quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Homem sem Rumo

Título no Brasil: Homem sem Rumo
Título Original: Man Without a Star
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio:  Universal Pictures
Direção: King Vidor
Roteiro: Borden Chase, D.D. Beauchamp
Elenco: Kirk Douglas, Jeanne Crain, Claire Trevor, William Campbell, Richard Boone, Jay C. Flippen

Sinopse:
Dempsey Rae (Kirk Douglas) é um cowboy errante que chega numa pequena cidade do velho oeste. Ele chega até lá pegando carona em um trem de carga. A região é dominada por grandes rebanhos de gado, o que coloca os vários fazendeiros em choque uns contra os outros.

Comentários:
Faroeste B da Universal que tem um aspecto curioso em seu roteiro. Como se sabe a figura do cowboy foi desaparecendo do velho oeste por causa de um pequeno fio de metal (o arame farpado) que foi usado para cercar as propriedades rurais. Com isso as grandes jornadas com cinco, dez mil cabeças de gado, foram se tornando cada vez mais raras. Sem as viagens com o rebanho o cowboy lendário, típico do século XIX nos Estados Unidos, foi lentamente desaparecendo. O personagem de Kirk Douglas é um desses cowboys do passado. Ele viaja e vai arranjando emprego por onde chega. Na nova cidade Kirk acaba trabalhando para uma rancheira, Reed Bowman (Jeanne Crain). Ela é uma mulher do leste que está apenas na região para embarcar um grande rebanho de 15 mil cabeças de gado, só que os fazendeiros do lugar acreditam que esses animais vão destruir o pasto das fazendas da região. Assim começam a cercar seus campos com arama farpado, o que vai criar muitos atritos entre todos. Kirk se alia com a rancheira e começa a entrar em confronto com os bandos pagos pelos demais fazendeiros. Tiro para todo lado. No geral é um filme modesto, sem grande produção ou orçamento, mas a presença de Kirk Douglas compensa esse aspecto. Com cabelos loiros, numa caracterização jovial e atlética, ele é realmente a alma do filme. Esbanja carisma em cada cena. Além disso dá uma rara canja em sua filmografia, chegando a cantar (bem!) e tocar banjo! Quem diria, logo o durão Kirk Douglas...

Pablo Aluísio.

Serras Sangrentas

Título no Brasil: Serras Sangrentas
Título Original: Sierra
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Alfred E. Green
Roteiro: Edna Anhalt
Elenco: Wanda Hendrix, Audie Murphy, Burl Ives, Dean Jagger, Richard Rober, Tony Curtis

Sinopse:
Pai e filho vivem em um lugar isolado nas montanhas. Eles estão naquele lugar porque o pai Jeff é procurado por ter matado um homem. A questão é que ele não foi o autor do crime. As coisas mudam quando surge uma jovem perdida, Riley Martin. Ela descobre que o filho nunca se envolveu com uma mulher antes, criando uma certa tensão sexual entre ela e o filho do pai fugitivo.

Comentários:
Nesse mesmo ano Audie Murphy surgiria nas telas com mais um western intitulado no Brasil de "Serras Sangrentas". Originalmente o filme se chamava "Sierra" e era dirigido por Alfred E. Green. Baseado na novela escrita por Stuart Hardy, a estória mostrava a luta de pai e filho tentando sobreviver nas montanhas em uma época em que a lei e a ordem eram apenas esperanças vãs de surgir naquelas regiões perdidas do velho oeste. Curiosamente esse faroeste era estrelado por uma atriz, a bela Wanda Hendrix. Audie Murphy era apenas o segundo nome do elenco, mostrando que ele estava disposto a ceder espaço em prol de atuar em bons filmes, com roteiros mais bem escritos. Por fim um detalhe interessante que passa despercebida por muita gente, a presença do ator Tony Curtis no comecinho da carreira na época em que ele era um completo desconhecido, apenas um ator treinado pelo setor de novos atores da Universal. Em poucos anos ele iria se tornar um dos grandes astros do estúdio, ao lado de Rock Hudson, que também teve uma origem bem parecida com Curtis. A dupla iria se tornar muito mais famosa que o próprio Audie Murphy.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Atire a Primeira Pedra

Título no Brasil: Atire a Primeira Pedra
Título Original: Destry Rides Again
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: Felix Jackson, Gertrude Purcell
Elenco: Marlene Dietrich, James Stewart, Mischa Auer, Charles Winninger, Brian Donlevy, Allen Jenkins

Sinopse:
Após a morte do xerife, o prefeito de uma pequena cidadezinha do Texas resolve nomear Tom Destry Jr (James Stewart) como o novo xerife. Inicialmente desacreditado por todos, aos poucos ele vai ganhando a confiança dos habitatantes do lugar, iniciando também um breve romance com a bela cantora do saloon, Frenchy (Marlene Dietrich).

Comentários:
Depois de "A Mulher Faz o Homem", assinado pelo grande diretor Frank Capra, foi que James Stewart atuou em seu primeiro western. O filme se chamava "Atire a Primeira Pedra". Lançado em 1939, com direção do especialista em filmes de faroeste George Marshall (um dos maiores nomes do gênero em todos os tempos), o filme contava ainda com a estrela Marlene Dietrich. Na época de seu lançamento houve algumas críticas pelo fato do filme não ser um western tão tradicional como todos esperavam. Na verdade a presença de Marlene Dietrich exigia algumas concessões no roteiro como a inclusão de músicas e um espaço maior para o romance entre os principais personagens. O público que lotava os cinemas para assistir filmes de western naquela época queria ver pistoleiros durões, duelos em ruas empoeiradas e muita ação, com tiroteios e batalhas entre soldados e nativos. Nada disso havia no filme. O sucesso acabou sendo apenas mediano. Hoje em dia o filme vale a pena principalmente por seu valor histórico. Afinal reuniu em seu elenco dois mitos do cinema internacional, Stewart e Marlene Dietrich.

Pablo Aluísio.

Gloriosa Vingança

Título no Brasil: Gloriosa Vingança
Título Original: Texas
Ano de Produção: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: Horace McCoy, Lewis Meltzer
Elenco: William Holden, Glenn Ford, Claire Trevor, George Bancroft, Edgar Buchanan, Don Beddoe

Sinopse:
Dois homens do leste, Dan Thomas (William Holden) e Tod Ramsey (Glenn Ford), resolvem ir até o velho oeste, no norte do Texas, para tentar a sorte. Eles querem ganhar a vida jogando cartas e ocasionalmente trabalhando como cowboys. Ao chegarem numa pequena cidade percebem que nem tudo será como eles haviam inicialmente planejado.

Comentários:
Em 1941 o diretor George Marshall, cumprindo seu contrato com a Columbia Pictures, resolveu rodar um faroeste mais diferenciado. Com toques de bom humor e contando com uma dupla que nunca havia trabalhado antes, ele conseguiu um bom resultado nesse western de contrastes chamado "Texas". A ideia do roteiro era realmente explorar o choque cultural entre dois cavaleiros que saíam do leste industrializado e desenvolvido para os rincões do solo texano, com seus cowboys durões, bons de briga e muitos tiroteios. Nesse aspecto quem funcionou melhor no filme foi o ator William Holden que era mesmo um tipo bem cosmopolita, da cidade grande. Já Glenn Ford já era muito mais associado ao gênero western, não ficando estranho com roupas de cowboy, atravessando as planícies texanos em cima de seu cavalo. No geral é um bom faroeste, valorizado não apenas pela boa direção de Marshall, um craque nesse tipo de filme, mas também pelo bom roteiro e a presença sempre marcante de Ford e Holden, dois astros populares da época.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Oscar 2018 - Melhor Ator

Um ano apenas razoável. Não vi nenhuma atuação de impressionar. Apenas bons trabalhos, alguns ajudados pelo departamento de maquiagem dos estúdios, que estão mais sofisticados a cada ano. Entre os meus preferidos está obviamente Gary Oldman por "O Destino de uma Nação" (Darkest Hour). Embaixo de pesada maquiagem ele interpreta um Winston Churchill recém alçado ao poder, precisando lidar com uma oposição ferrenha dentro do parlamento, ao mesmo tempo em que precisa enfrentar a ameaça nazista. Apesar de tudo considerei uma boa atuação. Oldman incorporou os trejeitos do velho primeiro ministro. Em alguns momentos derrapa um pouco, indo para o lado mais da caricatura, mas nunca chega a comprometer seu trabalho. Pelo tamanho da figura do personagem histórico que interpreta um Oscar nesse ano seria bem-vindo.

Meu segundo na escala de preferência é Daniel Day-Lewis,  por "Trama Fantasma" (Phantom Thread). Há informações que essa seja sua despedida do cinema, mas eu não acredito que isso vai acontecer. Nesse filme muito fino e sofisticado o talentoso Lewis interpreta um estilista londrino que, obcecado pelo trabalho, acaba encontrando o amor na figura de uma garçonete desajeitada que ele conhece em uma lanchonete do interior. O fino da interpretação de Lewis vem do fato de seu personagem ser bem complexo do ponto de vista psicológico. Obcecado pela mãe ele tinha crises que o impedia de trabalhar e criar. Assim acabou encontrando o suporte na companhia da fiel Alma, sua paixão de vida.

Denzel Washington, por sua vez, interpreta um tipo bem diferente em "Roman J. Israel, Esq". Aqui a maquiagem é tão pesada, aliada a figurino e cabelo, que muitos nem vão reconhecer o ator. A boa nota é que Denzel tem figurado constantemente na lista dos melhores atores do ano, mostrando que ele é realmente um talento nato. Vai ganhar? Dificilmente. Quando a maquiagem é pesada demais os membros da academia acabam desvalorizando um pouco o trabalho do ator, afirmando que a maquiagem já fez grande parte do trabalho.

Por fim dois nomes fracos. O pior deles é a presença de Daniel Kaluuya, por "Corra!" (Get Out). Que filme porcaria! Não sei aonde está o brilhantismo de sua atuação nesse terror B sem atrativos. Fazer cara de bobão, de namorado de garota branca sendo um negro é pressuposto de talento dramático? Se for isso, então temos uma novidade na escolha dos melhores atores do ano. Outro bem fraco é Timothée Chalamet, por "Me Chame Pelo Seu Nome" (Call Me by Your Name). É um azarão na lista e como acontece nesse caso já sabemos: ele deve agradecer pela lembrança e nada mais. A indicação já é um prêmio em si mesmo. Não pense em levantar a estatueta.

Pablo Aluísio.

Those Who Kill / Outsiders

Those Who Kill 1.03 -  Rocking the Boat Estou no comecinho dessa série. Ainda estou me familiarizando com os personagens. Recapitulando os episódios anteriores: uma garota é brutalmente assassinada em um beco sujo, com fortes pancadas ao lado de um depósito de lixo. Inicialmente as investigações levam a um jovem, criado em um lar adotivo, cheio de problemas pessoais mas ele é encontrado morto debaixo de uma ponte. Provável suicídio. Nesse episódio as coisas ficam mais claras. Entra em cena uma suspeita, uma garota muito perturbada que tem acessos de fúria. A personagem principal dessa série é a policial do departamento de homicídios Catherine Jensen (Chloë Sevigny). Confesso que ela me lembrou de outra personagem de tira feminino, a investigadora Sonya Cross de "The Bridge" (ainda falarei sobre essa boa série também em breve). Assim como a outra detetive essa também tem problemas emocionais, não consegue firmar relacionamentos sérios e duradouros e resolve o problema da falta de uma vida sexual de forma bem pragmática! Só vendo para crer. Ainda é cedo para dizer se "Those Who Kill" terá vida longa  ou se vai sobreviver dentro do competitivo mercado televisivo americano, o que posso antecipar é que pelo menos por enquanto os episódios estão bem interessantes. /  Those Who Kill 1.03 -  Rocking the Boa (EUA, 2014) Direção: Phil Abraham / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison

Those Who Kill 1.06 - Always After
Cada dia vai ficando melhor. Como se sabe a personagem principal é a policial Catherine Jensen (Chloë Sevigny). Ela carrega muitos traumas da infância porque foi abusada por seu próprio pai. Assim quando surge um novo caso envolvendo um histórico semelhante, ela fica fora de si. Uma família é encontrada morta e todas as pistas levam a crer que foram assassinados pelo próprio pai, um sujeito também abusivo e insano. Conforme as investigações vão ocorrendo algo novo surge no ar, provando que Catherine precisa cada vez mais tentar separar sua vida profissional da pessoal. Essa última aliás é um desastre completo, já que ela não consegue manter um relacionamento sólido com nenhum homem, se dando no máximo a oportunidade de uma transa casual, quando lhe convém, mas sempre sem envolvimento nenhum, tudo realizado com uma carga enorme de distância emocional. Chamo atenção para o trabalho da atriz Chloë Sevigny. Ela tem aquele tipo de rosto bem marcante, que usa para expressar toda o conflito interno de sua alma. Uma série que se continuar sendo tão bem trabalhada como tem mostrado os últimos episódios poderá certamente surpreender e muito ao público. / Those Who Kill - Always After (EUA, 2014) Direção: Stefan Schwartz / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison.

Those Who Kill 1.07 - A Safe Place
Esse episódio foi um dos melhores que assisti da série até hoje! Para quem ainda não conhece "Those Who Kill" é um drama policial centrado na figura da detetive Catherine Jensen (Chloë Sevigny) do Departamento de Polícia de  Pittsburgh, na Pennsylvania. Ela tem um passado terrível para lidar porque seu padrasto era abusivo em relação a ela durante sua infância. Juiz rico e poderoso, se escondia atrás de seu status para que ninguém ficasse sabendo da verdade, pois era na realidade um pedófilo contumaz. Para piorar ainda mais o quadro, tudo indica que ele foi o responsável pela morte de seu jovem irmão, quando era apenas um garoto. Enquanto não consegue juntar todas as provas para condená-lo, ela segue seu trabalho como investigadora. Agora tem um crime assustador para resolver. No episódio anterior toda uma família foi encontrada assassinada. Inicialmente pensou-se que o pai teria sido o responsável, porém pistas levaram a outro caminho. Na cena do crime foram encontrados traços de Alumina, um componente bastante usado em reformas de casas. Na residência ao lado estava havendo uma reforma, o que faz com que Jensen passe a investigar os trabalhadores daquela obra. Uma decisão bastante acertada. Em pouco tempo ela chega na pessoa de Rodney Bosch (Rodney Rowland), um sujeito com graves problemas mentais. Ele inclusive foi demitido por estar "espionando" a esposa do dono da casa que estava sendo reformada. Maior suspeito certamente não haveria de existir. Seguindo as pistas Jensen descobre mais: ele teria sido responsável pela falência da empresa de construção civil que herdara do pai. Depois disso, em um surto psicótico acabou matando sua própria família. Não precisa ser muito perspicaz para entender que o sujeito era mesmo forte candidato a ser o assassino. O clímax desse episódio é excelente, com Jensen tentando salvar a vida de uma outra família que cai nas garras do psicopata. Enquanto ela tenta entrar em sua mente um atirador de elite se posiciona do lado de fora da casa! Suspense e tensão em doses exatas. Então é isso, "Those Who Kill" tem se revelado cada vez mais como uma ótima pedida para que gosta de séries policiais mais dramáticas, que explorem psicologicamente melhor seus personagens, trazendo com isso mais conteúdo nos roteiros. / Those Who Kill 1.07 - A Safe Place (EUA, 2014) Direção: Sam Miller / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison, Bruce Davison.

Those Who Kill 1.08 - Insomnia
Uma nova droga está nas ruas. Uma variação agressiva do Ecstasy. Após um jovem literalmente pular pela janela de um prédio durante uma rave, logo após ingerir algumas doses dessa substância, a detetive Catherine Jensen (Chloë Sevigny) é designada para resolver o caso. Não vai ser fácil, até porque sua própria vida pessoal está completamente caótica. Jensen não consegue manter um relacionamento sério e duradouro com os homens em geral (fruto do fato de ter sofrido e presenciado abusos sexuais cometidos por seu padrasto pedófilo  contra seu irmão mais jovem durante sua conturbada infância). Traumas desse tipo são levados para o resto da vida. Para piorar Jensen resolve confrontar sua mãe sobre tudo o que aconteceu no passado, mas antes dessa conversa acontecer ela acaba sofrendo um AVC. Some-se a isso o fato de um serial killer insano e torturador estar à solta e você entenderá porque "Those Who Kill" pode ser considerada uma das melhores séries policiais da atualidade. O mundo cão nunca teve tintas tão ousadas. / Those Who Kill 1.08 - Insomnia (EUA, 2014) Direção: John David Coles / Roteiro: Glen Morgan, Elsebeth Egholm / Elenco: Chloë Sevigny, James D'Arcy, James Morrison.

Outsiders 1.01 - Farrell Wine
Conferi o episódio piloto dessa nova série chamada "Outsiders". Nos estados sulistas americanos há um tipo de caipira mais isolado, que vive nas montanhas, tendo pouco ou nenhum contato com as cidades, ou como queiram, a civilização. Em cima disso criou-se o enredo dessa série. Os caipiras aqui não são apenas esquisitos, diferentes, mas extremamente incivilizados. Eles rejeitam o uso de dinheiro e quando descem na cidade só o fazem para roubar bens e alimentos. Quase selvagens completos. Curiosamente os roteiristas deixaram várias insinuações no meio do caminho, que não sei se serão levadas em frente, como a de que todos eles seriam também lobisomens! Imagine você, que coisa... Mesmo assim o primeiro episódio não é ruim. Há um tira de cidade pequena que evita ter que lidar com a caipirada violenta, mas que mais cedo ou mais tarde terá que enfrentá-los pois uma ordem de despejo foi emitida pela justiça do condado. A montanha em que vivem tem uma grande reserva de carvão e pertence a uma rica companhia que os querem tirar de lá, o mais rapidamente possível. O elenco é formado quase que exclusivamente por desconhecidos, com exceção do ator David Morse. Outro aspecto digno de nota é que a matutada usa carros e veículos envenenados, como se fossem uma versão caipira das montanhas de "Mad Max"! Por ser tão diferente vale a pena acompanhar a série para ver no que tudo isso vai dar. Pelo menos tentaram sair um pouco do convencional. / Outsiders 1.01 - Farrell Wine (EUA, 2016) Direção: Adam Bernstein / Roteiro: Peter Mattei / Elenco: David Morse, Joe Anderson, Gillian Alexy.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Danton - O Processo da Revolução

Na escola aprendemos que a Revolução Francesa foi uma maravilha, um momento importante onde o povo e a classe burguesa finalmente tomaram o poder, deixando para trás a tirania do antigo regime, da monarquia absoluta. Os professores esquecem de dizer que foi um período sanguinário, comandado por fanáticos que no final das contas implantaram uma outra espécie de tirania, essa bem pior, baseada no puro terror. A história do escritor, jornalista e orador Georges Jacques Danton foi um retrato perfeito disso. Ele foi um dos principais nomes da Revolução Francesa, um homem admirado por todo o povo francês. Quando os revolucionários já tinham guilhotinado toda a nobreza e grande parte do clero, começou um processo de autofagia dentro da própria revolução, onde os revolucionários começaram a mandar para a morte os próprios revolucionários que de alguma forma estivessem incomodando. Era outra tirania sangrenta que havia nascido.

No filme temos a volta de Danton a Paris. Maximilien de Robespierre está no poder, no comando de um comitê de terror. Danton chega para defender a liberdade de expressão, a possibilidade de criticar as coisas erradas que andam acontecendo com o governo. Nesse processo acaba batendo de frente com Robespierre que naquele momento já tinha deixado todos os princípios da Revolução para trás, implantando um regime de puro terror, levando milhares de pessoas para a morte. Era o fracasso completo da ideologia de liberdade que havia sido o principal motor da própria Revolução. O filme de Andrzej Wajda se desenvolve assim nesse verdadeiro duelo de ideias e posições, de um lado Danton ainda levantando a bandeira dos princípios que acreditava, do outro Robespierre, embriagado pelo poder absoluto. Uma triste ironia de uma revolução que levou milhares de pessoas à morte em nome de ideais que nem os próprios revolucionários acreditavam ou colocavam em prática. No fundo era tudo mesmo uma briga pelo poder absoluto.

Danton - O Processo da Revolução (Danton, França, 1983) Direção: Andrzej Wajda / Roteiro:  Jean-Claude Carrière, Stanislawa Przybyszewska / Elenco: Gérard Depardieu, Wojciech Pszoniak, Anne Alvaro / Sinopse: Durante o período conhecido como "O terror", o revolucionário Maximilien de Robespierre, com plenos poderes em mãos, começa a aniquilar todos os focos de oposição. Basta um texto, um artigo de críticas, para que o autor seja enviado para a guilhotina. É nesse momento que retorna a Paris o escritor Georges Jacques Danton que vem justamente para bater de frente com a tirania do comitê liderado por Robespierre. Filme  vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Também premiado pelo César Awards na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Meu Amigo Dahmer

O que se passa na mente de um psicopata, de um serial killer? O que faz um sujeito aparentemente normal se tornar um monstro capaz dos atos mais selvagens, insanos e bárbaros? Esse filme foi baseado numa história em quadrinhos escrita por um dos amigos de colégio de Jeff Dahmer. A história se passa em 1978. Nessa época Dahmer era apenas um estudante tímido e meio estranho que frequentava uma escola secundarista em seu pequena cidade natal, no meio oeste dos EUA. Longe ainda dos crimes que iria cometer no futuro, ele apenas vivia sua vidinha medíocre ao lado dos pais (que estavam sempre brigando) e do irmão mais novo (que tinha um histórico de doença mental). Uma vida sem nada de especial. Dahmer começou a virar a curva para a anormalidade quando começou a recolher animais mortos na estrada. Ele levava os bichinhos para um pequeno barracão perto de sua casa e lá os dissecava. Poderia até ser um sinal de que ele teria vocação para ser biólogo, mas no fundo havia algo de psicótico em seus atos.

O roteiro é muito bom, cheio de detalhes interessantes, tudo fruto do fato de ter sido escrito por uma pessoa próxima a Dahmer nessa fase de sua vida. O autor dos quadrinhos originais foi Derf Backderf que era colega de classe de Dahmer. Já na época colegial ele gostava de desenhar Dahmer por diversão e curtição. Depois que o colega se tornou um dos mais infames assassinos em série da história, Backderf resolveu contar sua história. Agora esse ótimo material virou esse filme. O roteiro explora uma fase específica da vida desse assassino, antes dele cometer o primeiro crime. Por isso não espere nada violento ou gore. No fundo é uma história de jovens normais, tentando encontrar um lugar na vida. Assim está lá a rotina entediante da sala de aula, o bailinho de formatura, as primeiras tentativas de se chegar numa garota, o primeiro contato com as drogas, a despedida da escola com a ida para a universidade, etc. Tudo normal a não ser o fato de que um dos alunos iria se tornar o canibal de milwaukee em um futuro próximo.

Meu Amigo Dahmer (My Friend Dahmer, Estados Unidos, 2018) Direção: Marc Meyers / Roteiro: Marc Meyers, baseado nos quadrinhos criados por Derf Backderf / Elenco: Ross Lynch, Alex Wolff, Anne Heche, Dallas Roberts / Sinopse: O filme conta os anos colegiais de Jeff Dahmer, considerado um dos mais infames assassinos em série dos Estados Unidos, autor de dezenas de crimes violentos e insanos, com canbalismo e necrofilia. No enredo porém tudo se passa antes de seu primeiro crime, quando era apenas um colegial vivendo uma vidinha comum no meio oeste americano.

Pablo Aluísio.

Bright

Supostamente deveria ser um filme policial comum, com todos aqueles clichês que conhecemos bem, como a dupla de patrulheiros que não se dão bem, tentando colocar alguma lei e ordem nas ruas infestadas de criminalidade de Los Angeles. Até aí tudo bem, nada de novidade. A questão é que o roteiro desse filme foge do lugar comum ao colocar um policial humano (interpretado por Will Smith) ao lado de um Orc! Isso mesmo, aquela raça de seres grotescos que todos conhecem das páginas dos livros de J.R.R. Tolkien. E as coisas não param por aí. Existem também Elfos e Fadas, todos vivendo na realidade do nosso tempo. E como não poderia faltar em um roteiro de universo de fantasia há também uma varinha mágica, muito poderosa, que não pode cair nas mãos de criminosos que estão tentando trazer uma divindade das sombras para conquistar o mundo. 

É a tal coisa, não gostei muito dessa ideia de misturar universos tão distintos. Esse negócio de misturar um universo de fantasia ao estilo "O Senhor dos Anéis" com filmes policiais não funcionou muito bem. Claro que o roteiro tenta ainda tirar algum proveito disso, fazendo com que o Orc que é parceiro de patrulha de Will Smith sofra todo tipo de preconceito (uma analogia com o preconceito racial vivido pelos negros americanos). Ainda assim o resultado final é esquisito. Há cenas que tentam ser divertidas, como aquela em que Will Smith tenta dar cabo de uma fada que fica perturbando a tranquilidade de seu lar, mas nem esses momentos que deveriam ser engraçados funcionam direito. Como se trata de uma produção Netflix, que não foi lançada nos cinemas, a produção também não é lá grande coisa. Não é mal feita, longe disso, mas tem menos efeitos especiais do que se fosse um filme normal, a ser lançado nos cinemas. A trama funciona mais ou menos bem somente até os 40, 50 minutos de duração. Depois disso vira lugar comum, com muitos clichês, onde todos os personagens tentam colocar as mãos na tal varinha mágica. No final não gostei muito realmente, nem a crítica em geral que achou o resultado bem mais ou menos, o que talvez não faça muita diferença, já que a Netflix já anunciou a produção do segundo filme, também com Will Smith. Provavelmente vá virar uma série nos próximos anos. Haja paciência!

Bright (Bright, Estados Unidos, 2017) Direção: David Ayer / Roteiro: Max Landis / Elenco: Will Smith, Joel Edgerton, Noomi Rapace / Sinopse: Daryl Ward (Will Smith) é um policial de patrulha de Los Angeles que é designado pelo departamento de polícia para ser o parceiro de Nick Jakoby (Joel Edgerton). Ward não gosta muito dessa ideia pois não simpatiza com Jakoby. Tudo seria algo até normal se Jakoby não fosse um Orc! Uma raça detestada pelos seres humanos em geral por causa de seu passado violento de guerras contra a humanidade.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

A Grande Jogada

Esse filme é um dos favoritos ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado. Fruto do trabalho do diretor Aaron Sorkin que também roteirizou seu filme. Baseado em fatos reais o enredo conta a história de Molly Bloom (Jessica Chastain). Quando criança ela começou a ser moldada para ser uma campeã olímpica pelo seu pai, que era obcecado pelo sucesso nos esportes. Já adolescente ela consegue disputar lado a lado contra as grandes profissionais, mas um acidente acaba com sua carreira. Desiludida com seu fracasso, sem vontade de encarar uma universidade de direito (novamente um objetivo imposto a ela por seu pai) Molly resolve se mudar para Los Angeles onde pretende se virar sozinha. Começa por baixo, sendo garçonete. Depois começa a trabalhar para um sujeito que organizava jogos de poker para ricaços. Em pouco tempo ela rouba o negócio do ex-patrão e passa ela mesma a organizar seu próprios jogos. Aluga um quarto de hotel luxuoso e começa em pouco tempo a fazer fortuna.

O roteiro se divide em duas linhas narrativas, uma no passado mostrando Molly no começo da vida, tentando ser esportista e depois entrando no mundo dos jogos ilegais e uma no presente, com ela já cercada pelo FBI, sendo processada, podendo pegar uma pena dura de prisão. Tudo, passado e presente, se mistura, resultando em um filme realmente muito bom. De forma inteligente o roteiro não fica girando em torno dos detalhes do poker, algo que poderia interessar apenas aos praticantes desse jogo. Ao invés disso mostra o lado mais humano de Molly, suas motivações e os traumas que traz do passado. Um aspecto interessante é que o pai dela é interpretado por Kevin Costner, em um papel até pequeno, mas muito importante dentro do filme como um todo. Outro ponto positivo ocorre quando a máfia resolve entrar no negócio de Molly. Afinal onde há jogo ilegal e muito dinheiro rolando, a máfia acaba entrando, pelo bem ou pelo mal. Então é isso. Um filme com um roteiro realmente acima da média, que vai jogando informações e situações na tela sem nunca subestimar a inteligência do espectador.

A Grande Jogada (Molly's Game, Estados Unidos, 2017) Direção: Aaron Sorkin / Roteiro: Aaron Sorkin, baseado no livro de memórias de Molly Bloom / Elenco: Jessica Chastain, Idris Elba, Kevin Costner / Sinopse: Quando Molly (Jessica Chastain) percebe que seus sonhos de se tornar uma atleta olímpica campeã acabaram após um sério acidente, ela decide dar um novo rumo na sua vida. Desiste de ir para a universidade cursar Direito e entra em outro ramo, esse bem mais perigoso, o dos jogos ilegais de poker com milionários e mafiosos. Filme indicado ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Roteiro Adaptado (Aaron Sorkin). Igualmente indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Jessica Chastain).

Pablo Aluísio.