quinta-feira, 6 de abril de 2006

Randolph Scott: A Film Biography

Não só de filmes vive o fã de western. Existe uma grande quantidade de boas obras literárias sobre o tema, inclusive biografias de encher os olhos. Um exemplo é esse “Randolph Scott: A Film Biography” que, como o próprio nome indica, é uma biografia focada na vasta filmografia do ator Randolph Scott, um dos grandes nomes do faroeste em seus anos de ouro. Embora não seja uma edição de luxo e nem tenha sido confeccionada em papel de primeira linha, o livro é muito indicado aos fãs de Scott por causa da vasta coleção de fotos, algumas excelentes e bem raras, tiradas de seus filmes. Além disso há uma vasta fonte de informações para os que se interessam pelo tema.

O texto vai direto no ponto, mas apresenta detalhes técnicos de praticamente todos os filmes do ator. Intercalando tudo temos, como já dito, excelente registro fotográfico de Randolph Scott, quase sempre em atuação, em cena, nos seus memoráveis filmes de western. Assim se torna muito prazeroso a leitura da obra. O livro é bem em conta, nada caro, e pode ser encontrado à venda em sites da internet. São mais de 300 páginas para deleite dos fãs de Scott.

E aqui vão alguns números sobre a carreira do ator. Ele atuou em 109 filmes. O primeiro filme de sua carreira foi "Rumo ao Amor" de 1928. O último foi "Pistoleiro do Entardecer" de 1962. Ele também foi produtor de seus filmes, o que lhe rendeu milhões de dólares em lucros. No final de sua vida ele curtiu uma aposentadoria tranquila. Comprou e abriu campos de golfe (sua paixão nos esportes) e ficou ainda mais rico com esse investimento no mundo dos esportes. Sua companhia cinematográfica atuou até praticamente a década de 1980. Seu filho assumiu o comando dos negócios. O ator morreu em 2 de março de 1987, aos 89 anos de idade.  

Infelizmente como quase sempre acontece nesse tipo de material, não existe ainda uma edição nacional, com texto em português. É lamentável, mas os editores brasileiros ainda não se deram conta da importância desse tipo de livro na coleção de nossos cinéfilos. De uma forma ou outra, fica a dica para você que é fã de western e admirador desse ator símbolo do gênero.

Randolph Scott: A Film Biography / Autor: Jefferson Brim Crow / Editora: Empire Pub / Data da primeira edição: 1994

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Cine Western - Charles Bronson


Cine Western - Charles Bronson
O ator Charles Bronson com figurino de bandido mexicano do deserto nos tempos do velho oeste. Bronson fez muitos personagens nessa linha durante os anos 60.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 4 de abril de 2006

Cine Western - Randolph Scott



Cine Western - Randolph Scott 
O eterno cowboy Randolh Scott no bom filme da Warner Bros, "Colt 45". O astro dos filmes de faroeste fez filmes muito bons nesse estúdio durante a década de 1950.

Pablo Aluísio. 

Gary Cooper

Poucos atores representaram tão bem o ideal do homem americano íntegro e honesto como Gary Cooper. Nascido no começo do século XX (mais precisamente em 1901) esse ator, natural de uma cidadezinha de Montana (Helena), foi um dos mais versáteis interpretes da história do cinema americano, se saindo igualmente bem em faroestes, filmes de guerra, romances, dramas e até comédias. Cooper era filho de imigrantes ingleses e parece ter herdado a elegância britânica de seus pais. Charles Cooper, seu pai, era um fazendeiro que amava os livros, tanto que logo se tornou advogado. Como valorizava muito uma formação educacional logo mandou o filho para a cidade grande onde Gary Cooper se matriculou em uma das melhores escolas da região. Sua sorte era que ainda era bem jovem quando começou a I Guerra Mundial e por isso escapou de ser convocado. Embora não tivesse problemas com os estudos Cooper encontrou a paixão de sua vida em 1925 quando começou a atuar profissionalmente.

E foi em um western, numa participação não creditada de um filme estrelado por Tom Mix, que Cooper começou sua escalada ao sucesso. Como tinha jeito e postura de cowboy a Paramount assinou um contrato com ele. No começo Cooper se limitou a fazer figurações ou personagens secundários. O importante era trabalhar e ficar sempre na espera de uma grande oportunidade. E ela veio através de “Wings” (1927) o primeiro filme a ser premiado com o recém criado prêmio da Academia que ficaria conhecido anos depois como Oscar! Ele não era o principal nome do elenco mas conseguiu chamar a atenção. Em seguida veio outra boa oportunidade rumo ao estrelado, o faroeste “Nevada”, onde Gary Cooper pela primeira vez surgia como a estrela principal do filme. Sua presença nesse faroeste baseado numa novela famosa de autoria de Zane Grey abriu definitivamente as portas do primeiro time de atores de Hollywood para Cooper. No alvorecer da década de 1920 estrelou outro grande sucesso, outro western, “The Virginian” que também contava no elenco com outro ator que iria virar astro dos filmes de cowboys nos anos seguintes, o carismático Randolph Scott.

A partir desse ponto não houve mais atropelos na carreira de Gary Cooper. Ele estrelou sucessivos sucessos na década de 1930 tendo se destacado em filmes maravilhosos como “Adeus às Armas”, “Lanceiros da Índia”, “O Galante Mr Deeds” e “As Aventuras de Marco Pólo”. No final da década recusou o papel de Rhett Butler em “O Vento Levou” por não acreditar no filme. Chegou ao ponto de declarar que a produção provavelmente seria um fiasco e que não estava disposto a arriscar sua carreira naquele papel. Foi um erro que se arrependeria muito depois. Três anos após cometer essa bobagem ele se redimiria em parte ao estrelar o enorme sucesso “Sargento York”, um grande recordista de bilheteria que pretendia repetir o êxito de “E o Vento Levou”. Depois conseguiu outro enorme sucesso de público e crítica em “Por Quem os Sinos Dobram”, filme baseado no romance do grande autor Ernest Hemingway. Por essa época Gary Cooper ultrapassou seu rival Clark Gable na pesquisa anual de popularidade feita por donos de cinema ao redor dos EUA. O prêmio o colocava como o ator número 1 da América e comercialmente o reconhecimento valia mais do que o próprio Oscar. A fase maravilhosa foi coroada no western psicológico “Matar ou Morrer” que lhe valeu a estatueta da Academia. Aqui Gary Cooper interpretava um xerife que enfrentava sozinho um grupo de bandidos. A cidade, em um ato de hipocrisia simplesmente o deixava abandonado à própria sorte. Ao lado de Grace Kelly ele brilhou no papel naquele filme que é considerado a maior obra prima de toda a sua filmografia.

Após duas décadas figurando entre os mais populares do cinema, Gary Cooper finalmente começou a sentir o peso da idade chegando. Durante as filmagens de “Sangue na Terra” sentiu-se mal pela primeira vez em um set de filmagens. As locações no México eram complicadas e o clima hostil. Cooper conseguiu terminar o western à duras penas, retornando aos EUA exausto e doente. Apesar da saúde delicada não procurou ajuda médica. Seguiu em frente pois não parava de trabalhar. O ator que realizou 115 filmes ao longo da carreira não admitia ficar na ociosidade. Quando não havia nada de muito interessante no horizonte ele assinava contrato com a Warner para rodar algum western de orçamento modesto simplesmente para não ficar parado. Era um workaholic assumido. “Vera Cruz” seguiu esse caminho. Era um western sem um grande roteiro, bem violento e centrado em muita ação. Cooper aceitou a proposta de realizar o filme, mesmo em locações distantes (novamente no México). Para sua surpresa o filme caiu no gosto popular e se tornou um de seus maiores sucessos de bilheteria. O profissional estava em uma outra boa fase de sua vida, já o homem começava a fraquejar. Gary Cooper só teria mais alguns anos de vida depois desse filme.

Em seus últimos anos o ator se envolveu em filmes menores mas que não deixavam de ser interessantes. Dessa fase final se destacam “A Árvore dos Enforcados”, um excelente faroeste, e “O Navio Condenado” onde atuou ao lado do colega e amigo Charlton Heston. Seu último filme foi “A Tortura da Suspeita”, uma produção menor, sem muita repercussão. Sempre trabalhando, viajando de um lugar ao outro do país, Gary Cooper negligenciou sua saúde. Quando foi diagnosticado com câncer de próstata já era tarde demais. Católico, sabia que sua hora estava chegando. Ainda recebeu uma última homenagem da Academia mas não havia como comparecer à cerimônia, pois estava muito abatido e doente. Ele morreu em 13 de maio de 1961, poucos dias depois de completar 60 anos de idade. Seu legado para a história do cinema foi maravilhoso. Em 1966, cinco anos após sua morte, o ator entrou para Hall da fama do Western Performers, um prêmio especial dado pelo National Cowboy & Western Heritage Museum de Oklahoma City, Oklahoma. Um reconhecimento mais do que merecido. Gary Cooper é até hoje considerado um dos grandes mitos da sétima arte em todos os tempos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Gene Autry

Em recente pesquisa realizada entre o público americano o nome de Gene Autry se destacou entre os mais lembrados cowboys da história do entretenimento daquele país. Não é para menos. Autry de fato foi um fenômeno de popularidade. Ator, cantor, compositor, apresentador de programas de TV e rádio, empresário de sucesso, ele conseguiu transformar seu nome em uma marca de sucesso, o que lhe rendeu a imortalidade na memória dos fãs, mesmo após tanto tempo do fim de sua carreira.

Foram três décadas de grande sucesso. Autry surgiu no final dos anos 1930 e teve seu auge nas décadas seguintes onde literalmente fez de tudo: estrelou westerns de sucesso no cinema, gravou discos country, protagonizou programas de grande audiência na TV, apresentou programas de rádio e até virou personagem de histórias em quadrinhos. Soube comercializar muito bem seu nome e se tornou um dos homens mais ricos do show business americano.

No cinema foram 93 filmes ao total. É um dos poucos artistas a fazer parte das principais galerias da fama, sendo parte do Country Music Hall of Fame e do Hollywood Walk of Fame em todas as cinco categorias (cinema, TV, música, rádio e apresentações ao vivo). Até nome de cidade virou. O estado americano de Oklahoma o homenageou dando seu nome a uma das cidades. Maior prova de seu legado certamente não há.

O Melhor de Gene Autry:
Cavaleiros do Céu
Cidade Fantasma
Alma Intrépida
O Revólver de Prata
Chamas da Vingança
A Corrida do Diabo
Robin Hood no Texas
Almas Indomáveis

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de abril de 2006

General Custer e a Sétima Cavalaria

Recentemente vendo um documentário exibido pelo canal History me deparei com mais essa especulação histórica, a de que o General Custer e seus homens da Sétima Cavalaria estariam levando algum tipo de tesouro quando foram massacrados. Não existe certeza sobre isso. Historiadores apenas especulam, nada mais do que isso.

De minha parte acredito ser uma suposição um tanto forçada. Quando soldados do exército americano avançavam nos territórios do oeste dominados por nativos e guerreiros selvagens, eles levavam o mínimo possível nessas longas jornadas. No máximo carregavam suas armas e pouco dinheiro para uso pessoal, no caso de alguma emergência. Eram longas cavalgadas oeste adentro, sem nenhum luxo para os militares.

Além disso não vamos nos esquecer que os soldados estavam indo para a guerra e não a passeio. A Sétima Cavalaria contava até com relativamente poucos homens. Estima-se que eram pouco mais de 180 militares, entre oficiais e soldados de baixa patente. Todos eles levavam uma vida dura, muitas vezes se engasgando com o pó das velhas trilhas do velho oeste. O interessante é que muitos deles eram veteranos da guerra civil, entre eles o próprio Custer. Eles não estavam carregando nenhum tesouro nessas missões, mas apenas seus rifles, espadas e ferramentas típicas do exército americano da época.

O documentário do History vai para um lado, vai para o outro, mas não traz nenhuma prova consistente sobre isso. Os índios liderados por Touro Sentado e Cavalo Louco nunca afirmaram nada sobre isso. Eles louvaram os escalpos dos invasores brancos, mas não moedas de ouro que eles por ventura estivessem transportando. Não há provas históricas sobre nada do que é dito nesse programa. Assim o que sobram são apenas palavras ao vento.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de abril de 2006

Os Comanches

O povo Comanche, retratado em tantos filmes, ocupou vastas terras no começo da colonização norte-americana. Suas tribos se localizavam nos atuais Estados do Colorado, Novo México, Oklahoma, Kansas e Texas. Os Comanches eram guerreiros em essência e combateram os primeiros espanhóis que chegaram nas novas terras. Foram justamente esses aventureiros que deram o nome aos nativos numa expressão que significava "inimigo estrangeiro". O termo Comanche não era usado pelos próprios nativos que se autodenominavam apenas de "O Povo".

Além de guerreiros por natureza os Comanches desde muito cedo dominaram a arte da cavalaria. Para um jovem Comanche o cavalo nada mais era do que uma extensão de seu próprio corpo. Formando grandes grupos de cavaleiros os Comanches logo dominaram vastas paisagens do interior americano, subjugando nesse processo vários outros povos nativos.

Envolvidos em vários conflitos nas chamadas grandes planícies, os Comanches acabaram sofrendo bastante em razão do grande número de mortos nesses conflitos. Quando o homem branco chegou na nova terra a situação se agravou pois logo surgiram os primeiros focos de conflito com o novo conquistador. As tropas da cavalaria do exército norte-americano logo provocoram grandes baixas no número de Comanches, uma situação que se refletiu no futuro pois atualmente existem pouco mais de 14 mil Comanches vivendo em reservas do governo.

Além das guerras outro fator contribuiu para o declínio da nação Comanche. Sua estrutura de poder era totalmente descentralizada onde um cacique geralmente tinha o pleno domínio de apenas alguns indivíduos. Em pouco tempo esse sistema acabou criando centenas de grupos independentes um dos outros, gerando inclusive conflitos entre eles mesmos. Dispersos, muitos se dedicaram então ao roubo de cavalos dos pioneiros que reunidos em bandos os caçavam como simples criminosos. Ao longo dos anos as guerras, os conflitos e a descentralização de poder entre eles os relegou a pequenos grupos dispersos. Esse realmente foi um povo que pagou um alto preço por sua bravura, independência e espírito guerreiro.

Pablo Aluísio.

O Pistoleiro do Rio Vermelho

O Pistoleiro do Rio Vermelho
Ontem assisti ao filme "O Pistoleiro do Rio Vermelho" (The Last Challenge, EUA, 1967). Sempre é bom conhecer ou rever filmes americanos de faroeste, principalmente das décadas de 40, 50 e 60, onde geralmente se situam as melhores produções da história do cinema ianque. Naqueles tempos o Western era extremamente popular e rendia excelentes bilheterias. Também eram filmes muito lucrativos pois custavam pouco, geralmente sendo rodados nos desertos do Arizona e Califórnia. Os estúdios aliás ganhavam grande parte de seus recursos justamente nesse tipo de produção. Se havia necessidade de melhorar as receitas nada mais era tão indicado como a produção de filmes desse gênero.

Ao longo do tempo a regularidade levou vários atores a se tornarem ícones desse estilo como John Wayne, Randolph Scott, Alan Ladd, etc. O caso de Glenn Ford era um pouco diferente. Ele não era um astro cowboy por excelência. Realmente chegou a atuar em muitos faroestes, mas era mais regular em dramas, filmes de aventura ou de guerra. Tanto isso é verdade que seu filme mais lembrado até hoje é "Gilda", um filme com ares de noir que acabou virando um cult para a crítica americana (status que só foi adquirido com o tempo já que em seu lançamento o filme se notabilizou mais pela bela presença de Rita Hayworth do que por qualquer outra coisa).

Assim Ford era considerado acima de tudo um astro eclético, embora nunca chegasse a ser reconhecido como grande ator. Ele era um tipo, uma espécie de estereótipo cinematográfico. Se formos pensar apenas em seus filmes de western veremos que Ford nunca chegou a atuar em um grande clássico, em uma obra prima tal como aconteceu muitas vezes com John Wayne. Na verdade ele se especializou em filmes B, baratos, que não tinham maiores pretensões a não ser render uma boa bilheteria para pagar os custos da produção e gerar algum lucro. Esse é o caso de "O Pistoleiro do Rio Vermelho". Não há uma excelente produção em cena. O filme, como todos da MGM, era certamente bem produzido, com boas locações, mas passava longe de ser uma superprodução.

Quando a fita chegou nos cinemas por volta de 1967 o western já estava saindo lentamente de moda. O público era mais velho e os jovens estavam interessados em outras coisas (não nos esqueçamos que foi nesse mesmo ano que aconteceu o verão hippie, do amor livre e do flower power). Havia muita LSD e maconha rolando entre os jovens cabeludos. Nenhum deles teria interesse em ver um filme de cowboy com um roteiro que soava até mesmo fora de época. E os valores? Será que algum jovem queria mesmo ver um duelo no velho oeste para determinar quem seria o gatilho mais rápido do Arizona? Acredito que não. Assim o que temos aqui é um filme de orçamento restrito, já meio fora de moda, com um astro já aparentando um certo cansaço.

O único interesse talvez viesse da presença da atriz Angie Dickinson, uma loira bonita, com cabelos de hippie (mesmo que o filme fosse passado no velho oeste) e personalidade feminista à frente de seu tempo (no roteiro ela era dona de um saloon, não se importando em ser falada na cidade). Outro ponto interessante é o fato de que o filme foi dirigido por Richard Thorpe. Quem é fã de Elvis Presley certamente saberá de quem se trata. Ele dirigiu dois dos mais populares filmes de Elvis: "O Prisioneiro do Rock" em 1957 e "O Seresteiro de Acapulco" de 1963. O primeiro é um marco na história do rock no cinema e o segundo um clássico da Sessão da Tarde dos anos 70 e 80. Esse faroeste foi seu último filme, afinal ele já havia dirigido quase 180 filmes desde que começou em Hollywood em 1923 (ainda na era do cinema mudo). Já era mesmo tempo de se aposentar da sétima arte.

Pablo Aluísio.