segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O Poço e o Pêndulo

Século XVI. Ao descobrir que sua irmã morreu em circunstâncias misteriosas, o nobre Francis Barnard (John Kerr) resolve ir até o castelo onde ela morava com o marido, Nicholas Medina (Vincent Price). O lugar é sinistro, uma velha construção medieval usada no passado como câmera de torturas da inquisição espanhola. Aos poucos Francis vai percebendo que nada é como lhe fora informado. Sua irmã não morrera de um ataque do coração e nem da maneira como ele pensava ter sido. Afinal qual seria a verdade dos fatos naquele ambiente doentio e assustador? Falar que esse filme foi baseado na obra de Edgar Allan Poe é sem dúvida forçar um pouco a barra. Na verdade apenas os 10 minutos finais tem alguma semelhança com o conto escrito pelo genial Poe. O fato é que o texto original tem uma trama muito simples. Basicamente é um homem que acorda numa câmera de torturas da idade média, onde um pendulo com uma grande Lâmina desce em sua direção. O poço onde ele está seria assim uma metáfora do próprio inferno e o pêndulo uma alegoria do tempo que conforme vai passando vai consumindo nossa existência. 

Essa é em breves linhas o conteúdo do que Poe escreveu. O roteirista Richard Matheson precisou assim criar todo um enredo próprio para a realização do filme. Dessa maneira surge vários personagens que inexistiam na obra original de Poe, entre eles o fragilizado Nicholas Medina (Vincent Price). Seu pai foi um dos mais sádicos inquisitores da Espanha e quando descobriu que seu próprio irmão estava tendo um caso com sua esposa resolveu torturar a ambos nos mesmos instrumentos de tortura que mantinha nos porões de seu castelo. Ainda criança Nicholas assistiu a tudo. Com o trauma criou uma personalidade frágil e assustada, sempre aterrorizado com as sombras daquele lugar assustador. É curioso porque Price interpreta ambos os personagens, pai e filho. Como Nicholas (o filho) ele é perturbado e medroso, como Sebastian (o pai) é um torturador insano e masoquista. O diretor Roger Corman fez um bom filme (considerado clássico por alguns), mas de modo em geral ficou apenas na média. As cores berrantes do filme atrapalham um pouco, se fosse realizado em preto e branco seria claramente mais assustador. A trama tem bons momentos e como o filme é relativamente curto (pouco mais de 80 minutos), jamais chega a aborrecer o espectador. Corman sabia como dar um ritmo adequado e um corte certo para filmes como esse.

O Poço e o Pêndulo (Pit and the Pendulum, Estados Unidos, 1961) Direção: Roger Corman / Roteiro: Richard Matheson, baseado na obra de Edgar Allan Poe / Elenco: Vincent Price, Barbara Steele, John Kerr, Luana Anders / Sinopse: Ao investigar a morte misteriosa de sua irmã, um nobre europeu resolve ir até o velho castelo medieval onde ela morava com seu estranho marido. Acaba descobrindo algo mais do que sinistro.

Pablo Aluísio.

Peter Cushing - As Noivas do Vampiro

Essa sugestão vai para quem gosta de um bom filme de terror clássico. O filme se chama "As Noivas do Vampiro" de 1960. Com direção de Terence Fisher e produção dos estúdios ingleses da Hammer esse é um dos mais subestimados filmes da companhia. O curioso é que embora faça parte da franquia original (aquela mesma que começou com Christopher Lee dois anos antes) o roteiro explora não a presença do Conde, mas sim dos infectados com a sua praga. Logo na primeira cena é explicado ao espectador que Drácula está morto, mas que seus súditos continuam a espalhar o mal pelo mundo. Marianne Danielle (Yvonne Monlaur) é uma jovem professora que segue viagem pela sinistra Transilvânia. Ao parar em um pequeno vilarejo ela descobre que seu cocheiro simplesmente foi embora - muito provavelmente apavorado com a possibilidade de ser atacado naquele lugar sombrio. Abandonada numa taverna local, sem ter para onde ir, ela acaba aceitando o gentil convite da Baronesa Meinster (Martita Hunt) para passar a noite em seu castelo. Mal sabe a professorinha que a antiga construção medieval guarda um segredo terrível: o filho da Condessa vive acorrentado em seus aposentos pois é na verdade um vampiro.

A partir daí as coisas se desenvolvem de certa maneira como o esperado. A jovem fica horrorizada ao saber que aquele jovem rapaz vive como um animal acorrentado. Com pena dele acaba lhe libertando ao roubar a chave da Condessa. Depois de livre, o caos se instala. O jovem Barão Meinster (David Peel) sai em busca de sangue humano, afinal de contas ele é uma criatura da noite que precisa se alimentar. Apenas a chegada do Van Helsing (Peter Cushing) poderia deter aquela ameaça terrível. "As Noivas do Vampiro" (ou como também é conhecido "As Noivas do Drácula") é um excelente exemplo do cinema da Hammer. Tudo é muito bem produzido. Os cenários, figurinos e ambientações são de extremo bom gosto. A direção de arte então é realmente de encher os olhos. A Hammer ficou famosa justamente por causa desse capricho especial que trazia em suas produções. O filme gira em torno justamente do Dr. Van Helsing que precisa enfrentar não apenas o Conde Meinster como também um grupo de jovens que também se tornam vampiras por suas mãos (daí o título do filme). É aquele tipo de filme que acabou se tornando uma grande influência dentro do cinema. Se você prestar bem atenção, por exemplo, vai ver que esse visual de jovens vampiras vitorianas usando camisolas, sendo sensuais e temidas ao mesmo tempo, foi copiado a exaustão por todos os demais filmes de terror (na verdade até hoje em dia não conseguimos ver tais vampiras vestidas de outro modo). Assim o que vemos aqui é um verdadeiro percurssor de toda uma linhagem de filmes de terror. Uma pequena obra prima do gênero, muito bem realizada e saborosamente nostálgica.

As Noivas do Vampiro (The Brides of Dracula, Inglaterra, 1960) Direção: Terence Fisher / Roteiro: Jimmy Sangster, Peter Bryan / Elenco: Peter Cushing, Martita Hunt, Yvonne Monlaur, David Peel, Freda Jackson / Sinopse: Jovem professora de crianças acaba caindo em uma armadilha mortal ao aceitar o convite para passar a noite no castelo Meinster, na verdade um reduto de vampiros. Filme premiado pela  Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria Melhor Lançamento Clássico de DVD.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme

Pela importância e história até que demoraram demais para lançar essa animação em grande estilo, celebrando a imortal criação de Charles M. Schulz. Quem conhece sabe que o grande segredo da turma do Charlie Brown para ser até hoje tão cultuada vem da riqueza interior de todos os personagens. Todos eles foram inspirados em pessoas reais e até no próprio criador (na verdade o garotinho tímido, inseguro e desajeitado Charlie Brown nada mais era do que um alter ego de Schulz). Lucy, por exemplo, era baseada na primeira esposa do cartunista, uma mulher mandona, dominadora e que o aconselhava constantemente a ir procurar um analista (o que lhe valeu nas tirinhas a irônica função de dar conselhos aos demais personagens, todos aliás completamente sem noção). Na verdade ele não gostava dela, tanto que se separou após alguns anos de um casamento sem amor. Já Patty Pimentinha era a própria prima de Schulz, uma garota que se comportava como um menino, que jogava bola com eles e era considerada quase um garoto também (isso explicaria seu jeito meio hippie nas tirinhas). Agora a melhor criação de Schulz foi realmente a Garotinha Ruiva, inspirada no grande amor de sua vida. Assim como Charlie Brown era perdidamente apaixonado por ela, Schulz o era por Donna Mae Johnson, a jovem ruiva que o inspirou. Infelizmente ele foi rejeitado e desse amor não correspondido veio provavelmente tudo o que vemos em sua criação.

Nessa nova animação os roteiristas foram muito felizes em sintetizar quase 50 anos de criação do mestre Charles M. Schulz em apenas pouco mais de 70 minutos de duração. Nada faltou. Estão lá a paixão platônica de Charlie Brown pela Garotinha Ruiva, os sonhos literários do esperto Snoopy, as trapalhadas de toda a turma, a professora com voz de trombone... Quem acompanhou os inesquecíveis filmes animados realizados nas décadas de 1970 e 1980 (como por exemplo "Feliz Aniversário Charlie Brown" ou "Algum Dia Você Irá Encontrá-la, Charlie Brown") vai ter uma sensação nostálgica boa da infância. Esses desenhos animados, praticamente todos eles assinados por Bill Melendez (que também dublava o próprio Charlie Brown), talvez sejam a grande referência para esse novo filme, com a diferença básica que aqueles foram realizados de forma tradicional e aqui temos tudo em computação gráfica (não precisa se preocupar, tudo é de muito bom gosto). No final das contas a humanidade de todos os personagens desse universo explica seu sucesso geração após geração e isso certamente não falta nessa nova animação. É sempre um prazer nostálgico delicioso rever essa turma novamente.

Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme (The Peanuts Movie, Estados Unidos, 2015) Direção: Steve Martino / Roteiro: Bryan Schulz, Craig Schulz, baseados na obra original criada por Charles M. Schulz / Elenco: Noah Schnapp, Bill Melendez, Hadley Belle Miller / Sinopse: Charlie Brown (Bill Melendez) é um garotinho inseguro, tímido e bem desajeitado. Nada parece dar muito certo para ele. Apenas seu cachorrinho e eterno amigo Snoopy o compreende. Sua vida muda completamente quando uma nova vizinha muda para a casa ao lado. Ela é uma linda Garotinha Ruiva que faz Charlie Brown ficar completamente apaixonado. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Animação.

Pablo Aluísio.

Marvel Super Hero Adventures: Frost Fight!

É a tal coisa, se a DC Comics vem faturando bem com animações em DVD era praticamente certo a Marvel ir pelo mesmo caminho. Nada pessoal, apenas negócios. Assim chegamos nesse "Marvel Super Hero Adventures: Frost Fight!". Nesse desenho a Marvel usa seu grupo de super-heróis mais popular, os Vingadores. Ao lado dos tradicionais Thor, Homem de Ferro, Capitão América e Hulk, surgem novos membros como O Réptil e a Capitã Marvel (que são bem sem graça, vamos convir). O vilão é o Loki, o eterno inimigo do Thor. Como o DVD foi lançado em dezembro para o natal a Marvel encomendou um enredo bem natalino que envolve até mesmo o Papai Noel, isso mesmo! Eles vão até a Terra de Santa Claus que na verdade seria uma antiga divindade de Asgard! Achou fantasioso demais? E é mesmo, pois essa é uma animação para os mais jovens, garotada até 12 anos.

Sinceramente achei bem pobre a técnica de animação empregada aqui. Ao estilo tradicional, mas bem fraca mesmo, a arte nunca empolga. Além de ser excessivamente juvenil (como eu disse é recomendado para os garotos mesmo) há ainda excessos de piadinhas sem graça. Talvez a única grande novidade digna de nota seja a presença de dois personagens do universo Marvel de "Guardiões da Galáxia". Pois é, os roteiristas arranjaram um jeito de colocar Groot e Rocket Raccoon na estorinha. Pena que nem isso ajuda muito pois é realmente uma animação bem fraquinha, muito longe das recentes lançadas pela DC. Se continuar assim os Vingadores vão continuar a comer poeira nesse concorrido mercado.

Marvel Super Hero Adventures: Frost Fight! (Estados Unidos, 2015) Direção: Mitch Schauer / Roteiro: Mark Banker / Elenco: Mick Wingert, Matthew Mercer, Travis Willingham / Sinopse: Os Vingadores se unem para defender o Papa Noel do plano maquiavélico de Loki que deseja dominar seus poderes.

Pablo Aluísio. 

sábado, 2 de janeiro de 2016

Marlon Brando - Os Deuses Vencidos

Um dos trechos mais interessantes da autobiografia do ator Marlon Brando intitulada "Canções Que Minha Mãe Me Ensinou" surge quando ele começa a tecer alguns comentários sobre o filme "Os Deuses Vencidos" (The Young Lions, EUA, 1958), produção dirigida por Edward Dmytryk. Brando assinou o contrato sem saber a fundo do que se tratava. Ele apenas tinha uma vaga ideia de que o roteiro seria uma adaptação da novela do escritor judeu Irwin Shaw e que se passava na II Guerra Mundial. O enfoque recaía sobre três personagens principais, três soldados. Um deles era um americano judeu chamado Noah Ackerman (papel que foi entregue ao grande ator Montgomery Clift). O seguinte era um americano comum que entrava no exército para combater na Europa. Esse segundo personagem seria interpretado por Dean Martin, naquela época tentando sobreviver ao rompimento de longos anos de parceria com Jerry Lewis. Por fim Brando interpretaria um oficial alemão nazista chamado Christian Diestl.

As filmagens seriam realizadas na Europa e durante a pré-produção do filme Brando se encontrou com Dean Martin em um restaurante de Paris. Durante o jantar um garçom acabou causando um acidente, derrubando água fervente nas pernas de Brando. Com sérias queimaduras ele precisou ser internado em um hospital. E foi lá que Brando finalmente teve a oportunidade de ler o roteiro do filme. Ele ficou chocado porque o seu personagem era muito maniqueísta, sem profundidade, um vilão tolo de filmes de guerra. O tenente alemão surgia nas páginas do roteiro como frio, calculista, perverso e completamente psicopata. Brando não aceitaria fazer uma atuação em cima de um material tão sem complexidade. Depois ele percebeu que a culpa vinha da própria novela que daria origem ao filme, escrita por Irwin Shaw que era judeu. Claro que no calor ainda fervente das revelações do holocausto nazista o autor resolveu retratar um oficial nazista como um verdadeiro monstro. Para Brando porém isso não era suficiente, se o personagem não fosse remodelado ele estaria fora do filme (e os produtores sabiam que ele faria isso mesmo, cumpriria sua ameaça).

Em seu livro Marlon Brando explicou de forma bem coerente seu ponto de vista. Para ele a culpa nem seria do nazismo ou do fanatismo que se abateu sobre o povo alemão naquele conturbado momento histórico. Na verdade o militarismo impunha esse tipo de comportamento em suas fileiras e nada poderia ser feito para mudar isso. Um dos pilares da disciplina militar seria justamente a obediência cega às ordens superiores de comando. Assim o tenente interpretado por Marlon Brando nada mais estaria do que cumprindo ordens, por mais insanas a violentas que fossem. Para Brando o personagem Christian Diestl não seria um psicopata por definição, mas apenas um alemão comum que respeitava as disciplinas militares do exército de seu país. Um argumento que foi bastante utilizado por velhos generais prussianos que foram julgados depois da guerra.

O mais interessante do ponto de vista do autor é que ele deixa claro que uma nacionalidade ou uma etnia nunca definiriam o caráter de uma pessoa. Assim como havia alemães ruins, também havia judeus sem um pingo de bondade. Para finalizar seu pensamento Brando relembrou os crimes de guerra cometidos por tropas americanas no Vietnã. Soldados ditos civilizados do exército dos Estados Unidos, portando lança-chamas, queimaram casas, matando famílias inteiras, velhos, mulheres e crianças. E o que dizer dos terríveis bombardeios de Napalm, um bomba incendiária que destruía tudo sem qualquer critério? Aliás o exército americano em tantos anos de invasões a outras nações teria se tornado contumaz em crimes contra a humanidade. Será que haveria mesmo diferença entre um soldado alemão nazista que matava inocentes e um soldado americano que fazia a mesma coisa nas selvas do Vietnã?

Pablo Aluísio.

Sean Connery - Com 007 Só Se Vive Duas Vezes

Sean Connery foi realmente o melhor James Bond da história? Bom, essa é uma pergunta que não teremos uma resposta definitiva. Vai depender do gosto pessoal de cada um, do estilo que cada cinéfilo prefere. Ontem assisti novamente - fazia anos que tinha visto pela última vez - o quinto filme de James Bond com Sean Connery, "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" (You Only Live Twice, 1967). Olhando por um ponto de vista atual não podemos deixar de perceber que o roteiro é certamente totalmente formulaico - no caso seguindo a fórmula dos filmes do agente secreto. Há sempre um vilão completamente insano por trás, com instalações de fazer inveja a muitos países, colocando em prática planos maquiavélicos de destruição do mundo. Nesse em particular o velho conhecido Blofeld (interpretado por Donald Pleasence) quer nada mais, nada menos, do que causar uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética (o velho império russo sob as rédeas do comunismo). Dá para ser mais maléfico do que isso? Certamente não. Parece até mesmo aqueles planos de vilões de desenhos animados. Como aqueles dois ratinhos que sempre perguntavam no começo de cada episódio: "O que vamos fazer hoje, cérebro?" - "Vamos destruir o mundo, meu caro Pinky!".

Claro que uma produção tão antiga apresenta situações que hoje beiram o ridículo, porém o espectador precisa entender que isso faz parte do charme nostálgico do próprio filme. Em uma das situações mais absurdas Bond foge de um grupo de criminosos que estão atrás dele e da agente Aki (Akiko Wakabayashi). A intenção é cumprir a ordem de um importante industrial japonês que está sob as ordens da Spectre. Pois bem, Bond e sua colega escapam em alta velocidade porém como estão praticamente desarmados, Bond pede ajuda ao serviço secreto do Japão que, ora vejam só, surge no horizonte com um helicóptero equipado com um enorme imã. O carro dos criminosos é então içado pelo poder do magnetismo e depois jogado em alto mar, assim sem muito esforço. A cena, extremamente divertida, também me fez lembrar dos antigos desenhos de Hanna-Barbera. Em outro momento Bond destrói quatro helicópteros armados pilotando uma pequena aeronave que mais parece um ultraleve. É a tal coisa, vale tudo pela diversão.

Sean Connery na época em que o filme foi produzido já estava com a decisão tomada de abandonar James Bond. Afinal de contas ele tinha receios de ficar marcado para sempre por um único papel. Depois que rodou "Marnie" ao lado do mestre Alfred Hitchcock, Connery criou a consciência de que sua carreira poderia ir muito além de James Bond. E verdade seja dita, ele se esforçou muito para não ser estigmatizado para sempre. A boa notícia é que ele conseguiu pois hoje em dia o nome Sean Connery tem força suficiente para ser lembrado por inúmeros outros grandes filmes além da marca James Bond. Isso porém em nada diminui sua importância dentro da franquia, a ponto inclusive de ser muitas vezes apontado por inúmeros fãs como o melhor ator de toda a saga - uma afirmação que hoje em dia teria certo receio de expor sem parar para pensar muito antes.

Deixando tudo isso de lado temos que admitir que o filme é obviamente muito divertido e funciona muito bem ainda, mesmo após tantos anos. Um de seus maiores charmes é ser justamente politicamente incorreto. Na década de 1960 essa chatice ainda não havia invadido os roteiros e por isso James Bond poderia agir como James Bond sem se preocupar com críticas vazias. Numa das cenas Bond é apresentado por seu anfitrião no Japão, o agente Tiger Tanaka (Tetsurô Tanba), a um grupo de lindas gueixas japonesas. Elas estão ali para dar um banho em Bond. Então Tanaka lhe diz: "No Japão os homens sempre estão acima das mulheres e elas ficam felizes em lhes servir" ao qual Bond, igualmente cínico, lhe responde: "Nada mal, quando me aposentar irei morar aqui no Japão". Já pensou algo assim nos dias de hoje? Enfim, pura diversão escapista com tudo aquilo que você espera de um bom filme de James Bond.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Batalon

Longe dos tempos soviéticos quando o cinema russo tinha que viver da boa vontade da burocracia socialista, muitas vezes altamente corrupta, temos agora cada vez mais bons filmes produzidos na Rússia. São produções que não estão preocupadas em levantar velhas bandeiras ideológicas, mas sim em contar boas histórias, com uma excelente qualidade técnica que em nada as diferencia das películas ocidentais. Veja o caso desse "Batalon" (ainda sem título em português). O roteiro explora um fato real histórico dos mais interessantes. Durante a I Guerra Mundial o exército russo resolveu formar um batalhão de mulheres para lutar no front. Ao contrário das funções tradicionais desempenhadas por elas em guerras (como enfermeiras, cozinheiras, etc), essas jovens recrutas iam para o combate, lutar como verdadeiras guerreiras, sem qualquer tipo de privilégio por causa de seu sexo. Agora imagine algo assim no começo do século XX, quando o preconceito ainda era muito presente dentro da sociedade.

No front elas enfrentam todos os tipos de problemas, inclusive a sempre preocupante ameaça relacionada a estupros coletivos (inclusive partindo de seus próprios camaradas de armas, já que o exército russo teve que enfrentar muitas denúncias sobre isso em relação às mulheres das terras conquistadas). O filme tem dois atos bem diferenciados. No primeiro vemos o recrutamento delas. Assim que a notícia da formação do batalhão feminino é divulgado várias mulheres de todos os lugares da Rússia logo se apresentam como voluntárias. Muitas delas ficaram viúvas com a guerra e nutrem um sentimento de vingança contra o exército alemão inimigo. Outras apenas querem fugir de uma vida sem maiores perspectivas. O curioso é que não apenas mulheres das camadas mais humildes da população russa se apresentam, mas também jovens da nobreza (inclusive até mesmo uma condessa se alista como voluntária nas fileiras). No segundo ato o filme explora a participação delas na guerra propriamente dita. O roteiro é bem direcionado, contando tudo de uma forma bem fluída e sem tropeços. Usando uma narrativa tradicional é quase impossível o espectador não se envolver com a história, com as personagens e com o destino que as aguarda nas infectas trincheiras de uma das guerras mais brutais da história. Excelente exemplar do melhor que o cinema russo produz atualmente. Está mais do que recomendado para os cinéfilos que estejam atrás de algo diferente, que fuja um pouco do mais convencional do cinema comercial americano.

Batalon (Idem, Rússia, 2015) Direção: Dmitriy Meskhiev / Roteiro: Writers: Ilya Avramenko, Evgeniy Ayzikovich / Elenco: Lesya Andreeva, Mariya Antonova, Mariya Aronova, Nikolay Auzin / Sinopse: O filme narra a história da formação do primeiro e único batalhão do exército russo formado exclusivamente por mulheres durante a I Guerra Mundial. Após um treinamento duro e exaustivo elas são enviadas para o front de combate, onde acabam enfrentando todos os tipos de adversidades do campo de batalha.

Pablo Aluísio.

Planeta dos Macacos: O Confronto

Já havia gostado bastante do primeiro filme, "Planeta dos Macacos: A Origem" de 2011 e agora pude constatar que a continuação, se não é tão boa quanto o filme anterior, pelo menos manteve um bom nível. É bom lembrar que essa é na verdade a terceira franquia desse universo. A primeira começou justamente no filme clássico "O Planeta dos Macacos" de 1968, estrelado por Charlton Heston e com direção de Franklin J. Schaffner. Depois vieram várias continuações e até uma série de TV. A segunda se limitou àquele interessante filme dirigido por Tim Burton de 2001 e agora temos essa nova leva de produções. A tônica aqui é mais realista. O grande destaque vai para Caesar (Andy Serkis), um macaco fruto de experiências pioneiras no primeiro filme. Ele desenvolve uma inteligência quase humana e depois se torna líder de seu bando. Nessa segunda produção Caesar e seus seguidores vão para uma reserva florestal nos arredores de San Francisco. 

Um vírus mortal criado em laboratório, que inclusive era usado em experiências com macacos, se disseminou entre a população humana. Noventa por cento da humanidade morreu por causa de sua proliferação. O que sobrou dos seres humanos no planeta agora se organiza em pequenas comunidades de sobrevivência. Dreyfus (Gary Oldman) lidera uma delas. O maior desafio é manter a geração de energia, mas para isso eles precisam recuperar uma usina hidrelétrica que se localiza justamente no território do grupo de Caesar, algo que pode desencadear uma verdadeira guerra entre macacos e homens. Ao custo de 170 milhões de dólares essa sequência se notabiliza pelo bom roteiro (que não chega a ser tão criativo como a do primeiro filme) e dos excelentes efeitos de computação gráfica.

Todos os animais do filme são meras criações digitais. Nesse caso os efeitos não são gratuitos, muito pelo contrário, eles ajudam a contar uma história muito bem desenvolvida. Para os críticos esse filme não passaria de um remake menos talentoso de "A Batalha do Planeta dos Macacos" (1973), assim como "Planeta dos Macacos: A Origem" nada mais seria do que uma refilmagem de "A Conquista do Planeta dos Macacos" (1972), ambos da franquia original. Eu vejo esse tipo de comparação com reservas. Na verdade há elementos novos, bem originais para se falar a verdade, tudo impulsionado por descobertas e teses científicas que inexistiam quando os primeiros filmes foram realizados na década de 70. Além disso há uma bem explorada rivalidade entre o líder Caesar e aquele que deveria ser seu braço direito, Koba (Toby Kebbell). Esse teria desenvolvido uma personalidade psicopata por causa das terríveis torturas a que teria sido submetido quando não passava de uma cobaia em cativeiro, o que obviamente criou em sua mente um grande trauma em relação aos seres humanos. Já Caesar teria tido uma outra vivência, principalmente com o pesquisador interpretado por James Franco, que teria lhe ensinado que os seres humanos também poderiam ser bondosos e amigos. Essa diferença de visões acabaria levando Koba e Caeser para um confronto mortal. Então em resumo é isso. Temos aqui um bom filme que me agradou bastante. A boa notícia é que fica bem claro no desfecho que haverá uma sequência em breve, a terceira dessa nova série. Se manter o bom nível dos dois primeiros filmes teremos certamente, no mínimo, uma boa diversão pela frente.

Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, Estados Unidos, 2014) Direção: Matt Reeves / Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa / Elenco: Gary Oldman, Keri Russell, Andy Serkis, Toby Kebbell, Jason Clarke / Sinopse: Após noventa por cento da humanidade morrer por causa de um vírus produzido em laborátorio, humanos e macacos entram em conflito por causa de uma usina hidrelétrica localizada nos arredores de San Francisco. Filme indicado ao Oscar e ao BAFTA Awards na categoria de Melhores Efeitos Visuais (Joe Letteri, Dan Lemmon, Daniel Barrett e Erik Winquist).

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

George Harrison - Verdades e Mentiras

Por que George Harrison ficou conhecido como o "Beatle Quieto"? George sempre adotava uma postura muito discreta e quase nunca falava com jornalistas. As atenções pareciam sempre estar focadas em Paul McCartney e principalmente em John Lennon por esse ser sempre uma pessoa muito polêmica. Conforme explicou anos depois o próprio George não parecia muito interessado em jornais, matérias ou publicidade. A parte que realmente lhe interessava na carreira era a musical, nada mais. Criar polêmicas, soltar frases de efeitos ou aparecer em demasia na mídia não faziam sua cabeça, tanto que após se separar dos Beatles raramente voltou a conceder entrevistas. Raras foram as vezes que abriu espaço para jornalistas em sua carreira solo, nem quando ia aos Estados Unidos realizar turnês que precisavam desse tipo de publicidade. Lidar com a imprensa definitivamente não era com George. Por ter colaborado tão pouco nesse aspecto passou a ser chamado pelo órgãos de imprensa como "O Beatle Quieto".

George Harrison foi traído por Eric Clapton?
Sim, a primeira esposa de George o traiu com Eric Clapton. George Harrison conheceu Pattie Boyd quando ela foi convidada para cortar o cabelo dos Beatles ao lado de outras modelos para a matéria de uma popular revista inglesa. Tudo fazia parte do material promocional do filme "A Hard Day´s Night". George ficou encantado com sua beleza e semelhança com a atriz Brigitte Bardot. Deixando a timidez de lado ele a convidou para jantar fora. O namoro foi breve e após um relativamente curto período de relacionamento, se casaram. Poucos meses depois do fim dos Beatles o casamento entrou em crise. George começou a se dedicar a cada vez mais em se aprofundar na sua religião e negligenciou sua esposa. Passando longos períodos fora de casa o relacionamento esfriou. Pattie viu que o casamento estava falido e começou a procurar amantes, a maioria deles músicos, entre eles o Rolling Stone Ronnie Wood. Depois conheceu pessoalmente Eric Clapton e se apaixonou por ele perdidamente. George havia se tornado apenas um farto em sua vida e ela, sem pensar muito e nem olhar para trás, trocou Harrison por Clapton. Anos depois se casaria com ele.

Como era o relacionamento entre George Harrison e John Lennon?
No começo John Lennon tratava George Harrison praticamente como um pupilo. Havia uma diferença de idade entre eles e Harrison tratava Lennon quase como a um mestre a ser seguido. No fundo o admirava tanto que quase o idolatrava. O próprio John lembrou disso quando anos depois criticou a autobiografia do colega de banda. Com o tempo George começou a se sentir deixado de lado e criou-se uma tensão entre eles, principalmente por causa dos rumos que os Beatles trilhavam na época. Harrison queria mais espaço nos discos, mas John estava sempre tirando muitas de suas composições do repertório final dos álbuns. Quando Yoko Ono entrou na vida do grupo as coisas azedaram de vez. George não gostava de Yoko e a criticava abertamente o que enfurecia John. Para George era um absurdo ter Yoko dentro dos estúdios, por exemplo. John Lennon que sempre fora muito brigão comprou a briga e ambos começaram a ter discussões furiosas durante as sessões de gravação. Chegaram ao ponto de ficarem sem se falar por meses. O ápice das brigas aconteceu justamente quando John Lennon sugeriu que Yoko se tornasse uma Beatle, algo que George considerava uma maluquice sem tamanho.

George tinha ressentimentos da dupla Lennon e McCartney?
No começo dos Beatles, George não sentia necessidade de participar mais ativamente dos discos. Ele ficava feliz e satisfeito em fazer os principais solos do grupo. Porém quando começou a fazer suas próprias composições começou a ficar muito insatisfeito quando as músicas eram tiradas dos álbuns por John Lennon. Sempre muito ácido o líder dos Beatles geralmente tinha coisas amargas ou críticas destrutivas para desqualificar as criações de George. Quando alguma música ganhava destaque, como "Taxman", John corria para a imprensa para dizer que havia composto pelo menos metade da canção o que deixava George muito chateado e muitas vezes até humilhado com esse tipo de declaração pública. Quando o grupo finalmente atingiu a maturidade musical George começou a brigar por mais espaço nos discos o que acabou se tornando mais um foco de brigas entre os membros da banda.

O que matou George Harrison?
Durante toda a vida George Harrison foi um fumante inveterado. Sua média era dois maços de cigarro por dia e isso era um hábito que o acompanhava desde os tempos da adolescência, quando era apenas um jovem colegial. O tabagismo descontrolado acabou sendo a causa do surgimento de um fulminante câncer de pulmão que George tentou de todas as formas combater, mas que em estado avançado já havia se tornado incurável. Nos momentos finais George ainda teve a intenção de participar de uma campanha nacional contra o fumo e o tabagismo, porém já não tinha saúde suficiente para isso. Ele morreu se lamentando por seu vício em cigarros, o que acabou lhe custando a própria vida.

Como era George Harrison fisicamente?
George Harrison era o mais jovem dos Beatles, porém era um dos mais altos. Ele tinha 1.77m de altura. Outra característica física que chamava a atenção era o fato de George ser também muito magro, chegando a ter no máximo 62 quilos. Harrison não cultivava uma vida muito saudável pois era fumante e usava drogas, porém geneticamente parecia predisposto a ser magro. Também não era um homem de exageros na mesa, procurando na maioria das vezes consumir apenas frutas e alimentos leves, algo que foi reforçado quando foi para a Índia nos anos 60.

George Harrison era viciado em drogas?
Como todos os demais Beatles, George também foi um usuário contumaz de drogas. No começo a maconha, que acompanhava os Beatles desde os primeiros tempos na estrada, na Alemanha, quando ainda eram desconhecidos. Depois vieram a cocaína e a LSD na fase lisérgica do grupo. A heroína entrou em sua vida após o fim dos Beatles. As drogas inclusive foram apontadas pela primeira esposa de George, Pattie Boyd, como uma das causas do fim do casamento. Ela revelou que por volta de 1970 o consumo de drogas por parte de George Harrison havia fugido do controle. Ele passava o tempo todo cheirando carreiras e mais carreiras de cocaína, algo que nem sequer a religião conseguiu colocar um freio. O vício de George se tornou bem mais notório ao público após uma apresentação desastrosa quando subiu ao palco completamente "alto" em uma de suas turnês americanas durante a década de 1970.

Como George Harrison via o movimento hippie?
George Harrison foi convidado para participar de um festival de música, com ampla participações de jovens hippies e depois que chegou lá não se conteve. George confessou que havia ficado chocado ao chegar no local e constatar que tudo o que havia lá era um bando de jovens drogados rolando pela lama. Harrison havia ido fazer um show pela paz, mas não encontrou ninguém muito interessado em sua mensagem. Ao invés disso viu um mercado aberto de vendas de drogas. A partir desse evento George Harrison, nas poucas declarações que fez, sempre se mostrou disposto a criticar o movimento hippie que havia perdido seu caminho original.

Quantos filhos teve George Harrison?
George Harrison teve apenas um filho, Dhani Harrison, fruto de seu casamento com Olivia Harrison. Ele nasceu em 1978, durante o segundo casamento do cantor. O interessante é que essa segunda união acabou trazendo uma certa calmaria na vida de Harrison. Ao contrário de seu complicado casamento com Pattie Boyd, aqui George parecia finalmente ter encontrado uma mulher que tinha uma personalidade mais calma e discreta, tal como ele. Esse acabou sendo talvez o grande segredo de seu matrimônio feliz e estável ao lado da segunda esposa.

George Harrison foi processado por plágio?
Sim, várias vezes e perdeu vários dos processos. Em sua defesa Harrison alegava que era muito complicado determinar o que seria um plágio ou não, já que a música, formada de notas musicais, tinha a natural tendência de seguir uma certa linha, uma certa tradição. Assim as semelhanças que por acaso surgiam em suas composições nada mais eram do que coincidências vindas desse tipo de memória musical. Sua defesa porém não foi acolhida no tribunal. O caso mais prejudicial aconteceu com a canção "My Sweet Lord" do álbum "All Things Must Pass" onde George precisou pagar uma pesada indenização por plágio aos autores originais.

George Harrison foi esfaqueado por um fã?
Não exatamente... Em 1999 um drogado invadiu sua casa para roubar objetos da mansão. George que não tinha qualquer tipo de segurança em sua casa (apesar da morte brutal de John Lennon) ouviu barulhos na parte de baixo da casa. Ao ir até a sala encontrou o assaltante (um homem de 33 anos, viciado em drogas, chamado Michael Abram). George e o criminoso começaram a lutar e esse deferiu uma facada em George. Desesperada a mulher de Harrison, Olivia, jogou um pesado objeto na cabeça de Abram que foi imediatamente ao chão. Aquela tinha sido uma péssima semana para o casal pois George havia sido informado poucos dias antes que seu câncer havia se espalhado em seu organismo, tornando seu tratamento praticamente inútil. O agressor não era fã dos Beatles (ao contrário do assassino de John Lennon).

Qual era o principal hobby de George Harrison?
George adorava passar horas e horas em seu jardim. Era um apaixonado por flores e jardinagem em geral. Também sentia enorme prazer em participar de eventos que reuniam admiradores de jardins como ele. Chegou a registrar em várias filmagens amadoras esse hobby que tanto adorava. Passava dias e dias preocupado com as novas e raras orquídeas que plantara em seu quintal.

Como era a relação entre George Harrison e Paul McCartney?
Foi Paul quem trouxe George para os Beatles. Eles se conheceram ainda bem adolescentes pois pegavam o mesmo ônibus quando retornavam da escola. A música foi o interesse em comum que os uniu. Paul logo foi convidado por George para ir até sua casa onde ele queria mostrar alguns acordes que tinha criado. Depois de ver o colega tocar Paul percebeu que ele poderia fazer parte de sua nova bandinha que estava montando com um cara mais velho, John Lennon. Quando Paul levou George para conhecer John esse não ficou muito impressionado. Achou George jovem demais para ser levado à sério, mesmo assim concordou com sua entrada nos Beatles. O resto é história. Os Beatles se tornaram o grupo de rock mais popular da história. Com o tempo o sempre presente perfeccionismo de Paul começou a irritar George. A velha amizade também foi abalada por processos judiciais após o fim da banda. Quando surgiu a ideia do projeto "Anthology" o maior problema era realmente reconciliar Paul e George já que eles passaram anos e anos sem se falarem. A amizade nunca mais foi a mesma.

Qual era a música preferida de George em sua fase Beatles?
George Harrison considerava "Something" sua maior obra prima, seguida de "Here Comes The Sun", ambos do disco "Abbey Road". É interessante que o auge da criatividade de Harrison tenha se dado justamente na fase final do grupo quando os Beatles já estavam prestes a se separar. Durante seus anos nos Beatles, George Harrison compôs centenas e centenas de músicas que não conseguiam encontrar espaço nos discos do conjunto. Assim quando os Beatles finalmente chegaram ao fim George juntou todo esse material e acabou gravando o disco de sua vida, "All Things Must Pass", considerado o grande trabalho de sua carreira solo.

Pablo Aluísio.

George Harrison 1963