terça-feira, 14 de junho de 2011

Papa Júlio III

Foi um ato de coragem do cardeal Giovanni Maria Giocci adotar o nome Papal de Júlio III. Isso porque Júlio II havia sido um dos grandes Papas daquele século. Evocar o título Papal Júlio era realmente a prova que o cardeal Giocci queria nada mais do que a grandeza para seu pontificado. Ele subiu ao trono em novembro de 1549, no conclave que foi convocado após a morte do Papa Paulo III. O alto clero de Roma queria mudar alguns aspectos para o novo Papa. Era necessário escolher um sucessor não tão idoso como havia sido Paulo III e não tão jovem como Leão X (que se tornou Papa com apenas 37 anos de idade!).

O que eles procuravam então? Um homem de meia idade, culto, bem relacionado diplomaticamente e que tivesse poder dentro da cúria romana. Nenhum nome se encaixava melhor nesse perfil do que Giocci. Assim que assumiu ele percebeu que o velho problema da cisão do Cristianismo continuava na Europa. Monarcas estavam fundando suas próprias igrejas protestantes, muitas delas controladas por protegidos da nobreza, pessoas sem qualquer qualificação religiosa que só queriam explorar os fiéis. Roma estava apreensiva com essa situação.

Júlio III enquanto cardeal foi um homem de confiança do Papa Paulo III. Muitos diziam que ele era seu braço direito. Assim não houve mudanças significativas no rumo da Igreja durante seu pontificado. O novo Papa se dedicou a completar tudo o que havia começado na gestão de Paulo III, entre eles o desenvolvimento do Concílio de Trento. Essa reunião de mestres e estudiosos católicos tinha sido inaugurada por Giocci quando ele era cardeal. Foi dele a incumbência de fazer as orações iniciais do Concílio e agora como Papa as discussões teológicas deveriam seguir em frente.

As teses de Martinho Lutero foram debatidas durante o Concílio e rejeitadas. Houve uma preocupação especial de Júlio III com os seminários católicos ao redor do mundo. Ele temia influências por parte dos reformistas nas mentes dos jovens estudantes. Por isso reforçou os colégios eclesiásticos, em especial da Alemanha e de Roma. Ajudou a elaborar os estatutos dos jesuítas, considerados essenciais para a Igreja Católica naquele momento delicado. Também fortaleceu a doutrina católica, evitando que fosse contaminada pelas novas heresias vindas dos seguidores de Lutero.

No plano externo, em questões políticas, o Papa Júlio III se aliou a Maria Tudor, filha de Henrique VIII, que havia rompido com o catolicismo. Com a morte do rei o Papa viu a oportunidade de reorganizar a Igreja Católica na Inglaterra, algo em que alcançou certo êxito. Também procurou abrir diálogo com os protestantes alemães, pois apesar de haver discordâncias dogmáticas, as duas linhas de pensamento religioso eram cristãs, acima de tudo. O Papa porém não conseguiu ver suas obras concluídas. Seu papado foi relativamente breve. Após cinco anos no trono de Pedro ele morreu, vítima de gota, uma doença bem dolorosa, que o impedia de se deslocar por sua corte e seus domínios, algo que lhe trouxe fama de ser recluso e alheio ao povo católico da época.

Pablo Aluísio.

Papa Clemente VII

Depois da morte do Papa Adriano VI subiu ao trono mais um membro da família Médici. Júlio de Juliano de Médici, que se tornaria o papa Clemente VII, era bem diferente de Adriano. Enquanto esse vinha de origem humilde e subiu por suas próprias forças, Júlio era parte da rica aristocracia europeia, fazendo parte da elite rica (e corrupta) de Florença, uma das mais influentes e poderosas cidades estado da época. O interessante que Júlio Médici foi por anos um dos grandes conspiradores palacianos do Vaticano, sendo figura central na ascensão de vários Papas como Leão X (com o qual tinha parentesco) e Adriano VI, seu antecessor.

Sua subida na carreira eclesiástica foi fulminante. Em pouco tempo Júlio Médici saiu da posição de padre para arcebispo, bispo e cardeal. Praticamente toda a sua carreira foi formada em Florença, onde sua família exercia uma posição de grande proeminência. Depois de se tornar cardeal foi para Roma, onde com grande tradição política acabou se tornando uma figura central na subida e queda dos Papas da época. Dizia-se nos bastidores que Júlio Médici, muitas vezes, tinha mais poder e influência do que o próprio Papa.

Por essa razão era natural que um dia viesse a se tornar Papa também. E assim ele venceu de forma bem fácil a eleição para a sucessão de Adriano VI. Adotando o nome de Clemente VII ele logo entrou de forma decisiva no jogo político da época, nunca se furtando em se meter nos mais variados assuntos dos diferentes Estados cristãos. Foi seguramente um dos pontífices mais politiqueiros de toda a história. Não havia um só trono ou nação que não tivesse algum representante do Papa em sua corte, sempre jogando o xadrez político daqueles tempos.

Com tanto envolvimento na política da época, Clemente VII negligenciou o lado religioso de seu posto. Ao invés de estar envolvido em questões de fé, espirituais, Clemente parecia mais interessado em colocar monarcas que estivessem ao seu lado, destronando os que iam contra seus interesses. Tampouco quis saber do nascente movimento protestante. Clemente achava aquilo uma bobagem que iria passar, sumir com o tempo, por isso não deu ouvidos às críticas que eram feitas para a Igreja, ao invés disso passou a insistir em coisas erradas, como a venda de indulgências.

O fato histórico mais conhecido de seu papado foi o rompimento com o Rei inglês Henrique VIII. O monarca britânico queria se separar de sua primeira esposa, que não lhe dava um herdeiro homem, para se casar com Ana Bolena, que tinha fama de prostituta. O Papa recusou dar o divórcio a Henrique pois Catarina de Aragão, a Rainha, era uma devota católica fiel. A crise, sem solução, acabou levando ao rompimento de Londres com Roma. Henrique VIII expulsou os padres e membros católicos da Inglaterra, fundando sua própria Igreja, chamada Anglicana. O Papa Clemente VII morreu aos 56 anos de idade, após ser envenenado em sua refeição com um cogumelo venenoso. Quem o matou? Com tantos inimigos nas cortes europeias essa resposta acabou ficando sem resposta.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Papa Leão X

A morte do grande Papa Júlio II abriu um vácuo de poder em Roma. Seu sucessor teria que ser igualmente grandioso. As principais famílias nobres da Europa disputavam o trono de São Pedro na época. Ter um Papa em sua linhagem familiar era seguramente uma grande honra. Assim na disputa pela sucessão de Júlio II a poderosa, rica e influente família Médici se sagrou vitoriosa, dando o trono do Papado para um de seus membros: Giovanni di Lorenzo de' Medici que se tornou o Papa Leão X em março de 1513. Como membro de uma das famílias nobres mais ricas de toda a Europa, Giovanni cresceu recebendo a melhor educação possível para a época. Seus professores ao longo da vida eram mestres da filosofia, das artes e da política. Ele era em razão disso extremamente culto e um dos jovens mais preparados da Europa, tanto que se tornou Cardeal muito jovem ainda.

Esse Papa realmente tinha que ter um preparo intelectual fora do comum porque ele enfrentou um dos grandes desafios na história da Igreja Católica: o desmembramento da fé cristã. Durante séculos, por mil e quinhentos anos,  a Europa viveu unida apenas sob uma única fé: o catolicismo. Agora Leão X precisava enfrentar algo novo, impensável anos atrás. Um grupo de reformistas liderados por Martinho Lutero estava divulgando ideias por todo o continente que dariam origem à reforma protestante. Os reformistas denunciavam a corrupção na cúpula da Igreja Católica e propunham uma reforma radical em seus dogmas, ritos e crenças. A Igreja já havia enfrentado muitos problemas antes, inclusive com invasões de exércitos brutais em seus domínios, mas jamais havia enfrentado uma guerra no mundo da teologia, das ideias religiosas.

Leão X foi um dos papas mais jovens da história. Ele subiu ao poder no Vaticano com apenas 37 anos de idade! Isso aliado aos desafios que tinha que enfrentar colocava em risco os rumos da poderosa Igreja Católica. Assim que assumiu o jovem Papa precisou enfrentar o fracasso do quinto Concílio de Latrão que foi reunido para trazer inovações para a Igreja, mas que concretamente fez muito pouco. Em pouco tempo se chegou na conclusão que havia sido um fracasso teológico. Os problemas porém iam além dos meros fracassos internos. O mundo cristão ocidental estava ameaçado pelo avanço dos guerreiros muçulmanos. O poderoso império Otomano estava prestes a invadir a cristã Hungria, ameaçando invadir a Europa Ocidental. Leão X então precisou reunir todos os grandes monarcas europeus para que eles organizassem seus exércitos para combater os islâmicos antes que fosse tarde demais. Planos para uma grande cruzada foram elaborados, porém no final o Papa conseguiu respirar aliviado ao perceber que os exércitos húngaros tinham conseguido destruir os exércitos invasores do Islã.

Outra crise, essa de natureza doméstica, perturbava a paz de Leão X. Em sua época a península itálica ainda não formava um único Estado (o que futuramente aconteceria com a fundação da Itália). Assim existiam várias cidades-estados, tais como Milão, Nápoles, Veneza, etc, sempre brigando entre si. Leão X exercia assim uma posição de árbitro no meio de tantos conflitos, algo que o desgastou enormemente. Dois porém foram grandes legados do Papa Leão X. O primeiro dizia respeito à escravidão. O Papa condenou publicamente o tráfico de negros para serem usados como mão de obra escrava nas colônias americanas. Para o Papa isso era um completo absurdo. Outra inovação veio do direito canônico pois o Papa Leão X promoveu mudanças para evitar que os postos de cardeais fossem ocupados apenas por fatores puramente políticos. Para ser cardeal agora era necessário passar por anos e anos de dedicação eclesiástica. Ironicamente o Papa Leão X encerrava um modelo que de certo modo havia lhe favorecido no passado. Depois de muitas lutas internas e externas, de política e teologia, o Papa morreu de forma repentina em dezembro de 1521, com apenas 45 anos de idade, o que despertou suspeitas de que ele teria sido envenenado. Algo que nunca foi historicamente confirmado.

Pablo Aluísio.

Papa Adriano VI

O Papa Adriano VI, que sucedeu Leão X, herdou um mundo cristão dividido. O protestantismo estava se espalhando em países do norte da Europa, muitas vezes apoiados por monarcas que tinham problemas políticos com a Igreja Católica. O curioso é que inicialmente o reformador Martinho Lutero queria a fundação de uma Igreja Evangélica unida, única, mas isso de fato não aconteceu. Cada príncipe, cada monarca europeu, cada Rei e Rainha, promoveu a fundação de igrejas subordinadas a eles, com dogmas religiosos que lhes agradavam e nada mais. O cristianismo assim passava por uma verdadeira anarquia religiosa promovida pelas monarquias europeias.

Adriano Floriszoon Boeyens, o Papa Adriano VI, era alemão de nascimento. Ele tinha origem humilde, filho de um simples marceneiro e uma dona de casa. Pessoas simples de sua cidade natal, Utrecht. O jovem porém demonstrava ter vocação para o estudo. Por isso seu pai o incentivou a investir numa vida acadêmica, ter educação formal, algo que lhe faltou. Patrocinado pela Marquesa de Borgonha ele fez dos estudos sua vida. Entrou na universidade e se formou em teologia, filosofia e direito canônico. Era um estudante disciplinado, dedicado e fervoroso amigo do saber. Desde cedo se destacou entre os colegas justamente por essas características.

A Igreja Católica mantinha as melhores universidades da época e assim a vida religiosa passou a ser um passo natural em sua vida. Quando se formou se tornou professor dos filhos da alta nobreza, educando os filhos do imperador Maximiliano I. Era um homem erudito, culto e muito respeitado. Justamente o tipo que o Papa Leão X - ele também um erudito - queria ao seu lado em Roma. Assim Adriano foi chamado para o Vaticano e lá se tornou Cardeal, por seus méritos próprios. Não tinha origem aristocrática, mas soube-se fazer sozinho com dedicação e luta no mundo dos estudos. Foi recompensado por isso.

Quando Leão X morreu uma parte dos cardeais queria a eleição de seu primo, também da família Médici, para o trono de Pedro. Dois terços dos cardeais porém formaram um bloco de oposição e resolveram apoiar Adriano, por ser um homem culto, de origem humilde, que não tinha laços com famílias ricas como os Médicis. Assim Adriano foi eleito Papa em 1522, quando curiosamente ele não se encontrava em Roma. Só depois voltou para a cidade, já eleito Papa pelos membros da Cúria Romana. Tinha 63 anos, uma idade considerada avançada para a época pois a expectativa de vida não ia muito além disso.

Como Papa, Adriano VI tentou lutar contra a corrupção na alta cúpula da Igreja Católica. Combateu as indulgências e promoveu reformas éticas em Roma. Como era alemão, com hábitos diferentes e cultura estrangeira, não conseguiu ganhar a confiança do povo romano, apesar de suas medidas de limpeza da Cúria romana. Era considerado um homem duro, de gestos firmes, não condizentes com o que o rebanho estava acostumado. No trato político era austero, o que lhe criou problemas com a nobreza europeia. Também, para muitos historiadores, não levou muito à sério a Reforma Protestante, achando equivocadamente que ela não iria muito longe e que não prosperaria. Infelizmente, como já era uma pessoa idosa para os padrões do século XVI, não ficou muito tempo como Papa, Após um ano de sua subida ao trono morreu no Vaticano. Foi um dos mais breves papados da história. Um outro Papa alemão demoraria a subir novamente ao poder depois de sua morte.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de junho de 2011

Lutero e o Nazismo

Que ligação poderia haver entre o pai do protestantismo, Martinho Lutero, e o Nazismo que varreu a Europa no século XX? Segundo o historiador Robert Michael as fontes do sentimento nazista possuem uma ligação incômoda com textos que Lutero deixou. Já é consenso que Lutero era profundamente antissemita. Ele odiava judeus em geral e não parecia esconder esse fato. Pior do que isso, escrevia sobre sua ódio para o que ele considerava ser "O povo do diabo". 

Nos últimos anos de sua vida escreveu: "A Alemanha deve ficar livre de judeus, aos quais após serem expulsos, devem ser despojados de todo dinheiro e joias, prata e ouro. Que sejam incendiadas suas sinagogas e escolas, suas casas derrubadas e destruídas." O texto choca pela violência verbal, porém essas frases não foram escritas por um membro do partido nazista, mas sim por Lutero!

Três anos antes de morrer Lutero defendeu a tese de que o povo judeu não era mais o escolhido por Deus. Não era mais o povo eleito pelo Senhor, mas sim o povo do diabo. Chocante demais? Agora veja que ele foi além, muito além, ao escrever que "A sinagoga é como uma prostituta incorrigível e uma devassa maléfica. Os judeus estão cheios das fezes do demônio, nas quais se rebolam como porcos". Sua retórica agressiva e humilhante seria vista nos dias de hoje como um crime de ódio. Em determinado momento chegou a escrever: "A culpa é nossa, por não termos matado todos eles".

Seus textos intolerantes criaram inúmeros problemas por toda a Alemanha. Na Saxônia houve tumultos e mortes. Em Brandenburg e na Silésia houve inúmeras perseguições promovidas por protestantes contra judeus em sinagogas e nas ruas. Uma coisa tenebrosa. Em Estrasburgo os textos antissemitas de Lutero foram proibidos, mas os conflitos continuaram quando um pastor luterano incentivou seus paroquianos a matarem todos os judeus que encontrassem pela frente! Algo terrível. Apesar de combatido o pensamento infame de Lutero contra os judeus persistiu, chegando ao século XX quando subiu ao poder na Alemanha os Nazistas.

Assim como havia escrito Lutero, os membros do Partido Nazista também declaravam abertamente o ódio aos judeus e pregavam seu extermínio físico. Isso levou o Pastor Wilhelm Rehm de Reutlingen a declarar em 1933 que o Nazismo não teria surgido se Lutero não tivesse plantado o ódio antissemita na Alemanha em sua época. Julius Streicher, editor do jornal Nazista Der Stürmer, foi mais longe e escreveu que "nunca havia dito nada sobre os judeus que Martinho Lutero não tivesse dito 400 anos antes." A questão foi resumida pelo historiador William L. Shirer que declarou:“O grande fundador do protestantismo não foi só antissemita apaixonado como feroz defensor da obediência absoluta à autoridade política alemã. Desejava a Alemanha livre de judeus!"

Pablo Aluísio. 

Papa Júlio II

Em uma época em que os Papas eram os monarcas mais poderosos da Europa cristã, o Papa Júlio II foi certamente um dos homens mais influentes e poderosos de seu tempo. Giuliano della Rovere era italiano, nascido na cidade de Savona. Desde jovem esteve ligado aos assuntos da Igreja Católica uma vez que era sobrinho do Papa Sisto IV. Esse parentesco lhe abriu as portas para ter acesso a uma educação primorosa, nas melhores escolas da Igreja. Muitos historiadores acreditam inclusive que Sisto queria formar e modelar um sábio para no futuro se tornar Papa. O jovem Giuliano era basicamente seu projeto pessoal em relação a isso.

Assim o futuro Papa acabou recebendo uma educação das mais completas. Quando se tornou frade resolveu seguir os passos dos franciscanos a quem especialmente admirava. Depois foi subindo na hierarquia da Igreja em Roma. Se tornou bispo na França e depois cardeal em Roma. Sabia falar várias línguas, o que o deixava em posição especial dentro da cúria, geralmente exercendo funções diplomáticas. O Papa Inocêncio VIII o tinha em grande estima pessoal. Quando Alexandre VI, um dos papas mais corruptos da história da Igreja subiu ao poder, Giuliano della Rovere se tornou um dos principais cardeais de oposição aos seus absurdos. Tão indignado ficou com Alexandre VI que inclusive chegou ao ponto de se aliar ao Rei Charles da França para que exigisse um concílio com o objetivo de investigar os abusos cometidos.

Quando Alexandre VI morreu subiu ao poder o Papa Pio III, o breve. Esse Papa vinha como um esperança de renovação contra os abusos e crimes do Papa anterior, mas morreu pouco depois, de uma séria doença incurável. Assim Giuliano della Rovere se tornou seu sucessor natural, uma vez que sempre se alinhara com a oposição ao infame Papa Bórgia, linha política essa que tinha ele e Pio III como principais representantes. Em novembro de 1503 ele finalmente subiu ao trono de Pedro, adotando o nome de Júlio II.

Uma de suas principais medidas foi enfraquecer e aniquilar os poderes que a família Bórgia (do Papa Alexandre VI) ainda tinha em Roma. Em poucos meses ele renovou os principais postos do Papado, eliminando membros fiéis aos Bórgias. No campo teológico convocou o Quinto Concílio de Latrão que evitava deter a visão apocalíptica de Joaquim de Fiore, um abade que pregava o fim do mundo ainda para aquela geração. Também nesse Concílio chegou-se ao dogma que afirmava que a alma humana era individual e imortal. Júlio II também lutou contra a criação de uma Igreja Católica de natureza estatal, sediada na França.

Outro aspecto muito lembrado de seu Papado foi seu intenso apoio aos grandes artistas da época. Considerado o verdadeiro Papa Mecenas, Júlio II contratou os serviços de gênios como Rafael e Michelangelo. Foi Júlio II quem mandou pintar o teto da capela Sistina, considerada uma das maiores obras primas artísticas de todos os tempos. Também se destacou no campo militar. Para defender os territórios papais o Papa Júlio II mandou reorganizar os exércitos do Vaticano, investindo em novas armas e equipamentos para manter as terras que historicamente eram dos Papas.

Durante todo o seu Papado manteve uma aproximação com os monarcas da França, Portugal e Espanha. Ao lado desses dois últimos Estados acabou confirmando o Tratado de Tordesilhas, que dividia as novas terras descobertas entre os dois reinos. Em fevereiro de 1513 o Papa adoeceu misteriosamente e após uma febre intensa morreu no Vaticano. Ele foi enterrado inicialmente na Basílica de São Pedro Acorrentado (onde estariam relíquias importantes, as correntes que teriam prendido São Pedro). Depois seus restos mortais foram transferidos para serem enterrados na Basílica de São Pedro no Vaticano, bem ao lado de seu tio Sisto.

Pablo Aluísio. 

sábado, 11 de junho de 2011

15 Mentiras Sobre a Igreja Católica

15 Mentiras Sobre a Igreja Católica (que os católicos estão cansados de ouvir!) - Pois então, se você é um católico ao redor do mundo provavelmente encontrará nas acusações abaixo algo que já ouviu de alguém. A igreja Católica sempre foi muito explorada em livros, filmes, séries e claro, teorias da conspiração. Geralmente fatos históricos com alguma base na realidade são distorcidos para dar credibilidade a certas mentiras que se repetem e se repetem ao longo de todos esses séculos. Algumas são mais bem elaboradas e outras beiram o ridículo. Mesmo assim se mantém no chamado senso comum, onde verdades viram mentiras e mentiras viram verdades. Vamos listar aqui as mentiras mais recorrentes que os católicos sempre precisam explicar - e que estão obviamente cansados de ouvir!

1. Católicos não são cristãos! São iluminatis! 
(Uma bobagem típica de pessoas que adoram teorias da conspiração de mera ficção)

2. Católicos idolatram Maria e os Santos!
(Não adianta explicar que o próprio catecismo da Igreja elucida essa questão. A idolatria sempre é levantada para falsas acusações contra a Igreja e seus seguidores).

3. Padres católicos viram pedófilos por causa do celibato!
(Não há qualquer relação entre uma coisa e outra. Estudos de sociologia e estatística de populações já comprovou que isso é uma tolice, mas segue sendo afirmado por aí, ano após ano)

4. Católicos idolatram o Papa!
(Essa é muito parecida com a mentira do tópico 2. Cada visita do Papa em algum país levanta esse tipo de acusação sem fundamento algum). 

5. A Igreja católica é contra a ciência!
(Alguns dos maiores cientistas da história foram católicos. O próprio Papa Francisco tem formação em química e acredita tanto na teoria da evolução como no Big Bang! A genética nasceu das observações e estudos de um frade. E esses são apenas dois exemplos. Mesmo assim essa acusação segue em frente, mesmo com a longa lista de sacerdotes católicos que também eram cientistas ao longo de todos esses séculos). 

6. Católicos não acreditam na Bíblia, mas apenas em tradições de sua história!
(Não importa que a Bíblia tenha sido montada e catalogada pelas autoridades católicas! Para muitos a Igreja simplesmente ignora o livro que ela própria ajudou a organizar! É complicado...)

7. A Igreja católica odeia gays!
(O Papa Francisco já deu inúmeras declarações de que os gays são bem-vindos na Igreja pois o catolicismo ama o pecador, embora não vá acolher o pecado! Mesmo assim a velha acusação retorna de tempos em tempos). 

8. Católicos pecam muito pois sabem que serão perdoados em suas confissões!
(Não se dão ao trabalho de ler o catolicismo católico. Nunca abriram suas páginas pois isso espalham esse tipo de bobagem! Além disso em que pesquisas se apoiam para dizer que católicos pecam mais? Eu digo: em nenhuma!)

9. A Igreja católica é a instituição mais rica do mundo e tem mais ouro que todas as nações juntas! (A velha acusação de que o Papa se senta numa cadeira de ouro maciço, que as paredes de todo o Vaticano são feitas de puro ouro, que as reservas de ouro da Igreja Católica são maiores do que a da Europa e Estados Unidos juntos! Gente, pelo amor de Deus.. Quanta bobagem!)

10. Católicos acreditam que podem comprar sua ida ao céu, comprando indulgências!
(Uma mentira que distorce uma realidade atual. No passado, quando havia corrupção dentro do clero católico realmente houve a existência das famigeradas indulgências - mas isso, convenhamos, foi há 600, 500 anos atrás! Atualmente não se vê nada parecido dentro da Igreja... A roda da história girou e a Igreja superou essa mancha do passado!)

11. A Igreja católica matou milhões de pessoas na inquisição!
(A inquisição, tanto católica como protestante, foi realmente um dos maiores erros históricos do cristianismo de modo em geral. Porém os números são exagerados. A Igreja Católica e a Protestante não mataram milhões como se afirma por aí. A inquisição espanhola, por exemplo, segundo alguns historiadores matou menos do que 500 pessoas em cinco séculos de existência. Claro que isso não exime o erro que foi cometido, mas demonstra que o número de mortes foi muito abaixo do que os tais milhões que dizem tanto!). 

12. A Igreja católica mudou a Bíblia para esconder verdades históricas perigosas, como o casamento de Jesus e Maria Madalena! (Essa acusação é relativamente recente e ganhou impulso com o sucesso de "O Código DaVinci. O problema é que as pessoas esquecem que esse é um romance de pura ficção e não realidade histórica. O engano porém persiste...)

13. A Igreja católica foi fundada pelo imperador Constantino para controlar todo o mundo!
(Quando o Imperador Constantino resolveu oficializar o cristianismo do império praticamente todo o povo romano já havia se convertido ao evangelho. Não havia outra coisa a se fazer! Assim dizer que Constantino criou a Igreja é uma bobagem histórica. Ele apenas se rendeu a ela!)

14. A Igreja católica odeia mulheres
(Pesquisas demonstram que tanto o clero como o rebanho católico é formado majoritariamente por mulheres! Sem elas a Igreja Católica sequer existiria! É uma acusação falsa que muitas vezes partem de grupos feministas pró-aborto!)

15. A Igreja católica sabe da existência de vida extraterrestre há muitos séculos, mas esconde isso do mundo. (Essa é uma das mais divertidas. Dizem até que a Igreja Católica mantém um disco voador intacto em seus arquivos secretos! Convenhamos, é muita tolice...)

Pablo Aluísio.

A Igreja Católica na China

É sabido que ano após ano cresce o número de católicos no Oriente. As Filipinas são um dos países mais católicos do mundo. Na Coreia do Sul a presença católica tem sido esmagadora nos últimos anos a ponto do Papa Francisco realizar uma inédita visita ao país (que se tornou um grande sucesso, considerado o maior evento religioso da história daquele país). Até mesmo no Japão, com sua cultura milenar, o número de católicos só faz aumentar.

E então há o caso da China. Recentemente uma reportagem da BBC demonstrou que a China é um dos países que mais produzem bíblias no mundo. A cada minuto um novo exemplar é confeccionado. O mais curioso é que essas bíblias não são produzidas para a venda ao exterior, mas para consumo interno, pela própria população chinesa, em sua língua. Acontece que a China como todos sabemos é um país comunista que não incentiva a religião. Já foi pior, o Estado socialista proibia a prática de qualquer religião, mas hoje o regime tem sido muito mais tolerante.

Estima-se em milhões o número de chineses católicos. Muitos professam sua fé de forma praticamente clandestina. O país rompeu relações com o Vaticano em 1951, mas nos últimos anos vários encontros diplomáticos envolvendo membros do governo chinês e da Igreja Católica têm se tornado comum. O Papa Francisco tem feito muitos esforços para que Pequim reconsidere completamente sua posição em relação à Igreja Católica, reconhecendo de fato algo que é muito simples de verificar dentro da sociedade chinesa: o aumento da fé católica entre sua população.

Infelizmente há certos setores no governo chinês que são contra a abertura de uma intensa tolerância religiosa no país. Para sobreviver muitos católicos chineses começaram a fazer parte de uma entidade chamada "Associação Patriótica Católica Chinesa" que não tem laços oficiais muito fortes com o Vaticano. Para o Papa Francisco é importante superar todos esses problemas históricos. Do outro lado, dentro do próprio Vaticano, há grupos que não acham que seriam uma boa ideia a formação de uma aliança com um governo ditatorial e violador dos direitos humanos como o da China. Seria complicado do ponto de vista diplomático.

A Igreja Católica também se opõe fortemente a práticas incentivadas pelo regime de Pequim como o aborto, a política do filho único e da aplicação da pena de morte contra os inimigos do Estado. Parece haver divergências demais entre o Vaticano e Pequim. Diante do impasse que até agora soa sem solução a curto prazo os católicos chineses seguem praticando sua fé, sem se abalarem. Para alguns estudiosos em breve a China poderá ter mais de cem milhões de católicos - um número realmente impossível de ignorar. Mais cedo ou mais tarde o governo comunista de Pequim terá que reconhecer que a fé católica existe e é muito presente dentro da China. A roda da história se fará ouvir novamente.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Jesus e os dias no deserto

Hoje vou deixar aqui uma dica de filme para os leitores do blog. A produção em questão se chama "Últimos Dias no Deserto". Como bem sabemos o evangelho nos informa que Jesus foi para o deserto por 40 dias e 40 noites para jejuar e orar a Deus. Ele estava prestes a iniciar sua missão e por isso procurou resguardar um tempo de isolamento e oração antes de iniciar sua jornada. Foi acima de tudo uma busca espiritual em torno de si mesmo. Um momento de auto conhecimento de Jesus. Uma viagem existencial e espiritual.

No deserto Jesus sofreu tentações do diabo. Ele tentou quebrar seu espírito, oferecendo riquezas materiais em troca de adoração. "Se você se prostrar perante mim, terá todos os reinos e riquezas do mundo!" - teria proposto o anjo caído. Jesus porém venceu as tentações e partiu para seu destino divino. No filme vemos um enredo meramente ficcional em parte. Isso porque a Bíblia não entra em tantos detalhes como nos é mostrado no filme. No roteiro Jesus encontra uma família no meio do deserto e tenta ajudá-la (sendo que essa parte do roteiro não existe no evangelho, servindo como uma licença poética e de finalidade dramática).


A família que Jesus encontra tem muitos problemas de relacionamento. O filho quer ir embora para Jerusalém. Ele não quer seguir os passos do pai que vive como pedreiro nas areias do deserto. O pai é um sujeito durão, que não aceita que suas ordens sejam questionadas. Nisso se cria o conflito entre pai e filho. Para piorar ainda mais a mãe está morrendo. Ela passa os dias dentro da pequena tenda de peles que eles mantém no alto das montanhas. Satã então desafia Jesus a resolver aquele conflito familiar. E isso não é só. A todo tempo o diabo tenta Jesus, sussurrando coisas em seu ouvido, fazendo com que ele comece a duvidar de si mesmo, de sua capacidade de fazer jus ao seu papel de Messias. O roteiro porém acerta ao mostrar que Jesus não aceitaria desafios por parte do demônio. Afinal sendo Jesus o próprio Deus encarnado na Terra, não faria sentido algo desse tipo.

Olha, teologicamente falando o roteiro apresenta alguns problemas, isso é verdade. Nada disso porém desmerece o filme que é por demais interessante, principalmente indicado aos cristãos. O Jesus (interpretado pelo excelente ator Ewan McGregor) é muito humano, muito humilde, sempre pronto a ajudar. O filme tem uma fotografia lindíssima, pois o deserto, com sua imensidão vazia tem também sua beleza natural. Por fim podemos ao menos tentar imaginar o que sentiu e o que passou o Jesus da história quando resolveu jejuar em um deserto escaldante, sem nenhuma alma viva por perto. Foi certamente um dos momentos mais importantes no fortalecimento de sua fé que a partir dai seria completamente inabalável.

Pablo Aluísio.

Cavaleiros Templários

Fazer parte da Ordem do Templo, dos cavaleiros templários, era uma grande honra para o homem medieval. Eles eram monges católicos que serviam a uma ordem militar de proteção aos cristãos e também de luta contra as hordas muçulmanas que investiam contra os países católicos da Europa. Essa ordem, a dos cavaleiros templários, foi certamente a maior, a mais bem organizada e a mais famosa dos tempos medievais.

Não era fácil ser um cavaleiro templário. A ordem tinha regras rígidas, tanto de comportamento na vida pessoal como também de treinamento e disciplina. Qualquer quebra nessas regras - chamadas de normas da ordem dos cavaleiros templários - traziam para o infrator várias punições. A mais grave delas era a expulsão, muitas vezes seguida da excomungação. Durante muitos séculos historiadores procuraram e pesquisaram em antigos documentos se havia punição de morte dentro da ordem, mas nada até hoje foi encontrado. Com isso a hierarquia e a disciplina dos templários não chegavam ao ponto de dar direito aos superiores de tirarem a vida dos cavaleiros.

Os cavaleiros faziam juramentos quando eram nomeados cavaleiros e a partir dai ficavam sob as ordens dos reis e superiores a quem era submetidos. Isso porém não suplantava as ordens do Papa. O Papa em Roma era o superior hierárquico máximo da ordem, seu comandante em chefe. Assim que entravam na ordem os cavaleiros eram submetidos a um juramento em latim. Desse juramento constava que eles iriam inicialmente servir como monges militares durante cinco anos, defendendo a Igreja e a mensagem de Jesus Cristo, o Senhor, em toda a Terra.

Seus únicos bens pessoais eram suas armas, seu escudo, sua armadura, seu cavalo e a roupa do corpo. Eles deveriam ser preparados para lutar em terras distantes, sob o sol escaldante ou sob frio intenso, nos alpes e montanhas geladas ou nos desertos do Oriente Médio. Para muitos historiadores os templários representaram o que havia de melhor entre guerreiros da Idade Média. Eram disciplinados, bem treinados, extremamente empenhados e com a moral do campo de batalha apoiada em uma fé inabalável.  Certamente era o lutador perfeito para uma época especialmente brutal e violenta na história da humanidade.

Pablo Aluísio.