quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Errol Flynn - Hollywood Boulevard - Parte 3

Errol Flynn e os Nazistas
Seguramente Errol Flynn foi um dos mais populares atores do cinema americano. Dono de um bom visual, ideal para filmes de aventura do tipo capa e espada, Flynn se tornou o produto ideal segundo as próprias palavras do chefão Jack Warner do famoso estúdio Warner Bros. Se nas telas e nas bilheterias ele arrasava, longe dos sets de filmagens a coisa complicava. O problema era segurar Flynn fora das telas. Dono de uma personalidade muito forte e ao mesmo tempo volátil, o galã foi um dos que mais trouxeram trabalho para o departamento de publicidade dos estúdios, sempre tentando apagar algum incêndio em sua vida pessoal, seja em escândalos relacionados a mulheres, sexo e drogas, seja em relação aos seus complicados posicionamentos políticos.

Aos que viviam ao seu redor Flynn jamais escondeu sua intensa admiração ao regime nazista de Adolf Hitler. O galã de Hollywood acreditava que povos culturalmente desenvolvidos, como os alemães, tinham que manter sua pureza étnica, evitando perder seu valioso arianismo ao se misturar com outras raças. Sim, ele acreditava em todas aquelas teorias de raças superiores que se tornaram a base teórica fundamental do pensamento nazista. Flynn também acreditava que apenas regimes fortes conseguiam levar uma grande nação em frente. A democracia só resolvia parte do problema, mas não conseguia superar os problemas complexos que iam surgindo dentro de uma sociedade. Essa sua visão de mundo também determinava tudo o que ele pensava sobre judeus em geral. Todos esses fatos que hoje em dia podem chocar seus fãs foram levantados pelo escritor Charles Higham que escreveu uma das mais completas biografias de Flynn intitulada "Errol Flynn: The Untold Story".

Para entender como Errol Flynn desenvolveu esse tipo de pensamento o autor procurou saber quando o astro do cinema americano tomou contato pela primeira vez com os ideais nazistas. Segundo seus levantamentos tudo aconteceu durante a Guerra Civl Espanhola. Errol Flynn, que era australiano de nascimento, resolveu apoiar grupos que combatiam o General Franco. Nesse processo conheceu vários socialistas alemães que também lutavam na Espanha. Assim acabou se aproximando também dos nacionais socialistas (nazistas) que curiosamente transformaram a Espanha de Franco em um campo de testes para suas novas armas de guerra que acabariam sendo usadas de forma intensa durante a II Guerra Mundial.

Com tantos jogos de interesse no ar, Flynn acabou conhecendo o pensamento de Hitler em seu livro "Minha Luta" e se apaixonou por sua causa. Segundo o escritor Charles Higham ele se tornou espião nazista durante o conflito justamente por isso e foi mais além, conseguindo se encontrar pessoalmente com o próprio Hitler durante uma visita à Alemanha. Talvez sua origem australiana explique sua inclinação em favor da Alemanha já que essa lutava contra a Inglaterra naquele momento e Flynn não escondia de absolutamente ninguém que odiava os ingleses (os colonizadores da Austrália). O grande elo de ligação de Flynn com o III Reich foi construído através de contatos com o médico austríaco Hermann Erben que também era agente nazista. Flynn enviava todas as informações coletadas a ele e esse repassava tudo para a temida Gestapo, a polícia secreta de Hitler.

Depois que os Estados Unidos entraram na Guerra a situação de Errol Flynn ficou muito delicada e ele procurou esconder nas sombras esse passado terrível que poderia destruir sua carreira em Hollywood. Foi uma situação muito complicada de se camuflar porque agências de inteligência do governo americano começaram a seguir os passos de Flynn que pressionado rompeu todo tipo de ligação com a Alemanha a partir de 1944 quando a guerra finalmente começava a pender em prol dos aliados dos Estados Unidos. Também pesava contra Flynn o fato de que a grande maioria dos estúdios de Hollywood pertenciam a judeus, algo que iria se virar fortemente contra ele caso tudo fosse revelado. No fim Errol Flynn conseguiu esconder seus rastros de espionagem e sobreviveu à guerra. Até hoje pairam dúvidas de como conseguiu se livrar de um julgamento por traição. Só não conseguiu superar seu alcoolismo que encurtaria sua vida em vários anos. Também não deixou mesmo de admirar ditadores em geral, haja vista que acabou se tornando um dos grandes amigos de Fidel Castro e seu regime comunista em Cuba. Essa porém é uma outra história...

Pablo Aluísio.

Errol Flynn - 10 Curiosidades sobre "As Aventuras de Robin Hood"

1. "As Aventuras de Robin Hood" foi o filme de maior sucesso de bilheteria da carreira do ator Errol Flynn que inicialmente nem queria estrelar a produção. Depois de muita insistência acabou sendo convencido pelo produtor Hall B. Wallis.

2. Para que as locações ficassem mais parecidas com a Inglaterra e sua floresta de Sherwood a Warner resolveu importar árvores inglesas para serem plantadas na Califórnia. As filmagens foram realizadas em um parque localizado na cidade de Chico, CA. O resultado, como se pode ver na tela, ficou realmente muito bom.

3. A Warner inicialmente queria que o filme fosse estrelado pelo ator James Cagney, mas Michael Curtiz, o diretor, não gostou da ideia. Cagney havia se tornado famoso interpretando gangsters nas telas e Curtiz queria trazer uma imagem mais simpática de Robin Hood. Além disso Curtiz achava que Cagney havia passado da idade certa para interpretar Robin Hood de forma adequada.

4. A produção contou com onze câmeras especiais de tecnologia Technicolor. A Warner queria transformar os filmes em cores como a nova sensação do cinema americano, que ainda considerava a novidade apenas uma moda passageira. Não era e em pouco tempo os filmes coloridos se tornaram padrão dentro da indústria.

5. O filme tinha o custo inicial de 1 milhão e oitocentos mil dólares, mas rapidamente o orçamento estourou fazendo com que os custos iniciais saldassem rapidamente para mais de dois milhões de dólares, se tornando assim o filme mais caro da história da Warner Bros até aquele momento.

6.  Essa foi a terceira parceria de oito no total entre Errol Flynn e Olivia de Havilland. A Warner considerava que o casal era um dos grandes chamarizes de bilheteria do estúdio, mas Flynn tinha uma outra visão. Em sua forma de ver a situação qualquer outra atriz daria certo ao seu lado pois seu público queria ver mesmo ação e aventura em cena, sendo o lado romântico de seus filmes algo bem secundário. Essa opinião acabou obviamente irritando Olivia de Havilland.

7. Olivia de Havilland não iria realizar o filme pois já estava comprometida com outra fita que seria rodada em menos de dois meses. A atriz que iria estrelar Mariah porém ficou grávida, o que fez com que a Warner a colocasse no filme às pressas para substitui-la.

8. Durante as filmagens as relações entre Errol Flynn e Michael Curtiz começaram a ficar bem tensas, tudo por causa do relacionamento do galã Flynn com a atriz francesa Lili Damita, ex-esposa de Curtiz. Um ano depois de começar a namorar com ela, Flynn resolveu se casar também com a atriz, causando ainda mais desconforto em Curtiz.

9. Houve uma certa discussão entre os roteiristas e a Warner sobre a forma como Robin Hood deveria ser apresentado no filme. Ele deveria surgir como um alegre e fanfarrão ladrão da floresta ou como um homem violento e perigoso que era capaz de matar pessoas?  No final a solução veio pelo meio termo, onde a personalidade esfuziante de Robin foi preservada, ao mesmo tempo em que ele também se revelava como uma ameaça séria para os homens do xerife. No filme Robin Hood acaba matando 16 inimigos em cena - um número que foi considerado alto demais por Hall B. Wallis, mas que acabou sendo mantido na versão final.

10. O grande diretor, ator e roteirista Orson Welles se ofereceu para interpretar o Frei Tuck, mas Michael Curtiz não o escalou para o elenco, algo que depois iria se arrepender como certa vez revelou em uma entrevista sobre o filme. Teria sido uma aquisição maravilhosa para o filme como um todo. Infelizmente, por motivos que nem Curtiz soube como explicar direito, ele disse não!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Drácula (1979)

Na longa tradição de filmes sobre o famoso personagem de Bram Stoker esse Drácula de 1979 se destaca por vários motivos. Em primeiro lugar pela ótima produção. Tudo foi perfeitamente recriado, carros, cenários e direção de arte. Muito bom gosto em cada tomada. Realmente em certos momentos o requinte da produção salta aos olhos, como a abadia adquirida pelo Conde, um ótimo trabalho de ambientação. As cenas no mar, com o navio e seus tripulantes sendo atacados pelo vampiro, são primorosas. Outro grande mérito dessa versão é a estrutura do roteiro que tenta inovar na famosa estória do livro original. Aqui já pegamos o conde chegando a Londres pois o diretor optou por não contar a primeira parte do livro onde Jonathan chega na Transilvânia para vender a propriedade ao estranho nobre romeno. Foi uma decisão acertada pois deu maior agilidade ao filme como um todo.

Agora a grande qualidade de Drácula 1979 realmente é seu elenco. Frank Langella está ótimo como o personagem de Stoker. Um nobre de fala ponderada, charmoso e sedutor com as mulheres mas extremamente perigoso contra seus inimigos. E por falar neles temos o grande Laurence Olivier no papel de Van Helsing, o que alguém poderia querer mais em termos de elenco? Sua cena dentro das catacumbas é ótima, uma grande recriação do clima sombrio e gótico das primeiras produções sobre o vampiro. Enfim, gostei de praticamente tudo no filme e considero essa a segunda melhor versão que já assisti do famoso livro, só perdendo mesmo para o filme de Francis Ford Coppola. Para quem gosta de Drácula e filmes de terror assistir essa versão desse clássico é algo obrigatório.

Drácula (Drácula, Estados Unidos, 1979) Direção de John Badham / Roteiro: Hamilton Deane baseado na obra de Bram Stoker / Com Frank Langella, Laurence Olivier, Donald Pleasence / Sinopse: Conde romeno de nome Drácula (Frank Langella) chega na vitoriana Londres para adquirir uma nova propriedade na cidade. Nesse momento conhece a linda Mina, filha do renomado Dr Van Helsing e sua amiga Lucy, jovem namorada de seu procurador. A aproximação trará sérias consequências para todos.

Pablo Aluísio.

Drácula 1979




segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Os Duelistas

Título no Brasil: Os Duelistas
Título Original: The Duellists
Ano de Produção: 1977
País: Inglaterra
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Gerald Vaughan-Hughes
Elenco: Keith Carradine, Harvey Keitel, Albert Finney

Sinopse:
Baseado na obra de Joseph Conrad. Um oficial do exército francês, no período da glória de Napoleão Bonaparte, insulta um outro militar. Como era costume na época tudo deveria se resolver em duelos de espadas ou armas de fogo. Ao longo dos anos eles se encontrarão várias e várias vezes para defender sua honra. Filme vencedor do Cannes Film Festival. Também indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Figurino e Melhor Fotografia.

Comentários:
Bom filme dirigido pelo talentoso Ridley Scott. É curioso que o diretor tenha se limitado a transpor para as telas, da forma mais fiel possível, o livro de Joseph Conrad. Essa obra, de apenas 100 páginas, é uma crítica velada aos valores morais do período Napoleônico. Assim o duelo, tão comum entre cavalheiros daquela época, ganha contornos de tragédia grega, com um pezinho na absurda situação de levar um duelo em frente por anos e anos. Como o conteúdo do livro é por demais simples - o enredo caberia até mesmo em um média metragem - Ridley Scott resolveu apostar na estética das cenas. Como bem se sabe o diretor veio do mercado publicitário, onde o que menos importa é o conteúdo mas sim a forma como se mostra o produto. "Os Duelistas" vai bem por esse caminho. Como não há muito o que se contar o diretor capricha nas tomadas de cenas, na fotografia em seda e no clima dos duelos que vão se sucedendo ao longo do filme. Por essa razão o resultado final se mostra muito estiloso e bonito, embora não haja um grande roteiro por trás de tudo o que se vê ao longo de sua duração.

Pablo Aluísio.

Terror em Amityville

Roteiro e Argumento: O roteiro do filme segue o livro no qual foi baseado. Esse livro foi escrito pela primeira família que foi morar na casa após o massacre ocorrido lá. Como se sabe sem motivo aparente Ronald "Butch" Júnior matou toda sua família a tiros de espingarda. Depois desse crime horrível a casa ganhou fama de ser mal assombrada. Os primeiros moradores a comprarem a casa foram os Lutz, que relataram vários acontecimentos estranhos quando se mudaram para lá. Claro que o filme carrega nas tintas mas de maneira em geral o roteiro consegue ser menos sensacionalista do que era de se esperar.

Produção: O filme investe bastante naquele que parece ser o principal personagem aqui: a própria casa. Assim usando jogos de luzes e sombras a produção tenta criar toda uma atmosfera pesada no local. Não há muitos efeitos especiais como era de se esperar numa produção da década de 70. O grande destaque no final das contas fica com a trilha sonora incidental de Lalo Schifrin. Aquele coro infantil seria copiado a exaustão nos anos seguintes e é certamente assustador. A música sozinha é responsável pela metade do clima de terror do filme. Muito boa.

Direção: Depois de uma boa parceria ao lado de atores como Paul Newman e Robert Redford o diretor Stuart Rosenberg resolveu voltar ao terror e suspense, gênero que ele trabalhou bastante quando era diretor de tv. Seu trabalho aqui pode ser definido como correto. Ele investe bastante na chamada "climatização", embora na minha opinião o filme perca parte de seu charme nas cenas finais (bem exageradas e apelativas). Teria sido bem melhor se tudo continuasse apenas na expectativa e no suspense.

Elenco: O grande destaque vai para Rod Steiger no papel de padre Delaney. Infelizmente o personagem se mantém coadjuvante até o final. Eu esperava que ele tomasse as rédeas da situação mas isso não acontece. De qualquer forma sua interpretação ainda é a melhor coisa do filme. Margot Kidder, recém saída do sucesso de Superman aparece em cena com muitas caras e bocas mas apesar disso não compromete, já o ator James Brolin (pai do Josh Brolin) está muito bem. Com aquela estética bem anos 70 (barbudo e pouco chegado num banho) o ator consegue criar uma boa atmosfera em torno do seu personagem.

Terror em Amityville (The Amityville Horror, Estados Unidos, 1979) Direção Stuart Rosenberg / Roteiro Sandor Stern / Elenco: James Brolin, Brad Davis, Margot Kidder, Rod Steiger, Don Stroud e Murray Hamilton / Sinopse: Família se muda para uma casa onde ocorreu um terrível crime em que o filho matou seus pais e seus irmãos a tiros. Após alguns dias na nova moradia eles começam a perceber a presença de estranhos eventos no local.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de outubro de 2007

Marilyn Monroe - Os Desajustados

O roteiro do clássico "Os Desajustados" (The Misfits, Estados Unidos, 1961) foi escrito baseado em conto de Arthur Miller, marido da atriz Marilyn Monroe, a estrela mais popular e famosa de seu tempo. E por uma dessas grandes ironias do destino a base da personagem interpretada por Marilyn nesse filme era a própria Marilyn. Miller escreveu seu texto baseado no que via na própria esposa. Sim, uma personalidade complexa, beirando o neurótico, mas igualmente uma boa alma.

Uma mulher que se preocupava com os animais e que sentia profunda dor emocional quando via algum tipo de maus-tratos com os bichinhos. Após se casar ela ficou vários meses em um rancho nos arredores de Los Angeles. E como em todo rancho havia muitos animais ao redor. Arthur Miller notou logo nos primeiros dias que Marilyn tinha uma preocupação fora do comum com os animais do lugar. Ela adotou vários cães e gatos que viviam sem um dono. Alguns deles ela levou embora com ela quando voltou para Los Angeles.

Marilyn também ficou muito impressionada quando soube que cowboys modernos caçavam cavalos selvagens, conhecidos como Mustangs, para venderem seus corpos para fábricas de sabão. Os animais eram capturados, mortos e depois despachados para essas fábricas. Marilyn ficou tão aterrorizada com a história, que era mesmo real, que passou a noite em claro. Diante disso Arthur Miller decidiu que isso seria o ponto de partida para seu novo conto, o mesmo que daria origem ao filme "Os Desajustados".

Com a chegada da modernidade muitos cowboys tinham ficado desempregados, sem meios de vida. E o que ele sabiam fazer? Bom, laçar cavalos e domestica-los era uma das coisas que sabiam fazer, mas era igualmente triste saber também que eles usavam esse tipo de conhecimento para algo tão mórbido, tão condenável. Os cowboys do passado certamente ficariam envergonhados com tudo aquilo.

Pablo Aluísio.

Sigourney Weaver

Eu tenho um grupo de cinema no Facebook chamado "Filmes Clássicos". Não é o único, pois eu tenho também um chamado "Cinema Classe A". Por lá eu costumo jogar minhas bombinhas que escrevo por aqui nos blogs. Pois bem, até como teste eu coloquei essa foto da atriz no grupo perguntando o nome dela e qual filme as pessoas mais curtiam dela. Claro que a resposta mais comum foi "Aliens". Eu acho que seria simplesmente impossível ser diferente, ainda mais depois de tantos sucessos de bilheteria de uma franquia que até hoje está em cartaz. Ela sempre será a Tenente Ripley, isso é meio óbvio. Porém nem tudo foi tão previsível. 

Algumas pessoas lembraram de bons filmes que ela fez ao longo de todos esses anos de carreira como "Na Montanha dos Gorilas", "Uma Secretária de Futuro" e, sim meus caros, "Os Caça-Fantasmas". Quem poderia esquecer desse último? Filme dos mais divertidos dos anos 80, uma mistura maneira de terror, comédia e ficção, tudo muito bem misturado, equilibrado. Uma filme para nunca mais esquecer. Bom pelo menos para quem viveu os anos 80 e seu cinema.

Outro ponto digno de nota a se lembrar nessa madrugada foi que ela sempre foi considerada uma das atrizes mais altas do cinema. Algumas fontes dizem que tem entre 1.82 a 1.85 de altura. Poderia ser uma jogadora de vólei! Atualmente com 71 anos de idade (isso mesmo, eu também fiquei surpreso!) ela praticamente está aposentada. Porém, jamais será esquecida. Sempre estará viajando pelo espaço enfrentando criaturas do espaço... e se tudo correr bem sempre as vencerá pela imensidão do cosmos!

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de outubro de 2007

Charles Bronson

É a tal coisa... se você é muito jovem muito provavelmente nem saiba quem foi Charles Bronson. Já faz um bom tempo que ele morreu e seus filmes, salvo algumas exceções, passam longe de serem consideradas obras primas do cinema. Eu não peguei a fase inicial da carreira do Bronson. Na realidade ele surgiu ainda na década de 1950 e nessa época eu nem existia. O Bronson da minha infância e adolescência foi aquele ator já velho, com cabelos brancos, que arrebentava a bandidagem das ruas em filmes mais modestos que no Brasil foram lançados no mercado de vídeo VHS em selos como América Vídeo - sim, aquela da capinha azul com estrelinhas, uma coisa bem anos 80 é bom dizer.

Pois bem, como eram esses filmes? O Bronson naquela época já não trabalhava em grandes estúdios como Paramount, MGM ou Warner. Ele encontrou um nicho interessante em produtoras menores como a Cannon. Essa empresa produzia filmes baratos de ação para serem exibidos em cinemas mais populares mundo afora - eu estou falando de um tempo em que não havia cinemas multiplex em shopping center, mas apenas cinemas de rua, grandes salas de exibição que ficavam nos grandes centros das cidades. 

A Cannon tinha um grande "astro" naqueles tempos: Chuck Norris (não se preocupem, falaremos ainda dele por aqui). E qual era a do Chuck Norris? Bom, basicamente ele interpretava caras durões e indestrutíveis que mandava para os ares seus inimigos. Ora, bem lá atrás nos anos 70 quem mandava muito bem nesse tipo de filme era o Charles Bronson. Basta lembrar de "Desejo de Matar" para entender bem isso. Assim Bronson foi contratado pela Cannon para estrelar uma série de filmes de porrada e ação, bem ao seu velho estilo. Os machões que curtiam esse tipo de filme tiveram os seus anos de auge durante a década de 1980, justamente por causa de filmes como esse. Havia algo melhor do que ver o Bronson com uma bazuca limpando as ruas da escória? Claro que não!

"Desejo de Matar 2" já mostrava o que estava por vir. Ao contrário do primeiro filme que tinha alguma preocupação com roteiro e enredo, essa sequência partia logo para os finalmentes. Extremamente violenta a fita fez um belo sucesso de bilheteria - embora tenha sido arrasado pela crítica que dizia ser o filme fascista e coisas do gênero. A Cannon nem ligou, eles queriam mesmo era faturar. "Dez Minutos Para Morrer" era um pouquinho mais sofisticado, com um enredo mais bem elaborado, colocando Bronson como um tira veterano atrás de um serial killer depravado. A cena final com o criminoso correndo nu ficou célebre. "Desejo de Matar 3" provava que o cinema de ação não teria mais vergonha em faturar com filmes em série. Se havia dado certo uma, duas, três vezes... por que não ir em frente? Bronson cada vez mais envelhecido ia se tornando ainda mais brutal e violento a cada nova sequência. Seu personagem deixava de ser humano para virar uma máquina assassina de matar. O público adorava!

Pablo Aluísio.

George C. Scott

Hoje, se estivesse vivo, quem estaria fazendo aniversário seria o ator George C. Scott. Sua carreira foi longa, produtiva e extensa, com 89 filmes. É comum citar os mais conhecidos como "Patton", por exemplo, mas gostaria aqui de destacar filmes menos conhecidos, que já assisti mais recentemente e que me deixaram surpreso com a qualidade do trabalho desse grande (e de certa maneira subestimado) ator.

Por exemplo, você sabia que George C. Scott protagonizou um filme da franquia "O Exorcista"? Pois é meus caros, ele esteve em "O Exorcista III" e querem saber de uma coisa? Esse filme é excelente. Pouco falado, pouco comentado, ele apresenta um roteiro de terror psicológico que acabou me deixando forte impressão. Pensei que seria uma fitinha B feita para faturar alguns trocados nas bilheterias. Ledo engano. O filme é realmente muito bom e Scott como um velho policial que precisará enfrentar milenares forças do mal está perfeito em cena.

Outro filme que indicaria aqui é "Hardcore: No Submundo do Sexo". Nesse filme hoje pouco lembrado, o ator interpreta um pai que vê sua filha sucumbir ao mundo da pornografia. É um grande trabalho de atuação do veterano ator. Ele precisa mergulhar nesse submundo para encontrar sua filha há muito desaparecida e acaba encontrando o lado mais sórdido do ser humano. O poster por si só já era um documento de seu grande talento, em pose dramática dizendo: "Essa é a minha filha!". Imagine a carga emocional de um momento como esse quando um pai descobre que sua filha faz filmes pornográficos.

Por fim deixo a recomendação do filme "A Fórmula" que reuniu em um mesmo elenco Marlon Brando e George C. Scott. O próprio Brando afirmou em sua autobiografia que só fez o filme para ter a chance de contracenar com Scott. O filme em si não é digno desses grandes talentos, não está à altura deles, mas só por ter reunido uma dupla tão memorável já vale como citação para os cinéfilos mais jovens. Foi lançado em VHS no Brasil, mas depois disso se tornou uma raridade. Assim encerro esse singelo texto que tentou fugir do óbvio, dando dicas de ótimos filmes do ator. Filmes que nem sempre circulam na lista dos mais conhecidos de sua rica filmografia.

Pablo Aluísio.