quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O Abominável Dr. Phibes

Título no Brasil: O Abominável Dr. Phibes
Título Original: The Abominable Dr. Phibes
Ano de Produção: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: American International Pictures (AIP)
Direção: Robert Fuest
Roteiro: James Whiton, William Goldstein
Elenco: Vincent Price, Joseph Cotten, Hugh Griffith
  
Sinopse:
O Dr. Anton Phibes (Vincent Price) é um cientista renomado e prestigiado que vê sua vida sair dos trilhos após um grave acidente. O carro em que viajava sai da estrada e ele fica desfigurado com a batida. Pior do que isso, sua amada esposa morre. Inconformado com os rumos do destino e sofrendo de alucinações o antes equilibrado e racional homem da ciência começa um plano de vingança contra todos aqueles que ele culpa pela tragédia.

Comentários:
É curioso que na fase final de sua carreira o ídolo dos filmes de terror Vincent Price tenha estrelado o maior sucesso comercial de sua filmografia. Sim, "The Abominable Dr. Phibes" foi o maior sucesso de bilheteria de Vincent Price. Ele mal sabia que ao aceitar o convite para atuar como o insano Phibes iria se tornar mais popular do que nunca. Um veterano das telas que realmente merecia esse reconhecimento. Bem recebido por público e crítica em seu lançamento o status cult desse filme só cresceu com o passar dos anos. Para os especialistas essa fita tinha uma primorosa direção de arte (a ponto de alguns deles afirmarem que era o último suspiro da era dos filmes barrocos de terror), um roteiro muito bem escrito (baseado em uma velha peça teatral londrina) e, é claro, a sempre marcante atuação de Price, com sua voz maravilhosa, uma de suas maiores marcas registradas. O curioso é que o ator passa grande parte do filme escondido nas sombras ou sob pesada maquiagem, mas nem isso atrapalhou. Esse "O Abominável Dr. Phibes" é realmente um de seus momentos mais marcantes nas telas. Price inclusive foi homenageado na Espanha, durante o Sitges - Catalonian International Film Festival, recebendo o prêmio de melhor ator. Mais do que merecido, não apenas pelo conjunto da obra, mas também por seu carisma à prova de falhas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O Mestre dos Gênios

Título no Brasil: O Mestre dos Gênios
Título Original: Genius
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Riverstone Pictures
Direção: Michael Grandage
Roteiro: John Logan
Elenco: Colin Firth, Jude Law, Nicole Kidman, Guy Pearce, Laura Linney, Dominic West, Vanessa Kirby
  
Sinopse:
O filme narra a história real do editor de livros Maxwell Evarts Perkins (Colin Firth). Trabalhando em uma editora de Nova Iorque ele acaba trabalhando ao lado de alguns dos maiores escritores da história americana como F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway. Recebendo dezenas de textos novos todos os dias para analisar, ele acaba se interessando por um novo romance escrito por um jovem desconhecido chamado Thomas Wolfe (Jude Law). Com imenso talento para escrever, ele é um tipo explosivo, complicado de se lidar no dia a dia. Mesmo assim Maxwell resolve contratá-lo, iniciando a partir daí um relacionamento dos mais marcantes da história da literatura. Filme indicado ao Urso de Ouro do Berlin International Film Festival.

Comentários:
Esse é exatamente o tipo de filme que mais sinto falta nos dias atuais. Apostando em um roteiro mais sofisticado, inteligente e sutil, o texto aposta suas fichas no conturbado relacionamento profissional entre um famoso editor de livros e um jovem escritor, cheio de ideias inovadoras e com muita vontade de se consagrar no mundo da literatura. Certamente não é o tipo de produção que vai arrecadar milhões nas bilheterias, mas certamente será aquele tipo de filme que vai lhe trazer muito prazer em assistir, ainda mais se você faz do hábito da leitura um companheiro em suas horas vagas. E não estamos aqui falando de literatura de bolso de baixa qualidade ou importância, mas sim de alguns dos escritores mais importantes da literatura mundial em todos os tempos. O filme traz para a tela três deles: F. Scott Fitzgerald (em plena crise de criatividade, passando por um sério problema pessoal com o gradual processo de enlouquecimento de sua esposa), Ernest Hemingway (ainda expansivo como só ele sabia ser, prestes a escrever sua maior obra prima, "Por Quem os Sinos Dobram") e finalmente o novato do trio, o esfuziante Thomas Wolfe (chegando ao ponto de ser um figura constrangedora por causa de seu temperamento explosivo). O ponto de ligação de todos eles era justamente o veterano editor Maxwell Perkins (em contida interpretação do sempre correto Colin Firth). 

O enredo se passa na década de 1940, em um tempo em que os lares sequer tinham televisão (e onde todos se reuniam ao redor do rádio para ouvir as notícias e as radionovelas). Há uma deliciosa narrativa explorando a vida (muitas vezes sofrida) de todos esses consagrados escritores, mostrando que ser um editor naqueles tempos pioneiros não era certamente algo fácil, pois além de trabalhar bastante nos próprios livros, esse ainda tinha que ser amigo pessoal, psicólogo e braço direito. Era realmente um tipo de relação muito próxima, que ultrapassava em muito a mera aproximação profissional. Todo o elenco está bem, porém o destaque mesmo vai para Jude Law. O seu Thomas Wolfe lhe abre as melhores oportunidades de declarar os mais bem escritos diálogos do filme. Já o mesmo não se pode falar da estrela Nicole Kidman. Ela interpreta uma mulher perturbada psicologicamente por ter se envolvido com Wolfe, chegando ao ponto inclusive de tentar suicídio na própria editora de seu amado! De qualquer forma, mesmo em papel reduzido, Kidman acrescenta sempre algo nos filmes em que trabalha. Então é isso. Essa é uma boa indicação para quem esteja procurando por um tipo de produção mais sofisticada, como escrevi. Um filme de muito bom gosto, ótima produção, excelente direção de arte e reconstituição de época, que seguramente vai satisfazer até mesmo o gosto dos cinéfilos mais exigentes. É sem dúvida um filme altamente recomendado.

Pablo Aluísio.

Tomorrowland

Título no Brasil: Tomorrowland
Título Original: Tomorrowland
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Studios
Direção: Brad Bird
Roteiro: Damon Lindelof, Brad Bird
Elenco: George Clooney, Britt Robertson, Hugh Laurie, Raffey Cassidy, Tim McGraw, Keegan-Michael Key
  
Sinopse:
Durante a feira mundial de 1964 o garoto Frank Walker (Thomas Robinson) acaba sendo levado para um mundo futurista, com naves e inventos maravilhosos. Os anos passam e agora é a vez da garota Casey Newton (Britt Robertson) de ser levada até Tomorrowland! Antes porém ela precisará ser salva do ataque de robôs do futuro enviados pelo maquiavélico governador Nix (Hugh Laurie). Filme indicado ao Teen Choice Awards e ao Visual Effects Society Awards.

Comentários:
Esse filme acabou se tornando um dos maiores fracassos comerciais da história da Disney. Com orçamento próximo de 200 milhões de dólares não conseguiu render nem um terço disso nas bilheterias. Um fracasso merecido. A questão é que temos aqui um dos roteiros mais mal escritos que já vi na minha vida. Só para se ter uma ideia de como ele soa confuso na tela: o espectador fica perdido, no ar, sem saber direito tudo o que está acontecendo, por aproximadamente 90 minutos! (isso em um filme com pouco mais de 110 minutos de duração!). Haja paciência! Pouca coisa é explicada e quando a trama finalmente é revelada se torna uma decepção enorme por ser boba, vazia e sem novidades. Até mesmo a cena final é cheia de clichês saturados. Basicamente é uma ficção ao estilo aventura infanto-juvenil (para usar de uma expressão bem antiga), baseada em um universo com duas dimensões paralelas, uma que seria a nossa realidade e a outra, futurista, com um mundo perfeito. Não adianta tentar encontrar algo a mais porque simplesmente não há! O projeto nasceu quando a Disney resolveu levar para as telas um brinquedo temático de um de seus parques de diversões (isso mesmo, um filme baseado em um brinquedo!). A que ponto se chegou na falta de originalidade não é mesmo?... Pois bem, para isso criaram um enredo tão descartável que não é preciso ir muito além para saber que o filme se resume a uma orgia visual de efeitos visuais com roteiro praticamente inexistente. Uma perda de tempo. Depois que o filme afundou comercialmente o ator George Clooney explicou que fez o filme por causa de sua mensagem ao estilo "Vamos salvar o planeta enquanto há tempo!". Isso é o que dá ser chatinho e politicamente correto além da conta não é mesmo Sr. Clooney? Francamente...

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Atividade Paranormal

Título no Brasil: Atividade Paranormal
Título Original: Paranormal Activity
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Solana Films, Blumhouse Productions
Direção: Oren Peli
Roteiro: Oren Peli
Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Fredrichs, Amber Armstrong, Ashley Palmer
  
Sinopse:
Um jovem casal se muda para uma nova casa no subúrbio. No começo tudo vai muito bem, eles estão apaixonados e felizes por estarem finalmente em sua casa própria. Os problemas porém não tardam e começam a surgir durante as madrugadas. Para registrar tudo o casal decide deixar câmeras filmando tudo, 24 horas por dia! O que estas imagens revelam deixam todos apavorados. Uma presença demoníaca ronda as noites escuras naquela casa. Filme indicado ao Fangoria Chainsaw Awards, ao Independent Spirit Awards e ao MTV Movie Awards.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme da franquia "Paranormal Activity". Quem é fã de terror sabe muito bem que esse filme, para o bem ou para o mal, acabou sendo um dos mais influentes dos últimos anos. Isso se deve ao fato de que a estética que é utilizada nessa produção acabou virando uma febre entre filmes de terror mais recentes. A fórmula realmente é muito tentadora pois é muito barata, fácil de se produzir, contando com uma falsa realidade para assustar o público. É o estilo Mockumentary, mais conhecido entre nós como "falso documentário", ou seja, uma obra cinematográfica que tenta reproduzir filmagens amadoras, feitas por qualquer pessoa, captando eventos extraordinários. Tudo é colocado para o público como se fossem registros amadores verdadeiros e não pura ficção. Isso acaba criando uma identificação que ajuda bastante na construção do medo e do terror. Esse tipo de filme começou a virar recorrente com o sucesso de "A Bruxa de Blair" que tentou convencer o público de que tudo o que se via na tela era a mais pura (e assustadora) verdade. Com "Atividade Paranormal" a ideia vai além. O foco é aquela típica família suburbana americana sendo assustada por eventos paranormais que simplesmente não se pode explicar. Nos cinemas o trailer valorizava mais a reação do público do que o filme em si, mostrando as reais intenções dos realizadores desse tipo de filme. Deu certo. Com orçamento extremamente enxuto e econômico a fita rendeu uma excelente bilheteria que justificaria uma infinidade de sequências, cada vez mais fracas e ruins. Não importa, em Hollywood como diz o ditado "money talks", ou seja, o dinheiro manda. Enquanto houver público para esse tipo de filme certamente haverá continuações, ano após ano.

Pablo Aluísio.

O Chacal

Título no Brasil: O Chacal
Título Original: The Jackal
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Michael Caton-Jones
Roteiro: Kenneth Ross, Chuck Pfarrer
Elenco: Bruce Willis, Richard Gere, Sidney Poitier, Diane Venora, Mathilda May, J.K. Simmons, Jack Black
  
Sinopse:
Durante anos um assassino profissional conhecido apenas como "O Chacal" cometeu crimes em vários países do mundo. Agora ele está nos Estados Unidos, pronto para cumprir um contrato de setenta milhões de dólares para eliminar um influente político americano. O FBI e a CIA precisam descobrir seu paradeiro antes que o crime seja cometido, porém poucos conhecem o rosto do Chacal. Uma dessas pessoas é um ex-terrorista do grupo irlândes IRA. Assim o condenado Declan Mulqueen (Gere) aceita colaborar na caça do Chacal em troca de certos benefícios para si próprio.

Comentários:
A ideia original era até muito boa. Uma nova adaptação para o famoso livro "O Dia do Chacal", um dos mais consagrados livros de ficção dos últimos anos. O filme original de 1973, dirigido por Fred Zinnemann, é sem dúvida um dos maiores clássicos modernos do cinema. O problema é que logo que começou a adaptação o estúdio resolveu ir por outro caminho. Ao invés de adaptar o enredo original procurou-se criar uma nova trama, com outros rumos. Aí a coisa toda desandou. O filme virou uma fita de ação genérica (embora competente) que muito pouco utilizava do romance original. O grande atrativo assim saia das páginas da literatura para o puro cinema. Entre eles o fato do filme contar com um excelente elenco, com direito a presença do veterano Sidney Poitier. O diretor Michael Caton-Jones sem dúvida criou um filme muito ágil, com excelente sequências de ação, porém algo se perdeu nesse processo. Bruce Willis como o assassino profissional Chacal não convence muito, porque está de certo modo preguiçoso em cena. Melhor se sai, quem diria, Richard Gere. Com um modo de interpretação mais sofisticado, menos brutamontes, ele acabou roubando grande parte do filme para si. No geral é isso. uma fita competente de ação, mas que fica longe, bem longe, do clássico "O Dia do Chacal", aquele sim um dos melhores da história do cinema.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Jovens Adultos

Título no Brasil: Jovens Adultos
Título Original: Young Adult
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Diablo Cody
Elenco: Charlize Theron, Patrick Wilson, Patton Oswalt, Elizabeth Reaser, Collette Wolfe, Jill Eikenberry
  
Sinopse:
Prestes a chegar aos 40 anos, a vida para Mavis Gary (Charlize Theron) parece não ir para frente. Ela está divorciada, se envolvendo com os homens errados em relacionamentos fracassados e casuais que não vão para lugar nenhum. Pior é olhar para o passado e se lembrar de seus tempos de escola quando era muito popular entre seus amigos. Agora ela descobre que sua antiga paixão da juventude está casado e muito feliz, pai de um lindo garotinho. Irritada com o seu destino Mavis resolve então voltar para sua velha cidadezinha natal onde pretende reconquistar o coração de seu namorado do passado. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Charlize Theron).

Comentários:
Bom filme, bem valorizado pela inspirada atuação da atriz Charlize Theron (que de certo modo deixou a vaidade de lado!). Ela interpreta uma mulher amarga, frustrada e magoada pelo tempo que tenta voltar para o passado, quando era admirada pelos amigos e colegas da escola. Um linda garota loira e popular dos tempos de escola que pareceu não ter dado muito certo! O problema é que esse passado obviamente não existe mais. Nem seu antigo namorado a quem ela nunca esqueceu tampouco é a mesma pessoa de antes. Mesmo assim ela resolve ignorar tudo e partir para o ataque, causando todos os tipos de constrangimentos, mal entendidos e problemas ao tentar voltar para um mundo ao qual ela não mais pertence. O filme é supostamente uma comédia, porém o humor que vemos aqui é obviamente bem negro, sarcástico até. O roteiro, escrito pela roteirista e stripper Diablo Cody explora muito bem a geração que já está nos "trinta e tantos" chegando perigosamente aos "quarenta e poucos", em um um momento da vida em que vários sonhos se evaporaram no ar e nada mais parece muito promissor pela frente. É um tipo de humor que também vai deixar uma estranha sensação de desconforto em que assiste ao filme. E é justamente por isso que vale a pena a sessão. Assista, se divirta e se possível se identifique. O sorriso amarelo logo surgirá, constrangido, em seu rosto.

Pablo Aluísio.

Quantico

Ontem assisti ao episódio piloto dessa nova série Quantico. De antemão já sabia que não era grande coisa. Basta dar uma olhada no elenco para verificar que não vinha nada de muito bom pela frente. O canal abc não se notabilizou por ser ousado em termos de séries. Como convém a uma canal aberto americano eles ficam por ali mesmo, no esquema mainstream, tudo formulaico e cheio de clichês. O alvo é o público médio, que apenas quer curtir um enlatado no fim da noite de um dia de trabalho duro. Não existe espaço para ousadias ou inovações. O tema é batido. Um grupo de jovens de todos os lugares e origens dos Estados Unidos vão até a cidade de Quantico onde funciona a academia do FBI. Eles sonham se tornar agentes federais. No meio do caminho para lá, numa viagem de trem, a futura agente Alex Parrish (interpretada pela bonita atriz indiana Priyanka Chopra) resolve dar uns pegas em um cara bonitão que encontra por acaso. Depois dos amassos ela o dispensa sem maiores rodeios, dizendo que ele não é o seu tipo. Mero sexo casual. Para sua surpresa acaba encontrando ele de novo, só que em Quantico! Pois é, ele também era um dos novatos da Academia.

Bom, pela simples menção dessa pequena sinopse já deu para perceber que a série é mais uma daquelas bem bobinhas da TV americana. Essa mania de usar um monte de atores que mais parecem modelos como policiais já se esgotou, principalmente em programas do tipo Chicago Fire, Chicago PD ou até mesmo Rookie Blue. Também não espere por roteiros bem escritos ou surpreendentes. Nesse piloto há duas linhas temporais. No passado vamos acompanhando a chegada dos novos alunos de Quantico, as primeiras experiências, antipatias e simpatias entre eles. Depois vamos descobrindo gradualmente que muitos deles escondem algo. Já no presente encontramos a agente Alex no meio de um prédio que acabou de sofrer um atentado terrorista. O seu chefe acredita que alguém de sua turma de formandos esteve envolvido na tragédia. Inclusive ela própria vira uma suspeita. Quem seria o terrorista? Pronto, acaba por aí mesmo. Não me convenceu, não me animou e muito provavelmente não seguirei acompanhando. Depois de muitos anos assistindo séries você vai criando um bom instinto sobre o que presta ou não presta nesse universo. Em se tratando de algumas séries você não precisa nem perder seu tempo.

Quantico (Quantico 1.01 - Run, EUA, 2015) Direção: Marc Munden / Roteiro: Joshua Safran / Elenco: Priyanka Chopra, Josh Hopkins, Jake McLaughlin. / Sinopse: Um grupo de jovens estudantes vão para Quantico para começar seus estudos na famosa academia policial do FBI. Série produzida pelo canal abc.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de setembro de 2016

Até o Fim

Título no Brasil: Até o Fim
Título Original: All the Way
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO Films
Direção: Jay Roach
Roteiro: Robert Schenkkan
Elenco: Bryan Cranston, Frank Langella, Bradley Whitford, Melissa Leo, Stephen Root, Anthony Mackie
  
Sinopse:
Após o assassinato de JFK em Dallas, assume a presidência dos Estados Unidos seu vice, Lyndon Johnson (Bryan Cranston). Na Casa Branca seu grande desafio passa a ser a aprovação pelo Congresso da Lei dos Direitos Civis. Para isso ele passa a contar com o apoio do pastor e líder negro Martin Luther King, Jr (Anthony Mackie). Os desafios porém são muitos, inclusive dobrar a ferrenha oposição de parlamentares do Sul, região tradicionalmente mais racista daquele país. Enquanto tenta a aprovação da lei o presidente Johnson também precisa lidar com o crescente envolvimento militar americano em um país asiático distante chamado Vietnã. Filme indicado a oito prêmios Emmy, entre eles melhor filme, melhor direção (Jay Roach), melhor ator (Bryan Cranston) e melhor atriz (Melissa Leo).

Comentários:
Lyndon Johnson (1908 - 1973) foi um presidente americano diferente. Ele era um político tradicional e meio apagado que de repente se viu no meio do furação após o assassinato em Dallas do presidente John Kennedy. Como era o vice de JFK assumiu a presidência. Ao contrário de seu antecessor ele passava longe de ser um grande estatista. Meio bronco e chucro, um autêntico caipira sulista, ele tinha um jeito diferente de tratar com todos os problemas políticos que lhe surgiam pela frente. Era um sujeito pragmático, que nem sempre pensava com muita sensatez. Também sondava constantemente com a ilegalidade, como podemos ver no filme em suas delicadas relações com o diretor geral do FBI, J. Edgar Hoover. Esse presidente ficou marcado na história por dois eventos principais durante seu mandato, um positivo e outro negativo. O positivo foi a aprovação da lei dos direitos civis, uma velha bandeira de JFK. O negativo foi o envolvimento cada vez maior dos Estados Unidos na lama do Vietnã, o conflito armado mais desastroso da história daquela nação. Como ele não tinha muita visão de política internacional foi enviando cada vez mais tropas para o Vietnã, o que acabou causando aquele desastre imenso que bem conhecemos. 

O roteiro do filme porém pouco lida com a questão dessa guerra (que inclusive foi determinante para que ele depois desistisse de se reeleger por uma segunda vez). Ao invés disso prefere mostrar os esforços de Johnson em aprovar as leis de direitos civis em prol da população negra, sem desviar a atenção do presidente da tormentosa questão de sua própria reeleição. Quem interpreta o presidente nesse bom filme é o talentoso ator Bryan Cranston. Usando forte maquiagem para se parecer com Lyndon Johnson, ele pouco lembra de seu papel mais famoso, o do professor de química Walter White da série "Breaking Bad". Penso que nessa altura do campeonato ninguém mais tem dúvidas de como ele é um grande ator. Aqui, na pele do presidente Johnson, ele consegue simplesmente desaparecer em seu personagem (algo que apenas os grande atores conseguem realizar). Outro grande destaque vem da interpretação do veterano Frank Langella. Ele interpreta um velho senador do sul chamado Richard Russell, um político que luta para derrubar a lei que amplia os direitos dos negros, embora ele próprio seja um grande amigo pessoal do presidente. Enfim, muito bom esse filme. Historicamente bem realizado, é um interessante retrato desse presidente que se considerava acima de tudo um mero acidente da história.

Pablo Aluísio.

Quadrilha do Inferno

Título no Brasil: Quadrilha do Inferno
Título Original: Posse from Hell
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Herbert Coleman
Roteiro: Clair Huffaker
Elenco: Audie Murphy, John Saxon, Lee Van Cleef, Zohra Lampert Vic Morrow, Robert Keith, Rodolfo Acosta
  
Sinopse:
Uma quadrilha de bandoleiros violentos chega numa cidadezinha do velho oeste chamada Paradise e toma vários moradores como reféns. Eles querem assaltar o banco da cidade e para isso usam as pessoas como verdadeiros escudos humanos. O Xerife tenta evitar, mas cai em uma emboscada e morre. Depois que roubam o banco os bandidos fogem com uma refém, uma jovem chamada Helen (Zohra Lampert). Os moradores então resolvem forma um grupo de resgate, comandados pelo assistente do xerife, Banner Cole (Murphy). Juntos vão para o deserto para tentar capturar os criminosos e libertar a refém.

Comentários:
Faroeste B da Universal estrelado pelo astro da época Audie Murphy (que se tornou estrela em Hollywood após ser o soldado americano mais condecorado na II Guerra Mundial). Pois bem, o roteiro como se pode perceber na sinopse, é bem básico, praticamente uma caçada a ladrões de bancos pelo deserto. Murphy interpreta um personagem um pouco antipático, um sujeito durão que não parece estar muito preocupado em ser educado ou gentil com os que lhe ajudam nessa empreitada. Em certos aspectos o sujeito é bastante rude e mal-educado. Assim quem acaba se destacando são dois coadjuvantes. O primeiro deles é o ator John Saxon. Ele interpreta um almofadinha, um empregado que o banco que foi roubado envia junto da patrulha comandada por Audie Murphy. Um sujeito de Nova Iorque que não parece acostumado nem a montar um cavalo, quanto mais a usar uma arma de fogo. A despeito de sua falta de jeito acaba se revelando uma surpresa quando finalmente o bando de ladrões é confrontado. 

Outro destaque vem da presença de  Lee Van Cleef. Ele interpreta um bandido, em um papel sem maior importância. Para os fãs de suas fitas de western spaghetti (que iria realizar depois quando foi para a Itália), é no mínimo curioso ver o ator, ainda bem jovem, dando os seus primeiros passos em sua longa lista de homens maus que iria interpretar no cinema. Por fim um aspecto do roteiro que merece ser citado. A jovem que é sequestrada pela quadrilha deixa claro para o personagem de Audie Murphy que foi estuprada por todos os criminosos que a tinham como refém. A forma direta que isso é tratado pelo roteiro causa surpresas, pois na época esse tema ainda era considerado tabu dentro do cinema americano. No máximo um crime como estupro era sugerido pelos roteiros e não tratado de forma tão aberta! Ela inclusive fica tão enojada e envergonhada por ter sido estuprada que se recusa a voltar para sua antiga cidadezinha, com receios de ficar estigmatizada. Esse detalhe do roteiro certamente era algo bem inovador na época, demonstrando que o filme, pelo menos nesse quesito, foi bem inovador.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de setembro de 2016

O Maior Amor do Mundo

Título no Brasil: O Maior Amor do Mundo
Título Original: Mother's Day
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate Pictures
Direção: Garry Marshall
Roteiro: Anya Kochoff, Matthew Walker
Elenco: Jennifer Aniston, Kate Hudson, Julia Roberts, Timothy Olyphant, Shay Mitchell, Margo Martinda
  
Sinopse:
Perto da chegada do dia das mães um grupo de mulheres, das mais diversas faixas etárias, precisa lidar com os problemas de relacionamento envolvendo suas mães e sua própria maternidade. Há a mãe divorciada (Aniston) que agora precisa lidar com o fato do ex-marido estar casado com uma jovem, praticamente uma adolescente, que poderia ser sua filha; uma esposa (Hudson) que esconde da própria mãe que se casou com um indiano (já que ela tem um claro preconceito contra imigrantes e estrangeiros) e uma irmã que agora vive um relacionamento gay escondido de seus pais. Tudo tratado com bom humor e leveza.

Comentários:
Esse é aquele tipo de filme feito por e para mulheres que dificilmente despertará o interesse do público masculino. Para o cinéfilo em geral o único atrativo virá realmente do elenco (que conta com três estrelas de Hollywood) e nada muito além disso. Como o título original sugere ("Mother's Day" ou Dia das Mães), o roteiro explora a maternidade em suas diversas fases e peculiaridades. Todas as protagonistas são mães que enfrentam todos os tipos de problemas e desafios em seu dia a dia. Embora o enredo tivesse um potencial dramático, envolvendo questões emocionais e familiares, tudo desanda para o humor bem mais leve, totalmente inofensivo e com carga dramática praticamente nula. Esse talvez seja o maior problema do filme. Não há espaço para conflitos entre os personagens, tudo parece ser solucionado com um sorrisinho no rosto, sem traumas, sem brigas, sem nada. O diretor Garry Marshall (falecido recentemente, sendo esse seu último filme) parecia ter receios de traumatizar seu público ou algo assim. De certa forma ele trata e subestima completamente o público, evitando qualquer tipo de cena mais forte ou mais relevante. Quando o filme fica inofensivo demais, mesmo sendo uma comédia romântica, a coisa toda desanda para a pura água com açúcar, tornando tudo tão plastificado e falso que fica complicado seguir o filme até o seu final (igualmente inócuo e desprovido de carga dramática). Outro problema vem do tratamento em relação aos homens. Não há figuras masculinas fortes no roteiro. Todos os homens parecem ou fracos ou idiotas, imbecilizados e idiotizados. Nenhum deles tem um papel positivo dentro da trama. Olyphant, por exemplo, é um boboca que se apaixona por uma jovem, ignorando que ela talvez só esteja atrás de seu dinheiro. De certa forma tudo parece se desenvolver em uma realidade fake, que definitivamente não convence ninguém. As situações são manipuladas demais e não são muito divertidas e nem particularmente engraçadas. É tudo tão bobinho pra falar a verdade... e não há como negar que o filme no geral é de um vazio absurdo! Assim as piores situações - como ver seu ex-marido se apaixonando por uma gatinha praticamente adolescente ou o preconceito racial de seus pais para com o seu marido de origem estrangeira - acabam virando meras piadinhas de salão, estorinhas engraçadas para você contar para suas amigas em sessões de fofocas e fuxicos. Francamente...

Pablo Aluísio.