domingo, 11 de setembro de 2011

Little Richard

Little Richard foi um nome importante no surgimento do rock ´n´roll. Alguns disseram agora, com sua morte, que ele foi um dos nomes fundamentais no surgimento nesse novo gênero musical, que o rock simplesmente não existiria sem ele. Littler Richard teria sido um dos criadores do rock tal como conhecemos.

Não desmerecendo a importância dele como artista, as coisas não são bem assim. O próprio Little Richard sequer considerava o rock como algo novo, que havia sido inventado. Ele costumava dizer que aquilo que passou a ser chamado de rock nada mais era do que o bom e velho conhecido Rhythm and blues. E de certa foram ele tinha uma dose de razão.Os novos artistas jovens apenas aceleraram ainda mais aquela vertente do Blues e nesse processo criaram uma nova linguagem musical. Porém ser considerado o inventor do rock era algo sem sentido, segundo a própria opinião de Richard.

Expulso de casa aos 14 anos, após ser acusado de ser homossexual pelo pai, Richard Wayne Penniman (seu nome real) pegou a estrada e foi viver por conta própria. Imagine ser um negro pobre, homossexual e sem trabalho naqueles anos. Pior ainda, ser uma pessoa nessa situação no sul, a região mais racista dos Estados Unidos. Ele porém era lutador e viveu de pequenos trabalhos (como lavador de pratos) por anos. Ganhando sua sobrevivência na luta do dia a dia foi melhorando na música, estudou piano e mais tarde conseguiu viver da arte.

O surgimento daquele novo estilo, que os radialistas associavam a uma rocha (rock), por causa da pegada forte do ritmo, foi sua salvação pessoal. Dono de um timbre de voz único, inimitável, Little Richard começou a fazer sucesso com músicas como "Tutti Frutti", “Long Tall Sally”, “Rip It Up” e “Good Golly Miss Molly”. Foi justamente nessa fase que ele encontrou o auge comercial de toda a sua carreira. Sua melhor fase foi na gravadora RCA, onde gravou seus maiores e mais lembrados hits. Curiosamente na virada da década de 1950 para 1960 ele passou por uma fase de fervor religioso, largando o rock para se dedicar completamente à religião. Virou um cantor de música religiosa e saiu do foco da parada de sucessos que ele vinha frequentando. Uma opção pessoal dele. De qualquer forma aqueles poucos anos de sucesso, entre 1956 a 1959 o imortalizaram para sempre na história da música, fazendo com que ele jamais seja esquecido.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de setembro de 2011

Astrid Kirchherr

Morreu na última quarta-feira a fotógrafa alemã Astrid Kirchherr. E quem foi ela? Qual sua importância no mundo da música? Ela foi namorada nos anos 1950 e 1960 de um jovem inglês chamado Stuart Sutcliffe. Ele estava em Hamburgo, se apresentando com seus amigos numa banda de rock.

Isso tudo não teria nenhuma importância se os amigos de Stu não se chamassem John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Pete Best. Pois é meus caros, eram os Beatles! E ela foi uma pessoa bem importante nessa época da carreira dos Beatles. Eles eram desconhecidos, apenas um grupo de jovens procurando um lugar ao sol.

Ela adorou os rapazes e os influenciou, inclusive no aspecto visual. Eles copiaram o penteado de franjinha lisa que Astrid usava. Com isso a imagem clássica dos Beatles, tal como conhecemos, nasceu. Ela também tirou uma série de fotos deles em Hamburgo, fotos que até hoje fazem parte da história do rock.

Infelizmente Stu morreu muito jovem. Ele tinha problemas cerebrais e faleceu bem jovem. A amizade com os Beatles porém continuou por anos e anos. John Lennon a contratou depois para tirar novas fotos do grupo, já em sua fase de sucesso internacional e nunca deixou de visitar Astrid quando ia na Alemanha. Afinal Stu havia sido um dos grandes amigos de sua vida. Por fim deixo a dica do filme "Os Cinco Rapazes de Liverpool" que conta a história de Astrid, Stu e os Beatles na Alemanha. Um excelente filme que resgata toda essa história.

Pablo Aluísio.

Silver Beatles na Escócia

Quando Paul e John foram convidados para tocar com o cantor Johnny Gently na Escócia eles não passavam de garotos. Tanto isso é verdade que Paul McCartney precisou enganar ao pai, dizendo que naquela semana não haveria aulas na escola de Liverpool. Ele era apenas um colegial. John, que na época estava morando sozinho em um quartinho, precisou também ligar para a tia Mimi dizendo que ia passar uma semana fora, tentando ganhar alguns trocados na Escócia.

Na época os Beatles nem se chamavam Beatles, mas sim Silver Beatles (ou Silver Beetles, dependendo do dia). Não fazia muito tempo que eles tinham tocado ao vivo com o estranho nome de Johnny and the Moondogs. Na verdade era um bando de fedelhos que mal conseguiam ganhar um refrigerante em troca de algumas notas musicais em qualquer palco que os aceitasse. Eles queriam tocar, acima de tudo, para ganhar experiência.

Ringo ainda não fazia parte da banda e George Harrison ainda era menor de idade. Mesmo assim eles se amontoaram numa van velha e foram para a Escócia, servir de banda de apoio do tal Johnny Gently, que era um ídolo adolescente, teen, uma imitação inglesa barata de Elvis Presley. John Lennon, apesar de ser um notório desconhecido, não baixou a crista para o cantor. Achou suas músicas fracas e até deu uns toques para algumas composições dele. Mal sabia todos que o nome de John Lennon em uma música iria valer milhões de dólares em um futuro próximo.

A excursão foi bem mais ou menos e os Beatles não ganharam bem. Na verdade eles gastaram tudo em alimentação e estadia, nos hotéis mais baratos que tinham a disposição. A turnê também foi em pequenas cidades do interior, nada espetacular. Posters de divulgação dos shows sobreviveram ao tempo, mas o nome dos Silver Beatles nem aparecia neles. Apenas Johnny Gently era anunciado. No mais os Beatles foram indicados apenas como "sua banda". De qualquer maneira valeu a experiência, porque eles tiveram a oportunidade de tocar profissionalmente pela primeira vez, ganhando dinheiro com a música. Algo que eles nem esperavam acontecer.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

The Beatles Again (1964)

Para quem gosta de pesquisar sobre a discografia brasileira dos Beatles, não se pode deixar de citar esse "The Beatles Again". Foi o segundo LP dos Beatles a ser lançado em nosso país, isso em setembro de 1964. Não podemos esquecer que em março desse mesmo ano havia chegado ao público brasileiro o tão afamado "Beatlemania". Para quem era fã nacional dos Beatles na época não existia o "Please Please Me" e nem tampouco o "With The Beatles". Esses álbuns, iguais aos originais ingleses, só chegariam em nossas lojas alguns anos depois.

E como um disco 100 por cento Brazuca, podemos bem perceber uma certa confusão em suas faixas, misturando músicas gravadas pelos Beatles para seus primeiros discos. A grande maioria das canções foram retiradas do álbum inglês "Please Please Me", com algumas novidades. Entre elas o fato de que a EMI no Brasil decidiu colocar também canções do filme "A Hard Day´s Night". Isso era surpreendente porque as músicas eram novidade, inclusive na Europa e Estados Unidos. A capa, feinha que só, vinha para completar o quadro bem pouco sofisticado, do ponto de vista fonográfico, desse álbum nacional. Porém para quem queria ouvir os Beatles naqueles tempos, era um alívio ter um disco como esse em mãos. Quem não tinha contatos e nem dinheiro para discos importados, o jeito era se contentar com o nosso mercado mesmo.

Eu tenho uma certa ligação emocional com esse disco porque meu irmão mais velho o tinha desde os anos 70. E foi nessa época em que eu nasci. Assim, muito provavelmente, esse foi um dos primeiros discos que ouvi em minha vida. Mesmo a capa sendo primitiva e tudo mais, eu curti muito esse disco de vinil. O curioso é que apesar de meu irmão ser um grande fã dos Beatles ele não tinha em nossa casa o "Beatlemania" que era figurinha fácil nos lares brasileiros. Ao invés disso ele tinha o "Beatles For Sale" desse mesmo ano de 1964. Depois vieram todos os demais discos. Por volta do começo dos anos 80 já tínhamos praticamente tudo do grupo, até porque a Odeon no Brasil relançou todos os discos oficiais dos Beatles, seguindo à risca a discografia da Inglaterra, que sempre foi considerada a oficial. Esse pacote de discos, lá por volta de 1982, foi um verdadeiro presente para essa geração que não havia vivido a época dos Beatles, mas que agora se interessava por sua maravilhosa obra musical.

Ainda tenho o disco original em minha coleção de discos de vinil. Pois é, muita gente jogou fora seus LPs quando o disco de vinil pareceu morrer ali por volta da virada dos anos 80 para os anos 90. Em minha casa procuramos preservar tudo, não apenas como um item de colecionador, mas também pelo apego emocional a esses discos que fizeram parte da nossa infância e adolescência. É uma questão de preservar aquilo que no passado nos deu muita alegria e diversão.

The Beatles Again (1964)
Please Please Me / Boys / Twist and Shout / From Me Tou You / Baby It´s You / I´ll Get You / Hold Me Tight / Money / Do You Know a Secret? / All My Loving / Love Me Do / Can´t Buy Me Love.

Pablo Aluísio.

The Beatles - John e Paul tocando ao vivo!


 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Jim Morrison - Ninguém Sai Vivo Daqui

Essa biografia de Jim Morrison foi um grande sucesso de vendas nos Estados Unidos, vendendo em torno de 2 milhões de cópias, entrando na lista dos best-sellers do New York Times. O autor é bem conhecido para quem gosta de ler sobre música. Jerry Hopkins foi jornalista da revista Rolling Stones no auge de popularidade do rock e já era bem conhecido pelos fãs de Elvis Presley, principalmente pelo ótimo livro que escreveu sobre o Rei do Rock. Nesse aqui ele foi atrás da história do líder dos Doors, Jim Morrison, entrevistando amigos, familiares e namoradas. Acabou escrevendo um livro bem agradável de se ler.

Um dos pontos fortes dessa obra é que o autor foi um dos poucos jornalistas que conseguiram entrevistar Pamela, a musa de Morrison, a garota que o acompanhou até o dia de seu morte em Paris. Aliás foi ela que encontrou o artista morto na banheira de seu apartamento na cidade francesa. Ela não viveu muitos anos além de Morrison, morrendo de uma overdose de heroína em 1974. O fato de ter seu ponto de vista nessa páginas já qualifica o livro como um dos melhores sobre Morrison. A Pamela, infelizmente, teve uma vida tão auto destrutiva como o próprio namorado. Ela terminou seus dias bem pobre, viciada em drogas e dormindo de favor na casa de alguns amigos em Los Angeles. Nunca conseguiu desfrutar da fama e da riqueza gerada pelo nome The Doors.

Agora um fato curioso vem à tona. O escritor afirma com todas as letras que era bem mais admirador de Jim Morrison antes de escrever o livro. Quando foi exposto à verdadeira história do cantor ele ficou um tanto decepcionado com o que encontrou. Nos últimos anos Jim Morrison havia se tornado mesmo uma figura trágica. Estava alcoólatra e vivia perambulando pelas piores espeluncas e bares de Los Angeles. Vivia bêbado, caindo pelas ruas. Isso sem contar as drogas pesadas que tomava quando as encontrava de forma fácil pelos becos da cidade. Em Paris não mudou muito sua rotina. Continuou a ir em bares e boates onde passava o dia bebendo e tomando drogas. Supõe-se que no dia de sua morte injetou um tipo de heroína vinda do Marrocos. Seu organismo que já vinha sofrendo vários abusos ao longo dos anos não suportou mais essa agressão. Ele morreu muito jovem, aos 27 anos, pelos excessos que tinham se tornado rotina em sua vida.

Assim só coube ao autor lamentar a morte de um talento desses, tragado por seus vícios. Ele também descartou em sua biografia todas aquelas loucas teorias de que Morrison teria forjado sua própria morte, indo morar na África, como contrabandista, tal como seu ídolo Rimbaud. Nada dessa bobagem faz sentido para o escritor. Ao adotar esse estilo sóbrio e realista, o livro acaba ganhando mesmo muitos pontos positivos. No fim de tudo sobraram processos judiciais, envolvendo a família de Pamela, de Jim e dos demais membros dos Doors e um busto no cemitério de Père-Lachaise, busto esse inclusive que foi roubado alguns anos atrás. O lugar onde ele foi enterrado acabou se tornando um ponto de encontro de junkies europeus e americanos. Pelo visto os excessos de Jim Morrison não o deixaram nem após sua morte. Realmente não houve salvação para o auto denominado Rei Lagarto.

Pablo Aluísio.

Robert Schumann

Robert Schumann foi um dos grandes pianistas e compositores da história. Ele nasceu em Zwickau, no antigo Reino da Saxônia (hoje Alemanha) no dia 8 de junho de 1810. Desde jovem mostrou paixão e aptidão para a música Seu pai o incentivava muito, pois também tinha alma de artista. Depois com os anos de estudo ele foi se tornando um maravilhoso pianista, apesar da pouca idade. A vida de Robert Schumann foi repleta de tragédias, sendo a primeira delas a morte de seu querido pai. Sem ele, o jovem pianista se viu sem seu maior incentivador.

A mãe de Schumann não via a vida de artista com bons olhos. Para ela os músicos não tinham grande futuro, sendo que muitos deles morriam na maior miséria. Por isso fez de tudo para proibir que seu filho seguisse por esse caminho. Para ela o importante era ir para uma universidade de direito, para se tornar advogado. Esse era um grande futuro para o seu filho.

Mesmo a contragosto Schumann foi cursar direito. Só que seu velho sonho de ser um pianista não o deixava. Assim ele acabou conhecendo um grande professor que ficou admirado por seu talento. Ao jovem pupilo o mestre disse: "Largue o curso de direito e venha estudar comigo. Eu vou lhe transformar no maior pianista do mundo!". Com esse inventivo o ele simplesmente largou tudo e foi buscar o sonho de ser um músico profissional. E se deu muito bem, pelo menos nos primeiros anos, quando deu concertos por toda a Alemanha, se tornando celebrado e admirado.

Porém seu destino quase sempre caminhava para a tragédia. Ele teve um problema sério nas mãos que liquidou sua carreira de concertista. Sem conseguir tocar piano, ele foi para o lado de composição, se tornando um grande criador. Também se destacou no jornalismo, onde se tornou crítico de arte de um jornal de sua cidade. Só que nada disso impediu que Robert Schumann tivesse um sério problema mental que o deixou incapaz de trabalhar. Acabou sendo internado em uma instituição psiquiátrica, onde veio a falecer ainda muito moço, na idade de apenas 46 anos de idade. Sua adorada esposa Clara reuniu todos os seus trabalhos e conseguiu levar para a posteridade todo o seu grande trabalho de compositor. Sua obra chegou intacta até nós, graças a ela. Especialistas atuais e estudiosos em geral colocam o músico como um dos mais importantes na história do piano, lado a lado com Chopin e Franz Liszt.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

The Beatles


Beatles Fashion
Os Beatles posam para a foto mostrando toda a sua elegância. O grupo que no começo da carreira usava roupas de couro, tais como as que Marlon Brando desfilou no filme "O Selvagem", teve seu visual mudado pelo empresário Brian Epstein. Saíram os blusões e entraram finos ternos ingleses. Para Brian o visual era tão importante quanto a música e o grupo deveria se apresentar com a mesma finesse dos bons rapazes britânicos, como se toda mãe da Inglaterra tivesse orgulho de tê-los como genros! A nova sofisticação no figurino pegou muito bem e em pouco tempo os Beatles estavam em todas as capas de revistas do Reino Unido.



Beatles e Dylan
Na foto John e Paul trocam figurinhas enquanto compõem mais uma canção. Para John os discos de Bob Dylan foram uma grande influência na composição das letras dos Beatles, uma vez que Lennon descobriu que poderia haver mais alternativas do que a velha fórmula "garoto-ama-garota" que eles vinham usando até então. Usando uma linguagem rebuscada os Beatles começaram a criar letras com intenso jogo de palavras, muitas delas sem sentido algum, apenas valendo a sonoridade que poderiam trazer para as melodias. Já sobre a própria pessoa de Dylan, John foi mais ácido ao dizer: "Não havia como ficar muito tempo ao seu lado, ele era muito paranóico".


Pete Best e os Beatles
Uma das primeiras formações dos Beatles: John Lennon, George Harrison, Paul McCartney e Pete Best. O baterista foi considerado tecnicamente fraco pelo primeiro produtor dos Beatles, George Martin. Ele então sugeriu que ele fosse substituído por outro durante as gravações dos discos, sendo utilizado apenas nos shows ao vivo. Os três Beatles então se reuniram e decidiram tirar Best da banda. Quem ficou responsável pela demissão foi John Lennon. Anos depois ele relembrou: "Sempre que havia um serviço sujo a fazer eu era o designado para isso!". Depois de uma conversa tensa Pete Best finalmente foi afastado, entrando em seu lugar Ringo Starr, velho conhecido dos tempos em Hamburgo. 


Stu, o Quinto Beatle
O grande amigo de John Lennon no começo dos Beatles não foi Paul McCartney e nem George Harrison, mas sim Stu Sutcliffe. Ambos se conheceram bem jovens e foram amigos no instituto de arte de Liverpool onde eles estudavam. O sonho de Stu sempre foi o de ser um pintor, mas John o convenceu a entrar nos Beatles como baixista do grupo. Detalhe: ele não sabia tocar e nem levava jeito para a coisa, por isso na maioria das vezes se apresentava de costas para o público. Como a música não lhe fazia muito a cabeça Stu logo deixou os Beatles e foi viver ao lado da namorada amada Astrid Kirchherr na Alemanha. Infelizmente ele morreu muito cedo, vítima de um tumor cerebral e por essa razão não teve a oportunidade de ver o imenso sucesso que os Beatles iriam alcançar nos anos seguintes.


Beatles em Hamburgo
Na foto George, Stu e John posam para uma foto tirada por Astrid, a namorada de Stutcliff na Alemanha. Os Beatles iam para a Alemanha em busca de trabalho e experiência. Eles tocaram em boates de strip tease e pequenos bares localizados no bairro boêmio da cidade. O som do grupo em pouco lembrava os primeiros discos da banda pois tudo ainda era bem cru. Ringo, que cruzou com os Beatles na Alemanha (embora ainda não fizesse parte do conjunto) resumiu tudo ao afirmar que na época o som dos rapazes mais parecia com a de uma banda punk dos anos setenta do que qualquer outra coisa. O visual também era bem diferente, com os membros vestidos de roupas de couro tal como os roqueiros americanos da época.


The Beatles - A Hard Day's Night
Na foto os Beatles correm em cena do filme "A Hard Day's Night" (Os Reis do Ié-Ié-Ié, no Brasil). Dirigido pelo cineasta Richard Lester, com roteiro de Alun Owen, o filme tinha a proposta de mostrar o que seria um dia na vida dos Beatles. Esses por sua vez aparecem em cena intepretando a si mesmos, naquele que foi considerado o melhor momento dos Beatles no cinema. Para John Lennon foi uma oportunidade e tanto de desfilar sua personalidade mais ácida. Suas observações irônicas acabaram inspirando várias cenas. Fora das telas John continuava com seu jeito de não poupar nada, nem ninguém. Perguntado por uma jornalista sobre seu desempenho no filme, John respondeu: "Não somos atores, então não se pode se esperar grande coisa!". Para surpresa de todos porém o filme foi bem recebido por público e crítica, arrancando duas indicações ao Oscar, de melhor roteiro original e melhor música (George Martin).


John e Cynthia Lennon
John e Cynthia fogem da imprensa durante uma viagem a Londres. Eles se casaram porque ela ficou grávida, ainda na época dos Beatles. Brian Epstein, o empresário da banda, chegou na conclusão que não seria um bom negócio ter o casamento divulgado para a imprensa, uma vez que toda fã dos Beatles sonhava em se casar com um deles. Ter um Beatle casado era assim algo ruim para a imagem do grupo, por isso Cynthia ficou escondida por anos das fãs do conjunto. Apenas dois anos depois, por volta de 1964, é que a imprensa americana finalmente descobriu que John era casado há anos com ela.

John e os Deficientes - Nessa semana que passou John Lennon voltou a ser notícia em vários órgãos de imprensa mundo afora. Pena que não por um aspecto positivo. Uma instituição de proteção a pessoas deficientes condenou um vídeo onde John parecia imitar uma pessoa com deficiência mental. É obviamente uma brincadeira, mas que pegou muito mal. Eu nunca tinha visto esse show e nem essa suposta brincadeira de Lennon e confesso que não estou aqui para defende-lo, mas sim colocar um pouco de bom senso em toda essa história.

Juro que não consegui ver uma maldade nos gestos de John. Ele está no palco e imita gestos de uma pessoa com problemas mentais. Acho que foi mais uma molecagem sem noção do que qualquer outra coisa. Não penso que John tenha tido qualquer intenção de ofender ou humilhar as pessoas com deficiência. O que vi ali foi mais um homem com mentalidade de garoto, tentando fazer as fãs rirem de seus gestos. Não vejo, repito, maldade nenhuma no que John fez. Claro que muitos não vão concordar com minha forma de entender a questão, mas sinceramente acredito que houve um certo exagero por parte desses grupos que fizeram um verdadeiro escarcéu com tudo. Tudo bem, não devemos fazer dos problemas mentais das pessoas uma piada, nisso concordo, porém temos também que entender que aquele show foi há mais de cinquenta anos e naquele tempo não havia ainda esse tipo de consciência mais apurada. Condenar John Lennon como um vilão por algo como aquilo me soa muito desproporcional.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Complexo de Édipo de John Lennon

Recentemente surgiu uma polêmica envolvendo John Lennon e sua mãe Julia. A versão oficial todos conhecemos. A mãe foi atropelada por um bêbado em uma rua de Liverpool. Ela não sobreviveu ao evento trágico e isso destruiu emocionalmente Lennon. Basta ouvir músicas como "Julia" e "Mother" para bem entender esse aspecto. O próprio Lennon não escondia nada, sua dor era expressa sem meias palavras.

O foco da polêmica porém não é essa. Uma fita, contendo um áudio privado de John, chocou algumas pessoas. Nela podemos ouvir John relatando uma estranha história quando ele supostamente teria tido algum desejo sexual em relação à Julia. Um momento incestuoso que desconcertou John, a ponto dele gravar sua confissão numa fita que seria enviada para seu analista.

A fita acabou sendo roubada de seus pertences e divulgada por um de seus antigos secretários particulares. Yoko Ono processou o gatuno, mas o estrago estava feito. Quando isso aconteceu John era apenas um jovem com hormônios a todo vapor, mas não deixa de ser algo assustador saber que ele, em algum momento de sua vida, teve uma atração sexual por sua própria mãe! E o mais estranho de tudo é que John admitia na fita que se tivesse tomado a iniciativa, provavelmente sua mãe teria cedido aos seus avanços! Que coisa mais bizarra, Mr. Lennon...

Pelo visto o ex-Beatle nutriu mesmo um complexo de Édipo pela figura materna. A única diferença é que ele não precisou disputar o amor da mãe com o pai, pois esse havia há muito abandonado a família, deixando John e Julia sem qualquer amparo, o que faria com que John criasse uma aversão completa por seu pai. Anos depois, já rico e famoso como membros dos Beatles, seu pai retornou. E segundo John o chantageou, aparecendo na imprensa lavando pratos em um boteco inglês. Sem outra alternativa John lhe ajudou na velhice, mas nunca o perdoou totalmente pelo que havia feito no passado, quando se esquivou de assumir as funções de pai e marido.

Pablo Aluísio.

Frank Sinatra - Moonlight Sinatra

O tema desse álbum de Frank Sinatra é a lua, ou melhor dizendo, a lua dos namorados. São canções românticas que evocam romantismo em cada momento. Um disco conceitual? Bom, eu poderia classificar como uma coletânea conceitual, já que as canções escolhidas pelo próprio Sinatra não foram compostas em conjunto para a elaboração de um disco específico. Pelo contrário são músicas citando a lua, mas de períodos e compositores bem diversos. Inegavelmente o conjunto ficou bonito, mas sem essa coisa de tentar criar algo mais substancial do que realmente é. Assim temos uma coleção de lindas músicas românticas na voz incomparável de Frank Sinatra.

Historicamente o cantor teve o melhor período de sua discografia na Capitol Records. Depois ele brigou com os produtores e decidiu que iria abrir seu próprio selo. Nasceu assim a Reprise Records. Trabalhando por conta própria, sendo ao mesmo tempo artista e empresário, Sinatra não perdeu tempo. Levou sua própria equipe musical do período em que gravava seus álbuns na Capitol para a nova gravadora. Entre esses músicos estava o amigo e parceiro Nelson Riddle, acompanhado de sua fabulosa orquestra. Relembrando que na Capitol o talentoso Riddle nunca teve o espaço merecido. Ele era - pasmem! - considerado apenas um maestro substituto dentro do selo. Era do banco de reservas. Na Reprise ele seria do time principal, com o status que merecia. E como não poderia deixar de ser, novamente foi brilhante ao lado de Sinatra. Esse disco aqui demonstra muito bem isso, nessa nova fase. O mesmo talento, a mesma elegância em cada nota musical. É mais um dos grandes discos de Frank Sinatra, aqui em casa nova.

Frank Sinatra - Moonlight Sinatra
Cantor: Frank Sinatra
Álbum: Moonlight Sinatra
Selo: Reprise Records
Data de Gravação: Novembro de 1965
Produção: Sonny Burke
Local de Gravação: Hollywood, Los Angeles
Data de Lançamento: Março de 1966

Frank Sinatra - Moonlight Sinatra
1. Moonlight Becomes You (Johnny Burke / Jimmy Van Heusen)
2. Moon Song (Sam Coslow / Arthur Johnston)
3. Moonlight Serenade (Glenn Miller / Mitchell Parish)
4. Reaching for the Moon (Irving Berlin)
5. I Wished on the Moon (Dorothy Parker / Ralph Rainger)
6. Oh, You Crazy Moon (Burke / Van Heusen)
7. The Moon Got in My Eyes" (Burke, Johnston)
8. Moonlight Mood (Harold Adamson / eter de Rose)
9. Moon Love (Mack David / André Kostelanetz)
10. The Moon Was Yellow (And the Night Was Young) (Fred E. Ahlert /  Edgar Leslie)

Pablo Aluísio.