A primeira vez que assisti "Fuga de Sobibor" foi na TV aberta, durante os anos 80. Na realidade essa é uma minissérie que de tempos em tempos era reprisada pelo SBT. Depois acabou sendo lançada no mercado de vídeo (ainda nos tempos do VHS) como filme, com nova edição e montagem. Sempre considerei um grande filme de guerra, principalmente por mostrar a luta dos prisioneiros nesse campo de extermínio nazista. Eu me recordei dessa produção ao ler alguns trechos da biografia do líder nazista Heinrich Luitpold Himmler.
Em determinado momento da guerra ele chegou na conclusão de que campos de concentração como Auschwitz não davam mais certo. Essa coisa de manter uma multidão de prisioneiros judeus estava custando muito caro para os cofres da Alemanha nazista. Assim criou-se o conceito de campos menores como Sobibor. Praticamente não passavam de paradas de trens com câmaras de gás. Os prisioneiros desciam dos trens e eram selecionados. Homens com capacidade de trabalho eram poupados da morte. Mulheres, crianças e idosos eram exterminados imediatamente. Não havia comida e nem instalações para todas essas pessoas. Assim dentro de uma mentalidade de barbárie absoluta os judeus eram enviados diretamente para as câmaras de gás para morte imediata.
No fim do filme descobrimos que Sobibor foi destruída em parte antes do fim da guerra. Era um crime contra a humanidade sem precedentes. Himmler mandou destruir as câmaras de gás, colocando no mesmo lugar uma floresta de pinheiros. Não adiantou esconder seus crimes de guerra porque nesse local houve uma das mais bem sucedidas fugas em massa da história (algo que é a base do roteiro do filme). Mais de 300 prisioneiros ganharam a liberdade, depois de um bem sucedido plano de matar os oficiais da SS, para que os soldados ucranianos do campo ficassem sem comando, levando os prisioneiros a fugirem pelo próprio portão da frente da prisão! O testemunho desses prisioneiros provou o que havia acontecido em Sobibor. Os nazistas não conseguiram apagar isso da história.
Acredito que um filme como esse tem uma importância vital pois nos últimos anos surgiram vários autores revisionistas da história negando inclusive a existência dessas câmeras de gás, como essas que existiam em Sobibor. Essas pessoas - algumas até historiadores com diploma - prestam um grande mal para a história em geral. Ao negarem esse passado tenebroso corre-se o risco de repeti-lo. As novas gerações, tão afundadas em sua busca pelo hedonismo completo, correm o risco de não conhecerem os horrores do holocausto. Por isso um filme como "Fuga de Sobibor" deveria ser exibido em escolas e instituições de ensino. É uma lição de história para nunca mais se esquecer.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Mestres do Passado: Vincent Price e Christopher Lee
Recentemente tive a oportunidade de assistir a dois filmes clássicos de terror estrelados por dois dos maiores símbolos do gênero no passado: Christopher Lee e Vincent Price. Sempre fui fã de filmes de terror desde a minha adolescência. Naqueles anos acompanhava os filmes que passavam pelas madrugadas nos canais abertos de TV. Estou falando da segunda metade dos anos 80 onde tive a oportunidade de assistir alguns dos grandes filmes que Hollywood produziu nesse estilo. Entre os que mais gostava estavam os filmes estrelados por Christopher Lee onde ele interpretava o ícone maior dos vampiros: o Conde Drácula. Em tempos de Crepúsculo, True Blood e The Vampire Diaries, fica complicado para um jovem dos dias atuais conhecer a vasta filmografia de um dos grandes estúdios de terror da História: A Hammer.
A Hammer era uma produtora inglesa que não contava com muitos recursos financeiros mas compensava isso com muita imaginação e estilo. Um exemplo é "Drácula: O Perfil do Diabo" que assisti essa semana. O filme é um dos menos conhecidos da longa linhagem que foi estrelada por Christopher Lee, mas traz todas as características que fizeram da Hammer uma das produtoras mais cultuadas pelos fãs de terror até hoje. O roteiro é simples e mostra Drácula, renascido novamente após ser destruído no filme anterior (pensou que era apenas o Jason que não morria em seus filmes?) e que agora tem que retornar ao seu castelo o mais rápido possível mas é impedido porque um padre teria exorcizado sua entrada. O argumento nesse caso é o que menos importa. O interessante é admirar a direção de arte dos estúdios Hammer e o capricho que eles tinham na produção. Até mesmo a falta de efeitos especiais conta a favor. Como não havia técnica desenvolvida naquela época tudo era superado com ideias bem boladas e imagens bem editadas.
A interpretação de Christopher Lee no papel de Drácula é outro destaque. Longe dos vampiros românticos da atualidade o Drácula da Hammer não tinha nada de cavalheiresco ou nobre, era apenas um monstro de capa, que nem pensava duas vezes em puxar o cabelo das mulheres quando achava necessário! Também não era de muito bate papo, Lee inclusive mal fala durante toda a projeção, apenas o mínimo necessário, geralmente dando ordens aos seus servos. Pois é, quem te viu e quem te vê, os vampiros do passado não davam moleza nenhuma para as suas partners em cena. Embora ele novamente vá atrás de sua "amada imortal" também nesse filme, o faz sem nenhum gesto de romantismo ou galanteio. Simplesmente a enfeitiça e tenta levar a donzela para seu castelo no alto da montanha, demonstrando que o velho conde de bobo não tinha nada...
E por falar em interpretação não poderia deixar de citar um dos grandes mestres do terror: Vincent Price. Ontem assisti um de seus clássicos: "A Casa dos Maus Espiritos"! Ao contrário do Drácula monossilábico de Lee, o personagem de Vincent Price nesse filme esbanja elegância e sofisticação. Fazendo o papel de um milionário que convoca um estranho grupo para passar a noite em uma casa assombrada ao preço de dez mil dólares, Price demonstra como era um ótimo ator, mesmo nas produções mais simples. O filme, que foi dirigido pelo ótimo William Castle, tem um roteiro cheio de humor negro. Para quem gosta certamente encontrará um prato cheio, inclusive em seu próprio título pois ao final descobrimos quem são realmente os tais "maus espíritos"! Com desenvolvimento rápido e esperto o filme fez grande sucesso de bilheteria e inspirou vários clássicos que viriam, como o próprio Psicose de Hitchcock. Seu roteiro é tão interessante que o filme acabou ganhando um remake intitulado "A Casa na Colina", que não chega nem aos pés do original. Também convenhamos o mestre Vincent Price carrega o filme nas costas e é responsável direto por seu grande êxito. Enfim, duas amostras de uma época em que os filmes de terror tinham um charme inigualável. Morra de inveja Robert Pattinson...
Pablo Aluísio.
A Hammer era uma produtora inglesa que não contava com muitos recursos financeiros mas compensava isso com muita imaginação e estilo. Um exemplo é "Drácula: O Perfil do Diabo" que assisti essa semana. O filme é um dos menos conhecidos da longa linhagem que foi estrelada por Christopher Lee, mas traz todas as características que fizeram da Hammer uma das produtoras mais cultuadas pelos fãs de terror até hoje. O roteiro é simples e mostra Drácula, renascido novamente após ser destruído no filme anterior (pensou que era apenas o Jason que não morria em seus filmes?) e que agora tem que retornar ao seu castelo o mais rápido possível mas é impedido porque um padre teria exorcizado sua entrada. O argumento nesse caso é o que menos importa. O interessante é admirar a direção de arte dos estúdios Hammer e o capricho que eles tinham na produção. Até mesmo a falta de efeitos especiais conta a favor. Como não havia técnica desenvolvida naquela época tudo era superado com ideias bem boladas e imagens bem editadas.
A interpretação de Christopher Lee no papel de Drácula é outro destaque. Longe dos vampiros românticos da atualidade o Drácula da Hammer não tinha nada de cavalheiresco ou nobre, era apenas um monstro de capa, que nem pensava duas vezes em puxar o cabelo das mulheres quando achava necessário! Também não era de muito bate papo, Lee inclusive mal fala durante toda a projeção, apenas o mínimo necessário, geralmente dando ordens aos seus servos. Pois é, quem te viu e quem te vê, os vampiros do passado não davam moleza nenhuma para as suas partners em cena. Embora ele novamente vá atrás de sua "amada imortal" também nesse filme, o faz sem nenhum gesto de romantismo ou galanteio. Simplesmente a enfeitiça e tenta levar a donzela para seu castelo no alto da montanha, demonstrando que o velho conde de bobo não tinha nada...
E por falar em interpretação não poderia deixar de citar um dos grandes mestres do terror: Vincent Price. Ontem assisti um de seus clássicos: "A Casa dos Maus Espiritos"! Ao contrário do Drácula monossilábico de Lee, o personagem de Vincent Price nesse filme esbanja elegância e sofisticação. Fazendo o papel de um milionário que convoca um estranho grupo para passar a noite em uma casa assombrada ao preço de dez mil dólares, Price demonstra como era um ótimo ator, mesmo nas produções mais simples. O filme, que foi dirigido pelo ótimo William Castle, tem um roteiro cheio de humor negro. Para quem gosta certamente encontrará um prato cheio, inclusive em seu próprio título pois ao final descobrimos quem são realmente os tais "maus espíritos"! Com desenvolvimento rápido e esperto o filme fez grande sucesso de bilheteria e inspirou vários clássicos que viriam, como o próprio Psicose de Hitchcock. Seu roteiro é tão interessante que o filme acabou ganhando um remake intitulado "A Casa na Colina", que não chega nem aos pés do original. Também convenhamos o mestre Vincent Price carrega o filme nas costas e é responsável direto por seu grande êxito. Enfim, duas amostras de uma época em que os filmes de terror tinham um charme inigualável. Morra de inveja Robert Pattinson...
Pablo Aluísio.
O Superman dos anos 50
A foto ao lado é muito significativa. Mostra um típico garotinho dos anos 50 ao lado do ator George Reeves, devidamente fantasiado de Superman, personagem ao qual interpretou em um seriado de TV de grande sucesso na década de 1950. O curioso em relação a Reeves é que sua biografia é uma parábola da própria sociedade americana dos chamados "anos dourados". Uma sociedade que vivia uma fachada de perfeição e prosperidade, mas que no fundo apenas ocultava um lado bem doentio do American Way of Life.
Recentemente o filme Hollywoodland retratou muito bem esse aspecto. Nele somos apresentados à história de George Reeves em Hollywood. Um ator de segundo escalão que, para sobreviver, teve que encarnar o personagem de quadrinhos na TV. Embora hoje estrelar um filme ou um seriado sobre Superman seja considerado a sorte grande para qualquer ator, nos anos 50 isso era simplesmente o fim da picada, o mais baixo que um aspirante ao estrelado poderia chegar. Para Reeves (cujo sobrenome é extremamente parecido com o de outro ator que também interpretou o homem de aço, Christopher Reeve), fazer um seriado para crianças nos anos 50 era o símbolo máximo do fracasso de sua carreira.
Embaixo da fantasia havia um homem que escondia vários problemas em sua vida particular. Sempre em busca de bons papéis George Reeves não pensou duas vezes ao se envolver com a mulher do vice presidente da MGM, Toni Mannix. Se envolvendo romanticamente com uma mulher mais velha, porém poderosa dentro do Star System em Hollywood, Reeves procurava chegar nas melhores produções do cinema na época. Até conseguiu, ao fazer uma ponta em A um Passo da Eternidade, mas parou por aí. Como todo ator que um dia chegou a interpretar um ícone da cultura pop, como Superman, ele ficou marcado para sempre pelo papel, o que tornava extremamente difícil ser levado a sério em outros papéis. Com o cancelamento do seriado o que era previsível aconteceu: Reeves ficou sem trabalho, passando por dificuldades financeiras.
Em 1959, segundo relatos oficiais, George Reeves se matou com um tiro. Sua morte porém sempre gerou dúvidas entre a imprensa e a comunidade em Hollywood. Será que realmente cometeu suicídio? Ao se envolver com uma mulher de um figurão da MGM Reeves também mexeu em um vespeiro. As teorias são muitas: para alguns o que aconteceu realmente foi homicídio, não se sabe cometido pelo vice presidente da MGM ou por sua esposa, que havia sido trocada por George Reeves por uma mulher mais jovem. A verdade provavelmente jamais será descoberta.
O filme Hollywoodland, estrelado por Ben Afleck (provavelmente em seu primeiro papel não canastrão em anos) e Adrien Brody, é uma pequena obra prima que deve ser descoberta. Retrata como poucos a hipocrisia reinante no círculo das grandes estrelas na capital do cinema durante os anos 50. Mostra o sórdido jogo de interesses existente por baixo da luzes das marquises de cinema, o uso de favores sexuais em troca de bons papéis, a verdade sobre os astros da época que não se faziam de rogados para chegar ao topo da carreira. Recentemente vários livros estão surgindo no mercado mostrando o verdadeiro lado obscuro de muitos mitos da época, como Marilyn Monroe e Clark Gable, desmascarando o jogo sujo da indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Certamente esse não era exclusividade apenas do ator que um dia foi mais rápido que uma bala e mais veloz do que um trem.
Pablo Aluísio.
Recentemente o filme Hollywoodland retratou muito bem esse aspecto. Nele somos apresentados à história de George Reeves em Hollywood. Um ator de segundo escalão que, para sobreviver, teve que encarnar o personagem de quadrinhos na TV. Embora hoje estrelar um filme ou um seriado sobre Superman seja considerado a sorte grande para qualquer ator, nos anos 50 isso era simplesmente o fim da picada, o mais baixo que um aspirante ao estrelado poderia chegar. Para Reeves (cujo sobrenome é extremamente parecido com o de outro ator que também interpretou o homem de aço, Christopher Reeve), fazer um seriado para crianças nos anos 50 era o símbolo máximo do fracasso de sua carreira.
Embaixo da fantasia havia um homem que escondia vários problemas em sua vida particular. Sempre em busca de bons papéis George Reeves não pensou duas vezes ao se envolver com a mulher do vice presidente da MGM, Toni Mannix. Se envolvendo romanticamente com uma mulher mais velha, porém poderosa dentro do Star System em Hollywood, Reeves procurava chegar nas melhores produções do cinema na época. Até conseguiu, ao fazer uma ponta em A um Passo da Eternidade, mas parou por aí. Como todo ator que um dia chegou a interpretar um ícone da cultura pop, como Superman, ele ficou marcado para sempre pelo papel, o que tornava extremamente difícil ser levado a sério em outros papéis. Com o cancelamento do seriado o que era previsível aconteceu: Reeves ficou sem trabalho, passando por dificuldades financeiras.
Em 1959, segundo relatos oficiais, George Reeves se matou com um tiro. Sua morte porém sempre gerou dúvidas entre a imprensa e a comunidade em Hollywood. Será que realmente cometeu suicídio? Ao se envolver com uma mulher de um figurão da MGM Reeves também mexeu em um vespeiro. As teorias são muitas: para alguns o que aconteceu realmente foi homicídio, não se sabe cometido pelo vice presidente da MGM ou por sua esposa, que havia sido trocada por George Reeves por uma mulher mais jovem. A verdade provavelmente jamais será descoberta.
O filme Hollywoodland, estrelado por Ben Afleck (provavelmente em seu primeiro papel não canastrão em anos) e Adrien Brody, é uma pequena obra prima que deve ser descoberta. Retrata como poucos a hipocrisia reinante no círculo das grandes estrelas na capital do cinema durante os anos 50. Mostra o sórdido jogo de interesses existente por baixo da luzes das marquises de cinema, o uso de favores sexuais em troca de bons papéis, a verdade sobre os astros da época que não se faziam de rogados para chegar ao topo da carreira. Recentemente vários livros estão surgindo no mercado mostrando o verdadeiro lado obscuro de muitos mitos da época, como Marilyn Monroe e Clark Gable, desmascarando o jogo sujo da indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Certamente esse não era exclusividade apenas do ator que um dia foi mais rápido que uma bala e mais veloz do que um trem.
Pablo Aluísio.
domingo, 4 de novembro de 2007
Brigitte Bardot
A musa e ícone do cinema Brigitte Bardot completou 82 anos de idade no último dia 28 de setembro. Ela nasceu em Paris, a cidade-luz, no ano de 1934. Poucos sabem, mas seu nome real completo é Brigitte Anne-Marie Bardot. No auge de seu sucesso como atriz e modelo, Bardot foi reconhecida por várias revistas e jornais da época como a "Mulher mais bonita do mundo!".
Além do título (que foi mais do que merecido), Bardot também foi se destacando ao longo dos anos por manter uma vida sentimental livre de amarras e moralismos, se tornando uma mulher de seu tempo, independente e moderna. Como atriz sempre causou controvérsias. Para muitos críticos ela seria apenas uma mulher bela que conquistava o público apenas por sua beleza. Para outros havia realmente um talento nato embaixo de sua estética fenomenal.
Além do cinema Bardot também ficou conhecida por sua luta em defesa dos direitos dos animais. Ela esteve sempre presente em todas as propostas de projetos de lei do parlamento francês que procurava manter e garantir os direitos de todas as espécies animais, o que fez com que ganhasse alguns desafetos dentro da imprensa. Esses sempre procuram explorar o fato de que Bardot envelheceu, perdendo sua exuberante beleza, o que não deixa de ser uma covardia e um despautério, pois todos os seres humanos um dia vão também envelhecer.
Sobre isso a atriz certa vez disparou a um jornalista que estava lhe perturbando: "Se eu ainda aparentasse ter 20 anos alguma coisa estaria errada comigo não é mesmo? Eu tenho rugas, e daí?". Depois mais filosoficamente falou: "Sim, muitas vezes é triste envelhecer, porém é muito bom amadurecer".
Hoje em dia Bardot segue em sua luta pelos animais abandonados, doentes e contra a caça de espécies em extinção como as baleias. Sobre isso ela nunca recusou declarações a imprensa. Questionada porque dava tanto de seu tempo em prol dos animais ela explicou: "Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de lutar por crianças ou idosos. Não há bons ou maus combates, existe somente o sofrimento dos mais fracos, que não podem se defender." Por essas e outras decisões corajosas e certas deixamos aqui nossos parabéns para essa que foi um verdadeiro mito da sétima arte. Como gostam de lembrar seus fãs: BB Forever!
Pablo Aluísio.
Além do título (que foi mais do que merecido), Bardot também foi se destacando ao longo dos anos por manter uma vida sentimental livre de amarras e moralismos, se tornando uma mulher de seu tempo, independente e moderna. Como atriz sempre causou controvérsias. Para muitos críticos ela seria apenas uma mulher bela que conquistava o público apenas por sua beleza. Para outros havia realmente um talento nato embaixo de sua estética fenomenal.
Além do cinema Bardot também ficou conhecida por sua luta em defesa dos direitos dos animais. Ela esteve sempre presente em todas as propostas de projetos de lei do parlamento francês que procurava manter e garantir os direitos de todas as espécies animais, o que fez com que ganhasse alguns desafetos dentro da imprensa. Esses sempre procuram explorar o fato de que Bardot envelheceu, perdendo sua exuberante beleza, o que não deixa de ser uma covardia e um despautério, pois todos os seres humanos um dia vão também envelhecer.
Sobre isso a atriz certa vez disparou a um jornalista que estava lhe perturbando: "Se eu ainda aparentasse ter 20 anos alguma coisa estaria errada comigo não é mesmo? Eu tenho rugas, e daí?". Depois mais filosoficamente falou: "Sim, muitas vezes é triste envelhecer, porém é muito bom amadurecer".
Hoje em dia Bardot segue em sua luta pelos animais abandonados, doentes e contra a caça de espécies em extinção como as baleias. Sobre isso ela nunca recusou declarações a imprensa. Questionada porque dava tanto de seu tempo em prol dos animais ela explicou: "Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de lutar por crianças ou idosos. Não há bons ou maus combates, existe somente o sofrimento dos mais fracos, que não podem se defender." Por essas e outras decisões corajosas e certas deixamos aqui nossos parabéns para essa que foi um verdadeiro mito da sétima arte. Como gostam de lembrar seus fãs: BB Forever!
Pablo Aluísio.
Gene Wilder
A morte do ator Gene Wilder no último dia 29 de agosto fez com que todos lembrassem de sua inesquecível interpretação de Willy Wonka no clássico "A Fantástica Fábrica de Chocolate" de 1970. O filme, um dos campeões de exibição na TV brasileira, realmente trazia um daqueles momentos vitais na carreira de qualquer ator, porém Wilder teve uma carreira muito mais interessante do que muitos possam imaginar inicialmente.
O ator nasceu em uma família de imigrantes judeus nos Estados Unidos. Não havia qualquer tipo de tradição familiar no mundo das artes, mas Wilder, um grande fã de cinema e teatro, decidiu bem jovem que queria ser um ator dramático, como Marlon Brando que admirava desde a juventude. Assim ele começou a procurar escolas de arte dramática em Milwaukee, onde nasceu. As oportunidades porém era poucas e raras. Além disso, mesmo que se formasse em alguma universidade ou escola da região para ser ator não haveria mesmo muitas oportunidades de trabalho em sua terra natal. Era preciso ir embora atrás de seus sonhos. Sua saída seria ir morar em Nova Iorque onde estavam as melhores escolas de formação de atores dos Estados Unidos.
Na grande cidade Wilder conseguiu ser aceito no prestigiado Actors Studio, a mesma escola de arte dramática que Marlon Brando havia estudado vinte anos antes. Pelo visto seus planos de se tornar um grande ator estavam dando muito certo. Porém nas aulas seus professores descobriram que o grande talento de Wilder não vinha dos textos dramáticos, mas sim do humor. Ele tinha um grande talento para a comédia, além disso suas feições (com grandes e expressivos olhos) pareciam adequados para personagens que exploravam essa característica. Precisando trabalhar e convencido dos argumentos de seus mestres Wilder resolveu então apostar nessa linha de atuação. Ele seria comediante.
Sob um ponto de vista crítico Wilder realmente teve muita sorte na carreira. Logo em um de seus primeiros filmes, o clássico "Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas", ele teve uma pequena, mas marcante participação, que logo chamou a atenção dos produtores de Hollywood. Sua amizade pessoal com a atriz Anne Bancroft também lhe ajudou muito. Esposa do diretor Mel Brooks, Anne conseguiu que Gene fosse escalado para outro filme marcante da época, a adaptação para o cinema do clássico teatral "Primavera Para Hitler". O sucesso de público e crítica abriu ainda mais as portas da indústria para Wilder que a partir daí teria a fase mais bem sucedida de toda a sua carreira. Por esse filme também ganhou sua primeira indicação ao Oscar, um feito e tanto para alguém que mal começara a atuar no cinema.
"A Fantástica Fábrica de Chocolate" de Mel Stuart acabou transformando Wilder em um astro. O filme, uma fábula divertida e ao mesmo tempo delicada e emocional, sobre um pobre jovem que conseguia tirar a sorte grande ao achar um convite para conhecer a famosa fábrica de chocolates de sua cidade natal, mudando sua vida para sempre, é ainda hoje considerado um dos melhores filmes já realizados no gênero. Wilder tinha um carinho muito especial pelo filme, sempre destacando que aquele havia sido realmente um ponto de mudança completa em sua filmografia.
Depois de dar vida ao inesquecível Willy Wonka, Wilder deu prosseguimento em sua excelente e muito produtiva parceria ao lado do diretor Mel Brooks, que o adotou como ator símbolo de seus filmes. Ao lado do cineasta, Wilder rodou grandes sucessos de público e crítica como "Banzé no Oeste" (uma divertida sátira ao western americano) e "O Jovem Frankenstein" (outra sátira, só que dirigida aos filmes de terror). Esse último filme aliás trouxe uma surpresa e tanto para Wilder quando acabou sendo indicado ao Oscar por seu roteiro (que ajudou a escrever junto ao diretor Brooks). E ele não pararia por aí. Com Woody Allen rodou uma participação impagável em "Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar", uma das melhores comédias do diretor.
Gene Wilder também se aventurou na direção com ótimos resultados. Dirigiu filmes tão interessantes como "O Irmão mais Esperto de Sherlock Holmes" (ótima brincadeira com o famoso personagem detetive) e "A Dama de Vermelho" (provavelmente seu filme mais lembrado como diretor, aproveitando a beleza da atriz Kelly LeBrock). Depois de mais uma divertida comédia, "Lua de Mel Assombrada", Wilder resolve se afastar do cinema, devastado pela morte da esposa por um agressivo câncer.
Depois dessa tragédia pessoal o ator passou por momentos complicados em sua vida pessoal, desenvolvendo uma depressão que o acompanhou por muitos anos. Só aceitou voltar a trabalhar em pequenos projetos, comédias menos pretensiosas, geralmente ao lado do amigo e comediante Richard Pryor. São dessa fase fitas como "Cegos, Surdos e Loucos!" e "Um Sem Juízo, Outro Sem Razão". Nenhum desses filmes era exatamente um clássico, mas serviam para deixar Wilder em cartaz, trabalhando. Em 1991 Wilder deixou o cinema para sempre, só voltando a atuar em pequenas participações eventuais e esporádicas em séries e pequenos telefilmes. O ator considerava concluída sua carreira. Ela já havia feito (e muito) pela sétima arte. Disso certamente ninguém iria discordar.
Pablo Aluísio.
O ator nasceu em uma família de imigrantes judeus nos Estados Unidos. Não havia qualquer tipo de tradição familiar no mundo das artes, mas Wilder, um grande fã de cinema e teatro, decidiu bem jovem que queria ser um ator dramático, como Marlon Brando que admirava desde a juventude. Assim ele começou a procurar escolas de arte dramática em Milwaukee, onde nasceu. As oportunidades porém era poucas e raras. Além disso, mesmo que se formasse em alguma universidade ou escola da região para ser ator não haveria mesmo muitas oportunidades de trabalho em sua terra natal. Era preciso ir embora atrás de seus sonhos. Sua saída seria ir morar em Nova Iorque onde estavam as melhores escolas de formação de atores dos Estados Unidos.
Na grande cidade Wilder conseguiu ser aceito no prestigiado Actors Studio, a mesma escola de arte dramática que Marlon Brando havia estudado vinte anos antes. Pelo visto seus planos de se tornar um grande ator estavam dando muito certo. Porém nas aulas seus professores descobriram que o grande talento de Wilder não vinha dos textos dramáticos, mas sim do humor. Ele tinha um grande talento para a comédia, além disso suas feições (com grandes e expressivos olhos) pareciam adequados para personagens que exploravam essa característica. Precisando trabalhar e convencido dos argumentos de seus mestres Wilder resolveu então apostar nessa linha de atuação. Ele seria comediante.
Sob um ponto de vista crítico Wilder realmente teve muita sorte na carreira. Logo em um de seus primeiros filmes, o clássico "Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas", ele teve uma pequena, mas marcante participação, que logo chamou a atenção dos produtores de Hollywood. Sua amizade pessoal com a atriz Anne Bancroft também lhe ajudou muito. Esposa do diretor Mel Brooks, Anne conseguiu que Gene fosse escalado para outro filme marcante da época, a adaptação para o cinema do clássico teatral "Primavera Para Hitler". O sucesso de público e crítica abriu ainda mais as portas da indústria para Wilder que a partir daí teria a fase mais bem sucedida de toda a sua carreira. Por esse filme também ganhou sua primeira indicação ao Oscar, um feito e tanto para alguém que mal começara a atuar no cinema.
"A Fantástica Fábrica de Chocolate" de Mel Stuart acabou transformando Wilder em um astro. O filme, uma fábula divertida e ao mesmo tempo delicada e emocional, sobre um pobre jovem que conseguia tirar a sorte grande ao achar um convite para conhecer a famosa fábrica de chocolates de sua cidade natal, mudando sua vida para sempre, é ainda hoje considerado um dos melhores filmes já realizados no gênero. Wilder tinha um carinho muito especial pelo filme, sempre destacando que aquele havia sido realmente um ponto de mudança completa em sua filmografia.
Depois de dar vida ao inesquecível Willy Wonka, Wilder deu prosseguimento em sua excelente e muito produtiva parceria ao lado do diretor Mel Brooks, que o adotou como ator símbolo de seus filmes. Ao lado do cineasta, Wilder rodou grandes sucessos de público e crítica como "Banzé no Oeste" (uma divertida sátira ao western americano) e "O Jovem Frankenstein" (outra sátira, só que dirigida aos filmes de terror). Esse último filme aliás trouxe uma surpresa e tanto para Wilder quando acabou sendo indicado ao Oscar por seu roteiro (que ajudou a escrever junto ao diretor Brooks). E ele não pararia por aí. Com Woody Allen rodou uma participação impagável em "Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar", uma das melhores comédias do diretor.
Gene Wilder também se aventurou na direção com ótimos resultados. Dirigiu filmes tão interessantes como "O Irmão mais Esperto de Sherlock Holmes" (ótima brincadeira com o famoso personagem detetive) e "A Dama de Vermelho" (provavelmente seu filme mais lembrado como diretor, aproveitando a beleza da atriz Kelly LeBrock). Depois de mais uma divertida comédia, "Lua de Mel Assombrada", Wilder resolve se afastar do cinema, devastado pela morte da esposa por um agressivo câncer.
Depois dessa tragédia pessoal o ator passou por momentos complicados em sua vida pessoal, desenvolvendo uma depressão que o acompanhou por muitos anos. Só aceitou voltar a trabalhar em pequenos projetos, comédias menos pretensiosas, geralmente ao lado do amigo e comediante Richard Pryor. São dessa fase fitas como "Cegos, Surdos e Loucos!" e "Um Sem Juízo, Outro Sem Razão". Nenhum desses filmes era exatamente um clássico, mas serviam para deixar Wilder em cartaz, trabalhando. Em 1991 Wilder deixou o cinema para sempre, só voltando a atuar em pequenas participações eventuais e esporádicas em séries e pequenos telefilmes. O ator considerava concluída sua carreira. Ela já havia feito (e muito) pela sétima arte. Disso certamente ninguém iria discordar.
Pablo Aluísio.
sábado, 3 de novembro de 2007
Olivia de Havilland
A maravilhosa atriz Olivia de Havilland completou 100 anos de idade no último dia 1º de julho. Seus pais estavam no Japão, a trabalho, e ela nasceu na capital nipônica, Tóquio, nessa mesma data em 1916. Seus pais eram ingleses e nada poderia prever que ela se tornaria uma estrela de cinema (que na época ainda era algo novo, de futuro incerto). Quando tinha apenas 3 anos de idade seus pais, um professor e uma atriz frustrada, se divorciaram. A mãe então resolveu transformar seu sonho em realidade, indo morar na Califórnia onde haveria maior oportunidade de quem sabe dar certo como atriz. Não deu. O sonho porém se manteve vivo e ela resolveu investir em uma carreira para as duas filhas, Olivia e Joan Fontaine (que também teve uma bela carreira em Hollywood).
Quando era apenas uma colegial, Olivia começou a fazer peças de teatro, obviamente sempre incentivada pela mãe. Assim ela acabou chamando a atenção dos estúdios Warner. Um contrato lhe foi oferecido e a partir daí a vida de Olivia de Havilland mudou para sempre. A adaptação para o cinema da peça "Sonho de uma Noite de Verão" se tornou seu primeiro grande filme em 1935. Logo depois desse sucesso a Warner a escalou para atuar ao lado do ídolo de aventuras Errol Flynn em "Capitão Blood", um grande sucesso de bilheteria. Tão certo dariam juntos que a Warner a colocaria para atuar novamente ao lado de Flynn em "A Carga da Cavalaria Ligeira", "As Aventuras de Robin Hood" e "O Intrépido General Custer", entre outros. Muitos desses filmes foram dirigidos por Michael Curtiz, que sabia do potencial da jovem estrela. Curiosamente conforme os anos foram passando Olivia de Havilland começou a se aborrecer com os excessos de Flynn, até que finalmente decidiu que não iria mais atuar ao seu lado, algo que desagradou muito a direção da Warner Bros.
Essa pequena briga abriu espaço para que ela também trabalhasse em outros estúdios. Assim em 1939 Olivia participou do elenco estelar de um dos maiores filmes da história de Hollywood. Produzido pela MGM, "...E O Vento Levou" se tornou um filme inesquecível. Com o sucesso monumental ela finalmente teve a liberdade na carreira para interpretar grandes personagens em diversos filmes, fugindo da fórmula de mocinha em perigo que havia repetido inúmeras vezes ao lado de Errol Flynn em seus filmes de aventura, de piratas com muitas lutas de espada. Esses filmes faziam sucesso, tinham ótima bilheteria, mas Olivia acreditava que eles não abriam muita margem para ela ser reconhecida como uma grande atriz, uma dama da interpretação dramática.
Assim ela partiu em busca de bons roteiros e acabou obtendo êxito também nessa nova fase melodramática de sua carreira. Ao todo ela foi indicada cinco vezes ao Oscar, vencendo em duas ocasiões, com os filmes "Tarde Demais" de 1948 onde atuou ao lado de Montgomery Clift e "Só Resta Uma Lágrima" drama sentimental de 1946. Também foi indicada por "A Cova da Serpente", "A Porta de Ouro" e "...E O Vento Levou". Curiosamente ela parecia ter uma rivalidade ferrenha em relação a prêmios com a própria irmã, Joan Fontaine, o que rendia ótimas piadas e material para reportagens de fofocas de Hollywood na época.
No total ela atuaria em mais de 60 filmes, sendo que em 1988 resolveu se despedir de sua carreira com o telefilme "The Woman He Loved" que contava a história do rei Edward VIII que abdicou do trono inglês para se casar com uma americana divorciada. O fato é que ela já vinha trabalhando muito raramente desde a década de 1960, quando suas atuações foram ficando cada vez mais raras. Aos poucos ela resolveu deixar o glamour de Hollywood para se dedicar a sua família. Ela dizia que o cinema americano havia perdido seu charme com o passar dos anos. Desde então ela procurou evitar surgir em público, com algumas exceções - entre elas no Oscar de 2003. Aos 100 anos de idade Olivia agradeceu de coração as inúmeras homenagens que recebeu. Sem dúvida hoje em dia ela pode ser considerada um dos grandes mitos ainda vivos da era de ouro do cinema clássico.
Pablo Aluísio.
Quando era apenas uma colegial, Olivia começou a fazer peças de teatro, obviamente sempre incentivada pela mãe. Assim ela acabou chamando a atenção dos estúdios Warner. Um contrato lhe foi oferecido e a partir daí a vida de Olivia de Havilland mudou para sempre. A adaptação para o cinema da peça "Sonho de uma Noite de Verão" se tornou seu primeiro grande filme em 1935. Logo depois desse sucesso a Warner a escalou para atuar ao lado do ídolo de aventuras Errol Flynn em "Capitão Blood", um grande sucesso de bilheteria. Tão certo dariam juntos que a Warner a colocaria para atuar novamente ao lado de Flynn em "A Carga da Cavalaria Ligeira", "As Aventuras de Robin Hood" e "O Intrépido General Custer", entre outros. Muitos desses filmes foram dirigidos por Michael Curtiz, que sabia do potencial da jovem estrela. Curiosamente conforme os anos foram passando Olivia de Havilland começou a se aborrecer com os excessos de Flynn, até que finalmente decidiu que não iria mais atuar ao seu lado, algo que desagradou muito a direção da Warner Bros.
Essa pequena briga abriu espaço para que ela também trabalhasse em outros estúdios. Assim em 1939 Olivia participou do elenco estelar de um dos maiores filmes da história de Hollywood. Produzido pela MGM, "...E O Vento Levou" se tornou um filme inesquecível. Com o sucesso monumental ela finalmente teve a liberdade na carreira para interpretar grandes personagens em diversos filmes, fugindo da fórmula de mocinha em perigo que havia repetido inúmeras vezes ao lado de Errol Flynn em seus filmes de aventura, de piratas com muitas lutas de espada. Esses filmes faziam sucesso, tinham ótima bilheteria, mas Olivia acreditava que eles não abriam muita margem para ela ser reconhecida como uma grande atriz, uma dama da interpretação dramática.
Assim ela partiu em busca de bons roteiros e acabou obtendo êxito também nessa nova fase melodramática de sua carreira. Ao todo ela foi indicada cinco vezes ao Oscar, vencendo em duas ocasiões, com os filmes "Tarde Demais" de 1948 onde atuou ao lado de Montgomery Clift e "Só Resta Uma Lágrima" drama sentimental de 1946. Também foi indicada por "A Cova da Serpente", "A Porta de Ouro" e "...E O Vento Levou". Curiosamente ela parecia ter uma rivalidade ferrenha em relação a prêmios com a própria irmã, Joan Fontaine, o que rendia ótimas piadas e material para reportagens de fofocas de Hollywood na época.
No total ela atuaria em mais de 60 filmes, sendo que em 1988 resolveu se despedir de sua carreira com o telefilme "The Woman He Loved" que contava a história do rei Edward VIII que abdicou do trono inglês para se casar com uma americana divorciada. O fato é que ela já vinha trabalhando muito raramente desde a década de 1960, quando suas atuações foram ficando cada vez mais raras. Aos poucos ela resolveu deixar o glamour de Hollywood para se dedicar a sua família. Ela dizia que o cinema americano havia perdido seu charme com o passar dos anos. Desde então ela procurou evitar surgir em público, com algumas exceções - entre elas no Oscar de 2003. Aos 100 anos de idade Olivia agradeceu de coração as inúmeras homenagens que recebeu. Sem dúvida hoje em dia ela pode ser considerada um dos grandes mitos ainda vivos da era de ouro do cinema clássico.
Pablo Aluísio.
Yul Brynner
Poucos sabem, mas o ator Yul Brynner era na verdade russo de nascimento. Ele nasceu em distantes ilhas localizadas na costa de Vladivostok (no extremo oriente do país) em julho de 1920. Sua família era tradicionalmente nômade, o que fez com que Yul tenha morado em vários países até a adolescência. Com poucos anos de vida seus pais resolveram ir embora da Rússia, passando alguns anos na China. Lá Brynner aprenderia a língua local (no final da vida ele falaria fluentemente russo, mandarim, francês e inglês). Foi um período bastante rico em termos culturais para o jovem russo Yuli Borisovich (seu nome real).
Depois de cinco anos nova mudança, dessa vez para a França. Em Paris Yuli se interessou no mundo das artes. Ele começou como artista de circo, músico, pintor e depois encontrou um bom emprego como radialista numa estação francesa que passava um programa apenas com músicas russas e eslavas. Era uma programação voltada exclusivamente para imigrantes russos. Sua boa voz e postura o fez ser convidado para fazer o programa da Voz da América em russo na cidade de Nova Iorque. Ir para os Estados Unidos lhe pareceu uma boa ideia e assim ele resolveu embarcar nessa aventura. Mal sabia que uma nova vida lhe esperava na América.
Trabalhando como locutor ele tinha muito tempo livre que aproveitou para aprender uma nova profissão: a de ator de teatro. Nova Iorque tinha um cenário teatral muito rico, principalmente na Broadway, e Yuli percebeu que poderia vencer nesse meio. Trocou o nome para Yul Brynner e foi à luta em busca de papéis na cidade. Tirou a sorte grande ao estrelar a peça "O Rei e Eu", grande sucesso na Broadway. Como artista nato convenceu plenamente e arrancou elogios por sua atuação como o Rei Mongkut de Sião.
A partir daí as portas de Hollywood lhe foram abertas. Embora tenha atuado em algumas séries e teleteatros, sua estreia nas telas de cinema foi considerada arrebatadora. Uma versão de "O Rei e Eu", dirigida por Walter Lang, com Deborah Kerr no elenco, se tornou também um grande sucesso de público e crítica. O filme foi premiado em cinco categorias no Oscar, inclusive a de Melhor Ator para Brynner, o que o transformou em astro precocemente. Mal atuava em seu primeiro filme e já se firmara entre os grandes nomes da capital do cinema americano.
Por causa de seu tipo físico, bem oriental e exótico, além do domínio de várias línguas, o astro viu sua carreira decolar, principalmente estrelando épicos históricos e bíblicos. Interpretou o grande faraó Ramsés II em "Os Dez Mandamentos", o General Sergei Pavlovich Bounine em "Anastácia, A Princesa Esquecida" e Dmitri Karamazov em "Os Irmãos Karamazov". Como se isso não bastasse brilhou ainda como o Rei Salomão no clássico "Salomão e a Rainha de Sabá". Hollywood parecia aos seus pés nessa fase de grande sucesso comercial e artístico.
Seu grande sucesso de bilheteria porém viria em um faroeste. Interpretando o pistoleiro vestido de negro Chris Larabee Adams em "Sete Homens e um Destino", Brynner viu seu cachê ficar entre os 10 mais caros de Hollywood. Depois vieram novos filmes, de gêneros bem variados, passando por aventuras de capa e espada, dramas sensíveis e até mesmo uma estranha ficção onde interpretava um cowboy robô chamada "Westworld - Onde Ninguém Tem Alma". No total atuou em mais de 45 filmes ao longo da carreira.
Fumante inveterado acabou contraindo um agressivo câncer de pulmão. Para conscientizar a geração mais jovem resolveu gravar um depoimento nos últimos dias de vida em que declamava o seguinte texto: "Quando vocês estiverem assistindo a essa fita já terei partido desse mundo. Poderia ter vivido com saúde ainda por muito anos pela frente não fosse o maldito vício que tive ao longo da minha vida pelo fumo. O cigarro me trouxe um câncer do qual não conseguirei sobreviver. Por isso aconselho aos mais jovens que nunca fumem. Aos que fumam aconselho que parem imediatamente. Digo isso porque eu não desejaria ao meu pior inimigo as dores que estou sofrendo. Não quero que ninguém passe por aquilo que estou passando". Ele morreria dez dias depois de gravar esse depoimento, em outubro de 1985, aos 65 anos de idade.
Pablo Aluísio.
Depois de cinco anos nova mudança, dessa vez para a França. Em Paris Yuli se interessou no mundo das artes. Ele começou como artista de circo, músico, pintor e depois encontrou um bom emprego como radialista numa estação francesa que passava um programa apenas com músicas russas e eslavas. Era uma programação voltada exclusivamente para imigrantes russos. Sua boa voz e postura o fez ser convidado para fazer o programa da Voz da América em russo na cidade de Nova Iorque. Ir para os Estados Unidos lhe pareceu uma boa ideia e assim ele resolveu embarcar nessa aventura. Mal sabia que uma nova vida lhe esperava na América.
Trabalhando como locutor ele tinha muito tempo livre que aproveitou para aprender uma nova profissão: a de ator de teatro. Nova Iorque tinha um cenário teatral muito rico, principalmente na Broadway, e Yuli percebeu que poderia vencer nesse meio. Trocou o nome para Yul Brynner e foi à luta em busca de papéis na cidade. Tirou a sorte grande ao estrelar a peça "O Rei e Eu", grande sucesso na Broadway. Como artista nato convenceu plenamente e arrancou elogios por sua atuação como o Rei Mongkut de Sião.
A partir daí as portas de Hollywood lhe foram abertas. Embora tenha atuado em algumas séries e teleteatros, sua estreia nas telas de cinema foi considerada arrebatadora. Uma versão de "O Rei e Eu", dirigida por Walter Lang, com Deborah Kerr no elenco, se tornou também um grande sucesso de público e crítica. O filme foi premiado em cinco categorias no Oscar, inclusive a de Melhor Ator para Brynner, o que o transformou em astro precocemente. Mal atuava em seu primeiro filme e já se firmara entre os grandes nomes da capital do cinema americano.
Por causa de seu tipo físico, bem oriental e exótico, além do domínio de várias línguas, o astro viu sua carreira decolar, principalmente estrelando épicos históricos e bíblicos. Interpretou o grande faraó Ramsés II em "Os Dez Mandamentos", o General Sergei Pavlovich Bounine em "Anastácia, A Princesa Esquecida" e Dmitri Karamazov em "Os Irmãos Karamazov". Como se isso não bastasse brilhou ainda como o Rei Salomão no clássico "Salomão e a Rainha de Sabá". Hollywood parecia aos seus pés nessa fase de grande sucesso comercial e artístico.
Seu grande sucesso de bilheteria porém viria em um faroeste. Interpretando o pistoleiro vestido de negro Chris Larabee Adams em "Sete Homens e um Destino", Brynner viu seu cachê ficar entre os 10 mais caros de Hollywood. Depois vieram novos filmes, de gêneros bem variados, passando por aventuras de capa e espada, dramas sensíveis e até mesmo uma estranha ficção onde interpretava um cowboy robô chamada "Westworld - Onde Ninguém Tem Alma". No total atuou em mais de 45 filmes ao longo da carreira.
Fumante inveterado acabou contraindo um agressivo câncer de pulmão. Para conscientizar a geração mais jovem resolveu gravar um depoimento nos últimos dias de vida em que declamava o seguinte texto: "Quando vocês estiverem assistindo a essa fita já terei partido desse mundo. Poderia ter vivido com saúde ainda por muito anos pela frente não fosse o maldito vício que tive ao longo da minha vida pelo fumo. O cigarro me trouxe um câncer do qual não conseguirei sobreviver. Por isso aconselho aos mais jovens que nunca fumem. Aos que fumam aconselho que parem imediatamente. Digo isso porque eu não desejaria ao meu pior inimigo as dores que estou sofrendo. Não quero que ninguém passe por aquilo que estou passando". Ele morreria dez dias depois de gravar esse depoimento, em outubro de 1985, aos 65 anos de idade.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Ronald Reagan - De Hollywood para a Casa Branca
Um dos casos mais curiosos da história de Hollywood foi a própria história do ator Ronald Reagan. Esse foi o único caso da história americana em que um ator de cinema conseguiu se tornar Presidente dos Estados Unidos! Reagan nasceu em uma família tradicional de uma pequena cidade de Illinois. Seus pais tinham o sonho dele um dia se formar numa profissão tradicional como advogado ou médico, mas Reagan resolveu ir atrás de seus sonhos. Ele queria ser artista, ser ator de cinema. Para isso resolveu mudar para a Califórnia. Em 1937 ele apareceu em seu primeiro filme de Hollywood, "Love Is on the Air", um drama romântico convencional. Não chamou muito a atenção, mas pelo menos deu o primeiro passo.
Reagan sentia-se feliz simplesmente pelo feito de conseguir trabalhar naquilo que amava pois desde jovem ele era um cinéfilo apaixonado pela sétima arte. No começo o ator ganhou papéis por causa de sua altura e sua pinta de galã. Ele próprio não se considerava um grande ator pois de certa maneira até concordava com os críticos que diziam que ele não passava de um canastrão esforçado, mas isso era o de menos. Só o fato de ser um ator já o deixava feliz. Por essa época ele mal poderia acreditar que iria atuar em mais de 80 filmes ao longo de sua carreira. Era realmente algo inacreditável para quem chegara na capital do cinema sem grandes ambições a não ser aparecer em alguns filmes para mostrar aos seus amigos em sua terra natal.
Aos poucos melhores personagens foram surgindo principalmente depois que passou a contar com o apoio dos diretores de elenco da Warner Bros. Reagan sempre procurava interpretar o americano tradicional nas telas. Suas escolhas se revelaram perfeitas e muito bem sucedidas. A partir de "A Estrada de Santa Fé" Reagan finalmente encontrou o caminho do sucesso, interpretando o lendário General Custer da Sétima Cavalaria. Depois desse filme Reagan fez uma sucessão de filmes de faroeste e guerra, sempre intercalados. Ora surgia no velho oeste, ora nos campos de batalha. Seu nome foi ficando popular, mas não a ponto de o transformar em um astro de primeira grandeza. De certa maneira a partir dos anos 50 Reagan foi percebendo que sua carreira se resumia a ser um coadjuvante de luxo.
Assim o mundo da política lhe parecia muito promissor. Ele era filiado ao Partido Republicano e com o tempo foi abrindo espaço para si mesmo. Se tornou, ainda bastante jovem, o Presidente da Academia de Hollywood. Seus esforços ajudaram na consolidação do Oscar como fenômeno da mídia e não apenas como um prêmio restrito aos profissionais da área. Confiante que poderia vencer nas urnas ele lançou-se candidato a vários cargos, tendo o seu auge quando venceu as eleições para governador da Califórnia. Ali Reagan pensava ter atingido o auge de sua vida como político. Se candidatar a presidente era algo impensável, mas Reagan pagou para ver! E não é que ele foi realmente eleito! E não apenas uma vez, mas duas! Fez um bom governo, sempre lembrado pela estabilidade na economia e no crescimento de seu país. Quem diria que aquele ator nem tão conhecido de filmes B chegaria tão longe...
Pablo Aluísio.
Reagan sentia-se feliz simplesmente pelo feito de conseguir trabalhar naquilo que amava pois desde jovem ele era um cinéfilo apaixonado pela sétima arte. No começo o ator ganhou papéis por causa de sua altura e sua pinta de galã. Ele próprio não se considerava um grande ator pois de certa maneira até concordava com os críticos que diziam que ele não passava de um canastrão esforçado, mas isso era o de menos. Só o fato de ser um ator já o deixava feliz. Por essa época ele mal poderia acreditar que iria atuar em mais de 80 filmes ao longo de sua carreira. Era realmente algo inacreditável para quem chegara na capital do cinema sem grandes ambições a não ser aparecer em alguns filmes para mostrar aos seus amigos em sua terra natal.
Aos poucos melhores personagens foram surgindo principalmente depois que passou a contar com o apoio dos diretores de elenco da Warner Bros. Reagan sempre procurava interpretar o americano tradicional nas telas. Suas escolhas se revelaram perfeitas e muito bem sucedidas. A partir de "A Estrada de Santa Fé" Reagan finalmente encontrou o caminho do sucesso, interpretando o lendário General Custer da Sétima Cavalaria. Depois desse filme Reagan fez uma sucessão de filmes de faroeste e guerra, sempre intercalados. Ora surgia no velho oeste, ora nos campos de batalha. Seu nome foi ficando popular, mas não a ponto de o transformar em um astro de primeira grandeza. De certa maneira a partir dos anos 50 Reagan foi percebendo que sua carreira se resumia a ser um coadjuvante de luxo.
Assim o mundo da política lhe parecia muito promissor. Ele era filiado ao Partido Republicano e com o tempo foi abrindo espaço para si mesmo. Se tornou, ainda bastante jovem, o Presidente da Academia de Hollywood. Seus esforços ajudaram na consolidação do Oscar como fenômeno da mídia e não apenas como um prêmio restrito aos profissionais da área. Confiante que poderia vencer nas urnas ele lançou-se candidato a vários cargos, tendo o seu auge quando venceu as eleições para governador da Califórnia. Ali Reagan pensava ter atingido o auge de sua vida como político. Se candidatar a presidente era algo impensável, mas Reagan pagou para ver! E não é que ele foi realmente eleito! E não apenas uma vez, mas duas! Fez um bom governo, sempre lembrado pela estabilidade na economia e no crescimento de seu país. Quem diria que aquele ator nem tão conhecido de filmes B chegaria tão longe...
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Errol Flynn - Hollywood Boulevard - Parte 3
Errol Flynn e os Nazistas
Seguramente Errol Flynn foi um dos mais populares atores do cinema americano. Dono de um bom visual, ideal para filmes de aventura do tipo capa e espada, Flynn se tornou o produto ideal segundo as próprias palavras do chefão Jack Warner do famoso estúdio Warner Bros. Se nas telas e nas bilheterias ele arrasava, longe dos sets de filmagens a coisa complicava. O problema era segurar Flynn fora das telas. Dono de uma personalidade muito forte e ao mesmo tempo volátil, o galã foi um dos que mais trouxeram trabalho para o departamento de publicidade dos estúdios, sempre tentando apagar algum incêndio em sua vida pessoal, seja em escândalos relacionados a mulheres, sexo e drogas, seja em relação aos seus complicados posicionamentos políticos.
Aos que viviam ao seu redor Flynn jamais escondeu sua intensa admiração ao regime nazista de Adolf Hitler. O galã de Hollywood acreditava que povos culturalmente desenvolvidos, como os alemães, tinham que manter sua pureza étnica, evitando perder seu valioso arianismo ao se misturar com outras raças. Sim, ele acreditava em todas aquelas teorias de raças superiores que se tornaram a base teórica fundamental do pensamento nazista. Flynn também acreditava que apenas regimes fortes conseguiam levar uma grande nação em frente. A democracia só resolvia parte do problema, mas não conseguia superar os problemas complexos que iam surgindo dentro de uma sociedade. Essa sua visão de mundo também determinava tudo o que ele pensava sobre judeus em geral. Todos esses fatos que hoje em dia podem chocar seus fãs foram levantados pelo escritor Charles Higham que escreveu uma das mais completas biografias de Flynn intitulada "Errol Flynn: The Untold Story".
Para entender como Errol Flynn desenvolveu esse tipo de pensamento o autor procurou saber quando o astro do cinema americano tomou contato pela primeira vez com os ideais nazistas. Segundo seus levantamentos tudo aconteceu durante a Guerra Civl Espanhola. Errol Flynn, que era australiano de nascimento, resolveu apoiar grupos que combatiam o General Franco. Nesse processo conheceu vários socialistas alemães que também lutavam na Espanha. Assim acabou se aproximando também dos nacionais socialistas (nazistas) que curiosamente transformaram a Espanha de Franco em um campo de testes para suas novas armas de guerra que acabariam sendo usadas de forma intensa durante a II Guerra Mundial.
Com tantos jogos de interesse no ar, Flynn acabou conhecendo o pensamento de Hitler em seu livro "Minha Luta" e se apaixonou por sua causa. Segundo o escritor Charles Higham ele se tornou espião nazista durante o conflito justamente por isso e foi mais além, conseguindo se encontrar pessoalmente com o próprio Hitler durante uma visita à Alemanha. Talvez sua origem australiana explique sua inclinação em favor da Alemanha já que essa lutava contra a Inglaterra naquele momento e Flynn não escondia de absolutamente ninguém que odiava os ingleses (os colonizadores da Austrália). O grande elo de ligação de Flynn com o III Reich foi construído através de contatos com o médico austríaco Hermann Erben que também era agente nazista. Flynn enviava todas as informações coletadas a ele e esse repassava tudo para a temida Gestapo, a polícia secreta de Hitler.
Depois que os Estados Unidos entraram na Guerra a situação de Errol Flynn ficou muito delicada e ele procurou esconder nas sombras esse passado terrível que poderia destruir sua carreira em Hollywood. Foi uma situação muito complicada de se camuflar porque agências de inteligência do governo americano começaram a seguir os passos de Flynn que pressionado rompeu todo tipo de ligação com a Alemanha a partir de 1944 quando a guerra finalmente começava a pender em prol dos aliados dos Estados Unidos. Também pesava contra Flynn o fato de que a grande maioria dos estúdios de Hollywood pertenciam a judeus, algo que iria se virar fortemente contra ele caso tudo fosse revelado. No fim Errol Flynn conseguiu esconder seus rastros de espionagem e sobreviveu à guerra. Até hoje pairam dúvidas de como conseguiu se livrar de um julgamento por traição. Só não conseguiu superar seu alcoolismo que encurtaria sua vida em vários anos. Também não deixou mesmo de admirar ditadores em geral, haja vista que acabou se tornando um dos grandes amigos de Fidel Castro e seu regime comunista em Cuba. Essa porém é uma outra história...
Pablo Aluísio.
Aos que viviam ao seu redor Flynn jamais escondeu sua intensa admiração ao regime nazista de Adolf Hitler. O galã de Hollywood acreditava que povos culturalmente desenvolvidos, como os alemães, tinham que manter sua pureza étnica, evitando perder seu valioso arianismo ao se misturar com outras raças. Sim, ele acreditava em todas aquelas teorias de raças superiores que se tornaram a base teórica fundamental do pensamento nazista. Flynn também acreditava que apenas regimes fortes conseguiam levar uma grande nação em frente. A democracia só resolvia parte do problema, mas não conseguia superar os problemas complexos que iam surgindo dentro de uma sociedade. Essa sua visão de mundo também determinava tudo o que ele pensava sobre judeus em geral. Todos esses fatos que hoje em dia podem chocar seus fãs foram levantados pelo escritor Charles Higham que escreveu uma das mais completas biografias de Flynn intitulada "Errol Flynn: The Untold Story".
Para entender como Errol Flynn desenvolveu esse tipo de pensamento o autor procurou saber quando o astro do cinema americano tomou contato pela primeira vez com os ideais nazistas. Segundo seus levantamentos tudo aconteceu durante a Guerra Civl Espanhola. Errol Flynn, que era australiano de nascimento, resolveu apoiar grupos que combatiam o General Franco. Nesse processo conheceu vários socialistas alemães que também lutavam na Espanha. Assim acabou se aproximando também dos nacionais socialistas (nazistas) que curiosamente transformaram a Espanha de Franco em um campo de testes para suas novas armas de guerra que acabariam sendo usadas de forma intensa durante a II Guerra Mundial.
Com tantos jogos de interesse no ar, Flynn acabou conhecendo o pensamento de Hitler em seu livro "Minha Luta" e se apaixonou por sua causa. Segundo o escritor Charles Higham ele se tornou espião nazista durante o conflito justamente por isso e foi mais além, conseguindo se encontrar pessoalmente com o próprio Hitler durante uma visita à Alemanha. Talvez sua origem australiana explique sua inclinação em favor da Alemanha já que essa lutava contra a Inglaterra naquele momento e Flynn não escondia de absolutamente ninguém que odiava os ingleses (os colonizadores da Austrália). O grande elo de ligação de Flynn com o III Reich foi construído através de contatos com o médico austríaco Hermann Erben que também era agente nazista. Flynn enviava todas as informações coletadas a ele e esse repassava tudo para a temida Gestapo, a polícia secreta de Hitler.
Depois que os Estados Unidos entraram na Guerra a situação de Errol Flynn ficou muito delicada e ele procurou esconder nas sombras esse passado terrível que poderia destruir sua carreira em Hollywood. Foi uma situação muito complicada de se camuflar porque agências de inteligência do governo americano começaram a seguir os passos de Flynn que pressionado rompeu todo tipo de ligação com a Alemanha a partir de 1944 quando a guerra finalmente começava a pender em prol dos aliados dos Estados Unidos. Também pesava contra Flynn o fato de que a grande maioria dos estúdios de Hollywood pertenciam a judeus, algo que iria se virar fortemente contra ele caso tudo fosse revelado. No fim Errol Flynn conseguiu esconder seus rastros de espionagem e sobreviveu à guerra. Até hoje pairam dúvidas de como conseguiu se livrar de um julgamento por traição. Só não conseguiu superar seu alcoolismo que encurtaria sua vida em vários anos. Também não deixou mesmo de admirar ditadores em geral, haja vista que acabou se tornando um dos grandes amigos de Fidel Castro e seu regime comunista em Cuba. Essa porém é uma outra história...
Pablo Aluísio.
Errol Flynn - 10 Curiosidades sobre "As Aventuras de Robin Hood"
1. "As Aventuras de Robin Hood" foi o filme de maior sucesso de bilheteria da carreira do ator Errol Flynn que inicialmente nem queria estrelar a produção. Depois de muita insistência acabou sendo convencido pelo produtor Hall B. Wallis.
2. Para que as locações ficassem mais parecidas com a Inglaterra e sua floresta de Sherwood a Warner resolveu importar árvores inglesas para serem plantadas na Califórnia. As filmagens foram realizadas em um parque localizado na cidade de Chico, CA. O resultado, como se pode ver na tela, ficou realmente muito bom.
3. A Warner inicialmente queria que o filme fosse estrelado pelo ator James Cagney, mas Michael Curtiz, o diretor, não gostou da ideia. Cagney havia se tornado famoso interpretando gangsters nas telas e Curtiz queria trazer uma imagem mais simpática de Robin Hood. Além disso Curtiz achava que Cagney havia passado da idade certa para interpretar Robin Hood de forma adequada.
4. A produção contou com onze câmeras especiais de tecnologia Technicolor. A Warner queria transformar os filmes em cores como a nova sensação do cinema americano, que ainda considerava a novidade apenas uma moda passageira. Não era e em pouco tempo os filmes coloridos se tornaram padrão dentro da indústria.
5. O filme tinha o custo inicial de 1 milhão e oitocentos mil dólares, mas rapidamente o orçamento estourou fazendo com que os custos iniciais saldassem rapidamente para mais de dois milhões de dólares, se tornando assim o filme mais caro da história da Warner Bros até aquele momento.
6. Essa foi a terceira parceria de oito no total entre Errol Flynn e Olivia de Havilland. A Warner considerava que o casal era um dos grandes chamarizes de bilheteria do estúdio, mas Flynn tinha uma outra visão. Em sua forma de ver a situação qualquer outra atriz daria certo ao seu lado pois seu público queria ver mesmo ação e aventura em cena, sendo o lado romântico de seus filmes algo bem secundário. Essa opinião acabou obviamente irritando Olivia de Havilland.
7. Olivia de Havilland não iria realizar o filme pois já estava comprometida com outra fita que seria rodada em menos de dois meses. A atriz que iria estrelar Mariah porém ficou grávida, o que fez com que a Warner a colocasse no filme às pressas para substitui-la.
8. Durante as filmagens as relações entre Errol Flynn e Michael Curtiz começaram a ficar bem tensas, tudo por causa do relacionamento do galã Flynn com a atriz francesa Lili Damita, ex-esposa de Curtiz. Um ano depois de começar a namorar com ela, Flynn resolveu se casar também com a atriz, causando ainda mais desconforto em Curtiz.
9. Houve uma certa discussão entre os roteiristas e a Warner sobre a forma como Robin Hood deveria ser apresentado no filme. Ele deveria surgir como um alegre e fanfarrão ladrão da floresta ou como um homem violento e perigoso que era capaz de matar pessoas? No final a solução veio pelo meio termo, onde a personalidade esfuziante de Robin foi preservada, ao mesmo tempo em que ele também se revelava como uma ameaça séria para os homens do xerife. No filme Robin Hood acaba matando 16 inimigos em cena - um número que foi considerado alto demais por Hall B. Wallis, mas que acabou sendo mantido na versão final.
10. O grande diretor, ator e roteirista Orson Welles se ofereceu para interpretar o Frei Tuck, mas Michael Curtiz não o escalou para o elenco, algo que depois iria se arrepender como certa vez revelou em uma entrevista sobre o filme. Teria sido uma aquisição maravilhosa para o filme como um todo. Infelizmente, por motivos que nem Curtiz soube como explicar direito, ele disse não!
Pablo Aluísio.
2. Para que as locações ficassem mais parecidas com a Inglaterra e sua floresta de Sherwood a Warner resolveu importar árvores inglesas para serem plantadas na Califórnia. As filmagens foram realizadas em um parque localizado na cidade de Chico, CA. O resultado, como se pode ver na tela, ficou realmente muito bom.
3. A Warner inicialmente queria que o filme fosse estrelado pelo ator James Cagney, mas Michael Curtiz, o diretor, não gostou da ideia. Cagney havia se tornado famoso interpretando gangsters nas telas e Curtiz queria trazer uma imagem mais simpática de Robin Hood. Além disso Curtiz achava que Cagney havia passado da idade certa para interpretar Robin Hood de forma adequada.
4. A produção contou com onze câmeras especiais de tecnologia Technicolor. A Warner queria transformar os filmes em cores como a nova sensação do cinema americano, que ainda considerava a novidade apenas uma moda passageira. Não era e em pouco tempo os filmes coloridos se tornaram padrão dentro da indústria.
5. O filme tinha o custo inicial de 1 milhão e oitocentos mil dólares, mas rapidamente o orçamento estourou fazendo com que os custos iniciais saldassem rapidamente para mais de dois milhões de dólares, se tornando assim o filme mais caro da história da Warner Bros até aquele momento.
6. Essa foi a terceira parceria de oito no total entre Errol Flynn e Olivia de Havilland. A Warner considerava que o casal era um dos grandes chamarizes de bilheteria do estúdio, mas Flynn tinha uma outra visão. Em sua forma de ver a situação qualquer outra atriz daria certo ao seu lado pois seu público queria ver mesmo ação e aventura em cena, sendo o lado romântico de seus filmes algo bem secundário. Essa opinião acabou obviamente irritando Olivia de Havilland.
7. Olivia de Havilland não iria realizar o filme pois já estava comprometida com outra fita que seria rodada em menos de dois meses. A atriz que iria estrelar Mariah porém ficou grávida, o que fez com que a Warner a colocasse no filme às pressas para substitui-la.
8. Durante as filmagens as relações entre Errol Flynn e Michael Curtiz começaram a ficar bem tensas, tudo por causa do relacionamento do galã Flynn com a atriz francesa Lili Damita, ex-esposa de Curtiz. Um ano depois de começar a namorar com ela, Flynn resolveu se casar também com a atriz, causando ainda mais desconforto em Curtiz.
9. Houve uma certa discussão entre os roteiristas e a Warner sobre a forma como Robin Hood deveria ser apresentado no filme. Ele deveria surgir como um alegre e fanfarrão ladrão da floresta ou como um homem violento e perigoso que era capaz de matar pessoas? No final a solução veio pelo meio termo, onde a personalidade esfuziante de Robin foi preservada, ao mesmo tempo em que ele também se revelava como uma ameaça séria para os homens do xerife. No filme Robin Hood acaba matando 16 inimigos em cena - um número que foi considerado alto demais por Hall B. Wallis, mas que acabou sendo mantido na versão final.
10. O grande diretor, ator e roteirista Orson Welles se ofereceu para interpretar o Frei Tuck, mas Michael Curtiz não o escalou para o elenco, algo que depois iria se arrepender como certa vez revelou em uma entrevista sobre o filme. Teria sido uma aquisição maravilhosa para o filme como um todo. Infelizmente, por motivos que nem Curtiz soube como explicar direito, ele disse não!
Pablo Aluísio.
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