quarta-feira, 21 de março de 2007

Richard Burton

A vida não foi muito fácil para Richard Walter Jenkins. Ele nasceu no país de Gales, de uma família muito numerosa e humilde. Seu pai era trabalhador braçal nas minas de carvão e ele era o penúltimo de 13 filhos. Seu pai era alcoólatra, um daqueles sujeitos beberrões que trabalhavam duro, mas que no fim do dia ia até bares barra pesada para arranjar brigas. A forma rude de ser acabou marcando para sempre Richard. Desde cedo ele foi criado aprendendo que homens de verdade bebiam muito e nunca fugiam de uma boa briga de bar. Esse era o modelo masculino que o ator criou em sua mente, fruto de sua criação.

Seu destino era quase certo: ele provavelmente terminaria seus dias trabalhando pesado nas mesmas minas de carvão onde seu pai e seus irmãos mais velhos ganhavam a vida. Richard porém não queria aquilo para si. Por isso se esforçou em seus estudos e acabou ganhando uma bolsa na prestigiada universidade de Oxford. Foi o que mudou toda a sua vida. Na faculdade resolveu estudar arte dramática para quem sabe ser no futuro um ator vivendo de interpretar Shakespeare nos palcos londrinos. Lá se tornou pupilo de Phillip Burton, um talentoso professor de teatro. Como homenagem ao mestre acabou adotando seu sobrenome. Nasceu assim Richard Burton, um dos grandes astros de Hollywood em sua era de ouro.

Em 1948 recebeu uma proposta de trabalho nos Estados Unidos. Nem pensou duas vezes. Hollywood era o ápice para alguém como ele. "Eu Te Matarei, Querida!" marcou sua estreia no cinema americano. Ele funcionou muito bem como galã da estrela Olivia de Havilland. Não fez muito sucesso nas bilheterias, mas serviu para chamar a atenção da crítica. Seu jeito de homem forte, criado na dureza da vida, abriram as portas para filmes de guerra e épicos como "Ratos do Deserto" e "O Manto Sagrado". Depois do sucesso desse último a persona de Burton ficou estabelecida para os estúdios. Ele era ideal para interpretar guerreiros do mundo antigo. Em pouco tempo estrelou outro filme na mesma linha, "Alexandre Magno" onde interpretava Alexandre, o Grande. Sempre que havia um papel de um militar romano ou grego em algum filme, Burton era o nome a se chamar.

Depois de outro sucesso no gênero filmes de guerra, "O Mais Longo dos Dias", Burton estrelou o filme que mudaria novamente sua vida, "Cleópatra". Ele interpretaria o General Marco Antônio com Elizabeth Taylor interpretando a famosa rainha do Egito. Assim que se encontraram no set a atração entre o casal ficou óbvia. Ambos eram casados, mas nem isso impediu que explodisse um romance avassalador entre Burton e Taylor. A imprensa, claro, fez a festa com os rumores e o escândalo. Dois astros casados tendo um relacionamento amoroso público e notório. O filme, uma super produção megalomaníaca, nem fez todo o sucesso que era esperado, mas marcou definitivamente a história do cinema americano.

Com Liz ao lado, Burton procurou mudar sua carreira. Voltou ao seu estilo teatral original estrelando filmes como "Becket, O Favorito do Rei", "A Megera Domada" e "Ana dos Mil Dias". Com Elizabeth Taylor fez vários filmes como "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" e "O Homem que Veio de Longe", todos premiados e elogiados pela crítica. Apesar disso e ter sido indicado por sete vezes à categoria de Melhor Ator, Burton jamais ganhou o prêmio mais cobiçado de Hollywood. Ele era inegavelmente um bom ator, mas ao mesmo tempo tinha uma personalidade complicada que lhe custava muitos votos no Oscar.

Burton bebia muito a ponto de ser considerado alcoólatra por Elizabeth Taylor. Para piorar ele era daqueles bêbados valentões, que distribuía ofensas contra quem estivesse por perto. Por isso quase foi agredido por Marlon Brando quando lhe perguntou por onde andava seus filhos, "aqueles negrinhos". Realmente tinha um jeito de ser pouco equilibrado, o que fez com que se separasse muitas vezes de Liz Taylor. Eles se divorciavam, se casavam de novo e depois se separavam mais uma vez. Não era fácil. Não foi um romance tranquilo. No final, quando já havia estrelado mais de setenta filmes, Burton morreu de cirrose hepática (fruto de seu alcoolismo). Ele tinha ido morar na Suíça, por causa dos altos impostos cobrados nos Estados Unidos e Inglaterra. Bebeu até morrer. Para quem o criticava Burton respondia furiosamente que o seu o pai havia bebido até o fim de seus dias. Não importava sua fama, seu sucesso e sua carreira em Hollywood, sua carga genética falou mais alto e Burton no final das contas terminou a vida como seu pai, um galês beberrão que adorava uma boa briga de bar.

Pablo Aluísio.

7 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Richard Burton
    Pablo Aluísio.

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  2. Eu nunca consegui gostar muito do Richard Burton. Sempre o achei meio afetado.
    Pablo, uma pergunta particular: você tem no seu acervo o filme Elvis o Ídolo Imortal?

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  3. Olá Serge.
    Realmente o Richard Burton desperta mesmo esse tipo de sentimento em alguns fãs de cinema. Sobre o "Elvis, o Ìdolo Imortal" eu teria que procurar nos meus arquivos. Tenho tanta coisa do Elvis que nem sei mais o que eu tenho.

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    1. Eu só perguntei do Elvis porque caso você não tenha esse raro vídeo, eu tenho um arquivo com ele e se você quiser é só me passar um e-mail que te envio. A qualidade não é muito alta, mas da pra assistir perfeitamente e é legendado.

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  4. Obrigado Serge. Esse aí é o conhecido "This is Elvis". Eu acredito que tenho ele em minha coleção, só não sei onde está. Eu devo ter assistido pela última vez há uns cinco anos. O curioso é que foi lançado nos cinemas na época, inclusive no Brasil, mas não fez sucesso de bilheteria. Deu origem a um álbum até muito bom, embora fosse mera coletânea.

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    1. Toda bilheteria que deu fui que adquiri. Vi no cinema umas sete vezes ou mais. kkkkkkk

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