segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Crônicas de Marlon Brando - Parte 31

Crônicas de Marlon Brando - Parte 31
Em 1972 Brando desistiu de Hollywood. Ele havia acabado de ser consagrado com o Oscar por "O Poderoso Chefão", mas estava farto da capital do cinema. Então decidiu fazer algo que poucos esperavam. Pegou um avião e foi para a Europa. Queria fazer um filme europeu, dirigido pelo cineasta Bernardo Bertolucci. O que atraiu o ator foi a proposta de como esse filme seria realizado. O roteiro seria mínimo, no máximo uma situação básica envolvendo o encontro de um homem e uma mulher em Paris. Eles não sabiam nada um do outro e tinham um relacionamento ora doentio, ora explosivo, com muita vibração de natureza sexual. 

Naquela altura Brando dizia que não tinha mais paciência em decorar textos e falas. Ele queria apenas atuar improvisando, tirando os diálogos de sua mente. O que surgisse em sua mente, ele falaria em cena e isso era tudo. Brando sequer pensava no que iria dizer, apenas iria falar de forma completamente livre o que pensava. Era uma proposta muito ousada e fora dos padrões. Em Hollywood, com tanto profissionalismo, isso jamais seria aceito. 

Pela primeira vez depois de tantos anos de carreira, Brando iria ter a liberdade que tanto procurava. Nem precisa dizer que Brando adorou a experiência. Essa atuação livre, dizia ele, seria o futuro do cinema. Claro que ele estava errado sobre isso, mas na época tudo soava muito empolgante. Bernardo Bertolucci apenas dava uma direção básica, informando a Brando o que seu personagem estava fazendo naquela cena. Depois desse tipo de instrução simples, Brando tinha carta branca para fazer o que quisesse, inclusive coisas perturbadoras. 

Ele havia sido colocado para trabalhar com uma jovem atriz chamada Maria Schneider. "Eu quero trabalhar com uma amadora, sem experiência nenhuma no cinema" - havia dito ao diretor. E assim foi feito. Até hoje as pessoas lembram desse filme "O Último Tango em Paris" por causa da tão falada cena da manteiga, mas isso é uma lenda apenas. Dizia-se que Brando havia mesmo feito sexo selvagem com Maria, só que na realidade tudo foi apenas sexo simulado. Alguns anos depois acusações de abuso sexual foram levantadas contra o ator, mas se estivesse vivo, ele certamente iria rir desse tipo de coisa. Em uma entrevista, ainda nos anos 70, ele explicaria a cena dizendo que jamais havia feito sexo de verdade com Maria Schneider. Rindo, ele deu de ombros, explicando: "Imagine... eu nem sequer tirei minhas calças nessa cena!".

Pablo Aluísio. 

3 comentários:

  1. Uma coisa é certa: o Marlon Brando acabou participando de um dos filmes mais marcantes da sua carreira, claro que nem sempre pelos motivos desejados.

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  2. Um filme importante na carreira dele e começou assim, com uma proposta inovadora...

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