sábado, 3 de dezembro de 2022

A Viagem de Pedro

Título no Brasil: A Viagem de Pedro
Título Original: A Viagem de Pedro
Ano de Lançamento: 2021
País: Brasil 
Estúdio: Biônica Filmes
Direção: Laís Bodanzky
Roteiro: Laís Bodanzky, Luiz Bolognesi
Elenco: Cauã Reymond, Luísa Cruz, Luise Heyer, Francis Magee, Welket Bungué, Soren Hellerup

Sinopse:
O imperador Dom Pedro I abdica do trono do Brasil. Ele embarca de volta para Portugal, pois seu irmão Miguel, assumiu o trono. É uma luta pela coroa de Portugal. Ele é um usurpador. Durante a viagem, o imperador acaba relembrando aspectos e fatos de sua vida. E faz uma reflexão sobre tudo o que aconteceu até aquele momento.

Comentários:
Esse filme faz ficção em torno de uma história real. Realmente, Dom Pedro I voltou para Portugal para lutar contra seu irmão pelo trono do país. Só que dessa viagem há poucos registros históricos. Ninguém ao certo sabe o que se deu durante a viagem do imperador de volta à Portugal. Assim, o roteiro do filme usa esse vácuo histórico para criar sua história. Mostra Dom Pedro I reflexivo, introspectivo, relembrando aspectos de sua vida no passado. Ele chega até mesmo a ver uma aparição de sua ex-mulher, a imperatriz Maria Leopoldina da Áustria, já falecida naquela época. O filme adota então esse tom de busca interior. A produção é OK, mas deixa a desejar para um filme que se passa em um navio daquela época. É um filme interessante, mas pode soar um pouco cansativo para certas plateias.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Audie Murphy e o Western - Parte 7

Na Universal Pictures, o ator Audie Murphy atuou no filme "A Morte Tem Seu Preço". Esse faroeste é realmente muito bom, sempre lembrado por colecionadores como um western bem-conceituado dos anos 50. Aqui temos o tema do arrependimento e da redenção. Audie Murphy interpreta um pistoleiro amargurado pelo seu passado. Olhando para o que se passou em sua vida, ele fica arrependido por coisas que fez. A consciência fica pesada com os crimes que cometeu. Ele deseja superar esse passado. Ao conhecer um velho rancheiro e sua filha, decide se tornar o seu protetor. O rancho está sendo cobiçado por um grupo de pistoleiros. Homens fora-da-lei que não pensam duas vezes antes de cometerem crimes para colocar as mãos naquelas terras. Dirigido por Nathan Juran e com a jovem atriz Susan Cabot no elenco, esse faroeste é um bom momento na carreira de Murphy.

Em seu filme seguinte "Jornada Sangrenta" o ator Audie Murphy interpretou um tenente da cavalaria dos Estados Unidos. Ele é enviado para um forte distante, perto da Fronteira, onde existe uma forte concentração de nativos da etnia Navajo. Há um tratado de paz entre os brancos e os índios, só que um general da cavalaria quer que tudo venha a ser rompido. Ele é, na verdade, um racista, um sulista que quer lutar pela Confederação na guerra civil que está prestes a explodir. E deseja, acima de tudo, prejudicar o exército da União.

O jovem tenente desconfia de tudo e percebe que há uma armadilha sendo montada contra os nativos que moram na região. Heroicamente, ele tenta proteger os índios de um massacre que se avizinha. Um dos filmes mais interessantes da carreira do ator. Tem um roteiro muito consciente do ponto de vista social. E não coloca os índios como vilões, mas como vítimas. O grande vilão desse filme é um general da cavalaria americana. Quem poderia imaginar em algo assim?

Em "A Ronda da Vingança" Audie Murphy interpreta um personagem em busca de justiça. Ele foi acusado de traição e de um crime que nunca cometeu. Durante uma viagem de trem há um grave descarrilhamento de um dos vagões. Logo, ele é acusado de ter planejado tudo para ficar com o dinheiro que supostamente estaria nesse vagão. É dito como covarde e traidor. Porém, nada disso seria verdade. Ele precisa fugir para não ser preso e assim, em liberdade, provar toda a verdade dos fatos, algo que não vai ser fácil, pois há pessoas importantes que querem vê-lo na prisão. Mais uma produção da Universal Pictures, também dirigida por Nathan Juran. O filme foi rodado praticamente todo no chamado Vale da Morte, na Califórnia. Mais um bom momento dessa fase da filmografia de Audie Murphy.

Pablo Aluísio.

Randolph Scott e o Velho Oeste - Parte 6

"Na Pista do Criminoso" foi uma produção B da Paramount Pictures. Apresentava apenas 61 minutos de duração, feita e realizada para ser exibida em matinês dos cinemas de bairro, a preços promocionais. Tudo feito em ritmo de linha de produção mesmo. Para se ter uma ideia a Paramount produziu mais de 700 fitas como essa entre os anos de 1929 a 1949, todas vendidas depois para a recém-nascida TV que exibia os filmes em horários matutinos, tornando o western ainda mais popular, principalmente entre os mais jovens.

Já o filme seguinte, "A Hora do Coquetel", nada tinha a ver com cavalos, esporas e duelos. Era um filme que tinha a proposta de ser mais sofisticado, passado na alta classe de Nova Iorque. É curioso que antes de decidir se dedicar totalmente ao western, Randolph Scott intercalava filmes de cowboy, com produções mais românticas. Ele procurava seguir nesse último aspecto os filmes mais chiques e borbulhantes como champagne estrelados por seu amigo pessoal Cary Grant. Por essa época inclusive eles decidiram morar juntos em uma bela mansão em Hollywood, o que acabou sendo a origem dos boatos envolvendo os dois. Para as fofocas da época eles formavam um casal gay no armário.

"O Homem da Floresta" (Man of the Forest) trazia um Randolph Scott ainda bem jovem, magro, com bigodinho ao estilo Errol Flynn (na época um dos maiores astros de Hollywood). Era um western dirigido pelo grande Henry Hathaway, ainda também em começo de carreira. O roteiro era baseado em um livro escrito por Zane Grey. Esse escritor era tão popular na época que seu nome ganhava grande destaque nos materiais promocionais dos filmes feitos a partir de seus romances e novelas. Randolph Scott era o xerife na história, que de forma ousada lidava com temas complicados, envolvendo o sequestro de uma jovem garota e um vilão astuto, mestre em jogar a culpa de seus crimes nos outros. O filme tem uma sequência de perseguição em um desfiladeiro nos arredores de Los Angeles que acabou ferindo um dos dublês que caiu com seu cavalo de uma altura considerável. O próprio Scott escapou também de descer ladeira abaixo nessa cena. Anos depois ele ainda se recordaria desse dia de filmagens que quase lhe custou a vida.

Depois desse filme Randolph Scott continuou trabalhando na Paramount Pictures para seu próximo faroeste. Outra adaptação de um romance escrito por Zane Grey, também com direção de Henry Hathaway. Esse novo western recebeu o título de "Rixa Antiga" (To the Last Man), O enredo se passava nas montanhas do Kentucky. Após a guerra civil uma briga de famílias rivais levava um jovem para a prisão por longos 15 anos. Quando ele finalmente cumpre sua pena decide ir até o estado de Nevada para se vingar de Lynn Hayden (Randolph Scott), que ele considerava ser o principal responsável por sua prisão. Esse filme foi bem marcante para Scott porque foi um dos primeiros a lhe dar grande promoção em seu cartaz. Ele estava virando um ator realmente popular em Hollywood.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

A História não Contada da Primeira Cineasta do Mundo

Filme muito bom, principalmente para quem aprecia a história do cinema. E aqui temos a história justamente da primeira cineasta da história. Aliás, você já ouviu falar de Alice Guy-Blaché? Esse documentário começa com essa questão. E depois vai destrinchando em uma grande pesquisa sobre a biografia dessa cineasta que, infelizmente, apesar de ser uma pioneira, foi esquecida. A produção executiva deste documentário contou com grandes astros de Hollywood, entre eles Robert Redford e Jodie Foster. Ela narra o filme. O nome de Alice Guy-Blaché surgiu em velhos livros, contando a história do cinema francês. Veja que história curiosa! Ela era secretária em uma empresa que trabalhava com os irmãos Auguste e Louis Lumière em Paris. Essa empresa estava participando do invento da primeira câmera cinematográfica do mundo. Quando o invento ficou pronto, ela decidiu fazer uns pequenos filmes para si, praticamente como diversão!

Os primeiros filmes da história apenas documentavam fatos, como, por exemplo, a chegada de um trem na estação ou então a saída de operários de uma fábrica. Ela olhou para aquele pequeno artefato e pensou, por que não contar uma história? Como numa peça teatral. E assim o fez. Se tornando dessa forma a primeira diretora de cinema nos registros históricos! E não parou por aí, conforme foi ganhando dinheiro com a exibição de seus primeiros curtas ela fundou sua própria companhia cinematográfica. E foi para Los Angeles, onde estava se criando um movimento de jovens cineastas. A história dela é incrível! Infelizmente, poucos filmes sobreviveram ao tempo. O primeiro foi rodado ainda no século XIX. Os mais expressivos que ainda existem são exibidos durante esse documentário em pequenos trechos. Ela não foi apenas uma pioneira no cinema, mas também uma mulher muito talentosa, com muita visão do futuro.

A História não Contada da Primeira Cineasta do Mundo (Be Natural: The Untold Story of Alice Guy-Blaché, Estados Unidos, França, 2018) Direção: Pamela B. Green / Roteiro: Pamela B. Green, Joan Simon / Elenco: Jodie Foster, Alice Guy, Pamela B. Green / Sinopse: O filme conta a biografia da primeira cineasta da história, a francesa Alice Guy-Blaché. Roteiro baseado no livro histórico "Alice Guy Blaché, Lost Visionary of the Cinema" de Alison McMahan.

Pablo Aluísio.

O Comando

Título no Brasil: O Comando
Título Original: The Commando
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Avail Entertainment
Direção: Asif Akbar
Roteiro: Asif Akbar
Elenco: Mickey Rourke, Michael Jai White, Brendan Fehr, 
Jeff Fahey, Donald Cerrone, Gianni Capaldi

Sinopse:
Johnny (Mickey Rourke) passa anos em uma penitenciária cumprindo pena. Quando finalmente sai sob condicional, ele precisa resolver uma velha questão. Ele necessita ir atrás do dinheiro roubado depois de seu último crime. Ele escondeu 6 milhões de dólares em uma casa, só que agora essa mesma casa está alugada para um ex-agente do Departamento de polícia de Los Angeles. O que definitivamente vai transformar a recuperação do dinheiro em algo perigoso.

Comentários:
Mas um filme B de ação com o ator Mickey Rourke. E aqui ele atua também como produtor executivo do filme. Nada muito especial. Com um figurino de cowboy brega de Los Angeles, ele assume esse personagem marginal que precisa pegar a grana de seu último roubo. Ele escondeu os dólares dentro de uma casa residencial comum. Agora, ali mora um policial. Um comando do departamento de narcóticos de Los Angeles. Um sujeito preparado, com pleno domínio das táticas de combate em operações especiais. Como recuperar essa grana com sujeito desse e sua família sentada em cima dela? E o pior de tudo é que as filhas adolescentes do policial já descobriram o dinheiro no assoalho de seu quarto. E estão começando a gastar toda a grana do criminoso. Ele precisa agir logo e de forma brutal. O filme tem alguns bons momentos, mas no geral é bem convencional. Cenas de ação não formam o seu forte. Curiosamente, esse filme me lembrou, em certos aspectos, de outro filme de Rourke chamado "Horas de desespero" de 1990. Só que aquele filme era infinitamente melhor. E contava com Anthony Hopkins no elenco. Esse aqui é bem banal, uma fita de ação B para passar na programação da TV a cabo. E nada mais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

A Última Tentação de Cristo

Eu assisti a esse filme quando ele foi lançado, nos anos 80. Nesta semana, resolvi rever em uma exibição na TV a cabo. Eu me recordo muito bem que o filme foi extremamente criticado por fundamentalistas cristãos. A polêmica girava em torno de um suposto desrespeito em relação a figura de Cristo. Nada poderia ser mais equivocado. Não existe desrespeito no roteiro desse filme. Ao contrário disso, o que se vê no filme é uma discussão bem interessante e muito complexa sobre o lado humano de Jesus. E se ele tivesse negado o destino na cruz? E se ao invés disso, ele preferisse viver uma vida normal de um homem comum de seu tempo? E se ele escolhesse ter uma família, uma esposa, filhos e viver até a velhice? São questões que o filme aborda de forma inteligente e muito sutil. 

Até porque vamos refletir. O significado do destino na cruz é uma criação teológica, feita por teólogos após a morte de Jesus. Não é algo que se possa dizer que seja historicamente preciso. O que pensou Jesus, sobretudo sobre o que estava acontecendo em seus momentos finais? Ele realmente, no momento em que subiu à cruz, pensou estar, de alguma forma, cumprindo a vontade de Deus? Um questionamento no mínimo interessante. O filme mostra justamente esse dualismo entre o Jesus divino, com destino para salvar a humanidade e o Jesus humano, temeroso pelos acontecimentos. Nenhum ser humano quer ser pregado em uma cruz. Historicamente foi uma das formas de execução e tortura mais bárbaras e desumanas que já existiram na humanidade.

Muitos ficaram revoltados contra o filme em relação a pequenos detalhes sobre a vida desse Jesus de Scorsese. Em determinado momento ele surge construindo cruzes para o Império Romano. Historicamente essa hipótese não é absolutamente absurda. Se ele era carpinteiro, é normal que em algum momento tenha trabalhado ou prestado serviços para os romanos. No filme, ele é xingado de traidor por fazer esse tipo de trabalho. Eu penso que a situação historicamente seria muito mais precisa do que algumas pessoas poderiam pensar. Há um fundo de verdade histórica e plausibilidade nesse tipo de situação. Ele era um homem da classe trabalhadora e precisava ganhar o pão de cada dia.

Apesar disso temos aqui um roteiro essencialmente teológico. É um Jesus fragilizado que treme diante da cruz. Jesus realmente quis morrer na cruz para ser o salvador do mundo? Ou ele queria mesmo ser o Messias para expulsar os romanos de sua terra para assim assumir o poder político? Seu plano deu certo ou errado? Se ele pensava ser um revolucionário político, deu errado. Se pensava ser o salvador, deu certo, pelo menos no plano da pura teologia. Para os romanos, no final das contas, ele era apenas um terrorista que ameaçava a dominação do Império naquela região. A morte pela aruz era a morte mais infame que existia, reservada aos piores criminosos do Império Romano. Não deixa de ser uma ironia triste e trágica do destino que Jesus tenha morrido dessa maneira. E assim Scorsese fecha as cortinas de uma de suas mais relevantes obras cinematográficas. Aplausos para o mestre!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 12

O filme "Paraíso dos Falsários" (Paradise Canyon) foi dirigido pelo cineasta Carl Pierson. Johw Wayne aqui contracenou com um elenco muito bom, com destaque para as participações de Marion Burns e Reed Howes. Realizado pelo produtor Paul Malvern, o filme era tipicamente uma produção para as matinês de sábado, com uma curta duração de apenas 57 minutos! Um bangue-bangue rápido, voltado principalmente para os mais jovens e crianças.

A sinopse era bem simples: Um agente secreto do governo era enviado para prender uma gangue de falsificadores que operavam perto da fronteira mexicana. John Wayne interpretava esse agente especial chamado John Wyatt. Porém para não ser descoberto pelos bandidos ele chegava na distante cidade de fronteira usando o nome falso de John Rogers. No começo das filmagens ocorreu um fato engraçado. O roteirista queria usar o nome de John Wayne no próprio filme. Seria o nome usado do agente para despistar os falsificadores. Só que Wayne achou a ideia realmente péssima e mandou ele procurar por outro nome. "Essa é uma ideia estúpida!" - Disse o velho cowboy para o pobre roteirista. Ficou John Rogers mesmo.

No filme seguinte John Wayne voltou a trabalhar com o diretor Robert N. Bradbury. Nessa fase de sua carreira esse cineasta foi quem mais dirigiu Wayne em seus faroestes. É curioso que depois que Wayne foi para a Paramount e outros grandes estúdios de Hollywood trabalhar em filmes mais bem elaborados, ele não tenha pensado em levar esse velho parceiro, dos velhos tempos, para dirigir algum de seus novos filmes. De uma maneira ou outra eles trabalharam juntos com frequência - e trabalharam bem, produzindo bons filmes de matinês.

Essa nova produção se chamava "Da Derrota à Vitória" (Westward Ho). John Wayne interpretou basicamente o mesmo personagem do filme anterior, chamado John Wyatt. Só que agora seu objetivo era a vingança. No passado seu pai foi morto por criminosos. E seu irmão foi levado como réfem. Décadas depois Wayne reencontra seu irmão, agora já um homem adulto, em um trem rumo ao oeste. O problema é que ele não tem mais memórias do passado e está agora trabalhando ao lado dos mesmos bandidos que  mataram seu pai. Com bom roteiro esse foi um dos faroestes mais interessantes dessa época na filmografia de John Wayne.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Montgomery Clift - Hollywood Boulevard - Parte 1

Edward Montgomery Clift nasceu em uma família aristocrata de Omaha, Nebraska, a mesma cidade que deu ao mundo outro gênio da atuação, Marlon Brando. Entre os dois atores haveria sempre uma coincidência de destinos. Eles nasceram na mesma década (Clift em 1920 e Brando em 1924) e na mesma cidade. Durante os anos 1950 se tornariam grandes astros do cinema americano, elogiados por suas grandes atuações nas telas. Apenas as origens sociais eram diferentes. Enquanto Montgomery Clift nasceu no lado rico de Omaha, em uma família bem tradicional da cidade, Brando era apenas o filho de um caixeiro viajante, membro de uma família bem disfuncional que vivia no lado pobre de Omaha, do outro lado da linha do trem.

Mesmo assim o destino e a sétima arte os uniriam, até mesmo porque a riqueza da família Clift seria tragada por causa da grande depressão que arrasaria a economia americana em 1929, durante a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque. O pai de Monty, um rico especulador de ações, perderia praticamente tudo com a crise. Arruinados financeiramente, a família Clift mudou-se então para Nova Iorque, deixando o meio oeste durante os anos 1930. Essa mudança de cidade iria também mudar para sempre o destino de Montgomery Clift. Criado para ser um dândi da elite de Nebraska, ele precisou rever seus conceitos na grande cidade, na grande Maçã, como Nova Iorque era conhecida.

Ao invés de estudar em colégios privados tradicionais ele foi parar em uma escola pública do Brooklyn. Monty que sempre havia estudado com jovens ricos e bem-educados de Omaha, se viu de repente no meio de um pessoal mais barra pesada, que partia para a briga nos intervalos. Nova Iorque era realmente uma selva e para sobreviver por lá o jovem Monty precisou se impor, não por meio de sua educação refinada, mas sim pela força dos punhos. Sem dúvida foi uma mudança brutal, de um meio aristocrático, para uma realidade bem mais pé no chão.

Em meio a tantas mudanças algo no novo colégio mudaria para sempre sua vida. Ele se apaixonou pelo teatro. O departamento teatral da escola era muito bom, muito original, um ambiente que valorizava o talento dos alunos que mostravam o interesse pela arte de interpretar. Monty foi fisgado desde os primeiros dias. Ele sabia que Nova Iorque era um dos lugares mais efervescentes do mundo em termos teatrais. Havia muitas peças sendo encenadas na Broadway e no circuito Off-Broadway. As oportunidades estavam em todos os lugares. Vendo que poderia arranjar trabalho no meio teatral da cidade ele se empenhou nas peças escolares em que atuou. Seu objetivo era ganhar experiência para partir para a Broadway, até porque trabalhar havia se tornado uma necessidade em sua casa, pois seu pai enfrentava muitas dificuldades para arranjar um emprego.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de novembro de 2022

Ambulância - Um Dia de Crime

Título no Brasil: Ambulância - Um Dia de Crime
Título Original: Ambulance
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures 
Direção: Michael Bay
Roteiro: Chris Fedak
Elenco: Jake Gyllenhaal, Yahya Abdul-Mateen II, Eiza González, Garret Dillahunt, Keir O'Donnell, Keir O'Donnell

Sinopse:
Durante um assalto, dois criminosos em fuga pelas ruas de Los Angeles param e entram em uma ambulância da cidade. Eles fazem de refém a jovem paramédica e o paciente que está precisando urgentemente de ser levado ao hospital. Para completar o quadro de caos, o paciente que está entre a vida e a morte, é um policial baleado. O departamento de polícia de Los Angeles logo sai em perseguição a ambulância. Causando muito estrago e acidentes pelas ruas e rodovias da cidade.

Comentários:
Remake americano de um filme dinamarquês de 2005. Inicialmente, o diretor Michael Bay pensou em transformar esse filme em mais um da série "Uma Noite de Crime". Só que ele acabou gostando tanto do roteiro adaptado do filme original que decidiu que ele mesmo iria dirigir essa produção. Com sua entrada na direção, a produção ganhou mais dólares da produtora Universal e o ator Jake Gyllenhaal foi contratado para estrelar. Curiosamente, é um filme que foge um pouco do que ele vinha buscando nos últimos tempos. Gyllenhaal tinha optado por fazer filmes mais cults. Mas aqui se entregou um filme de ação bem convencional. De maneira em geral, esse filme traz tudo aquilo que se pode esperar de uma obra cinematográfica assinada por Michael Bay, ou seja, muita correria, muita ação, muita perseguição e carros voando pelos ares nas ruas de Los Angeles. Só faltou mesmo a entrada em cena dos robôs gigantes para ser um novo Transformers. Se o roteiro não traz maiores surpresas, pelo menos resta elogiar a produção. A edição frenética é muito bem realizada. E o filme até tenta criar um histórico na relação de amizade dos dois protagonistas irmãos. Acredito que para quem gosta de filme de ação, não há maiores decepções envolvidas aqui. O filme cumpre totalmente o que está no cardápio. Bom apetite.

Pablo Aluísio.

O Armário

Título no Brasil: O Armário
Título Original: Keullojet
Ano de Lançamento: 2020
País: Coreia do Sul
Estúdio: Moonlight Film
Direção: Kwang-bin Kim
Roteiro: Kwang-bin Kim
Elenco: Ha Jung-woo, Yool Heo, Nam-gil Kim, Kim Jung-Chul, Park Sung-woong, Hyeon-bin Shin

Sinopse:
Um pai viúvo se muda para uma nova casa, ao lado de sua filha, uma garotinha de 6 anos de idade. Ele está tentando superar a morte de sua esposa. Assim que chegam na casa, a menina começa a sentir e ouvir a presença de entidades paranormais. E acaba desaparecendo em seu próprio quarto ao entrar em um antigo armário. O pai, obviamente, fica desesperado e tenta de todas as formas trazer a menina de volta.

Comentários:
Filme de terror coreano, também conhecido como "O Closet". É a tal coisa, o cinema oriental de terror não deve nada aos filmes americanos desse gênero. Assim como ocorre na Espanha, os filmes de terror produzidos no Oriente são apreciados e cultuados em todo o mundo por fãs de filmes desse estilo. O maior erro dessa produção é tentar justamente copiar o estilo cinematográfico dos filmes produzidos nos Estados Unidos. Grande erro de percepção de seus realizadores. Se fosse usar como referência alguma cultura estrangeira, o ideal seria seguir os passos dos filmes japoneses de terror. Pecando pela falta de originalidade, esse filme coreano, ao tentar ser pop e comercial demais, se perdeu. Há espaço até mesmo para um personagem ao melhor estilo caça-fantasmas. Absolutamente nada a ver com a proposta que geralmente vemos em filmes orientais. Assim, o que sobra é apenas a falta de originalidade e a busca perdida por um estilo próprio. 

Pablo Aluísio.