Ontem tive a oportunidade de rever o filme "Lindas Encrencas, as Garotas" (The Trouble With Girls, EUA, 1969) com Elvis Presley. Quando ele rodou essa produção pela MGM já tinha decidido cair fora de Hollywood. Era o fim de uma carreira de ator que não deu muito certo. Elvis tinha um velho sonho de seguir os passos de seu ídolo James Dean ou então Marlon Brando, mas as coisas não saíram muito bem como ele pensava. Os produtores não conseguiam enxergar em Elvis um potencial ator dramático, só um cantor boa pinta cheio de fãs adolescentes platonicamente apaixonadas por ele. Dessa maneira ano após ano Elvis foi estrelando aquelas comédias românticas sem muita consistência onde ele cantava uma música aqui, outra acolá, sem muita razão de ser. Os roteiros eram quase sempre vazios e os enredos bobos demais para atrair a atenção de alguém com mais de 20 anos de idade.
Imerso nesse mar de mediocridade ele foi perdendo a vontade de continuar secando como uma flor no deserto da Califórnia. Por volta de 1968 ele e o Coronel Parker finalmente entenderam que era hora de ir embora. E foi o que fizeram, mas antes havia alguns contratos a cumprir e entre as obrigações de Elvis estava a realização de mais alguns filmes pela MGM (ele havia assinado um contrato longo de sete anos com a empresa, algo que depois se arrependeria). É nesse contexto que surge a realização desse "The Trouble With Girls" (que para variar recebeu um título bem ridículo no Brasil). Revendo hoje em dia até que o filme não é de todo mal. Claro, não estamos falando de algo substancial ou artisticamente relevante, porém há coisas boas nessa produção.
Uma delas vem do próprio visual de Elvis. Ele está de costeletas, já com aquela imagem que iria trazer tanto impacto no seu retorno aos palcos em Las Vegas naquele mesmo ano. O roteiro embora seja uma bagunça até que traz momentos verdadeiramente divertidos. Em um deles Elvis e a atriz Marlyn Mason trocam sopapos e beijos numa tenda circense enquanto tudo vai pelos ares por causa da explosão de fogos de artifícios. Por falar em Mason é interessante notar que pela primeira vez em muitos anos um personagem interpretado por Elvis finalmente se relacionava com alguém de sua idade. Marlyn já é uma mulher adulta, cheia de problemas, com muito stress, bem longe das garotas de biquínis que Elvis perseguia nos filmes anteriores. Nada é muito aprofundado, é claro, até porque o filme é uma comédia musical, porém já era um pequeno sinal positivo de mudanças.
Interessante notar que os dois últimos filmes de Elvis em Hollywood como ator até que são bons, comparados com algumas porcarias que ele andava rodando, principalmente após 1964. O seguinte que Elvis iria filmar e que marcaria sua despedida de Hollywood, "Change of Habit" era até muito bom, bastante superior a qualquer coisa que ele havia feito nos últimos anos. Ele se dava até a ousadias impensáveis antes como desfilar um certo mau-caratismo, com charuto na boca. E como até já afirmei antes em outro texto o filme "The Trouble With Girls" também acabou se salvando na parte musical. Há boas músicas na trilha, embora sejam poucas. Enfim, prestes a colocar os pés fora da capital do cinema Elvis ainda respirou bons ares antes de dizer adeus. Pena que essa mudança tenha vindo tarde demais para salvar sua carreira como ator de cinema.
Pablo Aluísio.
Avaliação:
ResponderExcluirDireção: ★★★
Elenco: ★★★
Produção: ★★★
Roteiro: ★★★
Cotação Geral: ★★★
Nota Geral: 7.2
Cotações:
★★★★★ Excelente
★★★★ Muito Bom
★★★ Bom
★★ Regular
★ Ruim
Elvis Presley: Um cantor muito bom, que fez filmes muito ruins.
ResponderExcluirAhahahahaha
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