domingo, 21 de julho de 2013

O Juiz

O personagem Juiz Dredd nasceu na década de 70 no mundo dos quadrinhos ingleses numa edição da cultuada revista "2000 AD". Criado por John Wagner e Carlos Ezquerra, Dredd exercia várias funções numa só: era policial de rua, juiz, júri e executor. O tema era violento mas também bastante imaginativo. Aos poucos os métodos do juiz justiceiro dos quadrinhos foi ganhando cada vez mais leitores ao ponto dele finalmente ter seu próprio título mensal, primeiro na Inglaterra e depois nos Estados Unidos. Com o sucesso de adaptações dos personagens da Marvel e DC Comics no cinema os estúdios partiram em busca de novos heróis para a produção de filmes que chamassem a atenção do público jovem nas bilheterias. Assim nasceu esse “O Juiz” que trazia no papel principal o ator Sylvester Stallone. Ele incorpora o próprio Dredd, um misto de vingador e justiceiro numa mega metrópole do futuro, Mega City One. O clima é pessimista – como sempre o futuro é retratado como um caos de violência e desrespeito à lei.

Uma das coisas que mais chamaram atenção na época em que o filme foi lançado foi sua direção de arte que pretendia trazer para as telas de cinema os figurinos e o mundo dos quadrinhos. Como sabemos nem sempre isso é muito fácil, até mesmo por causa do excesso de cores que são utilizados nas revistas em quadrinhos, algo que nem sempre surte o efeito desejado nos filmes. Por essa razão talvez o filme tenha envelhecido tão mal. Certamente é algo que foi considerado fiel nos anos 90 mas que revisto hoje em dia não funciona mais a contento. Stallone também parece bem inadequado para o papel. Alguns diálogos ditos por ele em cena não passa qualquer credibilidade. A produção também não enche os olhos, adotando um visual que hoje vai soar muito brega para o público mais jovem. O público adulto de Sly, fã de filmes de ação, também torceu o nariz já que esse mundo de adaptações de quadrinhos nunca foi sua praia. Assim “O Juiz” não conseguiu ser um sucesso. Hoje tudo acaba soando como um produto que foi ultrapassado pelo tempo. Prefira ver o novo filme do Juiz Dredd que apesar da produção mais modesta adotou um estilo mais próximo das estórias violentas dos gibis.

O Juiz (Judge Dredd, Estados Unidos, 1995) Direção: Danny Cannon / Roteiro: William Wisher Jr, Steven E. de Souza, baseado nos personagens criados por John Wagner e Carlos Ezquerra / Elenco: Sylvester Stallone, Armand Assante, Rob Schneider / Sinopse: No mundo brutal e violento do futuro o Juiz Dredd (Stallone) impõe lei e ordem nas ruas de uma megacidade super povoada, lotada de criminosos.

Pablo Aluísio.

Indiana Jones e a Última Cruzada

Considerado por muitos como o melhor filme da série Indiana Jones no cinema. Era para ser a última produção com o personagem, fechando uma trilogia vitoriosa mas Spielberg e Lucas inventaram de realizar um péssimo quarto filme que merece ser esquecido, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”. Mas deixemos esse fiasco de lado. Agora vamos nos concentrar nesse belo momento de Indiana no cinema. O filme tinha várias inovações sendo a mais celebrada a presença mais do que especial de Sean Connery no elenco. O ator vinha em um momento especial na carreira, estrelando grandes sucessos comerciais, além do reconhecimento da crítica e da Academia que o premiou com o Oscar de Melhor ator coadjuvante pelo excelente “Os Intocáveis”. O convite para fazer parte da série Indiana Jones partiu no jantar de entrega do Globo de Ouro. Spielberg e Lucas compartilharam a mesma mesa que Connery e lá mesmo tiveram a feliz idéia de o tornar o pai de Jones (muito embora Sean Connery não tivesse idade para ser pai de Harrison Ford, uma vez que apenas nove anos separava um do outro).

Isso foi deixado de lado e assim Sean Connery se tornou o professor Henry Jones, pai de Indiana, que agora reencontrava o filho na busca de uma das peças arqueológicas mais cobiçadas da história, o chamado Santo Graal, o cálice usado por Jesus Cristo na última ceia. O artefato estava há muitos séculos desaparecido, sendo a última citação de sua existência escrita como parte da história dos lendários cavaleiros templários, que dominaram Jerusalém durante as cruzadas. Rezava a lenda que aquele que tomasse do cálice ganharia a vida eterna. Como se sabe a mitologia em torno do Graal, das cruzadas e dos cavaleiros templários é extremamente rica o que trouxe um material fantástico para Lucas e os demais roteiristas que de fato fizeram um excelente trabalho. Pontuando tudo ainda havia o complicado relacionamento entre pai e filho (que rendeu ótimas e divertidas cenas). De quebra o filme ainda trazia uma ótima seqüência com o jovem Indiana Jones (interpretado pelo saudoso astro River Phoenix). Revisto hoje em dia o filme não envelheceu, continua tão charmoso como na época de seu lançamento e mostra que aventuras bem escritas resistem muito bem ao tempo, tal como o próprio Santo Graal.

Indiana Jones e a Última Cruzada (Indiana Jones and the Last Crusade, Estados Unidos, 1989) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Jeffrey Boam, George Lucas / Elenco:  Harrison Ford, Sean Connery, Denholm Elliott, River Phoenix / Sinopse: Indiana Jones (Harrison Ford) e seu pai Henry Jones (Sean Connery) partem em busca do chamado Santo Graal, o mitológico cálice sagrado que teria sido usado por Jesus Cristo na última ceia.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de julho de 2013

O Retorno de Jedi

Terceira e última aventura da franquia original “Star Wars”. Todos os personagens estavam de volta para alegria dos fãs. É curioso como esses primeiros filmes conseguem superar e muito os mais recentes da segunda trilogia. Há um clima de nostalgia e saudosismo que foram soterrados por toneladas de efeitos digitais das produções mais novas. No começo desse ano George Lucas vendeu todos os direitos autorais de “Star Wars” para os estúdios Disney que promete para muito breve novos filmes. Lucas está definitivamente aposentado, casou recentemente com uma bonita afro-americana e resolveu pendurar o sabre de luz para sempre. Mas deixemos ele na praia, curtindo sua aposentadoria, para voltarmos aos filmes que realizou sobre esse universo tão amado pelos amantes da sétima arte. Para a realização do filme Lucas novamente passou a direção para outro cineasta. Sábia decisão, uma vez que ele, para falar a verdade, nunca se deu muito bem na direção de atores. É um artista criativo, de bastidores, e não de ir para o campo lidar com atores e demais membros da equipe de filmagem.

O diretor de “O Retorno de Jedi” foi Richard Marquand (que dirigiu entre outros o clássico “O Buraco da Agulha”). Aqui Lucas dá seqüência as aventuras de Luke Skywalker, Darth Vader, Princesa Leia, Han Solo e todos os demais personagens da mitologia. Curiosamente também investiu bastante nos “ursinhos” Ewoks, figuras que mais pareciam brinquedos de pelúcia, decisão que não agradou a todos os fãs da franquia. De qualquer maneira é sem dúvida um roteiro extremamente bem trabalhado, com ótimas seqüências de ação (como a perseguição no meio da floresta) e um ótimo clímax para a complicada relação entre Luke e seu pai, o vilão e ícone Vader. Como não poderia deixar de ser o filme fez bastante sucesso de público entrando naquela ocasião na seleta lista das dez maiores bilheterias da história do cinema americano. Apesar do clima de desfecho e fim a saga foi em frente, mas não nas telas de cinema. As aventuras de Luke e cia foram brilhantemente desenvolvidos em livros bem escritos e bem idealizados (material que certamente será usado agora pela Disney). No cinema George Lucas retomaria Star Wars anos depois mas para contar a história de Darth Vader em seus anos de infância e juventude, voltando para os primórdios da saga da família de Luke Skywalker, mas isso é definitivamente assunto para uma outra oportunidade.

O Retorno de Jedi (Star Wars: Episode VI - Return of the Jedi, Estados Unidos, 1983) Direção: Richard Marquand / Roteiro: Lawrence Kasdan, George Lucas / Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Frank Oz, David Prowse, Alec Guinness / Sinopse: Luke Skywalker (Mark Hamill) segue com sua luta contra as forças do Império. Depois de ser treinado pelo mestre Yoda (Oz) ele parte para o confronto final contra o vilão Darth Vader (Prowse) na nova Estrela da Morte.

Pablo Aluísio.

As Coisas Impossíveis do Amor

Drama familiar muito bem dirigido por Don Roos, mostrando os desafios e os anseios de um casal nova-iorquino em seu dia a dia. A esposa é a jovem advogada Emilia Greenleaf (Natalie Portman) e o marido é o também advogado Jack (Scott Cohen). Ambos se conheceram no escritório de advocacia onde trabalhavam. Ela assim que o viu pela primeira vez ficou interessada nele mas havia um sério problema a contornar: ele era casado com a médica Carolyn (Lisa Kudrow de "Friends") e tinha um pequeno filho de seis anos. Além da diferença de idade (ela é bem mais jovem que seu marido) há um drama profundo em sua relação. Após ficar grávida, Emilia acabou perdendo sua bebê com poucas semanas de vida. Ela se culpa por isso pois tem a sensação que a sufocou acidentalmente enquanto a amamentava – pegou no sono com a criança ainda em seu colo. Deprimida e desesperada ela tenta superar esse traumático evento enquanto vê lentamente seu precoce casamento desmoronar diante da crise emocional pela qual passa.

O roteiro é interessante porque explora muito bem a figura da chamada “segunda esposa”. Emilia nunca é levada à sério por ser a jovem segunda esposa do marido, geralmente sendo considerada uma biscate e destruidora de lares pelas demais amigas de Jack. Além disso tem que construir algum tipo de relacionamento com o filho de seu marido do primeiro casamento, um garotinho esperto e inteligente demais para sua idade. Já a primeira esposa, traída e abandonada, é muito bem retratada pela atriz Lisa Kudrow. Além da natural indignação por ter sido trocada por uma garota mais jovem ela ainda adota uma atitude de perfeita antipatia por sua presença – o que convenhamos é mais do que natural. As brigas se sucedem e o garoto vai ficando no meio de um fogo cruzado de acusações e ofensas entre pai, mãe e madrasta. Mas não precisa se preocupar pois tudo é mostrado com muito talento e sensibilidade. O filme merece ser conhecido por mostrar um novo paradigma familiar que vem se tornando cada vez mais comum, ainda mais nos dias de hoje onde o número de divórcios aumenta a cada dia. Já para as mulheres que estão na posição da personagem de Natalie Portman então o filme se torna ainda mais do que recomendado. 

As Coisas Impossíveis do Amor (Love and Other Impossible Pursuits, Estados Unidos, 2009) Direção: Don Roos / Roteiro: Don Roos, baseado na novela de Ayelet Waldman / Elenco: Natalie Portman, Scott Cohen, Lisa Kudrow, Charlie Tahan / Sinopse: Emilia (Natalie Portman) é a segunda esposa de um advogado de Nova Iorque. Além de nunca ser levada à sério por ser muito mais jovem que seu marido ainda tem que lidar com o filho do primeiro casamento dele e o drama de ter perdido sua única filha com poucas semanas de vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Eragon

Eragon (Ed Speleers) é um garoto do campo que descobre uma estranha pedra que emite uma luz azul. Na realidade trata-se de um ovo de dragão, ser mitológico que lutou em eras remotas. De posse desse poder o jovem aventureiro inicia uma jornada na qual ele se tornará o único capaz de deter o avanço das forças do mal. Em tempos de “O Senhor dos Anéis” esse filme “Eragon” se tornou mais uma adaptação de um livro de fantasia para os cinemas. A obra original escrita pelo precoce autor Christopher Paolini caiu nas graças do público jovem, o que obviamente despertou a atenção dos produtores em Hollywood. Claro que ninguém pode comparar um livro assim com o clássico escrito por J. R. R. Tolkien mas as temáticas são bem semelhantes. São livros de fantasia, influenciados pelos mesmos temas que fizeram a obra de Tolkien tão famosa.

O curioso é que a Fox acreditou bastante nesse “Eragon”, disponibilizando recursos de produção acima dos 100 milhões de dólares (um orçamento mais do que generoso vamos convir). Também se investiu bastante em marketing para tornar o personagem mais conhecido. Todos estavam apostando em um grande sucesso de bilheteria mas isso não aconteceu. O resultado comercial foi apenas mediano e o filme mal conseguiu recuperar seu investimento, enterrando qualquer pretensão de transformar a estória em uma nova franquia. Tirando o aspecto comercial de lado até que “Eragon” não é tão ruim, pelo contrário, tem seus bons momentos. Talvez o problema seja o fato de ser um produto bem infanto-juvenil, o que deve ter afastado o público alvo que o estúdio queria atingir. De uma forma ou outra como mera diversão sem compromisso até que o filme funciona, caso você não seja muito exigente.

Eragon (Idem, Estados Unidos, Inglaterra, Hungria, 2006) Direção: Stefen Fangmeier / Roteiro: Peter Buchman, baseado no livro Eragon de Christopher Paolini / Elenco: Ed Speleers, Jeremy Irons, Sienna Guillory / Sinopse: Eragon é um jovem simples do campo que descobre um ovo de dragão ao qual irá usar contra as terríveis forças do mal.

Pablo Aluísio. 

O Último Desafio

Alegrai-vos fãs dos filmes de ação. Arnold Schwarzenegger está de volta! Depois de esporádicas aparições na série “Os Mercenários”, o ator austríaco, ícone da década de 80, volta com força total. Como todos sabem Schwarzenegger tinha se afastado do mundo do cinema para se dedicar a uma bem sucedida carreira política. Depois do fim de seu mandato como governador da Califórnia e diante da impossibilidade de concorrer à Casa Branca por ser um americano naturalizado (apenas americanos natos podem se tornar presidente naquele país) ele resolveu deixar a política de lado, decidindo voltar ao cinema definitivamente. A boa noticia é que sua volta se dá em um bom filme, realmente divertido, que não vai decepcionar aos fãs de sua filmografia. Aqui Arnold Schwarzenegger interpreta o xerife Ray Owens. Após longos anos na polícia de Los Angeles, no Departamento de Narcóticos, ele decide trilhar um caminho mais calmo e sossegado se tornando o homem da lei de uma sonolenta e pacata cidadezinha na fronteira do México com os Estados Unidos. Como nada acontece de muito grave no local o xerife é assessorado por apenas três auxiliares. A maioria da população já é idosa e a cidade proporciona o clima de sossego ideal para uma aposentadoria tranquila.

As coisas começam a mudar quando um perigoso chefão de um cartel mexicano consegue escapar numa fuga espetacular do FBI que o escoltava para o corredor da morte. Rico e poderoso ele consegue despistar os federais e ruma em um carro possante para a fronteira dos Estados Unidos com o México. O problema é que bem no meio do caminho está justamente a pequena cidadezinha onde o personagem de Arnold Schwarzenegger é o xerife. Já deu para imaginar o que vem por aí não é mesmo? Determinado a impedir que o fugitivo passe para o lado mexicano Schwarzenegger e seu grupo pegam a estrada, no objetivo de capturar o foragido. Para os fãs de filmes como “Comando Para Matar” ou “Jogo Bruto” não haverá do que reclamar, “O Último Desafio” é bem movimentado, com excelentes cenas de ação e principalmente perseguições alucinadas pelas estradas poeirentas do deserto americano. Outro ponto a favor dessa produção é que ela em vários momentos resolve homenagear a mitologia dos filmes de western, afinal Arnold Schwarzenegger é um xerife da fronteira, tema sempre presente e recorrente em diversos faroestes antigos. Some-se a isso o excelente elenco de apoio (Forest Whitaker como o agente líder do FBI, Johnny Knoxville como um caipira biruta, colecionador de armas de guerra, Rodrigo Santoro como o único preso da cadeia local e Eduardo Noriega como o chefão fugitivo) e você terá um ótimo produto em mãos. “O Ùltimo Desafio” é divertido, movimentado, bem realizado, com doses certas de bom humor e cenas de ação de boa adrenalina. Um filme que vai deixar muito fã do velho e bom Schwarzenegger gratificado.

O Último Desafio (The Last Stand, Estados Unidos, 2013) Direção: Jee-woon Kim / Roteiro: Andrew Knauer / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Forest Whitaker, Eduardo Noriega, Johnny Knoxville, Rodrigo Santoro,  Harry Dean Stanton, Luis Guzmán, Genesis Rodriguez / Sinopse: Xerife de uma pequena e pacata cidadezinha na fronteira dos Estados Unidos com o México se vê na incumbência de prender um foragido extremamente perigoso que conta com o apoio de seu poderoso e rico cartel de drogas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Jack Reacher – O Último Tiro

Um atirador de elite se posiciona em cima de um prédio de uma grande cidade americana. Seu alvo são pessoas comuns, que estão apenas andando despreocupadamente. Em pouco tempo começa a matança. Essa é a cena inicial de “Jack Reacher – O Último Tiro” o novo filme de ação estrelado por Tom Cruise. Ele interpreta um veterano do exército que após deixar o serviço militar decide sair pelo mundo, sem deixar grandes rastros atrás de si. Ele não é um procurado ou um criminoso mas apenas um ex-soldado que entende já ter feito muito nas campanhas de que participou. Seu nome surge quando o departamento de polícia finalmente encontra o franco atirador. Sem dizer uma única palavra ele apenas rabisca em um papel: “Encontrem Jack Reacher!”. Mas afinal qual seria a ligação do ex-militar condecorado com o terrível atentado? Revelar mais seria temerário. O que posso adiantar é que esse filme, apesar de ser tecnicamente uma fita de ação, tem muito mais a revelar ao espectador do que inicialmente se espera.

De fato a complexa trama vai se revelando aos poucos, com as peças se encaixando gradualmente. O filme alia um roteiro inteligente, bem estruturado, com algumas seqüências de ação muito bem realizadas, o que não causa tanta surpresa uma vez que Cruise já tem muita experiência nesse tipo de produção (basta lembrar de seus sucessos na franquia “Missão Impossível”). Existem algumas reviravoltas na estória mas nada inverossímil demais ou que force a barra. No geral o filme agrada, embora os fãs de filmes de ação possam achar certas partes meio cansativas ou paradas. Isso acontece porque realmente há toda uma situação a ser desvendada e isso exige tempo. O filme é longo – mais do que o habitual – mas se o espectador tiver interesse no que ocorre na tela não se sentirá entediado. Em termos de ação destaco a boa cena de perseguição pelas ruas da cidade, com Cruise pilotando um carro envenenado e o confronto final, na pedreira, que conta com Robert Duvall, ator veterano que não participa muito do filme mas que ajuda a compor o quadro final do clímax. Em suma é isso. “Jack Reacher” pode até virar uma nova franquia na carreira de Cruise – isso se fizer sucesso e ele ainda tiver idade para encarar esse tipo de fita, é claro. No geral está recomendado.
   
Jack Reacher – O Último Tiro (Jack Reacher, Estados Unidos, 2012) Direção: Christopher McQuarrie / Elenco:  Tom Cruise, Rosamund Pike, Robert Duvall, Jai Courtney, Richard Jenkins, Werner Herzog / Sinopse: Após um terrível atentado onde pessoas inocentes são mortas por um atirador de elite o nome de Jack Reacher, um veterano condecorado surge nas investigações. Teria ele algo a ver com a matança?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Faça a Coisa Certa

Ao longo dos anos o diretor Spike Lee se notabilizou pelo uso do cinema como bandeira política mostrando o complicado cotidiano do negro americano em seu país e sua luta para vencer o preconceito racial. Seu primeiro filme de repercussão foi justamente esse “Faça a Coisa Certa”. O curioso é que o filme acabou virando alvo de polêmica não apenas por se tratar de uma obra que combata o racismo mas sim por de certa forma perpetuar ele, mesmo que de maneira indireta. Isso porque Spike Lee parece transparecer um ódio racial contra os ítalo-americanos em seu roteiro. Racismo às avessas? Foi justamente disso que o filme foi acusado na época de seu lançamento. Um diretor negro que a despeito de defender sua própria raça em seus filmes não se importa nem um pouco em retratar os descendentes de italianos da pior forma possível, adotando todos os estereótipos e caricaturas sem a menor culpa e vergonha! No filme um dono de pizzaria, descendente de italiano (retratado como uma caricatura nada sutil), entra em atrito com um negro no bairro do Brooklin em Nova Iorque desencadeando ódio e violência entre os dois grupos etnicos.

Apesar dos erros na intenção do argumento do filme é de se elogiar o domínio da técnica cinematográfica por Spike Lee. Ele usa de cores fortes em todo o cenário e traz para a tela o clima social do local onde se passa a estória (que foi brevemente baseado em fatos reais). Também capta todo o clima cultural efervescente ao redor ao trazer a musicalidade e a arte das ruas para seu filme. Esse realismo acabou agradando a grande parcela da critica americana que viu no novato uma centelha de talento, já que há muitos anos o cinema sentia a falta de um grande diretor negro dentro da indústria. Spike Lee também foi esperto o suficiente para chamar a atenção para si, usando da mídia o tempo todo, inclusive criando polêmicas e bate bocas via imprensa contra políticos e até colegas de trabalho. Sua forma de se expressar, parecido com a de uma metralhadora giratória atirando para todos os lados, tem muito de sensacionalismo barato, mas seu cinema é realmente de boa qualidade. Por isso se ainda não conhece esse “Faça a Coisa Certa” não deixe de ver para entender os rumos que o cinema negro americano vem tomando desde a década de 80.

Faça a Coisa Certa (Do the Right Thing, Estados Unidos, 1989) Direção: Spike Lee / Roteiro: Spike Lee / Elenco: Danny Aiello, Ossie Davis, Ruby Dee, Spike Lee / Sinopse: Durante o dia mais quente do verão um evento simples, praticamente banal, vira o estopim de uma explosão de ódio e violência entre raças em um bairro de Nova Iorque.

Pablo Aluísio.

O Terror das Mulheres

Após o fim da dupla Martin e Lewis o comediante Jerry Lewis seguiu em frente. Para muitos ele não teria o mesmo sucesso nos cinemas após a saída de Dean Martin mas definitivamente isso não foi o que aconteceu. Lewis começou a colecionar um grande sucesso atrás do outro até o ponto em que se tornou um dos astros mais poderosos de Hollywood. Também começou a ter maior controle sobre seus filmes, assinando novos contratos com a Paramount que lhe davam poder de veto sobre qualquer coisa que lhe incomodasse nessas produções. Seu poder e influência se tornou tão grande que Jerry Lewis começou a ter controle total sobre sua filmografia. Um exemplo perfeito disso é justamente esse “O Terror das Mulheres” onde Jerry Lewis fez praticamente tudo sozinho: atuou, produziu, dirigiu e escreveu o roteiro. Além disso fez com que a Paramount construísse um enorme cenário em seus estúdios, com dois andares recriando o pensionato para moças onde seu personagem trabalha. Maior símbolo do poder de seu sucesso não poderia haver.

No filme ele interpreta Herbert H. Heebert, um jovem que se forma finalmente mas que tem uma enorme decepção no dia de sua formatura. Ele acaba flagrando o amor de seus sonhos aos beijos e abraços com outro homem. Assim seu mundo vem abaixo e Herbert toma uma decisão radical: quer morrer solteiro, evitando assim se decepcionar com o sexo oposto. Seu desejo se tornará um imenso desafio no novo trabalho que acaba conseguindo: a de um empregado num pensionato de moças. E lá que Jerry Lewis, no meio de uma centena de garotas, tentará se manter um solteirão convicto. Obviamente como acontecia em vários de seus filmes o argumento é puro pretexto para Jerry desfilar sua galeria de gags cômicas, algumas bem divertidas e memoráveis. O clima ameno e muito engraçado domina toda a produção mostrando todo o talento do ator / diretor, com pleno domínio do filme em mãos. “O Terror das Mulheres” foi outro campeão de reprises na Sessão da Tarde dos bons e velhos tempos. Rever agora, tantos anos depois, vai se tornar um belo exercício de nostalgia para quem viveu aquela excelente época.

O Terror das Mulheres (The Ladies Man, Estados Unidos, 1961) Direção: Jerry Lewis / Roteiro: Jerry Lewis, Bill Richmond / Elenco: Jerry Lewis, Helen Traubel, Pat Stanley / Sinopse: Jovem recém formado que deseja ser solteiro para sempre após sofrer uma decepção amorosa acaba indo parar em um pensionato para moças.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de julho de 2013

O Inventor da Mocidade

O Dr. Barnaby Fulton (Cary Grant) é o químico chefe do departamento de pesquisas de uma grande empresa. Sempre com o pensamento voltado para suas descobertas ele mal consegue pensar no dia a dia de sua vida. Sua esposa, a compreensiva Edwina (Ginger Rogers), tem que ter muita paciência com seu marido que parece estar sempre com o pensamento no mundo da Lua. Um dos sonhos de Barnaby é descobrir a fórmula que retarde o envelhecimento natural das pessoas. Até que um dia ele chega lá. Ao tomar a nova poção (que na realidade foi feita ao acaso por um chipanzé do centro de pesquisa) ele começa a ter reações adversas, inclusive se comportando como um inconseqüente e leviano adolescente, chegando inclusive a levar a bela senhorita Laurel (Marilyn Monroe), secretária do presidente da companhia, para um passeio em alta velocidade no carrão recém comprado por impulso! E agora, como o renomado doutor voltará ao normal?

Começa assim essa simpática comédia “O Inventor da Mocidade”, dirigida pelo talentoso e reverenciado cineasta Howard Hawks. O ator Cary Grant desfila seu talento natural para as comédias de costumes (bem populares na época) mas de certa forma acaba sendo ofuscado por duas atrizes que se tornaram, cada um ao seu estilo, grandes nomes da história do cinema. A que mais chama a atenção é obviamente Marilyn Monroe, linda, bastante jovem e em um papel bem coadjuvante mas já desfilando muita graça, carisma e simpatia com sua presença em cena. O outro destaque é a presença no elenco de Ginger Rogers, a eterna parceira de Fred Astaire. Ela se notabilizou pelas ótimas coreografias ao lado do colega em vários musicais clássicos de sucesso mas aqui exerce basicamente seu talento humorístico (embora dê alguns passinhos em uma cena de dança para agradar aos seus fãs). No geral “O Inventor da Mocidade” não é uma comédia tão marcante mas mantém o interesse e tem cenas realmente divertidas e engraçadas, principalmente quando o casal principal se torna ainda mais jovem, virando pequenas crianças travessas. Procure assistir.

O Inventor da Mocidade (Monkey Business, Estados Unidos, 1952) Direção: Howard Hawks / Roteiro: Ben Hecht, Charles Lederer / Elenco: Cary Grant, Ginger Rogers, Charles Coburn, Marilyn Monroe / Sinopse: Um renomado cientista inventa uma fórmula que rejuvenesce os mais velhos. Tentando verificar a eficácia da nova poção o próprio doutor resolve tomar algumas doses o que dará origem a várias confusões pois ele começa a se comportar como um adolescente inconseqüente.

Pablo Aluísio.