terça-feira, 24 de abril de 2012

Busca Implacável

Bryan Mills (Liam Neeson) é um ex agente da CIA que tem sua filha sequestrada por um grupo de criminosos. Em busca dela ele acaba caçando os sequestradores pelo continente europeu, numa busca que beira à obsessão pessoal. "Taken" foi um projeto pensado e executado para transformar Liam Neeson em um novo herói dos filmes de ação. Aqui ele conta com um eficiente produto, de edição rápida, cortes ágeis e muita correria, perseguições e caçadas humanas. Bem ao gosto do público atual. Sua filha está nas mãos de uma quadrilha especializada em prostituição internacional, muito comum nos países do leste Europeu (República Tcheca, Hungria e Romênia). Curiosamente optou-se no filme pela França, muito provavelmente para aproveitar as belas locações de Paris. Eu pessoalmente achei um produto bem realizado, tecnicamente muito bem feito embora em termos de roteiro e argumento não traga nenhuma novidade. Liam Neeson se esforça mas não empolga. Sua carreira não foi projetada e nem começou para ser um ator de filmes de ação, sua participação aqui é uma tentativa apenas.

O filme foi dirigido pelo cineasta francês Pierre Morel. Eu não tenho boas referências sobre ele uma vez que dirigiu Carga Explosiva com Jason Statham. Eu considero esse filme simples ação pela ação sem nenhuma idéia dentro. O curioso é que apesar de ser bem modesto em termos artísticos acabou fazendo sucesso e virou franquia. Uma produção que também foi roteirizado por Luc Besson, conhecido diretor francês. Besson é uma figura interessante no cinema internacional. Ele geralmente posa de intelectual e participa de júris de festivais famosos mas parece gostar de fazer fortuna com filmes como esse "Taken" que ele obviamente não gosta muito de creditar a si mesmo. Em suma, "Busca Implacável" pode até funcionar se você estiver a fim de ver um filme como puro entretenimento escapista. Mais do que isso não encontrará aqui.

Busca Implacável (Taken, Estados Unidos, 2008) Direção: Pierre Morel / Roteiro: Luc Besson, Robert Mark Kamen / Elenco: Liam Neeson, Maggie Grace, Famke Janssen / Sinopse: Bryan Mills (Liam Neeson) é um ex agente da CIA que tem sua filha sequestrada por um grupo de criminosos. Em busca dela ele acaba caçando os sequestradores pelo continente europeu, numa busca que beira à obsessão pessoal.

Pablo Aluísio.

Speed Racer

Alguns filmes tinham tudo para dar certo! Orçamento milionário, elenco excelente, efeitos digitais dos mais modernos mas... curiosamente acabam virando literalmente um desastre. Esse é o caso desse Speed Racer, uma produção que foi muito aguardada e que todos tinham esperanças que seria uma ótima releitura do famoso personagem que fez a alegria dos mais jovens durante as décadas de 60 e  70. Infelizmente logo as esperanças se transformaram em desapontamento e decepção. É uma pena, Speed Racer é um dos personagens de cultura pop mais cativantes que existem. Criado por Tatsuo Yoshida, Speed Racer foi inspirado nos filmes de corrida estrelados por Elvis Presley na década de 60. A animação original chamada  Mach Go Go Go foi um enorme sucesso no Brasil e fazia a alegria da garotada da época. Todos os ingredientes já estavam na animação original: muita aventura, carros fantásticos (entre eles o inesquecível Mach 5) e uma galeria de excelentes personagens que gravitavam em torno de Speed. O problema é que os irmãos Wachowski (de Matrix) fizeram uma tremenda lambança nessa adaptação para o cinema.

O que era simples foi estragado pelo exagero visual dos diretores. Ao invés de filmar ótimas sequências de corrida com carros reais em pistas de verdade os cineastas optaram por realizar um delírio digital com jeito de videogame que acabou desagradando a todo mundo, dos antigos fãs da charmosa animação aos mais jovens que não curtiram o resultado. Ao custo de 120 milhões de dólares o filme não conseguiu recuperar seus custos de produção, mesmo com o uso massacrante de marketing pesado do estúdio. Até os excelentes Emile Hirsch e Susan Sarandon surgem perdidos em seus respectivos personagens. Pouca coisa se salva nessa produção muito equivocada para falar a verdade. O roteiro, muito mal escrito, consegue ser pior do que muitos dos episódios televisivos de Speed. Até o charme da relação entre Speed e o Corredor X se perde completamente. Enfim, um desastre que provavelmente matou o personagem nos cinemas por um longo tempo. Uma pena, o velho Speed certamente merecia algo muito melhor do que isso!

Speed Racer (Speed Racer, Estados Unidos, 2008) Direção: Andy Wachowski, Lana Wachowski / Roteiro: Andy Wachowski, Lana Wachowski baseado nos personagens criados por Tatsuo Yoshida / Elenco: Emile Hirsch, Nicholas Elia, Susan Sarandon, John Goodman, Christina Ricci, Matthew Fox / Sinopse: Speed Racer (Emile Hirsch) é um piloto de corridas que se envolverá em grandes aventuras ao lado de seus amigos, familiares e o misterioso Corredor X (Matthew Fox).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Código da Vinci

"O Código da Vinci" é certamente um dos mais curiosos produtos culturais surgidos nos últimos anos. A obra original de Dan Brown é um caldeirão de teorias da conspiração, história deturpadas, meias verdades, religião apócrifa e mil e uma coisas todas emboladas, tentando manter uma coesão mínima para que o leitor não se perca completamente. Nesse balaio de gatos são misturadas sem a menor cerimônia as biografias dos gênios Da Vinci e Newton, um suposto casamento de Jesus de Nazaré e Maria Madalena, sociedades secretas como o Priorado de Sião, Cavaleiros Templários e o diabo a quatro. Tudo isso tem um nome: pseudociência. Dan Brown na realidade não descobriu nada, não revelou nenhum segredo histórico e nem tampouco mostrou a verdadeira história de Jesus Cristo. Sua única grande habilidade é realmente dar uma falsa camada de respeitabilidade a um monte de bobagens sem nenhum fundamento. Por isso há duas formas de encarar sua obra: ou o leitor cai na lorota do escritor e acredita naquilo que lê e nesse caso estará fazendo papel de bobo ou então encara tudo como simples entretenimento escapista. Nessa última hipótese não há problema algum. É apenas uma estória divertida para passar o tempo.

O filme "O Código da Vinci" terminou não agradando nem os leitores de Dan Brown e nem os cinéfilos que nunca tinham lido uma linha escrita por ele. Foi uma produção muito criticada talvez porque se criou uma absurda expectativa sobre o filme. Como eu sempre gosto de dizer nem tudo que funciona na literatura dá certo nas telas. Algumas obras inclusive são impossíveis de adaptar com êxito. "O Código da Vinci" nesse aspecto até que não é um desafio insuperável. A adaptação é correta, burocrática certamente, mas no final não havia mais nada além do que aquilo que se vê em cena para se levar aos cinemas. A própria obra de Dan Brown é um tipo de Pulp Fiction mais sofisticado mas que nunca deixa de ser em essência uma tremenda pseudociência, bem bolada, bem arquitetada mas que não consegue ser mais do que uma grande bobagem no final das contas. O filme, como não poderia deixar de ser, teve uma bilheteria monstruosa, de quase 1 bilhão de dólares o que mostra a força do livro, um best seller. Não há nada de errado em assistir e até mesmo gostar do filme, só não se deve encarar  toda aquela salada como verdade - porque definitivamente não é. O elenco é liderado por Tom  Hanks, com um dos cortes de cabelo mais bizarros do cinema. Sua atuação não é grande coisa, também o personagem não abre muito espaço para isso. Já a direção de Ron Howard surge pesada, burocrática, quadrada, sem ousadia. O resultado final definitivamente não foi nada memorável.

O Código da Vinci (The Da Vinci Code, Estados Unidos, 2006) Direção: Ron Howard / Roteiro: Akiva Goldsman, baseado no livro de Dan Brown / Elenco: Tom Hanks, Ian McKellen, Alfred Molina, Jean Reno, Audrey Tautou, Paul Bettany. / Sinopse: Robert Langdon (Tom Hanks) é um conceituado professor especializado em símbolos históricos que se vê envolvido numa intrigada rede de conspirações onde o que parece ser uma sociedade secreta faz de tudo para encobrir uma terrível verdade da história.

Pablo Aluísio.

Você Não Conhece Jack

Jack Kevorkian (Al Pacino) é um médico defensor da chamada morte assistida. Pessoas com doenças incuráveis teriam direito a finalizar suas próprias vidas sem dor e nem sofrimento com o auxílio de um médico ao lado. O filme mostra a luta do médico pela legalização desse procedimento de atendimento a pacientes terminais. "Você Não Conhece Jack" já nasceu polêmico por causa de seu personagem principal que acabou ficando conhecido como o "Dr Morte". O filme é muito bom e a interpretação do Pacino mereceu todos os prêmios. O alto nível de interpretação porém não se restringe somente a ele. Susan Sarandon também tem uma participação muito digna, trazendo muita humanidade a uma personagem que até poderia ter sido mais bem explorada. Ela sempre foi uma liberal em defesa de causas sociais semelhantes e não me admira em nada estar no elenco dessa produção. Danny Huston que interpreta o advogado também se sobressai, embora em alguns momentos fique caricato. Em termos técnicos repito: o filme é muito bom, acima da média. A HBO mantém seu alto padrão de qualidade. Embora seja um telefilme tenho certeza que se fosse lançado no cinema ninguém notaria a diferença, tal sua qualidade.

Já sobre Jack Kevorkian, o "Dr Morte" sua atuação desperta admiração e ódio em doses semelhantes. Alguns acreditam ser bastante válida sua visão enquanto outros simplesmente abominam esse procedimento que no fundo não passaria de um suicídio assistido por um profissional de saúde. A chamada "Máquina de suicídio" realmente me pareceu algo fora dos padrões da razoabilidade. Em alguns países, inclusive o Brasil, o induzimento e auxílio ao suicídio é crime previsto no código penal. Nos EUA os grupos religiosos nunca aceitaram os métodos do médico e por isso ele foi processado até o fim de seus dias. O médico morreu ano passado sem conseguir legalizar o seu invento e o debate continua principalmente envolvendo familiares de pacientes terminais em confronto com grupos religiosos e de apoio à vida! O assunto pelo visto vai longe ainda. De qualquer forma o filme serve como belo documento de suas idéias, para o bem ou para o mal.

Você Não Conhece Jack (You Don't Know Jack, Estados Unidos, 2010) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Adam Mazer / Elenco: Al Pacino, Brenda Vaccaro, John Goodman. Susan Sarandon, Danny Huston / Sinopse: Jack Kevorkian (Al Pacino) é um médico defensor da chamada morte assistida. Pessoas com doenças incuráveis teriam direito a finalizar suas próprias vidas sem dor e nem sofrimento com o auxílio de um médico ao lado. O filme mostra a luta do médico pela legalização desse procedimento de atendimento a pacientes terminais.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de abril de 2012

SWAT - Comando Especial

A série SWAT durou apenas duas temporadas - de fevereiro de 1975 a abril de 1976. No total só foram produzidos 37 episódios. Mesmo não tendo vida longa na TV americana a série ganhou muitos fãs que ao longo dos anos sempre se recordaram dela, principalmente de seu tema marcante que até hoje é bem familiar dos admiradores de seriados em geral. Como Hollywood vive uma fase de reciclagem resolveram ressuscitar o projeto. Com nova roupagem, elenco e direção, SWAT tentava se aproveitar da fama da obra original. Com custo generoso de 70 milhões de dólares a intenção do estúdio era inaugurar uma nova franquia de sucesso nas telas. Infelizmente as coisas não deram muito certo. O filme mal se pagou e o sonho de lucrar muito em um novo blockbuster foi por água abaixo. O que afinal deu errado? Em primeiro lugar SWAT tem um formato mais adequado para séries mesmo. São muitos personagens, é necessário tempo para contar a história pessoal de cada policial para assim criar identidade com o público. Em um filme, por mais longa que seja sua duração, não há tempo suficiente para isso. Além desse problema de estrutura outra coisa que pesou muito contra SWAT foi o tempo transcorrido desde o fim da série na TV. Isso foi em 1976, o público jovem que frequenta as salas de cinema certamente nem sabia da existência da série original.

O elenco dessa nova versão de SWAT não se empenha muito. Colin Farrell é o principal nome entre os atores. Na época os estúdios estavam querendo transformar o ator em uma nova estrela. Não deu certo. Ele não conseguiu atrair público para esse SWAT assim como não atraiu para Alexandre, o Grande e nem para Miami Vice (outro remake de série televisiva). Definitivamente virar astro de primeira grandeza não é com ele, pois não tem vocação nenhuma para isso. O que acaba salvando o filme no quesito atuação é a presença bem humorada e inspirada de Samuel L. Jackson. Ele não parece estar levando nada à sério mas é justamente essa postura, essa presença de espírito que traz uma alma ao filme como um todo.  Michelle Rodriguez, a musa lésbica de Hollywood, é outra participação que faz diferença. Eu poderia encerrar essa resenha recomendando SWAT para os fãs do seriado original mas não o farei. São produtos tão diferentes em suas propostas que no final o que temos mesmo é apenas o uso comercial do nome da série no filme como chamariz de bilheterias. Melhor conhecer (ou rever) o seriado policial original da década de 70 - provavelmente será bem mais divertido. 

SWAT - Comando Especial (S.W.A.T., Estados Unidos, 2003) Direção: Clark Johnson / Roteiro: David Ayer, David McKenna / Elenco: Samuel L. Jackson, Colin Farrell, LL Cool J., Michelle Rodriguez, Josh Charles, Jeremy Renner. /  Sinopse: Grupo especial das forças policiais americanas enfrenta o crime organizado. Remake da série televisiva SWAT da década de 1970 que no Brasil foi exibida pela Rede Globo.

Pablo Aluísio.

A Mulher do Quinto Andar

Uma boa dica para quem gosta de thrillers de suspense que fujam do convencional que é apresentado pelo cinema comercial americano atualmente é essa produção britânica francesa chamada "La femme du Vème". A premissa é até simples: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba se hospedando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade. A partir daí o filme toma rumos surpreendentes. Isso porque o roteiro é bem sofisticado, ao mesmo tempo colocando o personagem principal como suspeito de algumas mortes sem nunca deixar claro ao espectador se ele tem mesmo algo a ver com os crimes ou se tudo não passa de uma estranha coincidência. O curioso aqui é que nem mesmo o professor sabe ao certo o que está acontecendo ao seu redor. Como se não bastasse a intrigante trama ainda temos a beleza natural de Paris como pano de fundo, aqui mostrada mais em sua parte menos turística - o que torna bem mais interessante para quem quer conhecer um pouco o outro lado menos glamouroso da cidade luz.

Para completar o clima de surrealismo e mistério do filme há ainda uma estranha mulher que o escritor conhece numa festa. Margit (Kristin Scott Thomas) surge do nada e traz algum consolo ao melancólico professor que parece viver em constante tristeza por causa da situação aflitiva que vive. Margit é justamente a tal mulher citada no título do filme. Sua inserção na trama é muito especial e não convém contar mais nada sobre ela para não estragar as surpresas que o roteiro tem para o público. "A Mulher do Quinto Andar" tem ritmo europeu, ou seja, nada de explosões e correrias como vemos nos thrillers americanos. Aqui a trama é desenvolvida muito mais no aspecto psicológico onde nada é explicitamente esclarecido cabendo ao espectador tirar suas próprias conclusões. Tudo acontece de forma gradual, com calma e clima dando chance de reflexão ao público. O argumento é tecido de forma muito inteligente e bem desenvolvido. O final é particularmente enigmático, o que certamente dará margem a muitas interpretações diferenciadas. Recomendo a produção para quem deseja assistir um produto mais inteligente, sofisticado, diria até sensorial. Valerá a pena a experiência.

A Mulher do Quinto Andar (La femme du Vème, França, Inglatera, 2011) Direção: Pawel Pawlikowski / Roteiro: Douglas Kennedy, Pawel Pawlikowski / Elenco: Ethan Hawke, Kristin Scott Thomas, Joanna Kulig / Sinopse: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba ficando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade.

Pablo Aluísio

sábado, 21 de abril de 2012

Conan, o Bárbaro

Conan é um dos personagens mais emblemáticos do mundo dos quadrinhos. Foi criado pelo inspirado escritor Robert E. Howard durante a década de 1930. Suas estórias eram recheadas de violência, sensualidade e magia e logo caíram no gosto popular. Infelizmente o autor não teve tempo de aproveitar da fama de sua criação pois morreu muito jovem com apenas 30 anos. Conan, seu personagem mais famoso, porém foi em frente. O chamado Cimério de Bronze nasceu como literatura no conto The Phoenix on the Sword em Dezembro de 1932. Suas estórias eram publicadas em revistas conhecidas como Pulp Fiction. Após alguns anos ele foi transposto com grande êxito para o mundo das histórias em quadrinhos onde reinou absoluto por décadas, inclusive no Brasil onde ganhou título próprio por vários anos. Dito isso é fácil entender que Conan tem longa tradição e uma sólida base de fãs formada. Ele já havia ido para as telas antes no começo da década de 80 com "Conan, o Bárbaro" e "Conan, o Destruidor", bons filmes que mantiveram a chama do personagem acessa. Infelizmente essa nova releitura nos cinemas não conseguiu fazer jus ao famoso guerreiro.

A nova versão de Conan foi fracasso de público e crítica lá fora. Depois de assistir ao filme chego na conclusão que foi merecido. Devo dizer que dos filmes aspirantes a blockbuster de 2011 esse é dos piores. O argumento não foi bem desenvolvido, não há empolgação na estória do filho (no caso Conan) buscando a vingança pela morte de seu pai (interpretado por Ron Perlman, aliás a única coisa que presta no filme inteiro). Além do desenrolar sem ritmo Conan tem uma produção feia, sem inspiração. Os vilões, pai e filha, são fracos e exagerados, beirando o ridículo. O filme também é completamente sem foco. Mas o pior de Conan é o ator que o interpreta. Jason Momoa é completamente medíocre, horrível em cena. Ator de carisma zero não consegue dizer uma linha de diálogo com eficiência. Também não consegue passar nenhuma veracidade em seu sentimento de vingança que afinal o move durante a trama inteira. Aliás ele não consegue expressar sentimento nenhum - e para piorar luta mal, em cenas de ação sem inspiração e emoção. A sua partner em cena é interpretada pela atriz Rachel Nichols, um rostinho bonito que também não tem nenhum talento. Os efeitos especiais são pobres e derivativos (lembrando até os da franquia da Múmia). Enfim, não foi dessa vez que o velho e querido Conan conseguiu retornar ao cinema em grande estilo. No final das contas o filme só serve mesmo para deixar os fãs do Cimério com saudades do Arnold Schwarzenegger no papel...

Conan, o Bárbaro (Conan the Barbarian, Estados Unidos, 2011) Direção: Marcus Nispel / Roteiro: Thomas Dean Donnelly, Joshua Oppenheimer, baseado na obra de Robert E. Howard / Elenco: Jason Momoa, Ron Perlman, Rose McGowan / Sinopse: Conan é um bárbaro criado em um ambiente hostil e selvagem após ter seus pais mortos por uma tribo rival. Adulto parte em busca de vingança.

Pablo Aluísio.

Comando Delta

Sempre muito lembrado pelos admiradores de filmes de ação da década de 1980, Comando Delta é mais um fruto da bem sucedida parceria do ator Chuck Norris com os estúdios Cannon. A direção foi entregue ao próprio dono do estúdio, Menahem Golan. Comando Delta é curioso porque é dividido em dois atos bem definidos. No primeiro acompanhamos um grupo de terroristas tomando o controle de um avião civil com muitos passageiros inocentes. Essa primeira parte prima mais pela tensão e suspense. Anos antes dos atentados de 11 de setembro o filme antecipava de certa forma o que aconteceria depois na famosa tragédia de Nova Iorque. Já a segunda parte era a que os fãs de Chuck Norris tanto aguardavam. Aqui o grupo do qual faz parte entra em cena para liquidar os terroristas de uma vez. Além de Norris, repetindo seu tipo habitual de bom de briga e sopapos, a produção ainda resgatava um grande nome do passado, o veterano ator da era de ouro dos westerns americanos, o carismático Lee Marvin. Essa seria sua última aparição no cinema pois morreria no ano seguinte.

O enredo é bem fiel ao estilo dos filmes de ação da década de 80 embora para muitos falte justamente ação a “Comando Delta”! A primeira parte do filme, feito mais na base do conflito psicológico entre seqüestradores e passageiros pareceu bastante burocrático para muitos fãs da linha mais hardcore. Já para outros a situação é exatamente oposta a essa, uma vez que o primeiro ato do filme funcionava justamente como preparação do surgimento do grupo especial em ação. É criada toda uma situação para que os heróis depois surgissem e livrassem finalmente os passageiros das garras dos criminosos internacionais. O roteiro foi escrito originalmente para ser estrelado por Charles Bronson que até mostrou algum interesse na realização do filme mas mudou de idéia posteriormente preferindo ir para outro projeto, uma produção policial chamada O Vingador (Murphy´s Law no original). Sem Bronson no elenco a Cannon nem pensou duas vezes e escalou Lee Marvin no papel. No final tudo deu certo para o ator e o estúdio. O filme fez sucesso, tanto que daria origem a continuações, todas bem inferiores a esse primeiro filme da franquia.  Os demais primariam muito mais pela ação, desenfreada acima de tudo, esquecendo qualquer sutileza maior em seus enredos. Enfim é isso, Comando Delta é uma produção que serve bem como exemplo básico de como era o cinema de ação da década de 80. Já para os fãs de Chuck Norris é simplesmente imperdível.

Comando Delta (The Delta Force, Estados Unidos, 1986) Direção: Menahem Golan / Roteiro: Menahem Golan, James Bruner / Elenco: Chuck Norris, Lee Marvin, Martin Balsam, Joey Bishop, George Kennedy / Sinopse: Avião civil americano é seqüestrado por terroristas do Oriente Médio. Para liberta-los o Presidente dos Estados Unidos convoca um grupo de operações especiais, o Comando Delta do título.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Máquina Mortífera 3

Título no Brasil: Máquina Mortífera 3
Título Original: Lethal Weapon 3
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Richard Donner
Roteiro: Jefrey Boam, Shane Black
Elenco: Mel Gibson, Danny Glover, Rene Russo, Joe Pesci
  
Sinopse:
Aqui a dupla de policiais Riggs (Mel Gibson) e Murtaugh (Danny Glover) enfrentam uma quadrilha de tráfico de armas comandada por ex-policiais corruptos. Para isso contam com a ajuda da oficial de assuntos internos, a tenente Lorna Cole (Rene Russo). Ao mesmo tempo precisam também proteger o ex-contador da máfia Leo Getz (Joe Pesci), um sujeito inconveniente e falastrão. Filme vencedor do MTV Movie Awards na categoria de Melhor Dupla (Mel Gibson e Danny Glover) e Melhor Sequência de Ação. Também vencedor do BMI Film & TV Awards na categoria Melhor Canção Original (Eric Clapton).

Comentários:
Terceiro exemplar da franquia Lethal Weapon. Como era de se esperar o filme "Máquina Mortífera 3" segue o velho ditado que diz "Em time que se está ganhando não se mexe". Assim o roteiro segue basicamente o que se viu nos filmes anteriores com um pano de fundo cômico, muitas cenas de ação, tiroteios, pirotecnias e um final explosivo. Mel Gibson parece se divertir não se levando à sério em nenhum momento, inclusive colocando frases improvisadas na cenas (como a piada sobre Cher na cena da bomba). Glover segue atrás, servindo de escada com seu habitual carisma. Duas sequências aqui se destacam: a explosão do prédio na primeira cena do filme (antecipando algo que veríamos na vida real em setembro de 2001) e uma perseguição pelas rodovias de Los Angeles. Essa aliás soa familiar demais para os fãs do cinema de ação pois é quase uma cópia literal da cena famosa de "Exterminador do Futuro 2" (Gibson inclusive está de moto, tal como Schwarzenegger no outro filme). Em tempos de cachês inflados e multimilionários Mel Gibson ganhou 25 milhões de dólares por esse filme, um valor simplesmente impensável nos dias de hoje e que nenhum estúdio de Hollywood se atreve a pagar novamente. O retorno nas bilheterias por outro lado foi muito bom. O filme rendeu 114 milhões de dólares no mercado americano e mais de 300 milhões ao redor do mundo, números que garantiram uma nova sequência para a franquia seis anos depois. Donner voltaria no último filme da série assim como a dupla central. Há rumores que Gibson estaria disposto a estrelar um quinto filme, mas os estúdios não estão mais propensos a pagar o que ele quer para voltar a encarnar o policial Riggs. Os tempos também são outros. O ator depois de tantos escândalos pessoais já não é mais garantia de bilheteria certa como acontecia naquela época. De qualquer forma como em Hollywood tudo é possível vamos esperar pelos acontecimentos.

Pablo Aluísio.

Dragão Vermelho

Hannibal Lecter já entrou no rol dos grandes personagens do cinema americano. O psicopata frio e calculista mas de alto QI já virou marca registrada. Surgiu para o grande público em "O Silêncio dos Inocentes" um filme que começou sua carreira de forma até despretensiosa mas que foi subindo degraus até ser aclamado pela Academia com um festival de prêmios. Após essa consagração o personagem retornou no péssimo "Hannibal", uma produção muito ruim e equivocada, baseado em um livro igualmente muito ruim, que parecia ter enterrado de vez o personagem para a sétima arte. Ainda bem que não desistiram dele pois esse "Dragão Vermelho" é em minha opinião a melhor transposição de Lecter para as telas. Baseado no livro de Thomas Harris esse é certamente o retrato mais fiel do serial killer. Embora seja um personagem de ficção Hannibal é na realidade uma fusão dos perfis de muitos psicopatas do mundo real. Tal como Norman Bates de "Psicose" o criminoso feito por Hopkins é na realidade um mosaico que reúne características de vários monstros assassinos que realmente existiram, tudo concentrado em um só personagem. Nesse "Dragão Vermelho" tudo é mais bem situado, explicado e caracterizado. Some-se a isso a boa trama e eis um filme realmente impecável sob qualquer ponto de vista. 

Uma das boas idéias de "Dragão Vermelho" é mostrar eventos que ocorreram cronologicamente antes de "O Silêncio dos Inocentes". Aqui um agente do FBI, William Graham (Edward Norton), procura ajuda com Lecter (Anthony Hopkins) para tentar capturar um novo serial killer chamado Francis Dollarhyde, interpretado com brilhantismo  por Ralph Fiennes. Sádico, extremamente desequilibrado e vivendo em um mundo de delírios, Francis leva toda uma cidade a um verdadeiro estado de pânico com seus crimes em série. O diretor Brett Ratner prima muito mais pelo suspense e tensão psicológica entre a dupla central do que pela escatologia pura e simples. Esse aliás é o grande mérito do filme. Ao invés do estilo mais cru, vulgar e grotesco de "Hannibal" o roteiro se apóia muito mais no clima sombrio e soturno no qual vivem esses homicidas do nosso tempo. Desnecessário recomendar o filme para os fãs do personagem. A trilogia original se encerrou aqui, o personagem infelizmente ainda voltou a dar as caras em um nova tentativa de revitalizar Hannibal nos cinemas mas foi uma tentativa frustrada. "Dragão Vermelho", por outro lado, é realmente o melhor já feito sobre o canibal famoso da ficção, fechando com chave de ouro sua melhor fase em Hollywood.

Dragão Vermelho (Red Dragon, Estados Unidos, 2002) Direção: Brett Ratner / Roteiro: Ted Tally / Elenco: Anthony Hopkins, Edward Norton, Ralph Fiennes, Harvey Keitel, Mary-Louise Parker, Emily Watson, Philip Seymour Hoffman / Sinopse: Famoso criminoso é procurado por agente do FBI para ajudar na busca de um serial killer que está à solta, jogando terror e medo na população de uma grande cidade americana.

Pablo Aluísio.