Título no Brasil
: Sniper Americano
Título Original: American Sniper
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros, Village Roadshow Pictures
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Jason Hall, baseado no livro de Chris Kyle
Elenco: Bradley Cooper, Sienna Miller, Kyle Gallner
Sinopse:
Chris Kyle (Bradley Cooper) é um jovem texano que decide se alistar no grupo de elite das forças armadas denominado SEAL após ficar chocado com um atentado terrorista a uma embaixada americana no exterior. Exímio atirador, acaba sendo escalado para fazer parte do grupo de atiradores de elite de seu pelotão. Em pouco tempo se torna um sniper, um soldado especializado em dar tiros de precisão a longa distância. Com seu talento acaba matando mais de cem inimigos no front, lhe valendo o apelido de "A Lenda" entre seus companheiros de luta. Filme baseado em fatos reais. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Bradley Cooper), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Mixagem de Som. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Edição de Som. Também indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som.
Comentários:
Quem diria que nessa altura de sua vida o ator e diretor Clint Eastwood alcançaria a maior bilheteria de sua carreira! Imagine o número de filmes que ele realizou e dirigiu ao longo de todos esses anos e certamente você ficará surpreso ao saber que "Sniper Americano" acabou se tornando o maior êxito comercial de toda a sua filmografia. Clint parece ter melhorado ainda mais com a idade, tanto que apesar de ser um octogenário não se intimida com a velhice e nem pensa em se aposentar. Está firme e forte, já envolvido em inúmeros outros projetos. Ainda bem. O resulta só confirma que Clint está mesmo em plena forma criativa. Eastwood mostra mais uma vez que é de fato um exemplo de talento e vitalidade. Praticamente gostei de tudo em "American Sniper". O filme conseguiu mesclar dois aspectos que nem sempre conseguem conviver bem em fitas de ação mais convencionais. É bem sucedido ao explorar e mostrar o lado mais humano de Chris Kyle (Bradley Cooper), seus problemas adquiridos no campo de batalha, seus traumas e problemas no casamento sem perder o foco nas principais cenas de combate no campo de batalha. Assim Clint consegue como diretor se sair igualmente bem tanto nos dramas pessoais de seu personagem principal como nos momentos em que o mostra como um soldado que tem que realizar seu trabalho, mesmo que seja com o custo de muitas mortes de seus inimigos. O próprio Chris aliás se revela um militar muito interessante de se explorar em um filme como esse. Criado em uma típica família americana ele aprendeu a atirar desde cedo e depois com a explosão da guerra ao terrorismo internacional resolveu se alistar como voluntário em um grupo de elite da marinha americana. Era de certa forma um jovem patriota com uma certa dose de inocência sobre o que realmente se passava ao redor do mundo.
O resto é história. Ele acabou se tornando o mais mortífero atirador de elite da história das forças armadas americanas, tendo oficialmente abatido mais de 150 inimigos no front da guerra do Golfo (embora ele próprio contestasse essa informação alegando ter matado mais de 250 pessoas durante as quatro longas missões de que participou no Iraque). Claro que algo assim também traria uma carga emocional complicada de se lidar. Embora estivesse cumprindo seu estrito dever o fato é que em determinado momento de sua vida o peso de tantas mortes acabou pesando em seus ombros. Clint então procura mostrar os traumas psicológicos que acabou desenvolvendo em seu íntimo, embora externamente ainda cultivasse sua imagem de texano durão, bom de tiro e patriota. Eastwood inclusive foi criticado por certos setores da sociedade americana por ter, de certo modo, glamorizado a vida desse atirador, que publicamente dizia não ter se arrependido por nada do que fizera. Bobagem, considerei sua postura como cineasta nessa obra totalmente irrepreensível, do começo ao fim. Clint não endeusa ou idolatra seu personagem, não o ufaniza, apenas conta sua história da forma mais honesta possível, inclusive não esquecendo em nenhum momento de mostrar que ele era acima de tudo um ser humano que também sofria internamente pelas decisões que teve que tomar em batalha. Um belo filme, muito humano, que mostra que até mesmo nas mais mortíferas máquinas do complexo militar americano existe um resquício de humanidade, muitas vezes corroída por sua própria consciência e culpa por tudo o que precisou fazer em nome de sua querida pátria amada.
Pablo Aluísio.