1. Qual era a altura de Jesus e como era sua aparência? Não se sabe com exatidão a resposta para esse tipo de questionamento. Os evangelhos não trazem descrições físicas de Jesus pois para seus autores era mais importante espalhar a mensagem de Jesus e não sua aparência física (considerada na antiguidade como algo sem maior importância).
2. Se não se sabe como Jesus realmente aparentava de onde surgiu essa imagem que conhecemos hoje? As mais antigas representações de Jesus na verdade não o retratavam com longos cabelos, mas sim com cabelos curtos, porém essas primeiras representações são datadas de mais de dois séculos após sua morte e não são exatas. A tradição é apontada como a que manteve viva essa imagem tradicional de Jesus. Alguns historiadores inclusive afirmam que essa imagem (nariz alongado, cabelos negros longos e olhar expressivo) na verdade foi baseada no Santo Sudário da Igreja Católica. Enfim, muitas incertezas e poucas certezas sobre como se parecia fisicamente o Messias.
3. Jesus Cristo teve irmãos?
Esse é um tema dos mais controversos. No evangelho supostos irmãos de Jesus são até nomeados, além de haver também referências a irmãs dele (cujos nomes infelizmente os Evangelhos não trazem). Seria irmãos de sangue de Jesus? Filhos de Maria e José? Ninguém sabe ao certo. Para a Igreja Católica se trata de um erro de interpretação pois a família santa seria composta apenas por Maria, José e Jesus. Para outros eles seriam filhos de José de um casamento anterior. Para alguns historiadores não seriam irmãos, mas primos, de acordo com a tradição judaica antiga.
4. Jesus era analfabeto?
De tempos em tempos surgem teses de que Jesus não era alfabetizado e que por essa razão não teria deixado nada escrito de próprio punho. Os que defendem essa teoria dizem que raras pessoas eram alfabetizadas na antiguidade, ainda mais se tratando de um membro da classe mais pobre como Jesus. É um erro. Em várias passagens do evangelho Jesus surge como alguém demonstrando cultura em relação às escrituras (algo que ele teria adquirido com estudo e leitura), além da famosa passagem onde Jesus começa a escrever na areia os pecados dos que estavam à sua volta querendo apedrejar uma pecadora. Com tudo isso é praticamente certo afirmarmos que Jesus realmente sabia ler e escrever.
5. Jesus foi casado com Maria Madalena?
Não existe qualquer evidência histórica de que Jesus tenha sido casado com Maria Madalena. A lenda popularizada pelo livro "O Código da Vinci" de Dan Brown não parece ter qualquer base na história real dos fatos. Além disso os evangelhos não dizem nada sobre Jesus ser casado, uma informação vital que teria sido escrita nos livros sagrados com absoluta certeza. Como não há nada sobre isso tudo o que restam são puras especulações vazias.
6. Onde Jesus pregava?
Jesus pregava ao ar livre, nas praias, nas ruas, nas casas, em qualquer lugar onde houvesse alguém disposto a ouvir sua mensagem. Foi um pregador do povo e para o povo. Não interessava muito a Jesus ensinar aos sacerdotes do templo, tão orgulhosos e cheios de si, arrogantes ao extremo, considerando-se melhores do que o resto do povo. Jesus procurava os pobres, os excluídos, os miseráveis para levar sua palavra divina. Foi um homem livre, que ia e vinha de acordo com sua vontade, espalhando a mensagem de Deus a quem quisesse ouvir.
7. Como era a personalidade de Jesus?
Retratado muitas vezes com um olhar austero em quadros e pinturas, tudo leva a crer que na vida real Jesus era uma pessoa extremamente agradável, simpática, paciente e bastante comunicativa, afinal de contas ele veio ao mundo para falar sobre Deus e sua graça. Assim é bem deixar de lado a imagem de um Jesus sisudo e com cara de poucos amigos. Jesus era um homem do povo, interagia com todos, ria, participava de festas, casamentos, sempre conversando e sendo amigável com todos. Sua simpatia acabou sendo usada como arma contra ele por certos acusadores. Só para você ter uma ideia de seu jeito de ser.
8. O que Jesus pregou sobre a homossexualidade?
Não há no evangelho nenhuma palavra de Jesus sobre a questão. É curioso, mas nenhum dos evangelistas registrou qualquer palavra ou pensamento de Jesus sobre os homossexuais. Não que eles não existissem na época de Jesus, pelo contrário, havia muitos, porém realmente sobre isso os textos dos evangelhos simplesmente silenciam completamente. Se Jesus algum dia de sua vida pregou sobre o tema isso se perdeu completamente nas areias do tempo.
9. Jesus esteve na Índia?
Uma velha lenda afirma que Jesus teria viajado até a Índia nos chamados anos obscuros de sua vida (onde os evangelhos silenciam completamente sobre sua vida). Existem, é verdade, vários supostos locais onde Jesus teria vivido, em distantes reinos indianos, porém como sempre nada foi provado efetivamente. Existe inclusive um suposto túmulo atribuído a Ele numa distante província indiana. Segundo a lenda local ele teria ido viver seus últimos anos de vida lá, após ser crucificado e ressuscitado. Tudo não passa realmente de lenda.
10. Para a teologia cristã Jesus é filho de Deus ou o próprio Deus?
Essa foi uma questão teológica que durou séculos até que finalmente autoridades da Igreja Católica determinaram que Jesus era o próprio Deus encarnado entre os homens. Esse fundamento de fé foi seguido pelos evangélicos que também defendem que Jesus não era apenas o filho de Deus, mas sim o próprio Deus entre a humanidade. Essa é uma visão teológica seguida por todo o cristianismo tradicional, porém não por todas as religiões. O espiritismo, por exemplo, não defende Jesus como o divino, mas apenas como um espírito evoluído.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Os Judeus e o Catolicismo
A fé judaica não crê que Jesus Cristo foi o Messias enviado por Deus. Para os judeus Jesus não era em absoluto o Messias e nem tampouco o próprio Deus encarnado na Terra. No máximo Jesus apenas poderia ser encarado, do ponto de vista histórico, como um jovem rabi muito inteligente que tinha uma visão bem diferente e pessoal dos dogmas da religião judaica. Nada mais do que isso. Eles não acreditam nos milagres de Jesus, em suas pregações e nem em seu caráter divino. Os judeus possuem seus próprios dogmas, crenças e ritos religiosos, apesar do Velho Testamento ser uma obra em comum com os cristãos. Durante séculos a Igreja Católica precisou lidar com essa diferença religiosa entre cristãos e judeus. Sendo o próprio Jesus um judeu que viveu no século I e pregou para o povo judeu na Terra Santa, essa diferença de posição religiosa sempre deixou intrigados historiadores e teólogos ao longo dos séculos. O próprio Cristo no Novo Testamento deixou pistas sobre essa questão numa de suas parábolas onde procurou demonstrar que sua missão não seria acreditada por seu próprio povo. Em uma das passagens um judeu pergunta incrédulo: "Não é esse o filho do carpinteiro, filho de José e Maria?".
O Papa Francisco e a Comissão Pontifícia para as Relações Religiosas do Vaticano divulgou recentemente um documento sobre as relações entre a Igreja Católica e o Judaísmo histórico. De acordo com o texto os católicos sempre serão chamados para testemunharem sua fé em Jesus Cristo para todas as pessoas, incluindo os judeus, porém a Igreja não realizará e nem apoiará qualquer iniciativa institucional voltada para a conversão de povos judeus. Uma maneira de respeitar a fé alheia. Como os judeus serão salvos por Deus, mesmo não acreditando em Jesus Cristo, seguirá sendo um mistério divino insondável, segundo a reflexão sincera desse documento católico. De acordo com os doutores e mestres do catolicismo a aliança entre Deus e o povo judeu jamais foi quebrada pois Esse sempre será fiel às suas promessas. O judeu que reconhecer Jesus o fará por sua própria e livre iniciativa, seguindo sua vontade.
O que deve ser sempre celebrado é o diálogo entre católicos e judeus que já dura séculos, sem qualquer incidente histórico mais grave. A tolerância religiosa e o respeito são as chaves para essa boa convivência, algo que vem sendo reforçado diplomaticamente desde sempre, com especial reforço no Concílio Vaticano II. O documento afirma explicitamente que isso não é um "ensinamento doutrinal da Igreja Católica", mas uma reflexão com base na doutrina e que flui diretamente da declaração expressa do próprio concílio denominada "Nostra Aetate" sobre as relações católicas com outras religiões. Nesse mesmo texto fica claro que a Igreja Católica condena de forma veemente todas as formas de anti-semitismo, em especial de ideologias políticas extremistas de ódio como infelizmente aconteceu com o Nazismo durante a II Guerra Mundial.
Não se pode ignorar que as raízes do cristianismo são judaicas. Não se pode compreender inteiramente os ensinamentos de Jesus Cristo sem situá-lo dentro da cultura e da religião judaica do século I. O cristianismo tem como bases históricas a própria vida de Jesus, sua vida, ensinamentos, morte na cruz e ressurreição. A vida de Jesus e sua crença tem um elo de ligação profunda com a religião dos judeus. A vinda do Messias, sua salvação e a redenção que traria ao mundo e à humanidade foi prevista por profetas judeus que tiveram suas palavras, atos e gestos, imortalizados no Velho Testamento que nada mais é do que a Torá dos Judeus. Embora a religião judaica não acredite no Jesus Messias, Ele fez parte dessa longa tradição religiosa que atravessou os milênios.
Os primeiros cristãos, os apóstolos que caminharam ao lado de Jesus, se consideravam judeus e frequentavam as sinagogas da antiga Israel. Lá conviviam ao lado de judeus tradicionais e trocavam ideias e crenças com eles. A ruptura doutrinária e conceitual entre cristianismo e judaísmo só se daria de forma definitiva, segundo historiadores, no século III ou IV, quando o cristianismo se espalhou de forma incontrolável na Europa sob domínio do Império Romano. Nessa nova terra o cristianismo cresceu e rompeu suas raízes com o judaísmo. Ao invés de ser considerada apenas uma pequena seita dentro do próprio judaísmo, a crença no Cristo começou a ser encarado como uma nova religião, baseado inteiramente nos ensinamentos de Jesus. O interessante é que em determinado momento histórico o Cristianismo ia contra as crenças da religião do império romano, o paganismo com suas várias divindades, e também representava uma ruptura com o próprio judaísmo que lhe deu origem. Mesmo assim a crença cresceu e acabou superando enormemente o número de seguidores do judaísmo no mundo, levando em consequência também à extinção a própria religião romana. Mesmo combatida no mundo das ideias e reprimida violentamente pelo Estado Romano, o Cristianismo cresceu e dominou as mentes e corações das pessoas da antiguidade.
Durante a Idade Média houve inúmeros problemas envolvendo cristãos e judeus. A diferença de crenças levou ao aumento do anti-semitismo na Europa. As cruzadas também colocaram de forma muito próxima os cristãos e o povo judeu, naquela altura sendo dominado por califados islâmicos. Embora os cruzados lutassem contra os muçulmanos, nem sempre ocorreram alianças pacíficas entre líderes da religião judaica e cavaleiros templários. Talvez por essa razão Judeus foram perseguidos e seus bens confiscados em todo o mundo. Muitos se converteram ao cristianismo por pura pressão, se denominando de novos cristãos (mesmo que continuassem a cultivar seus rituais judeus em suas casas, de forma privada). A Igreja porém com os séculos se posicionou contra qualquer tipo de violência contra comunidades judaicas, dando origem com o tempo às liberdades religiosas expressas em inúmeras constituições que temos nos dias atuais. Hoje prevalece nos países ocidentais mais civilizados a plena liberdade de culto e crença, com ampla garantia de se seguir qualquer religião, nisso incluídas todas as formas de crença judaica. O passado ficou definitivamente para trás.
Pablo Aluísio.
O Papa Francisco e a Comissão Pontifícia para as Relações Religiosas do Vaticano divulgou recentemente um documento sobre as relações entre a Igreja Católica e o Judaísmo histórico. De acordo com o texto os católicos sempre serão chamados para testemunharem sua fé em Jesus Cristo para todas as pessoas, incluindo os judeus, porém a Igreja não realizará e nem apoiará qualquer iniciativa institucional voltada para a conversão de povos judeus. Uma maneira de respeitar a fé alheia. Como os judeus serão salvos por Deus, mesmo não acreditando em Jesus Cristo, seguirá sendo um mistério divino insondável, segundo a reflexão sincera desse documento católico. De acordo com os doutores e mestres do catolicismo a aliança entre Deus e o povo judeu jamais foi quebrada pois Esse sempre será fiel às suas promessas. O judeu que reconhecer Jesus o fará por sua própria e livre iniciativa, seguindo sua vontade.
O que deve ser sempre celebrado é o diálogo entre católicos e judeus que já dura séculos, sem qualquer incidente histórico mais grave. A tolerância religiosa e o respeito são as chaves para essa boa convivência, algo que vem sendo reforçado diplomaticamente desde sempre, com especial reforço no Concílio Vaticano II. O documento afirma explicitamente que isso não é um "ensinamento doutrinal da Igreja Católica", mas uma reflexão com base na doutrina e que flui diretamente da declaração expressa do próprio concílio denominada "Nostra Aetate" sobre as relações católicas com outras religiões. Nesse mesmo texto fica claro que a Igreja Católica condena de forma veemente todas as formas de anti-semitismo, em especial de ideologias políticas extremistas de ódio como infelizmente aconteceu com o Nazismo durante a II Guerra Mundial.
Não se pode ignorar que as raízes do cristianismo são judaicas. Não se pode compreender inteiramente os ensinamentos de Jesus Cristo sem situá-lo dentro da cultura e da religião judaica do século I. O cristianismo tem como bases históricas a própria vida de Jesus, sua vida, ensinamentos, morte na cruz e ressurreição. A vida de Jesus e sua crença tem um elo de ligação profunda com a religião dos judeus. A vinda do Messias, sua salvação e a redenção que traria ao mundo e à humanidade foi prevista por profetas judeus que tiveram suas palavras, atos e gestos, imortalizados no Velho Testamento que nada mais é do que a Torá dos Judeus. Embora a religião judaica não acredite no Jesus Messias, Ele fez parte dessa longa tradição religiosa que atravessou os milênios.
Os primeiros cristãos, os apóstolos que caminharam ao lado de Jesus, se consideravam judeus e frequentavam as sinagogas da antiga Israel. Lá conviviam ao lado de judeus tradicionais e trocavam ideias e crenças com eles. A ruptura doutrinária e conceitual entre cristianismo e judaísmo só se daria de forma definitiva, segundo historiadores, no século III ou IV, quando o cristianismo se espalhou de forma incontrolável na Europa sob domínio do Império Romano. Nessa nova terra o cristianismo cresceu e rompeu suas raízes com o judaísmo. Ao invés de ser considerada apenas uma pequena seita dentro do próprio judaísmo, a crença no Cristo começou a ser encarado como uma nova religião, baseado inteiramente nos ensinamentos de Jesus. O interessante é que em determinado momento histórico o Cristianismo ia contra as crenças da religião do império romano, o paganismo com suas várias divindades, e também representava uma ruptura com o próprio judaísmo que lhe deu origem. Mesmo assim a crença cresceu e acabou superando enormemente o número de seguidores do judaísmo no mundo, levando em consequência também à extinção a própria religião romana. Mesmo combatida no mundo das ideias e reprimida violentamente pelo Estado Romano, o Cristianismo cresceu e dominou as mentes e corações das pessoas da antiguidade.
Durante a Idade Média houve inúmeros problemas envolvendo cristãos e judeus. A diferença de crenças levou ao aumento do anti-semitismo na Europa. As cruzadas também colocaram de forma muito próxima os cristãos e o povo judeu, naquela altura sendo dominado por califados islâmicos. Embora os cruzados lutassem contra os muçulmanos, nem sempre ocorreram alianças pacíficas entre líderes da religião judaica e cavaleiros templários. Talvez por essa razão Judeus foram perseguidos e seus bens confiscados em todo o mundo. Muitos se converteram ao cristianismo por pura pressão, se denominando de novos cristãos (mesmo que continuassem a cultivar seus rituais judeus em suas casas, de forma privada). A Igreja porém com os séculos se posicionou contra qualquer tipo de violência contra comunidades judaicas, dando origem com o tempo às liberdades religiosas expressas em inúmeras constituições que temos nos dias atuais. Hoje prevalece nos países ocidentais mais civilizados a plena liberdade de culto e crença, com ampla garantia de se seguir qualquer religião, nisso incluídas todas as formas de crença judaica. O passado ficou definitivamente para trás.
Pablo Aluísio.
domingo, 21 de agosto de 2011
O Grande Milagre de Jesus de Nazaré
Ao longo de sua existência terrena Jesus de Nazaré realizou inúmeros milagres. Muitos deles - porém não todos - estão devidamente descritos nos evangelhos. São milagres maravilhosos, dignos do Deus encarnado na Terra para viver entre os homens. Em minha visão o maior milagre de Jesus de Nazaré é de fato o milagre histórico. Jesus nasceu humilde em uma província distante dos grandes centros urbanos, em um lugar remoto do mundo antigo dominado pelo Império Romano. Socialmente falando ele era um homem pobre em riquezas materiais, não tinha parentes importantes e nem ligações com as altas autoridades do império. Exercia uma profissão humilde e digna, a de carpinteiro, e pertencia realmente a classe mais popular, ao povo a que veio amar. Jesus de Nazaré realmente viveu no seio de seu povo amado.
Preso injustamente, foi morto e crucificado por Roma, com apoio das autoridades religiosas judaicas da região de Jerusalém. A crucificação era uma das execuções mais violentas e infamantes daqueles tempos por si só tão brutais. Os romanos geralmente crucificavam apenas os autores de crimes bárbaros, aqueles que conspiravam contra o poder do imperador ou então assassinos, ladrões e piratas. Jesus, o Deus feito homem, morreu da forma mais vil e desrespeitosa. Mesmo com aparentemente tudo contra, o nome Jesus Cristo é o mais celebrado da história humana. É o homem mais estudado, reverenciado e amado de todos os tempos. Mesmo sob a ótica de um ateu é complicado entender como Jesus, mesmo após dois mil anos de sua morte numa cruz romana, segue sendo tão importante para a maioria dos seres humanos. Simplesmente não há como negar que há um sopro divino em sua perenidade histórica.
Veja, mesmo que você seja um historiador isento, imparcial e não religioso, não há como negar a importância de Jesus na história humana. Não existe qualquer exemplo paralelo sequer assemelhado ao que aconteceu com Jesus. Ele é um caso único e singular do ponto de vista histórico. Seu nome tinha tudo para desaparecer nas areias do tempo. Se Jesus Cristo fosse um homem comum sua passagem pela Terra já teria sido esquecida. Se ele fosse um judeu como tantos outros do século I sequer saberíamos que um dia ele pisou em nosso mundo ou existiu. Assim não existe maior prova de sua divindade do que a própria ciência da história. Jesus resistiu a tudo e a todos. Ao longo desses dois mil anos centenas de milhares de pessoas (hoje praticamente todas anônimas) tentaram desmerecer seu legado, seus ensinamentos e sua história de vida. Não foram poucos os que disseram que ele havia sido apenas uma ficção criada por escritores ou que teria sido apenas um farsante, um profeta messiânico como tantos outros que existiam naqueles tempos remotos. Todos esses detratores foram esquecidos, sumiram com o passar dos tempos, enquanto que Jesus jamais foi esquecido.
O fato inegável é que Jesus resistiu. Algo extraordinário aconteceu naqueles dias após suas crucificação, um fato que levou seus seguidores a seguirem em frente com extrema coragem, com a certeza que seguiriam os passos de seu mestre que teria ressuscitado dos mortos, vencendo assim a própria morte na cruz. Muitos ateus afirmam que a ressurreição jamais aconteceu. Que o corpo de Jesus teria sido roubado por seus seguidores. Se isso é verdade porque a maioria deles aceitou com tranquilidade e paz de espírito suas próprias mortes violentas? Pedro, Paulo e praticamente todos os apóstolos que andaram com Jesus tiveram mortes horrendas, mas nenhum deles demonstrou qualquer sinal de medo, covardia ou arrependimento na hora final. Morreram com a graça de Deus enchendo seus corações, certos que iriam finalmente reencontrar seu querido mestre. Fecho esse singelo texto lembrando que o exemplo dos primeiros cristãos, dos mártires que morreram nas arenas romanas, devorados por leões famintos, é o maior testemunho não apenas da existência real de Jesus como também da força de seu espírito santo. Afinal de contas Jesus sempre foi e sempre será a vida eterna prometida na paz de Deus.
Pablo Aluísio.
Preso injustamente, foi morto e crucificado por Roma, com apoio das autoridades religiosas judaicas da região de Jerusalém. A crucificação era uma das execuções mais violentas e infamantes daqueles tempos por si só tão brutais. Os romanos geralmente crucificavam apenas os autores de crimes bárbaros, aqueles que conspiravam contra o poder do imperador ou então assassinos, ladrões e piratas. Jesus, o Deus feito homem, morreu da forma mais vil e desrespeitosa. Mesmo com aparentemente tudo contra, o nome Jesus Cristo é o mais celebrado da história humana. É o homem mais estudado, reverenciado e amado de todos os tempos. Mesmo sob a ótica de um ateu é complicado entender como Jesus, mesmo após dois mil anos de sua morte numa cruz romana, segue sendo tão importante para a maioria dos seres humanos. Simplesmente não há como negar que há um sopro divino em sua perenidade histórica.
Veja, mesmo que você seja um historiador isento, imparcial e não religioso, não há como negar a importância de Jesus na história humana. Não existe qualquer exemplo paralelo sequer assemelhado ao que aconteceu com Jesus. Ele é um caso único e singular do ponto de vista histórico. Seu nome tinha tudo para desaparecer nas areias do tempo. Se Jesus Cristo fosse um homem comum sua passagem pela Terra já teria sido esquecida. Se ele fosse um judeu como tantos outros do século I sequer saberíamos que um dia ele pisou em nosso mundo ou existiu. Assim não existe maior prova de sua divindade do que a própria ciência da história. Jesus resistiu a tudo e a todos. Ao longo desses dois mil anos centenas de milhares de pessoas (hoje praticamente todas anônimas) tentaram desmerecer seu legado, seus ensinamentos e sua história de vida. Não foram poucos os que disseram que ele havia sido apenas uma ficção criada por escritores ou que teria sido apenas um farsante, um profeta messiânico como tantos outros que existiam naqueles tempos remotos. Todos esses detratores foram esquecidos, sumiram com o passar dos tempos, enquanto que Jesus jamais foi esquecido.
O fato inegável é que Jesus resistiu. Algo extraordinário aconteceu naqueles dias após suas crucificação, um fato que levou seus seguidores a seguirem em frente com extrema coragem, com a certeza que seguiriam os passos de seu mestre que teria ressuscitado dos mortos, vencendo assim a própria morte na cruz. Muitos ateus afirmam que a ressurreição jamais aconteceu. Que o corpo de Jesus teria sido roubado por seus seguidores. Se isso é verdade porque a maioria deles aceitou com tranquilidade e paz de espírito suas próprias mortes violentas? Pedro, Paulo e praticamente todos os apóstolos que andaram com Jesus tiveram mortes horrendas, mas nenhum deles demonstrou qualquer sinal de medo, covardia ou arrependimento na hora final. Morreram com a graça de Deus enchendo seus corações, certos que iriam finalmente reencontrar seu querido mestre. Fecho esse singelo texto lembrando que o exemplo dos primeiros cristãos, dos mártires que morreram nas arenas romanas, devorados por leões famintos, é o maior testemunho não apenas da existência real de Jesus como também da força de seu espírito santo. Afinal de contas Jesus sempre foi e sempre será a vida eterna prometida na paz de Deus.
Pablo Aluísio.
O Nascimento de Jesus (Evangelho Segundo Lucas)
Anúncio do nascimento de Jesus
Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegrate, cheia de graça! - O Senhor está contigo”. Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria, então, perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?” O anjo respondeu: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível”. Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo retirou-se de junto dela.
Nascimento de Jesus. Os pastores
Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra – o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade. Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Havia naquela região pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor lhes apareceu, e a glória do Senhor os envolveu de luz. Os pastores ficaram com muito medo. O anjo então lhes disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura”. De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste cantando a Deus: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!” Quando os anjos se afastaram deles, para o céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém, para ver o que aconteceu, segundo o Senhor nos comunicou.
Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino. Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito.
Circuncisão e apresentação. Volta para Nazaré
No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe. E quando se completaram os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”. Para tanto, deviam oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, como está escrito na Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém vivia um homem piedoso e justo, chamado Simeão, que esperava a consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com ele.
Pelo próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não morreria sem ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao templo para cumprirem as disposições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo”. O pai e a mãe ficavam admirados com aquilo que diziam do menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: “Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações”.
Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora, Ana chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor, eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galiléia. O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele.
Fonte; Bíblia Sagrada - Novo Testamento.
Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegrate, cheia de graça! - O Senhor está contigo”. Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria, então, perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?” O anjo respondeu: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível”. Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo retirou-se de junto dela.
Nascimento de Jesus. Os pastores
Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra – o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade. Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Havia naquela região pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor lhes apareceu, e a glória do Senhor os envolveu de luz. Os pastores ficaram com muito medo. O anjo então lhes disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura”. De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste cantando a Deus: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!” Quando os anjos se afastaram deles, para o céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém, para ver o que aconteceu, segundo o Senhor nos comunicou.
Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino. Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito.
Circuncisão e apresentação. Volta para Nazaré
No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe. E quando se completaram os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”. Para tanto, deviam oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, como está escrito na Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém vivia um homem piedoso e justo, chamado Simeão, que esperava a consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com ele.
Pelo próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não morreria sem ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao templo para cumprirem as disposições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo”. O pai e a mãe ficavam admirados com aquilo que diziam do menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: “Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações”.
Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora, Ana chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor, eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galiléia. O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele.
Fonte; Bíblia Sagrada - Novo Testamento.
Marcellus, O Centurião
Quando o Cristianismo começou a se espalhar dentro da sociedade de Roma as autoridades do Império implementaram uma série de duras medidas para conter seu avanço. Afinal a religião romana era considerada uma das bases de todo o Império Romano. Seus vastos e diversificados deuses traziam legitimidade para os detentores do poder supremo. Caso o panteão divino deixasse de ser cultuado pela sociedade o próprio poder imperial poderia vir abaixo. O Cristianismo era uma religião monoteísta que admitia apenas um Deus, o único todo-poderoso. Não havia espaço para deuses menores e nem tampouco para semi deuses mitológicos. Os templos de Roma começaram a ficar vazios e a fé pagã começou a desaparecer. Para conter essa situação os imperadores usaram de força bruta onde o exército se tornava instrumento essencial na repressão para conter o avanço da crença no Cristo judeu. O problema é que em pouco tempo o cristianismo também começou a se espalhar entre os próprios militares, algo que as grandes autoridades do Império jamais imaginariam.
Um símbolo dessa nova situação pode ser encontrada na história do Centurião Marcellus. Ele foi um destacado membro do exército romano, tendo participado de inúmeras campanhas militares. Considerado um profissional exemplar. Em uma dessas invasões comandadas pelo seu Império ele tomou pela primeira vez contato com os chamados cristãos. Eram pessoas de índole irrepreensível, que estavam sempre exaltando as palavras de amor e carinho de seu mestre a qual chamavam de Jesus Cristo. Uma mensagem como aquela era algo completamente novo na vida de Marcellus, um homem que lutou e viveu dentro de uma rígida disciplina militar por toda a vida. Misericórdia e perdão era algo inexistente dentro das legiões romanas.
De uma maneira ou outra aquela mensagem o conquistou. Embora o Império considerasse todo cristão um criminoso e se tornasse dever de cada centurião eliminar essa ameaça, Marcellus começou a enxergar o mundo sob uma nova visão. Ele era pai de um família numerosa - com doze filhos - e sabia muito bem a importância do amor ao próximo que era justamente a base da mensagem daquele Cristo que havia conhecido. Quando atravessava a cidade de Lyon acabou se encantando com um pregador cristão e a partir dali resolveu se converter definitivamente na nova fé. Era algo absolutamente subversivo e contra as regras do exército romano, mas Marcellus resolveu seguir o que seu coração dizia. Depois que aceitou a palavra do Cristo começou a pregar a nova fé entre seus companheiros de armas, às escondidas, durante as noites nos acampamentos romanos.
Depois de converter vários militares como ele, sua centúria foi enviada de volta a Roma. Ele ficou chocado com a violência e a brutalidade com que os cristãos estavam sendo tratados na cidade eterna. Eram execuções em massa, com jovens, mulheres, crianças e idosos sendo jogados às feras nas arenas. Os adultos mais fortes eram praticamente sacrificados ao terem que lutar com gladiadores fortemente armados enquanto eles, os cristãos, ficavam de mãos vazias. Era um massacre indescritível. Como era de se esperar aquilo tudo revoltou Marcellus. Sim, ele era um guerreiro, mas sabia que não havia qualquer honra militar naqueles grotescos espetáculos.
Enquanto estava de serviço como capitão da guarda imperial do imperador Trajano ele foi designado para trucidar cristãos em nome de Roma. Na hora de executar suas ordens Marcellus jogou ao chão sua espada e seu escudo dizendo que agora só serviria como soldado de Jesus Cristo, o Rei eterno. Aquilo foi um choque para seus superiores e Marcellus foi imediatamente levado para a prisão. Levado a um rápido julgamento foi imediatamente condenado à morte. Nada poderia ser mais ultrajante para o império do que um centurião convertido ao cristianismo. Era o ano de 298 e Roma vivia uma grave crise religiosa. O menor sinal de "contaminação" dentro dos legionários com aquela fé cristã deveria ser combatida de forma enérgica. Assim em 3 de dezembro daquele ano ele foi brutalmente decapitado na frente de sua unidade, para que os demais homens não seguissem seu caminho. Foi em vão. Antes de morrer Marcellus já havia plantado as sementes da fé naqueles militares que lutaram e caminharam ao seu lado. A violência porém não acabou com sua morte e vários de seus filhos também foram mortos por ordem do imperador. Isso chocou tanto as pessoas que fez com que sua crença em Cristo se fortalecesse ainda mais. Séculos depois o Vaticano reconheceria a grande mensagem de fé na vida do Centurão Marcellus, o canonizando no século V. Seus restos mortais e de seus amados filhos estão enterrados sob a Catedral de Lyon.
Pablo Aluísio.
Um símbolo dessa nova situação pode ser encontrada na história do Centurião Marcellus. Ele foi um destacado membro do exército romano, tendo participado de inúmeras campanhas militares. Considerado um profissional exemplar. Em uma dessas invasões comandadas pelo seu Império ele tomou pela primeira vez contato com os chamados cristãos. Eram pessoas de índole irrepreensível, que estavam sempre exaltando as palavras de amor e carinho de seu mestre a qual chamavam de Jesus Cristo. Uma mensagem como aquela era algo completamente novo na vida de Marcellus, um homem que lutou e viveu dentro de uma rígida disciplina militar por toda a vida. Misericórdia e perdão era algo inexistente dentro das legiões romanas.
De uma maneira ou outra aquela mensagem o conquistou. Embora o Império considerasse todo cristão um criminoso e se tornasse dever de cada centurião eliminar essa ameaça, Marcellus começou a enxergar o mundo sob uma nova visão. Ele era pai de um família numerosa - com doze filhos - e sabia muito bem a importância do amor ao próximo que era justamente a base da mensagem daquele Cristo que havia conhecido. Quando atravessava a cidade de Lyon acabou se encantando com um pregador cristão e a partir dali resolveu se converter definitivamente na nova fé. Era algo absolutamente subversivo e contra as regras do exército romano, mas Marcellus resolveu seguir o que seu coração dizia. Depois que aceitou a palavra do Cristo começou a pregar a nova fé entre seus companheiros de armas, às escondidas, durante as noites nos acampamentos romanos.
Depois de converter vários militares como ele, sua centúria foi enviada de volta a Roma. Ele ficou chocado com a violência e a brutalidade com que os cristãos estavam sendo tratados na cidade eterna. Eram execuções em massa, com jovens, mulheres, crianças e idosos sendo jogados às feras nas arenas. Os adultos mais fortes eram praticamente sacrificados ao terem que lutar com gladiadores fortemente armados enquanto eles, os cristãos, ficavam de mãos vazias. Era um massacre indescritível. Como era de se esperar aquilo tudo revoltou Marcellus. Sim, ele era um guerreiro, mas sabia que não havia qualquer honra militar naqueles grotescos espetáculos.
Enquanto estava de serviço como capitão da guarda imperial do imperador Trajano ele foi designado para trucidar cristãos em nome de Roma. Na hora de executar suas ordens Marcellus jogou ao chão sua espada e seu escudo dizendo que agora só serviria como soldado de Jesus Cristo, o Rei eterno. Aquilo foi um choque para seus superiores e Marcellus foi imediatamente levado para a prisão. Levado a um rápido julgamento foi imediatamente condenado à morte. Nada poderia ser mais ultrajante para o império do que um centurião convertido ao cristianismo. Era o ano de 298 e Roma vivia uma grave crise religiosa. O menor sinal de "contaminação" dentro dos legionários com aquela fé cristã deveria ser combatida de forma enérgica. Assim em 3 de dezembro daquele ano ele foi brutalmente decapitado na frente de sua unidade, para que os demais homens não seguissem seu caminho. Foi em vão. Antes de morrer Marcellus já havia plantado as sementes da fé naqueles militares que lutaram e caminharam ao seu lado. A violência porém não acabou com sua morte e vários de seus filhos também foram mortos por ordem do imperador. Isso chocou tanto as pessoas que fez com que sua crença em Cristo se fortalecesse ainda mais. Séculos depois o Vaticano reconheceria a grande mensagem de fé na vida do Centurão Marcellus, o canonizando no século V. Seus restos mortais e de seus amados filhos estão enterrados sob a Catedral de Lyon.
Pablo Aluísio.
sábado, 20 de agosto de 2011
Papa Pio V
Papa Pio V
Antonio Ghislieri nasceu em Bosco, na Itália, no dia 17 de janeiro de 1504. Desde cedo demonstrou ter grande vocação pastoral. Em pouco tempo entrou para os quadros da Igreja Católica Romana. Aos 14 anos de idade ingressou na Ordem Dominicana. Estudioso e defensor da doutrina católica ele foi assumindo mais postos e responsabilidades dentro da hierarquia. Tornou-se padre, bispo e depois cardeal, passando por diversas cidades italianas em sua jornada evangélica. Pregou em Milão, Gênova, Parma e Bolonha. Antonio conciliava uma intensa vida dentro da igreja, rezando missas e prestando ajuda aos fiéis católicos, com uma rica produção literária. Assim se tornou um produtivo escritor. Suas obras foram a chave que abriram as portas de sua ascensão dentro do clero romano. Em seus livros Antonio Ghislieri sustentava de maneira teológica a visão da Igreja Católica sobre o evangelho. Durante sua carreira ele vivenciou em muitas cidades e povoados a proliferação do protestantismo. Assim sentiu na pele a desvalorização da doutrina católica. Para defendê-la ele se dedicou a escrever bastante sobre o tema. Isso lhe valeu autoridade cultural e admiração de seus pares.
Quando o Papa Pio IV faleceu, o agora cardeal Antonio Ghislieri foi para Roma exercer sua função de eleitor na escolha do novo Papa. Homem diplomata, conciliador e culto, ele foi ganhando a admiração dos demais cardeais que iriam escolher o novo Papa. Para sua surpresa seu nome começou a surgir nas apurações de votos e após duas tentativas de se chegar na maioria necessária para se eleger o novo papa, Antonio Ghislieri finalmente foi eleito em 7 de Janeiro de 1566. Em homenagem ao papa anterior, que admirava, resolveu adotar o nome papal de Pio V. Na ocasião estava com 62 anos de idade, o que na época significava uma idade avançada já que a expectativa de vida na Europa naqueles tempos mal passava dos 50 anos. Mesmo considerado velho para o pontificado, Pio V deu começo a uma série de medidas que considerava essenciais. Amantes dos livros, ele queria colocar em prática tudo o que havia aprendido em suas páginas.
Como era um homem de letras mandou organizar a elaboração do catecismo da Igreja Católica. Ao longo de sua vida Pio V pôde verificar que grande parte dos católicos não conheciam ou conheciam muito pouco a doutrina da Igreja. Ele queria que o catecismo se tornasse um livro de leitura diária para o católico em todo o mundo. Por isso mandou organizar uma edição definitiva, fruto de estudos e apurado rigor técnico e teológico. Com a bula papa "In cœna Domini" reafirmou a autoridade da Igreja Católica perante os cristãos. Já com outra bula, "Quo Primum Tempore", procurou trazer unidade para a celebração de missas e rituais, instituindo a Missa tridentina. Procurou com isso preservar a liturgia da Igreja Romana. Sensível aos abusos cometidos em touradas, onde animais eram sacrificados na arena, decidiu proibir a modalidade em toda a Itália, como forma de respeito aos direitos dos animais. Nesse aspecto foi um grande inovador. Como administrador ainda procurou realçar o corte de gastos entre o clero, procurando sanar as finanças do Vaticano que viviam em eterna crise. Por fim, ressaltou a importância do Rosário na vida dos católicos. Como era previsto por causa de sua idade, Pio V só conseguiu ser papa por seis anos. Em maio de 1572 ele morreu, sendo canonizado pela Igreja Católica 40 anos depois de sua morte, na mesma data de seu falecimento.
Pablo Aluísio.
Antonio Ghislieri nasceu em Bosco, na Itália, no dia 17 de janeiro de 1504. Desde cedo demonstrou ter grande vocação pastoral. Em pouco tempo entrou para os quadros da Igreja Católica Romana. Aos 14 anos de idade ingressou na Ordem Dominicana. Estudioso e defensor da doutrina católica ele foi assumindo mais postos e responsabilidades dentro da hierarquia. Tornou-se padre, bispo e depois cardeal, passando por diversas cidades italianas em sua jornada evangélica. Pregou em Milão, Gênova, Parma e Bolonha. Antonio conciliava uma intensa vida dentro da igreja, rezando missas e prestando ajuda aos fiéis católicos, com uma rica produção literária. Assim se tornou um produtivo escritor. Suas obras foram a chave que abriram as portas de sua ascensão dentro do clero romano. Em seus livros Antonio Ghislieri sustentava de maneira teológica a visão da Igreja Católica sobre o evangelho. Durante sua carreira ele vivenciou em muitas cidades e povoados a proliferação do protestantismo. Assim sentiu na pele a desvalorização da doutrina católica. Para defendê-la ele se dedicou a escrever bastante sobre o tema. Isso lhe valeu autoridade cultural e admiração de seus pares.
Quando o Papa Pio IV faleceu, o agora cardeal Antonio Ghislieri foi para Roma exercer sua função de eleitor na escolha do novo Papa. Homem diplomata, conciliador e culto, ele foi ganhando a admiração dos demais cardeais que iriam escolher o novo Papa. Para sua surpresa seu nome começou a surgir nas apurações de votos e após duas tentativas de se chegar na maioria necessária para se eleger o novo papa, Antonio Ghislieri finalmente foi eleito em 7 de Janeiro de 1566. Em homenagem ao papa anterior, que admirava, resolveu adotar o nome papal de Pio V. Na ocasião estava com 62 anos de idade, o que na época significava uma idade avançada já que a expectativa de vida na Europa naqueles tempos mal passava dos 50 anos. Mesmo considerado velho para o pontificado, Pio V deu começo a uma série de medidas que considerava essenciais. Amantes dos livros, ele queria colocar em prática tudo o que havia aprendido em suas páginas.
Como era um homem de letras mandou organizar a elaboração do catecismo da Igreja Católica. Ao longo de sua vida Pio V pôde verificar que grande parte dos católicos não conheciam ou conheciam muito pouco a doutrina da Igreja. Ele queria que o catecismo se tornasse um livro de leitura diária para o católico em todo o mundo. Por isso mandou organizar uma edição definitiva, fruto de estudos e apurado rigor técnico e teológico. Com a bula papa "In cœna Domini" reafirmou a autoridade da Igreja Católica perante os cristãos. Já com outra bula, "Quo Primum Tempore", procurou trazer unidade para a celebração de missas e rituais, instituindo a Missa tridentina. Procurou com isso preservar a liturgia da Igreja Romana. Sensível aos abusos cometidos em touradas, onde animais eram sacrificados na arena, decidiu proibir a modalidade em toda a Itália, como forma de respeito aos direitos dos animais. Nesse aspecto foi um grande inovador. Como administrador ainda procurou realçar o corte de gastos entre o clero, procurando sanar as finanças do Vaticano que viviam em eterna crise. Por fim, ressaltou a importância do Rosário na vida dos católicos. Como era previsto por causa de sua idade, Pio V só conseguiu ser papa por seis anos. Em maio de 1572 ele morreu, sendo canonizado pela Igreja Católica 40 anos depois de sua morte, na mesma data de seu falecimento.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
A Vida de São Francisco de Assis
Hoje é dia de São Francisco de Assis. De todos os santos canonizados pela Igreja Católico muito provavelmente ele seja o maior exemplo de vida baseada no evangelho que se tem notícia. Francesco não apenas pregou a mensagem de Jesus Cristo, ela a viveu! É um desses exemplos de vida que inspiram e acalentam nosso coração cristão. Raros foram os exemplos de pessoas que tiveram uma vida tão rica e maravilhosa em Cristo como ele. Na verdade ele não se chamava Francisco, mas sim Giovanni di Pietro di Bernardone. Ele nasceu em Assis na Itália em plena idade média durante o ano de 1182. Era o filho amado de uma família de ricos comerciantes franceses. Desde garotinho ficou conhecido pelo apelido carinhoso de Francesco (que significava o pequeno francês) no bairro onde cresceu. Seu pai fez fortuna comercializando os mais diversos produtos na rota entre França e Itália, regiões de grande atividade comercial. Assim o pequeno Giovanni teve uma infância feliz e rica onde nada lhe faltou. Ao contrário das outras crianças pobres da vizinhança nunca sentiu o peso da privação e da miséria.
Ao atingir a juventude ele começou a ter uma vida dedicada a festas e farras extravagantes. Muito vinho e muitas mulheres faziam parte do seu dia a dia. Embora bondoso ele também se dedicou a muita luxúria e vaidade nessa fase de sua vida. Começou a usar roupas finas, elegantes e caras. Também se interessou pela vida militar, pelos romances de nobres cavaleiros que o inspiraram a entrar no exército. No campo de batalha acabou sendo preso e feito prisioneiro pelos inimigos. Depois de um ano vivendo numa masmorra conseguiu a liberdade por causa dos esforços de seu pai que passou meses à sua procura. Ao sair da prisão Francesco sofria de sérios problemas de saúde, em especial da visão e aparelho digestivo. A dura vida em uma prisão medieval cobrou um alto preço na saúde do jovem.
Em 1204 voltou ao lar de sua família. Giovanni porém não estava disposto a largar a carreira militar. Em 1205 alistou-se novamente, dessa vez no exército papal. Foi designado para combater as forças do imperador Frederico II. Durante essa campanha ele teve um sonho onde um anjo lhe falava para retornar para Assis pois deveria começar uma missão muito especial. De volta ao lar seus amigos perceberam que Francisco era um homem mudado. Não ficava mais feliz e contente em participar de festas, bebedeiras e outras farras que os jovens de seu círculo social adoravam. Nessa fase de sua vida seu pai queria que se casasse, mas Francesco começou a ter sérias dúvidas sobre seu futuro. Ao se retirar para meditar em uma caverna isolada ele decidiu que queria se dedicar a uma vida religiosa, de ajuda e apoio aos mais pobres - mas como sua rica e poderosa família aceitaria algo assim?
Ao voltar para casa ele encontrou um senhor idoso leproso que tremia de frio na congelante noite de Assis. Francisco desceu de seu cavalo e com olhar piedoso deu sua capa e seu casaco para o velho senhor. Esse inicialmente ficou assustado pois as pessoas evitavam qualquer contato com leprosos. Ao perceber que o pobre homem chorava, se derramava em lágrimas, pelo gesto de Francisco esse lhe deu um forte abraço. Ao olhar em seus olhos viu a imensa gratidão daquele que congelava no frio. Naquele momento Francisco entendeu a misericórdia de Deus e toda a sua força e poder. A convicção de ser um homem de Deus cresceu em seu íntimo. Depois disso ele foi sempre visto ajudando pessoas pobres e miseráveis que passavam por Assis.
O acontecimento que mudaria sua vida para sempre aconteceu em uma pequena igreja em ruínas. Era uma antiga igreja abandonada dedicada a São Damião. Francisco cavalgava pelas redondezas quando aqueles destroços de uma construção bem antiga chamaram a sua atenção. Ao entrar na nave daquilo que havia sido a igreja ele teve uma visão do próprio Jesus. Caído sobre seu joelhos Francisco viu uma voz saindo de um antigo crucifixo que dizia: "Vês a ruína da minha igreja? A reconstrua..." Ao ouvir aquela voz Francisco entrou em pânico, mas acreditou na presença divina naquele local. Imediatamente voltou para Assis, pegou algumas peças de tecido da loja de seu pai, as vendeu e levantou dinheiro para o começo da reforma da igrejinha.
Muitos que estudaram essa visão acreditam que Jesus não estava se referindo apenas à pequena igrejinha de São Damião situada fora dos portões de Assis, mas a própria Igreja como um todo, já que essa passava por uma grave crise religiosa. O clero se esbaldava em luxo e riqueza enquanto o povo sofria com muitas privações, de todos os tipos. Caberia a Francisco começar um movimento baseado na mais essencial mensagem cristã, renegando a toda riqueza material para ajudar aos excluídos, aos mais pobres e miseráveis, tal como havia feito Jesus séculos antes. Era o começo de uma nova existência para o jovem Giovanni que veria sua vida mudar para sempre.
As pessoas geralmente esquecem que todos esse santos católicos também foram homens, pessoas comuns, tal como eu e você que está lendo esse texto. Em sua jornada rumo à santidade eles também tiveram que passar por momentos decisivos em suas vidas, algo que mudasse o seu destino para sempre. Com o jovem Giovanni di Pietro (Francesco) não foi diferente. Sua conversão definitiva se deu muito em razão dos atos de profunda ignorância que partiram de seu próprio pai. Francisco queria ajudar aos pobres de Assis, queria mesmo se dedicar a ser um homem piedoso e profundamente cristão. Seu pai era um rico comerciante que não via esse tipo de atitude como algo normal. Em sua visão mercantilista o filho não passava de um tolo ou até mesmo de um louco varrido. Quando soube que Francisco havia levado peças de sua loja para revender e dar o dinheiro aos pobres ele se enfureceu. Mandou que seus empregados o localizassem imediatamente. A intenção era punir o jovem da forma como era padrão na época - com muita violência física. Francisco sabia que seu pai podia ser um homem violento e se escondeu em um celeiro, onde amigos próximos lhe levaram comida por vários dias. Depois publicamente Francisco resolveu se converter totalmente à mensagem de Cristo e optou por levar uma vida de pobreza e ajuda ao próximo. As pessoas da cidade que o conheciam como um jovem farrista e dado a festanças e bebedeiras não o levaram à sério, pelo contrário, alguns o ofenderam e o insultaram em plena praça pública. Quando seu pai soube disso ficou ainda mais furioso. Francisco foi então localizado e trazido a ele por seus empregados e depois levado para o porão onde foi acorrentado. Era um absurdo completo, mas era o jeito rude e violento de agir de seu pai.
A mãe de Francisco não aguentou ver o próprio filho em correntes, tal como se fosse um ladrão ou um criminoso. Ele era uma pessoa bondosa e de alma muito limpa. Assim resolveu soltar o filho. Francisco finalmente estava livre das garras do pai, não apenas materialmente, mas principalmente psicologicamente. Nunca mais aquele homem o iria humilhar daquela forma. Assim que se soltou Francisco começou a pregar o evangelho a pessoas que o encontravam nas ruas medievais de Assis. Seu pai ficou possesso quando soube do ocorrido e novamente foi atrás do filho. Ao lhe encontrar disse que esse lhe devia o valor das peças que havia levado de sua loja, que ele não era nada, que não tinha nada e que tudo o que vestia havia lhe sido dado por ele, o seu pai. Enquanto o pai berrava Francisco olhava para suas mãos, que estavam em forma de oração. Ouviu a tudo em silêncio e em contemplação profunda. Infelizmente seu pai era um homem visivelmente materialista que só via mesmo as coisas da terra, a riqueza, o dinheiro e os bens materiais. Espiritualmente o pai do grande Francesco era uma pessoa medíocre, essa era a triste verdade. Diante da fúria de seu pai, Francisco resolveu fazer um ato simbólico. Despiu-se de todas as suas vestes (que haviam lhe sido dadas por seu irascível pai que tinha acabado de passar isso na sua cara) e renunciou a qualquer herança que viesse de seu furioso progenitor. Ali mesmo na praça o jovem Francesco ficou completamente nu, despiu-se das coisas materiais e saiu em busca da verdadeira mensagem de Jesus Cristo. O bispo de Assis presenciou tudo e ficou em lágrimas. Aquele era o verdadeiro espírito cristão, não havia dúvidas.
Filho de uma família rica e abastada de Assis, o jovem Francisco saiu para viver como o mais pobre dos homens, ajudando ao próximo, ao miserável, ao esfomeado e ao excluído. Começou imediatamente a trabalhar como um simples pedreiro na reconstrução de igrejas da região. Trabalhou dia e noite na restauração das igrejinhas de São Damião, São Pedro e São Boaventura. Seus amigos de um passado não tão distante o abordavam nas pequenas ruelas da cidade e perguntavam diretamente a ele se estava louco ou algo assim. Francisco ria humildemente dessas questões. Então dizia que sua vocação havia finalmente aflorado. Ele se considerava um homem de Deus e iria dedicar cada segundo de sua vida a essa nova missão evangelizadora. Usando o evangelho de Mateus, Francesco decidiu que iria seguir os passos de um trecho bíblico muito importante para ele que dizia: ""Ide, disse o Salvador, e proclamai em todas as partes que o Reino do Céu está aberto. Vós recebestes gratuitamente; dai sem receber pagamento. Não leveis nem ouro, nem prata nem cobre em vossos cintos, nem um alforje, nem uma segunda túnica, nem sandálias, nem o cajado de viajante, pois o trabalhador merece ser sustentado. Em qualquer vila em que entrardes procurai alguma pessoa digna, e hospedai-vos com ela até partirdes. E quando entrardes em uma casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz!" Era justamente isso que ele queria para sua vida dali em diante.
O pai de Francisco continuava a chamá-lo de louco para quem quisesse ouvir. Afinal de contas em sua visão limitada da vida apenas um louco largaria tudo, o dinheiro e a fortuna de sua família, para viver uma vida de pobreza absoluta como estava a fazer seu filho. O pequeno francês não se importou com as acusações e ofensas que lhe eram dirigidas, nem ao escárnio de seus antigos amigos. Enquanto eles continuavam a viver do luxo e da riqueza, com roupas elegantes, caras e finas, montados em cavalos de pura raça, Francisco continuava sua jornada, vestindo as roupas mais humildes, pregando a palavra de Jesus aos mais pobres, aos doentes e aos considerados escória pela elite da sociedade local. Imagine, se juntar com todos aqueles pobres e miseráveis - pensavam seus antigos amigos ricos. Seu exemplo de vida austera, completamente cristã e íntegra não deixava de impressionar e de repente todos aqueles que o ofendiam passaram a entender que sua maneira de viver começava a causar admiração entre os mais diversos moradores da região. Chamado de "o pobrezinho" pelo povo, em pouco tempo Francisco começou a fazer seguidores. Quando alguém o ofendia publicamente, Francisco respondia com gestos generosos e positivos, de muita paz. Esse tipo de atitude apenas aumentou ainda mais a admiração de todos em seu favor. Bernardo de Quintavalle, um rico homem de negócios, da classe burguesa, se converteu ao modo de vida de Francisco, fato que causou grande espanto na cidade. Ele vendeu tudo o que tinha e deu aos pobres. Pietro Cattani, outro homem muito conhecido de Assis, também seguiu pelo mesmo caminho. Aos poucos e sem uma ordem muito estabelecida, começava a surgir uma nova classe de homens religiosos, os Franciscanos.
Quando os primeiros seguidores finalmente formaram um grupo que passou a ser conhecido como os franciscanos, Francesco decidiu que era hora de pedir autorização do Papa Inocêncio III para se tornar uma nova ordem religiosa dentro da Igreja Católica. Ao chegar em Roma os membros do alto clero acharam um tanto radical a ideia de Francisco. Ele havia criado a primeira regra da nova ordem: A pobreza absoluta, tal como havia sido Jesus e seus primeiros apóstolos. Nenhum membro Franciscano deveria ter ou possuir nenhum tipo de bem material, nada, apenas a força da palavra de Deus seguiria com ele pelo mundo afora.
Inicialmente o Papa Inocência considerou impraticável a regra primitiva que serviria de base para essa nova ordem. Mesmo receoso resolveu receber Francisco para uma audiência privada. Na noite anterior do encontro com aquele religioso radical o próprio Papa teve um sonho que o deixou impressionado. Ele estaria dentro de uma igreja em Roma que parecia ruir, desabar... apenas um homem conseguia segurar as colunas, evitando que tudo viesse abaixo. Inocêncio entendeu que aquele homem era justamente Francisco. Impressionado com o que sonhara mandou chamar o assim chamado "pobrezinho" para vir ter com ele uma conversa.
O Papa ficou visivelmente impressionado com aquele homem, de vestes pobres e humildes que parecia ter uma fé profunda e inabalável. Alguns cronistas medievais chegaram a narrar que o próprio Papa ficou envergonhado em sua presença. Enquanto o romano vestia roupas luxuosas e ostentava joias e anéis caros em seus dedos, Francisco surgia em sua frente com a verdadeira humildade pregada por Jesus. Após tomar conhecimento da regra de pobreza absoluta o Papa finalmente autorizou o funcionamento da nova ordem ao qual ele mesmo denominou de Franciscanos em homenagem a seu criador. Francesco não se conteve de tanta alegria e voltou para Assis com a autorização Papal que tanto queria.
Na volta Francisco criou a famosa Oração ou Sermão dos Pássaros que dizia: “Minhas irmãzinhas aves, vocês devem muito a Deus, o Criador, e por isso, em todo lugar que estiverem devem louva-lo, porque Ele lhes permitiu que voassem para onde quisessem, livremente, da mesma forma que devem agradecer o alimento que Ele lhes dá, sem que para isso tenham que trabalhar; agradeçam ainda a bela voz que o Senhor lhes proporciona, que lhes permitem realizar lindas entonações! Vejam, minhas queridas irmãzinhas, vocês não semeiam e não ceifam. É Deus quem lhes alimenta, quem lhes dá os rios e as fontes, para saciar a sede; quem lhes dá os montes e os vales, para o seu refúgio e lazer, assim como lhes dá as árvores altas, para fazerem os ninhos. Embora não saibam fiar e nem coser, Deus lhes concede admiráveis vestimentas para todas vocês e seus filhos, porque Ele lhes ama muito e quer o bem estar de vocês. Por isso, minhas irmãzinhas, não sejam ingratas, procurem sempre se esforçarem em louvar a Deus.” Francisco começava assim a também demonstrar sua profunda admiração para com as criaturas de Deus, os animais da natureza, algo que mais tarde lhe traria a fama de ser o Santo ecológico.
Depois da visita ao Papa, Francisco retornou para Assis. Ele e seus seguidores levantaram uma pequena cabana numa região mais distante da cidade, praticamente dentro da floresta. A intenção era prestar apoio moral e assistência a todos os que lhes procuravam. Em pouco tempo a cabana de Francesco acabou se tornando pequena demais para tanta demanda. Em uma época medieval onde os mais pobres não contavam com qualquer tratamento de saúde promovido pelo Estado, os Franciscanos se tornaram os únicos a quem se podia recorrer. Francesco determinou que ninguém poderia ficar sem assistência e que nem os leprosos poderiam ser recusados. A graça de Deus era para todos. Com o afluxo volumoso de doentes e pessoas precisando de amparo a pequena cabana se tornou inviável. Quem veio em socorro aos franciscanos foi o abade do mosteiro beneditino que cedeu o uso da modesta, porém espaçosa, capela da Porciúncula para que Assis e seus seguidores ajudassem a quem lhes procurava. O trabalho era intenso e nesse local os Franciscanos começaram de fato sua importante missão de ajuda e solidariedade ao próximo. O aparente caos era amenizado pela própria presença de Francesco, sempre com uma bonita palavra de Deus para aquelas pessoas desesperadas. Quando a situação ia se tornando incontrolável, o "pobrezinho" clamava para que todos rezassem ao seu lado e os ânimos finalmente se acalmavam imediatamente.
Em 1212 os Franciscanos tiveram uma surpresa. Clara d'Offreducci, que séculos depois seria canonizada como Santa Clara, entrou para a ordem. Seria a primeira mulher a fazer parte dos Franciscanos. Com o tempo ela e outras que seguiram seus passos resolveram fundar sua própria ordem, a das Clarissas, que logo ficariam conhecidas por sua bondade e disposição de ajudar ao próximo. Ajudar todas aquelas pessoas pobres e famintas porém era apenas parte da missão que Francesco entendia ter Deus determinado a ele. Assim ele começou uma série de viagens a lugares remotos para pregar a palavra do Senhor. Esteve na distante Síria onde tentou converter o povo Sarraceno. Visitou a Espanha onde teve contato com os Mouros que seguiam outra religião. Encontrou os cruzados que participavam da Quinta Cruzada no Egito e os aconselhou a retornar para seus lares pois a derrota se avizinhava. Francesco durante essas longas jornadas também começou a realizar milagres. Realizou exorcismos em pessoas possuídas, curou paralíticos e salvou a vida de muitos enfermos com os quais encontrou pelo caminho. Duas realizações se tornaram conhecidas. Em Gubbio conseguiu pacificar lobos selvagens e na viagem em direção ao Oriente Médio conseguiu apaziguar uma forte tempestade que ameaçava afundar o navio onde viajava ao lado de seus seguidores.
Enquanto viajava seu grupo que havia ficado em Assis começava a apresentar problemas. Francesco foi informado que muitos de seus membros tinham se desviado do caminho. Alguns estavam sendo acusados de terem se tornado vagabundos e outros quebraram seus votos, vivendo com mulheres de forma escandalosa. As más notícias continuavam. Ele foi informado que os Franciscanos que ficaram no Marrocos, para pregar e evangelizar o povo local, foram presos e martirizados. Sem outra alternativa, Francesco resolveu voltar para casa. Lá encontrou realmente muito caos e desorganização. Havia vários problemas internos. Muitas divergências de opiniões entre os irmãos, alguns querendo promover a construção de grandes igrejas suntuosas, enquanto outros ameaçavam deixar a ordem por causa da opulência da corte papal. Não foi fácil, mas depois de algumas semanas, Francesco finalmente conseguiu colocar uma certa organização em tudo. Para contornar a situação, Francesco acatou, com certo desgosto, as alterações na regra original. Seu grupo que começou usando a mais pura mensagem do Cristo precisou se institucionalizar um pouco para continuar a existir.
Francesco acatou as mudanças, muito por causa de sua fidelidade ao Papa. Internamente porém ficou em crise a tal ponto que chegou a cogitar abandonar tudo, toda a obra que havia construído até aquele momento. Depois voltou atrás e resolveu aceitar de coração as mudanças que vinham para ficar. Procurando pela paz interior Francesco finalmente a alcançou com muitos momentos de oração e reflexão. Nesse período de sua vida começaram as manifestações de natureza espiritual. Francesco começou a ter visões e êxtases místicos. No natal de 1223 inventou o Presépio natalino, uma maneira muito delicada e artística de tentar recriar o cenário do nascimento de Jesus Cristo com o uso de pequenas imagens de Maria, José, o bebê Jesus, os Reis magos, pastores e animas. Passou a comer muito pouco, apenas frutas e passar longos momentos em oração e meditação. Durante um desses momentos Francesco teve uma visão muito forte e concreta do próprio Jesus crucificado. Nesse momento surgiram estigmas em suas mãos e pés, tal como o próprio Jesus ao ser pregado na cruz. Era a prova definitiva do imenso laço que havia criado com o próprio Deus.
Conforme os anos foram passando Francesco começou a ter mais e mais visões e experiências místicas. Sempre que previa que algo nesse sentido iria se manifestar procurava por isolamento de seus irmãos, geralmente indo para o meio da floresta onde tinha esse tipo de experiência única, entre a natureza. Muitas dessas visões nunca foram decifradas, mas em determinados momentos Francisco relatou o que via e sentia para seus amigos mais próximos. Em determinada visão, por exemplo, ele viu um anjo glorioso, com três pares de asas, crucificado em uma cruz romana. Nesse dia ele também começou a ver se manifestar com mais profundidade os estigmas, feridas e marcas pelo seu corpo que de certa maneira recriavam as feridas mortais sofridas pelo próprio Jesus Cristo na cruz. Embora fosse um sinal claro de sua santidade, Francisco não se sentia à vontade com os estigmas, sempre procurando escondê-los, seja com faixas ou com sua própria túnica.
Outra de suas visões marcantes ocorreu quando Francisco entrou em êxtase ao sentir a presença do próprio Deus em seu meio. No meio da visão ele afirmou ter dado a Deus três bolas de ouro que significavam sua vida na mais extrema pobreza, sua castidade e seu amor ao próximo, sempre procurando ajudar aos mais pobres e desassistidos. Ao lado dessas visões Francisco também começou a perceber que sua saúde a cada dia declinava mais. Ele começou a perder sua visão e as forças. As longas caminhadas ao lado dos irmãos foram deixadas de lado por causa de suas condições precárias e sempre que era necessário viajar por longas jornadas ele o fazia com um burrinho, um luxo impensado para os franciscanos da época.
Inicialmente Santa Clara cuidou pessoalmente de sua saúde, porém depois de um período Francisco decidiu que iria embora para Porciúncula, onde poderia morrer ao lado de seus queridos irmãos de ordem. Além da cegueira, Francisco começou a sofrer de graves crises de dor de cabeça, que lhe causavam grande desconforto. Médicos foram chamados, mas não conseguiram chegar a um diagnóstico preciso. Francisco morreu em 3 de outubro de 1226, com apenas 44 anos de idade. Antes de falecer ele deu algumas instruções de como queria ser sepultado. Ele orientou a seus irmãos franciscanos que queria ser enterrado sem roupas, para reforçar ainda mais sua pobreza, ao pôr do sol, com a leitura do evangelho.
Ele foi sepultado inicialmente na igreja de São Jorge. Milhares de pessoas compareceram ao seu enterro, pois a comoção por sua morte foi grande. Seu feitos, sua vida santa e seus milagres, atravessaram fronteiras. Em Roma a Igreja lamentou profundamente seu falecimento. Dois anos depois de sua morte o Papa Gregório IX resolveu deixar os muros do Vaticano e ir pessoalmente até Assis para a cerimônia de canonização de Francesco. Naquela época era algo muito raro um Papa sair do Vaticano por motivos de segurança, mas Gregório tinha tanto apreço pela vida e exemplo de Assis que resolveu se deslocar até a pequena cidade para louvar a memória daquele homem inigualável. Em 1230 a Igreja Católica decidiu erguer uma bela basílica para receber os restos mortais e as relíquias de Francesco, onde até hoje descansam em paz. Tudo estava consumado.
Pablo Aluísio.
Ao atingir a juventude ele começou a ter uma vida dedicada a festas e farras extravagantes. Muito vinho e muitas mulheres faziam parte do seu dia a dia. Embora bondoso ele também se dedicou a muita luxúria e vaidade nessa fase de sua vida. Começou a usar roupas finas, elegantes e caras. Também se interessou pela vida militar, pelos romances de nobres cavaleiros que o inspiraram a entrar no exército. No campo de batalha acabou sendo preso e feito prisioneiro pelos inimigos. Depois de um ano vivendo numa masmorra conseguiu a liberdade por causa dos esforços de seu pai que passou meses à sua procura. Ao sair da prisão Francesco sofria de sérios problemas de saúde, em especial da visão e aparelho digestivo. A dura vida em uma prisão medieval cobrou um alto preço na saúde do jovem.
Em 1204 voltou ao lar de sua família. Giovanni porém não estava disposto a largar a carreira militar. Em 1205 alistou-se novamente, dessa vez no exército papal. Foi designado para combater as forças do imperador Frederico II. Durante essa campanha ele teve um sonho onde um anjo lhe falava para retornar para Assis pois deveria começar uma missão muito especial. De volta ao lar seus amigos perceberam que Francisco era um homem mudado. Não ficava mais feliz e contente em participar de festas, bebedeiras e outras farras que os jovens de seu círculo social adoravam. Nessa fase de sua vida seu pai queria que se casasse, mas Francesco começou a ter sérias dúvidas sobre seu futuro. Ao se retirar para meditar em uma caverna isolada ele decidiu que queria se dedicar a uma vida religiosa, de ajuda e apoio aos mais pobres - mas como sua rica e poderosa família aceitaria algo assim?
Ao voltar para casa ele encontrou um senhor idoso leproso que tremia de frio na congelante noite de Assis. Francisco desceu de seu cavalo e com olhar piedoso deu sua capa e seu casaco para o velho senhor. Esse inicialmente ficou assustado pois as pessoas evitavam qualquer contato com leprosos. Ao perceber que o pobre homem chorava, se derramava em lágrimas, pelo gesto de Francisco esse lhe deu um forte abraço. Ao olhar em seus olhos viu a imensa gratidão daquele que congelava no frio. Naquele momento Francisco entendeu a misericórdia de Deus e toda a sua força e poder. A convicção de ser um homem de Deus cresceu em seu íntimo. Depois disso ele foi sempre visto ajudando pessoas pobres e miseráveis que passavam por Assis.
O acontecimento que mudaria sua vida para sempre aconteceu em uma pequena igreja em ruínas. Era uma antiga igreja abandonada dedicada a São Damião. Francisco cavalgava pelas redondezas quando aqueles destroços de uma construção bem antiga chamaram a sua atenção. Ao entrar na nave daquilo que havia sido a igreja ele teve uma visão do próprio Jesus. Caído sobre seu joelhos Francisco viu uma voz saindo de um antigo crucifixo que dizia: "Vês a ruína da minha igreja? A reconstrua..." Ao ouvir aquela voz Francisco entrou em pânico, mas acreditou na presença divina naquele local. Imediatamente voltou para Assis, pegou algumas peças de tecido da loja de seu pai, as vendeu e levantou dinheiro para o começo da reforma da igrejinha.
Muitos que estudaram essa visão acreditam que Jesus não estava se referindo apenas à pequena igrejinha de São Damião situada fora dos portões de Assis, mas a própria Igreja como um todo, já que essa passava por uma grave crise religiosa. O clero se esbaldava em luxo e riqueza enquanto o povo sofria com muitas privações, de todos os tipos. Caberia a Francisco começar um movimento baseado na mais essencial mensagem cristã, renegando a toda riqueza material para ajudar aos excluídos, aos mais pobres e miseráveis, tal como havia feito Jesus séculos antes. Era o começo de uma nova existência para o jovem Giovanni que veria sua vida mudar para sempre.
As pessoas geralmente esquecem que todos esse santos católicos também foram homens, pessoas comuns, tal como eu e você que está lendo esse texto. Em sua jornada rumo à santidade eles também tiveram que passar por momentos decisivos em suas vidas, algo que mudasse o seu destino para sempre. Com o jovem Giovanni di Pietro (Francesco) não foi diferente. Sua conversão definitiva se deu muito em razão dos atos de profunda ignorância que partiram de seu próprio pai. Francisco queria ajudar aos pobres de Assis, queria mesmo se dedicar a ser um homem piedoso e profundamente cristão. Seu pai era um rico comerciante que não via esse tipo de atitude como algo normal. Em sua visão mercantilista o filho não passava de um tolo ou até mesmo de um louco varrido. Quando soube que Francisco havia levado peças de sua loja para revender e dar o dinheiro aos pobres ele se enfureceu. Mandou que seus empregados o localizassem imediatamente. A intenção era punir o jovem da forma como era padrão na época - com muita violência física. Francisco sabia que seu pai podia ser um homem violento e se escondeu em um celeiro, onde amigos próximos lhe levaram comida por vários dias. Depois publicamente Francisco resolveu se converter totalmente à mensagem de Cristo e optou por levar uma vida de pobreza e ajuda ao próximo. As pessoas da cidade que o conheciam como um jovem farrista e dado a festanças e bebedeiras não o levaram à sério, pelo contrário, alguns o ofenderam e o insultaram em plena praça pública. Quando seu pai soube disso ficou ainda mais furioso. Francisco foi então localizado e trazido a ele por seus empregados e depois levado para o porão onde foi acorrentado. Era um absurdo completo, mas era o jeito rude e violento de agir de seu pai.
A mãe de Francisco não aguentou ver o próprio filho em correntes, tal como se fosse um ladrão ou um criminoso. Ele era uma pessoa bondosa e de alma muito limpa. Assim resolveu soltar o filho. Francisco finalmente estava livre das garras do pai, não apenas materialmente, mas principalmente psicologicamente. Nunca mais aquele homem o iria humilhar daquela forma. Assim que se soltou Francisco começou a pregar o evangelho a pessoas que o encontravam nas ruas medievais de Assis. Seu pai ficou possesso quando soube do ocorrido e novamente foi atrás do filho. Ao lhe encontrar disse que esse lhe devia o valor das peças que havia levado de sua loja, que ele não era nada, que não tinha nada e que tudo o que vestia havia lhe sido dado por ele, o seu pai. Enquanto o pai berrava Francisco olhava para suas mãos, que estavam em forma de oração. Ouviu a tudo em silêncio e em contemplação profunda. Infelizmente seu pai era um homem visivelmente materialista que só via mesmo as coisas da terra, a riqueza, o dinheiro e os bens materiais. Espiritualmente o pai do grande Francesco era uma pessoa medíocre, essa era a triste verdade. Diante da fúria de seu pai, Francisco resolveu fazer um ato simbólico. Despiu-se de todas as suas vestes (que haviam lhe sido dadas por seu irascível pai que tinha acabado de passar isso na sua cara) e renunciou a qualquer herança que viesse de seu furioso progenitor. Ali mesmo na praça o jovem Francesco ficou completamente nu, despiu-se das coisas materiais e saiu em busca da verdadeira mensagem de Jesus Cristo. O bispo de Assis presenciou tudo e ficou em lágrimas. Aquele era o verdadeiro espírito cristão, não havia dúvidas.
Filho de uma família rica e abastada de Assis, o jovem Francisco saiu para viver como o mais pobre dos homens, ajudando ao próximo, ao miserável, ao esfomeado e ao excluído. Começou imediatamente a trabalhar como um simples pedreiro na reconstrução de igrejas da região. Trabalhou dia e noite na restauração das igrejinhas de São Damião, São Pedro e São Boaventura. Seus amigos de um passado não tão distante o abordavam nas pequenas ruelas da cidade e perguntavam diretamente a ele se estava louco ou algo assim. Francisco ria humildemente dessas questões. Então dizia que sua vocação havia finalmente aflorado. Ele se considerava um homem de Deus e iria dedicar cada segundo de sua vida a essa nova missão evangelizadora. Usando o evangelho de Mateus, Francesco decidiu que iria seguir os passos de um trecho bíblico muito importante para ele que dizia: ""Ide, disse o Salvador, e proclamai em todas as partes que o Reino do Céu está aberto. Vós recebestes gratuitamente; dai sem receber pagamento. Não leveis nem ouro, nem prata nem cobre em vossos cintos, nem um alforje, nem uma segunda túnica, nem sandálias, nem o cajado de viajante, pois o trabalhador merece ser sustentado. Em qualquer vila em que entrardes procurai alguma pessoa digna, e hospedai-vos com ela até partirdes. E quando entrardes em uma casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz!" Era justamente isso que ele queria para sua vida dali em diante.
O pai de Francisco continuava a chamá-lo de louco para quem quisesse ouvir. Afinal de contas em sua visão limitada da vida apenas um louco largaria tudo, o dinheiro e a fortuna de sua família, para viver uma vida de pobreza absoluta como estava a fazer seu filho. O pequeno francês não se importou com as acusações e ofensas que lhe eram dirigidas, nem ao escárnio de seus antigos amigos. Enquanto eles continuavam a viver do luxo e da riqueza, com roupas elegantes, caras e finas, montados em cavalos de pura raça, Francisco continuava sua jornada, vestindo as roupas mais humildes, pregando a palavra de Jesus aos mais pobres, aos doentes e aos considerados escória pela elite da sociedade local. Imagine, se juntar com todos aqueles pobres e miseráveis - pensavam seus antigos amigos ricos. Seu exemplo de vida austera, completamente cristã e íntegra não deixava de impressionar e de repente todos aqueles que o ofendiam passaram a entender que sua maneira de viver começava a causar admiração entre os mais diversos moradores da região. Chamado de "o pobrezinho" pelo povo, em pouco tempo Francisco começou a fazer seguidores. Quando alguém o ofendia publicamente, Francisco respondia com gestos generosos e positivos, de muita paz. Esse tipo de atitude apenas aumentou ainda mais a admiração de todos em seu favor. Bernardo de Quintavalle, um rico homem de negócios, da classe burguesa, se converteu ao modo de vida de Francisco, fato que causou grande espanto na cidade. Ele vendeu tudo o que tinha e deu aos pobres. Pietro Cattani, outro homem muito conhecido de Assis, também seguiu pelo mesmo caminho. Aos poucos e sem uma ordem muito estabelecida, começava a surgir uma nova classe de homens religiosos, os Franciscanos.
Quando os primeiros seguidores finalmente formaram um grupo que passou a ser conhecido como os franciscanos, Francesco decidiu que era hora de pedir autorização do Papa Inocêncio III para se tornar uma nova ordem religiosa dentro da Igreja Católica. Ao chegar em Roma os membros do alto clero acharam um tanto radical a ideia de Francisco. Ele havia criado a primeira regra da nova ordem: A pobreza absoluta, tal como havia sido Jesus e seus primeiros apóstolos. Nenhum membro Franciscano deveria ter ou possuir nenhum tipo de bem material, nada, apenas a força da palavra de Deus seguiria com ele pelo mundo afora.
Inicialmente o Papa Inocência considerou impraticável a regra primitiva que serviria de base para essa nova ordem. Mesmo receoso resolveu receber Francisco para uma audiência privada. Na noite anterior do encontro com aquele religioso radical o próprio Papa teve um sonho que o deixou impressionado. Ele estaria dentro de uma igreja em Roma que parecia ruir, desabar... apenas um homem conseguia segurar as colunas, evitando que tudo viesse abaixo. Inocêncio entendeu que aquele homem era justamente Francisco. Impressionado com o que sonhara mandou chamar o assim chamado "pobrezinho" para vir ter com ele uma conversa.
O Papa ficou visivelmente impressionado com aquele homem, de vestes pobres e humildes que parecia ter uma fé profunda e inabalável. Alguns cronistas medievais chegaram a narrar que o próprio Papa ficou envergonhado em sua presença. Enquanto o romano vestia roupas luxuosas e ostentava joias e anéis caros em seus dedos, Francisco surgia em sua frente com a verdadeira humildade pregada por Jesus. Após tomar conhecimento da regra de pobreza absoluta o Papa finalmente autorizou o funcionamento da nova ordem ao qual ele mesmo denominou de Franciscanos em homenagem a seu criador. Francesco não se conteve de tanta alegria e voltou para Assis com a autorização Papal que tanto queria.
Na volta Francisco criou a famosa Oração ou Sermão dos Pássaros que dizia: “Minhas irmãzinhas aves, vocês devem muito a Deus, o Criador, e por isso, em todo lugar que estiverem devem louva-lo, porque Ele lhes permitiu que voassem para onde quisessem, livremente, da mesma forma que devem agradecer o alimento que Ele lhes dá, sem que para isso tenham que trabalhar; agradeçam ainda a bela voz que o Senhor lhes proporciona, que lhes permitem realizar lindas entonações! Vejam, minhas queridas irmãzinhas, vocês não semeiam e não ceifam. É Deus quem lhes alimenta, quem lhes dá os rios e as fontes, para saciar a sede; quem lhes dá os montes e os vales, para o seu refúgio e lazer, assim como lhes dá as árvores altas, para fazerem os ninhos. Embora não saibam fiar e nem coser, Deus lhes concede admiráveis vestimentas para todas vocês e seus filhos, porque Ele lhes ama muito e quer o bem estar de vocês. Por isso, minhas irmãzinhas, não sejam ingratas, procurem sempre se esforçarem em louvar a Deus.” Francisco começava assim a também demonstrar sua profunda admiração para com as criaturas de Deus, os animais da natureza, algo que mais tarde lhe traria a fama de ser o Santo ecológico.
Depois da visita ao Papa, Francisco retornou para Assis. Ele e seus seguidores levantaram uma pequena cabana numa região mais distante da cidade, praticamente dentro da floresta. A intenção era prestar apoio moral e assistência a todos os que lhes procuravam. Em pouco tempo a cabana de Francesco acabou se tornando pequena demais para tanta demanda. Em uma época medieval onde os mais pobres não contavam com qualquer tratamento de saúde promovido pelo Estado, os Franciscanos se tornaram os únicos a quem se podia recorrer. Francesco determinou que ninguém poderia ficar sem assistência e que nem os leprosos poderiam ser recusados. A graça de Deus era para todos. Com o afluxo volumoso de doentes e pessoas precisando de amparo a pequena cabana se tornou inviável. Quem veio em socorro aos franciscanos foi o abade do mosteiro beneditino que cedeu o uso da modesta, porém espaçosa, capela da Porciúncula para que Assis e seus seguidores ajudassem a quem lhes procurava. O trabalho era intenso e nesse local os Franciscanos começaram de fato sua importante missão de ajuda e solidariedade ao próximo. O aparente caos era amenizado pela própria presença de Francesco, sempre com uma bonita palavra de Deus para aquelas pessoas desesperadas. Quando a situação ia se tornando incontrolável, o "pobrezinho" clamava para que todos rezassem ao seu lado e os ânimos finalmente se acalmavam imediatamente.
Em 1212 os Franciscanos tiveram uma surpresa. Clara d'Offreducci, que séculos depois seria canonizada como Santa Clara, entrou para a ordem. Seria a primeira mulher a fazer parte dos Franciscanos. Com o tempo ela e outras que seguiram seus passos resolveram fundar sua própria ordem, a das Clarissas, que logo ficariam conhecidas por sua bondade e disposição de ajudar ao próximo. Ajudar todas aquelas pessoas pobres e famintas porém era apenas parte da missão que Francesco entendia ter Deus determinado a ele. Assim ele começou uma série de viagens a lugares remotos para pregar a palavra do Senhor. Esteve na distante Síria onde tentou converter o povo Sarraceno. Visitou a Espanha onde teve contato com os Mouros que seguiam outra religião. Encontrou os cruzados que participavam da Quinta Cruzada no Egito e os aconselhou a retornar para seus lares pois a derrota se avizinhava. Francesco durante essas longas jornadas também começou a realizar milagres. Realizou exorcismos em pessoas possuídas, curou paralíticos e salvou a vida de muitos enfermos com os quais encontrou pelo caminho. Duas realizações se tornaram conhecidas. Em Gubbio conseguiu pacificar lobos selvagens e na viagem em direção ao Oriente Médio conseguiu apaziguar uma forte tempestade que ameaçava afundar o navio onde viajava ao lado de seus seguidores.
Enquanto viajava seu grupo que havia ficado em Assis começava a apresentar problemas. Francesco foi informado que muitos de seus membros tinham se desviado do caminho. Alguns estavam sendo acusados de terem se tornado vagabundos e outros quebraram seus votos, vivendo com mulheres de forma escandalosa. As más notícias continuavam. Ele foi informado que os Franciscanos que ficaram no Marrocos, para pregar e evangelizar o povo local, foram presos e martirizados. Sem outra alternativa, Francesco resolveu voltar para casa. Lá encontrou realmente muito caos e desorganização. Havia vários problemas internos. Muitas divergências de opiniões entre os irmãos, alguns querendo promover a construção de grandes igrejas suntuosas, enquanto outros ameaçavam deixar a ordem por causa da opulência da corte papal. Não foi fácil, mas depois de algumas semanas, Francesco finalmente conseguiu colocar uma certa organização em tudo. Para contornar a situação, Francesco acatou, com certo desgosto, as alterações na regra original. Seu grupo que começou usando a mais pura mensagem do Cristo precisou se institucionalizar um pouco para continuar a existir.
Francesco acatou as mudanças, muito por causa de sua fidelidade ao Papa. Internamente porém ficou em crise a tal ponto que chegou a cogitar abandonar tudo, toda a obra que havia construído até aquele momento. Depois voltou atrás e resolveu aceitar de coração as mudanças que vinham para ficar. Procurando pela paz interior Francesco finalmente a alcançou com muitos momentos de oração e reflexão. Nesse período de sua vida começaram as manifestações de natureza espiritual. Francesco começou a ter visões e êxtases místicos. No natal de 1223 inventou o Presépio natalino, uma maneira muito delicada e artística de tentar recriar o cenário do nascimento de Jesus Cristo com o uso de pequenas imagens de Maria, José, o bebê Jesus, os Reis magos, pastores e animas. Passou a comer muito pouco, apenas frutas e passar longos momentos em oração e meditação. Durante um desses momentos Francesco teve uma visão muito forte e concreta do próprio Jesus crucificado. Nesse momento surgiram estigmas em suas mãos e pés, tal como o próprio Jesus ao ser pregado na cruz. Era a prova definitiva do imenso laço que havia criado com o próprio Deus.
Conforme os anos foram passando Francesco começou a ter mais e mais visões e experiências místicas. Sempre que previa que algo nesse sentido iria se manifestar procurava por isolamento de seus irmãos, geralmente indo para o meio da floresta onde tinha esse tipo de experiência única, entre a natureza. Muitas dessas visões nunca foram decifradas, mas em determinados momentos Francisco relatou o que via e sentia para seus amigos mais próximos. Em determinada visão, por exemplo, ele viu um anjo glorioso, com três pares de asas, crucificado em uma cruz romana. Nesse dia ele também começou a ver se manifestar com mais profundidade os estigmas, feridas e marcas pelo seu corpo que de certa maneira recriavam as feridas mortais sofridas pelo próprio Jesus Cristo na cruz. Embora fosse um sinal claro de sua santidade, Francisco não se sentia à vontade com os estigmas, sempre procurando escondê-los, seja com faixas ou com sua própria túnica.
Outra de suas visões marcantes ocorreu quando Francisco entrou em êxtase ao sentir a presença do próprio Deus em seu meio. No meio da visão ele afirmou ter dado a Deus três bolas de ouro que significavam sua vida na mais extrema pobreza, sua castidade e seu amor ao próximo, sempre procurando ajudar aos mais pobres e desassistidos. Ao lado dessas visões Francisco também começou a perceber que sua saúde a cada dia declinava mais. Ele começou a perder sua visão e as forças. As longas caminhadas ao lado dos irmãos foram deixadas de lado por causa de suas condições precárias e sempre que era necessário viajar por longas jornadas ele o fazia com um burrinho, um luxo impensado para os franciscanos da época.
Inicialmente Santa Clara cuidou pessoalmente de sua saúde, porém depois de um período Francisco decidiu que iria embora para Porciúncula, onde poderia morrer ao lado de seus queridos irmãos de ordem. Além da cegueira, Francisco começou a sofrer de graves crises de dor de cabeça, que lhe causavam grande desconforto. Médicos foram chamados, mas não conseguiram chegar a um diagnóstico preciso. Francisco morreu em 3 de outubro de 1226, com apenas 44 anos de idade. Antes de falecer ele deu algumas instruções de como queria ser sepultado. Ele orientou a seus irmãos franciscanos que queria ser enterrado sem roupas, para reforçar ainda mais sua pobreza, ao pôr do sol, com a leitura do evangelho.
Ele foi sepultado inicialmente na igreja de São Jorge. Milhares de pessoas compareceram ao seu enterro, pois a comoção por sua morte foi grande. Seu feitos, sua vida santa e seus milagres, atravessaram fronteiras. Em Roma a Igreja lamentou profundamente seu falecimento. Dois anos depois de sua morte o Papa Gregório IX resolveu deixar os muros do Vaticano e ir pessoalmente até Assis para a cerimônia de canonização de Francesco. Naquela época era algo muito raro um Papa sair do Vaticano por motivos de segurança, mas Gregório tinha tanto apreço pela vida e exemplo de Assis que resolveu se deslocar até a pequena cidade para louvar a memória daquele homem inigualável. Em 1230 a Igreja Católica decidiu erguer uma bela basílica para receber os restos mortais e as relíquias de Francesco, onde até hoje descansam em paz. Tudo estava consumado.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
São Crispim e São Crispiniano
Esses dois santos são provenientes dos primeiros anos do cristianismo em Roma. Segundo diversas fontes históricas ambos seriam irmãos, membros de uma distinta família romana. Tocados pela nova fé cristã que nascia eles foram executados como exemplo pelo Imperador Diocleciano que considerava essa uma grande ofensa aos deuses romanos, pois não seria admitida mais a existência de um cristão entre os cidadãos da cidade eterna. Para que não houvesse outros casos ele mandou prender Crispim e seu irmão Crispiano. Ele foram executados com requintes de crueldade, sendo decapitados publicamente no dia 25 de outubro do ano de 285 (data em que se celebra sua memória).
Segundo a tradição os dois irmãos foram levados até o general Maximianus Herculius. Esse militar havia sido nomeado por Diocleciano para ser o governador da Gália, uma região muito agitada por rebeliões bárbaras. Era importante para Maximianus manter a ordem e a disciplina entre o povo que sempre resistira à dominação de Roma. Um dos pontos mais sensíveis era justamente o religioso. A religião pagã romana passava por grave crise, até mesmo dentro das fileiras do exército. Essa nova crença chamada de Cristã acreditava que um judeu crucificado na província da Judéia no século I era um enviado por Deus para curar os pecados do mundo. Outros iam além e diziam que o tal Jesus era o próprio Deus dos judeus encarnado entre os homens. Pregando uma fé de paz e amor ao próximo, a nova crença foi corroendo as bases do Império Romano e sua religião oficial, com todo aquele panteão de deuses como Marte, Saturno e Baco.
Os adeptos desse Cristo judeu diziam que havia apenas um Deus e não vários. Ele havia ressuscitado dos mortos após ser morto na cruz pelo governador Pôncio Pilatos naquela distante província de Roma. Para o imperador Diocleciano era imperativo descobrir, prender e executar todo aquele que se declarasse cristão. Essa religião era muito associada a estrangeiros, mas nos últimos ano havia avançando dentro das próprias famílias romanas. Para Diocleciano isso era algo extremamente grave e sério, pois destruía os valores romanos mais importantes da sociedade. O cristianismo pregando paz, igualdade e amor entre os homens atingia as próprias bases do militarismo do grande Império que se baseava na força bruta, na submissão e no domínio dos povos.
Assim era necessário matar a todos os cristãos, sem distinção. O fato de Crispim e Crispiniano serem romanos tornava tudo ainda mais grave. Durante seu breve julgamento o general Maximianus Herculius lhes deu uma alternativa: se eles negassem ao Cristo seriam poupados de uma morte extremamente dolorosa e cruel. Quando lhes foi dada a palavra porém disseram: "Tuas ameaças não nos aterrorizam! Cristo é a nossa vida e a ameaça de morte não nos fará renegar a Jesus e ao reino dos céus. Seu poder e suas posses nada significam para nós. Estamos felizes por sermos sacrificados pela causa do nosso mestre. Jesus não prometeu os tesouros dessa terra, mas sim a glória e a riqueza de uma vida eterna.". O duro militar ficou visivelmente comovido pela fibra de seus prisioneiros naquele momento. Que Deus estranho seria aquele que teria tanto poder assim sobre seus súditos? Aqueles homens estavam renegando suas próprias vidas em prol de uma crença em um novo Deus...
Na mesma hora os irmãos foram levados para a execução. Eles foram submetidos a torturas, suas roupas foram rasgadas, uma pesada pedra de moinho foi fixada em seus pescoços. Depois foram amarrados em uma árvore e brutalmente espancados. O carrasco ficou o tempo todo dizendo: "Reneguem ao Cristo, reneguem ao Cristo!", mas eles não voltaram atrás em sua fé. Finalmente no final do dia foram decapitados. O general Maximianus então mandou que seus corpos fossem trucidados, com os restos espalhados pelos portões da cidade, expostos como exemplo do que aconteceria aos que ousassem desafiar as crenças religiosas da Roma pagã! Depois de suas mortes os cristãos de Roma o transformaram em um grande símbolo de fé. Eram mártires da nova fé Cristã. Quando o império finalmente reconheceu a liberdade de crença aos cristãos anos depois esses construíram uma bela basílica em honra aos irmãos mortos. Suas relíquias foram então levadas até Roma e colocadas no altar da Igreja de São Lorenzo. Outras relíquias foram doadas pelo Rei Carlos Magno para a Igreja dedicada aos santos - e que décadas depois se transformaria numa bela catedral.
Pablo Aluísio.
Segundo a tradição os dois irmãos foram levados até o general Maximianus Herculius. Esse militar havia sido nomeado por Diocleciano para ser o governador da Gália, uma região muito agitada por rebeliões bárbaras. Era importante para Maximianus manter a ordem e a disciplina entre o povo que sempre resistira à dominação de Roma. Um dos pontos mais sensíveis era justamente o religioso. A religião pagã romana passava por grave crise, até mesmo dentro das fileiras do exército. Essa nova crença chamada de Cristã acreditava que um judeu crucificado na província da Judéia no século I era um enviado por Deus para curar os pecados do mundo. Outros iam além e diziam que o tal Jesus era o próprio Deus dos judeus encarnado entre os homens. Pregando uma fé de paz e amor ao próximo, a nova crença foi corroendo as bases do Império Romano e sua religião oficial, com todo aquele panteão de deuses como Marte, Saturno e Baco.
Os adeptos desse Cristo judeu diziam que havia apenas um Deus e não vários. Ele havia ressuscitado dos mortos após ser morto na cruz pelo governador Pôncio Pilatos naquela distante província de Roma. Para o imperador Diocleciano era imperativo descobrir, prender e executar todo aquele que se declarasse cristão. Essa religião era muito associada a estrangeiros, mas nos últimos ano havia avançando dentro das próprias famílias romanas. Para Diocleciano isso era algo extremamente grave e sério, pois destruía os valores romanos mais importantes da sociedade. O cristianismo pregando paz, igualdade e amor entre os homens atingia as próprias bases do militarismo do grande Império que se baseava na força bruta, na submissão e no domínio dos povos.
Assim era necessário matar a todos os cristãos, sem distinção. O fato de Crispim e Crispiniano serem romanos tornava tudo ainda mais grave. Durante seu breve julgamento o general Maximianus Herculius lhes deu uma alternativa: se eles negassem ao Cristo seriam poupados de uma morte extremamente dolorosa e cruel. Quando lhes foi dada a palavra porém disseram: "Tuas ameaças não nos aterrorizam! Cristo é a nossa vida e a ameaça de morte não nos fará renegar a Jesus e ao reino dos céus. Seu poder e suas posses nada significam para nós. Estamos felizes por sermos sacrificados pela causa do nosso mestre. Jesus não prometeu os tesouros dessa terra, mas sim a glória e a riqueza de uma vida eterna.". O duro militar ficou visivelmente comovido pela fibra de seus prisioneiros naquele momento. Que Deus estranho seria aquele que teria tanto poder assim sobre seus súditos? Aqueles homens estavam renegando suas próprias vidas em prol de uma crença em um novo Deus...
Na mesma hora os irmãos foram levados para a execução. Eles foram submetidos a torturas, suas roupas foram rasgadas, uma pesada pedra de moinho foi fixada em seus pescoços. Depois foram amarrados em uma árvore e brutalmente espancados. O carrasco ficou o tempo todo dizendo: "Reneguem ao Cristo, reneguem ao Cristo!", mas eles não voltaram atrás em sua fé. Finalmente no final do dia foram decapitados. O general Maximianus então mandou que seus corpos fossem trucidados, com os restos espalhados pelos portões da cidade, expostos como exemplo do que aconteceria aos que ousassem desafiar as crenças religiosas da Roma pagã! Depois de suas mortes os cristãos de Roma o transformaram em um grande símbolo de fé. Eram mártires da nova fé Cristã. Quando o império finalmente reconheceu a liberdade de crença aos cristãos anos depois esses construíram uma bela basílica em honra aos irmãos mortos. Suas relíquias foram então levadas até Roma e colocadas no altar da Igreja de São Lorenzo. Outras relíquias foram doadas pelo Rei Carlos Magno para a Igreja dedicada aos santos - e que décadas depois se transformaria numa bela catedral.
Pablo Aluísio.
Nossa Senhora Aparecida
Nossa Senhora Aparecida
Hoje o nosso país celebra o dia de Nossa Senhora Aparecida. Você sabe como nasceu essa linda devoção a Maria? Em outubro de 1717 três pescadores brasileiros estavam em mais um dia árduo de trabalho. As coisas não iam muito bem com as suas redes, que sempre voltavam vazias para o barco. Eles tinham esperanças de que seu dia de trabalho fosse o mais produtivo possível, com muitos peixes para retornarem para seus lares em Guaratinguetá, mas isso definitivamente não estava acontecendo. Depois de mais uma rede improdutiva eles pediram ajuda para a Imaculada Conceição, para que ela intercedesse por eles naquele momento difícil. Após um breve momento de oração e descanso retornaram para as águas. Já estava chegando ao fim do dia e todos eles estavam visivelmente desanimados. A pesca não rendia.
Então eles resolveram lançar as redes pela última vez. Quando a recolheram viram uma pequena estátua de terracota de Maria, mãe de Jesus. A pequena estatueta estava sem sua cabeça. No segundo arremesso da rede então veio a parte que faltava para completar a pequena imagem. Após limparam a estátua perceberam que se tratava de uma imagem da Imaculada Conceição. Resolveram então chamá-la de Nossa Senhora Aparecida, pois ela de fato havia aparecido, surgido, nas águas do rio. Após a colocarem com grande cuidado sobre um pequeno pano, jogaram novamente as redes. Então veio o primeiro milagre atribuído à Maria. A rede retornou ao barco com tal quantidade de peixes que a pequena embarcação mal conseguia mais ficar flutuando! Era algo espantoso - não era apenas uma quantidade satisfatória de peixes, mas sim uma imensidão de pescado, completamente anormal e fora dos padrões.
De volta à terra firme a imagem começou a mostrar seu poder. Muitos milagres lhe foram atribuídos. Pessoas rezavam perante ela e graças eram alcançadas pela intercessão da Mãe de Deus. Pessoas com sérias doenças eram curadas, crianças desencanadas pela medicina ganhavam uma cura sem explicação da ciência. Pessoas que sonhavam com a solução de seus problemas não tardavam a encontrar a graça através da intercessão de Maria Santíssima. Não demorou muito e as autoridades católicas do lugar perceberam que algo de muito maravilhoso estava acontecendo naquela pequena e humilde comunidade. Tudo levaria a crer que sim, Maria estava mesmo realizando muito milagres através de sua intercessão perante Deus.
Logo a imagem se tornou objeto de veneração pelos moradores da região e de outros estados que formavam grande peregrinações ao lugar onde ela se encontrava. A primeira capelinha então foi construída. Depois quando começou a correr a fama de milagreira da santa mais espaço se tornou necessário para acolher todos os romeiros que iam agradecer graças alcançadas. Então a Igreja Católica resolveu construir a primeira igrejinha no morro dos coqueiros. Em torno dessa pequena e humilde construção começou a surgir uma pequena vila. O fluxo de fiéis porém só aumentava e com a quantidade cada dia maior de pessoas que iam até lá em peregrinação uma basílica menor foi erguida no ano 1908. Os milagres que só aumentavam a cada ano finalmente justificou a construção de um grande santuário mariano em honra a Nossa Senhora Aparecida, que se tornou com justa homenagem a padroeira do Brasil, o maior país católico do mundo. Uma linda história de fé que começou pequenina e humilde e que só foi crescendo com os séculos, mostrando todo o poder de Nossa Senhora na vida de cada cristão.
Na foto: O Papa Francisco presta sua devoção a Nossa Senhora Aparecida em sua primeira visita ao Brasil.
Pablo Aluísio.
Hoje o nosso país celebra o dia de Nossa Senhora Aparecida. Você sabe como nasceu essa linda devoção a Maria? Em outubro de 1717 três pescadores brasileiros estavam em mais um dia árduo de trabalho. As coisas não iam muito bem com as suas redes, que sempre voltavam vazias para o barco. Eles tinham esperanças de que seu dia de trabalho fosse o mais produtivo possível, com muitos peixes para retornarem para seus lares em Guaratinguetá, mas isso definitivamente não estava acontecendo. Depois de mais uma rede improdutiva eles pediram ajuda para a Imaculada Conceição, para que ela intercedesse por eles naquele momento difícil. Após um breve momento de oração e descanso retornaram para as águas. Já estava chegando ao fim do dia e todos eles estavam visivelmente desanimados. A pesca não rendia.
Então eles resolveram lançar as redes pela última vez. Quando a recolheram viram uma pequena estátua de terracota de Maria, mãe de Jesus. A pequena estatueta estava sem sua cabeça. No segundo arremesso da rede então veio a parte que faltava para completar a pequena imagem. Após limparam a estátua perceberam que se tratava de uma imagem da Imaculada Conceição. Resolveram então chamá-la de Nossa Senhora Aparecida, pois ela de fato havia aparecido, surgido, nas águas do rio. Após a colocarem com grande cuidado sobre um pequeno pano, jogaram novamente as redes. Então veio o primeiro milagre atribuído à Maria. A rede retornou ao barco com tal quantidade de peixes que a pequena embarcação mal conseguia mais ficar flutuando! Era algo espantoso - não era apenas uma quantidade satisfatória de peixes, mas sim uma imensidão de pescado, completamente anormal e fora dos padrões.
De volta à terra firme a imagem começou a mostrar seu poder. Muitos milagres lhe foram atribuídos. Pessoas rezavam perante ela e graças eram alcançadas pela intercessão da Mãe de Deus. Pessoas com sérias doenças eram curadas, crianças desencanadas pela medicina ganhavam uma cura sem explicação da ciência. Pessoas que sonhavam com a solução de seus problemas não tardavam a encontrar a graça através da intercessão de Maria Santíssima. Não demorou muito e as autoridades católicas do lugar perceberam que algo de muito maravilhoso estava acontecendo naquela pequena e humilde comunidade. Tudo levaria a crer que sim, Maria estava mesmo realizando muito milagres através de sua intercessão perante Deus.
Logo a imagem se tornou objeto de veneração pelos moradores da região e de outros estados que formavam grande peregrinações ao lugar onde ela se encontrava. A primeira capelinha então foi construída. Depois quando começou a correr a fama de milagreira da santa mais espaço se tornou necessário para acolher todos os romeiros que iam agradecer graças alcançadas. Então a Igreja Católica resolveu construir a primeira igrejinha no morro dos coqueiros. Em torno dessa pequena e humilde construção começou a surgir uma pequena vila. O fluxo de fiéis porém só aumentava e com a quantidade cada dia maior de pessoas que iam até lá em peregrinação uma basílica menor foi erguida no ano 1908. Os milagres que só aumentavam a cada ano finalmente justificou a construção de um grande santuário mariano em honra a Nossa Senhora Aparecida, que se tornou com justa homenagem a padroeira do Brasil, o maior país católico do mundo. Uma linda história de fé que começou pequenina e humilde e que só foi crescendo com os séculos, mostrando todo o poder de Nossa Senhora na vida de cada cristão.
Na foto: O Papa Francisco presta sua devoção a Nossa Senhora Aparecida em sua primeira visita ao Brasil.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
As Obras de Arte do Vaticano
As Obras de Arte do Vaticano
Qual é o exato tamanho da fortuna e da riqueza da Igreja Católica? Esse assunto é dos mais controversos. Sabe-se que a Igreja mantém investimentos e bens em praticamente todo o mundo, porém não há como mensurar seu valor. Talvez a grande riqueza da Igreja Católica venha de sua coleção de arte, a mais valiosa de todo o planeta. Os maiores artistas da história trabalharam para a Igreja Católica, os grandes mestres do renascimento e do barroco atuaram diretamente na construção e embelezamento das mais bonitas e suntuosas catedrais do mundo ocidental. Segundo especialistas jamais se poderá avaliar com isenção o valor das obras de arte do Vaticano. Muitas delas não possuem sequer cotação no mercado, de tão valiosas que são. Todas fazem parte do patrimônio cultural da humanidade.
Ao longo dos séculos a Igreja Católica teve como liderança Papas que amavam as artes e as patrocinavam. Os Papas Júlio II, Leão X, Clemente VII, Paulo III e Pio V são exemplos de grandes Mecenas da época. Eles encheram as igrejas e propriedades da Igreja com a mais sublime coleção de arte que se tem notícia. Michelangelo, Leonardo DaVinci, Rafael, todos esses gênios trabalharam para os Papas. Todos puderam viver de sua arte por causa do patrocínio da Santa Sé. Em troca eles legaram algumas das obras primas mais valiosas de todos os tempos para o patrimônio do catolicismo.
A Igreja Católica mantém muitas coleções de artes históricas. Muitas delas não são expostas ao público. As que são podem ser encontradas nas salas do museu do Vaticano. O primeiro museu do Vaticano foi organizado pelo grande Papa Júlio II. Ele mandou contratar todos os grandes pintores, escultores e escritores para trabalharem para a Igreja. O curioso é que esse Papa mantinha uma relação de amor e ódio com seus artistas, ora os elogiando pelas maravilhas que criavam, ora entrando em pequenas brigas com eles por causa das inerentes licenças poéticas que eles ousavam tomar em suas obras. Os Papas Bento XIV (1740–1758) e Clemente XIII (1758– 1769) também amavam arte e literatura. Eles fundaram os Museus da Biblioteca Apostólica: o Sagrado (Museo Sacro, 1756) e o Profano (Museo Profano, 1767). Pio IX fundou o Museu Cristão, que tinha a mais antiga e rica coleção de livros antigos, alguns datados poucos anos após a morte do próprio Jesus. A mais antiga Bíblia que se tem notícia fez parte desse Museu fantástico.
As edificações do Vaticano assim se tornaram monumentos únicos, vivos de uma era de grandes gênios da arte. Eram nas paredes das igrejas e propriedades do catolicismo que eram pintados os quadros e as obras maravilhosas que até hoje encantam os visitantes. Um exemplo máximo vem da Capela Sistina, pintada por Michelangelo. O lugar, usado para as eleições papais, é considerado um dos pontos obrigatórios de visita para quem aprecia arte em sua maior glória. A escultura Pietà, também de Michelangelo, mostrando a Virgem Maria recebendo em seus braços o corpo crucificado de seu filho Jesus, também é uma realização artística sem precedentes. Essa é considerada por estudiosos e pesquisadores a maior obra de arte da história. Não é para pouco. Tão sublime ficou que o próprio Michelangelo resolveu deixar sua assinatura, algo que até aquele momento não havia feito em nenhuma de suas esculturas anteriores. É a sua maior obra prima, de todos os tempos.
Um grande crítico de arte certa vez observou: "Michelangelo tinha apenas 24 anos de idade quando criou a Pietá. Com essa magnífica estátua, Michelangelo nos deu uma visão cristã e altamente espiritualizada do sofrimento humano! Artistas anteriores e posteriores a Michelangelo sempre retrataram a Virgem com o Cristo morto nos braços como enlutada, quase à beira do desespero. Michelangelo, por outro lado, criou uma aura altamente tranquila. Enquanto segura no colo o corpo sem vida de Jesus, o rosto da Virgem emana doçura, serenidade e uma aceitação majestosa dessa imensa dor, combinada com sua fé no Redentor. É quase como se Jesus estivesse prestes a acordar de um sono brando, como se depois de todo sofrimento e espinhos, a rosa da ressurreição estivesse prestes a desabrochar.”
Essa obra de arte magnífica sofreu um atentado em 1972 por um homem perturbado chamado Laszlo Toth. Em 1972 esse húngaro subiu no monumento e começou a atacar a estátua com um martelo enquanto gritava: "Eu sou Jesus Cristo Ressuscitado!". Antes de ser preso ele conseguiu danificar seriamente o braço esquerdo da Virgem Maria, assim como seu nariz, seu olho esquerdo e seu véu. Nunca antes havia acontecido nada parecido, principalmente por se tratar de uma obra inestimável, colocada em lugar de honra na Basílica de São Pedro. A partir desse dia medidas de segurança foram tomadas pela guarda suíça, que evita a aproximação de estranhos com atitudes suspeitas, zelando pela Pietá todos os dias, impedindo que visitantes se aproximem dela com o intuito de destrui-la.
Michelangelo realmente foi um artista único. Porém a coleção de obras primas do Vaticano não se resume a esse gênio. Fazem parte também da coleção obras de Giotto, Caravaggio, Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael, entre muitos outros. A famosa biblioteca do Vaticano, que possui uma sessão inacessível ao público possui alguns livros cujo único exemplar pertence justamente à Igreja. Os Papas, os maiores patronos da cultura de sua época, primavam pela conservação e guarda dessas obras literárias, evitando que se perdessem para sempre. Ao longo dos séculos vários tiranos como Napoleão Bonaparte e Hitler, tentaram colocar as mãos nas obras inestimáveis da Igreja Católica, mas foi em vão. Com muita luta e muito esforço tudo foi preservado para que as novas gerações pudessem desfrutar das obras de alguns dos maiores gênios de nossa história.
Pablo Aluísio.
Qual é o exato tamanho da fortuna e da riqueza da Igreja Católica? Esse assunto é dos mais controversos. Sabe-se que a Igreja mantém investimentos e bens em praticamente todo o mundo, porém não há como mensurar seu valor. Talvez a grande riqueza da Igreja Católica venha de sua coleção de arte, a mais valiosa de todo o planeta. Os maiores artistas da história trabalharam para a Igreja Católica, os grandes mestres do renascimento e do barroco atuaram diretamente na construção e embelezamento das mais bonitas e suntuosas catedrais do mundo ocidental. Segundo especialistas jamais se poderá avaliar com isenção o valor das obras de arte do Vaticano. Muitas delas não possuem sequer cotação no mercado, de tão valiosas que são. Todas fazem parte do patrimônio cultural da humanidade.
Ao longo dos séculos a Igreja Católica teve como liderança Papas que amavam as artes e as patrocinavam. Os Papas Júlio II, Leão X, Clemente VII, Paulo III e Pio V são exemplos de grandes Mecenas da época. Eles encheram as igrejas e propriedades da Igreja com a mais sublime coleção de arte que se tem notícia. Michelangelo, Leonardo DaVinci, Rafael, todos esses gênios trabalharam para os Papas. Todos puderam viver de sua arte por causa do patrocínio da Santa Sé. Em troca eles legaram algumas das obras primas mais valiosas de todos os tempos para o patrimônio do catolicismo.
A Igreja Católica mantém muitas coleções de artes históricas. Muitas delas não são expostas ao público. As que são podem ser encontradas nas salas do museu do Vaticano. O primeiro museu do Vaticano foi organizado pelo grande Papa Júlio II. Ele mandou contratar todos os grandes pintores, escultores e escritores para trabalharem para a Igreja. O curioso é que esse Papa mantinha uma relação de amor e ódio com seus artistas, ora os elogiando pelas maravilhas que criavam, ora entrando em pequenas brigas com eles por causa das inerentes licenças poéticas que eles ousavam tomar em suas obras. Os Papas Bento XIV (1740–1758) e Clemente XIII (1758– 1769) também amavam arte e literatura. Eles fundaram os Museus da Biblioteca Apostólica: o Sagrado (Museo Sacro, 1756) e o Profano (Museo Profano, 1767). Pio IX fundou o Museu Cristão, que tinha a mais antiga e rica coleção de livros antigos, alguns datados poucos anos após a morte do próprio Jesus. A mais antiga Bíblia que se tem notícia fez parte desse Museu fantástico.
As edificações do Vaticano assim se tornaram monumentos únicos, vivos de uma era de grandes gênios da arte. Eram nas paredes das igrejas e propriedades do catolicismo que eram pintados os quadros e as obras maravilhosas que até hoje encantam os visitantes. Um exemplo máximo vem da Capela Sistina, pintada por Michelangelo. O lugar, usado para as eleições papais, é considerado um dos pontos obrigatórios de visita para quem aprecia arte em sua maior glória. A escultura Pietà, também de Michelangelo, mostrando a Virgem Maria recebendo em seus braços o corpo crucificado de seu filho Jesus, também é uma realização artística sem precedentes. Essa é considerada por estudiosos e pesquisadores a maior obra de arte da história. Não é para pouco. Tão sublime ficou que o próprio Michelangelo resolveu deixar sua assinatura, algo que até aquele momento não havia feito em nenhuma de suas esculturas anteriores. É a sua maior obra prima, de todos os tempos.
Um grande crítico de arte certa vez observou: "Michelangelo tinha apenas 24 anos de idade quando criou a Pietá. Com essa magnífica estátua, Michelangelo nos deu uma visão cristã e altamente espiritualizada do sofrimento humano! Artistas anteriores e posteriores a Michelangelo sempre retrataram a Virgem com o Cristo morto nos braços como enlutada, quase à beira do desespero. Michelangelo, por outro lado, criou uma aura altamente tranquila. Enquanto segura no colo o corpo sem vida de Jesus, o rosto da Virgem emana doçura, serenidade e uma aceitação majestosa dessa imensa dor, combinada com sua fé no Redentor. É quase como se Jesus estivesse prestes a acordar de um sono brando, como se depois de todo sofrimento e espinhos, a rosa da ressurreição estivesse prestes a desabrochar.”
Essa obra de arte magnífica sofreu um atentado em 1972 por um homem perturbado chamado Laszlo Toth. Em 1972 esse húngaro subiu no monumento e começou a atacar a estátua com um martelo enquanto gritava: "Eu sou Jesus Cristo Ressuscitado!". Antes de ser preso ele conseguiu danificar seriamente o braço esquerdo da Virgem Maria, assim como seu nariz, seu olho esquerdo e seu véu. Nunca antes havia acontecido nada parecido, principalmente por se tratar de uma obra inestimável, colocada em lugar de honra na Basílica de São Pedro. A partir desse dia medidas de segurança foram tomadas pela guarda suíça, que evita a aproximação de estranhos com atitudes suspeitas, zelando pela Pietá todos os dias, impedindo que visitantes se aproximem dela com o intuito de destrui-la.
Michelangelo realmente foi um artista único. Porém a coleção de obras primas do Vaticano não se resume a esse gênio. Fazem parte também da coleção obras de Giotto, Caravaggio, Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael, entre muitos outros. A famosa biblioteca do Vaticano, que possui uma sessão inacessível ao público possui alguns livros cujo único exemplar pertence justamente à Igreja. Os Papas, os maiores patronos da cultura de sua época, primavam pela conservação e guarda dessas obras literárias, evitando que se perdessem para sempre. Ao longo dos séculos vários tiranos como Napoleão Bonaparte e Hitler, tentaram colocar as mãos nas obras inestimáveis da Igreja Católica, mas foi em vão. Com muita luta e muito esforço tudo foi preservado para que as novas gerações pudessem desfrutar das obras de alguns dos maiores gênios de nossa história.
Pablo Aluísio.
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