quarta-feira, 21 de março de 2007

Meu Reino por um Amor - Curiosidades

Errol Flynn e Bette Davis nãos e deram bem nas filmagens. Ela era uma atriz orgulhosa de sua profissão e não via com bons olhos o estilo galã de Flynn. Em sua biografia o ator relembrou que ela desferiu um tapa de verdade nele durante uma das cenas. Flynn aceitou numa boa, mas percebeu que ela agiu assim com uma certa maldade. Anos depois ela lhe diria que havia sido proposital, para ver se ele finalmente atuava bem! 

Bette Davis brigou com o estúdio porque queria Laurence Olivier no papel do Conde Essex. Segundo Davis o roteiro tinha diálogos extremamente bem escritos que exigia um grande ator em cena. Só que os produtores não aceitaram suas sugestões e contrataram Errol Flynn. Anos depois Davis encontraria Olivia de Havilland e diria a ela que Flynn tinha realizado um bom trabalho no filme e que ela, na época, tinha sido injusta com o ator.

Bette Davis teve as sobrancelhas removidas pela equipe de maquiagem do filme. Isso porque a rainha Elizabeth I também não as tinham, por um costume de época. O problema é que segundo a própria Bette Davis elas nunca mais cresceram adequadamente, o que a levou a ter que desenhá-las com lápis para os filmes que faria depois. Era algo que Davis iria se arrepender pelo resto de sua vida. 

Quando o filme foi realizado Bette Davis tinha uma grande diferença de idade com a rainha Elizabeth I. Quando a monarca se apaixonou pelo Conde Essex ela tinha 63 anos de idade. Quando o filme foi feito a atriz Bette Davis tinha aproximadamente a metade dessa idade. A equipe de maquiagem do filme então a envelheceu para que parecesse uma senhora já em idade mais avançada. 

Para dar a ilusão de calvície, Bette Davis raspou a cabeça dois centímetros na frente para mostrar uma testa alta sob as perucas vermelhas de Elizabeth. A rinha tinha sérios problemas de calvície. Alguns historiadores afirmam inclusive que ela morreu praticamente careca, o que escondia sob pesadas e volumosas perucas ruivas. 

A rainha Elizabeth I e o Conde de Essex tinham laços familiares, o que levava alguns membros da corte a qualificar o romance como incestuoso. O primeiro roteiro do filme explorava esse aspecto, mas o diretor Michael Curtiz decidiu cortar essa parte pois em sua opinião o público não teria qualquer interesse em saber disso. 

Pablo Aluísio.

Richard Burton

A vida não foi muito fácil para Richard Walter Jenkins. Ele nasceu no país de Gales, de uma família muito numerosa e humilde. Seu pai era trabalhador braçal nas minas de carvão e ele era o penúltimo de 13 filhos. Seu pai era alcoólatra, um daqueles sujeitos beberrões que trabalhavam duro, mas que no fim do dia ia até bares barra pesada para arranjar brigas. A forma rude de ser acabou marcando para sempre Richard. Desde cedo ele foi criado aprendendo que homens de verdade bebiam muito e nunca fugiam de uma boa briga de bar. Esse era o modelo masculino que o ator criou em sua mente, fruto de sua criação.

Seu destino era quase certo: ele provavelmente terminaria seus dias trabalhando pesado nas mesmas minas de carvão onde seu pai e seus irmãos mais velhos ganhavam a vida. Richard porém não queria aquilo para si. Por isso se esforçou em seus estudos e acabou ganhando uma bolsa na prestigiada universidade de Oxford. Foi o que mudou toda a sua vida. Na faculdade resolveu estudar arte dramática para quem sabe ser no futuro um ator vivendo de interpretar Shakespeare nos palcos londrinos. Lá se tornou pupilo de Phillip Burton, um talentoso professor de teatro. Como homenagem ao mestre acabou adotando seu sobrenome. Nasceu assim Richard Burton, um dos grandes astros de Hollywood em sua era de ouro.

Em 1948 recebeu uma proposta de trabalho nos Estados Unidos. Nem pensou duas vezes. Hollywood era o ápice para alguém como ele. "Eu Te Matarei, Querida!" marcou sua estreia no cinema americano. Ele funcionou muito bem como galã da estrela Olivia de Havilland. Não fez muito sucesso nas bilheterias, mas serviu para chamar a atenção da crítica. Seu jeito de homem forte, criado na dureza da vida, abriram as portas para filmes de guerra e épicos como "Ratos do Deserto" e "O Manto Sagrado". Depois do sucesso desse último a persona de Burton ficou estabelecida para os estúdios. Ele era ideal para interpretar guerreiros do mundo antigo. Em pouco tempo estrelou outro filme na mesma linha, "Alexandre Magno" onde interpretava Alexandre, o Grande. Sempre que havia um papel de um militar romano ou grego em algum filme, Burton era o nome a se chamar.

Depois de outro sucesso no gênero filmes de guerra, "O Mais Longo dos Dias", Burton estrelou o filme que mudaria novamente sua vida, "Cleópatra". Ele interpretaria o General Marco Antônio com Elizabeth Taylor interpretando a famosa rainha do Egito. Assim que se encontraram no set a atração entre o casal ficou óbvia. Ambos eram casados, mas nem isso impediu que explodisse um romance avassalador entre Burton e Taylor. A imprensa, claro, fez a festa com os rumores e o escândalo. Dois astros casados tendo um relacionamento amoroso público e notório. O filme, uma super produção megalomaníaca, nem fez todo o sucesso que era esperado, mas marcou definitivamente a história do cinema americano.

Com Liz ao lado, Burton procurou mudar sua carreira. Voltou ao seu estilo teatral original estrelando filmes como "Becket, O Favorito do Rei", "A Megera Domada" e "Ana dos Mil Dias". Com Elizabeth Taylor fez vários filmes como "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" e "O Homem que Veio de Longe", todos premiados e elogiados pela crítica. Apesar disso e ter sido indicado por sete vezes à categoria de Melhor Ator, Burton jamais ganhou o prêmio mais cobiçado de Hollywood. Ele era inegavelmente um bom ator, mas ao mesmo tempo tinha uma personalidade complicada que lhe custava muitos votos no Oscar.

Burton bebia muito a ponto de ser considerado alcoólatra por Elizabeth Taylor. Para piorar ele era daqueles bêbados valentões, que distribuía ofensas contra quem estivesse por perto. Por isso quase foi agredido por Marlon Brando quando lhe perguntou por onde andava seus filhos, "aqueles negrinhos". Realmente tinha um jeito de ser pouco equilibrado, o que fez com que se separasse muitas vezes de Liz Taylor. Eles se divorciavam, se casavam de novo e depois se separavam mais uma vez. Não era fácil. Não foi um romance tranquilo. No final, quando já havia estrelado mais de setenta filmes, Burton morreu de cirrose hepática (fruto de seu alcoolismo). Ele tinha ido morar na Suíça, por causa dos altos impostos cobrados nos Estados Unidos e Inglaterra. Bebeu até morrer. Para quem o criticava Burton respondia furiosamente que o seu o pai havia bebido até o fim de seus dias. Não importava sua fama, seu sucesso e sua carreira em Hollywood, sua carga genética falou mais alto e Burton no final das contas terminou a vida como seu pai, um galês beberrão que adorava uma boa briga de bar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de março de 2007

Ann-Margret

De tempos em tempos Hollywood importa alguma beldade estrangeira para transformá-la em símbolo sexual nos Estados Unidos. Aconteceu com Ursula Andress (Suíça), Anita Ekberg (Suécia) e Sophia Loren (Itália). Na década de 1960 foi a vez da sueca Ann-Margret Olsson. Nascida em Valsjöbyn, ele chegou em Los Angeles com 19 anos e logo chamou a atenção dos estúdios por causa de sua beleza e simpatia. Além de muito bonita, também parecia ser muito talentosa pois dançava, cantava e atuava, ou seja, tinha o pacote completo para se tornar uma grande estrela.

Sua estreia no cinema americano não poderia ser melhor. Foi em "Dama por Um Dia", estrelada pelo mito Bette Davis e dirigido pelo grande cineasta  Frank Capra. Sua primeira grande chance de brilhar sozinha porém só viria dois anos depois com o musical "Bye Bye Birdie" onde interpretava uma fã inconsolada porque seu cantor preferido havia sido convocado pelo exército americano. Era obviamente uma paródia do que havia acontecido na vida real com o roqueiro Elvis Presley. E por falar em Elvis, o grande momento da filmografia de Ann-Margret surgiria justamente em "Amor à Toda Velocidade" (Viva Las Vegas, 1964), ótimo musical onde ela teve a oportunidade de dançar e cantar ao lado do famoso cantor. A aproximação aliás ultrapassou as telas e ela e Elvis tiveram um tórrido caso de amor no set de filmagem. Para quem era chamada de a "Elvis de saias" nada poderia ser mais adequado!

Depois do sucesso desse musical da MGM a atriz procurou diversificar o máximo possível sua carreira abraçando projetos ousados e gêneros diversos nos anos seguintes. Na produção "Em Busca do Prazer" ousou interpretar um personagem forte para os anos 60, o de uma garota liberal envolvida em um triângulo amoroso fora dos padrões. Em "Matt Helm Contra o Mundo do Crime" voltou a contracenar com um cantor famoso, Dean Martin, em um filme que procurava satirizar de certa forma as fitas de James Bond. Só que no caso de Martin não houve romance. Ele estava mais preocupado com a bebida. Por essa época já havia sinais de que tinha se tornado um alcoólatra inveterado.

Vida que segue.  Ann-Margret resolveu diversificar ainda mais sua carreira no cinema. Não queria ficar presa em musicais e comédias românticas. Trabalhou em filmes de western como "A Última Diligência". Ao lado do mito John Wayne apareceu em "Os Chacais do Oeste". O último grande filme da atriz foi "Tommy", musical que se tornou famoso na época. Depois disso os bons filmes foram rareando e ela se contentou em fazer personagens coadjuvantes em produções menores. Também investiu muito mais em seu lado cantora, se apresentando anualmente em temporadas de sucesso nos cassinos de Las Vegas. Sempre que estreava em uma nova temporada recebia um buquê de flores do ex-namorado Elvis, que parecia nunca ter esquecido dela completamente. No total ela atuou em quase 50 filmes em Hollywood ao longo de sua carreira. Hoje em dia a atriz ainda se apresenta de vez em quando em shows, em apresentações especiais em Las Vegas. Ela comprou um rancho no Arizona onde passa a maior parte de seus dias, agora em uma aposentadoria mais do que merecida.

Pablo Aluísio.

Ann-Margret

 Ann-Margret

segunda-feira, 19 de março de 2007

James Dean, o Mito Rebelde

Ao morrer com apenas 24 anos numa estrada no meio do nada, James Dean se tornou um mito eterno. A juventude americana logo abraçou como nunca se viu a imagem, os maneirismos e o modo de ser de Dean. Ele virou um dos maiores ícones culturais daquele país, rivalizando com outros grandes nomes como Marilyn Monroe e Elvis Presley. Mas afinal qual foi o segredo que levou o ator de Indiana aos picos do Olimpo onde moram os Deuses imortais do cinema? A própria personalidade de James Dean ajudou muito nessa sua mistificação. Em vida ele sempre foi uma pessoa diferente. Em Hollywood onde todos os atores e atrizes procuravam se auto promover para aparecer nas colunas de fofocas ou nas revistas de cinema, Dean seguia na contramão. Odiava entrevistas, não dava bola para as colunistas sociais e nem se fazia de simpático só para agradar. Pelo contrário, era um sujeito que se comportava da mesma forma dentro e fora do set de filmagens. Não estava preocupado em concessões e nem em aparecer em frívolas reportagens de veículos de comunicação sem conteúdo. Era um outsider, um sujeito que chamava atenção pelo estilo de vida. Por essa razão logo ganhou a fama de "rebelde", de "fora dos padrões".

Apesar de jovem, James Dean costumava debater seus personagens com os diretores de igual para igual. Gostava de ser desafiado em cada novo papel e quando as coisas não iam bem no estúdio não guardava suas opiniões para si, ousando criticar monstros sagrados da direção na frente de todos. Puxou confusão até mesmo com Jack Warner, o todo poderoso executivo do estúdio Warner Bros. Ao adentrar certa vez seu escritório encontrou um retrato seu na parede ao lado dos demais astros do estúdio. Olhou aquilo, ficou fitando, acendeu um cigarro e falou para o surpreso chefão: "Tire meu retrato daqui. Não sou propriedade de ninguém!" Depois sentou na frente da escrivaninha e colocou os pés sobre a mesa, numa pose de total desrespeito para com seu próprio patrão. James Dean era assim, um cara que não procurava aparentar o que não era. Quem não gostasse de seu modo de ser, azar.

Ao lado da atuação James Dean tinha uma grande paixão por carros de corrida e velocidade. Gostava de participar de corridas  e era considerado um perigo no volante, não apenas contra ele mas contra os outros competidores na pista também. Não raro se envolver em pequenos acidentes nessas competições. Era qualificado como um verdadeiro "pé de chumbo" pelos outros corredores, ou seja, um sujeito que ia com tudo nas corridas, passando por cima de todos, sem muita noção do perigo. Para completar era míope e enxergava muito mal sem óculos. Essa sua loucura por velocidade e aventura acabaria sendo mais tarde sua ruína. Ao resolver viajar com seu Porsche novinho, chamado carinhosamente por ele de "pequeno bastardo", por uma estrada em Salinas, Dean encontrou seu destino. Durante o trajeto foi parado por um patrulheiro rodoviário por excesso de velocidade. Levou uma multa e uma advertência mas não ligou para isso. De volta à estrada novamente voltou a pisar fundo em seu carro. Ao seu lado seguia seu mecânico particular que ia discutindo com o ator pelo caminho sobre seu novo carro. James Dean queria acelerar e ir ao limite para "amaciar o motor" do pequeno bastardo pois quando chegasse na corrida o carro já estaria devidamente calibrado. Má idéia.

Esse foi seu grande erro. Numa bifurcação da estrada um carro de um fazendeiro local entrou na pista perpendicular em que Dean vinha em alta velocidade. James Dean estava na preferencial e vinha tão rápido que pensou que o outro motorista iria parar seu veículo. Até comentou com o mecânico ao lado: "Esse cara vai ter que parar!". Não parou. O choque foi certeiro. O Porsche ao tocar a parte da frente do outro carro literalmente voou como uma bala e foi se espatifar do outro lado da estrada. James Dean teve morte instantânea pois quebrou o pescoço com o violento impacto. O seu companheiro de viagem conseguiu ter mais sorte e sobreviveu ao acidente. Já o fazendeiro que estava no outro carro nada sofreu, fruto da robustez de seu veículo. O socorro chegou logo depois mas Dean já estava morto e não havia mais nada o que fazer. Embora tivesse terminado três filmes recentemente, apenas "Vidas Amargas" tinha sido lançado. Os demais estavam em fase de pós produção. Dean nunca teve a oportunidade de conferir nas telas seu trabalho em "Juventude Transviada" e "Assim Caminha a Humanidade". Morreu muito jovem, na flor da idade, e nem teve tempo suficiente de desfrutar de sua fama que estava surgindo naquele momento. Assim que a notícia se espalhou todos ficaram chocados. Sua morte teve um grande impacto nos meios de comunicação. Em pouco tempo Dean virava assunto nacional.

O carro de James Dean após o acidente
Da noite para o dia ele virou ídolo de milhões de jovens ao redor do mundo. Os destroços de seu carro foram comprados por um empresário oportunista que colocou o objeto em exposição pelo país afora. Por cinco dólares o fã de Dean até podia sentar no mesmo banco em que ele estava quando ocorreu o terrível acidente. Outro segmento que resolveu explorar a morte do ator foi o meio editorial. De repente as livrarias foram invadidas por livros de memórias de amigos, ex-namoradas, colegas de profissão e tudo mais. Muitas dessas pessoas tiveram contatos superficiais com Dean mas isso não parecia importar pois todos queriam ganhar dinheiro em cima de seu mito. Um ex-amante confidenciou depois que havia perdido milhões por ter jogado fora as cartas de amor que Dean havia lhe escrito! A Academia também não deixou passar a oportunidade e indicou o ator postumamente por seus trabalhos. Uma das poucas vozes que discordaram de todo esse clima foi Humphrey Bogart. O ator de Casablanca foi muito sincero e declarou: "Se estivesse vivo James Dean jamais conseguiria ficar à altura do mito que criaram em torno de sua imagem. Nunca vi um estúdio (a Warner) trabalhar tanto na construção de uma imagem de um ator morto como agora!". O cineasta Robert Altman aproveitou o clima e se mandou para Indiana para entrevistar parentes, amigos da juventude e quem mais encontrasse pela frente. Assim foi realizado o documentário "The James Dean Story" que conseguiu preservar para a história depoimentos de pessoas realmente importantes na vida de Dean, como seus tios que o criaram após a morte precoce de sua mãe.

Conforme os anos vão se passando os artistas mortos geralmente vão sendo esquecidos mas alguns conseguem romper essa barreira do tempo e da mortalidade. Assim como aconteceu com Marilyn Monroe e Elvis Presley, a lenda de James Dean se recusa a morrer e cair no esquecimento. Todos os anos a revista Forbes publica a lista dos artistas mortos que mais faturam todos os anos e James Dean segue firme e forte na lista. Por trás da adoração em torno de seu nome há um aspecto curioso. James Dean virou símbolo não apenas de rebeldia mas de juventude também. Para sempre será jovem e bonito, na flor de seus 24 anos. Nunca envelhecerá, nunca se tornará decadente. Aliando seu nome à eterna juventude James Dean provavelmente jamais será esquecido pois isso é algo que jamais deixará de ser perseguido pela humanidade: a busca pela eterna juventude.

Pablo Aluísio.

Marilyn Monroe


Something's Got to Give
Foto de Marilyn em sua última produção, "Something's Got to Give". O filme nunca chegou a ser finalizado justamente por causa dos vários problemas enfrentados por Marilyn durante as filmagens. Ela faltava aos dias de trabalho e quando comparecia nos estúdios não conseguia decorar suas falas. Para piorar ela começou a dar desculpas esfarrapadas dizendo que estava doente quando todos já sabiam que tinha viajado para participar do aniversário do presidente americano JFK. Diante de tal atitude os executivos da Fox resolveram demitir Marilyn e o filme jamais foi concluído.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de março de 2007

Ann-Margret

De tempos em tempos Hollywood importa alguma beldade estrangeira para transformá-la em símbolo sexual nos Estados Unidos. Aconteceu com Ursula Andress (Suíça), Anita Ekberg (Suécia) e Sophia Loren (Itália). Na década de 60 foi a vez da sueca Ann-Margret Olsson. Nascida em Valsjöbyn, ele chegou em Los Angeles com 19 anos e logo chamou a atenção dos estúdios por causa de sua beleza e simpatia. Além de muito bonita também parecia ser muito talentosa pois dançava, cantava e atuava, ou seja, tinha o pacote completo para se tornar uma grande estrela.

Sua estreia no cinema americano não poderia ser melhor. Foi em "Dama por Um Dia", estrelada pelo mito Bette Davis e dirigido pelo grande cineasta  Frank Capra. Sua primeira grande chance de brilhar porém só viria dois anos depois com o musical "Bye Bye Birdie" onde interpretava uma fã inconsolada por seu cantor preferido ter sido convocado pelo exército americano. Era obviamente uma paródia do que havia acontecido com o roqueiro Elvis Presley. E por falar em Elvis o grande momento da filmografia de Ann-Margret surgiria justamente em "Amor à Toda Velocidade" (Viva Las Vegas, 1964), ótimo musical onde ela teve a oportunidade de dançar e cantar ao lado do famoso cantor. A aproximação aliás ultrapassou as telas e ela e Elvis tiveram um tórrido caso de amor no set de filmagem.

Depois do sucesso desse musical da MGM a atriz procurou diversificar o máximo possível sua carreira abraçando projetos ousados e gêneros diversos nos anos seguintes. Na produção "Em Busca do Prazer" ousou interpretar um personagem forte para os anos 60, o de uma garota liberal envolvida em um triângulo amoroso fora dos padrões. Em "Matt Helm Contra o Mundo do Crime" voltou a contracenar com um cantor famoso, Dean Martin, em um filme que procurava satirizar de certa forma as fitas de James Bond. Também rodou westerns como "A Última Diligência". Ao lado do mito John Wayne apareceu em "Os Chacais do Oeste". O último grande filme da atriz foi "Tommy", musical que se tornou famoso na época. Depois disso os bons filmes foram rareando e ela se contentou em fazer personagens coadjuvantes em produções menores. Mesmo assim a sueca continuou trabalhando sem parar nos anos seguintes. A beleza obviamente já não era a mesma dos primeiros anos mas isso não a impedir de realizar ao todo quase 80 filmes, o que demonstra bem que embora não tenha se tornado uma estrela de primeira grandeza certamente marcou o mundo do cinema em sua época.

Pablo Aluísio.

All that Heaven Allows

Cary Scott (Jane Wyman) é uma viúva da alta sociedade, que a despeito dos preconceitos sociais acaba se apaixonando pelo jovem rapaz  Ron Kirby (Rock Hudson), que trabalha como jardineiro em sua casa. Mesmo com a diferença de idade e de já ter filhos adultos ela decide assumir seu novo romance perante toda a sociedade, o que acaba gerando todos os tipos de críticas e comentários maldosos em relação a ela e seu novo romance. Não tarda a aparecer todo tipo de pressão para que ela ponha fim ao seu envolvimento amoroso, considerado escandaloso e indecente pelo moralismo reinante em sua cidade e círculo social.

Muito bom esse drama que foca no preconceito que existia (e ainda existe) na sociedade sobre classes sociais diferentes. Após assistir cheguei na conclusão que certas convenções dentro da sociedade não mudaram nada desde que o filme foi feito. Aqui temos um casal formado por uma senhora viúva rica (Jane Wyman) e um jovem e pobre rapaz jardineiro (Rock Hudson). Claro que mesmo apaixonados ambos vão sofrer todo tipo de preconceito da sociedade por causa dessa situação. Além da diferença de idade eles pertencem a classes sociais bem distintas. O filme é muito bem desenvolvido, sutil e inteligente. Joga com a situação e faz o público torcer pelo casal (isso na sociedade americana dos anos 1950, com todos os seus pudores e valores morais rígidos e ultrapassados). O filme é visualmente muito bonito, aproveitando tudo o que é possível da bela paisagem do local onde o personagem de Rock Hudson vive (um moinho antigo, com uma casa de campo e bambis passeando pelo quintal - mais bucólico impossível!). O clima de nostalgia impera e traz muito para o resultado final.

"Tudo o que o Céu Permite" foi produzido por causa do grande sucesso de "Sublime Obsessão". Praticamente toda a equipe foi reunida novamente para esse filme (Rock Hudson, Jane Wyman, o diretor Douglas Sirk e o produtor Ross Hunter). Rock tinha especial veneração por esse diretor pois foi o primeiro que deu uma chance de verdade a ele no cinema, quando era um simples iniciante. Também tinha grande amizade por Jane Wyman que, bem mais veterana do que ele nas telas, lhe deu apoio incondicional nesses dois filmes, sendo paciente e prestativa no set de filmagem. O curioso é que após o sucesso de "Tudo o que o Céu Permite" o aclamado diretor George Stevens fez tudo o que era possível para pedir Rock de empréstimo da Universal para rodar com ele na Warner o grande clássico "Assim Caminha a Humanidade". Certamente percebeu que Rock não era mais apenas uma promessa mas sim um grande astro. Enfim, recomendo bastante o filme, principalmente para o público feminino, que certamente terá muito mais sensibilidade para se envolver no excelente enredo. Um romance à moda antiga, com bom roteiro e cenas que mais parecem quadros românticos. Vale muito a pena conhecer.

Tudo o Que o Céu Permite (All that Heaven Allows, Estados Unidos, 1955) Estúdio: Universal International Pictures ; Direção: Douglas Sirk / Roteiro: Peg Fenwick, Edna L. Lee / Elenco: Jane Wyman, Rock Hudson, Agnes Moorehead, Conrad Nagel, Virginia Grey, Gloria Talbott / Filme escolhido pela National Film Preservation Board para fazer parte da categoria National Film Registry.

Pablo Aluísio.