Quando estava na Big Apple seu passatempo preferido era cruzar as longas avenidas da cidade, naquele período histórico quase deserta. Isso porque, como Brando bem explicou, a imensa maioria dos homens americanos estavam servindo no exterior, na Segunda Guerra Mundial, O ator assim era um dos poucos de sua idade que tinham ficado para trás já que havia sido dispensado do serviço militar após quebrar seu joelho em um jogo de futebol na escola. Sobre a vida de motoqueiro naqueles tempos pioneiros o ator relembrou alguns macetes para ser um autêntico rebelde. Uma delas era encher o casaco de jornais para evitar o frio intenso do inverno da cidade. Outra dica era procurar por sinais escritos no chão por giz, onde outros motoqueiros deixavam mensagens que apenas outros motoqueiros conseguiriam entender. Uma seta poderia indicar que ali havia restaurantes com comidas baratas e boas ou então que a vizinhança era perigosa no período noturno. Curiosamente Brando adorava passar as noites dirigindo por Nova Iorque. Muitas vezes preferia dormir nas praças ou no Central Park. Encostava sua máquina e ia tirar um cochilo. Nova Iorque nas décadas de 1940 e 1950 era considerada extremamente segura e o ator não tinha receios de dormir ao ar livre, sem problemas.
Isso sem esquecer as mulheres, sim as mulheres. Havia milhares delas pela cidade, todas sozinhas pois seus homens estavam na guerra. Para Brando não importava muito que fossem casadas ou comprometidas. Se estivessem dispostas a uma noite de aventuras ele certamente também estaria disposto. O ator adorava mulheres negras ou exóticas - ou como os americanos gostam de chamar, mulheres étnicas, latinas, orientais ou estrangeiras em geral. Não raro o ator conhecia uma mulher dessas durante a tarde e ia passar a noite ao seu lado. Algumas vezes as coisas não corriam muito bem, como naquela ocasião em que um dos soldados retornou à Nova Iorque bem na noite em que Brando desfrutava a companhia de sua esposa. Brando estava na cama com sua amante quando bateram na porta. Parecia um gigante dando murros na parede. Brando deu um pulo e descobriu que o sujeito era um negão com dois metros de altura, acostumado a virar carros com os próprios punhos. O jeito foi sair de mansinho pelas escadas de incêndio. Coisas de um jovem rebelde nos anos mais aventurescos de sua vida. Afinal de contas ser um rebelde selvagem não era coisa para qualquer um.
Pablo Aluísio.