quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Entre Dois Amores
Completando o clima de nostalgia só mesmo um grande cineasta do porte de Sydney Pollack poderia se sair tão bem com um material como esse. Sua direção me lembrou das técnicas de Howard Hawks ou John Ford. Tanto cuidado em sua produção se refletiu imediatamente na noite do Oscar. O filme venceu nas categorias Melhor Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Fotografia, Trilha Sonora Original, Direção de Arte e Som. Como se não bastasse a fita teve ótimo resultado comercial com uma bilheteria que ultrapassou os 200 milhões de dólares (um excelente número para a década de 1980). "Entre dois Amores" é isso, um filme contemporâneo com o charme e o estilo dos antigos clássicos. O resultado final é não menos do que ótimo.
Entre Dois Amores (Out Of Africa, Estados Unidos, 1985) Direção de Sydney Pollack / Roteiro de Kurt Loedtka baseado no livro de memórias de Karen Blixen e Judith Thurman / Elenco: Robert Redford, Meryl Streep, Klaus Maria Brandauer / Sinopse: Karen Blixen (Meryl Streep) vai até a distante África administrar e gerir uma fazenda de café. Para isso terá que enfrentar inúmeras adversidades no local. Lá conhece e se apaixona por Denys (Robert Redford) um aventureiro e caçador que atua próximo de sua plantação.
Pablo Aluísio.
Albert Nobbs
Se não fosse por essa infeliz coincidência Glenn Close certamente teria levado o prêmio da Academia. Seria mais do que merecido uma vez que o projeto da produção foi fruto de muito empenho pessoal da própria atriz. Lutando por financiamento ela foi à luta para levar esse texto para as telas. Está inclusive creditada como uma das roteiristas. Sua história com Albert Nobbs vem de longe pois há muitos anos Close interpretou o mesmo papel no teatro. Certamente pela riqueza do texto ela sabia que tinha uma potencial obra prima em mãos. Seus esforços são dignos de aplausos. Tudo é de muito bom gosto no filme - figurinos, reconstituição de época, cenários, tudo impecável. O elenco de apoio também está brilhante com destaque para Janet McTeer que também recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor atriz coadjuvante por seu papel de Mr. Page. Em conclusão é isso, "Albert Nobbs" traz excelentes questões sobre identidade sexual, abandono, sonhos, projetos de vida, pobreza e de quebra mostra que a estratificada sociedade britânica pode ser tão cruel como a de qualquer outro país periférico do terceiro mundo. Está mais do que recomendado.
Albert Nobbs (Albert Nobbs, Reino Unido / Irlanda, 2012) Direção: Rodrigo García / Roteiro: Glenn Close, John Banville baseado no conto de George Moore / Elenco: Glenn Close, Mia Wasikowska, Aaron Johnson, Janet McTeer / Sinopse: No Século XIX Albert Nobbs (Glenn Close) é um garçom de um hotel na cidade de Dublin. Lá conhece Hubert Page (Janet McTeer), um trabalhador que eventualmente faz serviços no hotel onde trabalha. Para sua surpresa descobre que assim como si próprio o Sr. Page também tem um grande segredo a esconder.
Pablo Aluísio.
Rango
De qualquer forma o que me fez mesmo gostar de Rango são as várias citações e referências aos clássicos filmes de western. Não é segredo para ninguém que sou fã do gênero, então ver todos aqueles personagens e cenas que nada mais são do que homenagens aos grandes flmes de faroeste me fez manter ainda mais o interesse no que viria a acontecer. A estorinha obviamente é bobinha, derivativa mas mesmo assim mantive a atenção. Enfim, Rango é um ótimo passatempo para a criançada e servirá até mesmo para apresentar os pequenos aos ícones dos antigos bang bangs. Só por isso já vale a pena.
Rango (Rango, Estados Unidos, 2011) Direção: Gore Verbinski / Roteiro: John Logan, John Logan / Elenco: Johnny Depp, Isla Fisher, Timothy Olyphant / Sinopse: Rango (voz de Johnny Depp) é um réptil de estimação que após um acidente vai parar numa estrada no meio do deserto. Lutando pela sobrevivência vai parar em uma cidadezinha habitada por pequenos animais como ele. Todos são controlados por um poderoso manda chuva local que detém o bem mais precioso de lá: a água!
Pablo Aluísio.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
A Lenda de Billie Jean
Título Original: The Legend of Billie Jean
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Gomillion Studios
Direção: Matthew Robbins
Roteiro: Mark Rosenthal, Lawrence Konner
Elenco: Helen Slater, Peter Coyote, Christian Slater, Keith Gordon, Richard Bradford, Martha Gehman
Sinopse:
Uma adolescente americana do estado do Texas decide radicalizar na vida, corta o cabelo curto e se torna uma mártir fora da lei com seu irmão e amigos.
Comentários:
Quando se fala em Billie Jean nos anos 80 o que vem à sua mente? Claro que a famosa música do Michael Jackson. Só que esse filme aqui não tem nada a ver com isso. É um filme que virou famosinho entre os jovens dos anos 80, mas que revisto hoje em dia mostra muito bem como era fraquinho. Com roteiro boboca e situações totalmente falsas e nada convincentes, procurava mostrar jovens bonitos de classe média entrando no mundo do crime mais por diversão radical do que por qualquer outra coisa; Pode uma coisa dessas? Claro que não! Nenhum dos atores adolescentes fizeram carreira depois dessa produção. E o nome mais conhecido do elenco vem do veterano Peter Coyote. O resto é bobagem e tome perseguições nos corredores dos shopping centers. Ah, que tédio!
Pablo Aluísio.
Loucademia de Polícia 2
Título Original: Police Academy 2 - Their First Assignment
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Jerry Paris, James Signorelli
Roteiro: Neal Israel, Pat Proft
Elenco: Steve Guttenberg, Bubba Smith, David Graf, Michael Winslow, Bruce Mahler, Marion Ramsey
Sinopse:
Quando uma nova gangue se muda para a cidade, cabe à equipe policial mais maluca de todos os tempos detê-los. E agora, eles são policias de verdade (ou quase isso). Filme premiado pelo festival alemão de cinema Golden Screen.
Comentários:
A franquia "Loucademia de Polícia" fez muito sucesso nos anos 80. O interessante é que seu humor era bem antigo, algo escrachado, do tipo pastelão. Conforme os anos foram se passando os executivos da Warner perderam completamente a vergonha e começaram a fazer uma série infinita de continuações, cada uma pior do que a outra. Coisa de gente cara de pau mesmo. Esse segundo filme aqui ainda mantinha uma certa (pouca, mas certa) dignidade. O ator Steve Guttenberg ainda estava no elenco, porque ele iria pular fora desse barco em poucos anos. O resto do elenco, comediantes que nunca fizeram sucesso fora desses filmes, continuaram por anos na mesma. É um trabalho para se viver, afinal de contas.
Pablo Aluísio.
Confiar
A pedofilia e o aliciamento de menores, inclusive sua exploração sexual está na ordem do dia atualmente. Os jornais diários sempre trazem notícias relacionadas ao tema. É complicado até mesmo entender como no atual estágio de nossa sociedade ainda se encontra espaço para esse tipo de crime tão terrível que atinge todas as camadas sociais. Diante dessa situação o cinema não tardaria a tratar do tema. "Confiar" é um desses filmes que tratam da delicada questão. Adianto que gostei bastante do resultado final. O filme mantém uma postura inteligente, não caindo nem no dramalhão e nem na violência gratuita como solução para toda aquela situação (algo que poderia transformar o argumento em um tipo de "Desejo de Matar contra pedófilos"). Um dos maiores destaques dessa produção ao meu ver foi a forma extremamente realista em que a personagem vítima do pedófilo foi retratada. Definitivamente um dos melhores retratos de adolescentes que já vi no cinema ultimamente pois ela não é mostrada nem como uma garota completamente ingênua e nem como uma pessoa que possa lidar com uma situação barra pesada daquela de forma adulta.
Aliás é bom destacar o trabalho da atriz que interpreta Annie, chamada Liana Liberato, pois apesar da pouca idade já demonstra ser muito talentosa e segura de si em cena. Já Clive Owen finalmente dá uma pausa nos abacaxis que andou fazendo e entrega aqui uma interpretação bem digna, nada canastrona e no tom certo. Parabenizo também o diretor David Schwimmer (ex-astro de Friends) pelas opções que tomou ao rodar o filme. Nenhum personagem em cena é estereotipado ou raso, pelo contrário, todos são mostrados como pessoas inseridas dentro de sua comunidade, pessoas produtivas que desempenham suas funções, mesmo que sejam no fundo e em segredo predadores ou maníacos sexuais (nesse ponto a cena final fecha com chave de ouro o filme). Enfim, recomendo bastante, pois “Confiar” trata um tema sério e delicado de forma adulta e livre de soluções fáceis. É uma produção para assistir e se debater depois.
Confiar (Trust, Estados Unidos, 2010) Direção: David Schwimmer / Roteiro: Andy Bellin, Robert Festinger / Elenco: Elenco: Clive Owen, Catherine Keener, Viola Davis, Liana Liberato, Noah Emmerich, Jason Clarke / Sinopse: Will (Clive Owen) e sue esposa Lynn (Catherine Keener) presenteiam sua filha Annie (Liana Liberato) com um novo computador. Navegando pela internet Annie conhece um homem que se diz ser um jovem de apenas 16 anos, tal como ela. Ele se identifica como Charlie e marca um encontro com a garota. O que ela não sabe é que na realidade se trata de uma outra pessoa, com intenções criminosas a seu respeito.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
(500) Dias Com Ela
Eu nunca descarto o gênero "comédia romântica" antecipadamente como alguns homens. Como se sabe muitos espectadores masculinos simplesmente odeiam comédias românticas pois as consideram chatas, maçantes, açucaradas, etc. É um estilo de filme que de certa forma foge do universo masculino. O fato é que geralmente quando vão ao cinema assistir a esse tipo de filme o estão lá porque são literalmente levados por suas namoradas, esposas, etc. É uma bobagem descartar um filme apenas por seu gênero. Um exemplo é esse "(500) Dias Com Ela". Sim, é uma comédia romântica mas com bom conteúdo, com bom desenvolvimento do relacionamento mostrado e além disso com um roteiro inteligente que pode dar origem a bons debates com sua companheira. Para começar os papéis estão invertidos aqui. A mulher surge na relação como alguém que quer apenas ter alguns momentos de prazer com seu namorado de ocasião ("ficante" seria um termo mais apropriado). Já o homem é que está apaixonado por ela, querendo algo sério. Isso já é um diferencial e tanto em relação a outras comédias românticas não é mesmo? A estrutura do roteiro também é bem curiosa, com idas e vindas na linha do tempo.
O bom é que esse vai e vem na linha narrativa não chega em momento algum a aborrecer o espectador. Curiosamente o filme traz à tona outra questão que poucos param para pensar sobre ela. O fato é que não importa em que época vivemos ou como os costumes mudaram, a psique do homem resiste a maiores mudanças e ainda idealiza aquela mulher romantizada do passado, que só quer casar e ter filhos em um relacionamento sério. O homem ainda pensa como há dois séculos e esquece que a mulher moderna também quer ter direito a passar por romances casuais sem nada sério pela frente. A figura da "Amélia" resiste e muitos homens ficam desconcertados na presença de mulheres livres, donas de si, de seu destino, sem necessidade alguma de dar satisfações a um homem em suas vidas. Mulheres modernas, admiráveis afinal de contas. É isso, assista "(500) Dias Com Ela" e aproveite para pensar sobre esses temas. Vai ser uma reflexão reconfortante, com certeza.
(500) Dias Com Ela (500 Days Of Summer, Estados Unidos, 2009) Direção: Marc Webb / Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber / Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel, Geoffrey Arend, Chloë Grace Moretz, Matthew Gray, Gubler, Clark Gregg, Patricia Belcher, Rachel Boston / Sinopse: Através de uma série de flashbacks conhecemos a estória de Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (Zoey Deschanel). Ele é completamente apaixonado por ela e tem um sonho de um dia encatar um romance sério com a garota. Já Summer pensa diferente, quer aproveitar os momentos prazeirosos de sua vida sem o peso de um compromisso sério.
Pablo Aluísio.
Férias Frustradas II
Título Original: National Lampoon's European Vacation
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: National Lampoon, Warner Bros
Direção: Amy Heckerling
Roteiro: John Hughes, Robert Klane
Elenco: Chevy Chase, Beverly D'Angelo, Dana Hill, Jason Lively, John Astin, Sheila Kennedy
Sinopse:
Os Griswolds ganham uma viagem de férias pela Europa, onde ocorre o caos usual de suas vidas completamente patéticas e idiotas. Primeira continuação da comédia de sucesso dos anos 80, "Férias Frustradas". Filme premiado pelo BMI Film & TV Awards na categoria de melhor comédia. Também indicado ao Young Artist Awards.
Comentários:
Só John Hughes mesmo para tornar essa comédia totalmente fast food em algo memorável. Ele é a mente pensante por trás desse filme, que basicamente seguia os passos do primeiro, só que trocando o lugar para onde essa família idiota ia passar suas férias. Hughes demole assim a imagem da típica família norte-americana, os retratando como incultos, constrangedores e, é claro, como verdadeiros idiotas. O pai só fala besteira, o filho nerd é louco para conseguir uma namorada (sem sucesso) e a filhinha está louca para dar para algum jovem francês gostosão. O retrato da estupidez do americano médio, mas com muito bom humor. É aquele tipo de comédia que diverte e demole ao mesmo tempo. Fez sucesso suficiente para gerar mais uma sequência. E conforme o tempo foi passando - e as continuações chegando - a graça também foi indo embora.
Pablo Aluísio.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
As Grandes Aventuras de Pee-wee
Título Original: Pee-wee's Big Adventure
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Tim Burton
Roteiro: Phil Hartman, Paul Reubens
Elenco: Paul Reubens, Elizabeth Daily, Mark Holton, Diane Salinger, Judd Omen, Damon Martin
Sinopse:
Quando o excêntrico e esquisito Pee-wee Herman tem sua amada bicicleta roubada em plena luz do dia, ele parte pelos Estados Unidos na aventura de sua vida. Filme indicado ao Young Artist Awards e ao TV Land Awards na categoria melhor filme familiar.
Comentários:
Pee-wee Herman foi um personagem infantil criado pelo ator e humorista Paul Reubens. Inicialmente fez muito sucesso na TV, em uma série de programas, depois foi para o cinema nesse primeiro filme. Fez sucesso de bilheteria e lançou o diretor Tim Burton. Tudo maravilhoso até que... Paul Reubens foi preso por policiais ao se masturbar publicamente em um cinema pornô baixo nível frequentado por homossexuais. O escândalo foi tão grande que acabou com a carreira não apenas de seu criador, mas também de seu mais famoso personagem infantil. O mais incrível é que Tim Burton escapou de ser cancelado também. O que foi justo já que ele não tinha nada a ver com a história. E o que sobrou de tudo isso foi seu talento para criar filmes com visual único. Depois disso ele foi contratado para dirigir outros filmes e o resto já sabemos. Virou um dos grande diretores de cinema de Hollywood.
Pablo Aluísio.
Rio
Outro problema de Rio é que embora tenha a mão de um brasileiro por trás, o nosso país não foge de todo clichê gringo que conhecemos. Os brasileiros mostrados no filme são todos estereotipados, gente que parece só pensar em samba, futebol e carnaval. Quando não estão rebolando, estão assistindo jogos de soccer entre Brasil e Argentina na TV. Todos parecem bem pobres e moradores de favela, inclusive o garotinho afrodescendente que para variar é órfão e morador de rua - e que só tem uma camiseta surrada da seleção brasileira para usar. Enfim, pensei que não haveria tantos clichês assim em relação ao nosso povo mas me enganei. Rio, em resumo, é uma animação para crianças pequenas, com estorinha fraca e brasileiros caricaturais.