sábado, 14 de março de 2015
Os Mais Jovens
Título Original: Young Ones
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Bifrost Pictures
Direção: Jake Paltrow
Roteiro: Jake Paltrow
Elenco: Michael Shannon, Nicholas Hoult, Elle Fanning, Kodi Smit-McPhee
Sinopse:
Em um mundo futurista e desértico, onde a água é um item raro a se encontrar, o fazendeiro Ernest Holm (Michael Shannon) tenta de todas as formas transformar sua propriedade rural em um negócio rentável. Ao lado de seus dois filhos adolescentes, ele procura qualquer tipo de ajuda para manter a fazenda em pé, algo que vai se tornando cada vez mais complicado tendo em vista as hostis condições ambientais. Sua última esperança acaba sendo a compra de um robô que pretende facilitar seu empreendimento. Para seu azar ele acaba sendo roubado pouco tempo depois, dando origem a um busca desesperada pelos ladrões. Filme vencedor do Sitges - Catalonian International Film Festival na categoria de Melhor Roteiro.
Comentários:
Inicialmente você pensa que vai assistir a mais uma milésima versão do mundo pós-apocalipse ao estilo "Mad Max". Tudo está lá, o mundo seco e árido, a luta pela água, o clima opressivo, mas ao invés de apostar na pura ação e violência, o diretor Jake Paltrow resolveu investir em um enredo mais dramático, onde se sobressaem os filhos adolescentes do fazendeiro Holm (aqui interpretado pelo veterano Shannon). O garoto é muito jovem, mas mesmo assim tenta ajudar ao pai na sua luta em fazer aquela fazenda desértica produzir alguma coisa. A garota adolescente, interpretada pela bonita Elle Fanning, por sua vez está no limite. Isolada no meio do deserto, ela vive uma rotina de trabalhos domésticos pesados e falta de relacionamentos com rapazes de sua idade. A solidão vai se tornando cada vez mais um fardo insuportável de conviver. O roteiro divide a estória em três grandes partes, em capítulos intitulados com os nomes dos três personagens centrais. Esse enredo me fez inclusive lembrar muito de velhos faroestes dos anos 50, que exploravam a dura vida dos rancheiros que iam rumo ao velho oeste em busca de uma nova vida. Uma vez chegando lá acabam encontrando todos os tipos de dificuldades e desafios inimagináveis. A diferença básica é que ao invés de ser um western esse filme se propõe a ser uma ficção passada em um futuro sem muitas esperanças. No saldo final não chega a aborrecer, mas tampouco consegue se tornar marcante. É aquele típico filme mediano que você vai assistindo até o final com seu interesse oscilando entre a atenção e a dispersão completa.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 13 de março de 2015
Aliens vs Predator - Requiem
E assim chegamos a "Aliens vs Predador". Eu fico realmente entristecido em ver essas franquias entrarem em seu cemitério cinematográfico aqui, já que ambas as séries trouxeram muitas alegrias para os fãs de filmes Sci-Fi. Aliens sempre foi mais relevante do ponto de vista artístico, principalmente por causa do marcante primeiro filme, "Alien - O Oitavo Passageiro" assinado pelo brilhante e talentoso Ridley Scott. Idem para sua continuação "Aliens - O Resgate" dirigido pelo cultuada James Cameron. Até mesmo a terceira parte da franquia tinha seus méritos. Já o Predador entrou em declínio mais rapidamente. Depois de um marcante filme de ação nos anos 80 a série ainda teve um pequeno fôlego com sua continuação Predador 2 mas depois disso de fato foi ladeira abaixo. Dito isso não sobra muito o que comentar sobre esse filme "Aliens vs Predador". É uma bobagem, tendo no elenco um grupo de atores desconhecidos e sem talento, que no final das contas só estão lá para morrerem de uma forma industrial, muitas vezes sem qualquer empolgação. Diversão fast food da pior espécie. Nem como produto trash funciona. Era mesmo melhor que esses dois monstros tivessem morte mais digna nas salas de cinema. "Aliens vs Predador" é a pior das tumbas cinematográficas.
Aliens vs. Predador 2 (AVPR: Aliens vs Predator - Requiem, Estados Unidos, 2007) Direção: Colin Strause, Greg Strause / Roteiro: Shane Salerno, Dan O'Bannon / Elenco: Steven Pasquale, Reiko Aylesworth, John Ortiz / Sinopse: Aliens e Predadores se enfrentam numa pequena cidade americana.
Pablo Aluísio.
A Culpa é das Estrelas
Título no Brasil: A Culpa é das Estrelas
Título Original: The Fault in Our Stars
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Josh Boone
Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Laura Dern, Willem Dafoe
Sinopse:
Hazel (Shailene Woodley) é uma adolescente que luta desde os 13 anos contra um câncer terminal. Sua vida porém ganha novos contornos quando ela conhece Gus (Ansel Elgort), um jovem que como ela também está passando por esse terrível momento em sua vida. Igualmente lutando contra um câncer que o fez perder parte de sua perna, eles imediatamente se identificam e se apaixonam. O tempo não está a favor do amor de ambos, mas eles decidem viver toda a intensidade de sua paixão até o fim.
Comentários:
É uma coisa bem antiga, para ser mais exato nasceu no século XVIII. Estou falando do movimento romântico que obviamente surgiu inicialmente na literatura e só muitos anos depois invadiu o cinema. "A Culpa é das Estrelas" tem todos os elementos mais caros ao surgimento do romantismo, jovens apaixonados, na flor da idade, mas à beira da morte, tentando viver um grande amor que sabem ser finito mas que lutarão até o fim por ele. O amor que sentem um pelo outro é do mais puro e verdadeiro que você possa imaginar, sem interesses, sem falsas intenções, apenas o amor, aquele sentimento tão real e verdadeiro que muitas pessoas passarão sem sentir de fato em suas vidas, justamente por ser tão raro e praticamente impossível de encontrar. Existe algo mais romântico do que isso? Muitos críticos chamaram atenção também ao fato de que essa premissa já foi exaustivamente explorada pela sétima arte e não é nenhuma novidade. Tudo isso é verdade, mas querem saber de uma coisa? Ainda funciona muito bem!
O enredo explorando o amor trágico desses dois adolescentes que estão morrendo de câncer é muito bem realizado, os atores são bem carismáticos e o filme consegue superar tudo - até o risco de se tornar excessivamente meloso - para cativar seu público. Claro que indicaria a produção para um público que esteja de preferência na faixa etária dos personagens, já que muitas vezes a idade traz a desilusão e o cinismo, principalmente para quem de alguma forma se decepcionou com seus relacionamentos amorosos no passado. Para um jovem de 16, 17 anos porém será uma experiência e tanto vivenciar as emoções que esse roteiro passa para sua platéia. Há momentos levemente engraçados, amizade, romance e morte! Muitas pessoas não entenderam ainda que a essência do romantismo é justamente a união desses elementos tão díspares na narrativa de suas estórias. Misture tudo e você terá uma obra romântica por excelência. Os poetas do "Mal do Século" certamente bateriam palmas. Você também gostará, a não ser que tenha um coração de pedra! Ah, e antes que me esqueça, não deixe de levar um lencinho para secar todas as lágrimas.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 12 de março de 2015
Campo dos Sonhos
Como era de se esperar a produção não despertou o menor interesse no público brasileiro por causa de seu tema muito americano. Filmes sobre esportes como beisebol ou futebol americano e outros que o brasileiro médio desconhece ou ignora geralmente não fazem sucesso por aqui. É de se lamentar já que “Campo dos Sonhos” apesar de ter como pano de fundo o esporte não gira apenas em torno dele, pelo contrário, o roteiro na realidade centra seu foco na realização dos sonhos de cada pessoa, individualmente. O personagem de Kevin Costner nada mais é do que uma alegoria representativa da capacidade de cada pessoa em sonhar e tornar esses sonhos uma realidade. O livro em que o filme foi inspirado, escrito pelo autor W.P. Kinsella é exatamente sobre isso. O personagem principal da estória nada mais é do que um alter ego do escritor que queria apenas escrever uma fábula sobre os sonhos de cada um, por mais impossíveis ou improváveis que eles sejam. A produção tem bom gosto e requinte e Costner tem no elenco de apoio grandes atores, entre eles um inspirado James Earl Jones e um jovem Ray Liotta como um dos jogadores de beisebol que chegam do além para uma partida final no milharal ou como o próprio nome do filme diz, no campo dos sonhos. E o que dizer da presença mais do que digna do veterano Burt Lancaster? Simplesmente maravilhoso. Esse filme é assim um bom e lírico passeio pelos ideais mais caros ao povo americano – as terras de cultivo do meio oeste, o beisebol, os valores de persistência e luta e por fim a concretização dos sonhos de infância. Um retrato amigável e simpático do homem comum daquele país. “Campo dos Sonhos” é de fato louvação à alma dos Estados Unidos como nação. Assista sem receios.
Campo dos Sonhos (Field of Dreams, Estados Unidos, 1989) Direção: Phil Alden Robinson / Roteiro: Phil Alden Robinson baseado no livro escrito por W.P. Kinsella / Elenco: Kevin Costner, James Earl Jones, Ray Liotta, Amy Madigan, Burt Lancaster / Sinopse: Fazendeiro do meio oeste americano recebe através de um visão o desejo de construir um campo de beisebol no milharal de sua fazenda. Mesmo em dificuldades financeiras ele resolve transformar esse sonho em realidade para que antigos ídolos do esporte possam voltar pela última vez para um jogo final de despedida.
Pablo Aluísio.
Encontro de Amor
Assim começa essa comédia romântica que une esse casal bem improvável, a quente e sensual Jennifer Lopez com seu sangue latino caliente e o elegante, frio e sofisticado Ralph Fiennes, ator premiado que se destacou no filme “O Paciente Inglês” e tanto outros. O problema começa justamente aí. “Encontro de Amor” falha onde uma comédia romântica dessas não pode falhar. Ao unir Lopez e Fiennes acabou acontecendo o inevitável: não houve química nenhuma entre eles. São pessoas muito diferentes, com jeitos de ser completamente diversos. Jennifer Lopez tenta alcançar o nível de sofisticação de Ralph Fiennes e falha completamente, até porque esse nunca foi seu estilo. Jennifer Lopez é aquele tipo de artista (cantora, atriz, etc) que vive da imagem de sua sensualidade, que no caso dela beira a vulgaridade. Ela nunca vai se sair bem em papéis de princesa ou garotas boazinhas simplesmente porque ninguém vai acreditar muito nisso. Jennifer não nega sua origem de mulher latina, forte, de personalidade robusta e gestos espalhafatosos, isso sem contar aquele que é apontado até agora como seu maior “talento” artístico – seu bumbum nada discreto! Heroínas de comédias românticas bobinhas não podem ser tão exuberantes fisicamente como ela! O resultado desse contraste de personalidades até que não fez feio nas bilheterias (pouco mais de 100 milhões de dólares) mas tampouco empolga ou consegue ser marcante. Lopez não é uma atriz de mão cheia, pelo contrário. Melhor ela voltar para as suas músicas onde sempre canta as “qualidades” de ser uma mulher latina popozuda nos EUA. Fica mais convincente. O resto é pura bobagem.
Encontro de Amor (Maid in Manhattan, Estados Unidos, 2002) Direção: Wayne Wang / Roteiro: Kevin Wade / Elenco: Jennifer Lopez, Ralph Fiennes, Tyler Posey, Marissa Matrone, Natasha Richardson, Chris Eigeman, Stanley Tucci, Seth William Meier, Bob Hoskins./ Sinopse: Homem rico de família tradicional (Ralph Fiennes) se apaixona por camareira latina (Jennifer Lopez) pensando que ela se trata de uma hóspede rica no hotel onde ele se encontra.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 11 de março de 2015
Hitchcock
Impossível não gostar de uma produção como essa que mostra o grande mestre do cinema sob uma perspectiva íntima e pessoal. O Hitchcock que surge é uma pessoa absolutamente genial em seus filmes mas ao mesmo tempo complexo e contraditório em sua vida particular. Suas constantes paixões platônicas em relação às suas atrizes loiras também são mostradas com a devida elegância. Como se sabe Hitch sempre se apaixonava platonicamente por praticamente todas as suas atrizes que acabavam representando o seu tipo ideal de mulher, a loira perfeita de seus sonhos. Ao mesmo tempo em que as destacava nas telas exigia completa dedicação, se metendo inclusive nas vidas pessoais delas. O caso mais famoso ocorreu justamente com Grace Kelly, que era a musa perfeita dentro da mente do diretor. Quando ela se foi para se tornar princesa de Mônaco ele se sentiu profundamente traído e abandonado. Anthony Hopkins, sob pesada maquiagem, realiza um trabalho muito bom, embora em certos momentos abra espaço apenas para o aspecto mais caricatural da imagem do diretor. É um pecado menor. Mesmo assim seu trabalho merece aplausos. Já Helen Mirren está muito adequada como a esposa de Hitch, uma mulher que abre mão de sua própria vida para viver a do marido, o acompanhando nos êxitos e nos fracassos de sua carreira. Não é por menos que ela foi indicada a todos os principais prêmios (Oscar, Globo de Ouro, SAG e Bafta). Assim se você se interessa pela história do cinema “Hitchcock” se torna item obrigatório. Um filme saborosamente nostálgico e docemente irônico sobre um dos maiores diretores de todos os tempos.
Hitchcock (Hitchcock, Estados Unidos, 2013) Direção: Sacha Gervasi / Roteiro: John J. McLaughlin, Stephen Rebello / Elenco: Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson, Danny Huston, Toni Collette, Michael Stuhlbarg, Michael Wincott, Jessica Biel, James D'Arcy, Richard Portnow, Kurtwood Smith, Ralph Macchio / Sinopse: Após seu novo projeto, “Psicose”, ser recusado pela Paramount, o diretor Alfred Hitchcock (Anthony Hopkins) resolve fazer o filme com seu próprio dinheiro. Hipoteca sua casa e parte para o tudo ou nada. Tamanho esforço para contar a estranha estória de Norman Bates e sua obsessão psicótica pela mãe.
Pablo Aluísio.
Um Lobisomem Americano em Londres
A cena da transformação segue imbatível até os dias de hoje. Nem toda a computação gráfica do mundo conseguiu superar o impacto dessa sequência. Na realidade o cérebro humano não reage bem a cenas com muita computação gráfica porque uma mensagem do inconsciente nos é enviada imediatamente informando que aquilo não é real. Por isso tudo fica falso demais. Já essa cena da transformação utilizou muito mais de maquiagem (real), ângulos de câmera e truques de montagem. O resultado logo se nota. A aparição do Licantropo é perfeita. Já a continuação desse filme é uma decepção total, mais uma vitima de uma overdose de CG. Dispense. Assim temos uma produção única que marcou época. Sempre presente em qualquer lista dos melhores filmes de terror já feitos, "Um Lobisomem Americano em Londres" é simplesmente obrigatório para todos os fãs do gênero. Depois dele você nunca mais verá uma lua cheio do mesmo jeito que antes.
Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, Estados Unidos, Inglaterra, 1981) Direção: John Landis / Roteiro: John Landis / Elenco: David Naughton, Griffin Dunne, Jenny Agutter, Frank Oz, John Woodvine / Sinopse: Dois jovens estudantes americanos são atacados por terríveis criaturas em uma região sombria e distante do interior da Inglaterra. Um deles não sobrevive ao ataque mas o outro é hospitalizado. Após receber alta ele começa a ter estranhas alucinações com seu amigo morto. Estaria enlouquecido ou teria adquirido alguma maldição milenar? Assista para descobrir. "Um Lobisomem Americano em Londres" foi o vencedor do Oscar de melhor maquiagem e do prêmio Saturn Award, como melhor filme de terror do ano.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 10 de março de 2015
As Vantagens de Ser Invisível
Para quem pensa encontrar apenas uma comédia leve passada no mundo jovem acaba se surpreendendo conforme o filme avança. Isso ocorre porque Charlie começa a apresentar transtornos que indicam uma clara doença mental. Sem medicação adequada ele começa a delirar, ouvir vozes e perder o senso de realidade. Para piorar acaba conhecendo a LSD, uma droga alucinógena que funciona como catalisador de doenças mentais. A partir desse ponto o filme ameaça virar um drama pesado, daqueles com finais trágicos. O diretor porém puxa o freio de mão para não transformar tudo em uma daquelas tragédias que tanto conhecemos do cinema ianque. Em certo momento pensei que tudo iria desbancar para algo no gênero “Tiros em Columbine”. Mas nada disso acontece. O elenco traz como destaque Emma Watson, de "Harry Potter". Atriz simpática e carismática ela defende bem seu papel. Ao seu redor temos vários atores de séries americanas famosas. Logan Lerman, por exemplo, fez parte do elenco de "Jacky & Bobby". Fora ele o espectador ainda vai encontrar muitos rostos conhecidos da TV americana de séries como "The Vampire Diaries", "Americano Horror Story" e "Parenthood". Em conclusão podemos dizer que vale a pena assistir no final das contas. Não é uma película brilhante mas é humana. Procura fugir do dramalhão para contar uma estória de pessoas comuns em uma fase particularmente complicada para muitas pessoas, o que no final se torna bem-vindo. Em tempos de tantos filmes de efeitos especiais, pirotecnias e super-heróis pode ser uma boa opção para quem procura por algo mais profundo e sério.
As Vantagens de Ser Invísivel (The Perks of Being a Wallflower, Estados Unidos, 2012) Direção: Stephen Chbosky / Roteiro: Stephen Chbosky / Elenco: Emma Watson, Nina Dobrev, Logan Lerman, Paul Rudd, Ezra Miller, Mae Whitman, Melanie Lynskey, Kate Walsh, Dylan McDermott, Johnny Simmons, Nicholas Braun, Zane Holtz, Reece Thompson, Julia Garner / Sinopse: Charlie (Logan Lerman) é o novo aluno em um colégio de ensino médio (high School) nos EUA na década de 1980. Ele é introvertido o que lhe causa problemas para fazer novas amizades. Aos poucos porém acaba se aproximando de Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson), dois meio irmãos que se tornam grandes amigos dele. Juntos vão passar pelas dificuldades da juventude e da escola.
Pablo Aluísio
Os Bons Companheiros
“Os Bons Companheiros” retrata uma realidade que o próprio Scorsese vivenciou pois também nasceu nas redondezas em que Henry Hill viveu. Inclusive durante as entrevistas de promoção do filme ele declarou de forma bem sincera: “De onde eu venho só existiam dois caminhos a serem seguidos por um descendente de italianos como eu: ou você entrava para a Igreja ou então para a máfia! Não havia meio termo!” Assim Scorsese conta sua estória com um misto de familiaridade e até mesmo carinho por seus personagens. Mas não é só. Conforme o filme avança ele acelera o ritmo das cenas como uma forma de retratar o gradual enlouquecimento por abuso de drogas de seu protagonista. Um toque genial. A galeria de tipos no filme também é outro ponto alto do filme e para dar vida a essas pessoas violentas e irascíveis mas também bem humanas o diretor contou com um elenco de primeira linha onde se destacam Robert De Niro, como um mentor mais velho para Henry Hill e Joe Pesci, como um gangster criado nas ruas que não consegue mais conter seus impulsos psicóticos e violentos. Assim como Francis Ford Coppola fez em seu grande clássico, “O Poderoso Chefão”, Scorsese aqui também trata com uma perturbadora naturalidade as cenas mais violentas possíveis. Os mafiosos de “Os Bons Companheiros” matam não como uma maneira de se auto afirmarem ou infringirem sofrimento alheio de forma gratuita mas sim como mera parte de seus negócios habituais. As mortes raramente são pessoais mas sim apenas ossos do ofício. O resultado de tudo isso é um espetáculo aos olhos, um filme que faz jus à longa tradição de grandes clássicos sobre esse tema. Simplesmente imperdível aos amantes da sétima arte.
Os Bons Companheiros (Goodfellas, Estados Unidos, 1990) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Martin Scorsese, Nicholas Pileggi baseados no livro “Wiseguy” de Nicholas Pileggi / Elenco: Robert De Niro, Ray Liotta, Joe Pesci, Lorraine Bracco, Paul Sorvino / Sinopse: Os Bons Companheiros mostra a vida de Henry Hill (1943 – 2012), garoto nascido em um bairro dominado por gangsters em Nova Iorque. Fazendo pequenos serviços ele acaba caindo nas graças da máfia e entra para seu quadro permanente de membros. Vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Joe Pesci). Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Edição e Atriz Coadjuvante (Lorraine Bracco).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 9 de março de 2015
Justiça Para Todos
Outro destaque de "Justiça Para Todos" é a mensagem subliminar que ele transmite. Em um deles Pacino diz a seu velho avô que está sofrendo os problemas da velhice: "Ser honesto e ao mesmo tempo ser advogado é algo bem complicado". Realmente, poucas profissões do mundo transitam tanto entre a moralidade e a imoralidade, a legalidade e a ilegalidade. O profissional do direito vive realmente em um fio da navalha e o filme toca muito bem nisso ao colocar o sócio de Pacino no filme em crise existencial (ele consegue liberar um cliente da cadeia que acaba matando duas crianças poucos dias depois de solto). Quais são os limites, a linha que separa a ética da necessidade de se defender o cliente? Como se sente um advogado ao defender um criminoso capaz de atos bárbaros contra o próximo? É isso, "Justiça Para Todos" é um filme para se pensar sobre o poder judiciário, seus anacronismos e contradições. Uma lição que não se aprende nas faculdades de direito.
Justiça Para Todos (...And Justive For All, Estados Unidos, 1979) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Valerie Curtin, Barry Levinson / Elenco: Al Pacino, Jack Warden, John Forsythe / Sinopse: Arthur Kirkland (Al Pacino) é um advogado criminalista que tenta transitar entre sua ética pessoal e a necessidade de defender seus clientes, entre eles um juiz corrupto e acusado de estupro contra uma inocente garota.
Pablo Aluísio