian 1.04 - Chapter 4: Sanctuary (Estados Unidos, 2019) Direção: Bryce Dallas Howard / Roteiro: Jon Favreau / Elenco:  Pedro Pascal, Gina Carano, Julia Jones.

The Mandalorian 1.05 - Chapter 5: The Gunslinger
O caçador de recompensas mandaloriano e o Baby Yoda chegam em um planete deserto, depois que são atacados no espaço. A nave fica avariada, necessitando de conserto urgente. Ele acaba encontrando uma senhora que conserta naves e que acabará se revelando uma boa amiga leal. Só que para pagar seus serviços o caçador acaba aceitando uma oferta para caçar outra caçadora de recompensas que está no lugar. Ela é boa, uma das melhores da guilda e não será nada fácil cumprir mais esse serviço. Bom episódio que conta com duas atrações a mais para os fãs de "Star Wars". Primeiro o uso de motocicletas voadoras e o outro o surgimento do povo da areia. Figurinhas conhecidas dos filmes do cinema. / The Mandalorian 1.05 - Chapter 5: The Gunslinger (Estados Unidos, 2019) Direção: Dave Filoni / Roteiro: Dave Filoni / Elenco:  Pedro Pascal, Amy Sedaris, Jake Cannavale.

The Mandalorian 1.06 - Chapter 6: The Prisoner
O mercenário mandaloriano é contratado para ir até uma nave prisão da Nova República para resgatar um dos prisioneiros. Serviço perigoso, mas bem pago. Ao seu lado se une um estranho grupo. Uma especialista em matar com facas, um assassino profissional, um "diablo" de pura força bruta e um droid, com design de inseto cibernético. O serviço se torna mais complicado do que eles poderiam pensar, só que o Mandaloriano cumpre seu papel, com uma pequena ajuda do Baby Yoda, aqui mais uma vez treinando seus poderes da força, dominando as mentes dos fracos de espírito. / The Mandalorian 1.06 - Chapter 6: The Prisoner (Estados Unidos, 2019) Direção: Rick Famuyiwa / Roteiro: Christopher L. Yost, Rick Famuyiwa / Elenco: Pedro Pascal, Mark Boone Junior, Bill Burr.

The Mandalorian 1.07 - Chapter 7: The Reckoning
Nesse episódio, infelizmente, Baby Yoda finalmente cai nas mãos do império. Antes disso o mercenário mandaloriano é convidado para retornar, acertar as contas com a guilda. Greef Karga (Carl Weathers) lhe oferece a seguinte proposta: ele trará a criança de volta. A intenção é usá-la como uma isca, para eliminar um ex-combatente no império que insiste em colocar as mãos nele. Só que a proposta na realidade esconde uma emboscada. Esse episódio também traz alguns aspectos que vão agradar aos fãs de Star Wars. Uma delas é a presença de um grande pelotão de tropas imperiais. Dois deles usam motos, iguais as que se viu em "O Império Contra-ataca". A nostalgia vai bater. Outra é mostrar de uma vez por todas o poder de cura do pequeno Yoda. Episódio bacana, mas que não se encerra, deixando a porta aberta para o último episódio da temporada. / The Mandalorian 1.07 - Chapter 7: The Reckoning (Estados Unidos, 2019) Direção: Deborah Chow / Roteiro: Jon Favreau / Elenco:  Pedro Pascal, Carl Weathers, Gina Carano, Nick Nolte.

The Mandalorian 1.08 - Chapter 8: Redemption
Esse é o último episódio da primeira temporada da série. E o que acontece nesse episódio final? Baby Yoda é salvo das mãos de dois soldados do império pelo Droid babá. E pensar que o Mandaloriano não confiava nesses seres robóticos. E esse Droid, uma antiga peça de guerra do império, agora reprogramado, é sem dúvida um dos destaques do episódio. Ele salva não apenas o Baby Yoda, mas a todos que estavam cercados pelo império. Sua redenção ou seu sacríficio na lava bate forte entre os fãs de Star Wars. Alias é bom frisar que nesse episódio pela primeira vez é falada a palavra Jedi. E uma cena se destaca entre todas as demais, quando o Mandaloriano literalmente monta em um caça do império para destrui-lo. Grande cena. No final Baby Yoda e o mercenário terminam juntos, entrando em sua nave, rumo a novas aventuras no universo. A série já tem confirmada mais duas temporadas. Pelo visto vai longe. E merece todo o sucesso porque é realmente muito boa. Deixo aqui minhas palmas para Jon Favreau e toda a sua equipe. Fizeram um excelente trabalho! / The Mandalorian - Chapter 8: Redemption (Estados Unidos, 201 ) Direção: Taika Waititi / Roteiro: Jon Favreau / Elenco:  Pedro Pascal, Taika Waititi, Giancarlo Esposito, Carl Weathers.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de dezembro de 2019

O Farol

Esse filme está sendo muito elogiado no exterior. Alguns críticos inclusive defendem que ele seja indicado ao Oscar de melhor filme do ano. Exagero? Sim, tenho que discordar desse tipo de opinião com mais entusiasmo. Na verdade o filme - dito por alguns como um terror - não se trata disso. No máximo poderia classificar essa obra como um drama psicológico, com nuances sutis de suspense. A trama é bem básica. Só há dois personagens em cena: os trabalhadores Thomas Wake (Willem Dafoe) e Ephraim Winslow (Robert Pattinson), Eles são levados até uma ilha remota e isolada. A função da dupla é manter o farol local funcionando. O trabalho é duro, principalmente para o mais jovem, Ephraim. Já o velho Thomas é um veterano lobo do mar. Depois que se retirou da profissão de marinheiro, se tornou faroleiro. Logo que eles chegam na ilha o velho se impõe ao mais jovem e deixa claro que naquela ilha perdida ele é quem manda. Também determina que apenas ele poderá cuidar da manutenção das lentes do farol. Isso, claro, cria uma curiosidade no mais novo. O que estaria o velho fazendo lá em cima durante as madrugadas? Porém a solidão e o isolamento logo cobram seu preço. Eles começam a beber demais... e não demora muito a surgirem alucinações. Uma delas inclusive muito peculiar, envolvendo uma sereia! Para quem vive ali por meses, sem contato nenhum com o sexo feminino, era de se esperar mesmo que eles começassem a alucinar com uma bela mulher, mesmo que ela fosse uma figura mitológica.

O filme foi todo rodado com uma fotografia em preto e branco bem escura. A intenção era relembrar antigos filmes dos anos 1940. Para o público atual esse visual e seu roteiro mais estiloso, vai soar como algo bem estranho. Para os amantes da cinefilia porém isso será um bônus a mais em favor do filme. Particularmente até apreciei o filme naquele que ele tem de melhor, em especial no quesito atuação. Que Willem Dafoe é um dos atores mais talentosos de sua geração, acho que ninguém tem mais dúvida. A surpresa vem com Robert Pattinson. Eu sempre o considerei um ator muito fraquinho mesmo. Aqui porém ele cresce, porque precisou estar à altura de Dafoe, ou pelo menos não passar vergonha ao seu lado. Com isso o ator conseguiu sua melhor atuação no cinema. As fãs de Crepúsculo, por outro lado, provavelmente vão odiar o filme. De minha parte até gostei do conjunto, mas daí a indicar ao Oscar como um dos melhores do ano já penso ser um tanto exagerado.

O Farol (The Lighthouse, Estados Unidos, Canadá, Brasil, 2019) Direção: Robert Eggers / Roteiro: Max Eggers, Robert Eggers / Elenco: Willem Dafoe, Robert Pattinson, Valeriia Karaman / Sinopse: Dois faroleiros, Thomas Wake (Willem Dafoe) e Ephraim Winslow (Robert Pattinson), chegam numa ilha isolada e remota da costa. O trabalho deles nos próximos meses será de manutenção e conserto do farol, só que nesse meio tempo coisas estranhas começam a acontecer. Embriagados, começam a ter uma série de alucinações.

Pablo Aluísio. 

sábado, 7 de dezembro de 2019

Dois Papas

Achei excelente esse filme. O tema sobre perdão e humanidade caiu muito bem, tudo bem escrito, em um roteiro realmente acima da média. Além disso é um tema dos nossos dias e vai despertar a atenção de muitas pessoas. O filme inclusive já é cotado para ser um campeão de indicações no Oscar, com destaque para o elenco, esse realmente excepcional. O grande Anthony Hopkins, um dos meus atores preferidos de todos os tempos, interpreta o Papa Bento XVI. Quando o encontramos nas primeiras cenas, ele ainda é apenas o cardeal Joseph Ratzinger. O Papa João Paulo II está morto e um conclave é convocado. Na votação duas correntes da igreja se enfrentam, os conservadores e os progressistas, que querem modernizar essa instituição milenar. Nessa primeira eleição Ratzinger se consagra vencedor e se torna o Papa Bento XVI. Só que o segundo lugar no conclave também se destaca. Ele é um cardeal pastoral argentino chamado Jorge Mario Bergoglio (Jonathan Pryce). O caminho deles volta a se cruzar alguns anos depois, no próprio Vaticano. Bergoglio vai até Bento XVI para pedir sua aposentadoria. Se considera cansado após tantos anos de luta dentro da igreja. Jesuíta, acredita que já fez tudo o que poderia fazer. Só que Bento XVI não lhe dá ouvidos. Ambos se aproximam e acabam criando uma bela amizade.

O roteiro do filme se concentra então em uma série de conversas entre eles, tudo também mesclado com cenas de flashback do passado de ambos os religiosos. E aí o roteiro mostra toda a sua força. O filme, que poderia ser considerado de antemão chato e arrastado, jamais cai nessa armadilha. Tudo é feito com talento raro. Os dois grandes atores "duelam" em cena e quem acaba se saindo vencedor é o próprio espectador. Mesmo com a idade já um tanto avançada, Sir Anthony Hopkins brilha como poucos. Ele está perfeito em seu papel e já é considerado um dos fortes candidatos ao Oscar desse ano. Não menos bem se sai Jonathan Pryce, como o carismático, popular e "gente boa" Bergoglio. Um é o aristocrata conservador, homem de tradição, o outro é o homem do povo, popular, sempre com um sorriso no rosto, esbanjando simpatia. O alemão é um estudioso, homem de livros, teórico. O argentino é um homem do povo, que privilegia o lado pastoral, um prático da fé cristã. Do choque dessas duas personalidades tão diferentes nasce um grande filme. É uma obra-prima cinematográfica assinada pelo brasileiro Fernando Meirelles que aqui merece todas os aplausos de pé. A conclusão não poderia ser outra. É um filme realmente maravilhoso,

Dois Papas (The Two Popes, Estados Unidos, Itália, Argentina, 2019) Direção: Fernando Meirelles / Roteiro: Anthony McCarten / Elenco: Anthony Hopkins, Jonathan Pryce, Juan Minujín / Sinopse: O destino de dois membros do clero católico se encontram após a morte do Papa João Paulo II. Ambos estão destinados a também se tornarem Papas. E uma amizade sincera, baseada muitas vezes na diferença de opiniões entre eles, nasce no meio de uma crise enfrentada pela Igreja. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator (Jonathan Pryce), Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins) e Melhor Roteiro (Anthony McCarten).

Pablo Aluísio. 

Nós

Eu deveria ter ligado os pontos antes de começar a assistir a esse filme. O diretor Jordan Peele é o mesmo de "Corra!" e eu não havia gostado muito desse seu filme anterior. Porém deixei de prestar atenção e fui conferir esse novo terror. É a tal coisa, alguns filmes apresentam muito clima, muito estilo até, mas se formos pensar bem tem pouco ou nenhum conteúdo. É o caso desse "Us". Começa até bem convencional. Uma família de negros parte para suas férias. O paizão aluga uma casa perto de um bonito lago. Ele gostaria de ir para a praia, mas a esposa tem problemas e traumas desde a infância. Ela entrou em uma velha casa de espelhos quando criança. Esse tipo de coisa era bem popular nos anos 50, ainda mais naquelas cidades que viviam de turismo à beira-mar. Só que esses velhos parques de diversões também faliram com os anos e acabaram se transformando em cenários naturais para filmes de terror. Toda aquela decadência, aqueles brinquedos enferrujados, aqueles cartazes velhos, mostrando coisas bizarras. Pois bem, é justamente nesse lugar que a Adelaide (Lupita Nyong'o) entrou quando era apenas uma garotinha. E lá ela também encontrou uma versão em carne e osso de si mesma. Uma duplicata. Como explicar essa coisa surreal? Esqueça, nem o roteiro vai te explicar direito. Apenas embarque na proposta e veja como o filme vai ficando cada vez mais esquisito com o passar do tempo.

São sombras que ganharam vida? São pessoas marginalizadas que vivem nos bueiros e esgotos da cidade? São seres de puro mal, representando o lado obscuro de cada um? Ora, nem adianta perder muito tempo procurando explicações porque esse roteiro não vai lhe dar nada em definitivo. Penso apenas que partir de uma premissa interessante não garante um grande filme. Ainda mais quando ele se rende aos piores clichês de produções de terror ao estilo gore. Muitas cenas são estupidamente violentas e desnecessárias. O sangue jorra através de tesouradas e o espectador acaba bocejando de tédio. Esse é um problema e tanto a superar. No final achei o filme bem cansativo. Essas ideias que o Jordan Peele criou para seu filme não levam a nada. É legal até certo ponto, mas deixa aquela sensação de cansaço após quase duas horas de busca pela explicação. No fundo não tem explicação nenhuma. É apenas um conceito, uma ferramenta que o filme usa como muleta narrativa.

Nós (Us, Estados Unidos, 2019) Direção: Jordan Peele / Roteiro: Jordan Peele / Elenco: Lupita Nyong'o, Winston Duke, Elisabeth Moss, Tim Heidecker, Shahadi Wright Joseph, Evan Alex / Sinopse: Família de negros de classe média passa a ser perseguida por estranhas pessoas desconhecidas. Quando chegam perto demais descobrem que são versões violentas delas mesmas! Como isso pode acontecer? Quem são essas pessoas duplicadas? De onde vieram? O que querem? Como superar uma situação tão bizarra como essa?

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Os Aeronautas

A história desse filme se passa no século XIX. Aqui temos uma mescla entre personagens históricos que de fato existiram, com personagens de pura ficção. O cientista e astrônomo James Glaisher (Eddie Redmayne) se une a viúva Amelia Wren (Felicity Jones), cujo marido morreu durante uma expedição em um balão, para um novo desafio. Eles vão tentar bater o recorde de altura. Pretendem ir até onde nenhum baloeiro jamais tinha ido. E nesse processo James pretende fazer vários experimentos pois ele quer provar que a previsão do tempo seria possível - isso em uma época em que os demais cientistas nem levavam isso em conta. Acabou descobrindo muito mais. Ele chegou na conclusão que a atmosfera teria várias camadas e que quando mais alto o ser humano fosse mais ele enfrentaria escassez de oxigênio e queda na temperatura. Claro, hoje em dia todos sabemos disso, porém na época foi uma descoberta científica importante. E nesse desafio eles tinham que sobreviver às terríveis condições pelas quais passariam.

O cientista interpretado pelo ator Eddie Redmayne é de fato um personagem histórico real. Ele foi um pioneiro nessas pesquisas, escrevendo livros e teses que até hoje são referências bibliográficas para estudiosos. Já sua parceira no filme, a "piloto" do balão Amelia Wren é puramente ficcional. O roteiro apenas juntou histórias de várias mulheres aeronautas da época para fundir em uma só personagem dentro da trama. Deu certo. Eu gostei da dualidade entre um cientista racional, pura metodologia científica, com uma mulher emocional, tentando superar a perda de seu marido em uma expedição anterior. O filme funciona muito bem. Com basicamente dois personagens em cena, tentando sobreviver dentro de um balão, você poderia achar que ficaria chato. Muito longe disso. O filme tem excelentes cenas de suspense e ação e resgata a história desses pioneiros da aviação.

Os Aeronautas (The Aeronauts, Inglaterra, Estados Unidos, 2019) Direção: Tom Harper / Roteiro: Tom Harper, Jack Thorne / Elenco: Felicity Jones, Eddie Redmayne, Himesh Patel / Sinopse: Em um tempo pioneiro da aviação, um tímido cientista chamado James Glaisher (Eddie Redmayne) se une a Amelia Wren (Felicity Jones), uma mulher forte e decidida que quer superar um trauma do passado, em uma missão única. Tentar chegar ao recorde de altura em um balão, para não apenas chegar no mais alto possível, como também para fazer diversas experiências científicas.

Pablo Aluísio. 

Esquadrão 6

O diretor Michael Bay aderiu ao Netflix. E o ator Ryan Reynolds também. A nova plataforma tem atraído muitos profissionais que antes só trabalhavam para filmes feitos para o cinema. O hábito de muitos cinéfilos mudou, agora preferem o confortável streaming. Com isso a indústria cinematográfica americana também vai, aos poucos, se adaptando com a nova realidade. Por enquanto porém a Netflix não tem a mesma capacidade de investir centenas de milhões de dólares em suas produções exclusivas, por isso Michael Bay não teve à disposição os mesmos recursos que sempre teve, como por exemplo, na franquia "Transformers". A boa notícia é que isso não foi de todo mal. Ele se conteve também nas delirantes edições que vinham caracterizando seus filmes para o cinema. O ritmo agora é mais equilibrado. Claro, os carros continuam explodindo em série, há cenas absurdas de pura falta de veracidade e todos aqueles cacoetes de Bay que conhecemos tão bem. A única maior novidade vem do próprio enredo. Aqui Michael Bay criou um grupo de mercenários, todos liderados por um bilionário infeliz com o mundo, que pretende intervir sempre que for possível para defender a democracia, a liberdade e todo aquele discurso que já virou clichê há anos.

A bola da vez é um ditador cruel e sanguinário de uma república fictícia que se espelha naqueles países de maioria muçulmana que durante décadas ficaram sob a opressão da União Soviética. Quando essa ruiu deu origem a nações sem tradição democrática nenhuma, subindo ao poder tiranos de todos os tipos. O estranho é que o tal Esquadrão 6 quer dar um golpe de Estado, para colocar no lugar do ditador de plantão o seu irmão. Pensando bem isso não é bem o que poderíamos chamar de "lição de liberdade e democracia" que o roteiro tenta, de forma hipócrita, passar. No mais tudo é mais do mesmo. Esses membros do esquadrão que sequer respondem por nomes, mas sim por números, vão até a capital do país em questão, explodem alguns prédios, tomam conta da TV estatal e pronto. Quem poderia esperar por algo mais juvenil do que isso? Só Michael Bay mesmo.

Esquadrão 6 (6 Underground, Estados Unidos, 2019) Direção: Michael Bay / Roteiro: Paul Wernick, Rhett Reese / Elenco: Ryan Reynolds, Mélanie Laurent, Manuel Garcia-Rulfo, Ben Hardy / Sinopse: Grupo de mercenário liderados por um bilionário infeliz com o mundo, se reúne para tirar do poder o ditador de uma ex-Republica soviética.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Yesterday

E se os Beatles nunca tivessem existido? Pois é, alguns roteiros partem de ideias esdrúxulas para só a partir daí desenvolver uma história. O fato é que o protagonista Jack Malik (Himesh Patel) é um músico frustrado. Suas canções - quase sempre falando sobre o verão - não despertam a atenção de ninguém. Ele não tem sucesso e nem talento para compor. Para sobreviver trabalha numa loja de vendas a atacado. Apenas a bela Ellie Appleton (Lily James) permanece ao seu lado. Só que até para isso Jack não consegue fazer a coisa certa. Ela gosta dele, mas as coisas simplesmente não acontecem. Culpa dele, que nunca toma a iniciativa. Enfim, para Jack tudo vai de mal a pior. Sua vida estagnou. Ele não consegue sair do mesmo lugar.

Até que um dia as coisas mudam de forma inesperada. O planeta sofre uma pane de energia (e não espere por maiores explicações do roteiro). Nessa noite Jack sofre um acidente e é hospitalizado. O curioso é que ele descobre que após esse apagão as pessoas não sabem mais quem foram os Beatles. Aliás nessa realidade paralela onde ele vai parar os Beatles nunca existiram. Ele também descobre que ninguém conhece Coca-Cola, Harry Potter e outros ícones da nossa existência. Então Jack tem uma ideia e tanto. Ele vai usar as músicas dos Beatles para se dar bem na carreira de músico. Ora, nesse novo universo paralelo ele tem à disposição um dos catálogos musicais mais famosos de todos os tempos. Basta gravar e esperar a fama e a fortuna baterem à sua porta.

O filme, como se pode perceber, é um daqueles em que o espectador tem que comprar a ideia central do roteiro. Esse por sua vez não está proocupado em explicar muita coisa, mas apenas em desenvolver essa premissa inicial. É um filme bom, tem bons momentos e, como não poderia deixar de ser, tem a música dos Beatles para salvar tudo. Agora, como trama mesmo a coisa é, não se pode negar, meio bobinha. Além disso há outros pontos negativos. Achei o ator Himesh Patel pouco adequado. Ele se limita muitas vezes a fazer cara de apalermado. Complicado torcer por um sujeito desses, ainda mais quando ele plagia o trabalho alheio. Melhor seria ter um ator melhor para o papel. Pensei em Tom Hanks, afinal o filme tem um tipo de humor que cairia bem para ele. Já a atriz Lily James segura as pontas no quesito carisma. Ele é a melhor em termos de elenco e atuação. Tão boa que consegue levar seu parceiro antipático até o fim do filme. No mais tenho que dizer que é apenas um bom filme e nada muito além disso. Ora, se até o Paul McCartney gostou, quem eu seria para discordar dele, não é mesmo?

Yesterday (Inglaterra, 2019) Direção: Danny Boyle / Roteiro: Jack Barth, Richard Curtis / Elenco: Himesh Patel, Lily James, Sophia Di Martino, Joel Fry, Sanjeev Bhaskar / Sinopse: Jack Malik (Himesh Patel) quer ser músico profissional, mas não consegue a fama e o sucesso. Suas composições são ruins e básicas demais para alguém se importar com elas. Até o dia em que ele descobre que as pessoas desconhecem completamente a existência dos Beatles. É um universo paralelo. Assim ele começa a usar as antigas músicas do quarteto para se dar bem, fazer sucesso e ganhar fama e fortuna.

Pablo Aluísio.

Erin Brockovich

Título no Brasil: Erin Brockovich, uma Mulher de Talento
Título Original: Erin Brockovich
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Susannah Grant
Elenco: Julia Roberts, Albert Finney, David Brisbin, Conchata Ferrell, Pat Skipper, Scotty Leavenworth

Sinopse:
Erin Brockovich (Julia Roberts) trabalha em um escritório de advocacia e descobre que uma empresa está contaminando toda a reserva de água de uma cidade bem no meio do deserto. Caso seja confirmada a suspeita isso resultaria em um processo milionário de mais de 300 milhões de dólares! Filme baseado em uma história real.

Comentários:
Esse filme deu o tão cobiçado Oscar para a atriz Julia Roberts. Ela já vinha procurando um bom roteiro para entrar com chances na disputa. Acabou encontrando essa história baseada em fatos reais que abalou os tribunais da Califórnia nos anos 90. A própria Erin Brockovich foi contratada para trabalhar no filme como consultora especial. Com ela ao lado Julia Roberts conseguiu copiar todos os seus maneirismos e jeito de ser. Além, é claro, comprar todo o figurino dela, uma mistura brega de saias justas e decotes vulgares. Tudo muito cafona, kitsch, fora do bom senso e da elegância. Acabou dando muito certo. A crítica americana adorou e o filme acabou também fazendo sucesso de bilheteria. O resultado de todos esses elementos juntos valeu para Roberts o prêmio máximo do cinema americano, algo com que todos sonham desde o começo da carreira. Eu tive a oportunidade de assistir ao filme no cinema, por causa da intensa repercussão na época de seu lançamento original. Considero um bom filme, com história importante, envolvendo até mesmo o meio jurídico americano. Porém é de certo modo também um pouco cansativo. No caso o espectador acabava saindo mesmo com uma espécie de overdose de Julia Roberts, já que ela está em praticamente todas as cenas do filme. Tem que gostar muito dela para curtir o filme plenamente.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

História de um Casamento

Para surpresa de muitos, esse filme acabou sendo o campeão em indicações no Globo de Ouro desse ano. E como esse prêmio é uma espécie de prévia do próprio Oscar é bem provável que ele também receba uma chuva de indicações para concorrer na grande noite do cinema. Penso que o roteiro, mais focado nas relações humanas, foi o grande diferencial. A própria Academia anda cansada de filmes cheios de efeitos visuais e pouco coração, pouco sentimento. Assim essa produção, com estilo de filme antigo, lá da década de 1970, acabou conquistando a simpatia de grande parte da crítica dos Estados Unidos. Curiosamente seu título é um pouco equivocado. Seria mais fiel ao que se vê na tela se o filme se chamasse "A História do fim de um casamento", porque é exatamente disso que se trata. Quando o filme começa já encontramos o casal formado por Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlett Johansson) em plena crise. Eles estão se consultando com um daqueles especialistas em reconciliação conjugal, algo que no final acaba não dando certo. O caminho então passa a ser o divórcio. Inicialmente eles concordam em partir para um divórcio amigável, sem advogados, tudo feito na base da amizade que ainda os une. Além disso há um filho em jogo, uma criança que não precisa pagar pelos erros dos pais. O melhor divórcio é aquele feito de forma pacífica, nisso todos parecem concordar.

Só que esse começo amistoso dura pouco. Logo ela contrata uma advogada especialista em divórcios, uma profissional que vai tentar arrancar tudo do ex-marido. E esse, se vendo pressionado contra a parede, parte para o contra-ataque, contratando um advogado ainda mais combativo. E aí, o que era para ser algo feito sem traumas, acaba virando uma guerra, com acusações vindas de todos os lados, brigas e ressentimentos. Mostra bem a metamorfose que costuma acontecer com casais em processo de divórcio, onde os antigos amantes acabam se transformando nos piores inimigos. Bem escrito, com roteiro bem estruturado e um elenco de primeira, o filme inegavelmente agrada. Agora, teria mesmo condições de angariar tantas indicações? Olha, isso é mais sintoma de um cinema atual em crise de originalidade do que qualquer outra coisa. Basta surgir um filme mais inteligente, mais dramático, para causar maior impacto. É um sinal dos tempos em que vivemos.

História de um Casamento (Marriage Story, Estados Unidos, 2019) Direção: Noah Baumbach / Roteiro: Noah Baumbach / Elenco: Adam Driver, Scarlett Johansson, Laura Dern, Ray Liotta, Alan Alda / Sinopse: Casal formado por um atriz e um diretor de teatro de Nova Iorque começa a enfrentar a barra de ter que lidar com um divórcio. Além do custo emocional surgem também inúmeros problemas financeiros para superar essa fase de grandes transtornos pessoais. Filme indicado ao Globo de Ouro em diversas categorias, entre elas Melhor Atriz (Scarlett Johansson), Melhor Ator (Adam Driver), Melhor Roteiro e Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio.