Quem é Ben McKenzie? Nesse mundo de séries geralmente nos esbarramos com aqueles atores que já conhecemos, mas que não sabemos o nome. É aquele tipo de ator que você encontra em várias séries, gosta do trabalho dele, mas geralmente no final pergunta: como é mesmo o nome dele? Ben já esteve em várias séries que acompanhei. Não sou particularmente um fã de seu trabalho, mas devo dizer que ele é sem dúvida um sujeito talentoso, que segura uma série como protagonista sem problemas.
A primeira vez que vi algo com Ben foi na série adolescente "OC". Não cheguei a acompanhar direito essa série porque quando ela era exibida não me interessou muito. Séries sobre jovens riquinhos já tinha saturado em minha opinião. Mesmo assim cheguei a ver vários episódios, sem maiores compromissos. Se me recordo bem ele interpretava um cara modesto que ia morar em Los Angeles, em um bairro de jovens ricos. Era só. Tinha boa trilha sonora, mas nada além disso.
Só voltei a reencontrar o Ben em "Southland: Cidade do Crime". Sempre fui fã de séries policiais e essa era muito especial. Toda rodada em uma Los Angeles cheia de crimes, o Ben interpretava um jovem policial que ia ganhando a manha das ruas a cada dia de trabalho. Série excepcionalmente acima da média, muito boa, filmada quase como se estivéssemos assistindo a um documentário sobre a vida real. Também serviu para mostrar que a vida nas grandes cidades americanas não era o país das mil e uma maravilhas como muitos brasileiros inocentemente pensavam. Era barra pesada, selvagem, crua e violenta. Essa série recomendo a todos.
A terceira série que cheguei a acompanhar do Ben foi "Gotham". Ele interpreta o jovem comissário Gordon numa era antes do Batman, que ainda é uma criança. Porém muitos dos vilões do universo do homem morcega desfilam pela tela. É uma série extremamente bem produzida, com o melhor que a Warner Bros tem a oferecer. Mesmo acompanhando grande parte da primeira temporada não consegui curtir. É aquele tipo de série que tudo parece estar no lugar, com bons roteiros, elenco muito bom, direção de fotografia bonita, mas que ao mesmo tempo não cria empatia e nem parece ter carisma. Por isso após alguns episódios larguei a série. Não foi do meu gosto pessoal. Talvez um dia volte a acompanhar, quem sabe...
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
Christopher Plummer
Christopher Plummer só melhorou com o passar dos anos. Pelo menos essa é a impressão de muitos cinéfilos e críticos de cinema ao redor do mundo. Hoje em dia podemos dizer inclusive que ele está no melhor momento de sua carreira e isso após quase 70 anos de carreira e mais de 200 filmes no currículo! Não é pouca coisa, meus caros. Há dois dias ele completou 89 anos de idade e nem pensa em se aposentar!
O interessante é que ele só veio mesmo a ser considerado um grande ator, de primeira grandeza, há relativamente pouco tempo. Para quem está há tantos anos na estrada não deixa de ser uma grande injustiça. Finalmente Plummer está tendo o reconhecimento que sempre mereceu, mesmo quando atuava em papéis menores, de personagens secundários, algo que ele fez com muita dignidade quando sua carreira começava a entrar numa fase morna, sem sucessos de bilheteria.
Durante muitas décadas ele foi considerado apenas um galâ elegante, ideal para interpretar personagens aristocráticos, sofisticados, da alta classe. O Oscar só veio em 2017, por sua atuação em "Toda Forma de Amor". Tarde demais? Não, diria que antes tarde do que nunca! Pessoalmente confesso que de certa maneira também nunca havia prestado muito atenção nele até meados dos anos 80. Uma das minhas referências mais óbvias quando ouvia falar em Christopher Plummer era seu bom desempenho como Sherlock Holmes em "Assassinato por Decreto". Ele interpretou um Sherlock bem fiel aos livros originais, bem clássico, bem de acordo com as páginas da literatura. E isso me causou uma excelente impressão.
Dizem que os galãs geralmente possuem prazo de validade. Quando a idade chega eles tendem a ser esquecidos. No caso de Plummer isso não aconteceu. Ele passou a ter um outro momento em sua vida artística. Penso que nem foi algo planejado pelo ator. Ele simplesmente aceitou bons papéis que iam surgindo, geralmente de pessoas na terceira idade. Eram bons roteiros e isso o elevou de novo ao primeiro time de Hollywood. "O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus", "A Última Estação", "Elsa e Fred - Um Amor de Paixão", "O Homem Que Inventou o Natal", "Todo o Dinheiro do Mundo", "A Exceção" "Limites" e "Não Olhe Para Trás" são filmes representativos desse seu novo momento na sua filmografia, que é sempre bom lembrar, é cheia de clássicos do passado.
Pablo Aluísio.
O interessante é que ele só veio mesmo a ser considerado um grande ator, de primeira grandeza, há relativamente pouco tempo. Para quem está há tantos anos na estrada não deixa de ser uma grande injustiça. Finalmente Plummer está tendo o reconhecimento que sempre mereceu, mesmo quando atuava em papéis menores, de personagens secundários, algo que ele fez com muita dignidade quando sua carreira começava a entrar numa fase morna, sem sucessos de bilheteria.
Durante muitas décadas ele foi considerado apenas um galâ elegante, ideal para interpretar personagens aristocráticos, sofisticados, da alta classe. O Oscar só veio em 2017, por sua atuação em "Toda Forma de Amor". Tarde demais? Não, diria que antes tarde do que nunca! Pessoalmente confesso que de certa maneira também nunca havia prestado muito atenção nele até meados dos anos 80. Uma das minhas referências mais óbvias quando ouvia falar em Christopher Plummer era seu bom desempenho como Sherlock Holmes em "Assassinato por Decreto". Ele interpretou um Sherlock bem fiel aos livros originais, bem clássico, bem de acordo com as páginas da literatura. E isso me causou uma excelente impressão.
Dizem que os galãs geralmente possuem prazo de validade. Quando a idade chega eles tendem a ser esquecidos. No caso de Plummer isso não aconteceu. Ele passou a ter um outro momento em sua vida artística. Penso que nem foi algo planejado pelo ator. Ele simplesmente aceitou bons papéis que iam surgindo, geralmente de pessoas na terceira idade. Eram bons roteiros e isso o elevou de novo ao primeiro time de Hollywood. "O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus", "A Última Estação", "Elsa e Fred - Um Amor de Paixão", "O Homem Que Inventou o Natal", "Todo o Dinheiro do Mundo", "A Exceção" "Limites" e "Não Olhe Para Trás" são filmes representativos desse seu novo momento na sua filmografia, que é sempre bom lembrar, é cheia de clássicos do passado.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
Primeiros Filmes - Steven Spielberg
Há muitas histórias diferentes sobre Steven Spielberg em seu começo de carreira no cinema. Algumas dizem que ele simplesmente um dia pegou um crachá do estúdio Universal, entrou lá e fingindo ser um diretor experiente começou a dirigir seus primeiros filmes. Claro que algo assim passa longe da verdade, são mitos divertidos que o próprio Spielberg usou para se divertir. O fato é que por trás desse tipo de anedota se esconde um dos diretores mais importantes da história do cinema americano. Não é exagero. Spielberg é seguramente um dos cineastas mais marcantes das últimas décadas. Em seu nível provavelmente só teremos nomes como Francis Ford Coppola e Martin Scorsese. A diferença básica é que enquanto cineastas como esses procuravam acima de tudo agradar a crítica, Spielberg direcionou praticamente toda a sua carreira para o grande público. Certa vez ele disse que o seu cinema não tinha muitos mistérios, que ele apenas dirigia aqueles filmes que ele próprio, como um fã de cinema, gostaria de assistir. É foi justamente pensando nisso que Spielberg cravou seu nome na história de Hollywood.
Judeu, louco por cinema desde a juventude, Steven decidiu bem cedo que queria dirigir filmes. Ele nunca quis dar uma de intelectual com suas obras. Na verdade Steven Spielberg teve sua infância nos anos 1950, justamente a era de ouro da ficção no cinema americano. Essa influência ficou com ele para sempre. Os filmes do diretor jamais deixaram essa herança de lado, sempre com extraterrestres, fantasia, diversão. Exatamente por ser um fã de cultura pop é que Spielberg se tornou o que é hoje em dia. Seus filmes nunca foram tão eruditos como os de Coppola ou Scorsese. Ao invés disso o diretor direcionou sua filmografia para a diversão do jovem louco por quadrinhos, TV e cinema. E tudo começou lá atrás, quando ele dirigiu um episódio da série de sucesso "O Incrível Hulk". Spielberg ainda era um jovem, mas a emissora, confiante em seu talento, o escalou para dirigir o episódio chamado "Never Give a Trucker an Even Break". Esse foi o ponto zero da carreira de Spielberg na direção. A série era estrelada pelos atores Bill Bixby (que interpretava o cientista Dr. David Banner) e Lou Ferrigno (que dava vida ao monstro verde dos quadrinhos). Como já era tradição dentro da indústria americana, primeiro os jovens diretores ganhavam experiência em séries de TV, para só depois tentar a sorte nas telas de cinema, algo que para Spielberg veio até muito rápido, rápido demais para dizer a verdade.
Steven Spielberg mostrou sua genialidade já no seu primeiro filme pra valer em Hollywood. Encurralado (Duel, Estados Unidos, 1971) tinha um roteiro dos mais simples, para não dizer, simplórios. Era apenas a história de um motorista que passava a ser perseguido por um grande caminhão nas estradas da Califórnia. Nada mais do que isso. Spielberg entendeu que aquela seria uma ótima oportunidade para mostrar seu talento de direção. Usando de enquadramentos inovadores e uma trilha sonora impactantes ele criou um dos melhores filmes daquele ano. O filme acabou sendo exibido na TV, o que não foi algo ruim para o diretor, já que assim ele tinha chances de concorrer em algum prêmio importante que premiasse telefilmes. No Globo de Ouro o talento de Steven Spielberg foi reconhecido e pela primeira vez em sua curta filmografia ele acabou sendo indicado na categoria de Melhor Telefilme do ano, uma indicação que já valia como prêmio por ter sido lembrado.
Nessa primeira fase de sua filmografia os estúdios passaram a prestar mais atenção no jovem diretor. Muitos o apontavam como um novo talento nas produções de terror e suspense, mas esse tipo de rótulo não se enquadrava bem em Spielberg. Ele queria tentar todos os gêneros cinematográficos e pessoalmente preferia os filmes de Sci-Fi (ficção) do que de terror propriamente ditos. Spielberg foi um dos vários garotos de sua geração que cresceram assistindo a séries de ficção como "Além da Imaginação". Por isso essa inspiração jamais seria deixada de lado.
De qualquer forma o estigma de ser um novo talento do suspense levou com que Spielberg dirigisse dois outros telefilmes, nenhum deles com grande destaque. O primeiro foi "A Força do Mal" sobre um casal que se mudava para uma velha casa isolada no meio rural e começava a ter problemas com espíritos malignos. Um filme de terror bem feito, mas ainda sob controle do estúdio, o que cortou de certa forma a criatividade do diretor. Depois dele, já em 1973, veio "Savage" sobre um jornalista investigativo que descobria fotos comprometedoras de um magistrado indicado para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Esse filme foi interessante para Spielberg porque ele teve a oportunidade de dirigir um grande ator, Martin Landau. Só que a TV havia ficado pequena demais para ele. Em breve Spielberg queria se dedicar à grande paixão de sua vida: filmes para o cinema.
Pablo Aluísio.
Judeu, louco por cinema desde a juventude, Steven decidiu bem cedo que queria dirigir filmes. Ele nunca quis dar uma de intelectual com suas obras. Na verdade Steven Spielberg teve sua infância nos anos 1950, justamente a era de ouro da ficção no cinema americano. Essa influência ficou com ele para sempre. Os filmes do diretor jamais deixaram essa herança de lado, sempre com extraterrestres, fantasia, diversão. Exatamente por ser um fã de cultura pop é que Spielberg se tornou o que é hoje em dia. Seus filmes nunca foram tão eruditos como os de Coppola ou Scorsese. Ao invés disso o diretor direcionou sua filmografia para a diversão do jovem louco por quadrinhos, TV e cinema. E tudo começou lá atrás, quando ele dirigiu um episódio da série de sucesso "O Incrível Hulk". Spielberg ainda era um jovem, mas a emissora, confiante em seu talento, o escalou para dirigir o episódio chamado "Never Give a Trucker an Even Break". Esse foi o ponto zero da carreira de Spielberg na direção. A série era estrelada pelos atores Bill Bixby (que interpretava o cientista Dr. David Banner) e Lou Ferrigno (que dava vida ao monstro verde dos quadrinhos). Como já era tradição dentro da indústria americana, primeiro os jovens diretores ganhavam experiência em séries de TV, para só depois tentar a sorte nas telas de cinema, algo que para Spielberg veio até muito rápido, rápido demais para dizer a verdade.
Steven Spielberg mostrou sua genialidade já no seu primeiro filme pra valer em Hollywood. Encurralado (Duel, Estados Unidos, 1971) tinha um roteiro dos mais simples, para não dizer, simplórios. Era apenas a história de um motorista que passava a ser perseguido por um grande caminhão nas estradas da Califórnia. Nada mais do que isso. Spielberg entendeu que aquela seria uma ótima oportunidade para mostrar seu talento de direção. Usando de enquadramentos inovadores e uma trilha sonora impactantes ele criou um dos melhores filmes daquele ano. O filme acabou sendo exibido na TV, o que não foi algo ruim para o diretor, já que assim ele tinha chances de concorrer em algum prêmio importante que premiasse telefilmes. No Globo de Ouro o talento de Steven Spielberg foi reconhecido e pela primeira vez em sua curta filmografia ele acabou sendo indicado na categoria de Melhor Telefilme do ano, uma indicação que já valia como prêmio por ter sido lembrado.
Nessa primeira fase de sua filmografia os estúdios passaram a prestar mais atenção no jovem diretor. Muitos o apontavam como um novo talento nas produções de terror e suspense, mas esse tipo de rótulo não se enquadrava bem em Spielberg. Ele queria tentar todos os gêneros cinematográficos e pessoalmente preferia os filmes de Sci-Fi (ficção) do que de terror propriamente ditos. Spielberg foi um dos vários garotos de sua geração que cresceram assistindo a séries de ficção como "Além da Imaginação". Por isso essa inspiração jamais seria deixada de lado.
De qualquer forma o estigma de ser um novo talento do suspense levou com que Spielberg dirigisse dois outros telefilmes, nenhum deles com grande destaque. O primeiro foi "A Força do Mal" sobre um casal que se mudava para uma velha casa isolada no meio rural e começava a ter problemas com espíritos malignos. Um filme de terror bem feito, mas ainda sob controle do estúdio, o que cortou de certa forma a criatividade do diretor. Depois dele, já em 1973, veio "Savage" sobre um jornalista investigativo que descobria fotos comprometedoras de um magistrado indicado para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Esse filme foi interessante para Spielberg porque ele teve a oportunidade de dirigir um grande ator, Martin Landau. Só que a TV havia ficado pequena demais para ele. Em breve Spielberg queria se dedicar à grande paixão de sua vida: filmes para o cinema.
Pablo Aluísio.
Primeiros Filmes - Amy Adams
A atriz Amy Adams nasceu na Itália... quem diria que ela fosse italiana, não é mesmo? Bem, é quase isso. Filha de um militar americano servindo no velho continente, ela acabou nascendo por lá em uma cidade chamada Vicenza. Era agosto de 1974. Pois bem, o tempo passou e ela abraçou a carreira artística. Primeiramente no teatro - o berço de todos os grandes atores e atrizes - e depois o cinema.
Hoje a filmografia da Amy já conta com 59 filmes! Um número de respeito, ainda mais se formos levar em conta que ela começou a atuar para valer em cinema só a partir de 1999, ou seja, ela nem completou ainda 20 anos de carreira. Como toda jovem tentando encontrar um espaço nesse mercado mais do que competitivo, a ruiva precisou ralar bastante e também fazer algumas bobagens ao longo dos anos. Normal em casos assim, de atrizes em começo de carreira. Como processo natural ela acabou atuando, logo no seu primeiro filme, numa besteira intitulada "Lindas de Morrer". O elenco pelo menos era muito bom, com atrizes que realmente faziam jus ao título do filme. Ao lado dela nessa produção estavam Kirsten Dunst, Denise Richards e Ellen Barkin; Essa última loira aliás sempre considerei uma das mulheres mais sensuais do cinema americano.
Bom, se você é jovem e bonita e anda precisando trabalhar em Hollywood no comecinho da carreira um caminho simples de arranjar papéis é descolar alguma produção de terror para participar . A Amy Adams não escapou desse caminho. Seu segundo filme foi o inacreditável (no mal sentido mesmo) "Horror na Praia Psicodélica". Depois de cinco indicações ao Oscar gostaria de saber como a Amy olha para trás e encara produções como essa em que ela atuou! Deve ser um misto de arrependimento com humor. Por falar nisso os produtores dessa fitinha a anunciavam como um "Encontro entre os filmes slasher e os psicodélicos anos 60, tudo se passando numa praia paradisíaca!" Deve ser literalmente um horror!
Pablo Aluísio.
Hoje a filmografia da Amy já conta com 59 filmes! Um número de respeito, ainda mais se formos levar em conta que ela começou a atuar para valer em cinema só a partir de 1999, ou seja, ela nem completou ainda 20 anos de carreira. Como toda jovem tentando encontrar um espaço nesse mercado mais do que competitivo, a ruiva precisou ralar bastante e também fazer algumas bobagens ao longo dos anos. Normal em casos assim, de atrizes em começo de carreira. Como processo natural ela acabou atuando, logo no seu primeiro filme, numa besteira intitulada "Lindas de Morrer". O elenco pelo menos era muito bom, com atrizes que realmente faziam jus ao título do filme. Ao lado dela nessa produção estavam Kirsten Dunst, Denise Richards e Ellen Barkin; Essa última loira aliás sempre considerei uma das mulheres mais sensuais do cinema americano.
Bom, se você é jovem e bonita e anda precisando trabalhar em Hollywood no comecinho da carreira um caminho simples de arranjar papéis é descolar alguma produção de terror para participar . A Amy Adams não escapou desse caminho. Seu segundo filme foi o inacreditável (no mal sentido mesmo) "Horror na Praia Psicodélica". Depois de cinco indicações ao Oscar gostaria de saber como a Amy olha para trás e encara produções como essa em que ela atuou! Deve ser um misto de arrependimento com humor. Por falar nisso os produtores dessa fitinha a anunciavam como um "Encontro entre os filmes slasher e os psicodélicos anos 60, tudo se passando numa praia paradisíaca!" Deve ser literalmente um horror!
Pablo Aluísio.
Primeiros Filmes - Nicole Kidman
Olhando para o passado me lembro do primeiro filme que assisti com a atriz Nicole Kidman. Foi "Terror a Bordo", de 1989. Aluguei a fita ainda nos tempos do VHS. Claro que ninguém nunca tinha ouvido falar naquela ruiva australiana de longos cabelos cacheados. O filme apesar de ter sido muito elogiado pela crítica brasileira na época me pareceu porém apenas razoável. Não fiquei pessoalmente impressionado. Depois disso só ouvi falar novamente nela em "Dias de Trovão". Aqui o quadro já mudava um pouco. Ela havia se mudado para Los Angeles e começado um namoro com o astro Tom Cruise. Era 1990. Claro que por ser a garota do Cruise ela imediatamente ficou na mira da mídia, principalmente das revistas de celebridades e fofocas.
Namorar o ator mais bem pago do cinema trouxe uma espécie de fama instantânea para ela. Esse namoro iria acabar em um casamento não muito feliz, com um final que deixou a Kidman muito desapontada e decepcionada com Cruise. Quem não se recorda ele se separou dela poucos dias antes da esposa ter direito a parte de sua fortuna. Foi um fim incentivado por um materialismo meio vergonhoso.
"Dias de Trovão" é um filme pipoca por excelência. Foi vendido como um "Top Gun" com carros de corrida. No fundo é isso mesmo. O roteiro é bem vazio, com Tom Cruise brincando de piloto o tempo todo na tela, sem convencer muito bem. Claro que como cinema de ação funciona bem também, porque o diretor Tony Scott sempre foi um mestre nesse tipo de edição. Um filme com muito visual, muito pop, mas sem muito conteúdo. Faz muitos anos que revi o filme, mas mesmo na revisão pude sentir novamente o quanto é vazio essa produção sobre duas rodas.
Pablo Aluísio.
Namorar o ator mais bem pago do cinema trouxe uma espécie de fama instantânea para ela. Esse namoro iria acabar em um casamento não muito feliz, com um final que deixou a Kidman muito desapontada e decepcionada com Cruise. Quem não se recorda ele se separou dela poucos dias antes da esposa ter direito a parte de sua fortuna. Foi um fim incentivado por um materialismo meio vergonhoso.
"Dias de Trovão" é um filme pipoca por excelência. Foi vendido como um "Top Gun" com carros de corrida. No fundo é isso mesmo. O roteiro é bem vazio, com Tom Cruise brincando de piloto o tempo todo na tela, sem convencer muito bem. Claro que como cinema de ação funciona bem também, porque o diretor Tony Scott sempre foi um mestre nesse tipo de edição. Um filme com muito visual, muito pop, mas sem muito conteúdo. Faz muitos anos que revi o filme, mas mesmo na revisão pude sentir novamente o quanto é vazio essa produção sobre duas rodas.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
Os Filmes de Brad Pitt
Falando por experiência pessoal, a primeira vez que encarei o ator Brad Pitt como novo astro de Hollywood foi em "Lendas da Paixão" de 1994, filme aliás que tive a chance de conferir no cinema em sua estreia no Brasil. Antes desse filme já tinha ouvido falar do Pitt, claro, mas nada se comparava com a repercussão que essa fita teve até então. Em Hollywood quando se começa a apostar em um novo ator toda uma engrenagem de marketing e propaganda é colocada em funcionamento. Com o Brad Pitt foi assim. A partir do momento em que os produtores decidiram que ele seria o novo star, o novo chamariz de bilheteria, ele começou a ser colocado em evidência.
E aí é aquela coisa. O ator começa a aparecer em muitas capas de revistas (com especial atenção para as revistas teen, para os jovens), muitas matérias em jornais e revistas de cinema e por aí vai. Publicidade, acima de tudo. Em relação a "Lendas da Paixão" devo dizer que o mais atrativo para ir ao cinema, pelo menos no meu caso, foi a presença de Anthony Hopkins no elenco. Havia me tornado fã, de carteirinha mesmo, desde que vi sua maravilhosa atuação em "Vestígios do Dia", um filme belíssimo. Assim quando foi anunciado que ele estaria nesse elenco, em mais um filme de época, realmente não poderia deixar passar em branco.
Quando finalmente vi "Lendas da Paixão" pude perceber que em nenhuma hipótese poderia ser comparado com "Vestígios do Dia". Esse era um drama sensível, com roteiro muito inglês, revisitando a história de um homem que não conseguia expressar seus sentimentos. Já "Lendas da Paixão" era mesmo um novelão estrelado pelo Brad Pitt. Hopkins aqui surgia mais como um coadjuvante de luxo. O filme obviamente não me aborreceu em nenhum momento, mas de certa maneira me deixou um pouco decepcionado, já que as expectativas estavam altas. Para as novas fãs do galã Brad Pitt porém isso tinha pouca importância. Elas queriam mesmo era ver o novo ídolo do cinema, com seus longos cabelos loiros ao vento, em cenas que pareciam mais um cartão postal.
"Nada é Para Sempre" de 1992 é um dos bons filmes da carreira de Pitt. Curiosamente também é um filme ainda pouco conhecido pelo público em geral. Não fez muito sucesso na época, mas conseguiu ter a boa vontade da crítica. O enredo era bem nostálgico, mostrando uma família no começo do século XX. A pesca em rios de Montana era uma metáfora sobre a vida, mostrando que assim como as águas, tudo fluía em seu caminho natural. Pitt ainda bem jovem não era o astro principal do filme, mas sim um coadjuvante de luxo, numa caracterização muito boa, de um rapaz do interior que tinha que encarar o desafio do passar dos anos.
A direção era de Robert Redford. O filme acabou sendo indicado ao Oscar. Philippe Rousselot acabou premiado pela maravilhosa direção de fotografia. Ele captou muito bem a beleza natural dos rios de Montana, algo que trouxe um visual muito belo ao filme como um todo. Também concorreu em outras categorias valiosas, entre elas a de roteiro adaptado, trabalho desenvolvido pelo roteirista Richard Friedenberg e por fim pela música incidental (Mark Isham). Belas imagens sempre pedem por boa trilha sonora, para criar o clima certo para envolver o espectador no cinema. No meu caso tive o privilégio de curtir tudo isso em uma sala de cinema. Esse é realmente aquele tipo de filme ideal para ver no cinema, uma vez que todas as suas qualidades se destacam na tela grande.
Depois de todo esse lirismo natural, Brad Pitt atuou em um filme completamente diferente do anterior. A fita se chamava "Kalifornia" e era bem violenta. Essa produção não encontrou espaço no circuito comercial das salas de cinema no Brasil, sendo lançado diretamente em vídeo (estamos falando ainda dos tempos das locadoras VHS). Provavelmente seu tema bem fora do comum, mostrando um casal de psicopatas espalhando terror e morte pelas estradas mais desertas dos Estados Unidos, acabou gerando desconfiança nas distribuidoras nacionais. Além disso Pitt ainda não era um astro, um campeão de bilheteria. Ele aparecia barbado, usando um boné típico dos caipiras americanos e surgia nada glamoroso ao lado de uma insana Juliette Lewis, em boa atuação. Esse foi um filme pouco badalado e conhecido, mas que tinha qualidade. Quem assistiu nos anos 90 não se arrependeu.
O filme mais badalado da carreira de Brad Pitt nos anos 90 foi sem dúvida "Entrevista com o Vampiro" (Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles, 1994), a tão aguardada adaptação para o cinema do romance vampiresco escrito por Anne Rice. O estúdio investiu milhões de dólares na produção e conseguiu contratar dois astros para o elenco principal. Assim ao lado de Pitt na história tínhamos também um afetado Tom Cruise no papel do vampiro Lestat. Pitt interpretava outro ser da noite, Louis. Uma papel não menos importante dentro do roteiro.
Os dois astros de Hollywood não se deram bem no set de filmagens desde o primeiro dia. Pitt não gostou do jeito de Cruise, sempre muito preocupado em roubar todas as cenas apenas para si mesmo. Isso talvez explicasse porque ao longo de tantos anos Cruise jamais havia se dado muito bem com outro ator de seu porte em filmes anteriores. Sempre havia algum atrito, alguma notícia de problemas de relacionamento dentro das filmagens. Brad Pitt porém não facilitou a situação. Numa competição de estrelismos ele também pagou para ver, causando uma tensão no meio dos trabalhos.
O bom de tudo isso é que as interpretações, tanto de Pitt como de Cruise, foram elogiadas. Competindo entre si, quem acabou ganhando foi o público que acabou assistindo duas belas atuações. O filme fez bastante sucesso batendo a casa dos 300 milhões de dólares na bilheteria. Foi um passo importante pois mostrava aos executivos de Hollywood que Brad Pitt conseguia chamar atenção, até mesmo quando dividia as telas com outro grande popstar do cinema como Cruise. Como vários foram os livros escritos por Anne Rice sempre se cogitou novas adaptações. Pitt porém recusou todos os convites para voltar a esse universo de vampiros. Em sua opinião o seu trabalho como Louis foi tão bom e satisfatório que ele simplesmente não queria estragar tudo em uma continuação inferior.
Em 1995 o ator atuou no filme "Seven: Os Sete Crimes Capitais" (Se7en). Tive também a oportunidade de assistir no cinema na época de seu lançamento original e revi não faz muito tempo. Continua sendo um excelente filme policial de suspense, com ênfase no subgênero dos psicopatas seriais, dos serial killers. Na trama Pitt interpreta um policial que ao lado de seu parceiro, em boa atuação de Morgan Freeman, tenta desvendar uma série de assassinatos.
O assassino parece seguir uma linha, um método de execução, fazendo referência aos sete pecados capitais. A direção foi do talentoso David Fincher e para fechar a linha de frente de grandes profissionais do cinema o elenco ainda trazia Kevin Spacey em seu primeiro papel de impacto no cinema. Eu me recordo bem como na época só se falava em Spacey. Ele quase roubou o filme da dupla de protagonistas.
Nesse mesmo ano Pitt surpreendeu meio mundo ao surgir na estranha ficção "Os 12 Macacos" (Twelve Monkeys). Quem estava acostumado com o ator em papéis de galã bonitão levou um tremendo susto. O filme trazia Pitt despido de qualquer vaidade pessoal, atuando em um personagem quase completamente asqueroso, maluco, com os olhos trocados! O filme em si era um delírio visual e estético assinado pelo cineasta Terry Gilliam, bem conhecido por seus excessos no cinema. Visionário e adepto de cores fortes, ele fez um filme que não passou despercebido.
Outro aspecto interessante é que Brad Pitt também deixou o orgulho de astro de lado, se tornando apenas um coadjuvante em um filme cujo ator principal era Bruce Willis, o herói dos filmes de ação. A crítica gostou do resultado, mas o público em geral torceu o nariz. Não era uma história fácil de digerir e nem tampouco um roteiro acessível a todos os públicos. A coragem de entrar de cabeça em um papel tão esquisito rendeu bons frutos para a carreira de Pitt. Ele foi indicado ao Oscar e acabou ganhando o Globo de Ouro naquele ano por causa de seu trabalho como o amalucado Jeffrey Goines; No fundo o esforço valeu a pena.
Em 1996 Pitt atuou em "Sleepers: A Vingança Adormecida", Dirigido pelo cineasta Barry Levinson, o filme contava com um grande elenco, cheio de astros, entre eles Robert De Niro, Kevin Bacon e Dustin Hoffman. No meio de tanta gente famosa ficou um pouco mesmo complicado se destacar. É um filme bem interessante, mostrando quatro amigos de infância que foram detidos ainda na juventude, por onde sofreram todos os tipos de abusos e agressões. Muitos anos depois se reúnem e decidem se vingar de quem os violentou no passado. O filme não fez tanto sucesso, apesar dos nomes envolvidos, mas é um dos melhores da filmografia do ator, principalmente pelo seu roteiro, muito bem escrito. Além disso foi por demais interessante para Pitt atuar com tantos nomes consagrados de Hollywood ao mesmo tempo. Como ele mesmo disse em entrevista foi um "verdadeiro aprendizado".
Em 1997 Brad dividiu a tela do cinema com Harrison Ford em "Inimigo Íntimo" (The Devil's Own). Ford havia sido um dos maiores campeões de bilheteria do cinema nas décadas de 1970 e 1980. Nos anos 90 porém ele já não era um nome tão forte e popular entre o público. Já Brad Pitt era o astro da década, sendo grande chamariz de bilheterias bem sucedidas. No final das contas, ao contrário do que a crítica dizia, era Pitt que estava dando uma força na carreira de Ford e não o contrário.
No enredo do filme um policial de Nova Iorque acaba descobrindo que o sujeito irlandês que é o seu hóspede e que parece ser uma boa pessoa, inofensiva, é na verdade um terrorista do IRA, atrás de armas americanas para venda. Um traficante de armas internacional. O filme tinha até boas cenas de ação, mas não era nada memorável em seu roteiro, um tanto previsível. A direção foi do veterano Alan J. Pakula, que a despeito de seu talento, não conseguiu realizar um grande filme.
Pablo Aluísio.
E aí é aquela coisa. O ator começa a aparecer em muitas capas de revistas (com especial atenção para as revistas teen, para os jovens), muitas matérias em jornais e revistas de cinema e por aí vai. Publicidade, acima de tudo. Em relação a "Lendas da Paixão" devo dizer que o mais atrativo para ir ao cinema, pelo menos no meu caso, foi a presença de Anthony Hopkins no elenco. Havia me tornado fã, de carteirinha mesmo, desde que vi sua maravilhosa atuação em "Vestígios do Dia", um filme belíssimo. Assim quando foi anunciado que ele estaria nesse elenco, em mais um filme de época, realmente não poderia deixar passar em branco.
Quando finalmente vi "Lendas da Paixão" pude perceber que em nenhuma hipótese poderia ser comparado com "Vestígios do Dia". Esse era um drama sensível, com roteiro muito inglês, revisitando a história de um homem que não conseguia expressar seus sentimentos. Já "Lendas da Paixão" era mesmo um novelão estrelado pelo Brad Pitt. Hopkins aqui surgia mais como um coadjuvante de luxo. O filme obviamente não me aborreceu em nenhum momento, mas de certa maneira me deixou um pouco decepcionado, já que as expectativas estavam altas. Para as novas fãs do galã Brad Pitt porém isso tinha pouca importância. Elas queriam mesmo era ver o novo ídolo do cinema, com seus longos cabelos loiros ao vento, em cenas que pareciam mais um cartão postal.
"Nada é Para Sempre" de 1992 é um dos bons filmes da carreira de Pitt. Curiosamente também é um filme ainda pouco conhecido pelo público em geral. Não fez muito sucesso na época, mas conseguiu ter a boa vontade da crítica. O enredo era bem nostálgico, mostrando uma família no começo do século XX. A pesca em rios de Montana era uma metáfora sobre a vida, mostrando que assim como as águas, tudo fluía em seu caminho natural. Pitt ainda bem jovem não era o astro principal do filme, mas sim um coadjuvante de luxo, numa caracterização muito boa, de um rapaz do interior que tinha que encarar o desafio do passar dos anos.
A direção era de Robert Redford. O filme acabou sendo indicado ao Oscar. Philippe Rousselot acabou premiado pela maravilhosa direção de fotografia. Ele captou muito bem a beleza natural dos rios de Montana, algo que trouxe um visual muito belo ao filme como um todo. Também concorreu em outras categorias valiosas, entre elas a de roteiro adaptado, trabalho desenvolvido pelo roteirista Richard Friedenberg e por fim pela música incidental (Mark Isham). Belas imagens sempre pedem por boa trilha sonora, para criar o clima certo para envolver o espectador no cinema. No meu caso tive o privilégio de curtir tudo isso em uma sala de cinema. Esse é realmente aquele tipo de filme ideal para ver no cinema, uma vez que todas as suas qualidades se destacam na tela grande.
Depois de todo esse lirismo natural, Brad Pitt atuou em um filme completamente diferente do anterior. A fita se chamava "Kalifornia" e era bem violenta. Essa produção não encontrou espaço no circuito comercial das salas de cinema no Brasil, sendo lançado diretamente em vídeo (estamos falando ainda dos tempos das locadoras VHS). Provavelmente seu tema bem fora do comum, mostrando um casal de psicopatas espalhando terror e morte pelas estradas mais desertas dos Estados Unidos, acabou gerando desconfiança nas distribuidoras nacionais. Além disso Pitt ainda não era um astro, um campeão de bilheteria. Ele aparecia barbado, usando um boné típico dos caipiras americanos e surgia nada glamoroso ao lado de uma insana Juliette Lewis, em boa atuação. Esse foi um filme pouco badalado e conhecido, mas que tinha qualidade. Quem assistiu nos anos 90 não se arrependeu.
O filme mais badalado da carreira de Brad Pitt nos anos 90 foi sem dúvida "Entrevista com o Vampiro" (Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles, 1994), a tão aguardada adaptação para o cinema do romance vampiresco escrito por Anne Rice. O estúdio investiu milhões de dólares na produção e conseguiu contratar dois astros para o elenco principal. Assim ao lado de Pitt na história tínhamos também um afetado Tom Cruise no papel do vampiro Lestat. Pitt interpretava outro ser da noite, Louis. Uma papel não menos importante dentro do roteiro.
Os dois astros de Hollywood não se deram bem no set de filmagens desde o primeiro dia. Pitt não gostou do jeito de Cruise, sempre muito preocupado em roubar todas as cenas apenas para si mesmo. Isso talvez explicasse porque ao longo de tantos anos Cruise jamais havia se dado muito bem com outro ator de seu porte em filmes anteriores. Sempre havia algum atrito, alguma notícia de problemas de relacionamento dentro das filmagens. Brad Pitt porém não facilitou a situação. Numa competição de estrelismos ele também pagou para ver, causando uma tensão no meio dos trabalhos.
O bom de tudo isso é que as interpretações, tanto de Pitt como de Cruise, foram elogiadas. Competindo entre si, quem acabou ganhando foi o público que acabou assistindo duas belas atuações. O filme fez bastante sucesso batendo a casa dos 300 milhões de dólares na bilheteria. Foi um passo importante pois mostrava aos executivos de Hollywood que Brad Pitt conseguia chamar atenção, até mesmo quando dividia as telas com outro grande popstar do cinema como Cruise. Como vários foram os livros escritos por Anne Rice sempre se cogitou novas adaptações. Pitt porém recusou todos os convites para voltar a esse universo de vampiros. Em sua opinião o seu trabalho como Louis foi tão bom e satisfatório que ele simplesmente não queria estragar tudo em uma continuação inferior.
Em 1995 o ator atuou no filme "Seven: Os Sete Crimes Capitais" (Se7en). Tive também a oportunidade de assistir no cinema na época de seu lançamento original e revi não faz muito tempo. Continua sendo um excelente filme policial de suspense, com ênfase no subgênero dos psicopatas seriais, dos serial killers. Na trama Pitt interpreta um policial que ao lado de seu parceiro, em boa atuação de Morgan Freeman, tenta desvendar uma série de assassinatos.
O assassino parece seguir uma linha, um método de execução, fazendo referência aos sete pecados capitais. A direção foi do talentoso David Fincher e para fechar a linha de frente de grandes profissionais do cinema o elenco ainda trazia Kevin Spacey em seu primeiro papel de impacto no cinema. Eu me recordo bem como na época só se falava em Spacey. Ele quase roubou o filme da dupla de protagonistas.
Nesse mesmo ano Pitt surpreendeu meio mundo ao surgir na estranha ficção "Os 12 Macacos" (Twelve Monkeys). Quem estava acostumado com o ator em papéis de galã bonitão levou um tremendo susto. O filme trazia Pitt despido de qualquer vaidade pessoal, atuando em um personagem quase completamente asqueroso, maluco, com os olhos trocados! O filme em si era um delírio visual e estético assinado pelo cineasta Terry Gilliam, bem conhecido por seus excessos no cinema. Visionário e adepto de cores fortes, ele fez um filme que não passou despercebido.
Outro aspecto interessante é que Brad Pitt também deixou o orgulho de astro de lado, se tornando apenas um coadjuvante em um filme cujo ator principal era Bruce Willis, o herói dos filmes de ação. A crítica gostou do resultado, mas o público em geral torceu o nariz. Não era uma história fácil de digerir e nem tampouco um roteiro acessível a todos os públicos. A coragem de entrar de cabeça em um papel tão esquisito rendeu bons frutos para a carreira de Pitt. Ele foi indicado ao Oscar e acabou ganhando o Globo de Ouro naquele ano por causa de seu trabalho como o amalucado Jeffrey Goines; No fundo o esforço valeu a pena.
Em 1996 Pitt atuou em "Sleepers: A Vingança Adormecida", Dirigido pelo cineasta Barry Levinson, o filme contava com um grande elenco, cheio de astros, entre eles Robert De Niro, Kevin Bacon e Dustin Hoffman. No meio de tanta gente famosa ficou um pouco mesmo complicado se destacar. É um filme bem interessante, mostrando quatro amigos de infância que foram detidos ainda na juventude, por onde sofreram todos os tipos de abusos e agressões. Muitos anos depois se reúnem e decidem se vingar de quem os violentou no passado. O filme não fez tanto sucesso, apesar dos nomes envolvidos, mas é um dos melhores da filmografia do ator, principalmente pelo seu roteiro, muito bem escrito. Além disso foi por demais interessante para Pitt atuar com tantos nomes consagrados de Hollywood ao mesmo tempo. Como ele mesmo disse em entrevista foi um "verdadeiro aprendizado".
Em 1997 Brad dividiu a tela do cinema com Harrison Ford em "Inimigo Íntimo" (The Devil's Own). Ford havia sido um dos maiores campeões de bilheteria do cinema nas décadas de 1970 e 1980. Nos anos 90 porém ele já não era um nome tão forte e popular entre o público. Já Brad Pitt era o astro da década, sendo grande chamariz de bilheterias bem sucedidas. No final das contas, ao contrário do que a crítica dizia, era Pitt que estava dando uma força na carreira de Ford e não o contrário.
No enredo do filme um policial de Nova Iorque acaba descobrindo que o sujeito irlandês que é o seu hóspede e que parece ser uma boa pessoa, inofensiva, é na verdade um terrorista do IRA, atrás de armas americanas para venda. Um traficante de armas internacional. O filme tinha até boas cenas de ação, mas não era nada memorável em seu roteiro, um tanto previsível. A direção foi do veterano Alan J. Pakula, que a despeito de seu talento, não conseguiu realizar um grande filme.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
Os Filmes de Sylvester Stallone
O ator Sylvester Stallone nasceu em um bairro pobre e quente de Nova Iorque chamado Hell´s Kitchen. Ele era de uma família de descendentes de italianos. O pai tinha o sonho de se tornar um cantor famoso ao estilo Frank Sinatra. Infelizmente sua carreira nunca decolou e ele ganhava a vida como cabeleireiro. Sua mãe era uma típica matrona italiana, com temperamento forte e decidido. Em vários sentidos ela era a verdadeira chefe da família Stallone. Durante seu nascimento houve problemas. Stallone nasceu com o uso de fórceps o que acabou danificando os nervos de sua face, o que fez com que tivesse problemas de articulação no rosto. Também atrapalhou sua capacidade de falar. Some-se a isso o fato de ter sofrido muito bullying na época da escola e você entenderá porque em determinada época de sua juventude o ator tenha se tornado praticamente um delinquente juvenil. A falta de jeito, de grana e de perspectivas, fez com que Sly (seu apelido desde a infância) tentasse algo diferente na vida.
Ele queria ser ator. Esse sonho foi sendo destruído por dezenas de professores de cursos de arte dramática dizendo que ele não conseguiria pois não tinha jeito para a profissão. Stallone porém não deu ouvidos e seguiu em frente. Ele se casou com sua namoradinha de adolescência chamada Sasha e foi tentar sobreviver trabalhando em qualquer emprego que surgisse pela frente. De dia trabalhava como açougueiro, jardineiro, etc. De noite ficava insistindo em seu velho sonho, frequentando escolas de teatro. No começo foi complicado. Ninguém estava disposto a lhe dar um papel. Stallone percebeu que precisava de algum diferencial. Acabou encontrando na academia (que pertencia à sua mãe). Ele começou a malhar de forma obsessiva, ganhando músculos. Também comprou uma velha máquina de escrever. Talvez pudesse dar certo como roteirista caso sua carreira como ator não fosse para lugar nenhum. Ele escreveu cerca de 20 esboços até o dia em que assistindo a uma luta de Muhammad Ali na TV teve uma ideia genial para um roteiro. Ali era o grande campeão dos pesos pesados. Agora imagine se um sujeito completamente desconhecido o enfrentasse e vencesse uma luta contra esse mito do boxe! Não seria algo absolutamente histórico? O personagem Rocky Balboa acabava de nascer....
"Rocky: Um Lutador" chegou nas telas de cinema em 1976. Foi um grande sucesso de público e crítica. Embora tenha sido dirigido pelo cineasta John G. Avildsen, todos os méritos foram dados para Sylvester Stallone. O filme foi premiado com o Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Edição. Stallone foi indicado tanto ao Oscar como ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator, mas não venceu. O resultado porém foi extremamente positivo. Literalmente da noite para o dia ele virou um nome quente em Hollywood, passando a fazer parte de todas as listas de futuros astros pelas revistas especializadas em cinema. Poucos se atentaram para o fato de que Stallone já tinha uma série de filmes menores em sua carreira antes de Rocky. No tempos duros ele havia chegado até mesmo a estrelar um filme pornô barato que anos depois, para aproveitar sua fama de estrela de cinema, foi renomeado para "O Garanhão Italiano", sendo lançado no mercado de vídeo VHS. Nada disso porém abalou a carreira de Stallone que passou a escrever diversos roteiros para o cinema. Ele queria se consolidar no cinema, não ficando preso apenas ao personagem Rocky Balboa.
Antes porém que qualquer um desses roteiros se transformassem em filmes, Stallone aceitou o convite de Norman Jewison para atuar no drama "F.I.S.T". Era um filme de época, ambientado na década de 1930, explorando o mundo brutal do sindicalismo americano em seus primórdios. O filme foi bem recebido pela crítica, mas fez pouco sucesso. Na realidade foi uma forma de Stallone em se consolidar como um ator de respeito em Hollywood naqueles tempos pioneiros. Outro bom filme dessa fase foi "A Taberna do Inferno", lançado em 1978. Essa produção foi extremamente importante para Stallone pois foi a primeira vez que ele dirigiu um filme em sua carreira. Era um teste de fogo para o ator. O resultado foi muito bom. Stallone interpretava um personagem chamado Cosmo Carboni. O enredo tinha bastante a ver com a própria vida de Sylvester Stallone e mostrava a dura vida de três ítalo-americanos na Nova Iorque dos anos 1940. Foi, segundo o próprio Stallone, um de seus mais memoráveis momentos no cinema. Mesmo com a boa receptividade, o fato é que o filme também não rendeu muito dinheiro. Assim como "F.I.S.T" era uma produção para elevar seu prestígio, não necessariamente um chamariz de bilheteria. Essa só viria mesmo na sequência de seu maior sucesso. Sim, Stallone estava voltando para a primeira continuação da história do lutador Rocky Balboa e havia acertado um cachê recorde com o estúdio para voltar aos ringues.
Os anos 70 chegaram ao final com mais um grande sucesso de bilheteria na carreira de Sylvester Stallone. O filme "Rocky II" foi um enorme êxito comercial. Quando Stallone anunciou sua sequência a crítica em geral caiu em cima dele, afirmando que era uma tolice fazer uma continuação em cima de um filme como "Rocky, Um Lutador", cuja história já havia se fechado bem em si mesmo. Mal eles sabiam o que Stallone planejava. Ele queria criar uma longa série de filmes com o seu personagem. Embora não tivesse divulgado isso, o fato é que Sly já tinha pronto os roteiros de duas outras continuações, se essa fosse bem sucedida. Dito e feito. "Rocky II: A Revanche" lotou os cinemas. Stallone assumiu completamente o controle do filme, dirigindo e escrevendo o roteiro. As negociações com o estúdio foram tensas pois os executivos não queriam dar tanto controle assim ao ator. Stallone porém era inflexível, ou ele teria controle sobre tudo ou nada feito. E como sem ele não haveria filme a companhia acabou cedendo. O elenco e a equipe técnica foram basicamente os mesmos do filme anterior. Stallone havia criado um vínculo com todos eles. Um fato curioso de seu roteiro é que Stallone não queria transformar o boxeador Apollo Creed (Carl Weathers) em um vilão da série, mas apenas em um rival dos ringues. Por isso começou a desenvolver melhor o personagem, criando um lado mais humano nele.
Depois do sucesso Stallone pode finalmente respirar aliviado. Afinal ele tinha uma série de filmes de sucesso e seu prestígio comercial em Hollywood seguia firme. O que o ator não sabia é que ele estava prestes a entrar na melhor década de sua carreira. Os anos 80 iriam consagrar Stallone de uma maneira jamais vista. Em pouco tempo ele se tornaria o ator mais bem pago da indústria, batendo recordes de cachês milionários pelos filmes que faria nos anos seguintes. Stallone passou o ano de 1980 em branco, sem lançar filmes, apenas colhendo as glórias e o sucesso de Rocky II. Em 1981 ele finalmente divulgou sua volta às telas. Ele iria surgir no filme policial "Os Falcões da Noite". Embora não fosse escrito por Stallone e nem dirigido por ele, esse policial de ação foi um percursor das fitas de grande sucesso que ele iria estrelar em poucos anos. Esteticamente essa produção está mais para os anos 70, com seu estilo mais cru e realista. Stallone interpreta um tira chamado Deke DaSilva que enfrenta um ótimo vilão, um psicopata interpretado pelo ótimo ator Rutger Hauer. Até mesmo Billy Dee Williams, de Star Wars, também estava no elenco. Stallone, com barba e cara de mau, usava a violência para prender o criminoso de forma pouco usual para a época. Era um prenúncio do que iria vir em sua filmografia.
O filme "Fuga Para a Vitória" de 1981 foi um caso curioso dentro da filmografia de Sylvester Stallone. Ele abriu mão de ser o ator principal do filme para ter a oportunidade de trabalhar ao lado do grande mestre do cinema John Huston. Embora já fosse um astro de grandes bilheterias em Hollywood, Stallone não queria perder a oportunidade de ver um dos diretores de cinema mais aclamados da história trabalhando em um set de filmagem. Como mero coadjuvante ele não teve um papel de destaque dentro do filme, isso coube a Michael Caine, mas o fato de ter ficado em segundo plano não foi visto pelo ator como algo ruim. Além disso duas outras razões o convenceram a fazer o filme: o fato de não ter a responsabilidade do sucesso da produção em seus ombros e a chance de atuar com o Rei do futebol, Pelé! No final de tudo, como ele próprio diria anos depois em entrevistas, valeu bastante a experiência.
Lançado em julho de 1981 nos cinemas, "Fuga Para a Vitória" não se tornou um grande sucesso de bilheteria, mas conseguiu gerar lucro para o estúdio. Com orçamento de pouco mais de 10 milhões de dólares consegui render nos cinemas meros 27 milhões. Um bom número, mas nada comparado com os grandes sucessos que Stallone vinha colecionando em sua carreira cinematográfica. Por essa razão um mês após o fim das filmagens dessa produção com John Huston, Stallone começou a escrever um novo roteiro para a terceira continuação da série do lutador Rocky Balboa. Para voltar a interpretar seu personagem mais famoso a United Artists aceitou pagar a Stallone o cachê recorde de 8 milhões de dólares! Um valor que abalou as estruturas em Hollywood na época, pois foi considerado acima de qualquer comparação com outros atores da indústria. Esse seria o primeiro grande cachê milionário da carreira de Stallone que nos anos que viriam iria bater sucessivos recordes chegando ao ponto, no auge, de receber quase 30 milhões de dólares por apenas um filme! Esses números realmente astronômicos jamais voltariam a se repetir na história de Hollywood, fazendo com que na década de 80 Stallone se tornasse o ator mais bem pago de todos os tempos.
A crítica americana começou a se voltar contra Stallone a partir do filme "Rocky III". Para esses jornalistas ranzinzas essa produção não tinha razão de ser, era apenas uma tentativa leviana de Stallone em faturar em cima do seu personagem mais famoso. O ator não se importou com essas opiniões. Ele explicou: "A história de Rocky não cabe em apenas um filme! Há muito o que se contar sobre ele. Não vou dar ouvidos aos críticos. Eu tenho que continuar a contar a história de Rocky e é isso que eu irei fazer". Stallone concentrou tudo em suas mãos para esse terceiro filme de Rocky Balboa. Ele assumiu a direção e o controle artístico absoluto do filme. Além disso escreveu sozinho o roteiro. O estúdio lhe deu todo o apoio e não atrapalhou o astro durante as filmagens. Ele fez o que quis e quando quis, sem se reportar a ninguém. "Foi uma liberdade incrível que tive, mas também veio as responsabilidades. Eu sabia que Hollywood estava de olho em mim, perguntando se eu conseguiria fazer tudo de forma adequada" - diria em entrevistas após o lançamento do filme.
"Rocky III - O Desafio Supremo" chegou nas telas americanas em maio de 1982 (no Brasil só foi lançado em agosto). Stallone conseguiu manter o orçamento nos eixos e o filme custou relativamente pouco, 17 milhões de dólares, recuperados no primeiro fim de semana em cartaz. Foi um grande sucesso de bilheteria, o público adorou de verdade. Quando a bilheteria começou a bater os 300 milhões de dólares (imagine o lucro que esse filme produziu!) Stallone respirou aliviado. Ele tinha mais um grande sucesso em mãos! Os produtores de Hollywood estavam aos seus pés. O roteiro escrito pelo ator não apostava apenas na luta em si, mas também em acontecimentos dramáticos na vida do boxeador. Para interpretar seu rival nos ringues Stallone contratou o ator negro Mr. T, muito conhecido pelo seu jeito peculiar de ser. Era justamente essa personalidade diferente que Stallone procurava para dar vida ao excêntrico Clubber Lang. "Não poderia ter encontrado um ator mais ideal para o filme" - confessaria Stallone em entrevistas. "Era o tipo que procurava, para dar uma cara, um rosto ao filme. Ele era ótimo dentro e fora das lutas". Com o sucesso de Rocky III Stallone começou a procurar por um novo roteiro para seu próximo filme. A história de um veterano do Vietnã logo despertaria sua atenção.
Em 1982 Stallone entrou em um novo projeto que iria se tornar um dos maiores sucessos de sua carreira. Era a adaptação de um livro contando a história de um veterano da guerra do Vietnã que chegava numa pequena cidade para reencontrar um velho companheiro de farda e passava a sofrer represálias do xerife local. Na época se discutia bastante sobre um certo preconceito contra os que lutaram no Vietnã. Para muitos na sociedade americana era algo vergonhoso ter perdido aquele conflito nas selvas distantes daquele país. Por isso John Rambo era visto como uma pessoa que definitivamente não era bem-vinda naquele lugar. Stallone até cogitou em dirigir o filme, mas no final a direção foi entregue ao cineasta Ted Kotcheff que acabou fazendo um belo trabalho. A única maior interferência de Stallone no filme foi a sugestão dada aos roteiristas para que não seguissem o final do livro. No romance original Rambo morria. Stallone obviamente vendo o potencial do personagem conseguiu mudar esse desfecho para o filme. Ele inclusive iria depois comprar os direitos autorais da obra escrita por David Morrell.
Com o controle do personagem em mãos, Stallone iria dominar tudo nos filmes seguintes, produzindo mais três continuações (recentemente o projeto de um quinto filme da série chegou a ser anunciado). O resultado comercial de "Rambo - Programado Para Matar" ou "Rambo I" como também é conhecido, foi espetacular. Para falar a verdade o filme deu início ao chamado cinema de ação dos anos 80, com personagens durões, que mais se pareciam com um exército de um homem só. Stallone e seu Rambo foi o grande incentivador da explosão dos filmes de ação que iria acontecer nos anos seguintes. Isso é inegável. Depois de Rocky e Rambo, Stallone estava numa posição privilegiada em Hollywood. Todos os produtores queriam lhe contratar. As maiores produções eram lhe oferecidas, mas ao invés de estrelar uma grande superprodução Stallone escolheu dois projetos que surpreenderam muita gente. Eram filmes bem fora da rota do que se esperava dele naquele período de sua carreira.
O primeiro foi "Rhinestone: Um Brilho na Noite". Pouco conhecido mesmo entre os fãs do ator essa era uma comédia romântica musical, com Stallone fazendo escada para a cantora de country music Dolly Parton. Um filme muito distante de outros de sua filmograia, uma produção que pouca gente esperaria encontrar o astro de filmes de ação. Até hoje muitos se perguntam o que diabos Stallone estaria fazendo em um filme assim, onde ele nem sequer era o primeiro nome do elenco? Na verdade o ator escolheu esse filme justamente para manter em pé seu prestígio como ator, indo para um caminho mais de humor que ele sempre quis seguir. Seu personagem era uma espécie de caricatura de sua imagem nas telas. O filme se não é ruim, pelo menos passou longe de ser vergonhoso. Pelo contrário, tem até seu charme. So que nas bilheterias realmente não fez qualquer sucesso. Quase passou em brancas nuvens.
A outra surpresa foi ver Stallone dirigindo a sequência de "Os Embalos de Sábado à noite". O filme se chamava "Os Embalos de Sábado Continuam", Com custo milionário e contando com um John Travolta turbinado por malhação pesada, incentivada pelo próprio Stallone, o filme tentava levar em frente a história do dançarino suburbano Tony Manero. O que pegou todos de surpresa foi o fato de que o público não queria mais saber da discoteca de Manero. Sem interesse do público, o filme afundou nas bilheterias, sendo um dos grandes fracassos comerciais daquele ano de 1983. Diante do resultado ruim dos dois filmes, Stallone então começou a se mexer para seguir em frente com seus personagens mais famosos. Rambo e Rocky estariam de volta às telas em poucos meses.
Em 1985 Stallone estrelou dois grandes sucessos de bilheterias. Algo que elevou seu cachê às alturas, o transformando no ator mais bem pago de Hollywood. O primeiro blockbuster estreou em maio. Era "Rambo II - A Missão", a tão aguardada sequência do primeiro filme. O roteiro foi escrito pelo próprio ator. Ele resolveu levar o personagem John Rambo de volta ao Vietnã para uma missão secreta e não oficial do governo americano. O foco em Rambo agora seria a pura ação. Stallone apenas capturou as características do personagem do livro original, o transformando agora em um super soldado indestrutível que volta ao campo de batalha de uma guerra que havia sido perdida pelos Estados Unidos. A crítica acusou Stallone de ufanismo, porém o ator não deu ouvidos. O público adorou. Em poucas semanas Rambo II já havia ultrapassado a marca dos 300 milhões de dólares de bilheteria. Um resultado espetacular do ponto de vista comercial.
Em dezembro surgiu nas telas outro mega sucesso do ator. "Rocky IV" logo se tornou o mais bem sucedido filme da franquia criada por Stallone. O velho lutador de boxe voltava dessa vez para reerguer o orgulho americano contra um lutador russo imbatível. O gigante Dolph Lundgren interpretava o intimidador desportista e soldado soviético Drago. Um homem praticamente criado em laboratório, feito para jogar Rocky e a bandeira dos Estados Unidos no chão. Era uma metáfora muito bem bolada por parte de Stallone. Ele apenas levou para um ringue de boxe a rivalidade da guerra fria entre seu país e a União Soviética. Com um roteiro desses não havia como errar. Foi um tiro certo. O filme estourou nas bilheterias. Rocky IV fez mais sucesso do que Rambo II. Em poucos dias o filme batia 400 milhões de dólares nos cinemas. Em um ano Stallone havia conseguido arrecadar quase 1 bilhão de dólares ao redor do mundo com apenas dois filmes! Era algo inédito até então. Um aspecto interessante é que ambos os filmes foram elogiados pelo presidente americano Ronald Reagan. O republicado, da ala mais direitista do partido, declarou em um discurso que os filmes recuperavam o verdadeiro espírito da América. Sem dúvida, nos anos 80 Stallone realmente escalou os picos da glória e do sucesso no cinema.
Pablo Aluísio.
Ele queria ser ator. Esse sonho foi sendo destruído por dezenas de professores de cursos de arte dramática dizendo que ele não conseguiria pois não tinha jeito para a profissão. Stallone porém não deu ouvidos e seguiu em frente. Ele se casou com sua namoradinha de adolescência chamada Sasha e foi tentar sobreviver trabalhando em qualquer emprego que surgisse pela frente. De dia trabalhava como açougueiro, jardineiro, etc. De noite ficava insistindo em seu velho sonho, frequentando escolas de teatro. No começo foi complicado. Ninguém estava disposto a lhe dar um papel. Stallone percebeu que precisava de algum diferencial. Acabou encontrando na academia (que pertencia à sua mãe). Ele começou a malhar de forma obsessiva, ganhando músculos. Também comprou uma velha máquina de escrever. Talvez pudesse dar certo como roteirista caso sua carreira como ator não fosse para lugar nenhum. Ele escreveu cerca de 20 esboços até o dia em que assistindo a uma luta de Muhammad Ali na TV teve uma ideia genial para um roteiro. Ali era o grande campeão dos pesos pesados. Agora imagine se um sujeito completamente desconhecido o enfrentasse e vencesse uma luta contra esse mito do boxe! Não seria algo absolutamente histórico? O personagem Rocky Balboa acabava de nascer....
"Rocky: Um Lutador" chegou nas telas de cinema em 1976. Foi um grande sucesso de público e crítica. Embora tenha sido dirigido pelo cineasta John G. Avildsen, todos os méritos foram dados para Sylvester Stallone. O filme foi premiado com o Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Edição. Stallone foi indicado tanto ao Oscar como ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator, mas não venceu. O resultado porém foi extremamente positivo. Literalmente da noite para o dia ele virou um nome quente em Hollywood, passando a fazer parte de todas as listas de futuros astros pelas revistas especializadas em cinema. Poucos se atentaram para o fato de que Stallone já tinha uma série de filmes menores em sua carreira antes de Rocky. No tempos duros ele havia chegado até mesmo a estrelar um filme pornô barato que anos depois, para aproveitar sua fama de estrela de cinema, foi renomeado para "O Garanhão Italiano", sendo lançado no mercado de vídeo VHS. Nada disso porém abalou a carreira de Stallone que passou a escrever diversos roteiros para o cinema. Ele queria se consolidar no cinema, não ficando preso apenas ao personagem Rocky Balboa.
Antes porém que qualquer um desses roteiros se transformassem em filmes, Stallone aceitou o convite de Norman Jewison para atuar no drama "F.I.S.T". Era um filme de época, ambientado na década de 1930, explorando o mundo brutal do sindicalismo americano em seus primórdios. O filme foi bem recebido pela crítica, mas fez pouco sucesso. Na realidade foi uma forma de Stallone em se consolidar como um ator de respeito em Hollywood naqueles tempos pioneiros. Outro bom filme dessa fase foi "A Taberna do Inferno", lançado em 1978. Essa produção foi extremamente importante para Stallone pois foi a primeira vez que ele dirigiu um filme em sua carreira. Era um teste de fogo para o ator. O resultado foi muito bom. Stallone interpretava um personagem chamado Cosmo Carboni. O enredo tinha bastante a ver com a própria vida de Sylvester Stallone e mostrava a dura vida de três ítalo-americanos na Nova Iorque dos anos 1940. Foi, segundo o próprio Stallone, um de seus mais memoráveis momentos no cinema. Mesmo com a boa receptividade, o fato é que o filme também não rendeu muito dinheiro. Assim como "F.I.S.T" era uma produção para elevar seu prestígio, não necessariamente um chamariz de bilheteria. Essa só viria mesmo na sequência de seu maior sucesso. Sim, Stallone estava voltando para a primeira continuação da história do lutador Rocky Balboa e havia acertado um cachê recorde com o estúdio para voltar aos ringues.
Os anos 70 chegaram ao final com mais um grande sucesso de bilheteria na carreira de Sylvester Stallone. O filme "Rocky II" foi um enorme êxito comercial. Quando Stallone anunciou sua sequência a crítica em geral caiu em cima dele, afirmando que era uma tolice fazer uma continuação em cima de um filme como "Rocky, Um Lutador", cuja história já havia se fechado bem em si mesmo. Mal eles sabiam o que Stallone planejava. Ele queria criar uma longa série de filmes com o seu personagem. Embora não tivesse divulgado isso, o fato é que Sly já tinha pronto os roteiros de duas outras continuações, se essa fosse bem sucedida. Dito e feito. "Rocky II: A Revanche" lotou os cinemas. Stallone assumiu completamente o controle do filme, dirigindo e escrevendo o roteiro. As negociações com o estúdio foram tensas pois os executivos não queriam dar tanto controle assim ao ator. Stallone porém era inflexível, ou ele teria controle sobre tudo ou nada feito. E como sem ele não haveria filme a companhia acabou cedendo. O elenco e a equipe técnica foram basicamente os mesmos do filme anterior. Stallone havia criado um vínculo com todos eles. Um fato curioso de seu roteiro é que Stallone não queria transformar o boxeador Apollo Creed (Carl Weathers) em um vilão da série, mas apenas em um rival dos ringues. Por isso começou a desenvolver melhor o personagem, criando um lado mais humano nele.
Depois do sucesso Stallone pode finalmente respirar aliviado. Afinal ele tinha uma série de filmes de sucesso e seu prestígio comercial em Hollywood seguia firme. O que o ator não sabia é que ele estava prestes a entrar na melhor década de sua carreira. Os anos 80 iriam consagrar Stallone de uma maneira jamais vista. Em pouco tempo ele se tornaria o ator mais bem pago da indústria, batendo recordes de cachês milionários pelos filmes que faria nos anos seguintes. Stallone passou o ano de 1980 em branco, sem lançar filmes, apenas colhendo as glórias e o sucesso de Rocky II. Em 1981 ele finalmente divulgou sua volta às telas. Ele iria surgir no filme policial "Os Falcões da Noite". Embora não fosse escrito por Stallone e nem dirigido por ele, esse policial de ação foi um percursor das fitas de grande sucesso que ele iria estrelar em poucos anos. Esteticamente essa produção está mais para os anos 70, com seu estilo mais cru e realista. Stallone interpreta um tira chamado Deke DaSilva que enfrenta um ótimo vilão, um psicopata interpretado pelo ótimo ator Rutger Hauer. Até mesmo Billy Dee Williams, de Star Wars, também estava no elenco. Stallone, com barba e cara de mau, usava a violência para prender o criminoso de forma pouco usual para a época. Era um prenúncio do que iria vir em sua filmografia.
O filme "Fuga Para a Vitória" de 1981 foi um caso curioso dentro da filmografia de Sylvester Stallone. Ele abriu mão de ser o ator principal do filme para ter a oportunidade de trabalhar ao lado do grande mestre do cinema John Huston. Embora já fosse um astro de grandes bilheterias em Hollywood, Stallone não queria perder a oportunidade de ver um dos diretores de cinema mais aclamados da história trabalhando em um set de filmagem. Como mero coadjuvante ele não teve um papel de destaque dentro do filme, isso coube a Michael Caine, mas o fato de ter ficado em segundo plano não foi visto pelo ator como algo ruim. Além disso duas outras razões o convenceram a fazer o filme: o fato de não ter a responsabilidade do sucesso da produção em seus ombros e a chance de atuar com o Rei do futebol, Pelé! No final de tudo, como ele próprio diria anos depois em entrevistas, valeu bastante a experiência.
Lançado em julho de 1981 nos cinemas, "Fuga Para a Vitória" não se tornou um grande sucesso de bilheteria, mas conseguiu gerar lucro para o estúdio. Com orçamento de pouco mais de 10 milhões de dólares consegui render nos cinemas meros 27 milhões. Um bom número, mas nada comparado com os grandes sucessos que Stallone vinha colecionando em sua carreira cinematográfica. Por essa razão um mês após o fim das filmagens dessa produção com John Huston, Stallone começou a escrever um novo roteiro para a terceira continuação da série do lutador Rocky Balboa. Para voltar a interpretar seu personagem mais famoso a United Artists aceitou pagar a Stallone o cachê recorde de 8 milhões de dólares! Um valor que abalou as estruturas em Hollywood na época, pois foi considerado acima de qualquer comparação com outros atores da indústria. Esse seria o primeiro grande cachê milionário da carreira de Stallone que nos anos que viriam iria bater sucessivos recordes chegando ao ponto, no auge, de receber quase 30 milhões de dólares por apenas um filme! Esses números realmente astronômicos jamais voltariam a se repetir na história de Hollywood, fazendo com que na década de 80 Stallone se tornasse o ator mais bem pago de todos os tempos.
A crítica americana começou a se voltar contra Stallone a partir do filme "Rocky III". Para esses jornalistas ranzinzas essa produção não tinha razão de ser, era apenas uma tentativa leviana de Stallone em faturar em cima do seu personagem mais famoso. O ator não se importou com essas opiniões. Ele explicou: "A história de Rocky não cabe em apenas um filme! Há muito o que se contar sobre ele. Não vou dar ouvidos aos críticos. Eu tenho que continuar a contar a história de Rocky e é isso que eu irei fazer". Stallone concentrou tudo em suas mãos para esse terceiro filme de Rocky Balboa. Ele assumiu a direção e o controle artístico absoluto do filme. Além disso escreveu sozinho o roteiro. O estúdio lhe deu todo o apoio e não atrapalhou o astro durante as filmagens. Ele fez o que quis e quando quis, sem se reportar a ninguém. "Foi uma liberdade incrível que tive, mas também veio as responsabilidades. Eu sabia que Hollywood estava de olho em mim, perguntando se eu conseguiria fazer tudo de forma adequada" - diria em entrevistas após o lançamento do filme.
"Rocky III - O Desafio Supremo" chegou nas telas americanas em maio de 1982 (no Brasil só foi lançado em agosto). Stallone conseguiu manter o orçamento nos eixos e o filme custou relativamente pouco, 17 milhões de dólares, recuperados no primeiro fim de semana em cartaz. Foi um grande sucesso de bilheteria, o público adorou de verdade. Quando a bilheteria começou a bater os 300 milhões de dólares (imagine o lucro que esse filme produziu!) Stallone respirou aliviado. Ele tinha mais um grande sucesso em mãos! Os produtores de Hollywood estavam aos seus pés. O roteiro escrito pelo ator não apostava apenas na luta em si, mas também em acontecimentos dramáticos na vida do boxeador. Para interpretar seu rival nos ringues Stallone contratou o ator negro Mr. T, muito conhecido pelo seu jeito peculiar de ser. Era justamente essa personalidade diferente que Stallone procurava para dar vida ao excêntrico Clubber Lang. "Não poderia ter encontrado um ator mais ideal para o filme" - confessaria Stallone em entrevistas. "Era o tipo que procurava, para dar uma cara, um rosto ao filme. Ele era ótimo dentro e fora das lutas". Com o sucesso de Rocky III Stallone começou a procurar por um novo roteiro para seu próximo filme. A história de um veterano do Vietnã logo despertaria sua atenção.
Em 1982 Stallone entrou em um novo projeto que iria se tornar um dos maiores sucessos de sua carreira. Era a adaptação de um livro contando a história de um veterano da guerra do Vietnã que chegava numa pequena cidade para reencontrar um velho companheiro de farda e passava a sofrer represálias do xerife local. Na época se discutia bastante sobre um certo preconceito contra os que lutaram no Vietnã. Para muitos na sociedade americana era algo vergonhoso ter perdido aquele conflito nas selvas distantes daquele país. Por isso John Rambo era visto como uma pessoa que definitivamente não era bem-vinda naquele lugar. Stallone até cogitou em dirigir o filme, mas no final a direção foi entregue ao cineasta Ted Kotcheff que acabou fazendo um belo trabalho. A única maior interferência de Stallone no filme foi a sugestão dada aos roteiristas para que não seguissem o final do livro. No romance original Rambo morria. Stallone obviamente vendo o potencial do personagem conseguiu mudar esse desfecho para o filme. Ele inclusive iria depois comprar os direitos autorais da obra escrita por David Morrell.
Com o controle do personagem em mãos, Stallone iria dominar tudo nos filmes seguintes, produzindo mais três continuações (recentemente o projeto de um quinto filme da série chegou a ser anunciado). O resultado comercial de "Rambo - Programado Para Matar" ou "Rambo I" como também é conhecido, foi espetacular. Para falar a verdade o filme deu início ao chamado cinema de ação dos anos 80, com personagens durões, que mais se pareciam com um exército de um homem só. Stallone e seu Rambo foi o grande incentivador da explosão dos filmes de ação que iria acontecer nos anos seguintes. Isso é inegável. Depois de Rocky e Rambo, Stallone estava numa posição privilegiada em Hollywood. Todos os produtores queriam lhe contratar. As maiores produções eram lhe oferecidas, mas ao invés de estrelar uma grande superprodução Stallone escolheu dois projetos que surpreenderam muita gente. Eram filmes bem fora da rota do que se esperava dele naquele período de sua carreira.
O primeiro foi "Rhinestone: Um Brilho na Noite". Pouco conhecido mesmo entre os fãs do ator essa era uma comédia romântica musical, com Stallone fazendo escada para a cantora de country music Dolly Parton. Um filme muito distante de outros de sua filmograia, uma produção que pouca gente esperaria encontrar o astro de filmes de ação. Até hoje muitos se perguntam o que diabos Stallone estaria fazendo em um filme assim, onde ele nem sequer era o primeiro nome do elenco? Na verdade o ator escolheu esse filme justamente para manter em pé seu prestígio como ator, indo para um caminho mais de humor que ele sempre quis seguir. Seu personagem era uma espécie de caricatura de sua imagem nas telas. O filme se não é ruim, pelo menos passou longe de ser vergonhoso. Pelo contrário, tem até seu charme. So que nas bilheterias realmente não fez qualquer sucesso. Quase passou em brancas nuvens.
A outra surpresa foi ver Stallone dirigindo a sequência de "Os Embalos de Sábado à noite". O filme se chamava "Os Embalos de Sábado Continuam", Com custo milionário e contando com um John Travolta turbinado por malhação pesada, incentivada pelo próprio Stallone, o filme tentava levar em frente a história do dançarino suburbano Tony Manero. O que pegou todos de surpresa foi o fato de que o público não queria mais saber da discoteca de Manero. Sem interesse do público, o filme afundou nas bilheterias, sendo um dos grandes fracassos comerciais daquele ano de 1983. Diante do resultado ruim dos dois filmes, Stallone então começou a se mexer para seguir em frente com seus personagens mais famosos. Rambo e Rocky estariam de volta às telas em poucos meses.
Em 1985 Stallone estrelou dois grandes sucessos de bilheterias. Algo que elevou seu cachê às alturas, o transformando no ator mais bem pago de Hollywood. O primeiro blockbuster estreou em maio. Era "Rambo II - A Missão", a tão aguardada sequência do primeiro filme. O roteiro foi escrito pelo próprio ator. Ele resolveu levar o personagem John Rambo de volta ao Vietnã para uma missão secreta e não oficial do governo americano. O foco em Rambo agora seria a pura ação. Stallone apenas capturou as características do personagem do livro original, o transformando agora em um super soldado indestrutível que volta ao campo de batalha de uma guerra que havia sido perdida pelos Estados Unidos. A crítica acusou Stallone de ufanismo, porém o ator não deu ouvidos. O público adorou. Em poucas semanas Rambo II já havia ultrapassado a marca dos 300 milhões de dólares de bilheteria. Um resultado espetacular do ponto de vista comercial.
Em dezembro surgiu nas telas outro mega sucesso do ator. "Rocky IV" logo se tornou o mais bem sucedido filme da franquia criada por Stallone. O velho lutador de boxe voltava dessa vez para reerguer o orgulho americano contra um lutador russo imbatível. O gigante Dolph Lundgren interpretava o intimidador desportista e soldado soviético Drago. Um homem praticamente criado em laboratório, feito para jogar Rocky e a bandeira dos Estados Unidos no chão. Era uma metáfora muito bem bolada por parte de Stallone. Ele apenas levou para um ringue de boxe a rivalidade da guerra fria entre seu país e a União Soviética. Com um roteiro desses não havia como errar. Foi um tiro certo. O filme estourou nas bilheterias. Rocky IV fez mais sucesso do que Rambo II. Em poucos dias o filme batia 400 milhões de dólares nos cinemas. Em um ano Stallone havia conseguido arrecadar quase 1 bilhão de dólares ao redor do mundo com apenas dois filmes! Era algo inédito até então. Um aspecto interessante é que ambos os filmes foram elogiados pelo presidente americano Ronald Reagan. O republicado, da ala mais direitista do partido, declarou em um discurso que os filmes recuperavam o verdadeiro espírito da América. Sem dúvida, nos anos 80 Stallone realmente escalou os picos da glória e do sucesso no cinema.
Pablo Aluísio.
Os Filmes de Arnold Schwarzenegger
Arnold Alois Schwarzenegger nasceu em uma pequena aldeia da Áustria chamada Thal. Nada poderia indicar que ele um dia se tornaria astro de filmes de ação em Hollywood. Seu pai era um guarda florestal e Arnold, seu irmão e sua mãe, cresceram meio isolados no mesmo lugar onde seu pai trabalhava, dentro de uma reserva florestal. Foi de certa forma a sorte grande da família Schwarzenegger pois no pós-guerra era difícil ter um emprego naquela região. A vida naquele local foi muito boa em termos de saúde para o jovem Arnold. Viver na natureza incentivou os dois irmãos a crescerem fazendo exercícios físicos. Desde cedo Arnold e o irmão seguiam seu pai, floresta adentro com machados. Longas caminhadas, exercícios regulares e muita atividade física moldaram seu corpo desde os primeiros anos.
O halterofilismo assim se tornou algo natural para Arnold Schwarzenegger. Ele logo se inscreveu em campeonatos e começou a colecionar títulos. O corpo esculpido em academias foi ficando cada vez mais definido até que ele se tornasse praticamente imbatível nos concursos de que participou na Europa e Estados Unidos. Esse mesmo físico inigualável se tornaria sua porta de entrada para o cinema. Os produtores estavam em busca de um sujeito forte, com corpo musculoso, para interpretar Hércules em um filme chamado "Hércules em Nova Iorque". Era o ano de 1970 e Arnold Schwarzenegger assinaria seu primeiro contrato para um filme. Parecia algo despretensioso, nada promissor. Naquela época o halterofilista sequer imaginava ter uma carreira dentro do cinema americano. Era mais uma oportunidade de ganhar um dinheiro de forma rápida e fácil. Dirigido por Arthur Allan Seidelman, a fita era uma espécie de comédia com pitadas de fantasia, realizada de forma familiar, para todos os públicos. Schwarzenegger interpretava Hércules, o herói mitológico que era enviado para a Terra. Uma vez em nosso mundo ele acabava encontrando o amor e uma promissora carreira no bodybuilder business, o mundo das academias e competições esportivas de halterofilismo. Desnecessário dizer que o filme era uma bomba completa, porém serviu como exposição para Schwarzenegger. Outros produtores poderiam assistir ao filme e quem sabe se interessar por ele. Qualquer trabalho para aquele austríaco era muito bem-vindo naqueles seus primeiros anos nos Estados Unidos.
O Pai de Arnold Schwarzenegger participou da II Guerra Mundial. Mais do que isso, como soldado ele foi enviado para a Rússia, naquela que seria a mais desastrosa missão alemã da guerra. Os nazistas enfrentaram o front russo sem preparo adequado. Além do desafio de enfrentar o exército vermelho em sua próprio território, eles não tinham os equipamentos, roupas e provisões necessárias para aquela campanha. Muitos morreram no caminho de volta para a Alemanha. O pai de Schwarzenegger sobreviveu ao front russo e à jornada de volta. Ele voltou à pé da Rússia, enfrentando todos os desafios. Enfrentou o frio, a fome, a exaustão e é claro, aos soldados inimigos. Ele ensinou ao filho que só ficou vivo porque durante toda a sua vida se dedicou aos esportes, ao trabalho físico, de cuidar do próprio corpo. Isso inspirou o jovem Arnold Schwarzenegger a seguir pelo mesmo caminho. Apaixonado pelo fisiculturismo Arnold se tornou um campeão de diversas competições esportivas. O fato de ter sido inúmeras vezes Mister Universo, o prêmio máximo da categoria, o levou até aos Estados Unidos. As portas do cinema americano então se abriram a ele.
O começo porém não foi muito promissor. Depois de sua estreia nas telas Arnold atuou em filmes menores, sem muita expressão, sempre interpretando algum personagem fortão que o roteiro exigia. Sua melhor oportunidade só surgiu em 1974 ao trabalhar em "O Guarda-Costas" com Jeff Bridges. Dirigido pelo excelente diretor Bob Rafelson finalmente o austríaco teve um papel que chamou a atenção. Ele interpretava um personagem chamado Joe Santo nesse roteiro que explorava a corrupção no mundo das competições de fisiculturismo. Muito provavelmente o próprio Arnold Schwarzenegger conhecia bem esse assunto. De qualquer maneira "Stay Hungry" (seu título original) não chegou a ser um sucesso de bilheteria, porém lhe trouxe exposição e divulgação no cinema, algo que era importante para ele naquela fase ainda inicial de sua carreira. Depois de mais algumas participações em séries de TV como "The Streets of San Francisco" ele teve outra excelente oportunidade. No set de filmagens dessa última série Arnold acabou se tornando amigo de Michael Douglas, que estrelava o programa. Esse então o indicou ao pai Kirk Douglas que estava produzindo um novo western, esse bem diferente, em tom de comédia e sátira. O filme se chamaria "Cactus Jack". O roteiro era quase um desenho animado filmado. O estilo Cartoon era algo inesperado. Arnold foi escolhido para viver um personagem chamado Handsome Stranger (algo como "o estranho bonitão"). O filme demonstrou que o jovem ator também tinha jeito para o humor, algo que ele iria explorar no futuro em seus filmes, quando já era um dos mais populares astros de Hollywood.
Depois de mais dois filmes sem importância o ator Arnold Schwarzenegger finalmente teve a grande oportunidade no cinema que estava esperando. O produtor Dino de Laurentiis havia comprado os direitos do personagem Conan para o cinema. Ele queria produzir o filme definitivo desse famoso bárbaro do mundo dos quadrinhos. A escolha de Arnold foi meio óbvia porque ele estava no auge da forma física. Não tinha grande experiência como ator, mas isso estava em segundo plano. O diretor contratado foi o veterano John Milius que estava procurando ser fiel mais à obra original escrita por Robert E. Howard do que propriamente das revistas em quadrinhos. Para quem não sabe Conan nasce como herói de literatura pulp, em contos escritos por Howard, sendo que só após sua morte houve a transição para os comics, os quadrinhos. E nesse mundo criado pelo escritor não havia espaço para a misericórdia ou o perdão. Era um mundo brutal povoado por homens brutais.
Esse primeiro filme de Conan ainda é considerado o melhor já feito no cinema. Com uma temática mais séria, sem tantos exageros que marcaram o segundo filme, "Conan, o Destruidor", essa primeira produção pode ser considerada uma pequena obra prima do gênero espadas e bruxas. Chamado simplesmente de "Conan, o Bárbaro", o filme chegou nas telas em maio de 1982. Ao custo de 20 milhões de dólares conseguiu render nas bilheterias a boa quantia de quase 200 milhões de dólares. Um sucesso absoluto. Além do sucesso comercial também foi bem elogiado pela crítica, conseguindo até mesmo arrancar uma indicação no Globo de Ouro para a atriz Sandahl Bergman. Em relação ao desempenho de Arnold Schwarzenegger não houve maiores problemas, até porque seu papel exigia basicamente força física nas cenas de ação e isso o austríaco conseguiu fazer. Ao tomar aulas de manejo de uma pesada espada, ele conseguiu convencer muito bem em cena, abrindo assim o caminho para uma década de grandes sucessos de bilheteria. Nos anos 80 o antes desconhecido Arnold Schwarzenegger iria se tornar um astro do cinema de ação.
Em 1984 o ator austríaco iria surgir nas telas com dois grandes sucessos de bilheteria. O primeiro foi "Conan, o Destruidor", a tão aguardada sequência de "Conan, o Bárbaro". Para esse segundo filme o estúdio fez diversas modificações, começando pela troca do diretor. A direção agora seria de Richard Fleischer. Era um veterano. No ano anterior havia dirigido "Amityville: A Casa do Medo" e o estúdio achou que seria uma boa trazê-lo para esse universo de espadas e bruxas. O resultado não agradou a todos. Indo mais para o lado dos quadrinhos, essa nova versão do Conan no cinema foi considerada bem mais juvenil do que o primeiro filme que priorizava mais o realismo. Em seu favor esse novo filme contava com uma produção mais caprichada, trazendo os monstros dos quadrinhos para a tela grande. Fez sucesso de público, mas não foram poucos os críticos que acharam o filme fraco ou ruim. Para Arnold Schwarzenegger foi uma experiência válida, embora ele tenha também se despedido do personagem que o faria famoso.
Depois disso Arnold assinou para trabalhar em um filme completamente diferente, uma ficção dirigida por James Cameron. Hoje em dia ele é um seguramente um dos diretores mais cultuados do mundo do cinema, mas em 1984 ele era apenas um cara que tinha dirigido um filme ruim sobre piranhas voadoras. O filme "O Exterminador do Futuro" (The Terminator) era encarado pela MGM como uma produção B, sem maiores recursos. Todo filmado à noite, pelas madrugadas de Los Angeles, não foi um filme fácil de rodar. Não havia muito dinheiro à disposição de Cameron. Seu grande triunfo era seu roteiro. James Cameron criou a estória de um robô assassino que voltava no tempo para matar a mãe do futuro líder da resistência. Era algo simples, sem maiores detalhes. Apenas isso. Arnold Schwarzenegger era o exterminador, um vilão com armamento pesado e com programação para destruir todos os que ficassem no meio de seu objetivo. Assim que foi lançado o filme caiu no gosto do público. Com orçamento limitado custou apenas 6 milhões de dólares e em pouco tempo rendeu mais de dez vezes esse valor nas bilheterias, se tornando um sucesso absoluto, um dos filmes mais lucrativos e populares dos anos 80. De fato "O Exterminador do Futuro" acabou mudando para sempre as carreiras de Schwarzenegger e também de James Cameron, que deixou de ser um cineasta de filmes B para se tornar um dos grandes nomes de Hollywood.
Em 1985 Arnold Schwarzenegger surgiu nas telas em mais um filme de espada e feitiçaria. Não, não era o terceiro filme com Conan, o Bárbaro, mas sim uma adaptação para o cinema de outra personagem desse mesmo universo, a Red Sonja. A estrela principal desse filme chamado "Guerreiros de Fogo" foi a atriz Brigitte Nielsen, na época a esposa do maior rival de Arnold nas telas, o ator Sylvester Stallone. Arnold Schwarzenegger surgia apenas como um coadjuvante de luxo interpretando um guerreiro de nome Kalidor. Na verdade o ator austríaco nem queria fazer o filme. Ele apenas participou da produção para cumprir um contrato com a produtora de Dino De Laurentiis. Por esse contrato ele teria que fazer ainda dois filmes, mas chegou em um acordo com o produtor. Ele faria apenas "Guerreiros de Fogo" e depois disso ficaria livre. Dino topou a proposta. Esse novo filme foi severamente criticado em seu lançamento, mas impulsionado pelo sucesso de "O Exterminador do Futuro" acabou faturando bem nas bilheterias.
E então seguindo os passos de Stallone, o ator ficou livre para atuar em "Comando para Matar" (Commando, EUA, 1985). Esse inclusive pode ser considerado seu primeiro filme ao estilo "Exército de um Homem só". Ele interpretava um super soldado, já em vias de se aposentar, que tinha sua filha sequestrada. Armado até os dentes (literalmente falando) ele então partia para a vingança sangrenta. Sob direção de Mark L. Lester, Arnold Schwarzenegger realizou um dos filmes mais simbólicos do cinema de ação dos anos 80. Tiros e mortes acima de qualquer coisa. O roteiro surgia como mero pretexto para um banho de sangue - que hoje em dia acabou tendo até mesmo um pouco de humor involuntário pelo absurdo das cenas. O filme que custou meros 10 milhões de dólares (um orçamento bem razoável) acabou faturando nas bilheterias mais de 50 milhões - um belo lucro para o estúdio, mostrando mais uma vez o potencial de sucesso de seu nome impronunciável nos cartazes, nos posters de filmes. No mesmo ano em que Stallone arrasava nas bilheterias com seu "Rambo II", Arnold respondia com a violência sem freios de "Comando Para Matar". Por essa época a rivalidade entre eles, os dois chamados brucutus do cinema, deu origem a uma divertida troca de farpas pela imprensa. Não era para valer, ambos até se gostavam, mas servia também para divulgar ainda mais os filmes que faziam. Era parte do jogo, do marketing de vender filmes.
Pablo Aluísio.
O halterofilismo assim se tornou algo natural para Arnold Schwarzenegger. Ele logo se inscreveu em campeonatos e começou a colecionar títulos. O corpo esculpido em academias foi ficando cada vez mais definido até que ele se tornasse praticamente imbatível nos concursos de que participou na Europa e Estados Unidos. Esse mesmo físico inigualável se tornaria sua porta de entrada para o cinema. Os produtores estavam em busca de um sujeito forte, com corpo musculoso, para interpretar Hércules em um filme chamado "Hércules em Nova Iorque". Era o ano de 1970 e Arnold Schwarzenegger assinaria seu primeiro contrato para um filme. Parecia algo despretensioso, nada promissor. Naquela época o halterofilista sequer imaginava ter uma carreira dentro do cinema americano. Era mais uma oportunidade de ganhar um dinheiro de forma rápida e fácil. Dirigido por Arthur Allan Seidelman, a fita era uma espécie de comédia com pitadas de fantasia, realizada de forma familiar, para todos os públicos. Schwarzenegger interpretava Hércules, o herói mitológico que era enviado para a Terra. Uma vez em nosso mundo ele acabava encontrando o amor e uma promissora carreira no bodybuilder business, o mundo das academias e competições esportivas de halterofilismo. Desnecessário dizer que o filme era uma bomba completa, porém serviu como exposição para Schwarzenegger. Outros produtores poderiam assistir ao filme e quem sabe se interessar por ele. Qualquer trabalho para aquele austríaco era muito bem-vindo naqueles seus primeiros anos nos Estados Unidos.
O Pai de Arnold Schwarzenegger participou da II Guerra Mundial. Mais do que isso, como soldado ele foi enviado para a Rússia, naquela que seria a mais desastrosa missão alemã da guerra. Os nazistas enfrentaram o front russo sem preparo adequado. Além do desafio de enfrentar o exército vermelho em sua próprio território, eles não tinham os equipamentos, roupas e provisões necessárias para aquela campanha. Muitos morreram no caminho de volta para a Alemanha. O pai de Schwarzenegger sobreviveu ao front russo e à jornada de volta. Ele voltou à pé da Rússia, enfrentando todos os desafios. Enfrentou o frio, a fome, a exaustão e é claro, aos soldados inimigos. Ele ensinou ao filho que só ficou vivo porque durante toda a sua vida se dedicou aos esportes, ao trabalho físico, de cuidar do próprio corpo. Isso inspirou o jovem Arnold Schwarzenegger a seguir pelo mesmo caminho. Apaixonado pelo fisiculturismo Arnold se tornou um campeão de diversas competições esportivas. O fato de ter sido inúmeras vezes Mister Universo, o prêmio máximo da categoria, o levou até aos Estados Unidos. As portas do cinema americano então se abriram a ele.
O começo porém não foi muito promissor. Depois de sua estreia nas telas Arnold atuou em filmes menores, sem muita expressão, sempre interpretando algum personagem fortão que o roteiro exigia. Sua melhor oportunidade só surgiu em 1974 ao trabalhar em "O Guarda-Costas" com Jeff Bridges. Dirigido pelo excelente diretor Bob Rafelson finalmente o austríaco teve um papel que chamou a atenção. Ele interpretava um personagem chamado Joe Santo nesse roteiro que explorava a corrupção no mundo das competições de fisiculturismo. Muito provavelmente o próprio Arnold Schwarzenegger conhecia bem esse assunto. De qualquer maneira "Stay Hungry" (seu título original) não chegou a ser um sucesso de bilheteria, porém lhe trouxe exposição e divulgação no cinema, algo que era importante para ele naquela fase ainda inicial de sua carreira. Depois de mais algumas participações em séries de TV como "The Streets of San Francisco" ele teve outra excelente oportunidade. No set de filmagens dessa última série Arnold acabou se tornando amigo de Michael Douglas, que estrelava o programa. Esse então o indicou ao pai Kirk Douglas que estava produzindo um novo western, esse bem diferente, em tom de comédia e sátira. O filme se chamaria "Cactus Jack". O roteiro era quase um desenho animado filmado. O estilo Cartoon era algo inesperado. Arnold foi escolhido para viver um personagem chamado Handsome Stranger (algo como "o estranho bonitão"). O filme demonstrou que o jovem ator também tinha jeito para o humor, algo que ele iria explorar no futuro em seus filmes, quando já era um dos mais populares astros de Hollywood.
Depois de mais dois filmes sem importância o ator Arnold Schwarzenegger finalmente teve a grande oportunidade no cinema que estava esperando. O produtor Dino de Laurentiis havia comprado os direitos do personagem Conan para o cinema. Ele queria produzir o filme definitivo desse famoso bárbaro do mundo dos quadrinhos. A escolha de Arnold foi meio óbvia porque ele estava no auge da forma física. Não tinha grande experiência como ator, mas isso estava em segundo plano. O diretor contratado foi o veterano John Milius que estava procurando ser fiel mais à obra original escrita por Robert E. Howard do que propriamente das revistas em quadrinhos. Para quem não sabe Conan nasce como herói de literatura pulp, em contos escritos por Howard, sendo que só após sua morte houve a transição para os comics, os quadrinhos. E nesse mundo criado pelo escritor não havia espaço para a misericórdia ou o perdão. Era um mundo brutal povoado por homens brutais.
Esse primeiro filme de Conan ainda é considerado o melhor já feito no cinema. Com uma temática mais séria, sem tantos exageros que marcaram o segundo filme, "Conan, o Destruidor", essa primeira produção pode ser considerada uma pequena obra prima do gênero espadas e bruxas. Chamado simplesmente de "Conan, o Bárbaro", o filme chegou nas telas em maio de 1982. Ao custo de 20 milhões de dólares conseguiu render nas bilheterias a boa quantia de quase 200 milhões de dólares. Um sucesso absoluto. Além do sucesso comercial também foi bem elogiado pela crítica, conseguindo até mesmo arrancar uma indicação no Globo de Ouro para a atriz Sandahl Bergman. Em relação ao desempenho de Arnold Schwarzenegger não houve maiores problemas, até porque seu papel exigia basicamente força física nas cenas de ação e isso o austríaco conseguiu fazer. Ao tomar aulas de manejo de uma pesada espada, ele conseguiu convencer muito bem em cena, abrindo assim o caminho para uma década de grandes sucessos de bilheteria. Nos anos 80 o antes desconhecido Arnold Schwarzenegger iria se tornar um astro do cinema de ação.
Em 1984 o ator austríaco iria surgir nas telas com dois grandes sucessos de bilheteria. O primeiro foi "Conan, o Destruidor", a tão aguardada sequência de "Conan, o Bárbaro". Para esse segundo filme o estúdio fez diversas modificações, começando pela troca do diretor. A direção agora seria de Richard Fleischer. Era um veterano. No ano anterior havia dirigido "Amityville: A Casa do Medo" e o estúdio achou que seria uma boa trazê-lo para esse universo de espadas e bruxas. O resultado não agradou a todos. Indo mais para o lado dos quadrinhos, essa nova versão do Conan no cinema foi considerada bem mais juvenil do que o primeiro filme que priorizava mais o realismo. Em seu favor esse novo filme contava com uma produção mais caprichada, trazendo os monstros dos quadrinhos para a tela grande. Fez sucesso de público, mas não foram poucos os críticos que acharam o filme fraco ou ruim. Para Arnold Schwarzenegger foi uma experiência válida, embora ele tenha também se despedido do personagem que o faria famoso.
Depois disso Arnold assinou para trabalhar em um filme completamente diferente, uma ficção dirigida por James Cameron. Hoje em dia ele é um seguramente um dos diretores mais cultuados do mundo do cinema, mas em 1984 ele era apenas um cara que tinha dirigido um filme ruim sobre piranhas voadoras. O filme "O Exterminador do Futuro" (The Terminator) era encarado pela MGM como uma produção B, sem maiores recursos. Todo filmado à noite, pelas madrugadas de Los Angeles, não foi um filme fácil de rodar. Não havia muito dinheiro à disposição de Cameron. Seu grande triunfo era seu roteiro. James Cameron criou a estória de um robô assassino que voltava no tempo para matar a mãe do futuro líder da resistência. Era algo simples, sem maiores detalhes. Apenas isso. Arnold Schwarzenegger era o exterminador, um vilão com armamento pesado e com programação para destruir todos os que ficassem no meio de seu objetivo. Assim que foi lançado o filme caiu no gosto do público. Com orçamento limitado custou apenas 6 milhões de dólares e em pouco tempo rendeu mais de dez vezes esse valor nas bilheterias, se tornando um sucesso absoluto, um dos filmes mais lucrativos e populares dos anos 80. De fato "O Exterminador do Futuro" acabou mudando para sempre as carreiras de Schwarzenegger e também de James Cameron, que deixou de ser um cineasta de filmes B para se tornar um dos grandes nomes de Hollywood.
Em 1985 Arnold Schwarzenegger surgiu nas telas em mais um filme de espada e feitiçaria. Não, não era o terceiro filme com Conan, o Bárbaro, mas sim uma adaptação para o cinema de outra personagem desse mesmo universo, a Red Sonja. A estrela principal desse filme chamado "Guerreiros de Fogo" foi a atriz Brigitte Nielsen, na época a esposa do maior rival de Arnold nas telas, o ator Sylvester Stallone. Arnold Schwarzenegger surgia apenas como um coadjuvante de luxo interpretando um guerreiro de nome Kalidor. Na verdade o ator austríaco nem queria fazer o filme. Ele apenas participou da produção para cumprir um contrato com a produtora de Dino De Laurentiis. Por esse contrato ele teria que fazer ainda dois filmes, mas chegou em um acordo com o produtor. Ele faria apenas "Guerreiros de Fogo" e depois disso ficaria livre. Dino topou a proposta. Esse novo filme foi severamente criticado em seu lançamento, mas impulsionado pelo sucesso de "O Exterminador do Futuro" acabou faturando bem nas bilheterias.
E então seguindo os passos de Stallone, o ator ficou livre para atuar em "Comando para Matar" (Commando, EUA, 1985). Esse inclusive pode ser considerado seu primeiro filme ao estilo "Exército de um Homem só". Ele interpretava um super soldado, já em vias de se aposentar, que tinha sua filha sequestrada. Armado até os dentes (literalmente falando) ele então partia para a vingança sangrenta. Sob direção de Mark L. Lester, Arnold Schwarzenegger realizou um dos filmes mais simbólicos do cinema de ação dos anos 80. Tiros e mortes acima de qualquer coisa. O roteiro surgia como mero pretexto para um banho de sangue - que hoje em dia acabou tendo até mesmo um pouco de humor involuntário pelo absurdo das cenas. O filme que custou meros 10 milhões de dólares (um orçamento bem razoável) acabou faturando nas bilheterias mais de 50 milhões - um belo lucro para o estúdio, mostrando mais uma vez o potencial de sucesso de seu nome impronunciável nos cartazes, nos posters de filmes. No mesmo ano em que Stallone arrasava nas bilheterias com seu "Rambo II", Arnold respondia com a violência sem freios de "Comando Para Matar". Por essa época a rivalidade entre eles, os dois chamados brucutus do cinema, deu origem a uma divertida troca de farpas pela imprensa. Não era para valer, ambos até se gostavam, mas servia também para divulgar ainda mais os filmes que faziam. Era parte do jogo, do marketing de vender filmes.
Pablo Aluísio.
domingo, 13 de janeiro de 2019
Os Filmes de Al Pacino
O filme que mudou a carreira de Al Pacino para sempre foi obviamente "O Poderoso Chefão" de 1972. É surpreendente saber que esse foi apenas o terceiro filme de sua recém inaugurada filmografia. Que ator teria a honra de participar de um filme tão importante assim logo no começo de sua filmografia? Foi um lance de sorte que nunca mais se repetiria. Antes disso ele havia participado de uma série policial de TV chamada "NYPD" (Departamento de polícia de Nova Iorque) e de apenas mais dois outros filmes para o cinema, a comédia dramática "Uma Garota Avançada" sobre uma jovem estudante tentando ganhar a independência em sua vida e o visceral "Os Viciados", drama sobre um grupo de dependentes químicos, viciados em heroína, que frequentavam um parque de Nova Iorque.
Apesar do curto currículo nada impediu que Francis Ford Coppola escalasse Al Pacino para interpretar Michael Corleone, o caçula da família Corleone, aquele que o pai queria que ficasse longe dos negócios sujos da família, o que iria ter uma vida normal, que iria se formar, ter uma profissão e que não iria sujar as mãos de sangue com as coisas da máfia. Conforme a história do filme ia avançando também iríamos descobrir que tudo no final iria cair nos ombros de Michael, apesar de todos os planos de deixá-lo fora do mundo do crime.
Uma das principais razões para que Coppola escolhesse Al Pacino era obviamente sua descendência italiana, algo que era necessário na escolha do elenco. O curioso é que Pacino era um dos poucos verdadeiros ítalo americanos do casting. Brando, por exemplo, era um americano nato, um ator nascido no meio oeste, sem qualquer ligação familiar com os imigrantes italianos que vieram para a América. Assim Pacino era a carga genética necessária para trazer autenticidade naquele grupo de personagens. "Foi uma escolha até muito natural. Ele era jovem e não tinha muita experiência, mas o talento estava lá. Além disso ele era italiano em tudo, no rosto romano, nos gestos, no temperamento, era a escolha mais certa possível" - explicaria o cineasta alguns anos depois.
É uma espécie de consenso entre os cinéfilos que o filme "Um Dia de Cão" é um dos melhores filmes da década de 70. Todos os ingredientes que faziam o menu do cinema realista daquela época estavam em cena. Os personagens crus, a sujeira das ruas, a truculência de bandidos e policiais. A violência tanto real como psicológica. A obra assinada pelo diretor Sidney Lumet impressionava. O filme era um soco bem no meio do estômago, sem dó e nem piedade. Na história Pacino interpretava um assaltante pé de chinelo chamado Sonny. Para que seu namorado pudesse fazer uma cirurgia ele resolvia assaltar um banco, só que nada muito bem planejado ou organizado. Assim que a polícia chegava no local iniciava-se um caos, com um criminoso insano e desequilibrado que não conseguia tomar qualquer decisão sensata. Al Pacino aos berros e com olhar vidrado chamou mais uma vez todas as atenções para si. Por sua atuação intensa acabou sendo indicado mais uma vez ao Oscar de Melhor Ator. Só não ganhou porque muitos achavam que ele já estava sendo priorizado demais pela academia, desde os anos anteriores, pela saga "O Poderoso Chefão". O filme aliás colecionou indicações, mas no final da noite só conseguiu ser premiado pelo brilhante trabalho do roteirista Frank Pierson. O escritor não pôde comparecer na noite e mandou seu colega de letras, Gore Vidal, receber a estatueta.
Para Pacino não ter sido premiado foi o de menos. Ele estava no auge da carreira. No ano anterior ele também havia sido indicado ao Oscar por "O Poderoso Chefão II". Assim estava na crista da onda. Anos depois Pacino comentaria sobre sua atuação em "Um Dia de Cão", afirmando: "Gostei desse papel. O Sonny também era um criminoso, mas ao contrário da família Corleone, era um pobre coitado. Procurei dar a ele o melhor em termos humanos, mas sem deixar de lado o fato dele ter nuances de um psicopata".
"Justiça Para Todos" é um dos grandes filmes da carreira de Al Pacino. Hoje em dia o filme já não é tão lembrado, se tornando injustamente subestimado. Em uma fase excelente de sua carreira, o ator acabou atuando excepcionalmente bem nesse drama de tribunal. Aqui ele interpreta um jovem advogado que entra em um caso que ele definitivamente não acredita. O seu cliente é um juiz de direito acusado de estupro. O sujeito é do tipo asqueroso, antiético, infame. O advogado personagem de Pacino o conhece muito bem, mas tenta cumprir sua função da forma mais correta possível. O título original em inglês, a expressão constitucional "...And Justive For All" (...e justiça para todos) é usada quase como uma triste ironia, mostrando que no meio judiciário americano existia muita corrupção, muita ilegalidade, bem diferente do que muitos cidadãos pensariam existir. A justiça? Mero detalhe jogado ao lado.
Outro aspecto a se elogiar no trabalho de Al Pacino é que ele está mais contido do que o habitual, sem explosões de fúria ou algo do tipo. Seu trabalho mais introspectivo, como se estive implodindo, ao invés de explodir, acabou lhe valendo uma indicação ao Oscar, algo completamente merecido. Anos depois o próprio ator relembraria do filme numa entrevista, dizendo que havia assistido uma reprise do filme na TV e que tinha ficado orgulhoso de seu trabalho em cena. Ele estava em uma fase tão elogiada que isso acabava se tornando quase uma rotina, uma banalidade, uma vez que nessa fase de sua filmografia era quase certo ter uma indicação por ano ao Oscar, tamanho era seu prestígio entre a crítica e os membros da Academia. Também acabou sendo indicado ao Globo de Ouro onde foi considerado o favorito. Só não ganhou mesmo por um mero capricho do destino.
No começo da década de 1980 Al Pacino ficou praticamente dois anos sem lançar nenhum filme. Os convites chegavam até ele, mas o ator parecia mais interessado nos palcos do que nas telas. Durante esse período ele se dedicou ao teatro em Nova Iorque até que em 1982 o diretor Arthur Hiller lhe enviou um roteiro escrito por Israel Horovitz. Era uma história bem interessante sobre um autor de peças da Broadway que passava por uma grande tensão familiar e profissional decorrente da estreia de sua nova peça. Pacino que estava tão submerso no meio teatral gostou muito do que leu. Assim aceitou o convite para atuar como o protagonista de "Author! Author!" que no Brasil recebeu o título de "Autor em Família". De certa maneira era um filme menor, com produção mais modesta, feito para um público mais específico, ligado ao mundo do teatro. Pacino assim voltava ao cinema de uma maneira mais sutil, mais artística. Colecionando boas críticas ele acabou sendo indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Ator - Comédia ou Musical, pois os membros do prêmio entenderam que o filme tinha mais potencial de comédia de costumes do que drama, o que de certa maneira era uma visão bem absurda.
Apesar da boa repercussão por parte da crítica, as bilheterias foram consideradas mornas. Pacino já não parecia mais ser o grande astro dos tempos de "O Poderoso Chefão". Ao contrário disso investia cada vez mais em um tipo de cinema mais intimista, autoral. Correr riscos já não parecia muito fazer sua cabeça. Em Hollywood porém você não pode ser tão cult assim, pois os estúdios visam principalmente o sucesso comercial, uma vez que a roda comercial da indústria cinematográfica não pode parar de girar. É sempre necessário gerar receitas e mais receitas e o valor de um ator é medido não pela qualidade de seus filmes, mas sim pela capacidade de gerar boas bilheterias, acima de tudo.
Voltar ao sucesso era algo necessário para Pacino naqueles anos. Seu agente então lhe mostrou o roteiro do novo filme de Brian De Palma. Tudo parecia se encaixar muito bem. O roteiro era escrito pelo prestigiado Oliver Stone, um veterano da guerra do Vietnã, que havia se destacado por causa de seus textos viscerais. Para Pacino parecia ainda mais perfeito porque o protagonista era um gangster, tal como o que ele havia interpretado na saga "O Poderoso Chefão". Embora o novo projeto fosse um remake de "Scarface - A Vergonha de uma Nação" de 1932, tudo era repensado. A ação não se passaria mais nos anos 30, mas sim nos anos 80, em uma Miami cheia de traficantes e cocaína. "Scarface" assim foi escolhido por Al Pacino para ser seu retorno triunfal nas grandes bilheterias. Um filme feito para fazer muito sucesso comercial, mas será que daria realmente certo?
Hoje em dia "Scarface" de Brian De Palma é considerado um filme cult, porém na época de seu lançamento houve inúmeras críticas. O termo mais usado para definir essa fita foi "exagerada". Havia excessos por todas as partes, da violência, dos palavrões, da quantidade de cocaína, dos tiros e o mais surpreendente de tudo, da atuação de Al Pacino. Ele foi criticado por ter exagerado na dose. A atuação do ator foi dita como puro overacting! Essa era uma resposta nova em termos de Al Pacino, logo ele que sempre foi tão elogiado pela crítica. Alguma coisa havia saído dos trilhos. Em termos de bilheteria o filme não foi um fracasso comercial como muitos disseram. Ao custo de 25 milhões de dólares a fita fez 44 milhões apenas no mercado americano. Se não era um hit ou um sucesso, pelo menos cobriu seus custos de produção, deixando um bom lucro para os estúdios Universal.
O interessante é que Pacino não ficou insatisfeito com sua atuação de uma forma em geral, mas sim pelo fato de ter interpretado outro mafioso. Ele não queria se repetir ano após ano, tentando recuperar o que havia sido deixado para trás nos filmes da franquia "O Poderoso Chefão". Para Pacino o importante era variar mais em seus personagens no cinema. Repetir-se não era um dos seus objetivos, mesmo que isso significasse excelentes cachês ou boas bilheterias de cinema. Para Pacino o desafio sempre falaria mais alto.
Assim ele resolveu dar mais um tempo. Ficou dois anos fora das telas. Voltou aos palcos, ao teatro em Nova Iorque. Havia uma certa mágoa por parte do ator das críticas que lhe foram feitas. Em 1985 ele decidiu retornar após fazer uma escolha bem ruim. Pacino decidiu que iria estrelar o novo filme de Hugh Hudson chamado "Revolução". Era um drama épico, histórico, sobre os revolucionários americanos que lutaram pela independência de seu país no século XVII. O filme não foi uma produção tão cara como foi dito na época (custou em torno de 28 milhões de dólares), mas as bilheterias foram pífias. O público não se interessou em nada pelo filme. No primeiro fim de semana o filme só conseguiu arrecadar 50 mil dólares. Em poucos dias todos os jornais americanos estampavam que o novo filme de Al Pacino havia se tornado um dos maiores fracassos de bilheteria da história. Um fracasso monumental.
Depois do fracasso comercial do filme "Revolução", Al Pacino resolveu dar um tempo no cinema. Ficou quatro anos afastado das telas. Nesse meio tempo decidiu reavaliar os rumos de sua carreira, ao mesmo tempo em que se dedicava ao grande amor de sua vida: o teatro. Ele participou de peças em Nova Iorque e ficou tão absorvido por esse universo que não sentiu saudades de Hollywood e da indústria cinematográfica. Ele estava bem no teatro e não estava disposto a voltar tão cedo para a costa oeste para rodar uma nova produção. Só veio a aceitar a atuar novamente no cinema quando recebeu um convite do diretor Harold Becker para estrelar o filme policial "Vítimas de uma Paixão". Era um roteiro interessante, escrito pelo bom roteirista Richard Price. No enredo Pacino iria interpretar um tira de Nova Iorque que tinha que investigar uma série de mortes provocadas por um serial killer que atraía suas vítimas através de anúncios de relacionamentos no jornal.
Pacino só fez uma exigência para trabalhar nesse filme, que ele fosse rodado em Nova Iorque, justamente para que ele não precisasse deixar a cidade durante as filmagens, pois queria continuar a atuar em suas peças na cidade. O elenco trazia ainda a bela e sensual Ellen Barkin e o bom ator John Goodman, amigo de Pacino dos velhos tempos. Foi um filme de orçamento mais modesto, pois Pacino estava com pavor de atuar em grandes produções como havia acontecido em "Revolução". Ele não queria mais aquele tipo de responsabilidade. Quando chegou nas telas, "Sea of Love" (seu título original) foi bem nas bilheterias. A crítica também gostou, fazendo com que Al Pacino finalmente retomasse sua carreira na sétima arte.
Em 1990 Al Pacino atuou em "Dick Tracy", algo completamente novo em sua carreira, uma adaptação de um antigo personagem dos quadrinhos. Foi um projeto muito pessoal do ator e diretor Warren Beatty. Também contava no elenco com a superstar Madonna. Foi uma superprodução muito divulgada e promovida pelo estúdio, mas que no final das contas não fez o sucesso esperado. O detetive andava meio esquecido do público. Para Pacino foi uma experiência nova que por outro lado não agradou muito os que gostavam de seu trabalho no cinema. Além de usar uma maquiagem esquisita, Pacino estava muito exagerado no filme. Um tipo de papel que não lhe caia muito bem. Afinal Pacino era considerado um ator sério de Hollywood e aquele vilão bobo, cheio de caretas, não iria trazer nada de muito positivo para sua carreira.
O ator então quis dar uma grande volta por cima na aguardada continuação intitulada "O Poderoso Chefão III". Era a terceira e última parte da trilogia que havia criado um mito em torno de seu trabalho. Al voltava a interpretar Don Michael Corleone, agora um homem destruído pelo próprio mundo do crime que ajudou a construir. O filme contou com uma grande má vontade por parte da imprensa americana. Francis Ford Coppola estava de volta à direção, mas nem isso serviu para que a crítica baixasse o tom negativo. Some-se a isso a escalação de Sofia Coppola. A imprensa acusou Coppola de nepotismo, além de ter falado muito mal da própria Sofia, considerada uma má atriz. Tudo parecia contra. Apesar de tudo foi um bom filme, muito embora tenha sofrido todos os tipos de críticas possíveis. Com toda essa onda negativa o filme acabou rendendo muito menos do que era o esperado, levando o título de "pior da série", um verdadeiro desperdício. Não era para tanto. O filme tinha seus méritos, só que não foi reconhecido na época de seu lançamento.
Pablo Aluísio.
Apesar do curto currículo nada impediu que Francis Ford Coppola escalasse Al Pacino para interpretar Michael Corleone, o caçula da família Corleone, aquele que o pai queria que ficasse longe dos negócios sujos da família, o que iria ter uma vida normal, que iria se formar, ter uma profissão e que não iria sujar as mãos de sangue com as coisas da máfia. Conforme a história do filme ia avançando também iríamos descobrir que tudo no final iria cair nos ombros de Michael, apesar de todos os planos de deixá-lo fora do mundo do crime.
Uma das principais razões para que Coppola escolhesse Al Pacino era obviamente sua descendência italiana, algo que era necessário na escolha do elenco. O curioso é que Pacino era um dos poucos verdadeiros ítalo americanos do casting. Brando, por exemplo, era um americano nato, um ator nascido no meio oeste, sem qualquer ligação familiar com os imigrantes italianos que vieram para a América. Assim Pacino era a carga genética necessária para trazer autenticidade naquele grupo de personagens. "Foi uma escolha até muito natural. Ele era jovem e não tinha muita experiência, mas o talento estava lá. Além disso ele era italiano em tudo, no rosto romano, nos gestos, no temperamento, era a escolha mais certa possível" - explicaria o cineasta alguns anos depois.
É uma espécie de consenso entre os cinéfilos que o filme "Um Dia de Cão" é um dos melhores filmes da década de 70. Todos os ingredientes que faziam o menu do cinema realista daquela época estavam em cena. Os personagens crus, a sujeira das ruas, a truculência de bandidos e policiais. A violência tanto real como psicológica. A obra assinada pelo diretor Sidney Lumet impressionava. O filme era um soco bem no meio do estômago, sem dó e nem piedade. Na história Pacino interpretava um assaltante pé de chinelo chamado Sonny. Para que seu namorado pudesse fazer uma cirurgia ele resolvia assaltar um banco, só que nada muito bem planejado ou organizado. Assim que a polícia chegava no local iniciava-se um caos, com um criminoso insano e desequilibrado que não conseguia tomar qualquer decisão sensata. Al Pacino aos berros e com olhar vidrado chamou mais uma vez todas as atenções para si. Por sua atuação intensa acabou sendo indicado mais uma vez ao Oscar de Melhor Ator. Só não ganhou porque muitos achavam que ele já estava sendo priorizado demais pela academia, desde os anos anteriores, pela saga "O Poderoso Chefão". O filme aliás colecionou indicações, mas no final da noite só conseguiu ser premiado pelo brilhante trabalho do roteirista Frank Pierson. O escritor não pôde comparecer na noite e mandou seu colega de letras, Gore Vidal, receber a estatueta.
Para Pacino não ter sido premiado foi o de menos. Ele estava no auge da carreira. No ano anterior ele também havia sido indicado ao Oscar por "O Poderoso Chefão II". Assim estava na crista da onda. Anos depois Pacino comentaria sobre sua atuação em "Um Dia de Cão", afirmando: "Gostei desse papel. O Sonny também era um criminoso, mas ao contrário da família Corleone, era um pobre coitado. Procurei dar a ele o melhor em termos humanos, mas sem deixar de lado o fato dele ter nuances de um psicopata".
"Justiça Para Todos" é um dos grandes filmes da carreira de Al Pacino. Hoje em dia o filme já não é tão lembrado, se tornando injustamente subestimado. Em uma fase excelente de sua carreira, o ator acabou atuando excepcionalmente bem nesse drama de tribunal. Aqui ele interpreta um jovem advogado que entra em um caso que ele definitivamente não acredita. O seu cliente é um juiz de direito acusado de estupro. O sujeito é do tipo asqueroso, antiético, infame. O advogado personagem de Pacino o conhece muito bem, mas tenta cumprir sua função da forma mais correta possível. O título original em inglês, a expressão constitucional "...And Justive For All" (...e justiça para todos) é usada quase como uma triste ironia, mostrando que no meio judiciário americano existia muita corrupção, muita ilegalidade, bem diferente do que muitos cidadãos pensariam existir. A justiça? Mero detalhe jogado ao lado.
Outro aspecto a se elogiar no trabalho de Al Pacino é que ele está mais contido do que o habitual, sem explosões de fúria ou algo do tipo. Seu trabalho mais introspectivo, como se estive implodindo, ao invés de explodir, acabou lhe valendo uma indicação ao Oscar, algo completamente merecido. Anos depois o próprio ator relembraria do filme numa entrevista, dizendo que havia assistido uma reprise do filme na TV e que tinha ficado orgulhoso de seu trabalho em cena. Ele estava em uma fase tão elogiada que isso acabava se tornando quase uma rotina, uma banalidade, uma vez que nessa fase de sua filmografia era quase certo ter uma indicação por ano ao Oscar, tamanho era seu prestígio entre a crítica e os membros da Academia. Também acabou sendo indicado ao Globo de Ouro onde foi considerado o favorito. Só não ganhou mesmo por um mero capricho do destino.
No começo da década de 1980 Al Pacino ficou praticamente dois anos sem lançar nenhum filme. Os convites chegavam até ele, mas o ator parecia mais interessado nos palcos do que nas telas. Durante esse período ele se dedicou ao teatro em Nova Iorque até que em 1982 o diretor Arthur Hiller lhe enviou um roteiro escrito por Israel Horovitz. Era uma história bem interessante sobre um autor de peças da Broadway que passava por uma grande tensão familiar e profissional decorrente da estreia de sua nova peça. Pacino que estava tão submerso no meio teatral gostou muito do que leu. Assim aceitou o convite para atuar como o protagonista de "Author! Author!" que no Brasil recebeu o título de "Autor em Família". De certa maneira era um filme menor, com produção mais modesta, feito para um público mais específico, ligado ao mundo do teatro. Pacino assim voltava ao cinema de uma maneira mais sutil, mais artística. Colecionando boas críticas ele acabou sendo indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Ator - Comédia ou Musical, pois os membros do prêmio entenderam que o filme tinha mais potencial de comédia de costumes do que drama, o que de certa maneira era uma visão bem absurda.
Apesar da boa repercussão por parte da crítica, as bilheterias foram consideradas mornas. Pacino já não parecia mais ser o grande astro dos tempos de "O Poderoso Chefão". Ao contrário disso investia cada vez mais em um tipo de cinema mais intimista, autoral. Correr riscos já não parecia muito fazer sua cabeça. Em Hollywood porém você não pode ser tão cult assim, pois os estúdios visam principalmente o sucesso comercial, uma vez que a roda comercial da indústria cinematográfica não pode parar de girar. É sempre necessário gerar receitas e mais receitas e o valor de um ator é medido não pela qualidade de seus filmes, mas sim pela capacidade de gerar boas bilheterias, acima de tudo.
Voltar ao sucesso era algo necessário para Pacino naqueles anos. Seu agente então lhe mostrou o roteiro do novo filme de Brian De Palma. Tudo parecia se encaixar muito bem. O roteiro era escrito pelo prestigiado Oliver Stone, um veterano da guerra do Vietnã, que havia se destacado por causa de seus textos viscerais. Para Pacino parecia ainda mais perfeito porque o protagonista era um gangster, tal como o que ele havia interpretado na saga "O Poderoso Chefão". Embora o novo projeto fosse um remake de "Scarface - A Vergonha de uma Nação" de 1932, tudo era repensado. A ação não se passaria mais nos anos 30, mas sim nos anos 80, em uma Miami cheia de traficantes e cocaína. "Scarface" assim foi escolhido por Al Pacino para ser seu retorno triunfal nas grandes bilheterias. Um filme feito para fazer muito sucesso comercial, mas será que daria realmente certo?
Hoje em dia "Scarface" de Brian De Palma é considerado um filme cult, porém na época de seu lançamento houve inúmeras críticas. O termo mais usado para definir essa fita foi "exagerada". Havia excessos por todas as partes, da violência, dos palavrões, da quantidade de cocaína, dos tiros e o mais surpreendente de tudo, da atuação de Al Pacino. Ele foi criticado por ter exagerado na dose. A atuação do ator foi dita como puro overacting! Essa era uma resposta nova em termos de Al Pacino, logo ele que sempre foi tão elogiado pela crítica. Alguma coisa havia saído dos trilhos. Em termos de bilheteria o filme não foi um fracasso comercial como muitos disseram. Ao custo de 25 milhões de dólares a fita fez 44 milhões apenas no mercado americano. Se não era um hit ou um sucesso, pelo menos cobriu seus custos de produção, deixando um bom lucro para os estúdios Universal.
O interessante é que Pacino não ficou insatisfeito com sua atuação de uma forma em geral, mas sim pelo fato de ter interpretado outro mafioso. Ele não queria se repetir ano após ano, tentando recuperar o que havia sido deixado para trás nos filmes da franquia "O Poderoso Chefão". Para Pacino o importante era variar mais em seus personagens no cinema. Repetir-se não era um dos seus objetivos, mesmo que isso significasse excelentes cachês ou boas bilheterias de cinema. Para Pacino o desafio sempre falaria mais alto.
Assim ele resolveu dar mais um tempo. Ficou dois anos fora das telas. Voltou aos palcos, ao teatro em Nova Iorque. Havia uma certa mágoa por parte do ator das críticas que lhe foram feitas. Em 1985 ele decidiu retornar após fazer uma escolha bem ruim. Pacino decidiu que iria estrelar o novo filme de Hugh Hudson chamado "Revolução". Era um drama épico, histórico, sobre os revolucionários americanos que lutaram pela independência de seu país no século XVII. O filme não foi uma produção tão cara como foi dito na época (custou em torno de 28 milhões de dólares), mas as bilheterias foram pífias. O público não se interessou em nada pelo filme. No primeiro fim de semana o filme só conseguiu arrecadar 50 mil dólares. Em poucos dias todos os jornais americanos estampavam que o novo filme de Al Pacino havia se tornado um dos maiores fracassos de bilheteria da história. Um fracasso monumental.
Depois do fracasso comercial do filme "Revolução", Al Pacino resolveu dar um tempo no cinema. Ficou quatro anos afastado das telas. Nesse meio tempo decidiu reavaliar os rumos de sua carreira, ao mesmo tempo em que se dedicava ao grande amor de sua vida: o teatro. Ele participou de peças em Nova Iorque e ficou tão absorvido por esse universo que não sentiu saudades de Hollywood e da indústria cinematográfica. Ele estava bem no teatro e não estava disposto a voltar tão cedo para a costa oeste para rodar uma nova produção. Só veio a aceitar a atuar novamente no cinema quando recebeu um convite do diretor Harold Becker para estrelar o filme policial "Vítimas de uma Paixão". Era um roteiro interessante, escrito pelo bom roteirista Richard Price. No enredo Pacino iria interpretar um tira de Nova Iorque que tinha que investigar uma série de mortes provocadas por um serial killer que atraía suas vítimas através de anúncios de relacionamentos no jornal.
Pacino só fez uma exigência para trabalhar nesse filme, que ele fosse rodado em Nova Iorque, justamente para que ele não precisasse deixar a cidade durante as filmagens, pois queria continuar a atuar em suas peças na cidade. O elenco trazia ainda a bela e sensual Ellen Barkin e o bom ator John Goodman, amigo de Pacino dos velhos tempos. Foi um filme de orçamento mais modesto, pois Pacino estava com pavor de atuar em grandes produções como havia acontecido em "Revolução". Ele não queria mais aquele tipo de responsabilidade. Quando chegou nas telas, "Sea of Love" (seu título original) foi bem nas bilheterias. A crítica também gostou, fazendo com que Al Pacino finalmente retomasse sua carreira na sétima arte.
Em 1990 Al Pacino atuou em "Dick Tracy", algo completamente novo em sua carreira, uma adaptação de um antigo personagem dos quadrinhos. Foi um projeto muito pessoal do ator e diretor Warren Beatty. Também contava no elenco com a superstar Madonna. Foi uma superprodução muito divulgada e promovida pelo estúdio, mas que no final das contas não fez o sucesso esperado. O detetive andava meio esquecido do público. Para Pacino foi uma experiência nova que por outro lado não agradou muito os que gostavam de seu trabalho no cinema. Além de usar uma maquiagem esquisita, Pacino estava muito exagerado no filme. Um tipo de papel que não lhe caia muito bem. Afinal Pacino era considerado um ator sério de Hollywood e aquele vilão bobo, cheio de caretas, não iria trazer nada de muito positivo para sua carreira.
O ator então quis dar uma grande volta por cima na aguardada continuação intitulada "O Poderoso Chefão III". Era a terceira e última parte da trilogia que havia criado um mito em torno de seu trabalho. Al voltava a interpretar Don Michael Corleone, agora um homem destruído pelo próprio mundo do crime que ajudou a construir. O filme contou com uma grande má vontade por parte da imprensa americana. Francis Ford Coppola estava de volta à direção, mas nem isso serviu para que a crítica baixasse o tom negativo. Some-se a isso a escalação de Sofia Coppola. A imprensa acusou Coppola de nepotismo, além de ter falado muito mal da própria Sofia, considerada uma má atriz. Tudo parecia contra. Apesar de tudo foi um bom filme, muito embora tenha sofrido todos os tipos de críticas possíveis. Com toda essa onda negativa o filme acabou rendendo muito menos do que era o esperado, levando o título de "pior da série", um verdadeiro desperdício. Não era para tanto. O filme tinha seus méritos, só que não foi reconhecido na época de seu lançamento.
Pablo Aluísio.
Os Filmes de Kate Hudson
A filmografia de Kate Hudson tem altos e baixos. Ela faz parte de uma família de atores (filha da comediante Goldie Hawn, casada com Kurt Russell) e por essa razão já nasceu dentro do mundo do cinema. Essa linhagem ajudou certamente a abrir algumas portas importantes na indústria. Sua estreia se deu em uma boa série chamada O Quinteto (que chegou a ser exibida na TV aberta brasileira). No cinema atuou pela primeira vez na comédia adolescente Uma Aventura no Deserto. Não era grande coisa, mas serviu para que se tornasse mais conhecida. Depois disso surgiu como coadjuvante em três outros filmes, todos bem mais relevantes, 200 Cigarros, As Mulheres de Adams e Intrigas.
Só com Quase Famosos foi que ela se tornou realmente um nome quente no cinema. O filme, muito bem escrito e dirigido por Cameron Crowe, era um retrato da vida na estrada de bandas de rock nos anos 70. Kate interpretava uma groupie chamada Penny Lane (o mesmo nome da famosa canção dos Beatles). O filme foi sucesso de crítica e público e acabou ganhando um status de cult movie com o passar dos anos. A trilha sonora também era fantástica. Como Kate chamou todas as atenções por sua atuação logo os estúdios lhe ofereciam propostas para ser a atriz, a estrela, de novos filmes. Os dias de coadjuvante tinham chegado ao fim.
Antes disso porém Kate tinha assinado para participar de um filme com Richard Gere chamado Dr T e as Mulheres. Não era um grande filme, mas daria a ela a chance de atuar ao lado do famoso galã de Hollywood - naquela altura já em sua fase de cabelos grisalhos. O interessante é que o filme que deveria transformar Kate em uma grande estrela não foi bem de bilheteria. O épico histórico Honra & Coragem - As Quatro Plumas não foi prestigiado pelo público. Considerado chato pelos jovens e recebido friamente pela crítica em seu lançamento acabou não agradando a quase ninguém. O único aspecto positivo foi que ela teve a oportunidade de contracenar com Heath Ledger, jovem ator que morreria muito cedo, vítima de uma overdose de drogas. Imortalizado no papel de Coringa no cinema, Ledger não teve tempo de desfrutar de sua fama.
Depois desse fracasso os planos mudaram. Havia um nicho muito bom para Kate direcionar sua carreira: a das comédias românticas. Era uma fase em que o público feminino garantia a boa bilheteria desse tipo de produção. Assim ela resolveu apostar em um bom roteiro sobre relacionamentos. O filme se chamava Como Perder um Homem em 10 Dias. Kate interpretava uma jornalista que testava sua própria tese sobre as coisas que jamais se deveria fazer em um relacionamento. A dupla ao lado do ator Matthew McConaughey (que também tinha ótimo timing para esse tipo de filme) se revelou certeiro e ela conseguiu seu primeiro grande sucesso de bilheteria como atriz principal. Finalmente Kate Hudson se tornava chamaria de bilheteria, abrindo uma nova fase em sua carreira.
Depois que Kate Hudson descobriu o caminho do sucesso ela não parou mais de realizar filmes. Os estúdios há tempos vinham em busca da nova namoradinha da América. Kate surgiu na hora certa para ocupar esse espaço. Em Um Presente Para Helen a atriz conseguiu discutir um tema sério (a escolha de muitas mulheres entre ter uma carreira ou cuidar de seus filhos) de forma bem interessante, sem com isso perder o humor e a leveza. A personagem de Kate era a de uma mulher moderna, profissional no pico da carreira, que de repente se via na delicada situação de ter que cuidar de crianças. Tanto público e crítica gostaram bastante do resultado.
Depois tentando mudar um pouco os ares a atriz estrelou uma fita de terror! Algo inesperado por muita gente. Em A Chave Mestra, Kate interpretava uma jovem cética que tinha que aprender sobre o mundo espiritual de uma forma nada convencional. Vivendo em uma New Orleans cheia de magia, feitiços e maldições, ela acaba tendo contato com o lado mais negro das crenças do sobrenatural. O filme tinha uma excelente direção de arte e o clima adequado, porém a crítica se dividiu. Para alguns faltaram sustos, se tornando uma fita que apostava muito em um terror mais psicológico. Para outros o que realmente faltava no roteiro era sutileza. De qualquer maneira, apesar do bom resultado final, acabou sendo o primeiro e único filme de terror de sua carreira.
Assim ela acabou voltando para as comédias românticas onde atingia sempre os melhores números do ponto de vista comercial. No divertido Dois é Bom, Três é Demais, Kate contracenou com o ator Owen Wilson. O filme era uma comédia até bobinha, mas divertida, sobre um casal que tinha que aguentar o amigo sem futuro do marido. Nos bastidores Kate acabou tendo um caso amoroso ligeiro com Wilson que acabou ficando perdidamente apaixonado por ela. Depois do fim do breve namoro o ator entrou em uma depressão profunda e acabou tentando o suicídio com uma overdose de drogas legais (calmantes). O fato deixou Kate completamente transtornada pois ela definitivamente tinha encarado tudo como um flerte sem maiores consequências, enquanto Owen a via como o amor de sua vida. Até hoje Kate se recusa a falar no assunto que para ela causa grande desconforto pessoal.
Superados os dramas da vida real ela voltou a estrelar outra comédia, o filme Um Amor de Tesouro. Novamente fazendo par com Matthew McConaughey. Os dois sempre se deram muito bem juntos e não seria diferente agora. O filme tem uma levada de muito bom humor, misturado com um estilo de aventura em alto mar. Entre tapas e beijos o casal tentava encontrar um tesouro milionário na costa dos Estados Unidos. Com ótimas e divertidas cenas, que aproveitavam toda a beleza natural, a fita fez relativo sucesso comercial, sendo destroçada pela crítica americana que considerou o resultado bobo e descartável demais. Um filme para pura diversão descompromissada.
Já que Kate havia emplacado sucessos de bilheteria no gênero comédia romântica era até esperado que ela seguisse nesse mesmo filão por algum tempo, afinal Hollywood são negócios, acima de tudo. Assim em 2008 ela surgiu nas telas em mais uma comédia chamada "Amigos, Amigos, Mulheres à Parte". Aqui ela atuou ao lado de Dane Cook. Esse humorista sempre fez uma linha mais agressiva, com piadas sujas, etc. Na verdade ele surgiu nos palcos, contando esse tipo de humor politicamente incorreto. Ao lado de Kate as coisas foram mais suavizadas por um roteiro mais de acordo com o público dela, embora houvesse algumas baixarias, aqui e acolá. É um filme descartável, para assistir uma única vez, dar algumas risadinhas e jogar fora.
"Noivas em Guerra" é um pouquinho mais elegante, onde o diretor Gary Winick tentou soar mais sofisticado. Mesmo assim essa comédia romântica também não consegue se destacar muito. O grande atrativo vem da dobradinha entre Kate e a atriz Anne Hathaway. Ela interpreta uma amiga da personagem de Hudson que acaba criando uma rivalidade com ela. Assim ambas começam a disputar entre si por todas as coisas, inclusive sobre seus próprios casamentos, uma querendo ter o casamento melhor do que a outra - chegam ao absurdo de marcarem o casamento para o mesmo dia, apenas em nome da rivalidade. Fraquinho, bobinho, mas as duas atrizes pareceram se divertir bastante em cena.
Depois dessas duas produções como estrela e protagonista, Kate resolveu ficar um pouco mais sem segundo plano no drama musical "Nine". Nunca gostei muito dessa produção, mas inegavelmente fez bastante sucesso, principalmente de crítica, levando uma penca de indicações nos principais prêmios do cinema internacional, entre eles o Oscar e o Globo de Ouro. Nesse filme Kate Hudson é apenas uma coadjuvante de luxo para gente como Daniel Day-Lewis, Nicole Kidman, Penélope Cruz, Judi Dench e Sophia Loren. Seguramente é o seu filme com o elenco mais marcante e talentoso. Pena que ela mesma não tenha muito espaço no meio de tantos astros e estrelas.
Em 2010 Kate Hudson procurou por novos ares, novos desafios. Depois de "Nine" ela queria atuar em algo melhor. Comédias românticas estavam descartadas, pelo menos por um tempo. Assim ela embarcou no thriller policial de terror e suspense "O Assassino em Mim". A trama explora a figura de um serial killer (um assassino em série) atuando em uma cidade do Texas. Gosto desse filme, principalmente (mais uma vez) por causa de seu bom elenco que conta com, além de Kate, Casey Affleck (recentemente premiado com o Oscar) e Jessica Alba.
"Pronta para Amar" é um bom filme. O tema é pesado, mostrando o drama de uma jovem que descobre que está com uma doença incurável, só que o roteiro procura enfocar tudo de maneira leve. A própria Kate procura tornar sua personagem bem simpática, amena. Nada parecida com aquelas antigas personagens de filmes antigos onde tudo era visto como uma grande tragédia, com uso excessivo de cores dramáticas em cada momento. É um bom filme, como frisei, só não foi muito marcante em sua carreira como um todo.
Até para contrabalancear o filme anterior, um drama sobre doenças, a Kate Hudson realizou logo em seguida a comédia romântica "O Noivo da Minha Melhor Amiga". Considero esse filme bem fraco e descartável. É a estorinha de duas amigas, sendo que uma delas vai se casar. A outra, como é bem de praxe nesse tipo de filme, acaba se apaixonando justamente pelo noivo dela! Caos à vista! Nada muito digno de nota a não ser a boa direção de arte que em alguns momentos tenta até mesmo reviver o clima das antigas comédias românticas dos anos 60, com destaque para as que traziam a dupla Rock Hudson e Doris Day. Um filme bonitinho, mas ordinário também.
O filme que veio logo a seguir se chamou "O Relutante Fundamentalista". Não gostei muito também. O papel da Kate Hudson nesse filme é até bem secundário. Ela interpreta a namorada de um estrangeiro, vindo de um país árabe, que vai estudar nos Estados Unidos. Quando acontece o 11 de setembro, com os ataques terroristas, ele fica dividido entre a lealdade com seu povo de origem e a nova realidade de sua vida na América. É aquele tipo de filme cheio de boas intenções, mas que não funciona direito. Além disso não podemos esquecer de que boas intenções o inferno está cheio!
Pablo Aluísio.
Só com Quase Famosos foi que ela se tornou realmente um nome quente no cinema. O filme, muito bem escrito e dirigido por Cameron Crowe, era um retrato da vida na estrada de bandas de rock nos anos 70. Kate interpretava uma groupie chamada Penny Lane (o mesmo nome da famosa canção dos Beatles). O filme foi sucesso de crítica e público e acabou ganhando um status de cult movie com o passar dos anos. A trilha sonora também era fantástica. Como Kate chamou todas as atenções por sua atuação logo os estúdios lhe ofereciam propostas para ser a atriz, a estrela, de novos filmes. Os dias de coadjuvante tinham chegado ao fim.
Antes disso porém Kate tinha assinado para participar de um filme com Richard Gere chamado Dr T e as Mulheres. Não era um grande filme, mas daria a ela a chance de atuar ao lado do famoso galã de Hollywood - naquela altura já em sua fase de cabelos grisalhos. O interessante é que o filme que deveria transformar Kate em uma grande estrela não foi bem de bilheteria. O épico histórico Honra & Coragem - As Quatro Plumas não foi prestigiado pelo público. Considerado chato pelos jovens e recebido friamente pela crítica em seu lançamento acabou não agradando a quase ninguém. O único aspecto positivo foi que ela teve a oportunidade de contracenar com Heath Ledger, jovem ator que morreria muito cedo, vítima de uma overdose de drogas. Imortalizado no papel de Coringa no cinema, Ledger não teve tempo de desfrutar de sua fama.
Depois desse fracasso os planos mudaram. Havia um nicho muito bom para Kate direcionar sua carreira: a das comédias românticas. Era uma fase em que o público feminino garantia a boa bilheteria desse tipo de produção. Assim ela resolveu apostar em um bom roteiro sobre relacionamentos. O filme se chamava Como Perder um Homem em 10 Dias. Kate interpretava uma jornalista que testava sua própria tese sobre as coisas que jamais se deveria fazer em um relacionamento. A dupla ao lado do ator Matthew McConaughey (que também tinha ótimo timing para esse tipo de filme) se revelou certeiro e ela conseguiu seu primeiro grande sucesso de bilheteria como atriz principal. Finalmente Kate Hudson se tornava chamaria de bilheteria, abrindo uma nova fase em sua carreira.
Depois que Kate Hudson descobriu o caminho do sucesso ela não parou mais de realizar filmes. Os estúdios há tempos vinham em busca da nova namoradinha da América. Kate surgiu na hora certa para ocupar esse espaço. Em Um Presente Para Helen a atriz conseguiu discutir um tema sério (a escolha de muitas mulheres entre ter uma carreira ou cuidar de seus filhos) de forma bem interessante, sem com isso perder o humor e a leveza. A personagem de Kate era a de uma mulher moderna, profissional no pico da carreira, que de repente se via na delicada situação de ter que cuidar de crianças. Tanto público e crítica gostaram bastante do resultado.
Depois tentando mudar um pouco os ares a atriz estrelou uma fita de terror! Algo inesperado por muita gente. Em A Chave Mestra, Kate interpretava uma jovem cética que tinha que aprender sobre o mundo espiritual de uma forma nada convencional. Vivendo em uma New Orleans cheia de magia, feitiços e maldições, ela acaba tendo contato com o lado mais negro das crenças do sobrenatural. O filme tinha uma excelente direção de arte e o clima adequado, porém a crítica se dividiu. Para alguns faltaram sustos, se tornando uma fita que apostava muito em um terror mais psicológico. Para outros o que realmente faltava no roteiro era sutileza. De qualquer maneira, apesar do bom resultado final, acabou sendo o primeiro e único filme de terror de sua carreira.
Assim ela acabou voltando para as comédias românticas onde atingia sempre os melhores números do ponto de vista comercial. No divertido Dois é Bom, Três é Demais, Kate contracenou com o ator Owen Wilson. O filme era uma comédia até bobinha, mas divertida, sobre um casal que tinha que aguentar o amigo sem futuro do marido. Nos bastidores Kate acabou tendo um caso amoroso ligeiro com Wilson que acabou ficando perdidamente apaixonado por ela. Depois do fim do breve namoro o ator entrou em uma depressão profunda e acabou tentando o suicídio com uma overdose de drogas legais (calmantes). O fato deixou Kate completamente transtornada pois ela definitivamente tinha encarado tudo como um flerte sem maiores consequências, enquanto Owen a via como o amor de sua vida. Até hoje Kate se recusa a falar no assunto que para ela causa grande desconforto pessoal.
Superados os dramas da vida real ela voltou a estrelar outra comédia, o filme Um Amor de Tesouro. Novamente fazendo par com Matthew McConaughey. Os dois sempre se deram muito bem juntos e não seria diferente agora. O filme tem uma levada de muito bom humor, misturado com um estilo de aventura em alto mar. Entre tapas e beijos o casal tentava encontrar um tesouro milionário na costa dos Estados Unidos. Com ótimas e divertidas cenas, que aproveitavam toda a beleza natural, a fita fez relativo sucesso comercial, sendo destroçada pela crítica americana que considerou o resultado bobo e descartável demais. Um filme para pura diversão descompromissada.
Já que Kate havia emplacado sucessos de bilheteria no gênero comédia romântica era até esperado que ela seguisse nesse mesmo filão por algum tempo, afinal Hollywood são negócios, acima de tudo. Assim em 2008 ela surgiu nas telas em mais uma comédia chamada "Amigos, Amigos, Mulheres à Parte". Aqui ela atuou ao lado de Dane Cook. Esse humorista sempre fez uma linha mais agressiva, com piadas sujas, etc. Na verdade ele surgiu nos palcos, contando esse tipo de humor politicamente incorreto. Ao lado de Kate as coisas foram mais suavizadas por um roteiro mais de acordo com o público dela, embora houvesse algumas baixarias, aqui e acolá. É um filme descartável, para assistir uma única vez, dar algumas risadinhas e jogar fora.
"Noivas em Guerra" é um pouquinho mais elegante, onde o diretor Gary Winick tentou soar mais sofisticado. Mesmo assim essa comédia romântica também não consegue se destacar muito. O grande atrativo vem da dobradinha entre Kate e a atriz Anne Hathaway. Ela interpreta uma amiga da personagem de Hudson que acaba criando uma rivalidade com ela. Assim ambas começam a disputar entre si por todas as coisas, inclusive sobre seus próprios casamentos, uma querendo ter o casamento melhor do que a outra - chegam ao absurdo de marcarem o casamento para o mesmo dia, apenas em nome da rivalidade. Fraquinho, bobinho, mas as duas atrizes pareceram se divertir bastante em cena.
Depois dessas duas produções como estrela e protagonista, Kate resolveu ficar um pouco mais sem segundo plano no drama musical "Nine". Nunca gostei muito dessa produção, mas inegavelmente fez bastante sucesso, principalmente de crítica, levando uma penca de indicações nos principais prêmios do cinema internacional, entre eles o Oscar e o Globo de Ouro. Nesse filme Kate Hudson é apenas uma coadjuvante de luxo para gente como Daniel Day-Lewis, Nicole Kidman, Penélope Cruz, Judi Dench e Sophia Loren. Seguramente é o seu filme com o elenco mais marcante e talentoso. Pena que ela mesma não tenha muito espaço no meio de tantos astros e estrelas.
Em 2010 Kate Hudson procurou por novos ares, novos desafios. Depois de "Nine" ela queria atuar em algo melhor. Comédias românticas estavam descartadas, pelo menos por um tempo. Assim ela embarcou no thriller policial de terror e suspense "O Assassino em Mim". A trama explora a figura de um serial killer (um assassino em série) atuando em uma cidade do Texas. Gosto desse filme, principalmente (mais uma vez) por causa de seu bom elenco que conta com, além de Kate, Casey Affleck (recentemente premiado com o Oscar) e Jessica Alba.
"Pronta para Amar" é um bom filme. O tema é pesado, mostrando o drama de uma jovem que descobre que está com uma doença incurável, só que o roteiro procura enfocar tudo de maneira leve. A própria Kate procura tornar sua personagem bem simpática, amena. Nada parecida com aquelas antigas personagens de filmes antigos onde tudo era visto como uma grande tragédia, com uso excessivo de cores dramáticas em cada momento. É um bom filme, como frisei, só não foi muito marcante em sua carreira como um todo.
Até para contrabalancear o filme anterior, um drama sobre doenças, a Kate Hudson realizou logo em seguida a comédia romântica "O Noivo da Minha Melhor Amiga". Considero esse filme bem fraco e descartável. É a estorinha de duas amigas, sendo que uma delas vai se casar. A outra, como é bem de praxe nesse tipo de filme, acaba se apaixonando justamente pelo noivo dela! Caos à vista! Nada muito digno de nota a não ser a boa direção de arte que em alguns momentos tenta até mesmo reviver o clima das antigas comédias românticas dos anos 60, com destaque para as que traziam a dupla Rock Hudson e Doris Day. Um filme bonitinho, mas ordinário também.
O filme que veio logo a seguir se chamou "O Relutante Fundamentalista". Não gostei muito também. O papel da Kate Hudson nesse filme é até bem secundário. Ela interpreta a namorada de um estrangeiro, vindo de um país árabe, que vai estudar nos Estados Unidos. Quando acontece o 11 de setembro, com os ataques terroristas, ele fica dividido entre a lealdade com seu povo de origem e a nova realidade de sua vida na América. É aquele tipo de filme cheio de boas intenções, mas que não funciona direito. Além disso não podemos esquecer de que boas intenções o inferno está cheio!
Pablo Aluísio.
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