sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Distrito 9

No meio do lugar comum que impera em Hollywood atualmente, Distrito 9 é uma pequena amostra de que um pouco de originalidade não faz mal nenhum, principalmente para quem deseja assistir algo diferente. O filme, que só saiu após o projeto de Halo de Peter Jackson ser cancelado pela produtora, inova em vários aspectos e trata o tema Aliens de forma bem diferente. Com ares de filme independente Distrito 9 tenta mostrar da forma mais realista possível o que aconteceria se uma nave extraterrestre chegasse à terra com uma população de alienígenas. Longe de ser uma ameaça esses ETs nada mais seriam do que verdadeiros refugiados acolhidos pelo governo da África do Sul. O roteiro, por mais estranho que possa parecer, começa de forma interessante mas infelizmente logo se perde em soluções fáceis, tipicamente Hollywoodianas.

No começo o tom adotado é de um reality show que acompanha um simples funcionário público na tarefa de retirar grande parte da população de extraterrestres de uma área de isolamento chamada Distrito 9. O filme se desenvolve até bem nesse ponto. O espectador inclusive vai demorar um pouco para se situar no começo frenético do filme. O personagem principal não é nenhum pouco atraente, mais parecendo aquele ator da série The Office. Chato e terrivelmente convencional vamos sendo apresentados a ele, bem no meio de preparativos para a tal evacuação do Distrito 9 (tudo transformado agora em uma grande favela terceiro mundista). O problema do filme reside justamente no segundo ato do filme. Se no começo tínhamos um ponto de partida original, no desenrolar dos acontecimentos vamos sucessivamente perdendo as esperanças pois os clichês vão se amontoando aos montes, um atrás do outro. Não falta, por exemplo, a eterna perseguição "gato e rato" típica dos filmes de Hollywood, a luta para conseguir o antídoto que salvará o mocinho, as más intenções do governo americano, os interesses bélicos das grandes corporações, as explosões e tiros e, claro, os africanos do terceiro mundo, malvados, armados até os dentes e que só servem mesmo para traficarem drogas.

Nesse ponto o filme desanda. O próprio governo da Nigéria barrou a entrada do filme em seu país e em nota explicou a medida: "O filme ilustra os nigerianos como gangsters e canibais. Além disso mostra mulheres nigerianas mantendo relações sexuais com não humanos. Também diz que os nigerianos se alimentam de carne humana e acreditam em rituais mágicos e no vodu". Realmente tenho que concordar que a forma como são retratados os cidadãos nigerianos (e de países pobres da África) é realmente assustadoramente preconceituosa e maniqueísta. A impressão que deixou foi que apesar dos esforços do diretor estreante Neill Blomkamp em fazer algo novo, a força do estúdio falou mais alto e seu produtor Peter Jackson, sem poder contar com seus orcs de plantão, resolveu transferir esse papel para os africanos de uma forma em geral. Mas exagerou na dose de preconceito. Enfim o filme nada mais é do uma boa idéia que ficou pelo meio do caminho.

Distrito 9 (District 9, Estados Unidos, 2009) Direção: Neill Blomkamp / Roteiro: Neill Blomkamp, Terri Tatchell / Elenco: Sharlto Copley, David James, Jason Cope / Sinopse: ETs são restritos a um gueto na terra aonde são rigidamente controlados por autoridades da terra.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Segredo do Abismo

Título no Brasil: O Segredo do Abismo
Título Original: The Abyss
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Elenco: Ed Harris, Mary Elizabeth Mastrantonio, Michael Biehn

Sinopse:
Equipe formada por mergulhadores, exploradores e cientistas é contratada para descer até as profundezas do oceano com o objetivo de resgatar um submarino nuclear desaparecido. Uma vez na fossa oceânica descobrem que há no local uma estranha presença de seres desconhecidos da ciência. Intrigados tentarão levar o resgate até o final, embora sejam surpreendidos pela natureza daquelas entidades alienígenas. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. 

Comentários:
Analisando de um ponto de vista bem imparcial já podemos encontrar nessa ficção "The Abyss" todos os pontos positivos e negativos que iriam acompanhar James Cameron em toda a sua carreira. Entre os pontos positivos podemos citar o uso de tecnologia de ponta em termos de efeitos especiais. Aqui nessa produção James Cameron já antecipava o que viria a mostrar em "O Exterminador do Futuro 2", ou seja, criaturas que mais parecem fluidos sem definição. Nesse aspecto não há como negar que o filme seja extremamente bem realizado, até mesmo se levarmos em conta o padrão atual da tecnologia digital usada no cinema americano. Por outro lado temos também os velhos erros que sempre acompanharam Cameron desde o começo de sua filmografia, sendo o mais visível deles o próprio roteiro escrito pelo diretor. Os personagens são vazios e as situações bem clichês. James Cameron pode até ser um bom coordenador de equipes especializadas em efeitos especiais, mas como diretor de elenco e escritor de roteiros ele deixa mesmo a desejar. Assim se você estiver em busca de um filme que exponha o lado bom e ruim de Cameron, "O Segredo do Abismo" é sem dúvida uma boa pedida.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Missão Impossível: Protocolo Fantasma

Não é de hoje que acompanho a carreira do ator Tom Cruise, pelo contrário. Desde 1985 quando assisti seu primeiro grande sucesso nos cinemas, "Top Gun - Ases Indomáveis" venho assistindo sempre seus filmes. Cruise é um dos astros de Hollywood que posso afirmar ter visto a filmografia completa, do primeiro ao último filme que ele fez. Apesar disso não me considero fã ou algo assim. Na verdade ele chegou ao estrelado com blockbusters até banais (como "Top Gun", "Dias de Trovão", "Cocktail" etc) mas logo depois começou a surpreender participando de filmes realmente muito bons ("A Cor do Dinheiro", "Rain Man" e principalmente "Nascido em 4 de Julho"). Parecia que fugia do rótulo de galã de filmes vazios. O que seria uma guinada na carreira porém parou repentinamente com essa franquia "Missão Impossível". O sucesso desses filmes levou Cruise de volta para os arrasa quarteirões sem conteúdo. Uma pena. Eu pessoalmente sempre achei esses filmes muito fracos, até porque a própria série televisiva que lhe deu origem nada mais era do que uma cópia das aventuras de James Bond no cinema. Se até os filmes de Bond não são muito adultos imaginem a cópia deles. Claro que quando "Missão Impossível" foi para o cinema deram uma recauchutada completa em sua concepção mas mesmo assim continuou a ser muito tolo e infantil. Há ótima produção, cenas muito bem realizadas, parafernálias tecnológicas de todos os tipos e toda a pirotecnia que você queira. O problema é que também pára por aí. Os filmes MI não possuem tramas mais bem elaboradas que fujam do chiclete, é tudo muito oco, vazio.

Esse "Missão Impossível 4" segue a mesma trilha dos anteriores. Novamente há cenas de impacto como Cruise "escalando" um enorme edifício em Dubai ou então sua perseguição no meio de uma tempestade de areia. Tudo muito bem produzido e realizado não há como negar. As bugigangas da tecnologia de última geração também estão lá. Seu personagem também tem que salvar o mundo no último segundo... enfim, nada de novo no front. Esse enredo de espião tentando salvar o planeta de uma guerra nuclear causada por um megalomaníaco é a base de praticamente todos os filmes de James Bond da década de 1960. Se já não era original há 50 anos imagine agora! Qual afinal é a novidade disso? Nenhuma. Curiosamente o público não parece se importar pelo fato do filme ser no fundo mais do mesmo e lotou as salas. De fato MI4 foi o sucesso que Cruise tanto aguardava. Desde que foi despedido da Paramount ele não conseguia um grande sucesso de bilheteria então o êxito do filme veio como tábua de salvação. Bom pra ele já que a idade finalmente está chegando e o antigo galã de sorriso largo está demonstrando sinais na tela de que o tempo realmente chegou para ele. Em conclusão MI4 é isso, uma variação dos filmes de James Bond e praticamente uma cópia dos filmes anteriores da franquia. Se você gosta desse tipo de filme, bon appetit!

Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (Mission: Impossible - Ghost Protocol, Estados Unidos, 2012) Direção: Brad Bird / Roteiro: Josh Appelbaum, André Nemec / Elenco: Tom Cruise, Jeremy Renner, Simon Pegg / Sinopse: Terrorista rouba arma nuclear russa. Uma equipe de agentes especiais são então designados na missão de recuperar a arma roubada além de impedir que ele use os códigos necessários para seu uso.

Pablo Aluísio.

Desbravadores

Título no Brasil: Desbravadores
Título Original: Pathfinder
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Marcus Nispel
Roteiro: Laeta Kalogridis, Nils Gaup
Elenco: Karl Urban, Clancy Brown, Moon Bloodgood

Sinopse:
Durante um ataque Viking na costa americana, durante o período pré-colombiano, uma criança da expedição é deixada para trás após o naufrágio de um dos barcos nórdicos. Ela acaba sendo salva e criada pela tribo dos Wampanoag, índios nativos da região. Os anos passam e quinze anos mais tarde uma nova invasão Viking chega no local. Agora o jovem Ghost (Karl Urban) precisa se decidir em qual lado da batalha ficará.

Comentários:
Durante muitos anos a arqueologia desconfiou que outros europeus estiveram nas costas da América do Norte antes da chegada de Cristovão Colombo. Essa teoria adveio do encontro de achados arqueológicos de povos Vikings encontrados na costa dos Estados Unidos datando de séculos atrás. A ideia de ver Vikings em solo americano brigando com nativos indígenas era boa demais para o cinema ignorar. Assim nasceu esse "Desbravadores". Obviamente não vá esperando por nada muito preciso do ponto de vista histórico. O que está valendo aqui é realmente a batalha entre índios americanos que viviam nas regiões costeiras com os nórdicos Vikings que chegavam na costa com a única finalidade de ali saquear e roubar metais preciosos. O filme por essa razão é bem violento, com poucos diálogos, e lutas sem fim. A direção de arte é até bem realizada, embora transformem os Vikings em determinados momentos em bestas ferozes de guerra. Vale assistir pelo menos uma vez, principalmente para quem gosta de produções com muito sangue e conflitos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Contágio

O filme parte da premissa do surgimento de um super vírus que se alastra com enorme rapidez, contaminando da China aos EUA, passando pela Europa e daí para o restante do mundo. O argumento é tipicamente de filme catástrofe só que sob uma roupagem de pseudo ciência. O problema de um roteiro como esse é que propõe um quase apocalipse para depois, faltando menos de 20 minutos de filme, se resolver tudo de forma tão fácil e sem graça que a situação criada vai por água abaixo. O curioso é que a produção não se fez de rogada e copiou muito dos filmes de zumbis, com todas aquelas grandes cidades desertas e os habitantes não contaminados agindo como verdadeiros animais, saqueando lojas e cometendo crimes. Enfim, pura bobagem. A produção ganhou uma promoção extra gratuita pois perto de seu lançamento os noticiários ao redor do mundo divulgaram os perigos de um novo vírus da gripe que fazia vítimas ao redor do planeta, inclusive aqui no Brasil. Curiosamente a tal nova gripe que rapidamente surgiu também desapareceu na mesma velocidade. Campanhas de vacinação em massa foram promovidas por diversos governos e assim o mal ficou praticamente erradicado. Isso veio demonstrar que no mundo real uma situação como a que vemos no filme dificilmente se tornaria realidade pois a ciência está muito desenvolvida em nossos dias. Os tempos de mortes em massa como ocorreu com a gripe espanhola no começo do século XX é coisa do passado.

O elenco conta com vários nomes conhecidos mas todos eles, sem exceção, são desperdiçados. Em essência não passam de coadjuvantes de luxo. Gwyneth Paltrow está creditada como a principal atriz do filme o que me deixa admirado pois sua participação não tem absolutamente nada demais. Ela aparece e em pouco tempo some do mapa. Já Matt Damon tinha tudo para se destacar mas seu papel é raso (e tolo) como todos os demais. Bancando o "paizão" o ator realmente não sai muito disso, ficando no controle remoto. Suas reações em vista de grandes tragédias também não convencem, quase sempre caindo na caricatura. Outro talento jogado para escanteio é Kate Winslet. Interpretando uma médica ela aparece, fala meia dúzia de diálogos e vai para a insignificância! Jude Law tem um papel melhor, a do típico blogueiro que escreve sobre teorias da conspiração. Infelizmente também não é desenvolvido adequadamente. Enfim esse "Contágio" não me cativou. Achei sensacionalista demais, pouco desenvolvido em relação aos personagens e com clímax banal e decepcionante. Eu esperava bem mais, muito mais desse filme.

Contágio (Contagion, Estados Unidos, 2011) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Scott Z. Burns / Elenco: Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Kate Winslet, Jude Law / Sinopse: Um vírus começa a se espalhar entre populações de diferentes países. Entre os contaminados estão um jovem americano, médicos e cientistas que tentam deter o avanço da nova doença contagiosa.

Pablo Aluísio.

1408

Título no Brasil: 1408
Título Original: 1408
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Mikael Håfström
Roteiro: Matt Greenberg
Elenco: John Cusack, Samuel L. Jackson, Mary McCormack

Sinopse:
Baseado no conto de Stephen King. O escritor cínico e cético Mike Enslin (John Cusack) ganha a vida escrevendo livros que avaliam fenômenos sobrenaturais em hotéis, cemitérios e outros locais assombrados, geralmente visando desmascarar as crendices e lendas que rondam esses lugares. Para escrever seu novo livro, ele viaja de Los Angeles a Nova York para passar uma noite em um quarto dito como mal assombrado do Dolphin Hotel. O quarto 1408 tem várias histórias envolvendo aparições de entidades sobrenaturais. Segundo algumas lendas mais de 50 pessoas teriam morrido lá ao longo de várias décadas. Enslin porém não acredita em nada disso. Mal sabe ele no que está realmente se metendo ao se hospedar por uma noite no infame local.

Comentários:
Até que começa muito bem. Afinal todos os elementos parecem estar presentes. Só o nome de Stephen King nos créditos já garante o interesse, afinal seus contos e livros de suspense e terror são quase sempre muito bem adaptados para o mundo do cinema. O design da produção, cenários e ambientação também são pontos positivos. O elenco, com dois atores de ponta como John Cusack e Samuel L. Jackson, também aumentam as expectativas. Infelizmente esse é aquele tipo de produção em que tudo parece estar no lugar mas algo não parece estar certo. Acredito que o maior problema seja de roteiro. O conto que deu origem a esse argumento é pequeno, feito para entreter o leitor em poucas páginas. Contos geralmente possuem um ritmo próprio, específico, que se alongados demais acabam criando aquela sensação ruim de que estão enchendo linguiça. É o que aparenta acontecer aqui. Se o filme fosse mais ágil, mesmo sendo um longa-metragem, as coisas seriam diferentes. Infelizmente o roteiro não tem essa qualidade. Mesmo assim, com um pouco de esforço, ainda dá para se divertir, até porque o enredo não é dos mais convencionais e deixará muita gente surpresa com seu desfecho. Na dúvida arrisque!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Uma Vida Sem Limites

Quem não considera o ator Kevin Spacey um artista extremamente talentoso tem que assistir a esse filme urgentemente. Nele Spacey atua, canta, dança, dirige, e ainda por cima ainda é um dos produtores. Ou seja - ele simplesmente fez tudo no filme, que por si só é uma delícia de assistir! Conta, misturando fatos reais com dramaturgia musical, a história de Bobby Darin (um cantor que provavelmente você não saiba direito quem é mas que certamente conhece um de seus maiores sucessos, "Splish Splash", sim, aquela canção mesmo que já foi interpretada por Roberto Carlos no começo de sua carreira). Para os fãs de cinema o filme ainda traz outro aspecto curioso, seu longo e conturbado relacionamento com a atriz Sandra Dee (uma espécie de Sandy americana dos anos 60, a típica atriz pura e virgem das telas). Eles se conheceram no set de filmagens de um filme estrelado por Rock Hudson chamado "Quando Setembro Vier" e bem de acordo com a caretice daquele época resolveram se casar meio de forma impensada. O resultado de um enlace amoroso prematuro como esse não era complicado de se prever: muitas brigas, atritos e problemas com bebidas.

O filme narra com muita música a ascensão, o apogeu e a queda do cantor. Spacey adota uma postura de respeito com o retratado. Embora seja bem mais velho que Bobby Darin (que morreu muito jovem, com apenas 37 anos) Spacey consegue compensar essa diferença com muita garra e talento em cena. Eu sinceramente acho que ele deveria ter sido bem mais reconhecido por seu trabalho nesse filme, infelizmente "Uma Vida Sem Limites" meio que passou em brancas nuvens no Brasil, muito por causa da falta de divulgação e promoção. Ficou em grande parte desconhecido para o grande público. Uma grande injustiça com o ator e com todos que gostam de biografias de grandes ídolos do passado. De qualquer forma fica a dica. Se ainda não assistiu não deixe de conferir o trabalho desse ótimo showman dos nossos dias.

Uma Vida Sem Limites (Beyond The Sea, Estados Unidos, 2004) Direção: Kevin Spacey / Roteiro de Kevin Spacey e Lewis Colick / Elenco: Kevin Spacey, Kate Bosworth, John Goodman / Sinopse: Cinebiografia do cantor americano Bobby Darin desde seu surgimento passando pelo seu sucesso fugaz até sua decadência e morte.

Pablo Aluísio.

Footloose

"Footloose", o filme original, foi um típico musical dos anos 80. Seguia basicamente uma fórmula que também foi utilizada em "Flashdance" e "Dirty Dancing". Não era um grande filme mas tinha uma trilha sonora FM que fez sucesso na época. Além disso trazia a boa dupla de atores Kevin Bacon e Chris Penn. Eles faziam diferença pois eram carismáticos e se saíram muito bem em seus personagens. E aí está justamente o grande problema desse remake de "Footloose": não há atores tão bons assim em cena. O papel principal foi dado ao ator Kenny Wormald. Praticamente um estreante nas telas o sujeito não tem carisma, não sabe atuar e o maior dos pecados: não sabe dançar bem. Isso mesmo, seus passos de dança no filme só causam vergonha alheia. O sujeito se contorce, se requebra mas não tem ritmo nenhum. Senti saudades de Kevin Bacon. Seu parceiro em cena não é melhor. Milles Teller, que faz o papel do amigo caipirão, também não diz a que veio. Não interpreta bem, não consegue convencer o público que tem um vínculo de amizade genuíno com Kenny e o pior de tudo: não desenvolve bem seu personagem. No meio de tantos atores jovens inexpressivos só me resta elogiar a beleza de Julianne Hough no papel da filha do pastor. Não é grande atriz mas pelo menos encanta com sua bela presença em cena.

Assim o novo Remake de "Footloose" não justifica sua existência. Os atores são fracos demais, a trilha só decola quando puxa as velhas canções do filme original e as cenas de dança são totalmente sem inspiração. Fica a curiosidade de ver veteranos como Dennis Quaid (no papel de pastor) e Andie McDowell (como sua esposa). Estão ali apenas para fazer figuração no meio da garotada e não conseguem ser marcantes em nenhum momento. O filme não tem identidade própria e o diretor Graig Braver não consegue entregar um bom produto. O resultado veio nas bilheterias: fracasso comercial. Não caíram na lábia do estúdio. Ainda bem, só assim ficamos mais tranquilos pelo fato de que não virão novos remakes de sucessos musicais dos anos 80... pelo menos não tão cedo!

Footloose (Estados Unidos, 2011) Direção: Craig Brewer / Com Julianne Hough, Dennis Quaid, Ray McKinnon, Miles Telle e Patrick John Flueger / Sinopse: Remake do clássico musical da década de 80. Jovem muda-se para pequena cidade do interior dos EUA e tem que enfrentar severo pastor local que proíbe festas e danças dentro da comunidade.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O Discurso do Rei

Adorei esse filme. Além de gostar de filmes históricos o tema, que é universal, diz respeito a todos àqueles que tentam superar algum problema ou adversidade em sua vida. No caso de "O Discurso do Rei" temos a história do Rei inglês George VI que após a abdicação de seu irmão mais velho se vê diante do grande desafio de se tornar rei da Grã Bretanha, justamente nos meses que antecedem à II Guerra Mundial. Ao contrário de seu adversário, Adolf Hitler, que era um grande orador, George VI tinha um sério problema: era gago e tímido! Como inflamar seu povo no meio do conflito com esse tipo de limitação? É justamente nesse ponto que entra em cena o ator Geoffrey Rush e seu carismático personagem que tenta amenizar os problemas do rei.

Apesar de Rush estar ótimo em sua caracterização o filme pertence mesmo a Colin Firth. O seu papel é extremamente perigoso pois ele correria o sério risco de virar caricato, transformando o próprio Rei e sua gagueira numa piada involuntária. Caso isso acontecesse o filme afundaria em suas pretensões. Porém graças ao talento de Firth isso definitivamente não acontece. Ao invés de rirmos do Rei, torcemos por ele, para que supere suas limitações vocais. Sua interpretação é seguramente digna do Oscar que venceu. Não sei se o filme irá agradar a todos, pois ele tem um ritmo próprio, cadenciado, que destoa um pouco do que é produzido atualmente. De qualquer maneira seu estilo e elegância superam todos esses problemas transformando "O Discurso do Rei" em um belíssimo filme. Se ainda não assistiu não deixe de conferir.

O Discurso do Rei (The King's Speech, Estados Unidos, 2010) Direção: Tom Hooper / Roteiro: David Seidler / Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter / Sinopse: O filme é baseado na história real do rei inglês George VI (Colin Firth) que procura tratamento contra seus problemas de fala com um exótico terapeuta (Geofrey Rush).

Pablo Aluísio. 

Conspiração Americana

Muito bom esse drama de tribunal baseado em fatos históricos. O curioso é que o roteiro foca em cima de uma pessoa secundária nos acontecimentos que desembocaram na morte do presidente Abraham Lincoln. O foco é em cima do julgamento de Mary Surratt (Robin Wright), mãe de um dos acusados da conspiração que levou Lincoln à morte. O filme vai ser muito mais bem apreciado por quem é da área jurídica pois vários princípios que estudamos nas faculdades de direito são colocados em berlinda aqui: O devido processo legal, O direito à defesa e ao contraditório, a não extensão da pena a familiares dos acusados, a fragilidade da prova testemunhal (a prostituta das provas) e muito mais.

Eu pessoalmente gostei muito do tom imposto ao filme pelo diretor Robert Redford. Tudo é tratado com seriedade e objetividade, sem direito a novelizações em excesso. O final é brutal e mostra bem como pode ser penoso a um profissional de direito tentar realizar justiça em um sistema corrompido pela guerra e pelo clamor popular (que quase sempre confunde vingança com justiça - dois conceitos diferentes). O elenco está todo muito bem com destaque para o jovem advogado idealista Frederick Aiken (James McAvoy). Enfim, em tempos como o que vivemos agora esse é um bom filme para se refletir bem sobre o que ocorre dentro do poder judiciário. Excelente lição de história e direito. Recomendo.

Conspiração Americana (The Conspirator, Estados Unidos, 2010) Diretor: Robert Redford / Roteiro: James D. Solomon / Elenco: Robin Wright, James McAvoy, Justin Long, Evan Rachel Wood, Johnny Simmons, Toby Kebbell, Tom Wilkinson / Sinopse: Após os acontecimentos que levaram ao assassinato do Presidente Abraham Lincoln vários conspiradores são presos, entre eles uma mulher chamada Mary Surratt (Robin Wright), dona da pensão onde os conspiradores se reuniram para planejar a morte do líder americano. Acusada, mesmo sem provas sólidas, ela é defendida no tribunal por um jovem advogado Frederick Aiken (James McAvoy) que tentará de tudo para livrá-la da pena de morte.

Pablo Aluísio.