Esse filme marcou a estreia na direção de Clint Eastwood. Na época que foi anunciado que ele iria ser diretor de seu próximo filme, muita gente não levou fé nele. Afinal, ele era vista apenas como um ator que interpretava os tipos durões em filmes de ação, policial ou faroeste. Quando o filme surgiu nos cinemas, a crítica se surpreendeu completamente. Clint não era apenas habilidoso para fazer um bom filme, mas também conseguia manter o suspense em um nível elevado. E esse filme, de certa forma, nada tinha a ver com os filmes de seu passado. Havia nuances de um drama adulto mostrando um radialista que dava a chance de encontrar uma fã que ouvia seu programa de rádio. Esse programa era feito nas madrugadas com muita música romântica. Então, o personagem de Clint pensava que ela queria apenas um encontro de fim de noite. Para seu azar, era uma mulher obcecada que não estava interessada muito em romantismo, mas sim em satisfazer sua veia obsessiva.
Assisti pela primeira vez há muitos anos em um Supercine, da Rede Globo, ainda nos anos 80. Assim como a crítica que havia gostado muito do filme em seu lançamento original, eu também me surpreendi com o resultado. O personagem de Clint não tem nada de heróico, nem age como um durão valentão das ruas. Ele é apenas um cara comum que se vê em uma situação muito triste, lamentável e perigosa. De certa forma, lembrava até mesmo que iria acontecer com John Lennon quando foi morto por um fã insano dos Beatles. O roteiro relembra que o termo fã vem de fanatismo, por isso não se pode brincar muito com esse tipo de relação entre ídolo e fã. Tudo pode acabar mal.
Perversa Paixão (Play Misty for Me, Estados Unidos, 1971) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Dean Riesner / Elenco: Clint Eastwood, Jessica Walter, Donna Mills / Sinopse: Radialista de um programa noturno de músicas românticas, se envolve em uma situação extremamente perigosa ao se encontrar com uma fã insana de seu programa de rádio.
Pablo Aluísio.