sábado, 16 de março de 2019

Jekyll & Hyde

O livro original é um marco da literatura de terror. As adaptações para o cinema já renderam todos os tipos de filmes que você possa imaginar, desde pequenos clássicos até produções B horríveis. A influência dentro da cultura pop de "O Médico e o Monstro" é complicada até mesmo de rastrear. Está em inúmeros personagens, como o próprio "Hulk" da Marvel que segundo seu criador, Stan Lee, foi completamente baseado nessa estória. Assim era de se esperar que algo tão popular e influente pelo menos renderia uma boa minissérie. Pena que as expectativas não foram plenamente atendidas (pelo menos em minha opinião pessoal).

Achei bem mediana essa adaptação, a ponto inclusive de não ter me animado de ver tudo. No total apenas quatro episódios de dez, o que mostra claramente que não foi uma série que tenha me empolgado. Apesar da boa produção inglesa penso que os roteiros decepcionaram um pouco, por serem lentos demais. A série foi exibida originalmente em 2015 e até pensaram em uma improvável segunda temporada, mas antes disso foi cancelada. Pois é, nem sempre os grandes clássicos da literatura de terror dão adaptações perfeitas. O mundo das letras e o mundo das imagens são universos próprios. Segue abaixo uma pequena compilação de episódios que cheguei a assistir, antes de abandonar o barco.

Jekyll & Hyde 1.01 - The Harbinger
Apenas mediana essa nova série sobre o famoso clássico da literatura "Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde" escrito por Robert Louis Stevenson em 1886. Na verdade usaram o enredo do livro original apenas como ponto de partida. O personagem principal não é o Dr. Jekyll de Stevenson, mas sim seu filho, Robert Jekyll (Tom Bateman). A ação se passa na década de 1930 na colônia britânica da Índia. É lá que vive o jovem que foi criado por um casal de indianos. Ele herdou os problemas do pai, ou seja, quando submetido a tensão ou stress muda de personalidade, assumindo um modo de ser agressivo, ofensivo e brigão, surgindo dentro de si o infame Mr. Hyde. A obra clássica original está completamente descaracterizada nessa nova série, até porque fica claro desde o começo que esse novo programa visa conquistar o público mais jovem. Por essa razão surgem monstros (muito bem feitos por sinal) inexistentes no livro, como uma criatura chamada de Arauto, metade homem, metade cão, que profetiza a chegada de um mestre que irá destruir toda a Inglaterra. Os roteiristas criaram também um setor de inteligência do governo inglês especializado em fenômenos sobrenaturais (como se fossem Homens de Preto do século XIX). A produção é muito boa, com cenários e figurinos luxuosos. Pena que não optaram por contar ou adaptar o clássico da literatura de terror. Aqui surge algo mais desfigurado, tentando alcançar um público mais jovem e moderno, o que acabou descaracterizando praticamente tudo. Vou tentar seguir acompanhando, mesmo com um pé atrás. Possa até ser que melhore com o passar do tempo, muito embora não tenha gostado da premissa inicial. Por enquanto o que posso antecipar é que esse episódio piloto deixa um pouco a desejar. Porém como há um certo potencial vou dar o benefício da dúvida. / Jekyll & Hyde 1.01 - The Harbinger (Inglaterra, 2015) Direção: Colin Teague / Roteiro: Charlie Higson / Elenco: Tom Bateman, Donald Sumpter, Natalie Gumede.

Jekyll & Hyde 1.02 - Mr Hyde
No episódio anterior o Dr. Robert Jekyll (Tom Bateman) acaba sendo esfaqueado após uma intensa briga numa taverna. Agora ele está de volta à consciência. Para sua surpresa descobre que o ferimento cicatrizou completamente, sem lhe deixar quaisquer danos físicos. Em meio a lembranças ele se recorda que fora ajudado pelo barman, Garson (Donald Sumpter), que no passado trabalhou para a família Jekyll como assistente pessoal. Robert retorna ao bar em busca de maiores informações e consegue convencer Garson a ir com ele de volta à velha mansão de seu avô. Lá Garson resolveu revelar tudo, levando inclusive Robert e seu advogado até o antigo laboratório de seu avô, onde tudo teria começado. O velho acreditava que o ser humano na realidade trazia duas personalidades distintas em um só corpo. Tentando separá-las ele acabou criando uma poção que acabou por revelar seu pior lado, o Mr Hyde, um sujeito brigão, mal caráter, egoísta, egocêntrico e portador de todos os piores defeitos que um ser humano pode carregar consigo. Assim Robert acaba descobrindo de onde teria vindo essa sua outra personalidade que se manifesta nas horas mais impróprias. E ele também precisa ficar mais atento pois surge um estranho perseguidor em sua vida, o Capitão Dance (Enzo Cilenti). Bom episódio que vai revelando cada mais da trama. Por enquanto "Jekyll & Hyde" ainda vai demonstrando seguir uma linha mais juvenil, com monstros, etc, porém acredito que tem potencial para melhorar. Vou seguir acompanhando. Só espero que não derrape vertiginosamente em sua qualidade. / Jekyll & Hyde 1.02 - Mr Hyde (EUA, 2015) Direção: Colin Teague / Roteiro: Charlie Higson / Elenco: Tom Bateman, Donald Sumpter, Enzo Cilenti, Mohamed Adamaly, Nadika Aluwihare, Michael Ballard.

Jekyll & Hyde 1.03 - The Cutter
Essa série "Jekyll & Hyde" tem boa produção, bom elenco e uma reconstituição histórica de primeira linha. Além disso material não lhe falta já que o conhecido enredo que lhe deu origem é um dos mais celebrados do mundo Sci-fi. O que anda tão errado então? Na minha forma de ver a tentativa dos produtores em transformar a série em um produto mais comercial, voltado principalmente para o público mais adolescente, pode vir a colocar tudo a perder. Há uma série de monstros que vão surgindo do nada, bem apelativos e já não tão bem feitos, que tiram parte de graça ou do suspense que poderia vir a cada episódio. E isso tudo já vai ficando claro aqui no terceiro episódio da primeira temporada (cedo demais para esse tipo de coisa acontecer). Nessa linha de séries de terror "Jekyll & Hyde" já anda comendo poeira de programas bem melhores como "Salem" e até mesmo "The Frankenstein Chronicles". Nem vou comparar com "Penny Dreadful" porque aí já seria covardia demais. Ainda darei mais chances para melhorar, mas se continuar com esses momentos bem tolinhos realmente deixarei para trás, sem arrependimentos. / Jekyll & Hyde 1.03 - The Cutter (EUA, 2015) Direção: Colin Teague / Roteiro: Charlie Higson / Elenco:  Mohamed Adamaly, Nadika Aluwihare, Tom Bateman.

Jekyll & Hyde 1.04 - The Calyx
Sim, ainda estou insistindo em "Jekyll & Hyde". Um dos motivos - além de gostar da estória original - é sua direção de arte. Tudo é tão caprichado em termos de visual, figurinos, design, cenários, etc, que me faz seguir em frente mesmo sabendo que os roteiros não são lá grande coisa e nem que tudo esteja sendo desenvolvido muito bem. Na verdade ficou óbvio desde o começo que a produtora ITV quis criar um produto vinculado ao público mais jovem, adolescente. Não há nada de errado nisso, desde que venham a melhorar em termos de roteiro que muitas vezes são fracos demais. Nesse episódio aqui há um elemento novo na trama, um cálice que conteria o coração de um ser demoníaco do passado. O problema estaria em abrir tal artefato. Apenas uma pessoa com uma força descomunal poderia fazê-lo. Por essa razão os vilões vão atrás de Hyde. Capturam Robert Jekyll (Tom Bateman) e fazem de tudo para que ele finalmente se transforme em Hyde, passando para o seu lado, abrindo o tal cálice contendo o coração de Lord Trashy. Aqui nesse episódio há a destruição de um dos principais vilões da série, o Capitão Dance (Enzo Cilenti), o que me deixou surpreso pois pensei que ele seria o principal antagonista de Jekyll e Hyde. Enfim, temos que reconhecer que ainda falta muito para Jekyll & Hyde ser tão bom como material que lhe deu origem, mas pelo sim e pelo não vamos continuar acompanhando. / Jekyll & Hyde 1.04 - The Calyx (Inglaterra, 2015) Direção: Joss Agnew / Roteiro: Charlie Higson / Elenco: Tom Bateman, Ruby Bentall, Amy Bowden, Enzo Cilenti.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de março de 2019

Quando as Luzes se Apagam

Esse filme de terror até chegou a fazer uma boa carreira nos cinemas. No total conseguiu faturar mais de 159 milhões de dólares nas bilheterias. Isso em um filme que custou meros 4 milhões - um lucro e tanto! Apesar disso, do bom resultado comercial, é um filme apenas mediano. O roteiro soa bastante repetitivo quando fica naquela situação de criaturas surgindo com as luzes apagadas e desaparecendo quando elas são ligadas. E aí começa a tal coisa.. Liga, desliga, liga, desliga... chega um momento em que aquilo tudo cansa! Quando essa situação surge pela quinta ou sexta vez na tela o espectador acaba perguntando a si mesmo porque os roteiristas não criaram outras situações de sustos, ficando batendo sempre na mesma tecla!

E olha que havia espaço dentro do enredo para desenvolver bons momentos de terror. A personagem principal se chama Rebecca (Teresa Palmer). Desde quando era apenas uma garotinha ela via coisas sobrenaturais, entidades do mundo espiritual, algumas delas bem aterrorizantes. O tempo passa e ela precisa conviver com isso. Um entidade em especial chamada Diana volta, agora interessada no jovem irmão de Rebecca, o que acaba criando uma situação no mínimo delicada (e perigosa). No geral o filme não me agradou muito. A intenção de sempre ser o mais comercial possível acabou estragando o lado mais artístico do filme. Quando se tenta mirar mais na bilheteria do que em bons roteiros geralmente a criatividade desaparece. Assim nem apagando as luzes para ela voltar.

Quando as Luzes se Apagam (Lights Out, Estados Unidos, 2016) Direção: David F. Sandberg / Roteiro: Eric Heisserer, David F. Sandberg / Elenco: Teresa Palmer, Gabriel Bateman, Maria Bello / Estúdio: New Line Cinema / Sinopse: Desde quando era apenas uma garotinha, Rebecca sempre teve a capacidade de ver seres do mundo sobrenatural. Agora ela precisa proteger seu jovem irmão, já que uma assombração chamada Diana parece ter muito interesse nele. Filme premiado pela Australian Cinematographers Society.

Pablo Aluísio.

Negócio Arriscado

Esse foi um dos primeiros filmes de sucesso da carreira do ator Tom Cruise. Só que não espere por algo muito especial. Na verdade é uma típica comédia dos anos 80. E isso hoje em dia significa tanto coisas boas, interessantes e nostálgicas, como também meio bobinhas, ultrapassadas pelo passar dos anos. Aqui Tom Cruise (bem jovem) interpreta um adolescente cujos pais decidem viajar. E ele fica sozinho em casa. Pronto, já pensou bem no que isso iria causar? Hoje em dia um roteiro desses, com um personagem jovem que praticamente vira um cafetão usando sua a casa dos pais como bordel iria dar o que falar, mas nos anos 80 tudo isso era visto com grande naturalidade. As comédias juvenis tinham mesmo esse tom de picardia.

Pois é, o personagem de Tom Cruise então transforma a casa em praticamente um bordel, com muitas garotas bonitas à disposição. Ele vê tudo não como uma farra inconsequente, mas sim como uma forma de ganhar dinheiro fácil e rápido, afinal sexo vende bem... e tem muitos consumidores interessados no tal produto. Então é isso. Foi uma bom cartão de visitas da carreira do Tom Cruise. Não foi o filme que iria colocar ele no topo das bilheterias, claro, mas serviu para mostrar aos produtores que aquele jovem ator tinha potencial.

Negócio Arriscado (Risky Business. Estados Unidos, 1983) Direção: Paul Brickman / Roteiro: Paul Brickman / Elenco: Tom Cruise, Rebecca De Mornay, Joe Pantoliano / Sinopse: Jovem garotão fica sozinho em casa quando seus pais viajam e decide que quer ganhar dinheiro rápido e fácil. Como? Enchendo a casa com lindas garotas á disposição.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Se a Rua Beale Falasse

O filme acabou sendo bem decepcionante. Nada do que eu estava esperando. A simples menção da Rua Beale no título me fez pensar imediatamente na música negra americana. Para quem gosta da música dos anos 50 e 60 essa associação é bem óbvia. Foi justamente nesse lugar que tivemos o berço do jazz e de tantos outros gêneros musicais importantes. Por isso pensei que o filme teria pelo menos uma rica trilha sonora de época, da primeira à última cena. Passou longe disso. O filme decepciona completamente nesse aspecto. É um drama pesado na verdade, mostrando um jovem casal de negros americanos no começo de seu relacionamento. Ela tem 19 anos de idade, ele 22. Estão apaixonados, mas não possuem qualquer tipo de estabilidade financeira para entrar em um casamento, apressado e fora de hora.

Daí começam os problemas. Ela fica grávida, ele vai preso, acusado de estuprar uma mulher latina. Com tudo contra, eles ainda assim resolvem enfrentar a situação - terrível para qualquer casal, é bom salientar. O nível de dramaticidade do filme é realmente acentuado. Não existem alívios ou situações amenas. Alivio cômico? Nem pensar. É um filme que vai soar até mesmo um pouco familiar para muitas jovens famílias brasileiras, com gravidez na adolescência, encarceramento de jovens negros, etc. Essa realidade poderia ser transportada para qualquer periferia pobre do nosso país que não haveria maiores diferenças na história. O mesmo drama social, o mesmo descaso. Seu maior problema é a duração, o que torna o filme um pouco arrastado e com bons momentos apenas pontuais. Com duração excessiva, achei tudo um tanto cansativo.

O filme concorreu a três categorias no Oscar. O diretor e roteirista Barry Jenkins foi indicado ao Oscar por melhor roteiro adaptado. Não venceu. Provavelmente sua mão pesada para o texto contribuiu para a derrota. Quem acabou vencendo foi Regina King por melhor atriz coadjuvante. Prêmio merecido? Sinceramente, não. Seu papel é relativamente pequeno e só tem uma cena mais forte, digna de nota. Provavelmente os membros da academia a escolheram por uma questão social, de valorizar o trabalho do elenco negro do filme. Não era necessário esse tipo de voto. Enfim, temos aqui um filme socialmente consciente, pesado, contando uma história importante, mas também sem muita leveza, exagerando na dose de dramaticidade.

Se a Rua Beale Falasse (If Beale Street Could Talk, Estados Unidos, 2018) Direção: Barry Jenkins / Roteiro: Barry Jenkins, James Baldwin / Elenco: KiKi Layne, Stephan James, Regina King, Teyonah Parris / Sinopse: Uma jovem negra americana se apaixona e fica grávida. Seu marido é levado para a prisão, acusado de estupro. A família então tenta ajudar a mãe de primeira viagem, que não tem recursos para criar um filho.

Pablo Aluísio.

Nunca te Vi, Sempre te Amei

A história é baseada em fatos reais e foi escrita em forma de romance pela própria autora Helene Hanff. O título nacional é equivocado. Não há um clima de romantismo ou paixão no ar entre os dois personagens principais. Ao invés disso temos uma amizade entre a escritora, aqui cliente da lojas de livros, e todos os demais empregados da pequena empresa. O nome original do filme (84 Charing Cross Road) traz justamente o endereço da livraria, afinal é um filme à moda antiga, do tempo em que as pessoas ainda se correspondiam através de cartas. Antes de virar filme esse enredo rendeu uma boa peça teatral que ficou alguns anos em cartaz em Nova Iorque e Londres. Sua origem teatral inclusive fica bem óbvia na narrativa que o roteiro imprime. Para um palco se mostra de fato ideal. Ambiente fechado, praticamente apenas dois cenários (Nova Iorque e Londres) e a força do texto declamado. Ideal para ótimos atores, principalmente os que tiveram formação nos palcos da vida.

Só que nesse duelo de interpretações quem acaba vencendo (mesmo utilizando esse termo de forma equivocada) é a americana Anne Bancroft. Sua personagem é mais rica em dramaturgia, tem mais personalidade, além de ser o principal foco de movimentação do enredo. Sempre fumando um cigarro atrás do outro, falando sem parar, com uma fina ironia na ponta da língua, ela acaba ofuscando o bom e velho Hopkins, que tem um personagem mais contido.

Aliás esse choque cultural nascido entre o modo de ser de uma nova-iorquina estressada e o estilo de vida mais pacato, educado e modesto dos ingleses forma a espinha dorsal narrativa do filme. No começo da história os ingleses ainda viviam em um sistema de racionamento muito severo. Assim qualquer presente que a escritora americana mandava - fosse um presunto ou  enlatados em geral - acabava sendo comemorados pelos empregados da loja como verdadeiras dádivas. Nada mais comum em um país que ainda estava se recuperando dos escombros da II Guerra Mundial. Enfim, é isso. Uma boa película com o charme do cinema inglês aliado ao estilo mais cru e direto dos filmes americanos. De fato uma bela combinação cinematográfica.

Nunca te Vi, Sempre te Amei (84 Charing Cross Road, Inglaterra, Estados Unidos, 1987) Direção: David Hugh Jones (como David Jones) / Roteiro: James Roose-Evans, baseado no livro de Helene Hanff / Elenco: Anthony Hopkins, Anne Bancroft,  Judi Dench, Maurice Denham / Sinopse: A história de amizade entre um vendedor inglês de livros e uma americana, leitora voraz de livros raros.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Madame Butterfly

Título no Brasil: Madame Butterfly
Título Original: M. Butterfly
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Geffen Pictures
Direção: David Cronenberg
Roteiro: David Henry Hwang
Elenco: Jeremy Irons, John Lone, Barbara Sukowa, Ian Richardson, David Neal, Annabel Leventon

Sinopse:
Durante a revolução cultural na China, em meados da década de 1960, um diplomata francês se apaixona por uma das cantoras da ópera de Pequim. O que ele nem desconfia é que ela na verdade é ele, um homem travestido de gueixa japonesa.

Comentários:
Gostei desse filme bem diferente da filmografia do diretor David Cronenberg. Como se sabe esse cineasta ficou famoso ao dirigir filmes estranhos, diferentes, com toques de terror ao estilo grotesco. Basta lembrar de "A Mosca", "Scanners - Sua Mente pode Destruir" e "Gêmeos - Mórbida Semelhança". Nada parecido com dramas românticos passados em paisagens e países exóticos do oriente. Além das bonitas paisagens o grande mérito desse filme é realmente seu elenco. Jeremy Irons dá vida a esse diplomata, muito fino e elegante, chamado René Gallimard que cai de amores por Song Liling que mais parece uma daquelas gueixas tradicionais, mas que na verdade é um homem, interpretado por John Lone. O estilo é mais sofisticado, com uso das cores fortes da China da época (com destaque para o vermelho que representa a paixão). Um bom filme, um drama que diante da mentalidade do mundo atual se mostra ainda mais pertinente.

Pablo Aluísio. 

Doutor Estranho

É uma animação feita em 2007, logo, bem antes do lançamento do filme da Marvel. A boa notícia para os fãs desse personagem é que temos aqui um roteiro muito bom. O enredo é de origens, assim você terá, em termos gerais, uma estorinha que lembra até mesmo o filme do cinema. Aqui encontramos o arrogante médico Dr. Strange trabalhando em um grande hospital. Ele não parece empenhado em ajudar ao próximo, principalmente se for um paciente pobre. Tampouco quer se envolver em casos banais. Seu modo de ser cria antipatia com os demais médicos do hospital que o consideram um arrogante boçal. Tudo muda quando Strange sofre um acidente de carro. Suas mãos são atingidas, logo as mais vitais par o exercício de sua profissão. Especialistas lhe dizem que não há volta, que ele perderá mesmo o controle de suas mãos, o impossibilitando de fazer cirurgias. Desesperado, Strange viaja pelo mundo atrás de uma cura milagrosa. Acaba encontrando algo no distante e frio Tibet.

Inicialmente descrente, acaba sendo envolvido por um estranho grupo de feiticeiros e magos, que acabam lhe ensinando uma nova forma de ver o mundo. Assim Strange se torna ele próprio um mago das artes ocultas. Sua prova de fogo vai acontecer quando tiver que enfrentar um ser poderoso e maligno que deseja destruir a vida em nosso planeta. Meu veredito: boa animação, contando inclusive com a produção executiva de Stan Lee. Esse personagem, uma espécie de Mandrake da Marvel, tem seus méritos. Nessa animação ele enfrenta diversos monstros e até mesmo uma legião de seres voadores devoradores de carne humana. A garotada certamente vai curtir.

Doutor Estranho (Doctor Strange, Estados Unidos, 2007) Direção: Patrick Archibald, Jay Oliva / Roteiro: Greg Johnson, Craig Kyle / Elenco: Bryce Johnson, Paul Nakauchi, Kevin Michael Richardson / Sinopse: Médico rico e arrogante vê sua vida virar ao avesso após sofrer um acidente que machuca suas mãos. Sua profissão assim fica em risco. Em busca de cura acaba indo parar em uma distante localidade no Tibet, onde começa a aprender uma nova filosofia de vida, com ensinamentos do uso de magia.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de março de 2019

Cadáver

Não é sempre que um filme de terror consegue espaço nos cinemas brasileiros. O circuito comercial é bem competitivo e só as produções que se destacam de uma maneira ou outra andam conseguindo seu espaço nas salas de exibição. Esse novo filme intitulado no Brasil de "Cadáver" conseguiu chegar nos nossos cinemas. É um filme curto e eficiente. Claro, se você for um fã de terror do tipo veterano não vai se assustar com as cenas, mas para os mais jovens, para os adolescentes, o filme vai funcionar muito bem. Afinal consegue desenvolver bem seu suspense até o clímax.

Na estória temos uma jovem chamada Megan Reed (Shay Mitchell). Ex-policial, agora tenta um novo emprego como funcionária noturna de um necrotério. Ela deve cumprir sua jornada de trabalho no lugar, completamente sozinha, recebendo os corpos que vão chegando. Depois que os cadáveres dão entrada ela deve tirar fotos, colher digitais e levá-los até as gavetas congeladas, onde ficarão por um tempo até serem enviados para seu enterro ou cremação. Um rotina fácil de cumprir, isso se você não tiver medo de lidar com pessoas mortas.

Pois bem, logo no primeiro dia chega um cadáver de uma garota, Hannah Grace (Kirby Johnson). Ela foi morta de forma brutal, trazendo as marcas da violência por todo o corpo. Megan começa os procedimentos dentro do necrotério e não demora muito para estranhas coisas acontecerem no meio daqueles corredores escuros. Gostei do filme. Achei que o uso de sombras e do silêncio funcionou muito bem. A atriz Shay Mitchell veio da série "Maldosas" (Pretty Little Liars), o que certamente ajudou o filme a ter uma boa bilheteria. Afinal as adolescentes americanas amam a série. Já a loirinha Kirby Johnson tem talentos de contorcionista, o que caiu como uma luva para sua personagem. No geral é um bom filme de terror adolescente. Depois dele você nunca mais vai olhar para uma gaveta de necrotério da mesma maneira que antes.

Cadáver (The Possession of Hannah Grace, Estados Unidos, 2018) Direção: Diederik Van Rooijen / Roteiro: Brian Sieve / Elenco: Shay Mitchell, Kirby Johnson, Grey Damon, Nick Thune / Sinopse: Em vida, Hannah Grace (Kirby Johnson) se submeteu a um violento ritual de exorcismo. Agora, falecida, seu corpo é levado para o necrotério da cidade. A funcionária Megan Reed (Shay Mitchell) precisa lidar cm seu cadáver, mas coisas sobrenaturais começam a acontecer pelos escuros corredores do lugar.

Pablo Aluísio.

Os Franco Atiradores

Título no Brasil: Os Franco Atiradores
Título Original: Gunmen
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Laurence Mark Productions
Direção: Deran Sarafian
Roteiro: Stephen Sommers
Elenco: Christopher Lambert, Mario Van Peebles, Patrick Stewart, Denis Leary, Kadeem Hardison, Brenda Bakke

Sinopse:
Quatrocentos milhões de dólares roubados são escondidos em um porto de um país da América do Sul. Quando o irmão de Dani Servigo (Christopher Lambert) é assassinado, justamente por não contar onde estava todo o dinheiro, o próprio Dani passa a ser o alvo dos criminosos.

Comentários:
Para quem conheceu Christopher Lambert no cinema atuando em filmes como "Greystoke - A Lenda de Tarzan", "Highlander" e "Subway", foi bem decepcionante rever o ator nesse filme de ação de baixo orçamento, com produção B, que embora tenha sido lançado no Brasil nos anos 90, pouca atenção chamou dos cinéfilos. Realmente é um filme muito fraco, uma fitinha que tem um roteiro que só serve como desculpas para as cenas de tiroteio. Lambert não tem muito o que fazer. Por isso os produtores escalaram Mario Van Peebles para fazer o trabalho mais braçal do filme. Não adianta muito. A única curiosidade fica por conta da participação de Patrick Stewart como o vilão! Logo ele que em pouco tempo iria ser escalado para ser o Capitão Picard de uma nova série de Jornada nas Estrelas que estava sendo planejada nessa mesma época. Algo que definitivamente iria mudar sua carreira para sempre, o afastando de vez de filmes ruins e fracos como esse.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Os Indomáveis

“Galante e Sanguinário” é uma pequena obra prima do Western americano da década de 50 estrelada por Glenn Ford. Já tivemos inclusive a oportunidade de analisar o filme aqui em nosso blog. Agora vamos falar um pouco sobre seu remake, essa produção intitulada “Os Indomáveis”. A estória é idêntica ao filme original: Um jovem e pacífico fazendeiro chamado Dan Evans (Christian Bale, em um papel que nada lembra seu Batman) acaba sendo eleito como assistente de xerife de uma cidadezinha do velho oeste e como tal ele terá que exercer as funções inerentes ao cargo, entre elas escoltar um pistoleiro famoso, Ben Wade (Russell Crowe), até a estação de trem onde ele pagará a locomotiva das 3:10hs rumo a Yuma, cidade onde está localizado o Tribunal competente para julgá-lo.

O que parece ser uma tarefa até simples se mostrará extremamente perigosa pois Wade é líder de uma quadrilha de facínoras que fará de tudo para libertá-lo. A situação é de extremo perigo mas Evans se mostra decidido a cumprir sua obrigação para mostrar sua firmeza de caráter ao seu filho. Assim ele também provará que é um homem de bravura, muito embora nunca tenha sido um valentão de saloon em sua vida, mas apenas um homem honesto que conseguiu criar sua família com muito suor e trabalho.

Como aconteceu em “Galante e Sanguinário” temos aqui um perfeito exemplo de enredo que ficou conhecido como western psicológico. A denominação cai muito bem pois o que existe realmente entre o rancheiro e o assassino que deve escoltar é uma guerra psicológica de espera e ansiedade. Ben Wade (Crowe) é um assassino de sangue frio, acostumado a viver em situações limites como a mostrada no filme. Já Dan Evans (Christian Bale) é um homem comum, trabalhador do campo, que terá que lidar com tudo da melhor forma possível. Desse duelo de personalidades tão díspares nasce todo o conflito e a base dramática do roteiro, que aliás é extremamente bem escrito.

Também é fácil perceber que estamos na presença de um enredo que exige bastante de seus intérpretes. Nesse aspecto nem Bale e nem Crowe decepcionam. Estão muito bem em seus respectivos personagens. O destaque do elenco porém vai para Ben Foster, perfeito em sua atuação como um dos membros da gangue de Ben. Com os nervos à flor da pele, ele rouba a cena para si. Simplesmente excepcional sua atuação.  Em suma, apesar de definitivamente não gostar de remakes tenho que dar o braço a torcer para esse “Os Indomáveis” que conseguiu resgatar essa estória sem desrespeitar o filme original e nem agredir o fã de westerns clássicos. É uma boa produção, valorizada por um ótimo elenco, que revitaliza o filme de Glenn Ford. Pode assistir sem receios.

Os Indomáveis (3:10 to Yuma, EUA, 2007) Direção: James Mangold / Roteiro: Halsted Welles, Michael Brandt, Derek Haas / Elenco: Russell Crowe, Christian Bale, Chris Browning, Chad Brummett, Kevin Durand, Hugh Elliot, Peter Fonda, Ben Foster, Jason Henning, Henry Herman, Logan Lerman. / Sinopse: Dan Evans (Christian Bale) é um pacato e pacífico rancheiro que terá que escoltar um perigoso assassino e pistoleiro, Ben Wade (Russel Crowe), até uma estação de trem onde será levado até o Tribunal da cidade de Yuma, onde finalmente será julgado e punido por seus inúmeros crimes. Porém antes disso terá que sobreviver ao ataque da gangue de Wade que fará de tudo para libertá-lo antes que embarque na locomotiva. Remake do clássico “Galante e Sanguinário” de 1957 com Glenn Ford.

Pablo Aluísio.