terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 7

Depois de atuar em um drama chamado "Sonho Desfeito" onde interpretava um jovem médico que tentava superar a morte de sua esposa, o ator Randolph Scott voltou para os filmes de faroeste. A nova produção se chamava "O Último Assalto" (The Last Round-Up, EUA, 1934). Aqui já vejo Scott bem no tipo de papel que iria se eternizar em sua filmografia nos anos que viriam pela frente.

O filme era uma refilmagem de uma produção do cinema mudo. Um faroeste B dirigido por um grande diretor, o sempre lembrado Henry Hathaway, um dos cineastas mais consagrados da era de ouro do cinema americano. Na trama Randolph Scott interpretava um ex fora-da-lei que só tinha um sonho: se casar com a garota que amava para depois tocar seu rancho em paz. Tudo porém vai por água abaixo quando uma quadrilha de ladrões de gado chegava em sua região para espalhar medo e terror. Ao mesmo tempo velhos comparsas o seduziam para realizar um último roubo a banco, algo que o coloca em uma situação bem delicada.

"Amor em Trânsito" (Wagon Wheels, EUA, 1934) veio logo a seguir. Mais um filme de western. Aqui o estilo foi mais focado para a pura ação, o que os americanos gostam de denominar de um autêntico filme bang-bang. No enredo um trem em disparada atravessava o oeste selvagem enquanto todos procuravam detê-lo de alguma forma, sejam os habituais bandoleiros, ladrões de trens e locomotivas, sejam os próprios índios em busca de escalpos dos homens brancos que ousavam invadir suas terras com aqueles "cavalos de metal".

Bem movimentado, foi uma parceria bem sucedida entre o ator Randolph Scott e o diretor Charles Barton. Novamente o roteiro era inspirado em um livro de western escrito por Zane Grey que foi um dos escritores mais populares da época nesse tipo de gênero cinematográfico, tendo vários de seus romances adaptados para as telas de cinema. Mais um western produzido pela Paramount Pictures, que seria um estúdio muito habitual para Scott nessa fase de sua carreira no cinema.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Cortina Rasgada

Assisti a esse filme pela primeira vez nos anos 80. Fiquei com altas expectativas, porque, afinal de contas, era um filme dirigido por Alfred Hitchcock e estrelado por Paul Newman. Grandes nomes do cinema em sua era clássica. Só que, sendo sincero, as expectativas não foram plenamente satisfeitas. A realidade é que eu não gostei muito do filme. E qual seria a razão? Olhando para trás, penso que o material original não era adequado para um diretor como Alfred Hitchcock. Era uma história de espionagem com poucas nuances de suspense para o mestre do suspense trabalhar. De certa maneira, esse roteiro não escapava das armadilhas do cinema na época da guerra fria. Trocando em miúdos, o roteiro muitas vezes, caia nas garras do puro propagandismo do regime norte-americano. Sim, o material original tinha muita propaganda política em sua história. Uma pena, já que nomes tão importantes da história do cinema poderiam certamente render um filme melhor. 

No enredo, Paul Newman interpretava um cientista americano que começava a colaborar com os soviéticos. Ele agia como um traidor da pátria, mas na realidade era um espião infiltrado para passar informações erradas aos comunistas. Um típico caso de contraespionagem. As coisas no começo saíram bem, mas logo perderiam o rumo, fazendo com que até mesmo a sua noiva entrasse nessa trama de espionagem, uma trama mortal, uma vez que naquela época era normal o assassinato de espiões infiltrados nas linhas inimigas. Um  jovem Paul Newman, ainda em sua fase de galã de cinema, roubava todas as cenas. É uma das poucas coisas mais interessantes do filme. O roteiro apresentava muitos problemas de ritmo, com acentuada lentidão. E o mestre do suspense acabou sem ter material de suspense para trabalhar. Assim não dava mesmo para fazer um filme melhor.

Cortina Rasgada (Torn Curtain, Estados Unidos, 1966) Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: Brian Moore, Willis Hall / Elenco: Paul Newman, Julie Andrews, Lila Kedrova / Sinopse: Paul Newman interpreta um cientista dos Estados Unidos que entra em um jogo mortal de contraespionagem entre espiões soviéticos e norte-americanos durante a era da guerra fria.
Pablo Aluísio.

Perversa Paixão

Esse filme marcou a estreia na direção de Clint Eastwood. Na época que foi anunciado que ele iria ser diretor de seu próximo filme, muita gente não levou fé nele. Afinal, ele era vista apenas como um ator que interpretava os tipos durões em filmes de ação, policial ou faroeste. Quando o filme surgiu nos cinemas, a crítica se surpreendeu completamente. Clint não era apenas habilidoso para fazer um bom filme, mas também conseguia manter o suspense em um nível elevado. E esse filme, de certa forma, nada tinha a ver com os filmes de seu passado. Havia nuances de um drama adulto mostrando um radialista que dava a chance de encontrar uma fã que ouvia seu programa de rádio. Esse programa era feito nas madrugadas com muita música romântica. Então, o personagem de Clint pensava que ela queria apenas um encontro de fim de noite. Para seu azar, era uma mulher obcecada que não estava interessada muito em romantismo, mas sim em satisfazer sua veia obsessiva. 

Assisti pela primeira vez há muitos anos em um Supercine, da Rede Globo, ainda nos anos 80. Assim como a crítica que havia gostado muito do filme em seu lançamento original, eu também me surpreendi com o resultado. O personagem de Clint não tem nada de heróico, nem age como um durão valentão das ruas. Ele é apenas um cara comum que se vê em uma situação muito triste, lamentável e perigosa. De certa forma, lembrava até mesmo que iria acontecer com John Lennon quando foi morto por um fã insano dos Beatles. O roteiro relembra que o termo fã vem de fanatismo, por isso não se pode brincar muito com esse tipo de relação entre ídolo e fã. Tudo pode acabar mal.

Perversa Paixão (Play Misty for Me, Estados Unidos, 1971) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Dean Riesner / Elenco: Clint Eastwood, Jessica Walter, Donna Mills / Sinopse: Radialista de um programa noturno de músicas românticas, se envolve em uma situação extremamente perigosa ao se encontrar com uma fã insana de seu programa de rádio.

Pablo Aluísio. 

domingo, 1 de janeiro de 2023

Mandamentos de um Serial Killer

Mandamentos de um Serial Killer 
Série belga, contando com 13 episódios, que está disponível na plataforma Netflix. Lançada originalmente na Bélgica no ano de 2017 e ficando no ar até 2018. Como foi uma série policial de muito sucesso de audiência em seu país, acabou sendo disponibilizada na famosa plataforma mundial de streaming. Vamos aos comentários dos episódios.

Mandamentos de um Serial Killer 1.01
Nesse primeiro episódio, somos apresentados aos principais personagens. Temos um policial veterano já meio cansado da vida e da carreira. Ele passa a ser parceiro de uma jovem policial que não se deu muito bem no outro departamento em que trabalhava. Assim, ela acabou sendo enviada para o setor de homicídios. E logo surge um caso intrigante. Uma pessoa encontrada morta. Ela Foi assassinada em um espécie de ritual. 

No local do crime, há referências a um dos 10 mandamentos. Obviamente se trata de um serial killer, atuando por motivos religiosos. Esse tipo é dos mais perigosos, pois geralmente é uma pessoa inteligente, com método e organização na morte de suas vítimas. Então os policiais precisam se organizar, pois vão ter muito trabalho pela frente. Bom episódio que funciona muito bem como o cartão de visitas da série. / Mandamentos de um Serial Killer 1.01 (Bélgica, 2017) Direção: Maarten Moerkerke, Max Osswald / Elenco: Dirk van Dijck, Marie Vinck, Karlijn Sileghem.

Pablo Aluísio.

Pixels

Temos aqui mais um filme com o Adam Sandler. Isso significa que a primeira coisa que o cinéfilo deve fazer é ficar com as expectativas baixas. Esse ator e comediante americano não ficou conhecido exatamente por fazer bons filmes ao longo de sua carreira. Na verdade, ele fez algumas das bombas cinematográficas mais constrangedoras dos últimos anos. Apesar disso, devo dizer que esse Pixels é bem divertido. Sim, há uma sucessão de piadinhas sem graça. Sim, o elenco parece não levar nada muito a sério. De qualquer forma, essas características que poderiam ser ditas como negativas fazem parte do jogo de um filme como esse. Afinal, o próprio roteiro e a história são bem bobocas. 

Uma civilização extraterrestre tem contato com antigos jogos da Terra, de games lançados durante os anos 80. Jogos do tipo Atari e outras companhias daquela época. Quem viveu os anos 80 certamente vai se lembrar. Então eles decidem atacar o nosso planeta justamente usando esses personagens dos games antigos. Então o filme traz coisas como o pac-man atacando Nova Iorque. Ficou até mesmo nostálgico em certa medida. Os efeitos especiais são muito bem feitos, mas algumas coisas me incomodaram um pouco. Tentando imitar a tecnologia dos anos 80, os games são altamente "pixelizados". De qualquer forma, está aí um filme leve, divertido, para passar o tempo sem maiores compromissos. Pura pipoca!

Pixels (Estados Unidos, 2015) Direção: Chris Columbus / Roteiro: Tim Herlihy / Elenco: Adam Sandler, Kevin James, Michelle Monaghan, Peter Dinklage, Brian Cox, Sean Bean / Sinopse: Uma civilização extraterrestre decide atacar a Terra usando personagens de vídeo games dos anos 80. E apenas um garoto bom de game daquela época poderá vencê-lo nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

sábado, 31 de dezembro de 2022

Feliz 2023

Feliz ANO Novo com muita cultura!
Happy New Year with lots of culture
Bonne année avec beaucoup de culture

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

A Escavação

Enquanto o cinema americano vai vivendo de adaptações em quadrinhos, o cinema inglês mantém sua qualidade e elegância. Roteiros mais bem elaborados, valorizando relações humanas, eis o que temos aqui nessa boa produção. O filme conta a história de uma jovem senhora que fica intrigada com montes nos fundos de sua propriedade rural. Os povos que vivem naquela região dizem que são túmulos antigos. Ela, então, decide contratar um escavador quase amador para explorar o local. Acaba fazendo uma descoberta arqueológica incrível, pois há um grande barco enterrado ali. Provavelmente foi enterrado em homenagem a um grande líder guerreiro do passado, cujo nome se perdeu. Também são encontrados artefatos de ouro de grande valor. É claro que tudo isso desperta atenção da imprensa e das autoridades que logo designam arqueólogos profissionais para cuidar da escavação. Ela estava tentando valorizar o escavador original, um velho senhor que se sente ressentido por não terem dado a ele todo o crédito pela descoberta daquele túmulo medieval. 

Muito bom Filme, gostei realmente. Uma das coisas que me chamaram a atenção foi o fato da atriz Carey Mulligan estar interpretando uma jovem senhora que está morrendo de câncer. Ela está bem envelhecida no filme, o que me deixou muito surpreso, pois não faz muito tempo assisti filmes em que ela interpretava adolescentes rebeldes. Então isso traz, de certa forma, a constatação de como o tempo passa rápido. O filme se baseia muito na relação de sua personagem com a do velho escavador. Ele não tem títulos acadêmicos e nem é um arqueólogo profissional. Por isso é visto meio como um mero amador pelos arqueólogos do museu de Londres. E descobrimos que ele só foi devidamente reconhecido recentemente pela descoberta arqueológica, ou seja, foram décadas para que se dessem os devidos créditos a ele. O mundo acadêmico realmente tem um elitismo lamentável. 

A Escavação (The Dig, Inglaterra, 2021) Direção: Simon Stone / Roteiro: Moira Buffini, John Preston / Elenco: Carey Mulligan, Ralph Fiennes, Lily James / Sinopse: O filme conta a história de uma escavação amadora feita em uma propriedade rural inglesa que acabou revelando ao mundo um antigo barco da era medieval que foi transformado em um túmulo de um rei antigo, com muitos artefatos de ouro. Algo de extremo valor para arqueologia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Drácula

Minissérie produzida pela BBC que está disponível na Netflix. Conta com 3 episódios longos, com média de cada um de 90 minutos de duração. O público se dividiu entre aqueles que gostaram do resultado e aqueles que não curtiram essa nova adaptação do livro de Bram Stoker. Realmente é uma série que tem altos e baixos. Há uma irregularidade entre os episódios. O primeiro e o segundo episódio são muito bons, com uma maior fidelidade ao livro original. Já o terceiro episódio, que foi criticado por muitos, realmente tem problemas. O primeiro é o mais fiel ao livro. Basicamente, é exatamente o que se lê no texto de Bram Stoker. Um jovem advogado vai até o castelo de Drácula para que ele assine a transferência de propriedades que está comprando. Claro que ele acaba caindo numa armadilha terrível. O castelo não é apenas um labirinto, mas também um arapuca mortal. Conforme o vampiro vai se alimentando do advogado, ele vai ficando mais jovem. O segundo episódio mostra a viagem de Drácula para Londres. No livro essa viagem não é tão bem explorada, mas aqui trouxeram inovações que achei criativas e bem realizadas. Esses 2 primeiros episódios são irretocáveis. 

Já o terceiro episódio é um pouco problemático. Ele traz Drácula para os nossos dias. O velho Conde obviamente estranha tecnologias e inovações, mas logo se torna adepto deles e se sente muito à vontade usando celulares, computadores, etc. O final apresentado foi controvertido. Existem aqueles que odiaram o que aconteceu. A minha opinião é que o desfecho é fraco e realmente, em certos aspectos, muito forçado. Mesmo assim, há de se elogiar a tentativa de se criar algo novo em um personagem tão antigo. Adaptações de livros clássicos de terror precisam mesmo se renovar de alguma forma, mesmo que adotem opções que eu mesmo, pessoalmente, não adotaria. De qualquer forma, apesar desse terceiro episódio, eu diria que o saldo geral é positivo. É uma boa minissérie  e o ator Claes Bang que interpreta Drácula merece todos os elogios. Ele tenta ser sofisticado, mas no fundo não passa de uma besta, uma fera sedenta por sangue humano. Essa é a mais pura e fiel essência do personagem original. 

Drácula (Dracula, Inglaterra, 2020) Direção: Jonny Campbell, Paul McGuigan, Damon Thomas / Roteiro: Mark Gatiss, Steven Moffat / Elenco: Claes Bang, Dolly Wells, Morfydd Clark / Sinopse: Minissérie produzida pelo canal BBC, que conta a história do vampiro e nobre Drácula. Uma nova adaptação em uma nova visão sobre esse personagem clássico do mundo da literatura de terror do século 19.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Parte 2

"Treat Me Nice" pode ser considerada a melhor canção dessa trilha sonora, claro logo após "Jailhouse Rock". O tema foi composto pela dupla Leiber e Stoller, grandes nomes do surgimento do rock. Curiosamente uma série de versões foram gravadas. Uma mais aprimorada foi gravada em estúdio para ser lançado no compacto duplo que traria as músicas do filme. Essa mesma versão também foi aproveitada no single. Já outra, bem mais simples, foi gravada para ser usada na cena do filme, quando Elvis a interpreta.

Particularmente prefiro a versão do filme. Aliás ela só estaria à disposição dos fãs em disco muitos anos depois, em vinil, No meu caso tive acesso através do LP "The Great Performances". Infelizmente, como bem se sabe, Jerry Leiber e Mike Stoller seriam afastados da carreira de Elvis pelo Coronel Tom Parker. Eles escreveram inúmeros sucessos comerciais para o cantor, mas nem isso convenceu Tom Parker. Ele achava que a dupla cobrava alto demais pelas músicas. Veja que visão medíocre do empresário. É óbvio que cobravam acima da média, já que eram ótimos compositores. O velho Coronel Parker porém pensava como puro comércio, sem se importar com o aspecto artístico da situação. Lamentável.

E como grande parte da trilha sonora de "Jailhouse Rock" foi mesmo composta por Leiber e Stoller, outra faixa gravada feita por eles foi "I Want To Be Free". Essa nunca chegou a fazer sucesso. Como o próprio Leiber explicaria anos depois essa música era "um tema de prisão", ou seja, imaginemos o sujeito ali preso vendo a janela onde avista um pássaro, com toda a sua liberdade para voar para onde quiser. É o próprio conceito de ser livre. Para alguém que estava preso não poderia haver alegoria melhor.

Esse tema inclusive me lembra um filme clássico chamado "O Homem de Alcatraz". Nesse excelente filme um prisioneiro de Alcatraz ajudava um passarinho ferido que havia caído na janela de sua cela. Isso acabaria despertando nele o desejo de aprender a ciência que estudava esses animais. Depois de longos anos lendo e estudando em sua prisão ele acabaria se tornando um dos maiores especialistas do tema nos Estados Unidos. História real, que realmente aconteceu. O nome dele era Robert Franklin Stroud e foi interpretado no cinema pelo grande Burt Lancaster. Claro que "O Prisioneiro do Rock" não tinha toda essa densidade dramática, mas de qualquer forma vale a analogia cinematográfica. Afinal ambos os filmes, cada um ao seu modo, tinha como protagonista um prisioneiro.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

James Stewart e o Western - Parte 2

Como eram muito populares, os filmes de faroeste logo se tornaram o caminho natural para muitos atores de Hollywood durante a era de ouro do cinema clássico americano. Assim foi o caso de James Stewart. Ele começou sua carreira interpretando homens comuns, em filmes ambientados no meio urbano. Algumas comédias românticas, alguns dramas, nada muito especial. Seu começo na indústria foi bem modesto para dizer a verdade.

Seu primeiro grande sucesso nas telas de cinema veio em 1938 com "Do Mundo Nada se Leva". Esse foi o primeiro clássico do ator ao lado do diretor Frank Capra. Esse cineasta queria levantar a moral de uma América abalada pela grande depressão. Por isso seus filmes nesse período tinham uma clara mensagem positiva, de otimismo, de esperança no futuro. James Stewart com sua imagem de homem íntegro do interior, do meio oeste, se encaixava perfeitamente nesse tipo de personagem. Depois de "A Mulher Faz o Homem", também assinado por Capra, foi que James Stewart atuou em seu primeiro western.

O filme se chamava "Atire a Primeira Pedra". Lançado em 1939, com direção do especialista em filmes de faroeste George Marshall (um dos maiores nomes do gênero em todos os tempos), o filme contava ainda com a estrela Marlene Dietrich. Na época de seu lançamento houve algumas críticas pelo fato do filme não ser um western tão tradicional como todos esperavam. Na verdade a presença de Marlene Dietrich exigia algumas concessões no roteiro como a inclusão de músicas e um espaço maior para o romance entre os principais personagens. O público que lotava os cinemas para assistir filmes de western naquela época queria ver pistoleiros durões, duelos em ruas empoeiradas e muita ação, com tiroteios e batalhas entre soldados e nativos. Nada disso havia no filme. O sucesso acabou sendo apenas mediano.

A década de 1940 começou e James Stewart voltou para o tipo de filme que havia se tornado habitual em sua carreira. Atuou no simpático "A Loja da Esquina", no drama "Tempestades d'Alma", no divertido musical em tom de humor "A Vida é uma Comédia" e finalmente no maior sucesso de sua carreira até aquele momento, "Núpcias de Escândalo". Esse filme dirigido por George Cukor tinha um roteiro primoroso e um elenco acima da média, com os imortais  Cary Grant e Katharine Hepburn atuando ao seu lado. O ator foi inclusive premiado pelo Oscar. Era o auge, pensava ele. Durante uma entrevista declarou: "Eu cheguei ao pico da minha carreira. Nada mais poderei fazer para superar isso!". Quando o jornalista perguntou sobre a possibilidade dele fazer novos filmes de faroeste, Stewart respondeu: "Eu quero fazer! Tudo o que posso dizer é que ainda não encontrei um roteiro que me interesse. Isso é questão de tempo. Pretendo atuar ao lado de John Wayne em um futuro próximo!". Ele tinha razão sobre isso. Em alguns anos ele faria ao lado de Wayne um dos maiores clássicos do western de todos os tempos.

Pablo Aluísio.