Lançado em 1965 esse single foi um dos maiores sucessos da carreira
do cantor negro Marvin Gaye. Na época ele era apenas mais um contratado
do plantel da gravadora Motown, provavelmente o selo que mais revelou
artistas negros na história musical dos Estados Unidos. Basta dar uma
olhada para qualquer lista enfocando os membros da Motown para entender
que nenhum outra gravadora americana conseguiu revelar tantos talentos
em tão pouco tempo.
A Motown pertencia ao produtor Berry Gordy, um
sujeito que não pensava duas vezes antes de abrir as portas de seu
estúdio para quem realmente tinha talento. Por outro lado o artista que
caísse nas mãos de Gordy acabava ficando escravizado por contratos
leoninos que ao longo dos anos enriqueceria Berry, ao mesmo tempo em que
esse explorava ao máximo seus cantores.
Por essa
época o jovem Marvin Gaye só queria mesmo uma chance e não tinha
conhecimento de vida para entender no que estava entrando. De uma forma
ou outra seu estilo único de cantar abriria todas as portas do sucesso. O
single logo bateu a marca de um milhão de cópias vendidas, tornando
aquele garoto praticamente desconhecido em um produto quente dentro da
indústria fonográfica. O diferencial em relação a Marvin Gaye é que ele
conseguia reunir em sua voz elementos conflitantes, onde poderia ser ao
mesmo tempo extremamente sensual e muito sofisticado.
O rapaz tinha
muito domínio nos microfones e conseguia transparecer muita sensualidade
em suas performances. Infelizmente seu destino seria trágico. Ele foi
morto a tiros pelo próprio pai, um pastor protestante fanático, que
acreditava que Gaye estava vivendo uma vida de pecado ao lado do
demônio, por ser um artista de canções populares e sensuais. Pobre Gaye,
acabou virando mais uma vítima do fanatismo sem limites que atinge
certos setores protestantes americanos.
Pablo Aluísio.