Provavelmente você cresceu assistindo aos filmes do Jim Carrey. As comédias malucas, onde o ator comediante sempre exagerava nas caretas a cada nova cena. Ele fez muito sucesso nessa linha. Agora, aos 56 anos de idade, ele tem procurado por novos caminhos. Nada de comédias, nada de personagens como o Máscara. Aqui ele interpreta um policial polonês. Após cair em desgraça dentro da corporação ao plantar provas falsas e ser descoberto por isso, ele vê uma chance de recomeçar ao se deparar com um velho caso sem solução. Uma investigação de um rapaz que foi brutalmente assassinado. Envolvido em uma rede de prostituição e masoquismo, acabou sendo morto por um cliente que foi longe demais. O mais intrigante é que mesmo após anos de investigação a polícia nunca conseguira chegar na identidade do assassino. Seria algum figurão intocável?
O tira envelhecido interpretado por Carrey vai juntando as pistas e acaba chegando na figura de um escritor de livros sobre perversão sexual. Nem preciso dizer que as coisas vão se complicando cada vez mais, até chegar em pessoas que estavam acima de qualquer suspeita. Achei o filme bem pesado. Não há lugar para ironias ou tiradas cômicas. Aquele lado da Europa que penou com o comunismo surge cinza, escura, fria e triste. O lugar ideal para degenerados sexuais surgirem para explorar jovens e inocentes garotas. Fica claro desde a primeira cena que Jim Carrey quer provar que pode topar qualquer personagem, qualquer desafio. Sem um pingo de humor o seu investigador policial é um homem sem esperanças. Ficando careca, barrigudo e com um grande barba branca messiânica que em nada lembra seu passado como Clown. Nunca deixa de ser interessante ver Carrey interpretando alguém tão sinistro, mas também fica o gostinho de decepção no ar ao perceber que o filme nunca chega a funcionar muito bem. É um potencial que não se cumpre em seus noventa minutos de duração.
Crimes Obscuros (Dark Crimes, Inglaterra, Estados Unidos, Polônia, 2016) Direção: Alexandros Avranas / Roteiro: Jeremy Brock, baseado em artigo escrito por David Grann / Elenco: Jim Carrey, Charlotte Gainsbourg, Marton Csokas / Sinopse: Veterano investigador, em crise na carreira após ter plantado provas em um caso explorado pela imprensa, vê a grande chance de recuperar seu prestígio como policial ao reabrir um velho caso arquivado de homicídio. As novas pistas o levam até um escritor de romances pornográficos e pervertidos, mas isso parece ser apenas a ponta do iceberg, envolvendo uma extensa rede de prostituição e masoquismo nos porões da cidade.
Pablo Aluísio.
sábado, 2 de junho de 2018
Na Escuridão
Tipicamente aquele caso de filme que começa bem, mas que depois vai decaindo, decaindo... até chegar em um final decepcionante. Quando o filme começa conhecemos a protagonista, uma jovem cega chamada Sofia (Natalie Dormer). Apesar de seu problema ela tenta ter uma vida normal. Todos os dias vai para o trabalho de metrô. Ela é uma pianista talentosa, que atua numa orquestra de sua cidade. A vida vai seguindo em frente até que sua vizinha cai (ou é jogada) de seu apartamento. A polícia logo a interroga, atrás de informações, já que Sofia mora no apartamento de baixo, então se ela tivesse ouvido alguma coisa seria de grande ajuda. Sofia nega, diz que não ouviu nada no dia da morte, mas está mentindo. Pessoas com problemas em alguns dos sentidos acaba desenvolvendo muito bem todos os outros. Ela não vê nada, mas ouviu tudo o que aconteceu. Vira logo uma peça chave na solução do crime.
Assim o que poderia ser um thriller de suspense dos mais interessantes acaba se perdendo bastante quando o roteiro vai se desenvolvendo e percebemos que Sofia nem é a pessoa indefesa e vulnerável que pensamos. Por falar em roteiro ele foi escrito pela própria atriz Natalie Dormer. Assim de nome você provavelmente não vai se lembrar dela, mas se gosta de séries a reconhecerá imediatamente. Ela foi a trágica rainha Ana Bolena em "The Tudors". Mais recentemente esteve em "Game of Thrones" no papel de Margaery Tyrell. Em eventos de cultura nerd ela é sempre muito bem recebida, causando sensação nos fãs da série. Pois bem, nesse filme aqui a fantasia é deixada de lado. No background de tudo está a guerra dos Balcãs, mas revelar mais seria estragar algumas surpresas do roteiro. No geral não achei um grande filme. Ele, como já escrevi, começa bem, apostando numa trama simples, mas se perde ao querer trazer complexidade demais nos eventos que se sucedem. Muitas vezes a simplicidade é o melhor caminho a seguir.
Na Escuridão (In Darkness, Inglaterra, Estados Unidos, 2018) Direção: Anthony Byrne / Roteiro: Anthony Byrne, Natalie Dormer / Elenco: Natalie Dormer, Emily Ratajkowski, Ed Skrein / Sinopse: Sofia (Natalie Dormer) é uma jovem pianista que tenta levar uma vida normal apesar de ser cega. Uma noite sua vizinha do andar de cima cai (ou e é jogada) de seu apartamento e morre. Depois disso Sofia vira alvo da polícia e dos supostos criminosos, todos tentando descobrir o que ela ouviu naquela noite em que tudo aconteceu.
Pablo Aluísio.
Assim o que poderia ser um thriller de suspense dos mais interessantes acaba se perdendo bastante quando o roteiro vai se desenvolvendo e percebemos que Sofia nem é a pessoa indefesa e vulnerável que pensamos. Por falar em roteiro ele foi escrito pela própria atriz Natalie Dormer. Assim de nome você provavelmente não vai se lembrar dela, mas se gosta de séries a reconhecerá imediatamente. Ela foi a trágica rainha Ana Bolena em "The Tudors". Mais recentemente esteve em "Game of Thrones" no papel de Margaery Tyrell. Em eventos de cultura nerd ela é sempre muito bem recebida, causando sensação nos fãs da série. Pois bem, nesse filme aqui a fantasia é deixada de lado. No background de tudo está a guerra dos Balcãs, mas revelar mais seria estragar algumas surpresas do roteiro. No geral não achei um grande filme. Ele, como já escrevi, começa bem, apostando numa trama simples, mas se perde ao querer trazer complexidade demais nos eventos que se sucedem. Muitas vezes a simplicidade é o melhor caminho a seguir.
Na Escuridão (In Darkness, Inglaterra, Estados Unidos, 2018) Direção: Anthony Byrne / Roteiro: Anthony Byrne, Natalie Dormer / Elenco: Natalie Dormer, Emily Ratajkowski, Ed Skrein / Sinopse: Sofia (Natalie Dormer) é uma jovem pianista que tenta levar uma vida normal apesar de ser cega. Uma noite sua vizinha do andar de cima cai (ou e é jogada) de seu apartamento e morre. Depois disso Sofia vira alvo da polícia e dos supostos criminosos, todos tentando descobrir o que ela ouviu naquela noite em que tudo aconteceu.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 1 de junho de 2018
Alien - O Oitavo Passageiro
Esse é o primeiro filme de uma longa franquia de filmes que continua até os dias de hoje. Revendo o filme pude constatar que todos os elementos já estão presentes nesse roteiro que é muito bem feito. Ridley Scott não baixa a guarda, não traz momentos desnecessários, tudo se encaixa perfeitamente bem. O enredo é clássico. Uma nave mineradora chamada Nostromo está retornando para a Terra com toneladas de minério de ferro. É uma espaçonave imensa, mas que para funcionar só precisa de sete tripulantes. Pois bem, durante o retorno o computador de bordo, conhecido como "mãe", resolve acordar antes da hora todos os membros da tripulação que estavam hibernando.
O que estaria acontecendo? Uma mensagem de socorro foi captada, vindo de um planeta desconhecido. Dentro do protocolo espacial é sempre necessário responder a chamadas como essa! Erro fatal. Um parte dos astronautas pousam no planeta e encontram uma estranha nave alienígena. Dentro dela um ser desconhecido, com o peito aberto, como se algo tivesse saído violentamente de lá! Ao sondar o lugar encontram mais coisas estranhas. Ovos, com carapaça de couro, trazendo um estranha forma de vida dentro. Uma sucessão de erros só poderia acabar em uma matança sem igual.
John Hurt é o primeiro a se dar mal. Direto dos ovos uma criatura gruda em seu capacete. Ele fica em coma, mas depois de algum tempo volta ao normal. Nem adianta celebrar, porque justamente na hora da refeição da tripulação o pior acontece. A cena é clássica, com Hurt em agonia, enquanto um alien sai de sua barriga. Apesar dos efeitos analógicos da época estarem envelhecidos, o impacto ainda se mantém presente. Depois disso o monstro está livre. A parte que grudou em seu capacete era apenas uma forma parasitária, que usa o corpo do organismo parasitado, para reproduzir. O verdadeiro predador só surge depois, de dentro do corpo humano. Como eu disse, tudo já está no filme, o design da criatura (que nunca foi mudado), sua fases de reprodução e, é claro, o banho de sangue. Sim, Alien é um filme de ficção, mas também de terror, terror sangrento.
Sigourney Weaver interpreta Ripley. Logo no comecinho do filme ela é apenas uma coadjuvante dentro da tripulação. O verdadeiro comandante é o capitão Dallas. Só que ela logo mostra sua força quando bate de frente com o chefe de ciências, que na verdade é um dos maiores vilões do filme. Afinal nem um ser humano ele é, mas sim um parente próximo dos replicantes de "Blade Runner". Conforme o filme avança, a Ripley vai se tornando mais forte, mais resistente e mais importante dentro dos acontecimentos. O filme é dela, mas o diretor a deixou numa certa sombra até o momento certo. Toque de mestre. Assim Alien não perdeu seu charme inicial, mesmo sabendo que ele foi lançado há muito tempo, em 1978. O suspense e a forma como Ridley Scott conta sua história é o grande diferencial. Não é à toa que esse é considerado por muitos o melhor filme da série. Eu não ousaria discordar dessa opinião.
Pablo Aluísio.
O que estaria acontecendo? Uma mensagem de socorro foi captada, vindo de um planeta desconhecido. Dentro do protocolo espacial é sempre necessário responder a chamadas como essa! Erro fatal. Um parte dos astronautas pousam no planeta e encontram uma estranha nave alienígena. Dentro dela um ser desconhecido, com o peito aberto, como se algo tivesse saído violentamente de lá! Ao sondar o lugar encontram mais coisas estranhas. Ovos, com carapaça de couro, trazendo um estranha forma de vida dentro. Uma sucessão de erros só poderia acabar em uma matança sem igual.
John Hurt é o primeiro a se dar mal. Direto dos ovos uma criatura gruda em seu capacete. Ele fica em coma, mas depois de algum tempo volta ao normal. Nem adianta celebrar, porque justamente na hora da refeição da tripulação o pior acontece. A cena é clássica, com Hurt em agonia, enquanto um alien sai de sua barriga. Apesar dos efeitos analógicos da época estarem envelhecidos, o impacto ainda se mantém presente. Depois disso o monstro está livre. A parte que grudou em seu capacete era apenas uma forma parasitária, que usa o corpo do organismo parasitado, para reproduzir. O verdadeiro predador só surge depois, de dentro do corpo humano. Como eu disse, tudo já está no filme, o design da criatura (que nunca foi mudado), sua fases de reprodução e, é claro, o banho de sangue. Sim, Alien é um filme de ficção, mas também de terror, terror sangrento.
Sigourney Weaver interpreta Ripley. Logo no comecinho do filme ela é apenas uma coadjuvante dentro da tripulação. O verdadeiro comandante é o capitão Dallas. Só que ela logo mostra sua força quando bate de frente com o chefe de ciências, que na verdade é um dos maiores vilões do filme. Afinal nem um ser humano ele é, mas sim um parente próximo dos replicantes de "Blade Runner". Conforme o filme avança, a Ripley vai se tornando mais forte, mais resistente e mais importante dentro dos acontecimentos. O filme é dela, mas o diretor a deixou numa certa sombra até o momento certo. Toque de mestre. Assim Alien não perdeu seu charme inicial, mesmo sabendo que ele foi lançado há muito tempo, em 1978. O suspense e a forma como Ridley Scott conta sua história é o grande diferencial. Não é à toa que esse é considerado por muitos o melhor filme da série. Eu não ousaria discordar dessa opinião.
Pablo Aluísio.
Caçadores de Emoção: Além do Limite
Não se trata de um remake e nem tampouco de uma continuação do primeiro filme. Na realidade isso tudo se resume na tentativa do estúdio em transformar esse novo filme no pontapé inicial de uma nova franquia de filmes de ação. Bom, se você tem mais de 40 anos de idade vai lembrar do primeiro filme, lá de 1991. Keanu Reeves era um jovem agente do FBI que se infiltrava numa galera amante de esportes radicais. O líder deles era um saudável surfista interpretado por Patrick Swayze. Embora com roteiro básico o filme pode ser considerado facilmente como um dos melhores de ação daquela década. Tudo bem contrabalanceado em termos de cenas envolvendo esportes radicais. As cenas de roubo a bancos também não deixavam a desejar. Tudo muito bom para falar a verdade. Bons tempos.
O tempo passou e os produtores viram que a ideia daquele filme de 91 poderia servir como arco para uma nova série ou um novo filme. Escolheram pelo segundo. Essa segunda produção tem ótimas cenas de ação, envolvendo novamente esportes radicais, inclusive algumas modalidades que nem existiam nos anos 90, entre elas aquele estranho (e suicida) esporte onde os praticantes pulam de alturas absurdas usando apenas uma roupa especial para literalmente voar por aí. Não é uma boa ideia, recentemente vários praticantes morreram praticando esse tal de Wingsuit; A não ser que você queira brincar com sua vida não faça o que se vê na tela. Aliás se tem alguém que merece todos os elogios são os dublês desse novo filme. Sem astros conhecidos, sem ter um roteiro que difere do primeiro filme e com uma direção apenas OK, o que se destaca mesmo nesse novo filme são os dublês. Claro que nem tudo foi feito por eles - nas cenas mais perigosas o uso da computação gráfica se torna óbvia - mas o trabalho da equipe de dublês dessa produção merece todo o destaque. O filme só existe por causa deles e se mantém algum interesse é justamente pelo trabalho que desenvolveram, arriscando suas vidas em praticamente todas as tomadas.
Caçadores de Emoção: Além do Limite (Point Break, Estados Unidos, 2015) Direção: Ericson Core / Roteiro: Kurt Wimmer, Rick King / Elenco: Edgar Ramírez, Luke Bracey, Ray Winstone / Sinopse: Após um roubo milionário e uma fuga espetacular.onde os criminosos pulam de um prédio de 100 andares, o FBI chega na conclusão que esse tipo de assaltante só poderia ser um expert em esportes radicais. Por isso infiltra um de seus mais jovens agentes, para descobrir a identidade de cada um dos membros da quadrilha. Filme indicado ao prêmio World Stunt Awards, o Oscar dos dublês.
Pablo Aluísio.
O tempo passou e os produtores viram que a ideia daquele filme de 91 poderia servir como arco para uma nova série ou um novo filme. Escolheram pelo segundo. Essa segunda produção tem ótimas cenas de ação, envolvendo novamente esportes radicais, inclusive algumas modalidades que nem existiam nos anos 90, entre elas aquele estranho (e suicida) esporte onde os praticantes pulam de alturas absurdas usando apenas uma roupa especial para literalmente voar por aí. Não é uma boa ideia, recentemente vários praticantes morreram praticando esse tal de Wingsuit; A não ser que você queira brincar com sua vida não faça o que se vê na tela. Aliás se tem alguém que merece todos os elogios são os dublês desse novo filme. Sem astros conhecidos, sem ter um roteiro que difere do primeiro filme e com uma direção apenas OK, o que se destaca mesmo nesse novo filme são os dublês. Claro que nem tudo foi feito por eles - nas cenas mais perigosas o uso da computação gráfica se torna óbvia - mas o trabalho da equipe de dublês dessa produção merece todo o destaque. O filme só existe por causa deles e se mantém algum interesse é justamente pelo trabalho que desenvolveram, arriscando suas vidas em praticamente todas as tomadas.
Caçadores de Emoção: Além do Limite (Point Break, Estados Unidos, 2015) Direção: Ericson Core / Roteiro: Kurt Wimmer, Rick King / Elenco: Edgar Ramírez, Luke Bracey, Ray Winstone / Sinopse: Após um roubo milionário e uma fuga espetacular.onde os criminosos pulam de um prédio de 100 andares, o FBI chega na conclusão que esse tipo de assaltante só poderia ser um expert em esportes radicais. Por isso infiltra um de seus mais jovens agentes, para descobrir a identidade de cada um dos membros da quadrilha. Filme indicado ao prêmio World Stunt Awards, o Oscar dos dublês.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 25 de maio de 2018
O Príncipe Encantado
Título no Brasil: O Príncipe Encantado
Título Original: The Prince and The Showgirl
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Laurence Olivier
Roteiro: Terence Rattigan
Elenco: Laurence Olivier, Marilyn Monroe, Sybil Thorndike, Jeremy Spenser, Gladys Henson, Charles Victor
Sinopse:
O Grã-duque Charles (Laurence Olivier), nobre regente da elegante, rica e fina Capadócia, acaba conhecendo casualmente a jovem corista Elsie (Marilyn Monroe). Inicialmente ele se percebe intrigado com o jeito despojado, mas bem autêntico, da bela americana. Intrigado por ela e sua personalidade singular ele a convida para um jantar, algo que acabará trazendo inúmeras consequências inesperadas para ambos durante os dias seguintes. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Laurence Olivier), Melhor Atriz (Marilyn Monroe) e Melhor Roteiro.
Comentários:
Essa sinopse não esconde a verdadeira vocação de "O Príncipe Encantado". É um texto teatral e o filme não nega sua origem. Grande parte das cenas se passa em ambiente fechado e em cena duelam (no bom sentindo) o formalismo profissional de Laurence Olivier e o adorável amadorismo de Marilyn Monroe. Os acontecimentos de bastidores, das filmagens, há anos povoam o imaginário dos cinéfilos. Marilyn, como era de se esperar, causou todo tipo de problemas para Olivier, tantos que essa conturbada filmagem acabou virando um filme próprio que recebeu várias indicações ao Oscar chamado "My Week With Marilyn". As histórias do set são saborosas, mas e o filme? Sim, é uma boa comédia, muito bem produzida com lindos figurinos, cenários, muita pompa e luxo. Marilyn Monroe está encantadora. Apesar dos problemas de saúde ela surge em cena linda e aparentando muita saúde (o que me deixou surpreso).
No saldo final considerei a atuação de Marilyn Monroe muito superior à de Laurence Olivier, esse está particularmente travado na interpretação do nobre regente dos balcãs. Já Monroe não, está natural, espontânea, divertida e até sensual. Não causa admiração a declaração que Laurence Olivier fez muitos anos depois da realização do filme reconhecendo que Marilyn estava ótima em "O Príncipe Encantado". Ele disse: "Durante as filmagens fiquei com a impressão que Marilyn estava péssima. Quando assisti as cenas fiquei admirado com o resultado. Marilyn estava maravilhosa. Ela tinha um caso de amor com a câmera!". Concordo plenamente com sua opinião. Aliás se tem algo que prejudica o filme é justamente a mão pesada do diretor Olivier. Ele demonstra claramente não ter o timing perfeito para Marilyn. O filme se alonga além do que seria razoável e tem barrigas (quebras de ritmo que o levam a certos momentos de monotonia). Pra falar a verdade quem salvou a produção foi realmente Marilyn que em muitos momentos simplesmente carrega o filme nas costas. Quem diria que a amadora Monroe daria uma rasteira no grande Laurence Olivier? Pois deu, e foi em "O Príncipe Encantado". O filme é dela no final das contas. Assista e confira!
Pablo Aluísio.
Título Original: The Prince and The Showgirl
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Laurence Olivier
Roteiro: Terence Rattigan
Elenco: Laurence Olivier, Marilyn Monroe, Sybil Thorndike, Jeremy Spenser, Gladys Henson, Charles Victor
Sinopse:
O Grã-duque Charles (Laurence Olivier), nobre regente da elegante, rica e fina Capadócia, acaba conhecendo casualmente a jovem corista Elsie (Marilyn Monroe). Inicialmente ele se percebe intrigado com o jeito despojado, mas bem autêntico, da bela americana. Intrigado por ela e sua personalidade singular ele a convida para um jantar, algo que acabará trazendo inúmeras consequências inesperadas para ambos durante os dias seguintes. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Laurence Olivier), Melhor Atriz (Marilyn Monroe) e Melhor Roteiro.
Comentários:
Essa sinopse não esconde a verdadeira vocação de "O Príncipe Encantado". É um texto teatral e o filme não nega sua origem. Grande parte das cenas se passa em ambiente fechado e em cena duelam (no bom sentindo) o formalismo profissional de Laurence Olivier e o adorável amadorismo de Marilyn Monroe. Os acontecimentos de bastidores, das filmagens, há anos povoam o imaginário dos cinéfilos. Marilyn, como era de se esperar, causou todo tipo de problemas para Olivier, tantos que essa conturbada filmagem acabou virando um filme próprio que recebeu várias indicações ao Oscar chamado "My Week With Marilyn". As histórias do set são saborosas, mas e o filme? Sim, é uma boa comédia, muito bem produzida com lindos figurinos, cenários, muita pompa e luxo. Marilyn Monroe está encantadora. Apesar dos problemas de saúde ela surge em cena linda e aparentando muita saúde (o que me deixou surpreso).
No saldo final considerei a atuação de Marilyn Monroe muito superior à de Laurence Olivier, esse está particularmente travado na interpretação do nobre regente dos balcãs. Já Monroe não, está natural, espontânea, divertida e até sensual. Não causa admiração a declaração que Laurence Olivier fez muitos anos depois da realização do filme reconhecendo que Marilyn estava ótima em "O Príncipe Encantado". Ele disse: "Durante as filmagens fiquei com a impressão que Marilyn estava péssima. Quando assisti as cenas fiquei admirado com o resultado. Marilyn estava maravilhosa. Ela tinha um caso de amor com a câmera!". Concordo plenamente com sua opinião. Aliás se tem algo que prejudica o filme é justamente a mão pesada do diretor Olivier. Ele demonstra claramente não ter o timing perfeito para Marilyn. O filme se alonga além do que seria razoável e tem barrigas (quebras de ritmo que o levam a certos momentos de monotonia). Pra falar a verdade quem salvou a produção foi realmente Marilyn que em muitos momentos simplesmente carrega o filme nas costas. Quem diria que a amadora Monroe daria uma rasteira no grande Laurence Olivier? Pois deu, e foi em "O Príncipe Encantado". O filme é dela no final das contas. Assista e confira!
Pablo Aluísio.
Eu Vi Que Foi Você
Título no Brasil: Eu Vi Que Foi Você
Título Original: I Saw What You Did
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: William Castle
Roteiro: William P. McGivern, Ursula Curtiss
Elenco: Joan Crawford, John Ireland, Leif Erickson
Sinopse:
Duas adolescentes ficam em casa cuidando da irmã mais jovem de uma delas enquanto seus pais vão jantar fora. Para passar o tempo elas decidem dar trotes usando os números de telefone que encontram a esmo numa lista telefônica. A brincadeira consiste em ligar aleatoriamente para as pessoas dizendo a frase: "Eu sei o que você fez e eu sei quem você é!". Numa das ligações elas acabam ligando para um sujeito que acabou de matar sua esposa a facadas. A partir daí o assassino decide ir atrás delas pensando que as jovens sabem mesmo sobre seu crime.
Comentários:
Suspense produzido e dirigido por William Castle, um realizador que ficou bem famoso em Hollywood por causa das inúmeras fitas de terror que produziu. Aqui ele brinca com essa boa ideia envolvendo duas adolescentes bem bobinhas que acabam pagando caro por uma brincadeira que fazem após seus pais saírem para um jantar de negócios. O roteiro é bem simples, mas bem bolado. Uma ideia que seria reciclada muitos anos depois numa série de filmes ao estilo "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado". Em termos de elenco o destaque vai para a presença da veterana atriz Joan Crawford aqui em seu último filme americano. Com a idade os convites foram ficando cada vez mais raros até que chegou ao ponto em que ela teve que ir para a Europa para continuar trabalhando pois já não recebia mais propostas de Hollywood. Nesse personagem de despedida ela interpreta uma mulher mais velha, solitária e desesperada para conquistar seu vizinho que por acaso é o sujeito que acabou de esfaquear a esposa e que sem querer acaba virando alvo dos trotes das garotas. William Castle, que não era bobo nem nada, até tentou repetir a famosa cena do chuveiro de "Psicose", sem porém o mesmo impacto. De qualquer maneira é um suspense eficiente que mantém o interesse do espectador até o fim.
Pablo Aluísio.
Título Original: I Saw What You Did
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: William Castle
Roteiro: William P. McGivern, Ursula Curtiss
Elenco: Joan Crawford, John Ireland, Leif Erickson
Sinopse:
Duas adolescentes ficam em casa cuidando da irmã mais jovem de uma delas enquanto seus pais vão jantar fora. Para passar o tempo elas decidem dar trotes usando os números de telefone que encontram a esmo numa lista telefônica. A brincadeira consiste em ligar aleatoriamente para as pessoas dizendo a frase: "Eu sei o que você fez e eu sei quem você é!". Numa das ligações elas acabam ligando para um sujeito que acabou de matar sua esposa a facadas. A partir daí o assassino decide ir atrás delas pensando que as jovens sabem mesmo sobre seu crime.
Comentários:
Suspense produzido e dirigido por William Castle, um realizador que ficou bem famoso em Hollywood por causa das inúmeras fitas de terror que produziu. Aqui ele brinca com essa boa ideia envolvendo duas adolescentes bem bobinhas que acabam pagando caro por uma brincadeira que fazem após seus pais saírem para um jantar de negócios. O roteiro é bem simples, mas bem bolado. Uma ideia que seria reciclada muitos anos depois numa série de filmes ao estilo "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado". Em termos de elenco o destaque vai para a presença da veterana atriz Joan Crawford aqui em seu último filme americano. Com a idade os convites foram ficando cada vez mais raros até que chegou ao ponto em que ela teve que ir para a Europa para continuar trabalhando pois já não recebia mais propostas de Hollywood. Nesse personagem de despedida ela interpreta uma mulher mais velha, solitária e desesperada para conquistar seu vizinho que por acaso é o sujeito que acabou de esfaquear a esposa e que sem querer acaba virando alvo dos trotes das garotas. William Castle, que não era bobo nem nada, até tentou repetir a famosa cena do chuveiro de "Psicose", sem porém o mesmo impacto. De qualquer maneira é um suspense eficiente que mantém o interesse do espectador até o fim.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 24 de maio de 2018
Gata em Teto de Zinco Quente
Título no Brasil: Gata em Teto de Zinco Quente
Título Original: Cat on a Hot Tin Roof
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: James Poe, Richard Brooks
Elenco: Elizabeth Taylor, Paul Newman, Burl Ives, Jack Carson, Judith Anderson, Madeleine Sherwood
Sinopse:
Com roteiro baseado na peça "Cat on a Hot Tin Roof" de Tennessee Williams, o filme narra o complicado relacionamento entre a jovem Maggie (Elizabeth Taylor) e seu marido Brick Pollitt (Paul Newman). O casamento de ambos está em frangalhos, principalmente por causa do distanciamento que cresce a cada dia entre eles. Para piorar Brick se sente oprimido por viver em uma velha e tradicional casa do sul dos Estados Unidos dominada por um rico proprietário à moda antiga. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Paul Newman), Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Direção (Richard Brooks), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia (William H. Daniels). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Direção.
Comentários:
O filme foi roteirizado pelo diretor Richard Brooks. Se formos analisar bem sua carreira veremos que ele sempre foi mais um roteirista do que propriamente um diretor. Pois bem, embora Tennessee Williams tenha reclamado de algumas mudanças em seu texto original, temos que convir que o roteiro em si é muito bem escrito e trabalhado, deixando o filme com ótimo ritmo, fugindo da armadilha de o deixar teatral demais.. Penso que os textos de autoria do grande Tennessee Williams eram perigosos ao serem adaptados ao cinema, pois poderiam deixar qualquer filme pesado ou com aspecto de teatro filmado, o que não seria adequado pois artes diferenciadas exigem também adaptações diferentes. Nem sempre o que é adequado ao teatro consegue ser satisfatório na tela. Em "Gata em Teto de Zinco Quente" isso definitivamente não acontece e o espectador ao final da exibição terá a certeza de que assistiu a um grande filme, cinema puro. A produção é elegante, acima de tudo. O enredo se passa todo dentro de um grande casarão que é sede de uma fazendo de algodão no sul dos EUA. Embora isso possa parecer tedioso, não é. Hoje a MGM está à beira da falência, mas naquela época não economizava no bom gosto, como bem podemos comprovar aqui. A fazenda tipicamente sulista, o bonito figurino (especialmente de Liz Taylor) e a fotografia inspirada confirmam a elegância da película.
A grande força do filme porém vem de seu elenco maravilhoso. Elizabeth Taylor está linda e talentosa, dominando a cena. Ela esbanja naturalidade e carisma em cada momento que surge na tela. Paul Newman, que passa o tempo todo de muletas e engessado, também demonstra muito talento no papel de Brick Pollitt, talvez o único personagem com algum valor moral dentro daquela casa. O curioso é que mesmo atores com escolas diferentes (com Newman vindo do teatro e Liz sendo basicamente uma atriz de cinema) conseguem se entender extremamente bem em cena. Sua química salta aos olhos, mesmo Paul Newman interpretando um marido que diante de tantos problemas negligencia sua bela e jovem esposa. Do elenco de apoio tenho que destacar primeiramente Burl Ives (Big Daddy, ótimo em sua caracterização de um homem que não conseguiu passar afeto aos seus familiares durante toda a sua vida) e Madeleine Sherwood (que faz a insuportável Mae Pollitt). Dentre as várias excelentes cenas destacaria aquela que se passa entre Newman e Ives no porão quando em tom de nostalgia Big Daddy se recorda de seu falecido pai, um mero vagabundo. Ali ele se mostra totalmente, sem máscaras, o que de certa maneira também serve para revelar a verdadeira face de sua família. Ótimo momento no quesito atuação. Enfim temos aqui um dos maiores clássicos da era de ouro de Hollywood, com dois de seus grandes astros em plena forma pessoal e dramática. Um filme mais do que clássico, absoluto.
Pablo Aluísio.
Título Original: Cat on a Hot Tin Roof
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: James Poe, Richard Brooks
Elenco: Elizabeth Taylor, Paul Newman, Burl Ives, Jack Carson, Judith Anderson, Madeleine Sherwood
Sinopse:
Com roteiro baseado na peça "Cat on a Hot Tin Roof" de Tennessee Williams, o filme narra o complicado relacionamento entre a jovem Maggie (Elizabeth Taylor) e seu marido Brick Pollitt (Paul Newman). O casamento de ambos está em frangalhos, principalmente por causa do distanciamento que cresce a cada dia entre eles. Para piorar Brick se sente oprimido por viver em uma velha e tradicional casa do sul dos Estados Unidos dominada por um rico proprietário à moda antiga. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Paul Newman), Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Direção (Richard Brooks), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia (William H. Daniels). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Direção.
Comentários:
O filme foi roteirizado pelo diretor Richard Brooks. Se formos analisar bem sua carreira veremos que ele sempre foi mais um roteirista do que propriamente um diretor. Pois bem, embora Tennessee Williams tenha reclamado de algumas mudanças em seu texto original, temos que convir que o roteiro em si é muito bem escrito e trabalhado, deixando o filme com ótimo ritmo, fugindo da armadilha de o deixar teatral demais.. Penso que os textos de autoria do grande Tennessee Williams eram perigosos ao serem adaptados ao cinema, pois poderiam deixar qualquer filme pesado ou com aspecto de teatro filmado, o que não seria adequado pois artes diferenciadas exigem também adaptações diferentes. Nem sempre o que é adequado ao teatro consegue ser satisfatório na tela. Em "Gata em Teto de Zinco Quente" isso definitivamente não acontece e o espectador ao final da exibição terá a certeza de que assistiu a um grande filme, cinema puro. A produção é elegante, acima de tudo. O enredo se passa todo dentro de um grande casarão que é sede de uma fazendo de algodão no sul dos EUA. Embora isso possa parecer tedioso, não é. Hoje a MGM está à beira da falência, mas naquela época não economizava no bom gosto, como bem podemos comprovar aqui. A fazenda tipicamente sulista, o bonito figurino (especialmente de Liz Taylor) e a fotografia inspirada confirmam a elegância da película.
A grande força do filme porém vem de seu elenco maravilhoso. Elizabeth Taylor está linda e talentosa, dominando a cena. Ela esbanja naturalidade e carisma em cada momento que surge na tela. Paul Newman, que passa o tempo todo de muletas e engessado, também demonstra muito talento no papel de Brick Pollitt, talvez o único personagem com algum valor moral dentro daquela casa. O curioso é que mesmo atores com escolas diferentes (com Newman vindo do teatro e Liz sendo basicamente uma atriz de cinema) conseguem se entender extremamente bem em cena. Sua química salta aos olhos, mesmo Paul Newman interpretando um marido que diante de tantos problemas negligencia sua bela e jovem esposa. Do elenco de apoio tenho que destacar primeiramente Burl Ives (Big Daddy, ótimo em sua caracterização de um homem que não conseguiu passar afeto aos seus familiares durante toda a sua vida) e Madeleine Sherwood (que faz a insuportável Mae Pollitt). Dentre as várias excelentes cenas destacaria aquela que se passa entre Newman e Ives no porão quando em tom de nostalgia Big Daddy se recorda de seu falecido pai, um mero vagabundo. Ali ele se mostra totalmente, sem máscaras, o que de certa maneira também serve para revelar a verdadeira face de sua família. Ótimo momento no quesito atuação. Enfim temos aqui um dos maiores clássicos da era de ouro de Hollywood, com dois de seus grandes astros em plena forma pessoal e dramática. Um filme mais do que clássico, absoluto.
Pablo Aluísio.
Disque Butterfield 8
Título no Brasil: Disque Butterfield 8
Título Original: Butterfield 8
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Daniel Mann
Roteiro: John O'Hara, Charles Schnee
Elenco: Elizabeth Taylor, Laurence Harvey, Eddie Fisher
Sinopse:
Gloria Wandrous (Elizabeth Taylor) é uma bonita e sensual mulher que esconde um aspecto de sua vida pois trabalha como call girl (garota de programa de luxo) para completar sua renda. Praticamente ninguém de seu círculo social sabe disso. Sua vida muda completamente quando resolve se envolver com um homem casado, o que lhe trará inúmeros problemas pessoais. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Elizabeth Taylor). Também indicado na categoria de Melhor Fotografia (Joseph Ruttenberg e Charles Harten). Indicado ainda ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Elizabeth Taylor).
Comentários:
Esse filme é uma grata surpresa por vários motivos. Primeiro por seu tema. O roteiro enfoca a vida de uma call girl (expressão antiga para designar aquilo que você está pensando mesmo, uma espécie de prostituta de luxo) interpretada com muita sensualidade, luxúria e decadência por Liz Taylor. Pensar que um filme assim foi realizado no começo dos anos 60 já é um feito e tanto. É preciso entender que a primeira metade daquela década foi a época em que comédias românticas bobinhas com Doris Day estavam na moda e nada é mais longe daquela ingenuidade do que esse Butterfield com Elizabeth Taylor. Seu personagem mora com a mãe, que finge não saber o que ela faz. Ao se envolver com um homem casado, Gloria (Liz Taylor) tenta reabilitar sua vida que está fora dos eixos desde a morte precoce do pai. O filme não tem a profundidade daqueles que foram baseados em peças escritas por Tennessee Williams e nem é tão bem desenvolvido como "Gata em Teto de Zinco Quente", por exemplo, mas compensa isso com diálogos inteligentes recheados de duplo sentido. Aliás o cinismo do filme é um dos atrativos do roteiro.
A prostituta Gloria sabe o que é e brinca com o fato. A cena inicial do filme, um longo plano sequência com ela se levantando após uma noite de aventuras com um homem casado é um primor de naturalismo no cinema. Eu acredito que Liz realizou esse filme em resposta ao escândalo de seu envolvimento com o marido de Debbie Reynolds, o cantor Eddie Fisher (que inclusive está no filme). Como ela foi xingada bastante de vagabunda pela imprensa e pelo público em geral, então resolveu interpretar uma personagem assim no cinema! O resultado é ótimo e ela levou seu primeiro Oscar (que dizem ter sido de consolação pois ela enfrentava sérios problemas de saúde na época, a ponto de muitos dizerem que não iria longe!). Mas isso é o de menos. Assista "Butterfield 8" e entenda porque ela foi uma das grandes divas da história do cinema americano.
Pablo Aluísio.
Título Original: Butterfield 8
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Daniel Mann
Roteiro: John O'Hara, Charles Schnee
Elenco: Elizabeth Taylor, Laurence Harvey, Eddie Fisher
Sinopse:
Gloria Wandrous (Elizabeth Taylor) é uma bonita e sensual mulher que esconde um aspecto de sua vida pois trabalha como call girl (garota de programa de luxo) para completar sua renda. Praticamente ninguém de seu círculo social sabe disso. Sua vida muda completamente quando resolve se envolver com um homem casado, o que lhe trará inúmeros problemas pessoais. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Elizabeth Taylor). Também indicado na categoria de Melhor Fotografia (Joseph Ruttenberg e Charles Harten). Indicado ainda ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Elizabeth Taylor).
Comentários:
Esse filme é uma grata surpresa por vários motivos. Primeiro por seu tema. O roteiro enfoca a vida de uma call girl (expressão antiga para designar aquilo que você está pensando mesmo, uma espécie de prostituta de luxo) interpretada com muita sensualidade, luxúria e decadência por Liz Taylor. Pensar que um filme assim foi realizado no começo dos anos 60 já é um feito e tanto. É preciso entender que a primeira metade daquela década foi a época em que comédias românticas bobinhas com Doris Day estavam na moda e nada é mais longe daquela ingenuidade do que esse Butterfield com Elizabeth Taylor. Seu personagem mora com a mãe, que finge não saber o que ela faz. Ao se envolver com um homem casado, Gloria (Liz Taylor) tenta reabilitar sua vida que está fora dos eixos desde a morte precoce do pai. O filme não tem a profundidade daqueles que foram baseados em peças escritas por Tennessee Williams e nem é tão bem desenvolvido como "Gata em Teto de Zinco Quente", por exemplo, mas compensa isso com diálogos inteligentes recheados de duplo sentido. Aliás o cinismo do filme é um dos atrativos do roteiro.
A prostituta Gloria sabe o que é e brinca com o fato. A cena inicial do filme, um longo plano sequência com ela se levantando após uma noite de aventuras com um homem casado é um primor de naturalismo no cinema. Eu acredito que Liz realizou esse filme em resposta ao escândalo de seu envolvimento com o marido de Debbie Reynolds, o cantor Eddie Fisher (que inclusive está no filme). Como ela foi xingada bastante de vagabunda pela imprensa e pelo público em geral, então resolveu interpretar uma personagem assim no cinema! O resultado é ótimo e ela levou seu primeiro Oscar (que dizem ter sido de consolação pois ela enfrentava sérios problemas de saúde na época, a ponto de muitos dizerem que não iria longe!). Mas isso é o de menos. Assista "Butterfield 8" e entenda porque ela foi uma das grandes divas da história do cinema americano.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Morte Sobre o Nilo
Título no Brasil: Morte Sobre o Nilo
Título Original: Death on the Nile
Ano de Produção: 1978
País: Inglaterra
Estúdio: EMI Films
Direção: John Guillermin
Roteiro: Anthony Shaffer
Elenco: Peter Ustinov, Bette Davis, David Niven, Mia Farrow, George Kennedy, Angela Lansbury, Maggie Smith, Jack Warden
Sinopse:
Baseado no famoso livro "Death on the Nile" da escritora Agatha Christie, publicado em 1937. No enredo um grupo de turistas em uma exótica viagem pelo Rio Nilo, no Egito, descobre que há um assassino entre eles, após a morte misteriosa de um dos viajantes. O inspetor Hercule Poirot (Peter Ustinov) decide então desvendar o caso e acaba descobrindo, para sua surpresa, que todos os que fazem parte daquele cruzeiro parecem ter algum motivo para o crime. Mas afinal de contas quem seria o verdadeiro assassino? Filme vencedor do Oscar e do BAFTA Awards na categoria de Melhor Figurino (Anthony Powell). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
Comentários:
Assim como os livros de James Bond os livros escritos por Agatha Christie seguiam uma fórmula básica. No caso dessa autora ela geralmente reunia várias pessoas suspeitas em um ambiente fechado (como um barco ou trem) e colocava o leitor na situação de tentar descobrir quem seria o assassino de um crime misteriosamente cometido. É exatamente isso que temos aqui nesse "Morte sobre o Nilo". Vários personagens se tornam suspeitos da morte de uma rica herdeira que misteriosamente é morta durante um cruzeiro turístico pelo Egito. O filme em si é muito interessante, tem ótimas cenas externas (filmadas no templo de Karnak e nas pirâmides de Gizé) e um elenco de encher os olhos de qualquer cinéfilo. Na tela desfilam veteranos da era de ouro do cinema americano, muitos deles em suas últimas aparições, o que não deixa de ser duplamente interessante para quem ama a sétima arte. O destaque obviamente vai para o grande ator Peter Ustinov que aqui interpreta um dos personagens mais famosos da escritora, o inspetor excêntrico Hercule Poirot (que todos pensam ser francês, mas que que seria belga na verdade). Ustinov domina a cena, tentando descobrir quem teria cometido o crime. Nunca assisti uma atuação fraca de Ustinov em toda a sua carreira e aqui não seria exceção. Ao lado dele, o auxiliando, temos outro grande ator, David Niven. Já envelhecido, prestes a se aposentar, o ator ainda tinha uma bela presença de cena. Classe, elegância e uma fina ironia se tornaram suas marcas registradas. Entre as atrizes o filme traz uma coleção estelar, com Mia Farrow fazendo mais uma personagem perturbada e a grande diva Bette Davis, discreta, elegante e atuando ao lado da também excelente Maggie Smith, brilhando como nunca. Enfim, só pela oportunidade de ver tanta gente talentosa junta já vale a existência do filme. Assista, se divirta e tente descobrir o quebra cabeça da trama.
Pablo Aluísio.
Título Original: Death on the Nile
Ano de Produção: 1978
País: Inglaterra
Estúdio: EMI Films
Direção: John Guillermin
Roteiro: Anthony Shaffer
Elenco: Peter Ustinov, Bette Davis, David Niven, Mia Farrow, George Kennedy, Angela Lansbury, Maggie Smith, Jack Warden
Sinopse:
Baseado no famoso livro "Death on the Nile" da escritora Agatha Christie, publicado em 1937. No enredo um grupo de turistas em uma exótica viagem pelo Rio Nilo, no Egito, descobre que há um assassino entre eles, após a morte misteriosa de um dos viajantes. O inspetor Hercule Poirot (Peter Ustinov) decide então desvendar o caso e acaba descobrindo, para sua surpresa, que todos os que fazem parte daquele cruzeiro parecem ter algum motivo para o crime. Mas afinal de contas quem seria o verdadeiro assassino? Filme vencedor do Oscar e do BAFTA Awards na categoria de Melhor Figurino (Anthony Powell). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
Comentários:
Assim como os livros de James Bond os livros escritos por Agatha Christie seguiam uma fórmula básica. No caso dessa autora ela geralmente reunia várias pessoas suspeitas em um ambiente fechado (como um barco ou trem) e colocava o leitor na situação de tentar descobrir quem seria o assassino de um crime misteriosamente cometido. É exatamente isso que temos aqui nesse "Morte sobre o Nilo". Vários personagens se tornam suspeitos da morte de uma rica herdeira que misteriosamente é morta durante um cruzeiro turístico pelo Egito. O filme em si é muito interessante, tem ótimas cenas externas (filmadas no templo de Karnak e nas pirâmides de Gizé) e um elenco de encher os olhos de qualquer cinéfilo. Na tela desfilam veteranos da era de ouro do cinema americano, muitos deles em suas últimas aparições, o que não deixa de ser duplamente interessante para quem ama a sétima arte. O destaque obviamente vai para o grande ator Peter Ustinov que aqui interpreta um dos personagens mais famosos da escritora, o inspetor excêntrico Hercule Poirot (que todos pensam ser francês, mas que que seria belga na verdade). Ustinov domina a cena, tentando descobrir quem teria cometido o crime. Nunca assisti uma atuação fraca de Ustinov em toda a sua carreira e aqui não seria exceção. Ao lado dele, o auxiliando, temos outro grande ator, David Niven. Já envelhecido, prestes a se aposentar, o ator ainda tinha uma bela presença de cena. Classe, elegância e uma fina ironia se tornaram suas marcas registradas. Entre as atrizes o filme traz uma coleção estelar, com Mia Farrow fazendo mais uma personagem perturbada e a grande diva Bette Davis, discreta, elegante e atuando ao lado da também excelente Maggie Smith, brilhando como nunca. Enfim, só pela oportunidade de ver tanta gente talentosa junta já vale a existência do filme. Assista, se divirta e tente descobrir o quebra cabeça da trama.
Pablo Aluísio.
Sob o Céu da China
Título no Brasil: Sob o Céu da China
Título Original: China Sky
Ano de Produção: 1945
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Brenda Weisberg, Joseph Hoffman, baseados na obra de Pearl S. Buck
Elenco: Randolph Scott, Ruth Warrick, Ellen Drew, Anthony Quinn, Carol Thurston, Benson Fong
Sinopse:
Dr. Gray Thompson (Randolph Scott) e a Dra. Sara Durand (Ruth Warrick) são médicos missionários em um hospital na China. Seu trabalho consiste em ajudar a população carente da região. Os tempos porém são conturbados e eles precisam retornar para os Estados Unidos após a invasão japonesa na China. Gray e Sara acabam se apaixonando na cidade chinesa mas o romance não se concretiza. De volta ao seu país o Dr Gray resolve se casar com a bela Louise mas seu coração continua dividido pois ele ainda ama secretamente a doce Sarah.
Comentários:
Mais um interessante filme de Randolph Scott fora do gênero western. Aqui ele interpreta um médico missionário que vai até uma cidade muito pobre e miserável da China para ajudar a população local. Seu trabalho de caridade e ajuda ao próximo é interrompido com a chegada das brutais tropas japonesas. Randolph Scott está perfeito na pele do Dr. Gray Thompson, um homem cheio de boas intenções que é traído por seus sentimentos pois não consegue se decidir completamente com quem ficar, pois parece amar duas mulheres maravilhosas na mesma proporção. O roteiro consegue mesclar muito bem aventura, romance e guerra. As tropas japonesas que tentam invadir a China são retratadas da pior forma possível, o que chegou a chocar o público americano na época. Não se pode esquecer que apesar dos americanos estarem em guerra com o Japão na ocasião, as atrocidades japonesas contra a população civil chinesa ainda eram pouco conhecidas do grande público na América. Como era impossível filmar algo na China naqueles tempos conturbados a RKO usou bastante da técnica conhecida como back projection nessa película. O resultado não deixa de ser muito bom, considerando as limitações técnicas daqueles tempos. Enfim, mais um bom exemplar da série "Randolph Scott deixa o velho oeste e vai à guerra"
Pablo Aluísio.
Título Original: China Sky
Ano de Produção: 1945
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Brenda Weisberg, Joseph Hoffman, baseados na obra de Pearl S. Buck
Elenco: Randolph Scott, Ruth Warrick, Ellen Drew, Anthony Quinn, Carol Thurston, Benson Fong
Sinopse:
Dr. Gray Thompson (Randolph Scott) e a Dra. Sara Durand (Ruth Warrick) são médicos missionários em um hospital na China. Seu trabalho consiste em ajudar a população carente da região. Os tempos porém são conturbados e eles precisam retornar para os Estados Unidos após a invasão japonesa na China. Gray e Sara acabam se apaixonando na cidade chinesa mas o romance não se concretiza. De volta ao seu país o Dr Gray resolve se casar com a bela Louise mas seu coração continua dividido pois ele ainda ama secretamente a doce Sarah.
Comentários:
Mais um interessante filme de Randolph Scott fora do gênero western. Aqui ele interpreta um médico missionário que vai até uma cidade muito pobre e miserável da China para ajudar a população local. Seu trabalho de caridade e ajuda ao próximo é interrompido com a chegada das brutais tropas japonesas. Randolph Scott está perfeito na pele do Dr. Gray Thompson, um homem cheio de boas intenções que é traído por seus sentimentos pois não consegue se decidir completamente com quem ficar, pois parece amar duas mulheres maravilhosas na mesma proporção. O roteiro consegue mesclar muito bem aventura, romance e guerra. As tropas japonesas que tentam invadir a China são retratadas da pior forma possível, o que chegou a chocar o público americano na época. Não se pode esquecer que apesar dos americanos estarem em guerra com o Japão na ocasião, as atrocidades japonesas contra a população civil chinesa ainda eram pouco conhecidas do grande público na América. Como era impossível filmar algo na China naqueles tempos conturbados a RKO usou bastante da técnica conhecida como back projection nessa película. O resultado não deixa de ser muito bom, considerando as limitações técnicas daqueles tempos. Enfim, mais um bom exemplar da série "Randolph Scott deixa o velho oeste e vai à guerra"
Pablo Aluísio.
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