O diretor Henry Hathaway voltou a pedir ao estúdio que contratasse Randolph Scott para mais um faroeste. Ele havia assinado para trabalhar na direção da adaptação para as telas de cinema do romance de Zane Grey. Em sua visão apenas Scott tinha os atributos para interpretar o personagem principal, um cowboy chamado Chane Weymer. O filme iria se chamar "Wild Horse Mesa" (no Brasil recebeu o título de "Audácia Entre Adversários").
O roteiro desse western era bem interessante, mostrando os conflitos e lutas de um rancheiro que desejava tocar sua vida em uma região inóspita, bem no meio do deserto do Arizona. As filmagens foram feitas em locações desérticas, algo que exigiu muito do elenco e da equipe técnica. Scott ficou bem amigo da estrela do filme, Sally Blane. Essa aproximação (que não passava de simples amizade) acabou caindo nas revistas de fofocas, onde se dizia que os dois atores estavam tendo um caso no set de filmagens. "Pura mentira, mas que ajudava a promover o filme" - relembraria anos depois o próprio ator.
"Wild Horse Mesa" foi sucesso de bilheteria. Ainda hoje é cultuado pelos fãs do gênero western. Um bom filme certamente, embora não fugisse muita da mitologia auto centrada que os estúdios de cinema tinham criado para os filmes de faroeste. Havia o mocinho, a mocinha que seria conquistada, os vilões malvados e, é claro, a exuberância dos cenários naturais. A diferença é que o filme foi dirigido pelo grande e talentoso cineasta Henry Hathaway que iria se notabilizar em Hollywood pela diversidade de filmes que dirigiu. Embora tenha feito também grandes filmes de western, inclusive ao lado de John Wayne, esse cineasta procurava ser o mais eclético possível, passeando por todos os tipos de filmes, sem ficar preso a nenhum gênero.
Algo que Randolph Scott tentou no começo da carreira, embora no íntimo ele soubesse que seu futuro vinha mesmo dos filmes de faroeste. Seu próximo filme demontra bem isso, um dos poucos filmes de terror e suspense da filmografia de Randolph Scott. "Vingança Diabólica" foi dirigido por A. Edward Sutherland, um cineasta inglês que tentava melhorar a qualidade dos filmes de terror nos Estados Unidos. Os ingleses eram considerados mestres no suspense cinematográfico naquela época. "Não deu certo!" - confidenciaria anos depois o ator. "Eu não fui bem nesse filme. Estava deslocado, sem saber muito bem o que fazer! Essa coisa de terror não era a minha área." Ao contrário do faroeste anterior essa fita com ares de cinema noir foi um fracasso de bilheteria, fazendo com que Randolph Scott começasse a se concentrar nos cavalos, nas esporas, nas estrelas de xerife e nos duelos ao pôr do sol. Os filmes de western eram mesmo o seu porto seguro em termos de público e crítica.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 4 de outubro de 2022
Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 7
Em 1932 John Wayne voltou para os filmes de faroeste. A fita da vez se chamava "Pena de Talião" (Ride Him, Cowboy). Com direção de Fred Allen e roteiro escrito pela dupla Kenneth Perkins e Scott Mason, esse western de matinê era mais um passo para que Wayne se tornasse um verdadeiro astro de cinema. Esse também foi um dos primeiros trabalhos de Wayne na poderosa Warner Bros, conhecido estúdio que sempre caprichava em suas produções.
O enredo era simples. John Wayne interpretava um cowboy chamado John Drury. Em uma cidade do velho oeste ele encontrava todos os tipos de gente, desde a mocinha romântica em perigo, até um grupo de bandoleiros sob ás ordens do manda chuva do lugar. Conforme podemos ver no poster original um destaque dessa fita era a presença do cavalo treinado Duke, um alazão muito bonito e forte, que acabou roubando várias cenas do próprio John Wayne. O curioso é que embora tenha se tornado um dos astros mais populares desse tipo de filme, ele nunca teria um cavalo ligado ao seu mito, como aconteceu por exemplo com Roy Rogers e Trigger. Ao invés disso preferiu deixar os animais de seus filmes em segundo plano, com exceção talvez única desse filme onde o "Duke" ganhou espaço até mesmo no cartaz da fita.
No filme seguinte, "A Grande Estirada" (The Big Stampede, Estados Unidos, 1932), John Wayne interpretou um xerife, John Steele. Em um lugar remoto no meio do deserto, sem homens para apoiá-lo na captura de um violento pistoleiro e sua quadrilha, ele se vê forçado a recrutar cowboys comuns, alguns até mesmo com histórico de prisão, para enfrentar os demais criminosos. Esse foi outro filme de Wayne na Warner Bros, outra fita rápida com apenas 54 minutos de duração. Com direção de Tenny Wright e roteiro escrito a partir do conto "The Land Beyond the Law" de Marion Jackson, o filme era mais um a ser exibido em matinês por cinemas em toda a América. A estratégia de lançamento desse tipo de produção era simples e lucrativa. Os filmes eram exibidos geralmente em sessões duplas, com outras produções, a preços promocionais. Baratos e altamente lucrativos, fizeram a fortuna de muitos produtores na época.
Pablo Aluísio.
O enredo era simples. John Wayne interpretava um cowboy chamado John Drury. Em uma cidade do velho oeste ele encontrava todos os tipos de gente, desde a mocinha romântica em perigo, até um grupo de bandoleiros sob ás ordens do manda chuva do lugar. Conforme podemos ver no poster original um destaque dessa fita era a presença do cavalo treinado Duke, um alazão muito bonito e forte, que acabou roubando várias cenas do próprio John Wayne. O curioso é que embora tenha se tornado um dos astros mais populares desse tipo de filme, ele nunca teria um cavalo ligado ao seu mito, como aconteceu por exemplo com Roy Rogers e Trigger. Ao invés disso preferiu deixar os animais de seus filmes em segundo plano, com exceção talvez única desse filme onde o "Duke" ganhou espaço até mesmo no cartaz da fita.
No filme seguinte, "A Grande Estirada" (The Big Stampede, Estados Unidos, 1932), John Wayne interpretou um xerife, John Steele. Em um lugar remoto no meio do deserto, sem homens para apoiá-lo na captura de um violento pistoleiro e sua quadrilha, ele se vê forçado a recrutar cowboys comuns, alguns até mesmo com histórico de prisão, para enfrentar os demais criminosos. Esse foi outro filme de Wayne na Warner Bros, outra fita rápida com apenas 54 minutos de duração. Com direção de Tenny Wright e roteiro escrito a partir do conto "The Land Beyond the Law" de Marion Jackson, o filme era mais um a ser exibido em matinês por cinemas em toda a América. A estratégia de lançamento desse tipo de produção era simples e lucrativa. Os filmes eram exibidos geralmente em sessões duplas, com outras produções, a preços promocionais. Baratos e altamente lucrativos, fizeram a fortuna de muitos produtores na época.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 26
É certo que a beleza ajudou muito, mas havia outras atrizes e estrelas em Hollywood que eram bem mais bonitas do que ela. Marilyn também passava longe de ser a mais talentosa atriz de sua época. Sua capacidade dramática aliás sempre foi contestada! Qual foi então o segredo que transformou Marilyn em um dos maiores ícones da história de Hollywood? Para muitos autores a resposta é até simples: Marilyn soube como poucas manipular a imprensa e os estúdios de cinema! Sim, de ingênua, boba e burra ela não tinha absolutamente nada! Havia um jogo a se jogar no mundo das celebridades de cinema e ela soube jogar muito bem ele, durante muito tempo.
Desde o começo da sua carreira Marilyn percebeu que uma boa matéria numa revista ou algum artigo revelador publicado em um jornal era de grande valia para uma jovem pretendente ao estrelato como ela. Assim Marilyn começou a cultivar amizade com um grande número de jornalistas em Los Angeles e Nova Iorque. Era uma relação de mão dupla - Marilyn conseguia publicidade grátis e os jornalistas tinham seu grande furo de reportagem que tanto queriam. Um dos biógrafos mais conhecidos da história de Marilyn revelou que ela mantinha intenso contato com esses profissionais, tudo para que sua vida pessoal e profissional jamais saísse das páginas da imprensa.
Tanto isso é verdade que nenhum grande jornalista da época precisava ir atrás de grandes notícias sobre Marilyn pois ela mesma tratava de ligar para todos eles contando as novidades! Depois fingia ficar escandalizada com as notícias. Outro aspecto interessante: Marilyn também desde cedo descobriu que sua história de garota órfã poderia atrair muita simpatia e compaixão dos leitores. O efeito disso era uma popularidade cada vez maior de pessoas que torciam por ela! Dessa maneira Marilyn estava sempre com um repórter ao lado contando histórias tristes (reais e imaginárias) de sua infância e juventude. Quando essas matérias eram publicadas atraíam grande atenção, se revelando uma enorme publicidade, tudo resultando em belas bilheterias de cinema.
Assim Monroe foi certamente uma das primeiras grandes relações públicas de Hollywood. Ela sabia fazer muito bem seu marketing pessoal em um tempo em que isso nem era muito conhecido! Marilyn, de forma inteligente, entendeu que não bastava apenas ser uma boa atriz e ter beleza, era necessário também criar uma personagem pública de si mesma! Enquanto os demais astros procuravam esconder sua vida pessoal, Marilyn usava ela para ganhar manchetes de primeira página. Ela adorava esse tipo de coisa e certamente a exploração de sua vida pessoal rendia muito lucro em retorno. Como se pode ver Marilyn era loira sim, mas burra... jamais!
E nesse processo de relacionamento próximo com a imprensa ela também virou a primeira grande celebridade de seu tempo. Dando matérias e furos para as principais revistas, ela acabou sendo presença constante nas capas delas. Porém houve um preço a se pagar que foi o fim de sua privacidade. Qualquer caso amoroso ou problema logo aparecia também na imprensa, prejudicando sua vida pessoal. Quando ela foi internada em uma clínica psiquiátrica, por um surto que tivera, a imprensa correu e logo estampou nas capas que ela estava ficando louca! Assim, do pior modo possível, Marilyn foi entendendo que a imprensa poderia também destruir sua imagem. Criava a lenda e depois destruía com a mesma intensidade. E isso seguiu até sua morte quando jornalistas inescrupulosos chegaram até mesmo a invadir o necrotério para tirar duas fotos de Marilyn Monroe morta. E isso foi depois de sua autópsia, quando o corpo já apresentava sinais de desgaste. O sensacionalismo e a falta de escrúpulos nesse caso não teve mesmo limites ou barreiras éticas. No final de tudo Marilyn Monroe acabou se tornando vítima da mesma imprensa que a transformou em uma deusa da história do cinema.
Pablo Aluísio.
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 26
Apesar de tudo o filme "Sindicato de Ladrões" se transformou em um dos maiores êxitos da carreira de Marlon Brando. Depois da realização desse filme começaram os problemas do ator com a Twentieth Century Fox. Ele havia assinado um contrato milionário com a Fox, com um salário surpreendente para a realização de apenas três filmes. O estúdio queria que Brando estrelasse "O Egípcio", épico dirigido pelo conceituado diretor Michael Curtiz. Seria o primeiro filme após o acordo. Brando leu o roteiro e detestou tudo, desde a falta de fidelidade histórica até o romance piegas em que seu personagem se envolvia durante a trama.
Em uma época em que atores faziam os filmes que os chefões das grandes companhias determinavam o ator teve a ousadia de dizer em alto e bom som um grande "não" para a famosa produtora. Sua recusa em fazer "um filme ruim de doer" segundo suas próprias palavras, soou como alerta para a Fox que imediatamente resolveu processar o ator por quebra de contrato. Para piorar ainda mais Brando saiu dando entrevistas sobre a megaprodução dizendo que era "um lixo" e que "Hollywood deveria se envergonhar de investir dinheiro em uma porcaria dessas!". O comportamento rebelde de Brando deixou o produtor Darryl F. Zanuck possesso de raiva. O ator não apenas se recusava a fazer filme como promovia uma intensa publicidade negativa para a imprensa, dizendo a todos que o roteiro era péssimo e os personagens uma piada.
Na guerra de egos Hollywoodiana o fato era que Brando detestava o todo poderoso chefão Zanuck. Considerava ele um sujeito medíocre que não entendia nada da arte de atuar. Também achava ridículo seu hábito de sempre estar cercado de mulheres loiras e burras que ele tentava promover em vão como grandes estrelas de cinema. Para uma jornalista fofoqueira de Los Angeles Brando soltou a seguinte piada que foi publicada em todos os jornais no dia seguinte: "Zanuck tem os dentes tão tortos que eles chegam dois minutos antes dele quando ele atravessa uma porta!". Depois disso o produtor da Fox entrou com uma pesada ação contra Brando pedindo vinte milhões de dólares de indenização por perdas e danos e quebra de contrato. Ora, na época Brando nem sonhava em ter tanto dinheiro assim. Dessa maneira assim que foi citado pegou o primeiro avião para Nova Iorque. Estava decidido a nunca mais fazer um filme na vida. Queria voltar para o teatro e esquecer as futilidades da costa oeste. Em sua cidade querida Brando retomou sua rotina, andando de moto por toda a cidade, algumas vezes dormindo nas praças públicas após mais uma noite de farras. Ele não estava nem aí para Zanuck e a Fox.
A questão é que o processo seguiu em revelia e Brando foi condenado. Isso seria sua ruína financeira para todo o sempre. O advogado então propôs que Brando considerasse uma nova proposta da Fox. Ele estrelaria um outro filme, "Désirée, O Amor de Napoleão" e a Fox perdoaria a imensa quantia que havia ganho nos tribunais. Marlon achou simplesmente patética a possibilidade de vir a interpretar o imperador Napoleão Bonaparte no cinema, mas pressionado por uma dívida que jamais poderia pagar ele acabou engolindo seu orgulho e de repente se viu aceitando os termos da nova proposta. Três meses depois lá estava Brando desembarcando em Los Angeles, uma cidade que abertamente detestava para o começo das filmagens. Os problemas, porém, não pararam por aí. Com poucos dias de trabalho Brando chegou na conclusão de que o diretor Henry Koster era um completo imbecil. Ao invés de se preocupar com as cenas e a atuação do elenco ele passava horas discutindo sobre o figurino de Napoleão e os membros da corte francesa. Ao invés de se importar com o roteiro Koster parece mais interessado no tipo de botão certo que as roupas deveriam ter. Brando deu um basta para aquela patetice.
Assim como aconteceu com "O Egípcio" Brando também achou o roteiro de "Désirée" um lixo. Para sabotar o filme ele começou a mudar seu sotaque de cena para cena. Em certas ocasiões falava com sotaque britânico, para depois puxar as falas como se fosse um prussiano. Como estava frustrado e entediado com o material também começou a fazer arruaças no set. Em certa ocasião pegou uma mangueira de incêndio e alagou todo o cenário. O comportamento de Brando assim começou a ser comentado em todos os jornais e ele foi considerado um profissional fora de controle, cheio de estrelismos. Não era verdade, Brando apenas queria se vingar ao seu modo do produtor Zanuck. De uma maneira ou outra e aos trancos e barrancos o filme finalmente ficou pronto e para surpresa de todos acabou se tornando um sucesso de público e crítica. Brando por sua vez foi aconselhado pelo estúdio a não dar entrevistas pois temia-se que ele começasse a falar mal do filme como havia feito com o projeto de "O Egípcio". Muitos anos depois Brando culparia a falta de sofisticação e cultura do povo americano pelo sucesso do filme. Em uma frase decretou: "Nunca ninguém perdeu dinheiro subestimando a imbecilidade dos americanos. São realmente uns ignorantes!".
Pablo Aluísio.
Na guerra de egos Hollywoodiana o fato era que Brando detestava o todo poderoso chefão Zanuck. Considerava ele um sujeito medíocre que não entendia nada da arte de atuar. Também achava ridículo seu hábito de sempre estar cercado de mulheres loiras e burras que ele tentava promover em vão como grandes estrelas de cinema. Para uma jornalista fofoqueira de Los Angeles Brando soltou a seguinte piada que foi publicada em todos os jornais no dia seguinte: "Zanuck tem os dentes tão tortos que eles chegam dois minutos antes dele quando ele atravessa uma porta!". Depois disso o produtor da Fox entrou com uma pesada ação contra Brando pedindo vinte milhões de dólares de indenização por perdas e danos e quebra de contrato. Ora, na época Brando nem sonhava em ter tanto dinheiro assim. Dessa maneira assim que foi citado pegou o primeiro avião para Nova Iorque. Estava decidido a nunca mais fazer um filme na vida. Queria voltar para o teatro e esquecer as futilidades da costa oeste. Em sua cidade querida Brando retomou sua rotina, andando de moto por toda a cidade, algumas vezes dormindo nas praças públicas após mais uma noite de farras. Ele não estava nem aí para Zanuck e a Fox.
A questão é que o processo seguiu em revelia e Brando foi condenado. Isso seria sua ruína financeira para todo o sempre. O advogado então propôs que Brando considerasse uma nova proposta da Fox. Ele estrelaria um outro filme, "Désirée, O Amor de Napoleão" e a Fox perdoaria a imensa quantia que havia ganho nos tribunais. Marlon achou simplesmente patética a possibilidade de vir a interpretar o imperador Napoleão Bonaparte no cinema, mas pressionado por uma dívida que jamais poderia pagar ele acabou engolindo seu orgulho e de repente se viu aceitando os termos da nova proposta. Três meses depois lá estava Brando desembarcando em Los Angeles, uma cidade que abertamente detestava para o começo das filmagens. Os problemas, porém, não pararam por aí. Com poucos dias de trabalho Brando chegou na conclusão de que o diretor Henry Koster era um completo imbecil. Ao invés de se preocupar com as cenas e a atuação do elenco ele passava horas discutindo sobre o figurino de Napoleão e os membros da corte francesa. Ao invés de se importar com o roteiro Koster parece mais interessado no tipo de botão certo que as roupas deveriam ter. Brando deu um basta para aquela patetice.
Assim como aconteceu com "O Egípcio" Brando também achou o roteiro de "Désirée" um lixo. Para sabotar o filme ele começou a mudar seu sotaque de cena para cena. Em certas ocasiões falava com sotaque britânico, para depois puxar as falas como se fosse um prussiano. Como estava frustrado e entediado com o material também começou a fazer arruaças no set. Em certa ocasião pegou uma mangueira de incêndio e alagou todo o cenário. O comportamento de Brando assim começou a ser comentado em todos os jornais e ele foi considerado um profissional fora de controle, cheio de estrelismos. Não era verdade, Brando apenas queria se vingar ao seu modo do produtor Zanuck. De uma maneira ou outra e aos trancos e barrancos o filme finalmente ficou pronto e para surpresa de todos acabou se tornando um sucesso de público e crítica. Brando por sua vez foi aconselhado pelo estúdio a não dar entrevistas pois temia-se que ele começasse a falar mal do filme como havia feito com o projeto de "O Egípcio". Muitos anos depois Brando culparia a falta de sofisticação e cultura do povo americano pelo sucesso do filme. Em uma frase decretou: "Nunca ninguém perdeu dinheiro subestimando a imbecilidade dos americanos. São realmente uns ignorantes!".
Pablo Aluísio.
domingo, 2 de outubro de 2022
Goosebumps: Monstros e Arrepios
Goosebumps foi bem popular nos Estados Unidos. É uma série de livros que foi lançado nos anos 80. Todos escritos pelo mesmo autor. Mais de 50 títulos diferentes. Esses livros fizeram muito sucesso na América do Norte, mas no Brasil foram ignorados. Nunca emplacou por aqui, embora alguns títulos tenham sido lançados. E do que se trata? São livros de terror para um público-alvo, os adolescentes. As histórias são meio bobinhas porque, afinal de contas, elas reaproveitam apenas os antigos monstros, monstros clássicos da literatura. Tudo colocado em uma roupagem nova para os jovens daquela década. Esse filme procura de certa forma homenagear esses livros temáticos juvenis. Nada de muito espetacular.
A estrutura do roteiro segue basicamente a estrutura dos próprios livros originais. Jovens que chegam em cidades novas e precisam se adaptar. E acabam enfrentando monstros terríveis, como o abominável homem das Neves, vampiros, insetos gigantes, esse tipo de coisa. Esse filme é apenas razoável, mas é bem produzido. Eu não estou dentro do público-alvo desse tipo de produto. Assim como os livros, ele também foi produzido para os jovens, para os adolescentes. Mesmo assim o resultado me soou bem agradável. Acredito que os jovens realmente gostaram desse filme. Tanto isso é verdade que ele acabou dando origem a uma continuação alguns anos depois. Não é nenhuma maravilha, mas diante de seu nicho, até que não desagrada.
Goosebumps: Monstros e Arrepios (Goosebumps, Estados Unidos, 2015) Direção: Rob Letterman / Roteiro: Darren Lemke / Elenco: Jack Black, Dylan Minnette, Odeya Rush / Sinopse: Jovem que acabou de se mudar para uma nova cidade descobre que tem um vizinho bem esquisito. Ele é um escritor de livros para adolescentes que mora sozinho com sua filha. O que o rapaz nem desconfia é que, dos livros escritos por esse escritor, podem surgir monstros terríveis.
Pablo Aluísio.
A Hora do Descarrego
Eu realmente gostaria de conhecer o sujeito que criou esse título nacional para esse filme norte-americano de terror. É bem absurdo! Ficou parecendo comercial de igreja vagabunda. Isso de certa forma, já traz uma certa comicidade, um toque de humor para quem vê esse filme. Ou como aconteceu no meu caso, foi justamente o título absurdo que me fez assistir a essa película. Na história um padre fajuto, tipo padre de Festa Junina, promove falsas sessões de exorcismo para serem transmitidas pela internet. Tudo para ganhar likes, visualizações e, obviamente, dinheiro. É um charlatão sensacionalista, um mau-caráter. Ele contrata pessoas para fingirem que estão sendo possuídas pelo demônio. Uma tremenda vigarice. As coisas mudam quando o Diabo realmente resolve aparecer em um desses rituais. E aí o bicho (ruim) pega mesmo, literalmente.
Esqueça teologia, as coisas aqui se resolvem com muita porrada! O negócio aqui é porrada pura! E obviamente que a live onde tudo está acontecendo se torna um sucesso absoluto de audiência na net! Milhares de pessoas passam a assistir pelo mundo afora. Acontece de tudo neste exorcismo, pessoas pegando fogo, estranhas criaturas surgindo do inferno. Eu confesso que o filme é tão absurdo que ele tem um certo humor involuntário. Isso o salva da mediocridade total. Não é assumidamente um terrir, um filme de terror feito para rir, mas isso se torna consequência. Nem me arrependi de ter assistido esse trash movie, para falar a verdade. Acabei me divertindo muito!
A Hora do Descarrego (The Cleansing Hour, Estados Unidos, 2019) Direção: Damien LeVeck / Roteiro: Damien LeVeck / Elenco: Ryan Guzman, Kyle Gallner, Alix Angelis / Sinopse: Picareta se faz passar por padre em exorcismos falsos na internet. Tudo corre bem para ele, até que um dia, o Diabo resolve aparecer de verdade nestas sessões de pura vigarice!
Pablo Aluísio.
sábado, 1 de outubro de 2022
Memória de um Crime
Quadrilha assalta um banco e rouba milhões de dólares. Na fuga, eles acabam sob fogo cerrado, não apenas da polícia, mas também de uma quadrilha rival. Um dos criminosos leva um tiro na cabeça, mas não morre. Ele apenas perde a memória completamente dos fatos. E ele justamente foi o responsável por esconder o dinheiro roubado. Assim, um plano de fuga da prisão é orquestrado. Ele consegue sair da cadeia. Só que precisará relembrar onde escondeu o dinheiro, o que trará enormes prejuízos para si e para os outros. Sylvester Stallone interpreta o policial encarregado de resolver o caso. Um caso que ficou em aberto durante 7 anos sem solução. E ele agora parece empenhado mais do que tudo em finalmente chegar no dinheiro roubado e na prisão de todos os envolvidos.
Sylvester Stallone foi um dos atores mais bem pagos do cinema americano durante os anos 80. Só que o tempo passou e as coisas mudaram. Hoje em dia, ele surge no elenco de filmes B como esse. Não existe mais nem a sombra do grande astro que ele foi no passado. Ainda mais agora, quando está enfrentando um divórcio milionário de uma ex-esposa que está na justiça tentando ter direito à metade de sua Fortuna. Então não é de se espantar que ele venha a parecer cada vez mais em filmes B como esse. No geral, este "Memória de um Crime" é bem fraco. É fraco na produção, é fraco na atuação e é fraco no roteiro. Para falar a verdade, o Stallone parece pouco interessado no que acontece. Apenas cumpre seu papel por tabela. Está acima de tudo defendendo o seu cachê e nada mais.
Memória de um Crime (Backtrace, Estados Unidos, 2018) Direção: Brian A. Miller / Roteiro: Mike Maples / Elenco: Sylvester Stallone, Matthew Modine, Ryan Guzman, Meadow Williams / Sinopse: Ao fugir da prisão, criminoso tenta relembrar onde escondeu uma fortuna em dinheiro roubado na sua última empreitada no mundo do crime.
Pablo Aluísio.
Os Renegados
Um famoso ladrão de jóias é contratado por um grupo de jovens para executar um plano ousado. Ele teria que participar do roubo de 20 milhões de dólares em barras de ouro. E isso não é tudo. O ouro pertenceria a um grupo terrorista do Oriente médio. Toda essa fortuna estaria escondida dentro de uma prisão de segurança máxima localizada em um país árabe controlado por uma ditadura sanguinária. Esse ladrão de casaca é interpretado pelo ator Pierce Brosnan. O filme começa até muito bem. Eu costumo dizer que filmes sobre planos de roubos geralmente são bons. Infelizmente, essa é a exceção que confirma a regra. Um filme que começa interessante, mas que rapidamente desaba e afunda. E é bem fácil entender por que isso acontece.
Em determinado momento o roteiro deixou a execução do plano de roubo em segundo plano, optando por um humor sem graça. Piadinhas constrangedoras surgem a todo momento. E o próprio plano é mal editado. Nunca vi sequências tão ruins de roubo como aqui. Que edição pavorosa! O final também não é nada interessante, muito mal escrito. E essa falta de qualidade vai se expressar até mesmo na atuação de Pierce Brosnan. No começo do filme ele parece empenhado em atuar bem. Algo que depois se transforma em desânimo. Isso vai ficando bem claro para quem assiste. Em suma, temos aqui algo que era potencialmente interessante, mas que foi desperdiçado. Um filme que pode ser definido como ruim no final das contas.
Os Renegados (The Misfits, Estados Unidos, 2021) Direção: Renny Harlin / Roteiro: Kurt Wimmer / Elenco: Pierce Brosnan, Tim Roth, Nick Cannon / Sinopse: Grupo contrata um famoso ladrão Internacional de joias para executar um ousado plano de roubo no Oriente Médio. O objetivo é colocar as mãos em 20 milhões de dólares em ouro, que pertence a terroristas fundamentalistas.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 30 de setembro de 2022
Rock Hudson e o Western - Parte 3
Depois de mais esse fracasso Rock tinha que procurar por gêneros mais populares que resgatassem seu prestígio junto aos produtores. Voltou aos filmes de guerra no correto "Tobruk" e depois veio o que tanto esperava desde os tempos em que havia trabalhado ao lado de Kirk Douglas: um convite para atuar ao lado do mito John Wayne. O filme se chamava Jamais Foram Vencidos. O roteiro explorava as feridas deixadas pela sangrenta guerra civil tanto do lado da União como dos confederados.
Rock interpretava esse derrotado Coronel confederado chamado James Langdon que após o fim da guerra juntava seus últimos resquícios de orgulho pessoal para recomeçar sua vida. Em sua autobiografia o ator Rock Hudson relembrou que inicialmente ficou um pouco receoso de trabalhar ao lado de Wayne, afinal o velho ator era considerado um símbolo do conservadorismo mais reacionário do Partido Republicano. Embora nunca tivesse assumido ser gay até aquele momento muita gente em Hollywood sabia de sua opção sexual. Rock tinha receios de que isso se tornasse uma barreira entre ele e Wayne durante as filmagens. Para sua agradável surpresa John Wayne foi um colega gentil e agradável durante todo o tempo em que trabalharam juntos.
Logo que foram apresentados John Wayne disse que havia sabido que ele, Rock, era um bom jogador de Bridge (um popular jogo de cartas da época). Rock confirmou sorrindo a informação. Aquele era um excelente gancho para iniciar uma boa amizade com John Wayne. E assim foi. Poucos sabem, mas a realização de um filme significa também muitas horas de espera para os atores. Enquanto tudo é preparado o elenco fica na espera, muitas vezes por horas a fio. Rock e Wayne aproveitavam esse tempo ocioso para jogar cartas ou xadrez, já que Wayne era um verdadeiro viciado do tabuleiro. Bom jogador, Rock acabou vencendo várias partidas de Wayne, o que o deixou surpreso já que o velho cowboy se considerava um bom jogador. O mais importante de tudo isso porém foi o fato de que ambos se deram bem, mesmo estando em lados opostos em termos políticos e ideológicos. Rock se considerava de certo modo um liberal, enquanto Wayne era o símbolo do conservadorismo americano. Ele era gay e Wayne representava o máximo da masculinidade em Hollywood. Nada disso impediu de serem bons amigos durante todo o período de filmagem.
A despedida de Rock Hudson dos faroestes se daria alguns anos depois com Inimigos à Força. Corria o ano de 1973 e a carreira do ator já começava a dar claros sinais de desgaste. Como havia sido um galã por toda a vida, agora Rock enfrentava problemas de arranjar filmes por causa da idade e da perda de um de seus maiores atributos: a beleza. Isso levaria Rock para o mundo da TV. Sem trabalho em Hollywood a solução foi entrar no mercado de séries televisivas. E até que ele não se saiu mal. A série policial McMillan & Wife fez sucesso e apresentou Rock para toda uma nova geração. Assim Hollywood resolveu capitalizar mais uma vez em cima justamente dessa popularidade trazida pela TV. Rock surgia com o mesmo visual que tinha na série, com um longo bigode. Ao seu lado outra estrelinha da TV, Susan Clark, integrava o elenco. Dividindo o estrelado do filme havia também outro veterano, o cantor e ator Dean Martin, naquela altura já meio debilitado por causa de seu conhecido alcoolismo. Era um bom faroeste para a época, porém não marcou muito dentro do gênero. Um adeus um tanto opaco de Rock ao mundo do Western. Mesmo assim pelos filmes que fez ao longo de todos os anos é inegável que Rock deixou sua marca nesse gênero cinematográfico tão amado e querido pelos fãs de cinema em geral.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 29 de setembro de 2022
James Dean - Hollywood Boulevard - Parte 18
Depois da decepção amorosa com Pier Angeli, Dean resolveu voltar à sua velha rotina. Acabaram-se os dias de ternos engomadinhos e cabelos penteados. Ele estava de volta ao seu modo Rebelde. Para esquecer a ex-namorada resolveu cair de cabeça em coisas que gostava de fazer. Uma delas era correr. Nos anos 1950 havia uma série de corridas amadoras em pistas profissionais realizadas geralmente nos fins de semana, principalmente no circuito de Los Angeles. Dean se achou nessas competições. Ele imediatamente se inscreveu em duas corridas, comprou um carro esporte novinho e se preparou para seu primeiro grande teste.
James Dean chamou logo a atenção, mas não pelos motivos certos. Os demais corredores se assustaram com seu estilo ousado demais, quase suicida de competir. Dean se mostrou um adversário ferrenho, que não se intimidava diante de ultrapassagens perigosas e quase impossíveis. Para ele a segurança na pista vinha em segundo lugar pois o que ele almejava mesmo era vencer, acima de tudo. Sujo de graxa, roupa suada e imunda, Dean achou o máximo o clima que rolava nesse tipo de corrida esporte. Decidiu que iria participar sempre que fosse possível e iria investir em carros melhores e mais velozes, principalmente os da sua marca preferida, a alemã Porsche.
Também resolveu que era hora de reunir sua turma. Durante seu namoro com Pier Angeli, Dean ficou meio isolado pois sua namorada não conseguiu gostar muito de seus amigos. A turminha de Jimmy Dean realmente era formada por jovens fora dos padrões. A maioria deles era de bissexuais que estavam dispostos a se envolver com homens e mulheres, de acordo com seus desejos, fugindo das amarras moralistas de sua época. Certamente não era o tipo de gente que uma católica tradicional como Angeli estava acostumada a frequentar. Nos fins de semana esse grupo de jovens atores se reunia na badalada praia de Malibu para divertidas e extravagantes festas à beira da piscina. Era um meio onde tudo parecia valer, mas Dean conseguiu ultrapassar todas as barreiras, afinal ele era competitivo e não queria ficar atrás de ninguém. Nessas festinhas ele começou a criar o hábito de práticas masoquistas. Dean, sabe-se lá o porquê, começou a associar prazer sexual com dor física. Assim pedia para que seus amantes apagassem seus cigarros em seu peito. A prática bizarra acabou dando a James Dean um apelido no mínimo curioso entre a turma: O cinzeiro humano!
Também começou a sair com outras atrizes de seu interesse. Uma delas foi a loira Ursula Andress. Nascida em Ostermundigen, Suíça, ela era mais uma atriz européia exótica que Hollywood tentava transformar em estrela. O relacionamento de James Dean com ela porém foi bem diferente do que ele teve com Pier Angeli. Com Andress, Dean conseguiu ser ele mesmo, o que não foi lá muito bom para o namoro. Ursula começou a achar que seu novo namorado era bem estranho e nada fiel. A um jornalista deixou subentendido o bissexualismo do ator ao declarar: "Dean se relaciona com tudo... com qualquer um!". Como estava sendo cotado para ser um dos futuros astros da Warner tudo foi logo abafado para esconder maiores escândalos. Aos amigos Dean confidenciou que Andress não era "uma mulher para ser levada à sério, pois não passava de uma companheira de farras". Como nenhum deles estava disposto a abaixar a cabeça para o outro, o breve romance logo chegou ao fim.
Além das corridas e festas, James Dean também criou uma outra paixão por essa época: as touradas! Tudo começou em Nova Iorque quando ele foi presenteado com uma capa de um famoso Matador mexicano, um conhecido toureiro das arenas espanholas. Dean achou o máximo aquele presente e começou a pesquisar sobre sua vida. Logo estava fascinado pelo violento esporte. Todo fim de semana Dean procurava cruzar a fronteira até o México para assistir algumas competições. Acabou inclusive encontrando outro apreciador delas dentro do mundo do cinema ao conhecer o diretor Budd Boetticher, que havia dirigido vários faroestes de sucesso com Randolph Scott. Dean e Budd tinham gostos parecidos e se envolviam em longas conversas relembrando os grandes toureiros da história. A capa, ainda com sangue do último touro trucidado na arena, era levada por Dean a todos os lugares. Ele a colocava sobre os ombros e ia com ela para onde quer que fosse, mesmo que em hotéis sofisticados de Hollywood. Era um dos privilégios de ser uma celebridade na capital mundial do cinema.
Pablo Aluísio.
James Dean chamou logo a atenção, mas não pelos motivos certos. Os demais corredores se assustaram com seu estilo ousado demais, quase suicida de competir. Dean se mostrou um adversário ferrenho, que não se intimidava diante de ultrapassagens perigosas e quase impossíveis. Para ele a segurança na pista vinha em segundo lugar pois o que ele almejava mesmo era vencer, acima de tudo. Sujo de graxa, roupa suada e imunda, Dean achou o máximo o clima que rolava nesse tipo de corrida esporte. Decidiu que iria participar sempre que fosse possível e iria investir em carros melhores e mais velozes, principalmente os da sua marca preferida, a alemã Porsche.
Também resolveu que era hora de reunir sua turma. Durante seu namoro com Pier Angeli, Dean ficou meio isolado pois sua namorada não conseguiu gostar muito de seus amigos. A turminha de Jimmy Dean realmente era formada por jovens fora dos padrões. A maioria deles era de bissexuais que estavam dispostos a se envolver com homens e mulheres, de acordo com seus desejos, fugindo das amarras moralistas de sua época. Certamente não era o tipo de gente que uma católica tradicional como Angeli estava acostumada a frequentar. Nos fins de semana esse grupo de jovens atores se reunia na badalada praia de Malibu para divertidas e extravagantes festas à beira da piscina. Era um meio onde tudo parecia valer, mas Dean conseguiu ultrapassar todas as barreiras, afinal ele era competitivo e não queria ficar atrás de ninguém. Nessas festinhas ele começou a criar o hábito de práticas masoquistas. Dean, sabe-se lá o porquê, começou a associar prazer sexual com dor física. Assim pedia para que seus amantes apagassem seus cigarros em seu peito. A prática bizarra acabou dando a James Dean um apelido no mínimo curioso entre a turma: O cinzeiro humano!
Também começou a sair com outras atrizes de seu interesse. Uma delas foi a loira Ursula Andress. Nascida em Ostermundigen, Suíça, ela era mais uma atriz européia exótica que Hollywood tentava transformar em estrela. O relacionamento de James Dean com ela porém foi bem diferente do que ele teve com Pier Angeli. Com Andress, Dean conseguiu ser ele mesmo, o que não foi lá muito bom para o namoro. Ursula começou a achar que seu novo namorado era bem estranho e nada fiel. A um jornalista deixou subentendido o bissexualismo do ator ao declarar: "Dean se relaciona com tudo... com qualquer um!". Como estava sendo cotado para ser um dos futuros astros da Warner tudo foi logo abafado para esconder maiores escândalos. Aos amigos Dean confidenciou que Andress não era "uma mulher para ser levada à sério, pois não passava de uma companheira de farras". Como nenhum deles estava disposto a abaixar a cabeça para o outro, o breve romance logo chegou ao fim.
Além das corridas e festas, James Dean também criou uma outra paixão por essa época: as touradas! Tudo começou em Nova Iorque quando ele foi presenteado com uma capa de um famoso Matador mexicano, um conhecido toureiro das arenas espanholas. Dean achou o máximo aquele presente e começou a pesquisar sobre sua vida. Logo estava fascinado pelo violento esporte. Todo fim de semana Dean procurava cruzar a fronteira até o México para assistir algumas competições. Acabou inclusive encontrando outro apreciador delas dentro do mundo do cinema ao conhecer o diretor Budd Boetticher, que havia dirigido vários faroestes de sucesso com Randolph Scott. Dean e Budd tinham gostos parecidos e se envolviam em longas conversas relembrando os grandes toureiros da história. A capa, ainda com sangue do último touro trucidado na arena, era levada por Dean a todos os lugares. Ele a colocava sobre os ombros e ia com ela para onde quer que fosse, mesmo que em hotéis sofisticados de Hollywood. Era um dos privilégios de ser uma celebridade na capital mundial do cinema.
Pablo Aluísio.
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