quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

A Substância

A Substância
Esse é o filme que de certa maneira ressuscitou a carreira da atriz Demi Moore. Ela inclusive foi indicada para prêmios importantes como o Globo de Ouro e o Oscar. Essa é uma situação bem inédita em sua longa filmografia, pois Demi sempre foi considerada uma atriz de filmes comerciais. Nunca ninguém havia levado seu trabalho muito à sério. E é uma espécie de ironia meio triste porque o papel que vem levantando sua filmografia agora é a de uma atriz decadente, envelhecida, que acaba sendo demitida do programa em que trabalha. Justamente um programa de atividade física e fitness que nos EUA é visto como um porto final para carreiras acabadas no cinema (vide o caso de Jane Fonda). 

Então sua personagem chega aos 50 anos sem muito futuro como atriz. Etarismo que de fato existe e muito em relação às mulheres, sendo inclusive muito cruel com elas quando atingem uma certa idade. Um tanto desesperada por uma saída na sua vida profissional, ela embarca em uma canoa furada, comprando uma substância que promete criar uma nova versão de si mesma, agora jovem, bonita, cheia do frescor e da beleza da juventude. Claro que vai dar muito errado, afinal tudo é feito de forma clandestina. Ela pega a tal substância em um beco sujo de Los Angeles. Não existe uma empresa se responsabilizando pelo procedimento, nada. Tudo feito às escuras, na clandestinidade. É arriscar para ver o que vai dar!

E obviamente essa atitude impulsiva vai resultar em muitos problemas. Sua versão mais jovem chamada Sue é, como era de se esperar, uma garota cheia de si, egocêntrica, vaidosa ao extremo, que odeia seu "lado mais velha". Logo vai se instaurar uma competição entre elas, tudo caminhando para um desfecho da história que eu qualificaria tranquilamente como Trash. Pois é, o filme que começa com uma reflexão sobre velhice e a busca obsessiva pela juventude eterna, acaba virando um banho de sangue digno dos mais violentos filmes slasher - embora eu confesse que não gostei nada da maquiagem do monstrengo que aparece no final. Achei mal feito! 

Assim esse filme traz essa mistura estranha. Um roteiro que levanta questões até filosóficas sobre o passar dos anos, aliado a um tanto vulgar desfecho do enredo onde tudo é exagerado, vulgar e grotesco! Fico até surpreso em ver um filme como esse concorrendo ao Oscar. Sim, porque esse é um filme de terror trash e não se engane sobre isso! O fato desse estilo cinematográfico chegar nos principais festivais de cinema mundo afora é de se espantar. Talvez a envelhecida geração de Hollywood tenta se identificado e muito com a história. Só não precisavam exagerar tanto no dose. Um filme mais sutil cairia muito melhor. 

A Substância (The Substance, Estados Unidos, 2024) Direção: Coralie Fargeat / Roteiro: Coralie Fargeat / Elenco: Demi Moore, Margaret Qualley, Dennis Quaid / Sinopse: Atriz envelhecida e decadente, entra em desespero ao entender que sua carreira está chegando ao fim. Então apela para uma empresa que promete vender beleza e juventude ao se tomar uma estranha substância. Ao fazer isso ela acaba selando seu destino, para um final muito trágico. Filme indicado ao Oscar em cinco categorias, entre elas Melhor Filme e Melhor Atriz (Demi Moore). 

Pablo Aluísio. 

3 comentários:

  1. Pablo:
    Eu entendo que esse filme se trata de um "body horror movie", mas francamente, a Demi Moore precisava aparecer nua em pé naquele cena? Que coisa feia. Acho que daria pra ela pelo menos preservar um pouco da nossa imaginação do seu passado de deusa da beleza das telas, não?

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  2. Esse tipo de coisa é valorizada em Hollywood. Lá se afirma que ela se entregou totalmente ao papel, abrindo mão de sua vaidade. Mas apesar disso concordo com você. Ela deveria ter se preservado um pouco mais.

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