quarta-feira, 11 de junho de 2014
Lembranças de Hollywood
Título Original: Postcards from the Edge
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Mike Nichols
Roteiro: Carrie Fisher
Elenco: Meryl Streep, Shirley MacLaine, Dennis Quaid, Gene Hackman, Richard Dreyfuss, Annette Bening
Sinopse:
O filme narra o conturbado relacionamento entre duas gerações de atrizes, mãe e filha. Uma está passando por um sério problema com drogas e a outra tenta colocar a filha no caminho certo, embora passe longe de ser um exemplo a seguir pois tem problemas com bebidas, desde que seu marido a deixou por uma outra atriz famosa. Filme baseado em fatos reais. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Meryl Streep) e Melhor Canção Original ("I'm Checkin' Out" por Shel Silverstein). Também indicado ao Globo de Ouro nas categoria de Melhor Atriz (Meryl Streep), Melhor Atriz Coadjuvante (Shirley MacLaine) e Melhor Canção Original.
Comentários:
Para muitos a atriz Carrie Fisher é apenas a Princess Leia da trilogia original de "Star Wars". Essa é uma visão simplista. Carrie fez parte da "nobreza de Hollywood" desde o berço. Ela é filha de Debbie Reynolds e Eddie Fisher e indiretamente fez parte de um dos maiores escândalos da história do cinema americano. Quando tinha apenas três anos de idade seu pai abandonou a família para ir viver com Elizabeth Taylor, que era inclusive uma das grandes amigas de Debbie Reynolds! Os anos que se seguiram não foram dos melhores e ela viveu tempos turbulentos ao lado de sua mãe. De suas memórias dessa época ela acabou escrevendo um livro de memórias que deu origem ao roteiro desse filme. "Postcards from the Edge" é um belo drama familiar, um tipo de produção que tem ficado cada vez mais raro em Hollywood. Um texto muito bem escrito que lida com problemas familiares e pequenos e grandes dramas na relação entre mãe e filha. O elenco fala por si só, fabuloso, cheio de atores e atrizes talentosas. A direção de Mike Nichols é um primor, nunca deixando o filme deslizar para banalidades estéticas. Em conclusão, esse é um belo trabalho de composição, um resgate de parte da história da velha Hollywood e um deleite para os cinéfilos que gostem de conhecer a fundo os bastidores da indústria do cinema.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Elas Querem é Casar
Título Original: Ask Any Girl
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Charles Walters
Roteiro: Winifred Wolfe, George Wells
Elenco: David Niven, Shirley MacLaine, Gig Young
Sinopse:
Meg Wheeler (MacLaine), uma jovem ingênua, vai para a cidade grande em busca de um marido, pois tem receios de virar uma solteirona, mas tudo o que ela acaba conseguindo é um emprego em tempo integral em uma empresa de marketing comandada pelos irmãos Miles e Evan Doughton. Não demorará muito para que os sentimentos entre eles aflorem.
Comentários:
Divertida comédia de costumes que contou em seu elenco com alguns dos maiores talentos da história de Hollywood. David Niven, por exemplo, era excelente para interpretar homens finos e elegantes que tinham que lidar com situações pra lá de constrangedoras. Seu humor sempre foi muito sofisticado e cheio de nuances engraçadas e ele está simplesmente hilário em sua caracterização. Shirley MacLaine não fica atrás. Bastante jovem ainda, ela dá vida a uma autêntica garota espevitada daqueles tempos. Embora não seja creditada como a principal do elenco - por causa obviamente do prestígio de David Niven - ela surpreende e rouba todas as atenções para si. Sempre considerei o cineasta Charles Walters muito eclético e talentoso. Ele conseguia realizar filmes como esse, deliciosamente ingênuos, ao mesmo tempo em que realizava obras mais complexas como o clássico western "Cimarron". Em certos aspectos essa produção me lembrou muito de outro filme seu, "Alta Sociedade", um musical visualmente muito bonito estrelado por Bing Crosby, Grace Kelly e Frank Sinatra. O feeling de ambas as produções são bem próximos. Então é isso, deixo a dica para fãs de Shirley MacLaine, sempre muito simpática e radiante nesse período de sua vida.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Bernie
sábado, 16 de março de 2013
Artistas e Modelos
“Artistas e Modelos” tem uma ótima direção de arte, um roteiro muito inspirado e uma direção que merece alguns comentários adicionais. O diretor do filme é o hoje reconhecido Frank Tashlin. Ele foi seguramente o melhor cineasta que trabalhou ao lado de Jerry Lewis e o humorista reconheceu isso várias vezes ao longo de sua carreira tanto que anos depois disse em entrevistas que havia aprendido a dirigir de verdade com Tashlin na Paramount. Era o seu mestre no mundo do cinema. De fato foi um bom aprendizado pois na década seguinte Jerry Lewis iria se tornar diretor de seus próprios filmes. Como Tashlin era cartunista no começo de sua carreira ele trouxe essa experiência para essa comédia muito charmosa da fase mais produtiva da dupla Martin e Lewis. Outro destaque digno de nota para os cinéfilos é a presença maravilhosa de Shirley MacLaine no filme. Ela sempre teve um timing impecável para o humor e aqui esbanja essa característica. Há uma cena dela com Jerry Lewis que até hoje me leva às gargalhadas. Shirley está no pé de uma escada cantando enquanto Jerry desce a mesma cheio de coisas na mão, artefatos de praia como bolas, uma prancha de surfe, bonecos infláveis, etc... só vendo pra crer. Essa seqüência me divertia muito na infância e ainda hoje consegue divertir do mesmo jeito mostrando a longevidade do humor de Jerry Lewis que merece todos os nossos parabéns nesse dia de hoje. Certamente um dos grandes nomes da história do humor americano. Parabéns Jerry e obrigado pelos grandes momentos divertidos que nos proporcionou por todos esses anos.
Artistas e Modelos (Artists and Models, Estados Unidos, 1955) Direção: Frank Tashlin / Roteiro: Herbert Baker, Michael Davidson / Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Shirley MacLaine / Sinopse: Uma dupla de amigos tenta vencer no concorrido mundo das histórias em quadrinhos durante a década de 50 em Nova Iorque.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Muito Além do Jardim
Simplório jardineiro tem que deixar a casa onde morou durante toda a sua vida após a morte de seu patrão. Inocente e puro vai ter que enfrentar o desafio do mundo lá fora. Finalmente revi "Muito Além do Jardim" após vários anos. Interessante, o filme não envelheceu como eu pensava. Peter Sellers está muito bem no papel do jardineiro, um homem simples, que não sabe ler e nem escrever mas que por uma série de coincidências involuntárias acaba conhecendo o presidente dos EUA, se tornando a partir daí um formador de opinião apesar de que, no fundo, ele não tem opinião nenhuma. Não sei bem o termo médico para me referir ao personagem de Sellers. Sua personalidade é infantil, pueril, nada adequada à sua idade. De qualquer forma ele é uma pessoa que só conhece o mundo exterior pela TV e em essência é completamente alienado do que ocorre ao seu redor. A fábula nasce justamente disso, pois mesmo sem ter nada a dizer ou pensar acaba influenciando em assuntos dos quais não tem a menor ideia.
É de certa forma uma alegoria sobre o fato de que no fundo a opinião de uma pessoa simples como ele tem mais peso e importância do que a de muitos políticos que vemos por aí. O tom é de fábula e curiosamente a estrutura da narrativa dá margem a muitas interpretações. Pode se olhar o ângulo do jardineiro, uma pessoa de bom coração, pura, com QI abaixo da normalidade, mas que mesmo assim tem mais a dizer ou pensar do que o alto escalão do governo. Também se pode analisar o filme sob outra perspectiva, a que coloca todos os demais personagens do filme como "idiotas", sendo o único com um certo equilibrio justamente o Chance Garden. Ou então pode se olhar o filme sob um ótica filosofal, ao qual a felicidade não depende de riqueza material ou luxo mas sim do fato de ser feliz com os pequenos detalhes da vida, por mais limitada que ela seja. Enfim, o que tirei de conclusão sobre a mensagem subliminar desse filme é que cada um deve tirar suas próprias conclusões - pois "Muito Além do Jardim" tem essa peculiaridade de se comunicar de forma diferenciada com cada espectador. É um roteiro de nuances, detalhes, que se leva a uma reflexão muito particular de cada um. Cada pessoa vai criar seu próprio toque de identificação com a mensagem que o filme tenta passar. "Muito Além do Jardim" é um clássico e recomendá-lo seria desnecessário. É o tipo de filme que você tem que assistir algum dia, pelo menos uma vez na vida. É uma obra prima.
Muito Além do Jardim (Being There, Estados Unidos, 1979) Direção: Hal Ashby / Roteiro: Jerzy Kosinski baseado no livro de Jerzy Kosinski / Elenco: Peter Sellers, Shirley MacLaine, Melvyn Douglas / Sinopse: Simplório jardineiro tem que deixar a casa onde morou durante toda a sua vida após a morte de seu patrão. Inocente e puro vai ter que enfrentar o desafio do mundo lá fora.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 9 de março de 2012
Laços de Ternura
Todos os personagens.de "Laços de Ternura" são bem construídos mas nenhum consegue superar o astronauta interpretado por Jack Nicholson. É curioso que muita da personalidade do próprio Jack foi passado para seu papel em cena. Até no figurino (óculos escuros, roupas nada convencionais), o estilo de vida, o envolvimento com jovens garotas, enfim tudo remete ao próprio Jack Nicholson em sua vida pessoal. Por essa razão ele está particularmente bem à vontade em sua brilhante caracterização que aliás lhe valeu o Oscar de melhor ator coadjuvante, um prêmio mais do que merecido. Por falar em prêmios o papel de Aurora foi o mais premiado da carreira de Shirley MacLaine. Ela não apenas venceu o Oscar de melhor atriz por sua interpretação como também levou outros importantes prêmios na mesma categoria para casa como o Globo de Ouro e o BAFTA. O filme em si também abocanhou todos os demais Oscar importantes da noite (Melhor Filme, Diretor e Roteiro Adaptado), coroando de vez sua consagração. Em conclusão podemos afirmar que "Laços de Ternura" é um sensível e delicado drama sobre relacionamentos humanos, suas contradições e seus desgastes. Um bom estudo sobre os dramas cotidianos que são consequências de nossas escolhas ao longo da vida. Uma obra cinematográfica que merece ser vista (e revista) sempre que possível.
Laços de Ternura (Terms of Endearment, Estados Unidos, 1982) Direção: James L. Brooks / Roteiro: Larry McMurtry, James L. Brooks / Elenco: Shirley MacLaine, Debra Winger, Jack Nicholson, Jeff Daniels, John Lithgow, Danny De Vito / Sinopse: Aurora Greenway (Shirley MacLaine) é uma viúva que não concorda com o casamento prematuro e impensado de sua única filha, Emma (Debra Winger). Aurora considera o genro, o professor Flap Horton (Jeff Daniels) um sujeito sem ambições e sem um grande futuro pela frente. Além de lidar com um casamento que desaprova Aurora ainda tem que aturar um vizinho espalhafatoso e fanfarrão, o astronauta aposentado Garret Breedlove (Jack Nicholson) que apesar da idade não deixa de aproveitar cada momento de sua vida, sempre se envolvendo com mulheres mais jovens em festas e bebedeiras.
Pablo Aluísio.
sábado, 14 de janeiro de 2012
Dois na Gangorra
Em termos de atuação não há absolutamente nada a criticar. Shirley MacLaine está soberba. Na flor da idade, jovem e com uma beleza que sempre achei muito atraente, ela domina completamente a cena. É emocional e divertida nos momentos certos demonstrando que sempre foi uma grande atriz - e não apenas em sua fase mais madura como muitos ainda insistem em afirmar. Já Robert Mitchum está perfeito. O ator que construiu sua carreira com personagens à margem da sociedade, cínicos e durões, aqui esbanja sofisticação na pele do advogado Jerry Ryan. Ele é sutil na dose exata e demonstra, ao declamar o rico texto, que tinha um talento nato, que infelizmente nem sempre foi aproveitado adequadamente nas telas de cinema. Curiosamente o relacionamento entre Mitchum e MacLaine ultrapassou as telas e chegou em suas vidas reais. Ambos iniciaram um caso amoroso durante as filmagens e continuaram apaixonados por longos anos conforme ela mesma confessou em uma entrevista recente. Não deixa de ser mais um bom motivo para ver o filme. Por tudo isso e muito mais recomendo "Two for the Seesaw" para pessoas sensíveis, inteligentes e sofisticadas. Um aula de cinema de bom gosto e sofisticação que vai tocar fundo na sensibilidade dos mais românticos.
Dois na Gangorra (Two For The Seesaw, Estados Unidos, 1962) Direção: Robert Wise / Roteiro: Isobel Lennart baseado na peça teatral de William Gibson / Elenco: Shirley MacLaine, Robert Mitchum, Edmon Ryan / Sinopse: Jerry Ryan (Robert Mitchum) é um advogado de Nebraska que chega a Nova Iorque após ver seu casamento destruído. Sem emprego, procurando se adaptar na grande cidade acaba conhecendo casualmente numa festa no bairrro boêmio de Greenwich Village a dançarina Gittel "Mosca" (Shirley MacLaine). Após se aproximarem começam um complicado relacionamento enquanto tentam reconstruir suas vidas.
Pablo Aluísio.
domingo, 25 de novembro de 2007
quarta-feira, 23 de maio de 2007
Infâmia
Seguramente um dos roteiros mais instigantes e corajosos que já vi em um filme produzido na década de 1960. O filme não tem medo de tocar em assuntos que até hoje são tabus e que no passado eram ainda mais fortes. Também é curioso como o argumento do filme é dúbio. Em certo sentido ele realmente deixa completamente desnorteado o espectador, pois ao mesmo tempo que ficamos indignados com o acontecimento que atingem a vida das protagonistas, sabemos de antemão que as acusações possuem um fundo de verdade, mesmo que de forma unilateral por parte de uma delas. Além disso o tema levanta o debate sobre a hipocrisia moral reinante na sociedade.
O elenco está ótimo. Shirley MacLaine, ainda jovem, está linda. Muito charmosa, demonstra que já era uma excelente atriz naquela época. O interessante é que ela era considerada apenas uma estrela de filmes mais comerciais Já Audrey Hepburn desfila toda sua classe habitual em cena. Incrível como mesmo nas maiores adversidades ela jamais perdia a elegância, nem na trágica cena final. Aliás sua caminhada para fora do cemitério, de cabeça erguida, mostrando toda a sua dignidade diante de tudo o que lhe aconteceu, é seguramente uma das maiores cenas de sua carreira. Por fim fica aqui os elogios ao grande cineasta William Wyler. Que ele foi diretor de grandes clássicos da história do cinema, todo mundo já sabe, mas muitos irão se surpreender em ver como ele lidou com o delicado tema desse filme. Genial o seu trabalho. "Infâmia", em suma, é uma obra prima que merece ser descoberta por quem ainda não assistiu. Nota dez.
Infâmia (The Children's Hour, Estados Unidos, 1961) Direção: William Wyler / Roteiro: Lillian Hellman, John Michael Hayes / Elenco: Audrey Hepburn, Shirley MacLaine, James Garner, Fay Bainter, Miriam Hopkins / Sinopse: Amigas desde os tempos da universidade, Karen Wright (Audrey Hepburn) e Martha Dobie (Shirley MacLaine), decidem abrir uma escola para moças. Tudo começa muito bem, até o dia em que elas viram alvos de mentiras perigosas. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Fay Bainter), Melhor Fotografia (Franz Planer), Melhor Direção de Arte (Fernando Carrere, Edward G. Boyle), Melhor Figurino (Dorothy Jeakins) e Melhor Som (Gordon Sawyer). Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção (William Wyler), Melhor Atriz (Shirley MacLaine) e Melhor Atriz Coadjuvante (Fay Bainter).
Pablo Aluísio.