sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Os Aeronautas

A história desse filme se passa no século XIX. Aqui temos uma mescla entre personagens históricos que de fato existiram, com personagens de pura ficção. O cientista e astrônomo James Glaisher (Eddie Redmayne) se une a viúva Amelia Wren (Felicity Jones), cujo marido morreu durante uma expedição em um balão, para um novo desafio. Eles vão tentar bater o recorde de altura. Pretendem ir até onde nenhum baloeiro jamais tinha ido. E nesse processo James pretende fazer vários experimentos pois ele quer provar que a previsão do tempo seria possível - isso em uma época em que os demais cientistas nem levavam isso em conta. Acabou descobrindo muito mais. Ele chegou na conclusão que a atmosfera teria várias camadas e que quando mais alto o ser humano fosse mais ele enfrentaria escassez de oxigênio e queda na temperatura. Claro, hoje em dia todos sabemos disso, porém na época foi uma descoberta científica importante. E nesse desafio eles tinham que sobreviver às terríveis condições pelas quais passariam.

O cientista interpretado pelo ator Eddie Redmayne é de fato um personagem histórico real. Ele foi um pioneiro nessas pesquisas, escrevendo livros e teses que até hoje são referências bibliográficas para estudiosos. Já sua parceira no filme, a "piloto" do balão Amelia Wren é puramente ficcional. O roteiro apenas juntou histórias de várias mulheres aeronautas da época para fundir em uma só personagem dentro da trama. Deu certo. Eu gostei da dualidade entre um cientista racional, pura metodologia científica, com uma mulher emocional, tentando superar a perda de seu marido em uma expedição anterior. O filme funciona muito bem. Com basicamente dois personagens em cena, tentando sobreviver dentro de um balão, você poderia achar que ficaria chato. Muito longe disso. O filme tem excelentes cenas de suspense e ação e resgata a história desses pioneiros da aviação.

Os Aeronautas (The Aeronauts, Inglaterra, Estados Unidos, 2019) Direção: Tom Harper / Roteiro: Tom Harper, Jack Thorne / Elenco: Felicity Jones, Eddie Redmayne, Himesh Patel / Sinopse: Em um tempo pioneiro da aviação, um tímido cientista chamado James Glaisher (Eddie Redmayne) se une a Amelia Wren (Felicity Jones), uma mulher forte e decidida que quer superar um trauma do passado, em uma missão única. Tentar chegar ao recorde de altura em um balão, para não apenas chegar no mais alto possível, como também para fazer diversas experiências científicas.

Pablo Aluísio. 

Esquadrão 6

O diretor Michael Bay aderiu ao Netflix. E o ator Ryan Reynolds também. A nova plataforma tem atraído muitos profissionais que antes só trabalhavam para filmes feitos para o cinema. O hábito de muitos cinéfilos mudou, agora preferem o confortável streaming. Com isso a indústria cinematográfica americana também vai, aos poucos, se adaptando com a nova realidade. Por enquanto porém a Netflix não tem a mesma capacidade de investir centenas de milhões de dólares em suas produções exclusivas, por isso Michael Bay não teve à disposição os mesmos recursos que sempre teve, como por exemplo, na franquia "Transformers". A boa notícia é que isso não foi de todo mal. Ele se conteve também nas delirantes edições que vinham caracterizando seus filmes para o cinema. O ritmo agora é mais equilibrado. Claro, os carros continuam explodindo em série, há cenas absurdas de pura falta de veracidade e todos aqueles cacoetes de Bay que conhecemos tão bem. A única maior novidade vem do próprio enredo. Aqui Michael Bay criou um grupo de mercenários, todos liderados por um bilionário infeliz com o mundo, que pretende intervir sempre que for possível para defender a democracia, a liberdade e todo aquele discurso que já virou clichê há anos.

A bola da vez é um ditador cruel e sanguinário de uma república fictícia que se espelha naqueles países de maioria muçulmana que durante décadas ficaram sob a opressão da União Soviética. Quando essa ruiu deu origem a nações sem tradição democrática nenhuma, subindo ao poder tiranos de todos os tipos. O estranho é que o tal Esquadrão 6 quer dar um golpe de Estado, para colocar no lugar do ditador de plantão o seu irmão. Pensando bem isso não é bem o que poderíamos chamar de "lição de liberdade e democracia" que o roteiro tenta, de forma hipócrita, passar. No mais tudo é mais do mesmo. Esses membros do esquadrão que sequer respondem por nomes, mas sim por números, vão até a capital do país em questão, explodem alguns prédios, tomam conta da TV estatal e pronto. Quem poderia esperar por algo mais juvenil do que isso? Só Michael Bay mesmo.

Esquadrão 6 (6 Underground, Estados Unidos, 2019) Direção: Michael Bay / Roteiro: Paul Wernick, Rhett Reese / Elenco: Ryan Reynolds, Mélanie Laurent, Manuel Garcia-Rulfo, Ben Hardy / Sinopse: Grupo de mercenário liderados por um bilionário infeliz com o mundo, se reúne para tirar do poder o ditador de uma ex-Republica soviética.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Yesterday

E se os Beatles nunca tivessem existido? Pois é, alguns roteiros partem de ideias esdrúxulas para só a partir daí desenvolver uma história. O fato é que o protagonista Jack Malik (Himesh Patel) é um músico frustrado. Suas canções - quase sempre falando sobre o verão - não despertam a atenção de ninguém. Ele não tem sucesso e nem talento para compor. Para sobreviver trabalha numa loja de vendas a atacado. Apenas a bela Ellie Appleton (Lily James) permanece ao seu lado. Só que até para isso Jack não consegue fazer a coisa certa. Ela gosta dele, mas as coisas simplesmente não acontecem. Culpa dele, que nunca toma a iniciativa. Enfim, para Jack tudo vai de mal a pior. Sua vida estagnou. Ele não consegue sair do mesmo lugar.

Até que um dia as coisas mudam de forma inesperada. O planeta sofre uma pane de energia (e não espere por maiores explicações do roteiro). Nessa noite Jack sofre um acidente e é hospitalizado. O curioso é que ele descobre que após esse apagão as pessoas não sabem mais quem foram os Beatles. Aliás nessa realidade paralela onde ele vai parar os Beatles nunca existiram. Ele também descobre que ninguém conhece Coca-Cola, Harry Potter e outros ícones da nossa existência. Então Jack tem uma ideia e tanto. Ele vai usar as músicas dos Beatles para se dar bem na carreira de músico. Ora, nesse novo universo paralelo ele tem à disposição um dos catálogos musicais mais famosos de todos os tempos. Basta gravar e esperar a fama e a fortuna baterem à sua porta.

O filme, como se pode perceber, é um daqueles em que o espectador tem que comprar a ideia central do roteiro. Esse por sua vez não está proocupado em explicar muita coisa, mas apenas em desenvolver essa premissa inicial. É um filme bom, tem bons momentos e, como não poderia deixar de ser, tem a música dos Beatles para salvar tudo. Agora, como trama mesmo a coisa é, não se pode negar, meio bobinha. Além disso há outros pontos negativos. Achei o ator Himesh Patel pouco adequado. Ele se limita muitas vezes a fazer cara de apalermado. Complicado torcer por um sujeito desses, ainda mais quando ele plagia o trabalho alheio. Melhor seria ter um ator melhor para o papel. Pensei em Tom Hanks, afinal o filme tem um tipo de humor que cairia bem para ele. Já a atriz Lily James segura as pontas no quesito carisma. Ele é a melhor em termos de elenco e atuação. Tão boa que consegue levar seu parceiro antipático até o fim do filme. No mais tenho que dizer que é apenas um bom filme e nada muito além disso. Ora, se até o Paul McCartney gostou, quem eu seria para discordar dele, não é mesmo?

Yesterday (Inglaterra, 2019) Direção: Danny Boyle / Roteiro: Jack Barth, Richard Curtis / Elenco: Himesh Patel, Lily James, Sophia Di Martino, Joel Fry, Sanjeev Bhaskar / Sinopse: Jack Malik (Himesh Patel) quer ser músico profissional, mas não consegue a fama e o sucesso. Suas composições são ruins e básicas demais para alguém se importar com elas. Até o dia em que ele descobre que as pessoas desconhecem completamente a existência dos Beatles. É um universo paralelo. Assim ele começa a usar as antigas músicas do quarteto para se dar bem, fazer sucesso e ganhar fama e fortuna.

Pablo Aluísio.

Erin Brockovich

Título no Brasil: Erin Brockovich, uma Mulher de Talento
Título Original: Erin Brockovich
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Susannah Grant
Elenco: Julia Roberts, Albert Finney, David Brisbin, Conchata Ferrell, Pat Skipper, Scotty Leavenworth

Sinopse:
Erin Brockovich (Julia Roberts) trabalha em um escritório de advocacia e descobre que uma empresa está contaminando toda a reserva de água de uma cidade bem no meio do deserto. Caso seja confirmada a suspeita isso resultaria em um processo milionário de mais de 300 milhões de dólares! Filme baseado em uma história real.

Comentários:
Esse filme deu o tão cobiçado Oscar para a atriz Julia Roberts. Ela já vinha procurando um bom roteiro para entrar com chances na disputa. Acabou encontrando essa história baseada em fatos reais que abalou os tribunais da Califórnia nos anos 90. A própria Erin Brockovich foi contratada para trabalhar no filme como consultora especial. Com ela ao lado Julia Roberts conseguiu copiar todos os seus maneirismos e jeito de ser. Além, é claro, comprar todo o figurino dela, uma mistura brega de saias justas e decotes vulgares. Tudo muito cafona, kitsch, fora do bom senso e da elegância. Acabou dando muito certo. A crítica americana adorou e o filme acabou também fazendo sucesso de bilheteria. O resultado de todos esses elementos juntos valeu para Roberts o prêmio máximo do cinema americano, algo com que todos sonham desde o começo da carreira. Eu tive a oportunidade de assistir ao filme no cinema, por causa da intensa repercussão na época de seu lançamento original. Considero um bom filme, com história importante, envolvendo até mesmo o meio jurídico americano. Porém é de certo modo também um pouco cansativo. No caso o espectador acabava saindo mesmo com uma espécie de overdose de Julia Roberts, já que ela está em praticamente todas as cenas do filme. Tem que gostar muito dela para curtir o filme plenamente.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

História de um Casamento

Para surpresa de muitos, esse filme acabou sendo o campeão em indicações no Globo de Ouro desse ano. E como esse prêmio é uma espécie de prévia do próprio Oscar é bem provável que ele também receba uma chuva de indicações para concorrer na grande noite do cinema. Penso que o roteiro, mais focado nas relações humanas, foi o grande diferencial. A própria Academia anda cansada de filmes cheios de efeitos visuais e pouco coração, pouco sentimento. Assim essa produção, com estilo de filme antigo, lá da década de 1970, acabou conquistando a simpatia de grande parte da crítica dos Estados Unidos. Curiosamente seu título é um pouco equivocado. Seria mais fiel ao que se vê na tela se o filme se chamasse "A História do fim de um casamento", porque é exatamente disso que se trata. Quando o filme começa já encontramos o casal formado por Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlett Johansson) em plena crise. Eles estão se consultando com um daqueles especialistas em reconciliação conjugal, algo que no final acaba não dando certo. O caminho então passa a ser o divórcio. Inicialmente eles concordam em partir para um divórcio amigável, sem advogados, tudo feito na base da amizade que ainda os une. Além disso há um filho em jogo, uma criança que não precisa pagar pelos erros dos pais. O melhor divórcio é aquele feito de forma pacífica, nisso todos parecem concordar.

Só que esse começo amistoso dura pouco. Logo ela contrata uma advogada especialista em divórcios, uma profissional que vai tentar arrancar tudo do ex-marido. E esse, se vendo pressionado contra a parede, parte para o contra-ataque, contratando um advogado ainda mais combativo. E aí, o que era para ser algo feito sem traumas, acaba virando uma guerra, com acusações vindas de todos os lados, brigas e ressentimentos. Mostra bem a metamorfose que costuma acontecer com casais em processo de divórcio, onde os antigos amantes acabam se transformando nos piores inimigos. Bem escrito, com roteiro bem estruturado e um elenco de primeira, o filme inegavelmente agrada. Agora, teria mesmo condições de angariar tantas indicações? Olha, isso é mais sintoma de um cinema atual em crise de originalidade do que qualquer outra coisa. Basta surgir um filme mais inteligente, mais dramático, para causar maior impacto. É um sinal dos tempos em que vivemos.

História de um Casamento (Marriage Story, Estados Unidos, 2019) Direção: Noah Baumbach / Roteiro: Noah Baumbach / Elenco: Adam Driver, Scarlett Johansson, Laura Dern, Ray Liotta, Alan Alda / Sinopse: Casal formado por um atriz e um diretor de teatro de Nova Iorque começa a enfrentar a barra de ter que lidar com um divórcio. Além do custo emocional surgem também inúmeros problemas financeiros para superar essa fase de grandes transtornos pessoais. Filme indicado ao Globo de Ouro em diversas categorias, entre elas Melhor Atriz (Scarlett Johansson), Melhor Ator (Adam Driver), Melhor Roteiro e Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio. 

Assunto de Meninas

Título no Brasil: Assunto de Meninas
Título Original: Lost and Delirious
Ano de Produção: 2001
País: Canadá
Estúdio: Cité-Amérique, Dummett Films
Direção: Léa Pool
Roteiro: Judith Thompson
Elenco: Mischa Barton, Emily VanCamp, Jackie Burroughs, Mimi Kuzyk, Piper Perabo, Jessica Paré,

Sinopse:
A adolescente Mary 'Mouse' Bedford (Mischa Barton) vai estudar em um tradicional colégio para moças e lá descobre o amor, as primeiras paixões e também as primeiras experiências ruins de sua nova vida. Filme selecionado para o Sundance Fim Festival.

Comentários:
O cinema canadense não é tão conhecido no Brasil, o que é uma pena pois todos os anos excelentes filmes são produzidos por lá. Esse aqui é um drama adolescente romãntico com roteiro adaptado da novela escrita pela autora Susan Swan. Outro exemplo de filme feito por elas e para elas, essencialmente feminino, com poucos personagens masculinos. Eu gostei bastante da produção com a história se passando em um daqueles colégios de elite, tipicamente britânicos. Excelente sistema de ensino, mas também austero na disciplina dos alunos. Destaque também para as cenas de falcoaria, um esporte diferente, muito apreciado em certos países do norte da Europa. A protagonista é uma garota comum, que vai descobrindo os sentimentos típicos de sua idade. O elenco conta com duas estrelinhas de seriados de TV. Mischa Barton ficou conhecida por causa da série "O.C.: Um Estranho no Paraíso" e a linda Emily VanCamp se destacou em "Revenge", "Brothers & Sisters" e "Everwood: Uma Segunda Chance". Enfim, temos aqui um bom filme, com produção requintada e de bom gosto. Um bom programa para um fim de noite.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal

Ted Bundy (Zac Efron) parecia ser um cara muito legal. Quando Liz Kendall (Lily Collins) o conheceu ele parecia ser um rapaz muito promissor, estudante de direito, esforçado nos estudos, etc. Para ela parecia ser um sonho conhecer alguém assim. Liz era mãe solteira e uma pessoa tímida. Ter novos relacionamentos era muito complicado. Ted não apenas aceitava o fato dela ter uma filha, como se dava muito bem com ela. Parecia ser o relacionamento dos sonhos, alguém para finalmente dividir a vida e o futuro. Só que os sonhos de Liz não duraram muito. Não tardou para que Ted começasse a ter problemas com a polícia e a justiça. Em pouco tempo ele estava sendo acusado de múltiplos assassinatos envolvendo mulheres em diversos estados do país. O que estaria afinal acontecendo? Esse novo filme chamado "Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal" traz um curioso ponto de vista sobre esse infame assassino em série. Tudo acontece sob o olhar de sua namorada, uma secretária tímida, uma pessoa normal, que de repente descobre que seu amado era um serial killer dos mais mortais. O espectador não vê Ted Bundy matando suas vítimas, como nos filmes anteriores. Ao contrário disso, vamos acompanhando um jovem considerado bem normal e confiável sendo acusado das maiores atrocidades. O curioso é que o roteiro do filme não abre margem para desvendar tudo logo de cara. Aquele espectador que não conhece a história de Ted Bundy e de seus crimes chegará mesmo a pensar que ele de fato seria um homem inocente sendo acusado de crimes terríveis. E esse não é um ponto negativo do roteiro, pelo contrário, serve também para desvendar o choque que as pessoas que conviviam com ele tiveram ao saber que ele havia matado pelo menos 30 mulheres!

Uma das melhores coisas do filme vem do elenco. Muito bom, muito promissor. Zac Efron, antigo ídolo teen (lembra-se de "High School Musical?) cresceu e se tornou um bom ator. Ele interpreta Ted Bundy. Por trás do sorriso encantador consegue passar realmente traços de uma mente doentia. A atriz Lily Collins, que interpreta sua namorada é outro achado. Ela inclusive se parece demais com a Liz da história real. Por fim há também um belo elenco de apoio contando com atores como John Malkovich (interpretando o juiz do caso), Haley Joel Osment (o garotinho que via gente morta o tempo todo, lembra dele?) e Jim Parsons (O Sheldon de "The Big Bang Theory", aqui interpretando um promotor público). Enfim, um bom filme, diferente, que conta mais uma vez essa tenebrosa história de crimes que chocaram a América.

Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile, Estados Unidos, 2019) Direção: Joe Berlinger / Roteiro: Elizabeth Kloepfer, baseada no livro "The Phantom Prince: My Life with Ted Bundy" de Michael Werwie / Elenco: Zac Efron, Lily Collins, John Malkovich, Haley Joel Osment, Jim Parsons / Sinopse: O filme conta a história do assassino serial Ted Bundy (Zac Efron). Tudo mostrado sob o ponto de vista de sua namorada Liz Kendall (Lily Collins). De um namorado maravilhoso, ele passa a ser um dos mais infames assassinos da história dos Estados Unidos, sendo acusado de mais de 30 mortes de mulheres ao longo dos anos.

Pablo Aluísio. 

Ted Bundy - A Mente de um Monstro

Título no Brasil: Ted Bundy - A Mente de um Monstro
Título Original: Ted Bundy - Mind of a Monster 
Ano de Produção: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: ID - Investigation Discovery
Direção: Tom Brisley
Roteiro: Tom Brisley
Elenco: Ted Bundy, Kathleen McChesney, Hugh Aynesworth, Stephen Michaud, Marlin Lee Vortman, Charles Leidner

Sinopse:
Documentário sobre o serial killer norte-americano Ted Bundy (1946 - 1989). Durante a década de 1970 ele fez dezenas de vítimas, sendo elas exclusivamente mulheres. Ele se passava por um sujeito bonitão, extrovertido, estudante de direito, para matar as mulheres que caíam nas suas armadilhas mortais.

Comentários:
Muito bom esse documentário do canal ID, uma espécie de canal subsidiário do Discovery Channel, especializado em crimes. O motivo que me fez ir atrás dessa produção foi porque recentemente assisti a um bom filme sobre sua história. Assim procurei por um documentário abrangente sobre o tema. A minha intenção era comparar o roteiro do filme com os fatos que realmente aconteceram na vida real. E nada mais adequado para isso do que assistir a um bom documentário, gênero também conhecido por alguns como o verdadeiro jornalismo cinematográfico. Pois bem, acabei achando esse e não me arrependi. Em pouco mais de 90 minutos de duração somos apresentados a toda a história do assassino, com rico material de época, imagens dos jornais, fotos das cenas do crime, além de filmagens reais que foram feitas no julgamento de Ted Bundy. Tudo com aquela qualidade do Discovery que todos já conhecemos bem. E de fato o roteiro do filme "Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal" bateu muito bem com a história real aqui mostrada. O que temos nas cenas é um psicopata manipulador, muito bem sucedido na arte de se esconder sob a fachada de um sujeito normal, agradável, boa pinta. Também devo elogiar o esforço muito louvável por parte dos realizadores em valorizar igualmente a história das vítimas, mostrando aspectos de suas histórias, suas personalidades, etc. Um resgate muito importante e humano. Esse é um detalhe por demais relevante que nem sempre é respeitado em documentários sobre serial killers. Dando voz e biografia para as vítimas tudo fica ainda mais claro, os crimes se tornam ainda mais brutais e repugnantes. Enfim se o tema lhe interessar de alguma forma não deixe de conferir esse documentário onde definitivamente nada falta, nem os detalhes mais assustadores.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Ad Astra: Rumo às Estrelas

Após sofrer um acidente numa torre de transmissão, o astronauta Roy McBride (Brad Pitt) é designado para uma nova missão. Ele deve partir para Marte, onde se tentará uma comunicação com seu pai. o veterano explorador espacial H. Clifford McBride (Tommy Lee Jones). Há muitos anos ele desapareceu, juntamente com sua nave e tripulação, enquanto explorava o sistema solar externo, perto de planetas como Júpiter, Saturno e Netuno. Interferências magnéticas vindas dessa região levam a crer que sejam de sua missão. Assim Roy parte para Marte, sem nem ao menos saber o que realmente lhe espera. Pois bem, esse é o novo filme do ator Brad Pitt. È curioso que ele tenha optado por esse tema, um filme de ficção, exploração espacial, etc. Claro que um filme com essa temática iria sofrer de alguma forma diversas influências do passado, como o do maior clássico do gênero, "2001 - Uma Odisseia no Espaço". O ritmo lento em determinados momentos, a contemplação do universo infinito, tudo é fruto dessa inspiração da obra-prima de Stanley Kubrick. Não é uma forma de narrativa usual nos dias de hoje. Por isso parte do público estranhou o ritmo mais devagar do filme. Para muitos isso o transformou em um filme bem chato e cansativo. Em determinados momentos devo dar razão a essas pessoas. De fato o filme apresenta problemas de ritmo e edição. Tentar imitar Kubrick não é fácil, é algo para poucos cineastas.

Porém o mais estranho é que esse estilo Kubrick foi misturado com momentos absurdos, principalmente para quem entende pelo menos um pouquinho de cosmologia. Vou citar um exemplo disso. Em determinado momento o personagem de Brad Pitt precisa passar pelos anéis de Netuno. E o que ele faz para sobreviver a isso? Usa uma placa de metal para se defender das milhares de rochas que orbitam o gigante gasoso. Ora, no mundo real o astronauta seria destroçado pelos anéis em poucos segundos, pois é impossível sobreviver naquela região do cosmos. Porém o que se vê no filme é um momento digno de desenhos animados da Hanna-Barbera. Outro fato fora de noção é a própria viagem até Netuno. Isso levaria anos, mesmo na melhor astronave. No final parece que Pitt leva apenas alguns dias para se chegar lá! E as bobagens do roteiro não param por aí, seguem em frente. Então fica algo contraditório, pois ao mesmo tempo em que o filme tenta se levar à sério também apresenta momentos absurdos que deixarão qualquer cientista de cabelos em pé. Por isso o filme fica apenas no meio do caminho. Não chega em nenhum momento a agradar completamente, pelo menos no meu caso foi exatamente isso que aconteceu.

Ad Astra: Rumo às Estrelas (Ad Astra, Estados Unidos, 2019) Direção: James Gray / Roteiro: James Gray, Ethan Gross / Elenco: Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Ruth Negga / Sinopse: Para tentar entrar em contato com seu pai, o astronauta Roy McBride (Brad Pitt) é enviado até Marte, o planeta vermelho. A intenção é que ele mande uma massagem para seu velho, que foi dado como desaparecido alguns anos antes, numa missão de exploração dos mais distantes planetas do sistema solar.

Pablo Aluísio. 

A Odisséia de Jacques

Quando eu era apenas uma criança, lá nos distantes anos 70, eu adorava assistir aos documentários produzidos pelo francês Jacques Cousteau! Sempre no navio Calypso ele cruzava os sete mares mostrando os mais diversos pontos da Terra. Saudades desse tempo! Agora foi produzido esse filme biográfico mostrando parte da vida dessa personalidade incrível e inesquecível. O explorador morreu em 1997, deixando uma legião de admiradores inconsoláveis. Pelas aventuras que viveu até demorou muito para que um filme como esse fosse produzido. Embora o ator que o interprete não seja tão parecido com o Cousteau real, é inegável que o sentimento de nostalgia, aliada às maravilhosas cenas submarinas, vão fisgar os mais reticentes espectadores. O curioso é que na minha lembrança havia a memória que seu filho havia morrido após cair numa geleira na Antártida, mas não, ele morreu mesmo em um acidente de avião, o que me deixou surpreso e até admirado.

O roteiro é bem estruturado. O filme começa com Jacques Cousteau decidindo mudar os rumos de sua vida. Ele já tinha ganho muito dinheiro após inventar uma nova roupa para mergulhar em profundidade e assim conseguiu o capital para realizar seu sonho, que era o de produzir documentários ao redor do mundo a bordo de seu navio Calypso. Após fechar contrato com o canal americano ABC ele finalmente conseguiu o financiamento para suas expedições, algo que durariam até o fim de seus dias. Um fato curioso também é o registro de que ele também foi uma das primeiras pessoas no mundo a abraçar a bandeira da ecologia. Ao visitar os mais diferentes oceanos ele percebeu com os próprios olhos o terrível impacto que os seres humanos estavam causando no planeta. Foi um pioneiro inclusive na luta pela proibição de caça às baleias. Enfim, sem dúvida Jacques Cousteau não foi apenas um herói da minha infância, mas também um nome muito importante na preservação do meio ambiente, em especial dos mares ao redor do globo. Grande figura que sempre deixará saudades em todos que acompanharam seu trabalho.

A Odisséia de Jacques (L'Odyssée, França, Bélgica, 2016) Direção: Jérôme Salle / Roteiro: Jérôme Salle, Laurent Turner / Elenco: Lambert Wilson, Pierre Niney, Audrey Tautou / Sinopse: O filme conta a verdadeira odisséia que foi a vida do explorador, documentarista e ecologista Jacques Cousteau. O roteiro mostra o começo de suas aventuras, os primeiros documentários e também as grandes perdas de sua vida, como a morte de seu filho durante uma de suas expedições pelos oceanos do mundo.

Pablo Aluísio.