quarta-feira, 27 de julho de 2011

Stereophonics - Decade in the Sun

O Rock inglês está vivo. Respirando por aparelhos, mas vivo! Aqui temos um apanhado muito bom do trabalho do Stereophonics. Eles foram mais do que generosos, colocando nada mais, nada menos, do que 40 músicas nessa coletânea dupla da banda. A iniciativa teve alvo certo: os Estados Unidos. O rock europeu está cada vez mais se fechando em nichos e ao contrário do que acontecia na época dos Beatles e Rolling Stones já não consegue mais despertar atenção dos americanos, que continuam se afundando na lama com cantores de raps e bonequinhos pop de porcelana. Assim o rock feito e produzido na nossa querida e velha ilha procura por novos mercados e lançamentos como esse servem como um verdadeiro cartão de apresentação. 

Infelizmente pelo andar da carruagem temos que reconhecer que o rock britânico (colocando-se nesse bolo todos os grupos ingleses, galeses e escoceses) dificilmente consegue atravessar o Canal da Mancha. Nem na França conseguem mais se destacar (sendo a Alemanha, por outro lado, ainda um bom lugar para se tocar e ouvir bom rock, de qualidade). Sinais dos novos tempos. Quem perde são os ouvintes de outros países, pois grupos como Stereophonics são bem ricos em termos de letras e melodias. Pena que no mundo de hoje isso seja bem menos valorizado do que deveria ser. Preferem mesmo se amarrar em rappers cheios de marra e ídolos pop de cabeça vazia. Vai entender a mente dessa gente...

Título Original: Decade in the Sun - Best of Stereophonics
Artista / Banda: Stereophonics
Ano de Produção: 2008
País: Inglaterra
Estúdio: Universal Music, Sony Music
Produção: Bird & Bush, Kelly Jones, Jim Lowe

Lista de Músicas:
Disco One: 1. Dakota 2. The Bartender and the Thief 3. Just Looking 4. Have a Nice Day 5. Local Boy in the Photograph 6. Maybe Tomorrow 7. Superman 8. Pick a Part That's New 9. My Own Worst Enemy 10. I Wouldn't Believe Your Radio 11. You're My Star 12. Mr. Writer 13. Step on My Old Size Nines 14. Devil 15. It Means Nothing 16. A Thousand Trees 17. Vegas Two Times 18. Traffic 19. More Life in a Tramps Vest 20. Handbags and Gladrags / Disc Two: 1. Madame Helga 2. Bank Holiday Monday 3. Rewind 4. My Friends 5. Climbing the Wall 6. Mama Told Me Not to Come 7. Since I Told You It's Over 8. Moviestar 9. Not Up To You 10. Getaway 11. I Stopped to Fill My Car Up 12. Carrot Cake and Wine 13. Billy Davey's Daughter 14. Raymond's Shop 15. Stone 16. I'm Alright (You Gotta Go There to Come Back)  17. The First Time Ever I Saw Your Face 18. Same Size Feet 19. She Takes Her Clothes Off 20. Hurry Up and Wait.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Frankie Valli & The Four Seasons - Off Seasons

Com o lançamento do filme de Clint Eastwood o interesse no grupo Frankie Valli & The Four Seasons tem aumentado e muito. Anteriormente já havia falado sobre eles aqui no blog. Se você viu o filme e ficou encantado com as músicas e com o estilo dos rapazes de Jersey eu tenho boas e más notícias para você. A má notícia é que praticamente toda a discografia original deles (a maioria singles) está há muitas décadas fora de catálogo, mesmo nos Estados Unidos. Em termos de Brasil nem há o que procurar pois só com muita sorte muito você vai encontrar algo deles em sebos, por exemplo. No máximo vai encontrar uma conhecida coletânea da Som Livre que foi lançado no Brasil nos anos 80 e é só. Em se tratando de importados você vai se deparar com uma dezena de títulos, a maioria deles com a mesma seleção musical, trazendo as mesmas canções que já foram relançadas centenas de vezes.

Se estiver em busca de algo diferente mesmo desse grupo eu sugiro esse título, "Frankie Valli & The Four Seasons - Off Seasons", que traz um apanhado de vinte músicas obscuras do conjunto, sendo que a maioria delas foram lançadas como Lado B de compactos que são bem raros de encontrar. A imensa maioria das faixas não é conhecida e isso significa que você terá a chance de ouvir pela primeira vez uma sonoridade incrível, bem característico deles. Já que você muito provavelmente nunca terá acesso ao material oficial lançado na época esse CD acompanhado de alguma coletânea mais bem sortida deles suprirá uma lacuna em sua coleção musical. Depois de curtir a seleção musical você vai entender bem que o Frankie Valli & The Four Seasons foi muito mais do que apenas aquilo que vemos no filme do excelente Clint Eastwood.


Frankie Valli & The Four Seasons - Off Seasons
1. Big Man's World
2. Seems Like Only Yesterday
3. Cry Myself To Sleep
4. Huggin' My Pillow
5. Funny Face
6. Danger
7. Marcie
8. Comin' Up In The World
9. Everybody Knows My Name
10. Beggars On Parade
11. Around And Around
12. (I Dig You) Dody
13. Good-Bye Girl
14. I'M Gonna Change
15. Let's Ride Again
16. Raven
17. Heartaches And Raindrops
18. Saturday's Father
19. Something's On Her Mind
20. Genuine Imitation Life

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Lloyd Price

Um cantor e compositor extremamente talentoso que infelizmente é pouco lembrado nos dias de hoje. Nos anos 1950 Lloyd Price era um astro e não apenas restrito à comunidade negra como era de se esperar, pois conseguiu se destacar nas principais paradas de sucesso como a Top 100 da Billboard.

Com apenas 19 anos ele ousou e lançou seu próprio selo denominado KRC Records, pois como o próprio Lloyd explicaria anos depois: "Se ninguém acreditava em meu sucesso, eu tinha que me lançar sozinho mesmo!". O resultado de sua confiança foi o hit "Just Because" que logo tornou um campeão de vendas.

Depois disso ele conseguiu uma sucessão de hits, começando com o single "Lawdy Miss Clawdy" que trazia a canção "Mailman Blues" no lado B. Juntas alcançaram o feito de vender mais de um milhão de cópias em seu lançamento.  "Where You At", "Walkin' The Track" e principalmente "Ain't It A Shame" mantiveram o nome de Price no topo. No selo ABC-Paramount conseguiu seus maiores sucessos. Infelizmente os tempos logo iriam mudar, o rock ganharia uma nova roupagem com astros feitos especialmente para o mercado branco e nesse processo Price ficaria cada vez mais ofuscado.

De qualquer maneira as inúmeras regravações de seus sucessos, vindas de gente como Elvis Presley e John Lennon, manteria sua chama acessa pelos anos seguintes. O devido reconhecimento porém só viria muitos anos depois quando Lloyd foi finalmente introduzido no Hall da Fama do Rock and Roll em 1998. Uma homenagem mais do que justa, embora tardia.

Pablo Aluísio.

We Are the World

Título no Brasil: We Are the World
Título Original: We Are the World
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Pictures
Direção: Tom Trbovich
Roteiro: Mikal Gilmore
Elenco: Michael Jackson, Ray Charles, Bob Dylan, Jackson Five, Cyndi Lauper, Huey Lewis, Bette Midler, Willie Nelson, Lionel Richie, Smokey Robinson, Kenny Rogers, Diana Ross, Bruce Springsteen, Tina Turner, Dionne Warwick, Stevie Wonder, Dan Aykroyd, Harry Belafonte, Lindsey Buckingham Billy Joel Al Jarreau Jane Fonda, Kim Carnes

Sinopse:
Documentário que resgata a gravação e lançamento do famoso álbum "We Are The World" que em meados dos anos 1980 se propôs a arrecadar fundos para combater a fome e a miséria no continente africano. Indicado ao Emmy Awards na categoria Melhor Documentário Musical. Vencedor do Grammy Awards na categoria Melhor Filme Musical.

Comentários:
Um interessante documentário que marcou época em seu lançamento. O projeto "We Are The World" ficou muito famoso por causa da constelação de estrelas do mundo da música que foram reunidas para cantar a música tema do projeto beneficente que naquela altura tinha o objetivo de levantar dinheiro dentro da sociedade americana para ajudar no combate à fome nos países da África, continente sempre assolado por guerras, miséria e doenças. Embora não tenha sido um projeto criado por Michael Jackson temos que reconhecer que ele só se tornou um fenômeno por causa de sua presença. Após abraçar a causa o artista telefonou pessoalmente para dezenas de outros grandes nomes da música para que viessem participar da faixa principal do álbum que seria lançado. Todo o dinheiro arrecadado nas vendas seria levado para a África, dando corpo assim ao projeto que ficou conhecido como "Usa For Africa". O resultado tanto em termos artísticos como humanitários foi realmente muito bom, reacendendo o que havia de melhor em todos esses astros. Um importante registro dessa união da classe artística em prol dos necessitados irmãos africanos.

Pablo Aluísio.

The Doors - Live In Stockholm 1968

CD Duplo muito interessante dos Doors trazendo uma apresentação do grupo em Estocolmo na turnê européia de 1968. No dia da realização do show a apresentação foi transmitida ao vivo pela emissora Radiothuset e por essa razão o material é relativamente fácil de encontrar nas lojas especializadas em bootlegs de Londres. A qualidade sonora é aceitável, mas não ideal. O CD é um Soundboard, ou seja, tem uma qualidade que não agride os ouvidos do fã, muito embora passe longe da qualidade de um disco oficial. O colecionador com mais estrada vai logo perceber que o CD usa três fontes diferentes para compor o material, duas delas bem mais acessíveis, principalmente para quem mora na Europa e outra mais rara, com melhor qualidade técnica, que só foi encontrada há alguns anos. 

Quem já tem o bootleg "The Doors - Apocalypse Now" vai certamente reconhecer parte das gravações, muito embora aqui já tenha um tratamento sonoro melhor. Como se trata de um show dos Doors o fã já pode esperar por algumas coisinhas, como o sempre presente problema de alcoolismo nas performances de Jim Morrison. Quando ele exagerava no camarim antes de entrar no palco o ouvinte mais atento já conhece de antemão o que virá pela frente logo nas primeiras músicas. Morrison não está tão mal aqui, tudo bem que ele aparenta estar um pouco embriagado, mas no final das contas dá conta do recado. O melhor momento do CD vem com "Light My Fire" onde o público finalmente se empolga, levando Morrison a dar o melhor de si. Entre as partes constrangedoras há uma péssima versão de "Love Me Two Times" e uma apresentação praticamente solo da banda em "When The Music's Over" onde Morrison apenas balbucia algumas palavras, provavelmente por estar com uma garrafa de tequila em pleno palco. Coisas do Rei Lagarto!


The Doors - Live In Stockholm 1968
Introduction
Five To One
Love Street
Love Me Two Times
When The Music's Over
A Little Game
The Hill Dwellers
Light My Fire
The Unknown Soldier
Five To One
Mack The Knife
Alabama Song
Back Door Man
You're Lost Little Girl
Love Me Two Times
When The Music's Over
Wild Child
Money
Wake Up
Light My Fire
Turn Out The Lights
The End

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de julho de 2011

Marvin Gaye - Ain’t That Peculiar

Lançado em 1965 esse single foi um dos maiores sucessos da carreira do cantor negro Marvin Gaye. Na época ele era apenas mais um contratado do plantel da gravadora Motown, provavelmente o selo que mais revelou artistas negros na história musical dos Estados Unidos. Basta dar uma olhada para qualquer lista enfocando os membros da Motown para entender que nenhum outra gravadora americana conseguiu revelar tantos talentos em tão pouco tempo.

A Motown pertencia ao produtor Berry Gordy, um sujeito que não pensava duas vezes antes de abrir as portas de seu estúdio para quem realmente tinha talento. Por outro lado o artista que caísse nas mãos de Gordy acabava ficando escravizado por contratos leoninos que ao longo dos anos enriqueceria Berry, ao mesmo tempo em que esse explorava ao máximo seus cantores.

Por essa época o jovem Marvin Gaye só queria mesmo uma chance e não tinha conhecimento de vida para entender no que estava entrando. De uma forma ou outra seu estilo único de cantar abriria todas as portas do sucesso. O single logo bateu a marca de um milhão de cópias vendidas, tornando aquele garoto praticamente desconhecido em um produto quente dentro da indústria fonográfica. O diferencial em relação a Marvin Gaye é que ele conseguia reunir em sua voz elementos conflitantes, onde poderia ser ao mesmo tempo extremamente sensual e muito sofisticado.

O rapaz tinha muito domínio nos microfones e conseguia transparecer muita sensualidade em suas performances. Infelizmente seu destino seria trágico. Ele foi morto a tiros pelo próprio pai, um pastor protestante fanático, que acreditava que Gaye estava vivendo uma vida de pecado ao lado do demônio, por ser um artista de canções populares e sensuais. Pobre Gaye, acabou virando mais uma vítima do fanatismo sem limites que atinge certos setores protestantes americanos.

Pablo Aluísio.

Prince - Sign 'o' the Times

Título no Brasil: Prince - Sign 'o' the Times
Título Original: Sign 'o' the Times
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Prince, Albert Magnoli
Roteiro: Prince, Albert Magnoli
Elenco: Prince, Sheila E., Sheena Easton

Sinopse:
Documentário Musical da Turnê internacional "Sign 'o' the Times" do cantor Prince durante os anos 1980. O registro capta o artista americano se apresentando em Minnesota e na cidade holandesa de Rotterdam na Holanda. Momentos de bastidores e palco, com a visão muito particular de Prince, aqui também creditado como diretor.

Comentários:
Já que estamos falando de documentários de artistas pop dos anos 1980 como Madonna vale lembrar desse filme que chegou a ser lançado em vídeo no Brasil. Na década de 80 Prince era ao lado de Madonna e Michael Jackson um dos mais populares cantores americanos. Como convinha a artistas daquela época ele também exagerava nas poses e nos figurinos bizarros - até sua guitarra era ao estilo vitoriano, por mais esquisito que isso possa parecer. Por baixo de todas as plumas e paetês porém se esconde um bom compositor e um artista bem interessante, que experimentou e ousou ir além de seus principais concorrentes naquele período. Como diretor de documentários Prince também procurou ser diferente, o resultado é ora intrigante, ora experimental demais. No final das contas o que se destaca mesmo é sua música, essa sim valiosa para os que desejam conhecer melhor aquela fase do pop americano. 

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de julho de 2011

Nat King Cole - Love Is A Many Splendored Thing

Esse é um EP (compacto duplo) muito raro do selo Capitol datado de 1963 que tive a oportunidade de ganhar de uma grande amiga alguns anos atrás. São apenas quatro faixas mas não se engane com isso, pois todas elas são simplesmente maravilhosas! Nat King Cole faz parte daquele seleto grupo de cantores que se você se deparar com algo dele por aí, seja vinil, seja CD, não pense duas vezes: compre! Não importa se você não conheça o repertório ou as músicas, esqueça isso e compre, pois é material de qualidade e muito provavelmente você jamais terá uma segunda oportunidade de adquirir o material.

No caso aqui temos uma pequena coletânea de canções românticas organizadas pelo selo Capitol. Esses disquinhos tinham mercado certo pois eram bem baratos e contavam apenas com músicas conhecidas, ou que já tinham feito sucesso ou que estavam ainda na programação das rádios. Geralmente os produtores colocavam um grande sucesso puxando o disquinho e na ala coadjuvante inseria algumas outras pequenas obras primas menos conhecidas. Assim por 5 ou 6 dólares o consumidor acabava comprando, principalmente para quem amava música de verdade.

"Love Is A Many Splendored Thing" é uma das mais primorosas interpretações de Nat King Cole. Com uma orquestra sutil e elegante ao fundo ele mostra bem porque foi um dos maiores cantores de todos os tempos. A canção inclusive fez parte da trilha sonora do clássico "Suplício de uma Saudade" e por isso, mesmo no Brasil, é extremamente conhecida. Basta apenas as primeiras notas serem tocadas para todos reconhecerem. "Around The World" tem um ritmo mais latino. Na verdade parece mesmo um bolero da velha escola. Adoro o arranjo, orquestra ao fundo e grupo de instrumentos caribenhos em primeiro plano. Uma grande gravação. "Autumn Leaves" é outra música extremamente romântica e terna. De certa forma me lembra as gravações mais intimistas da carreira de Frank Sinatra, com um misto de melancolia que atravessa toda a canção.

O resultado é mais do que belo. O EP termina com "Too Young". Outro grande clássico do repertório do cantor. O arranjo é impecável e mesmo antes de Cole entrar na faixa o ouvinte já está devidamente rendido pela beleza da melodia. Em suma, se você não sabe o que romantismo em sua vida procure ouvir essas canções, em pouco minutos entenderá do que se trata, com absoluta certeza!

Nat King Cole - Love Is A Many Splendored Thing (1963)
Love Is A Many Splendored Thing
Around The World
Autumn Leaves
Too Young.

Pablo Aluísio.

The Doors - L.A. Woman

"Se disserem que nunca a amei, certamente saberão que estão mentindo" - Jim Morrison disse essa frase não em relação a uma mulher ou a uma de suas namoradas, mas sim sobre Los Angeles, a cidade que o acolheu desde que foi para lá, ainda jovem, estudar cinema na universidade da cidade. Assim quando Jim explicou seu ponto de vista ele estava se referindo a "L.A. Woman", sua declaração de amor ao estilo de vida da cidade. Naquela altura os Doors estavam prestes a implodir, literalmente. Na verdade Jim sabia que o jogo estava acabado para ele no grupo. Anos e anos de abusos, confusões em shows, gravações conturbadas e brigas internas tinham destruído a credibilidade do cantor entre seus colegas de banda. Eles indiretamente desejavam que Jim fosse embora de uma vez por todas. O próprio baterista John Densmore já tinham informado a Morrison que os Doors queriam gravar um disco puramente instrumental, o que era praticamente um fora em Morrison pois ele seria desnecessário nesse tipo de trabalho pois não tocava nenhum instrumento. De fato os Doors gravaram dois discos com essa proposta após a saída de Morrison mas ambos os álbuns fracassaram completamente nas vendas.

Jim, barbudo e messiânico, estava mais preocupado naquela fase de sua vida em ir para Paris para escrever poesia e quem sabe virar um escritor em tempo integral, algo que ele sonhava há anos. Para escrever "L.A. Woman" Morrison novamente usou seu talento de estudante de cinema. A letra é obviamente narrativa, como se fosse um roteiro de uma cena de filme. Descritiva e empolgante, essa foi uma das melhores gravações da carreira dos Doors. Como último momento de rebeldia Jim resolveu que a acústica do estúdio estava ruim e resolveu levar seu microfone para dentro do banheiro, sentou em cima do vaso sanitário e mandou ver, com sua voz encharcada de álcool e drogas pesadas. O resultado é visceralmente empolgante. O arranjo é brilhante, pois tenta imitar o som de uma moto acelerando, para logo depois entrar um solo de baixo poderoso (tocado por Jerry Scheff, baixista da banda de Elvis Presley) e a coisa toda decola. Como os Doors não estavam preocupados em serem convencionais gravaram uma faixa de longa duração, com idas e vindas que a tornam absurdamente marcante e vibrante. Uma despedida e tanto de uma das maiores bandas de rock da história.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A-ha - Minor Earth Major Sky

Depois do lançamento do álbum "Memorial Beach" em 1993 o grupo A-ha resolveu dar um tempo. Embora tenha sido um disco (em minha opinião) realmente maravilhoso, com uma sonoridade singular, não vendeu bem e decepcionou comercialmente. Assim o grupo resolveu dar uma parada para repensar. Os membros do trio viram que era uma boa chance para colocar em prática velhos projetos solos. Pal Waaktaar deu começo nas atividades do Savoy, Morten Harket resolveu gravar um álbum solo, enfim todos decidiram que era hora de tentar criar algo por si mesmos.

Durante sete anos em que o A-ha ficou hibernando houve muita especulação, inclusive de que o conjunto havia finalmente acabado. Ledo engano. Em 2000 eles voltaram com "Minor Earth Major Sky". É um trabalho de ruptura com o que eles tinham feito antes. Os dias do pop radiofônico tinham ficado para trás. Para falar a verdade assim como aconteceu com "Memorial Beach" antes, esse novo disco do A-ha também soava como algo completamente novo, fora das amarras e das regras da indústria fonográfica, sempre tão preocupada com o sucesso comercial a todo custo.

"Minor Earth Major Sky" foi recebido pela crítica com reservas. Na verdade o A-ha, por ter sido uma banda de sucesso nos anos 80, sempre foi encarado com uma boa dose de preconceito. Bobagem completa. São músicos e compositores talentosos que sempre criaram uma base sonora muito própria. Nesse disco temos um exemplo perfeito disso. As gravações foram extenuantes, com o uso de nada mais, nada menos, do que seis produtores diferentes! (a saber: Kjetil Bjerkestrand, Millenia Nova, Ras, Roland Spremberg, Andre Tanneberger e Pal Waaktaar).

Como era de se esperar em um grupo que ficou tanto tempo parado também havia um farto material à disposição. Com receios de cortes o A-ha optou por colocar praticamente tudo o que havia disponível e isso rendeu um álbum longo (com quase 60 minutos de duração) e 16 novas canções gravadas (que foram lançadas na íntegra no mercado russo e japonês*). Também houve o lançamento de seis singles do álbum, um recorde para o A-ha. No saldo final é um disco essencial para quem admira o trabalho do grupo. Realmente de muito bom gosto e com um tipo de som que seria único, mesmo se compararmos com outros discos da banda.

A-ha - Minor Earth Major Sky (2000)
Minor Earth Major Sky
Little Black Heart
Velvet
Summer Moved On
The Sun Never Shone That Day
To Let You Win
The Company Man
Thought That It Was You
I Wish I Cared
Barely Hanging On
You'll Never Get Over Me
I Won't Forget Her
Mary Ellen Makes the Moment Count
Summer Moved On (remix) *
Minor Earth Major Sky (remix) *
Velvet (Stockholm mix) *

Pablo Aluísio.