quinta-feira, 4 de setembro de 2025
Abaixo da Superfície
K-19: The Widowmaker
No meio de tantas intervenções do astro principal no filme (ele chegou até mesmo a implicar com o material promocional do filme), o estúdio não teve outra alternativa a não ser aceitar tudo de forma passiva. Afinal Harrison Ford era um dos maiores campeões de bilheteria da história do cinema americano e tinha certamente força para fazer impor sua vontade. Quando o filme finalmente foi lançado porém as expectativas logo se transformaram em decepções. O público não comprou a idéia do filme e “K-19”, assim como o submarino que retratava em seu enredo, afundou de forma desastrosa nas bilheterias. A verdade é que o filme não empolga, não convence. Ford está especialmente ruim em sua caracterização mais parecendo um lunático do que um oficial graduado das forças armadas soviéticas. Junte-se a isso os problemas de ritmo e as forçadas de barra do roteiro. “K-19” também foi alvo de criticas por parte dos familiares dos marinheiros mortos no evento real e dos veteranos da marinha que acharam tudo um grande desrespeito. Definitivamente foi uma película de guerra que não deu muito certo.
K-19: The Widowmaker (Idem, Estados Unidos, 2002) Direção: Kathryn Bigelow / Roteiro: Louis Nowra, Christopher Kyle / Elenco: Harrison Ford, Liam Neeson, Sam Spruell, Peter Stebbings, Christian Camargo / Sinopse: Submarino das forças armadas russas é levado a uma missão onde testará todos os seus limites, colocando EUA e o império vermelho em rota de colisão. Baseado em fatos reais.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 3 de setembro de 2025
Frankenstein e o Monstro do Inferno
Mortos que Matam
O roteiro é muito bom. Jogando inclusive com o lado mais psicológico do protagonista. Quando o filme começa ele já está há três anos isolado, vivendo completamente sozinho. A mente começa assim a torturar seus pensamentos. O filme se desenvolve muito bem e tem um desfecho que achei bem surpreendente, na cena da igreja. Com ecos de terror e também sci-fi dos anos 50, esse "Mortos que Matam" conseguiu vencer a barreira do tempo por causa de seu enredo muito original e inteligente. E quando tinha um bom material em mãos, o mestre Vincent Price brilhava com todo o seu talento.
Mortos que Matam (The Last Man on Earth, Estados Unidos, 1964) Direção: Ubaldo Ragona, Sidney Salkow / Roteiro: William F. Leicester, Richard Matheson / Elenco: Vincent Price, Franca Bettoia, Emma Danieli / Sinopse: Vincent Price interpreta o último homem na Terra. Um cientista que após a morte da família e a destruição da civilização por um vírus mortal, tenta viver um dia de cada vez, enquanto é cada vez mais cercado por zumbis infectados pela estranha doença altamente contagiosa.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 2 de setembro de 2025
Consciências Mortas
Consciências MortasImpossível não lembrar do extraordinário clássico e com o mesmo Henry Fonda, "12 Homens e Uma Sentença" produzido 14 anos depois. O enredo impecável revela a mão pesada que faz mover a roda da estupidez humana. É o ódio cego que transforma homens em bestas; inocentes em mortalhas, fazendo brotar em cada um daqueles vaqueiros os piores sentimentos possíveis. É o grito surdo da covardia, da injustiça e da terrível justiça com as próprias mãos. O filme é tão bom, que pouco a pouco o pequeno Vale de Ox-Bow vai se moldando à imagem e semelhança daquela trupe insana que busca vingança a qualquer preço; é a sombra negra do gólgota que pulveriza a justiça, negando, aos três infelizes, um julgamento decente e humano - apesar dos constantes apelos do forasteiro Gil Carter. A horda insana transforma Ox-Bow numa distopia monumental regada a muita ira e muita injustiça. A categoria do triunvirato formado por Henry Fonda, Dana Andrews e Anthony Quinn, dá um toque especial a um roteiro espetacular, capitaneado por uma direção primorosa de Welman. O final é arrebatador, surpreendente e emocionante. Realmente, um dos faroestes mais marcantes já produzidos. Nota 10
Consciências Mortas (The Ox-Bow Incident, EUA, 1943) Direção Willian Wellman / Roteiro: Lamar Trotti baseado na obra de Walter Van Tilburg Clark / Elenco: Henry Fonda, Dana Andrews, Mary Beth Hughes, Anthony Quinn, Willian Eythe, Harry Morgan, Jane Darwell, Frank Conroy / Sinopse: Neste western dois forasteiros tentam impedir o linchamento e enforcamento de três homens que provavelmente são inocentes na realidade.
Telmo Vilela Jr.
Rebelião de Bravos
Rebelião de Bravos"Rebelião de Bravos" é um bang bang autêntico, ou seja, há muitos tiroteios, emboscadas, batalhas. O roteiro é levado para o lado da ação em detrimento de outros aspectos, como por exemplo, o desenvolvimento dos personagens. Esses obviamente são bem unilaterais, os mocinhos são virtuosos e os bandidos são o supra sumo da maldade. George Montgomery faz um Capitão de boas intenções que acaba tendo que sucumbir aos aspectos políticos de ter que defender os índios em desfavor dos brancos. No saldo final o filme, que é bem curtinho (pouco mais de 70 minutos) consegue entreter o fã de faroestes ao estilo bang bang, sem maiores pretensões do que apenas divertir com muitas lutas entre soldados e índios.
Rebelião de Bravos (Indian Uprising, EUA, 1952) Direção: Ray Nazarro / Roteiro: Keneth Gamet, Richard Schaver / Elenco: George Montgomery, Audrey Long, Carl Benton Reid, Miguel Incian / Sinopse: Brancos, Apaches e a cavalaria norte-americana entram em conflito pelas posses de terras com minas de ouro no Arizona do século XVIII. Para apaziguar a região é enviado o Capitão Chase McCloud (George Montgomery).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV
O filme "O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV" conta parte dessa história. Um belo filme assinado pelo talentoso cineasta Roberto Rossellini. No enredo Luís XIV, Rei absolutista da França, precisa lidar com as crises de seu governo, as intrigas palacianas e as paixões dentro da corte, enquanto organiza muito luxo e riqueza para ostentar de forma suntuosa nos corredores de seus palácios reluzentes. Não é para menos que o monarca passaria para a história conhecido como "O Rei Sol". É o cinema reconstruindo uma era de excessos, de exploração e também de muita injustiça. Uma palavra mal colocada na frente desse tipo de monarca poderia resultar em uma execução sumária.
O interessante é que o roteiro enfoca basicamente os primeiros anos do reinado do "Rei Sol", Luís XIV (1643-1715), o maior monarca absolutista da França. É sem dúvida um belo filme que se concentra nos detalhes de cotidiano da corte do afetado monarca francês. Apreciei a reconstituição histórica e a rica produção desse filme. Mostra acima de tudo que debaixo das perucas e dos babados, o Rei era um homem também extremamente inteligente e ciente do que ocorria em seu país e não apenas o alienado fútil e alheio ao mundo ao redor que geralmente emerge das páginas de alguns livros de história.
Outro aspecto que deve ser considerado é que no cinema europeu, de uma forma geral, temos um outro ritmo, um tipo diferente de dramaturgia. Nada de licenças poéticas e invencionices, tão comuns em filmes americanos. Roberto Rossellini procura ser o mais realista possível, sem arroubos insanos ou espaço para coisas desnecessárias. No final de tudo o que temos é de fato um filme realmente excepcional, muito recomendado e bem fiel aos fatos históricos reais. É uma lição histórica importante, mostrando inclusive o contexto em que iria surgir as primeiras obras iluministas, que iriam denunciar justamente as injustiças desse tipo de poder absoluto.
O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV (La Prise de Pouvoir Par Louis XIV, França, 1966) Estúdio: ORTF / Direção: Roberto Rossellini / Roteiro: Philippe Erlanger, Jean Gruault / Elenco: Jean-Marie Patte, Raymond Jourdan, Silvagni / Sinopse: O filme "O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV" é uma superprodução histórica do mestre Roberto Rossellini e conta a história do rei francês que se tornou símbolo de uma era em que a mera vontade dos monarcas não tinha limites, era a lei absoluta. Filme indicado no Cahiers du Cinéma como melhor filme do ano.
Pablo Aluísio.
Tarzan na Terra Selvagem
Título Original: Tarzan's Peril
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Byron Haskin
Roteiro: Samuel Newman
Elenco: Lex Barker, Virginia Huston, George Macready, Douglas Fowley, Glenn Anders, Dorothy Dandridge
Sinopse:
O famoso personagem Tarzan, criado pelo escritor Edgar Rice Burroughs, surge em uma nova aventura onde precisa enfrentar um grupo de traficantes de armas na África selvagem, enquanto busca pacificar tribos rivais da região, pois estão em uma guerra brutal e violenta.
Comentários:
O ator Lex Barker (1919 -1973) foi um dos muitos que tentaram seguir em frente com o personagem Tarzan após a aposentadoria de Johnny Weissmuller no papel, numa grande série de filmes de sucesso. Não foi uma tarefa fácil. Barker não era tão carismático e nem tinha tanto apoio assim dos fãs de Tarzan na época. Ele vinha de uma série de aventuras de pequeno orçamento, filmes B. Ele tinha atuado em coisas como "Dick Tracy Contra o Monstro". Seu primeiro filme como Tarzan foi "Tarzan e a Montanha Secreta", seguido de "Tarzan e a Escrava", "Tarzan e a Fúria Selvagem", terminando com "Tarzan e a Mulher Diabo" em 1953. Nenhum desses filmes chegou a ser um grande sucesso de bilheteria. Apenas mantinham o personagem Tarzan em cartaz nos cinemas. Como se pode perceber Lex Barker não ficou muitos anos interpretando o herói das selvas, mas até que fez bastante filmes nesse período. De uma forma ou outra esse filme aqui ficou bem na média das produções na época. O estúdio RKO já não tinha mais tanto dinheiro para financiar filmes de Tarzan, por isso as produções eram bem mais modestas. Porém no quesito diversão e aventura os filmes ainda mantinham um certo padrão de qualidade, para a felicidade da garotada dos anos 50.
Pablo Aluísio.
domingo, 31 de agosto de 2025
Samaritano
sábado, 30 de agosto de 2025
Mad Max - Estrada da Fúria
Título no Brasil: Mad Max - Estrada da Fúria
Título Original: Mad Max - Fury Road
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Village Roadshow Pictures
Direção: George Miller
Roteiro: George Miller, Brendan McCarthy
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays-Byrne, Riley Keough
Sinopse:
Max Rockatansky (Tom Hardy) vaga por um mundo destruído e sem esperanças. Os bens mais valiosos do que restou da humanidade e da civilização são a gasolina para os motores e a água para a sobrevivência em um mundo deserto e hostil. Durante sua jornada ele acaba sendo feito prisioneiro por uma comunidade liderada por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), um homem conhecido por sua violência e pulso de ferro para com os seus prisioneiros de guerra, que usa como meras bolsas de sangue para seus guerreiros feridos. Tentando escapar de suas garras a jovem combatente Furiosa (Charlize Theron) resolve fugir para o deserto usando uma de suas máquinas de guerra. Com ela segue um grupo de jovens que se transformaram com os anos em verdadeiras escravas sexuais de Joe. Para Max essa pode ser a chance de finalmente recuperar sua liberdade perdida, mesmo que antes disso ele precise sobreviver a uma caçada mortal pelas areias do deserto.
Comentários:
É incrível que mesmo após tantos anos o diretor George Miller tenha sido tão inovador em uma franquia que ele mesmo criou, lá nos distantes anos 1970. Miller poderia ter optado por realizar um reboot preguiçoso, sem maiores inovações, até mesmo porque ele com a trilogia "Mad Max" original já entrou definitivamente na história do cinema. Seu grande mérito foi não ter se acomodado nas glórias passadas, procurando reinventar a todo momento sua maior criação. Esse novo filme é um primor de inovação. O diretor optou por uma linguagem bem mais moderna, histérica, insana e sem controle. Não há momentos para pausas ou descansos na mente do espectador. "Mad Max - Fury Road" é pura pauleira, da primeira à última cena. É literalmente um veículo sem freios cruzando o deserto sem fim. O enredo é simples, como convém a esse tipo de filme de ação, mas isso em nenhum momento surge como um defeito, pelo contrário, em torno de sua história nitidamente simplória Miller acelera e explode a tela com sensacionais cenas de puro impacto narrativo. Optando por um fotografia saturada e excessiva, o diretor acabou criando um mundo pós-apocalíptico como poucas vezes se viu. A questão é que esse tipo de estilo cinematográfico foi praticamente todo criado por Mad Max e após tantos anos de imitações baratas o produto que deu origem a tudo poderia soar banal e repetitivo. Para evitar esse tipo de armadilha Miller procurou inovar e nesse processo acabou sendo realmente brilhante.
Ouso até escrever que esse filme só não é superado pelo original de 1978 e isso por causa de sua importância histórica. Em termos de fluidez e ritmo nenhum outro filme da série se assemelha a nada do que se vê por aqui. Miller transformou acidentes espetaculares em pura obra de arte visual, totalmente alucinada, mas mesmo assim de uma beleza incrível! O elenco também se destaca, a começar por Charlize Theron. Para interpretar a guerreira Furiosa ela teve que ter parte de seu braço apagado digitalmente. Um trabalho visual simplesmente perfeito. Tom Hardy como o novo Max tampouco decepciona. Suas cenas iniciais mostram bem a luta pela sobrevivência nesse mundo em ruínas. O ator, que teve inúmeros problemas relacionados a abuso de drogas no passado, confessou depois em entrevistas que acabou se identificando com o estilo alucinante do filme. É bem por aí mesmo, o novo "Mad Max" chega a ser lisérgico! Caótico é pouco para definir. O resultado de tantas peças chaves bem colocadas no tabuleiro da produção se traduziu em um belo sucesso de público e crítica, a tal ponto que o estúdio já anunciou sua continuação, "Mad Max - The Wasteland" com a mesma equipe técnica e elenco. Se Mad Max continuar tão bom como nesse "Fury Road" novas sequências serão mais do que bem-vindas.
Pablo Aluísio.








