Dando continuidade aos trabalhos que foram interrompidos prematuramente durante as sessões de Raised On Rock, Elvis voltou ao mesmo estúdio Stax em Memphis para gravar novas músicas. Dessa vez porém mostrou muito mais disposição e interesse pelo material. Ele conseguiu inclusive comparecer aos sete dias programados de gravação marcados pelo estúdio no final de 1973. Tão produtiva foi considerada a sessão que a RCA resolveu separar as quase vinte novas canções em dois discos distintos, Good Times e Promised Land. A primeira música gravada por Elvis que iria fazer parte desse disco foi a lindamente melancólica It´s Midnight, que de tão bela acabaria sendo lançada em single para promover o álbum ao lado da faixa título do disco. O alto nível está presente em praticamente cada canção que compõe o LP, que pode ser considerado o disco da maturidade de Elvis pois apesar de ter sido gravado em 1973 só iria ser lançado em 1975, no mesmo mês em que Elvis se tornou um quarentão. O disco em si representa bem essa fase na vida de Elvis pois as letras tratam sobre temas que de certa forma diziam muito sobre o momento pelo qual ele passava. O divórcio da esposa Priscilla, a solidão e a melancolia do dia a dia. Esse clima "pesado" do álbum só é quebrado mesmo pelo empolgante rock de Chuck Berry, Promised Land. Apesar de todos os problemas em sua vida pessoal não restam dúvidas ao se ouvir o resultado final do disco que estamos na presença de mais um belo trabalho da carreira do cantor. É acima de tudo um ótimo LP e demonstra o grande artista que Elvis Presley foi. Estas são as canções que fazem parte dele:
PROMISED LAND (Chuck Berry) - O cantor e compositor Chuck Berry foi um dos pais do Rock'n'Roll. Suas músicas foram gravadas por inúmeros cantores e grupos musicais ao longo da história. Entre os principais nomes que interpretaram Berry estão os Beatles e os Rolling Stones. Elvis gravou várias canções de Berry como "Johnny B. Goode", "Too Much Monkey Business" e outras. Aqui Elvis interpreta uma canção gravada em 1964 pelo próprio Chuck Berry. É sem dúvida a melhor canção gravada por Elvis nos anos setenta. Destaque para o show do guitarrista James Burton. O single "Promised Land / It's Midnight" foi lançado antes do LP, em outubro de 1974 e se tornou um grande sucesso.
THERE'S A HONKY TONK ANGEL (Troy Seals / Danny Rice) - Apesar de gravar grandes Rocks como Promised Land Elvis se voltou mesmo nos anos setenta para as baladas românticas como esta. Sem dúvida foi uma forma do Rei expressar o que sentia em sua vida. Essa canção foi gravada no dia 15 de dezembro de 1973 nos estúdios Stax de Memphis.
HELP ME (Larry Gatlin) - Esta canção surgiu pela primeira vez na discografia de Elvis no disco "On Stage in Memphis", que foi gravado ao vivo na cidade do Tennessee durante uma das inúmeras turnês que o astro fez nos anos setenta. É uma bela melodia com toques gospel, o que deve ter fascinado o cantor, que era um grande admirador deste estilo de música.
MR. SONGMAN ( J.D.Summer) - Outra canção de estilo Gospel presente no disco, sendo que esta foi composta por J.D.Summer, que iria acompanhar Elvis durante os anos setenta. Aqui fica bem evidenciado o equilíbrio vocal alcançado pelo Rei e sua equipe de vocalistas. Grande momento do disco. Foi lançada posteriormente como lado B do single "T-R-O-U-B-L-E".
LOVE SONG OF THE YEAR (Chris Christian) - Mais uma balada romântica presente no LP. Esta canção conta com um arranjo bastante consistente fruto do trabalho do produtor de Elvis, Felton Jarvis. Foi gravada no dia 12 de Dezembro de 1973 nos estúdios Stax de Memphis. Um fato curioso vem ocorrendo no leste europeu: depois da queda do muro de Berlim, vários fãs clubs de países como República Tcheca e Polônia estão lançando CDs piratas de excelente qualidade. Um deles traz uma versão belíssima desta canção (Melhor do que a original, por incrível que possa parecer!). Difícil entender como essas matrizes foram parar tão longe. De qualquer forma, os caçadores de tesouros perdidos vão fazendo a festa nas costas da BMG!
IT'S MIDNIGHT (Billy Ed Wheler / Jerry Chesnut) - Esta canção foi lançada como lado B do Single "Promised Land" em Outubro de 1974. Ela abre o Lado B da edição norte americana do LP, sendo que no Brasil a canção que abria o Lado B era o sucesso mundial "My Boy". Aliás "My Boy" faz parte mesmo é do LP "Good Times" americano, um bom trabalho de Elvis que não foi lançado no Brasil na época! (absurdo total!). Em virtude disso houve essa alteração, que só ocorreu no Brasil pela impossibilidade da RCA nacional lançar o disco "Good Times" por aqui. Mas o sucesso de "My Boy" foi tamanho no Brasil que foi impossível ignorá-lo! Como não lançar uma música que tocava em todas as rádios? Assim resolveram consertar a besteira que fizeram lançando a música no "Promised Land" brasileiro, o tornando único no mundo com essa seleção musical. O disco "Good Times" só seria lançado no Brasil nos anos 90! Pois é, não é de hoje que fã de Elvis sofre no Brasil por causa de sua gravadora!
YOUR LOVE'S BEEN A LONG TIME COMING (Rory Rourker) - Começa a verdadeira "Ópera Country" do disco com nada mais, nada menos, do que quatro canções deste estilo musical. Elas encerram o LP de forma bem agradável. Esta "Country Song" foi gravada no dia 15 de dezembro de 1973. Em 1978 foi lançado um disco chamado "Our Memories of Elvis" que trazia uma versão desta canção sem o acompanhamento vocal.
IF TALK IN YOUR SLEEP (Red West / John Cristopher) - Canção do guarda costas e amigo de Elvis "Red West". Red e Sonny West foram os principais integrantes da turma de Elvis chamada "Máfia de Memphis". Eles ficaram conhecidos mundialmente em 1977 quando lançaram o Livro "Elvis, o que aconteceu?" que deliberadamente tentava demolir a imagem de Elvis perante o grande público. Anos depois deu nome a um dos mais interessantes bootlegs de Elvis pois trazia um show em Las Vegas no ano de 1974 em que o cantor finalmente inovava no repertório do concerto.
THINKING ABOUT YOU (Tim Baty) - Este Country foi lançado em janeiro de 1975 como lado B do single "My Boy". É outra canção country que foi gravada no dia 12 de Dezembro de 1973. Elvis acrescentou novos instrumentos e modificou a parte estrutural da canção, transformando a música em um dos pontos altos do disco.
YOU ASK ME TO ( Wayton Jennings / Billy Joe Shaver) - O Disco se encerra com esta canção country. O LP "Promised Land" alcançou um relativo sucesso quando lançado em Janeiro de 1975, o que não aliviou algumas críticas que o acusaram de ser "...primário". Apesar de tudo Elvis acalmou o ânimo dos executivos da RCA que estavam cansados de lançar discos ao vivo do cantor. "Promised Land" foi o primeiro disco de estúdio de Elvis depois de um longo período.
Elvis Presley - Promised Land (1975): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / Johnny Cristopher (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Norbert Putnam (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / David Briggs (piano e orgão) / Per-Erik "Pete" Hallin (piano e orgão) / J.D.Summer and the Stamps (vocais) / Voice (vocal) / Dennis Linde (guitarra) / Alan Rush (guitarra) / Rob Galbraith (percussão) / Bob Ogdin (piano) / Randy Cullers (orgão) / Kathy Westmoreland, Mary Greene, Mary Holladay, Susan Pilknton (vocais) / Produzido e arranjado por Felton Jarvis / Gravado no Stax Recording Studio, Memphis, nos dias 10 a 16 de dezembro de 1973 / Data de lançamento: Janeiro de 1975
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Elvis Presley - FTD Promised Land
Era um dos CDs mais esperados pelos fãs. Isso se deve ao fato do disco "Promised Land" ser um dos mais interessantes em termos de repertório e seleção musical da década de 70. Além disso havia a expectativa de que haveria muito material inédito referente a essas sessões de gravações. Pessoalmente não acreditava muito nisso pois apesar de Promised Land nunca ter tido até o momento uma edição própria no selo FTD era óbvio que muita coisa já havia sido lançada antes em outros títulos piratas ou semi oficiais. Pois bem, finalmente nesse ano de 2011 tivemos a oportunidade de conferir finalmente o conteúdo do que ainda haveria de novo sobre esses registros. De antemão uma constatação: Essa edição é de longe o que melhor foi lançado sobre Promised Land até o momento mas não é definitiva ainda, pelo menos em minha opinião pessoal.
Analisando o lançamento vamos inicialmente aos pontos negativos. As gravações não foram tecnicamente perfeitas. Não cabe aqui entrar em maiores detalhes técnicas mas o fato é que houve um desencontro dentro dos estúdios sobre o que o produtor Felton Jarvis queria e o que a RCA disponibilizou. Em vista disso, dessa suposta desorganização, Elvis foi embora no meio das sessões deixando apenas alguns registros (alguns incompletos que seriam terminados depois). Por essa razão era de supor que os organizadores dessa edição fossem particularmente cuidadosos na restauração do chamado material alternativo. Embora sejam de boa qualidade sonora o CD penso que ainda poderia se fazer um trabalho melhor, principalmente nas versões inéditas que chegam até nós. Dito isso quero deixar claro que pelo menos nas faixas oficias notei nitidamente uma melhora mais do que sensível nas masters. Sem dúvida principalmente na faixa título "Promised Land" isso se torna bem nítido. Pena que no restante não tenha ocorrido o mesmo cuidado por parte dos produtores.
A parte positiva do lançamento decorre além do fato de se reunir faixas que antes estavam dispersas em um único título, o resgate de versões que eu mesmo desconhecia. Gostei especialmente das versões de "Love Song Of The Year" take 1. Apesar do finalzinho ser prejudicado pelo clima de desconcentração (coisa típica em sessões como essa) percebo que a interpretação de Elvis está muito mais melódica, menos presa do que a versão oficial. Também gostei bastante do take 7 de "Your Love’s Been A Long Time Coming", essa uma das canções que ganhou melhor reconhecimento ao longo dos anos, saindo de um injusto obscurantismo que marcou seu surgimento no mercado. Em relação aos takes originais de "Promised Land" podemos notar que não existe nada nessas sessões que cheguem perto da qualidade da versão oficial. Parece que esse foi aquele tipo de caso de se acertar na veia apenas uma vez e nunca mais! Todas as versões alternativas apresentam falhas, sejam por parte de Elvis, seja por parte de sua banda! Curiosamente isso acontecia também ao vivo pois todas as versões da música Live que chegaram até nós apresentam problemas e defeitos. Depois de ouvir esses takes não há outro caminho a não ser reconhecer que houve apenas uma faixa perfeita e essa obviamente foi a versão oficial que conhecemos. Em síntese é isso, "FTD Promised Land" é muito bem-vindo pois era bastante esperado. O CD é item obrigatório para os fãs de Elvis, mas reforço o fato de que não considero esse o fim dessa história (outros lançamentos mais completos poderão ser lançados no futuro). De qualquer forma pelo menos até esse momento o lançamento preenche satisfatoriamente um vácuo evidente na discografia FTD de Elvis Presley.
FTD Promised Land
DISC 1 / THE ORIGINAL ALBUM - 01 Promised Land - 02 There’s A Honky Tonk Angel (Who Will Take Me Back In) - 03 Help Me - 04 Mr. Songman - 05 Love Song Of The Year - 06 It’s Midnight - 07 Your Love’s Been A Long Time Coming - 08 If You Talk In Your Sleep - 09 Thinking About You - 10 You Asked Me To SESSION HIGHLIGHTS – THE ALTERNATE ALBUM - 11 Promised Land – take 4 - 12 There’s A Honky Tonk Angel – takes 3,2,7 - 13 Help Me - take 1 (undubbed master) - 14 Mr. Songman – take 2 - Love Song Of The Year – take 1 0 It’s Midnight – take 9 - 17 Your Love’s Been A Long Time Coming - take 10 - 18 If You Talk In Your Sleep - take 5 - 19 Thinking About You – take 4 - 20 You Asked Me To – MORE SESSION HIGHLIGHTS - 21 Promised Land – take 5 - 22 Love Song Of The Year – take 7 - 23 It’s Midnight – take 11 - 24 Thinking About You – takes 5,6 - 25 You Asked Me To
DISC 2 / SESSIONS – THE MAKING OF - 01 It’s Midnight – takes 1-4, 8,7 - 02 You Asked Me To – 03 Mr. Songman take 1 - 04 Thinking About You – rehearsal - 05 Thinking About You – take 3 - 06 Promised Land – take 3,2 - 07 Your Love’s Been A Long Time Coming – takes 2,3 - 08 Your Love’s Been A Long Time Coming – take 4 - 09 There’s A Honky Tonk Angel – take 1 - 10 Love Song Of The Year – rehearsal - 11 Love Song Of The Year – take 2 - 12 It’s Midnight – take 10 - 13 If You Talk In Your Sleep –takes 6,7, 8 - 14 Mr. Songman – takes 3,6 - 15 Love Song Of The Year – takes x,y, 8 (undubbed master) - 16 You Asked Me To – take 3B (4 ??) - 17 There’s A Honky Tonk Angel – takes ? - 18 It’s Midnight – takes 15,16 - 19 Promised Land – take 6 – undubbed master - 20 Thinking About You - 21 Your Love’s Been A Long Time Coming – take 8 - 22 Your Love’s Been A Long Time Coming – take 9
Pablo Aluísio.
Analisando o lançamento vamos inicialmente aos pontos negativos. As gravações não foram tecnicamente perfeitas. Não cabe aqui entrar em maiores detalhes técnicas mas o fato é que houve um desencontro dentro dos estúdios sobre o que o produtor Felton Jarvis queria e o que a RCA disponibilizou. Em vista disso, dessa suposta desorganização, Elvis foi embora no meio das sessões deixando apenas alguns registros (alguns incompletos que seriam terminados depois). Por essa razão era de supor que os organizadores dessa edição fossem particularmente cuidadosos na restauração do chamado material alternativo. Embora sejam de boa qualidade sonora o CD penso que ainda poderia se fazer um trabalho melhor, principalmente nas versões inéditas que chegam até nós. Dito isso quero deixar claro que pelo menos nas faixas oficias notei nitidamente uma melhora mais do que sensível nas masters. Sem dúvida principalmente na faixa título "Promised Land" isso se torna bem nítido. Pena que no restante não tenha ocorrido o mesmo cuidado por parte dos produtores.
A parte positiva do lançamento decorre além do fato de se reunir faixas que antes estavam dispersas em um único título, o resgate de versões que eu mesmo desconhecia. Gostei especialmente das versões de "Love Song Of The Year" take 1. Apesar do finalzinho ser prejudicado pelo clima de desconcentração (coisa típica em sessões como essa) percebo que a interpretação de Elvis está muito mais melódica, menos presa do que a versão oficial. Também gostei bastante do take 7 de "Your Love’s Been A Long Time Coming", essa uma das canções que ganhou melhor reconhecimento ao longo dos anos, saindo de um injusto obscurantismo que marcou seu surgimento no mercado. Em relação aos takes originais de "Promised Land" podemos notar que não existe nada nessas sessões que cheguem perto da qualidade da versão oficial. Parece que esse foi aquele tipo de caso de se acertar na veia apenas uma vez e nunca mais! Todas as versões alternativas apresentam falhas, sejam por parte de Elvis, seja por parte de sua banda! Curiosamente isso acontecia também ao vivo pois todas as versões da música Live que chegaram até nós apresentam problemas e defeitos. Depois de ouvir esses takes não há outro caminho a não ser reconhecer que houve apenas uma faixa perfeita e essa obviamente foi a versão oficial que conhecemos. Em síntese é isso, "FTD Promised Land" é muito bem-vindo pois era bastante esperado. O CD é item obrigatório para os fãs de Elvis, mas reforço o fato de que não considero esse o fim dessa história (outros lançamentos mais completos poderão ser lançados no futuro). De qualquer forma pelo menos até esse momento o lançamento preenche satisfatoriamente um vácuo evidente na discografia FTD de Elvis Presley.
FTD Promised Land
DISC 1 / THE ORIGINAL ALBUM - 01 Promised Land - 02 There’s A Honky Tonk Angel (Who Will Take Me Back In) - 03 Help Me - 04 Mr. Songman - 05 Love Song Of The Year - 06 It’s Midnight - 07 Your Love’s Been A Long Time Coming - 08 If You Talk In Your Sleep - 09 Thinking About You - 10 You Asked Me To SESSION HIGHLIGHTS – THE ALTERNATE ALBUM - 11 Promised Land – take 4 - 12 There’s A Honky Tonk Angel – takes 3,2,7 - 13 Help Me - take 1 (undubbed master) - 14 Mr. Songman – take 2 - Love Song Of The Year – take 1 0 It’s Midnight – take 9 - 17 Your Love’s Been A Long Time Coming - take 10 - 18 If You Talk In Your Sleep - take 5 - 19 Thinking About You – take 4 - 20 You Asked Me To – MORE SESSION HIGHLIGHTS - 21 Promised Land – take 5 - 22 Love Song Of The Year – take 7 - 23 It’s Midnight – take 11 - 24 Thinking About You – takes 5,6 - 25 You Asked Me To
DISC 2 / SESSIONS – THE MAKING OF - 01 It’s Midnight – takes 1-4, 8,7 - 02 You Asked Me To – 03 Mr. Songman take 1 - 04 Thinking About You – rehearsal - 05 Thinking About You – take 3 - 06 Promised Land – take 3,2 - 07 Your Love’s Been A Long Time Coming – takes 2,3 - 08 Your Love’s Been A Long Time Coming – take 4 - 09 There’s A Honky Tonk Angel – take 1 - 10 Love Song Of The Year – rehearsal - 11 Love Song Of The Year – take 2 - 12 It’s Midnight – take 10 - 13 If You Talk In Your Sleep –takes 6,7, 8 - 14 Mr. Songman – takes 3,6 - 15 Love Song Of The Year – takes x,y, 8 (undubbed master) - 16 You Asked Me To – take 3B (4 ??) - 17 There’s A Honky Tonk Angel – takes ? - 18 It’s Midnight – takes 15,16 - 19 Promised Land – take 6 – undubbed master - 20 Thinking About You - 21 Your Love’s Been A Long Time Coming – take 8 - 22 Your Love’s Been A Long Time Coming – take 9
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Elvis Presley - Elvis as Recorded Live On Stage in Memphis (1974)
O último disco ao vivo da carreira de Elvis Presley. Embora a fórmula de discos gravados nas apresentações de Elvis tenha dado ótimos resultados comerciais ao longo dos anos, esse LP confirmou que sem dúvida havia um esgotamento nesse tipo de lançamento. Além do fato de que Elvis pouco mudava seu repertório em seus shows, havia o problema do desgaste e saturação que fazia com que seus discos ao vivo ficassem praticamente iguais, havendo pouca mudança e inovação. Mas o Coronel era insistente e em 1974, com pouco material de estúdio disponível, o empresário de Elvis resolveu fazer uma última tentativa e colocou esse disco no mercado. Para não se repetir tanto o Coronel resolveu cortar vários números do show de Elvis em Memphis, como por exemplo Steamroller Blues, Teddy Bear, Funny How Time Slips Away, Fever e Polk Salad Annie (músicas que fizeram parte do disco ao vivo anterior de Elvis gravado no Madison Square Garden).
O disco foi gravado na apresentação que Elvis fez em Memphis no dia 20 de março de 1974. Apesar de ser realizado em sua cidade do coração, Elvis pouco acrescentou em termos de novidades, ficando praticamente preso ao seu velho repertório de shows. Com a voz demonstrando uma certa fadiga - provavelmente por causa da maratona de apresentações que ele vinha fazendo - Elvis administrou o concerto, alternando canções leves, que não exigiam tanto, com músicas mais puxadas, do ponto de vista vocal. Novamente mostrou-se descontraído, porém sabendo que o disco seria lançado pela RCA depois, procurou evitar falar demais entre as músicas ou então fazer "gracinhas" durante as canções. Procurou ser o mais profissional possível, como aconteceu no Aloha. O disco foi lançado dois meses depois e alcançou a 33º posição entre os mais vendidos da revista Billboard. Com isso o Coronel resolveu dar um tempo no lançamento de mais discos ao vivo e cancelou o projeto de lançar um single extraído da apresentação. Essas são as músicas que fazem parte do disco "Elvis as Recorded Live On Stage in Memphis" (CPL1 0606):
SEE SEE RIDER (Arr. Elvis Presley) - Novo arranjo para a canção "C.C.Rider Blues" dos anos 50. Esta canção seria utilizada em quase todos os seus shows se tornando parte fixa de seu repertório nos anos setenta. Lançada originalmente no disco "On Stage - February 1970" essa música fez parte de praticamente quase todos os discos oficiais gravados ao vivo por Elvis nos anos 70. De fácil execução e memorização, "See See Rider" caiu nas graças de Elvis por ser simples, movimentada e à prova de falhas. Aqui ela abre o disco, pois a RCA Victor não conseguiu autorização para colocar "Also Spratch Zarathustra" nesse disco.
I GOT A WOMAN / AMEM (Ray Charles) - Outra música que entrou em definitivo no repertório do Rei nos anos cinqüenta e setenta, sendo muitas vezes usada de introdução logo após "Also Spratch Zarathustra" de Richard Strauss. Deve-se sua criação a Ray Charles que colocou uma letra pop sobre o ritmo de uma música religiosa chamada "My Jesus is all the world to me". Esta música trouxe problemas para Elvis pois seu título (Eu consegui uma Mulher) foi considerado ofensivo pela rígida sociedade americana da época. Elvis era considerado um incentivador da delinquência juvenil pelos moralistas por sua dança e sua música e é claro que eles não iriam deixar passar esta oportunidade para mais uma vez atacá-lo. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 e é a primeira música gravada por Elvis nos estúdios da RCA Victor. Foi lançado num single junto com "I'm Counting on you" em agosto de 1956. "Amem" é uma canção gospel, mas que Elvis a utiliza aqui mais como um bom treinamento vocal.
LOVE ME (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Sem dúvida uma das mais belas criações daquela que sem dúvida foi a mais importante dupla de compositores do Rei. Leiber e Stoller compuseram as mais importantes músicas da carreira de Elvis como "Jailhouse Rock", "Trouble" e "King Creole" entre outras. Esta foi feita especialmente para Elvis pois Mike e Jerry achavam interessante o apego que Elvis tinha por músicas românticas, então resolveram compor uma canção sob medida para o gosto e a interpretação do cantor. Era uma das preferidas dele tanto que a integrou em seu repertório nos anos setenta estando presente em quase todos os seus discos gravados ao vivo neste período. Também foi lançada num compacto duplo em outubro de 1956 junto com outras músicas do LP "Elvis Presley".
TRYING TO GET TO YOU (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Gravada em 11 de julho de 1955 nos estúdios Sun em Memphis, Tennessee. Aqui Elvis exercita seu poderio vocal numa balada romântica característica do Sul dos Estados Unidos. Esta sem dúvida era uma de suas prediletas pois mesmo sendo ele o Rei do Rock'n'Roll não dispensava uma balada melódica como essa. Pode-se encontrá-la em discos ao vivo gravados durante os anos 70, porém a melhor versão sem dúvida é essa: simples e direta passando o sentimento dominante da época. Mais uma canção do disco "Elvis Presley".
MEDLEY: LONG TALL SALLY / WHOLE LOT TA SHAKIN GOIN ON / MAMA DON'T DANCE / FLIP, FLOP AND FLY / JAILHOUSE ROCK / HOUND DOG - Medley que reúne vários clássicos de Elvis dos anos 50. Entre eles: Long Tall Sally (Enotris johnson) - Sublime Canção de Rock'n'Roll. Esta é outra que marcou toda uma época sendo posteriormente gravada pelos Beatles, Little Richard e John Lennon (em sua carreira solo). Aqui Elvis está em sua melhor forma mandando ver e abrindo as portas de um novo tempo na música pop mundial. Pode-se encontrar versões ao vivo em discos dos anos setenta porém sem nenhuma sombra de dúvida esta é a melhor versão de todas. Esta canção juntamente com "Ready Teddy", são as representantes máximas do Rock de Elvis neste seu segundo disco. Jailhouse Rock (Leiber / Stoller) - Música título do terceiro filme estrelado por Elvis que no Brasil recebeu o nome de "O Prisioneiro do Rock", sendo que sua trilha foi lançada em um Compacto Duplo em outubro de 1957. Foi ainda lançada como single em setembro de 1957 com "Treat Me Nice" no lado B. O Sucesso foi imediato e o single chegou ao primeiro lugar na parada americana. A cena do filme em que Elvis apresenta esta canção é considerado o melhor momento do cantor no cinema. Leiber e Stoller afirmaram posteriormente que sua intenção era "...imitar o som de pedras quebrando" o que de certa forma foi conseguido. Foi gravado em 30 de abril de 1957 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Assim Elvis ignorou a intenção satírica dos autores (Jerry Leiber e Mike Stoller) e interpretou a canção com fúria. Jailhouse Rock foi o primeiro single da história a ir direto para o topo das paradas no Reino Unido.
WHY MY LORD (Kristoferson) - Gospel que dá oportunidade para que J.D. Sumner mostre todo seu poder vocal. Realmente chega a ser impressionante sua capacidade de atingir notas absurdas! Muitos pensam até que se trata de algum efeito sonoro ou algo semelhante, mas não, é só o J.D. provando do que é capaz.
HOW GREAT THOU ART (Stuart K. Hine) - Escrita em 1886 pelo Reverendo Carl Boberg com o nome de "O Stored Gud". Em 1907 o Reverendo Stuart K. Hine escreveu a primeira versão em língua inglesa, esta por sua vez baseada na versão alemã da canção intitulada "Wie Gross Bist Du". A primeira gravação foi de George Beverly Shea em 1955, seguida da versão dos Blackwood Brothers em 1957. Elvis recebeu o prêmio Grammy na categoria "Melhor Performance Inspirativa" por sua interpretação desta música em 1974 no disco "Elvis As Recorded Live On Stage in Memphis" (1974). Sem dúvida um marco na carreira de Presley.
MEDLEY: BLUEBERRY HILL / I CAN'T STOP LOVING YOU - A primeira música do medley, Blueberry Hill, foi composta pelo trio Rose, Lewis e Stock e abriu o antigo Lado B do LP da trilha sonora do filme "Loving You" de 1957, em sua versão norte Americana. Uma das mais deliciosas canções dos anos 50. Se tornou bastante popular graças ao cantor e compositor de New Orleans, Fats Domino. Elvis por sua vez, não deixa por menos e protagoniza uma versão de alto nível. O mais puro som dos anos 50 está aqui!. Já "I Can't Stop Loving You" é uma nova versão para uma conhecida canção da terra do tio Sam. Sem sombra de dúvida, esta é uma das preferidas de Presley, estando presente em muitos dos discos ao vivo lançado por Pelvis durante os anos 70. O tempo de "I Can't Stop Loving You" foi acelerado para dar um maior ritmo na versão ao vivo. Elvis Presley a gravou em estúdio, mas esta gravação nunca foi lançada durante sua carreira.
HELP ME (Larry Gatlin) - Esta canção surgiu pela primeira vez na discografia de Elvis nesse disco. Porém ele já a havia gravado em estúdio, sendo que essa versão só seria lançada em 1975 no disco "Promised Land". É uma bela melodia com toques gospel, o que deve ter fascinado o cantor, que era um grande admirador deste estilo de música.
AN AMERICAN TRILOGY (Adaptado por Mickey Newbury) - O Hino pessoal definitivo de Elvis Presley. Esta música retratava de forma magistral todos os valores significativos da vida do cantor. Esta canção na verdade é a reunião de três tradicionais músicas: "Dixie", "The Battle Hymm of Republic" e "All My Trials". O conteúdo de suas letras louvam o sentimento confederado do Sul dos EEUU durante a guerra civil e o aspecto religioso de sua cultura. Foi lançada em single com "The First Time Ever I Saw Your Face" no lado B. Um dos maiores momentos da carreira de Elvis.
LET BE ME THERE (Rostill) - Originalmente lançada em 1973 pelo selo MCA por Olivia-Newton John. A versão deste LP é a mesma versão que foi lançada no disco "Moody Blue" e que foi gravada no show que Elvis fez em Memphis em 1974, depois de um longo período em que ele esteve afastado dos palcos de sua cidade do coração. Este show foi especial para Elvis pois sua versão apresentada no espetáculo da música gospel "How Great Thou Art" ganhou o Grammy, o Oscar da música norte americana.
MY BABY LEFT ME (Arthur Grudup) - Outra de Arthur "Big Boy" Grudup interpretada por Elvis. Ela foi lançada originalmente pelo próprio autor em 1946. A Versão de Elvis Presley foi gravada no dia 30 de janeiro de 1956 em Nova Iorque nas mesmas sessões de gravação que deram origem ao LP "Elvis Presley". Foi lançada como lado B do single "I Want You, I Need You, I Love You" em maio de 1956. Este é um Rock'n'Roll de primeira qualidade trazendo todas as características que fizeram deste gênero o mais popular do século.
LAWDY, MISS CLAWDY (Price) - Outro grande momento da carreira de Elvis que foi gravado no dia 3 de fevereiro de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Foi lançada como lado B de um single com "Shake, Rattle and Roll" em Agosto de 56. Era uma das preferidas do Rei do Rock. Muito provavelmente foi incluída na apresentação como uma homenagem aos seus anos na Sun Records.
CAN'T HELP FALLING IN LOVE (Peretti / Creatore / Weiss) -- Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso. Parte da trilha sonora do filme Blue Hawaii. O álbum ficou durante incríveis 20 semanas no nº 1 e vendeu mais de 2 milhões de exemplares.
Elvis Presley - Elvis as Recorded Live On Stage in Memphis (1974): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / Duke Bardwell (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / Charlie Hodge (violão e voz) / Glen Hardin (piano) / The Sweet Inspirations (vocais) / Kathy Westmoreland (vocais) / John Wilkinson (guitarra) / J.D. Sumner and The Stamps (vocais) / Voice (vocais) / Joe Guercio e sua Orquestra / Gravado no Mid South Coliseum, Memphis / Data de gravação: 20 de março de 1974 / Data de Lançamento: julho de 1974 / Melhor posição nas charts: #33 (EUA) e #44 (UK).
Pablo Aluísio.
O disco foi gravado na apresentação que Elvis fez em Memphis no dia 20 de março de 1974. Apesar de ser realizado em sua cidade do coração, Elvis pouco acrescentou em termos de novidades, ficando praticamente preso ao seu velho repertório de shows. Com a voz demonstrando uma certa fadiga - provavelmente por causa da maratona de apresentações que ele vinha fazendo - Elvis administrou o concerto, alternando canções leves, que não exigiam tanto, com músicas mais puxadas, do ponto de vista vocal. Novamente mostrou-se descontraído, porém sabendo que o disco seria lançado pela RCA depois, procurou evitar falar demais entre as músicas ou então fazer "gracinhas" durante as canções. Procurou ser o mais profissional possível, como aconteceu no Aloha. O disco foi lançado dois meses depois e alcançou a 33º posição entre os mais vendidos da revista Billboard. Com isso o Coronel resolveu dar um tempo no lançamento de mais discos ao vivo e cancelou o projeto de lançar um single extraído da apresentação. Essas são as músicas que fazem parte do disco "Elvis as Recorded Live On Stage in Memphis" (CPL1 0606):
SEE SEE RIDER (Arr. Elvis Presley) - Novo arranjo para a canção "C.C.Rider Blues" dos anos 50. Esta canção seria utilizada em quase todos os seus shows se tornando parte fixa de seu repertório nos anos setenta. Lançada originalmente no disco "On Stage - February 1970" essa música fez parte de praticamente quase todos os discos oficiais gravados ao vivo por Elvis nos anos 70. De fácil execução e memorização, "See See Rider" caiu nas graças de Elvis por ser simples, movimentada e à prova de falhas. Aqui ela abre o disco, pois a RCA Victor não conseguiu autorização para colocar "Also Spratch Zarathustra" nesse disco.
I GOT A WOMAN / AMEM (Ray Charles) - Outra música que entrou em definitivo no repertório do Rei nos anos cinqüenta e setenta, sendo muitas vezes usada de introdução logo após "Also Spratch Zarathustra" de Richard Strauss. Deve-se sua criação a Ray Charles que colocou uma letra pop sobre o ritmo de uma música religiosa chamada "My Jesus is all the world to me". Esta música trouxe problemas para Elvis pois seu título (Eu consegui uma Mulher) foi considerado ofensivo pela rígida sociedade americana da época. Elvis era considerado um incentivador da delinquência juvenil pelos moralistas por sua dança e sua música e é claro que eles não iriam deixar passar esta oportunidade para mais uma vez atacá-lo. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 e é a primeira música gravada por Elvis nos estúdios da RCA Victor. Foi lançado num single junto com "I'm Counting on you" em agosto de 1956. "Amem" é uma canção gospel, mas que Elvis a utiliza aqui mais como um bom treinamento vocal.
LOVE ME (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Sem dúvida uma das mais belas criações daquela que sem dúvida foi a mais importante dupla de compositores do Rei. Leiber e Stoller compuseram as mais importantes músicas da carreira de Elvis como "Jailhouse Rock", "Trouble" e "King Creole" entre outras. Esta foi feita especialmente para Elvis pois Mike e Jerry achavam interessante o apego que Elvis tinha por músicas românticas, então resolveram compor uma canção sob medida para o gosto e a interpretação do cantor. Era uma das preferidas dele tanto que a integrou em seu repertório nos anos setenta estando presente em quase todos os seus discos gravados ao vivo neste período. Também foi lançada num compacto duplo em outubro de 1956 junto com outras músicas do LP "Elvis Presley".
TRYING TO GET TO YOU (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Gravada em 11 de julho de 1955 nos estúdios Sun em Memphis, Tennessee. Aqui Elvis exercita seu poderio vocal numa balada romântica característica do Sul dos Estados Unidos. Esta sem dúvida era uma de suas prediletas pois mesmo sendo ele o Rei do Rock'n'Roll não dispensava uma balada melódica como essa. Pode-se encontrá-la em discos ao vivo gravados durante os anos 70, porém a melhor versão sem dúvida é essa: simples e direta passando o sentimento dominante da época. Mais uma canção do disco "Elvis Presley".
MEDLEY: LONG TALL SALLY / WHOLE LOT TA SHAKIN GOIN ON / MAMA DON'T DANCE / FLIP, FLOP AND FLY / JAILHOUSE ROCK / HOUND DOG - Medley que reúne vários clássicos de Elvis dos anos 50. Entre eles: Long Tall Sally (Enotris johnson) - Sublime Canção de Rock'n'Roll. Esta é outra que marcou toda uma época sendo posteriormente gravada pelos Beatles, Little Richard e John Lennon (em sua carreira solo). Aqui Elvis está em sua melhor forma mandando ver e abrindo as portas de um novo tempo na música pop mundial. Pode-se encontrar versões ao vivo em discos dos anos setenta porém sem nenhuma sombra de dúvida esta é a melhor versão de todas. Esta canção juntamente com "Ready Teddy", são as representantes máximas do Rock de Elvis neste seu segundo disco. Jailhouse Rock (Leiber / Stoller) - Música título do terceiro filme estrelado por Elvis que no Brasil recebeu o nome de "O Prisioneiro do Rock", sendo que sua trilha foi lançada em um Compacto Duplo em outubro de 1957. Foi ainda lançada como single em setembro de 1957 com "Treat Me Nice" no lado B. O Sucesso foi imediato e o single chegou ao primeiro lugar na parada americana. A cena do filme em que Elvis apresenta esta canção é considerado o melhor momento do cantor no cinema. Leiber e Stoller afirmaram posteriormente que sua intenção era "...imitar o som de pedras quebrando" o que de certa forma foi conseguido. Foi gravado em 30 de abril de 1957 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Assim Elvis ignorou a intenção satírica dos autores (Jerry Leiber e Mike Stoller) e interpretou a canção com fúria. Jailhouse Rock foi o primeiro single da história a ir direto para o topo das paradas no Reino Unido.
WHY MY LORD (Kristoferson) - Gospel que dá oportunidade para que J.D. Sumner mostre todo seu poder vocal. Realmente chega a ser impressionante sua capacidade de atingir notas absurdas! Muitos pensam até que se trata de algum efeito sonoro ou algo semelhante, mas não, é só o J.D. provando do que é capaz.
HOW GREAT THOU ART (Stuart K. Hine) - Escrita em 1886 pelo Reverendo Carl Boberg com o nome de "O Stored Gud". Em 1907 o Reverendo Stuart K. Hine escreveu a primeira versão em língua inglesa, esta por sua vez baseada na versão alemã da canção intitulada "Wie Gross Bist Du". A primeira gravação foi de George Beverly Shea em 1955, seguida da versão dos Blackwood Brothers em 1957. Elvis recebeu o prêmio Grammy na categoria "Melhor Performance Inspirativa" por sua interpretação desta música em 1974 no disco "Elvis As Recorded Live On Stage in Memphis" (1974). Sem dúvida um marco na carreira de Presley.
MEDLEY: BLUEBERRY HILL / I CAN'T STOP LOVING YOU - A primeira música do medley, Blueberry Hill, foi composta pelo trio Rose, Lewis e Stock e abriu o antigo Lado B do LP da trilha sonora do filme "Loving You" de 1957, em sua versão norte Americana. Uma das mais deliciosas canções dos anos 50. Se tornou bastante popular graças ao cantor e compositor de New Orleans, Fats Domino. Elvis por sua vez, não deixa por menos e protagoniza uma versão de alto nível. O mais puro som dos anos 50 está aqui!. Já "I Can't Stop Loving You" é uma nova versão para uma conhecida canção da terra do tio Sam. Sem sombra de dúvida, esta é uma das preferidas de Presley, estando presente em muitos dos discos ao vivo lançado por Pelvis durante os anos 70. O tempo de "I Can't Stop Loving You" foi acelerado para dar um maior ritmo na versão ao vivo. Elvis Presley a gravou em estúdio, mas esta gravação nunca foi lançada durante sua carreira.
HELP ME (Larry Gatlin) - Esta canção surgiu pela primeira vez na discografia de Elvis nesse disco. Porém ele já a havia gravado em estúdio, sendo que essa versão só seria lançada em 1975 no disco "Promised Land". É uma bela melodia com toques gospel, o que deve ter fascinado o cantor, que era um grande admirador deste estilo de música.
AN AMERICAN TRILOGY (Adaptado por Mickey Newbury) - O Hino pessoal definitivo de Elvis Presley. Esta música retratava de forma magistral todos os valores significativos da vida do cantor. Esta canção na verdade é a reunião de três tradicionais músicas: "Dixie", "The Battle Hymm of Republic" e "All My Trials". O conteúdo de suas letras louvam o sentimento confederado do Sul dos EEUU durante a guerra civil e o aspecto religioso de sua cultura. Foi lançada em single com "The First Time Ever I Saw Your Face" no lado B. Um dos maiores momentos da carreira de Elvis.
LET BE ME THERE (Rostill) - Originalmente lançada em 1973 pelo selo MCA por Olivia-Newton John. A versão deste LP é a mesma versão que foi lançada no disco "Moody Blue" e que foi gravada no show que Elvis fez em Memphis em 1974, depois de um longo período em que ele esteve afastado dos palcos de sua cidade do coração. Este show foi especial para Elvis pois sua versão apresentada no espetáculo da música gospel "How Great Thou Art" ganhou o Grammy, o Oscar da música norte americana.
MY BABY LEFT ME (Arthur Grudup) - Outra de Arthur "Big Boy" Grudup interpretada por Elvis. Ela foi lançada originalmente pelo próprio autor em 1946. A Versão de Elvis Presley foi gravada no dia 30 de janeiro de 1956 em Nova Iorque nas mesmas sessões de gravação que deram origem ao LP "Elvis Presley". Foi lançada como lado B do single "I Want You, I Need You, I Love You" em maio de 1956. Este é um Rock'n'Roll de primeira qualidade trazendo todas as características que fizeram deste gênero o mais popular do século.
LAWDY, MISS CLAWDY (Price) - Outro grande momento da carreira de Elvis que foi gravado no dia 3 de fevereiro de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Foi lançada como lado B de um single com "Shake, Rattle and Roll" em Agosto de 56. Era uma das preferidas do Rei do Rock. Muito provavelmente foi incluída na apresentação como uma homenagem aos seus anos na Sun Records.
CAN'T HELP FALLING IN LOVE (Peretti / Creatore / Weiss) -- Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso. Parte da trilha sonora do filme Blue Hawaii. O álbum ficou durante incríveis 20 semanas no nº 1 e vendeu mais de 2 milhões de exemplares.
Elvis Presley - Elvis as Recorded Live On Stage in Memphis (1974): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / Duke Bardwell (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / Charlie Hodge (violão e voz) / Glen Hardin (piano) / The Sweet Inspirations (vocais) / Kathy Westmoreland (vocais) / John Wilkinson (guitarra) / J.D. Sumner and The Stamps (vocais) / Voice (vocais) / Joe Guercio e sua Orquestra / Gravado no Mid South Coliseum, Memphis / Data de gravação: 20 de março de 1974 / Data de Lançamento: julho de 1974 / Melhor posição nas charts: #33 (EUA) e #44 (UK).
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - If You Talk In Your Sleep
Uma noite cheguei em casa, cansado depois de mais um árduo dia de trabalho e após me deitar em minha reconfortante poltrona do papai, peguei o primeiro cd de Elvis que minha mão alcançou e o coloquei para tocar. Eu nem escolhi, apenas peguei um título qualquer, de forma aleatória. Estava lá, tranquilo, pensando na vida, copo de whisky na mão, quando meu filho mais velho veio para me fazer companhia. Ele olhou para mim e perguntou em sua infinita sabedoria juvenil: "Pai, por que o senhor só toca o mesmo CD de Elvis se tem tantos?" A pergunta me desarmou completamente. Naquele momento eu estava ouvindo um cd ao vivo dos anos 70 que há muito não ouvia. Eu certamente não repito sempre o mesmo disco como supôs meu filho e lhe disse: "Mas meu filho eu não ouço sempre o mesmo disco de Elvis!!" Aí ele me olhou com aqueles grandes olhos azuis e disparou: "Ahh papai, então Elvis só cantava as mesmas músicas!" Olhei para ele e pensei comigo mesmo: "É isso mesmo, bingo!" Nada como a sabedoria do senso comum não é mesmo? Logo cheguei a uma conclusão. Não que eu furasse meus cds os tocando infinitamente, eles é que são praticamente todos iguais entre si! É como aquela história que envolveu Albert Einstein. Um dia sua secretária lhe perguntou porque ele só usava a mesma camisa. Einstein olhou para ela e respondeu: "Não minha querida, eu não uso apenas uma camisa, apenas tenho 50 camisas iguais". Pois é meu filho, eu não ouço apenas o mesmo CD, seu pai é que tem um monte de CDs iguais de Elvis Presley. E a culpa não é minha, é dele, do tal de Elvis!
Se você um dia optou por ter uma coleção de bootlegs do cantor Elvis Presley tem que estar ciente que vai ouvir a mesma música em umas quinhentas versões diferentes no mínimo. Você tem tolerância para algo assim? Você se cansa de uma canção depois de ouvi-la, por exemplo, umas 900 vezes? Não, bem então você tem aptidão para colecionar bootlegs ao vivo de Elvis dos anos 70, caso contrário procure logo outro hobbie. É isso mesmo, ser colecionador de cds desse cantor durante os 70's é literalmente afundar em milhares de "CC Riders", "I Got a womans" e como se isso não bastasse ainda vai ter que aturar milhares de versões vergonhosas de rocks que mudaram o mundo nos anos 50 mas que eram tratados por Elvis com desdém e escárnio no fim de sua vida. Então topa embarcar nessa barca furada? Bem, a primeira dica é realmente comprar logo um belo equipamento de fones de ouvido para curtir sua obsessão sozinho a não ser que você queira que sua esposa ou marido lhe mate em poucas semanas, pedindo o divórcio urgentemente ou então queira sadicamente mesmo ser processado pelo vizinho por tortura mental.
Todos os colecionadores de bootlegs sabem que um dos pecados de Elvis nos anos 70 foi o uso e abuso (pensou de remédios? não, não é isso...) do mesmo repertório, show após show... as mesmas canções repetidas e o pior: muitas vezes até mesmo as mesmas piadas!!! Não resta dúvida que na maior parte do tempo Elvis realmente colocava seu talento e sua banda em controle remoto e ia para o palco cumprir tabela, sem muito esforço e empenho! Esse fato já era notório até mesmo para os fãs que seguiam o cantor quando ele ainda estava vivo e cruzando os EUA de costa a costa. Logicamente estou me referindo ao público mais fiel, aos colecionadores da época mesmo, aqueles que adquiriam todos os concertos nas famigeradas fitas cassete, naquela que pode ser considerada a época jurássica dos Bootlegs! Pois bem... pois saiba que esse pessoal já reclamava dos concertos repetitivos à exaustão apresentados por Elvis durante os 70's.
Muito provavelmente se você adquirisse de dez a vinte cassetes de concertos inéditos naquele tempo das cavernas iria notar pouquíssima mudança entre eles... a mesma e velha ladainha de sempre, o mesmo velho esquema de repetição nauseante: See, See Rider, I Got a Woman, Love Me... e fechando Can't Help Falling in Love. Um amigo de longa data, velho colecionador e fã daqueles tempos pioneiros, relembra que no comércio informal de shows piratas de Elvis o que determinava a valorização ou desvalorização de algum tape era justamente a inclusão ou não de canções novas, que fugissem da rotina. Um concerto banal, repetido, não alcançava boa repercussão. O legal era um show diferente, seja na seleção das canções, seja em algo que acontecesse de diferente com o cantor durante as temporadas ou turnês. Nessa segunda categoria estão certamente o famoso quebra pau entre Elvis e seus fãs "cucarachas" e o tão falado College (estou, é óbvio, me referindo ao verdadeiro concerto e não ao falso que enganou tanta gente por aí... mas essa é outra história).
Pois já nos anos 70 um dos mais famosos e conhecidos da primeira categoria (a dos shows com repertório diferenciado) era justamente a apresentação que aqui foi lançada pelo selo Fort Baxter com o nome de If You Talk In Your Sleep. Ele era uma cerejinha do bolo, uma estrela solitária quando se tornou popular por aqueles tempos. Também não era para menos. Se o fã deseja fugir da repetição constante, se ele não aguenta mais ouvir a milésima versão de See See Rider ou dar mais um sorrisinho amarelo com as piadinhas (também repetidas) durante a execução de I got a Woman, eu recomendo esse Bootleg, um dos mais incomuns da carreira de Elvis Presley.
Ele traz o show realizado pelo cantor no dia 19 de agosto de 1974 em Las Vegas, essa que foi a apresentação inaugural da temporada do cantor nessa cidade durante aquele ano. Pela primeira vez, em bastante tempo, Elvis procurava sair de seu comodismo lendário e apresentar um concerto com algo de novo, com alguma novidade. Não foi uma mudança radical, mas foi uma mudança afinal. Parecia que até mesmo Elvis não aguentava mais se ouvir cantando aquele repertório (que inclusive já tinha até mesmo enchido o saco dos caras da banda do cantor, como muitos mesmo disseram em entrevistas após a morte do cantor).
Assim foram banidas as costumeiras, irritantes e maçantes versões "meia boca" de See See Rider, I Got a Woman e Love Me (tristemente massacrada em muitas apresentações esquecíveis do Rei do Rock durante os 70's)... Só isso já serviria para levantar a orelha dos fãs mais ligados em mudanças. Mas não foi só. Para falar a verdade a mudança foi tão surpreendente que Elvis até mesmo cortou da apresentação a introdução de 2001 - para alguns uma apoteose, para outros de uma breguice intolerável. Enfim, parecia que a partir dessa apresentação Elvis iria mesmo chutar o balde e mudar tudo, mesmo depois de continuar na mesma durante cinco longos anos.
Alguns até mesmo diriam o velho ditado: "antes tarde do que nunca"... Bem, como afirmei antes parecia que uma nova era estava vindo por aí... pelo menos parecia. Eu já conhecia essa apresentação desde 1984, quando morava na Europa. Na época o que tínhamos eram cópias de fitas K7 pra lá de precárias. Mas já dava para perceber que, dentro de suas limitações, a qualidade de som era boa e, bem ao contrário dos toscos "audiences" daqueles tempos, o áudio tinha sido captado diretamente da mesa de som. Era uma qualidade desequilibrada sim, com instrumentos abafando outros instrumentos, defeitos de sonoridade e balanceamento, mas pelo menos tinha uma leve "qualidade sonora" (e isso para quem era fã hardcore de Elvis nos anos 80 fazia toda a diferença do mundo, acreditem!).
Esse tape já era relativamente conhecido entre os norte-americanos mas para os ingleses ainda era uma novidade lá pelos idos de 1980, 1981. O que mais atraiu os fãs europeus naqueles distantes anos 80 foi justamente o singular repertório do cantor nessa noite em Vegas. Para falar a verdade muitos ficaram mesmo pasmos com a mudança de Elvis. Canções que de certa forma foram negligenciadas impiedosamente em seus lançamentos pela RCA ganhavam o merecido reconhecimento por parte de Elvis e banda. Uma maravilha logo exclamaram os mais exaltados! Porém, mesma na época eu procurei manter minha fleuma tipicamente britânica. Eu sempre fui bem discreto nesse aspecto até porque de fãs descabelados eu quero mesmo uma enorme distância. Realmente o CD trazia algumas novidades mas não era assim a oitava maravilha do mundo, calminha aí friends. Isso me lembra mesmo a velha máxima: "Em terra de cego, caolho é rei".
A primeira vez que o ouvi foi durante uma reunião de um fã club inglês em Manchester. Sempre achei fãs clubes e suas "ideologias" de uma besteira sem tamanho, mas naquela época essa era a única forma de se entrosar e conhecer pessoalmente os grandes colecionadores, os senhores que ocupavam o ápice da pirâmide alimentar, os que eram reconhecidamente os verdadeiros tops de linha! Internet?! Isso não existia meu caro Watson! Ou você estava dentro do círculo dos grandes colecionadores ou fora, e isso significava um bocado de trato social para ser bem recebido pelos mestres ou então ser completamente ignorado por eles (e em razão disso ficar por fora das novidades carimbadas também!). Eu fiz minha parte e participei de muito chá beneficiente com a única finalidade de criar laços de amizade e mais do que tudo, aprender com todas essas feras que tanto admirava.
Mas voltemos ao tape de 1974. Depois do impacto inicial ele novamente sumiu do mapa, circulando apenas entre os fãs mais militantes. Foi somente muitos anos depois desse contato inicial que ele finalmente foi lançado em CD pelo selo Fort Baxter. Era a última etapa de toda a estrada que um tape raro deve trilhar antes de perder o título de "raridade". É sempre assim, o tape é descoberto ou produzido por alguém, circula entre o alto clero dos colecionadores e depois de um tempo ele é finalmente negociado para cair nas mãos do povão! Esse é, enfim, todo o círculo natural desse tipo de gravação. E pensar que tem muito fã por ai que pensa estar descobrindo o santo graal quando compra um cd desses selos piratas! Santa inocência Batman...
Vamos nos concentrar nas três canções que realmente trazem algo de novo nesse cd. São elas: Down In The Alley, Good Time Charlie Got The Blues e em menor escala If You Talk in Your Sleep.
Down In The Alley é uma regravação de uma música do grupo negro The Clovers. Essa é uma velha banda de Blues que teve uma infinidade de formações nos anos que viriam após sua fundação e que respeitando suas influências de blues sempre bebeu direto da fonte dos grandes mestres desse gênero musical. Esse tipo de Know How foi importante para Elvis porque quando ela a gravou inicialmente em 1966 esse blues representava antes de tudo em um sopro de vida no meio da pantanosa produção de Elvis da época, com todas aquelas canções horríveis falando de mariscos e ostras, uma porcariada incrível. Para nosso desespero Tom Parker não era Brian Epstein e a destruiu dentro da discografia de Elvis a lançando no estúpido LP Spinout. Valha-me Deus! De qualquer forma verdade seja dita: Elvis sabia muito bem o que prestava e o que era lixo cultural. Parece que ele realmente gostava dela e se redimiu da bobagem patrocinada por Parker nessa noite pois a trouxe de volta nesse show de 1974. E a versão ficou realmente boa? Sim, surpreendentemente é uma boa versão. Talvez seu pequeno pecado seja novamente em relação aos metais, quase virando o caldo mas que felizmente se segura. A música em si tem a pegada certa, o espírito correto e seu senso rítmico, típico dos melhores blues, se destaca muito bem. Certamente ela deveria ter sido firmada no repertório de Elvis. Porém como bem sabemos, quando a esmola é muita o cego desconfia e Down In The Alley iria sumir definitivamente depois dessa apresentação. Que pena, só podemos lamentar mesmo.
Depois dela aparece outro blues (primoroso, diga-se de passagem) e também pouquíssimo utilizado por Elvis Presley nos palcos, "pouquíssimo" entenda-se uma única vez! "Good Time Charlie Got The Blues" é a canção a que me refiro. Antes de escrever mais sobre ela quero chamar atenção para um fato que sequer consigo entender. Pasmem. Com disco novo no mercado, "Good Times", que vinha derrapando nas paradas mais do que avião em aeroporto brasileiro, Elvis mal se animava para trazer para os shows as canções desse LP, que se não era uma maravilha pelo menos era muito mais interessante do que seus discos do ano anterior, "Raised On Rock" e "Elvis", ambos de 1973 e ambos facilmente esquecíveis. Como tornar um álbum de sucesso se nem ao menos se tem disposição de se trabalhar pelo menos de duas a três músicas do novo disco? De todas as músicas apenas "My Boy" teve uma repercussão maior por parte de Elvis, sendo até que bem utilizada em 1973 para depois ser negligenciada em 74 e só voltando novamente aos repertórios em 1975. Fora ela o resto das canções desse disco naufragado foram a pique junto com o restante do álbum, caindo em um desmerecido esquecimento por parte do público e do próprio Elvis. Embora algumas delas, como Spanish Eyes, fossem utilizadas esporadicamente elas jamais entraram de forma habitual em seus concertos. "Good Times" certamente merecia um destino melhor.
Mas vamos voltar ao blues em questão. Essa música, "Good Time Charlie Got The Blues", que tem uma letra simples e pra variar bem melancólica e nostálgica, tratando sobre tristeza, despedidas e solidão, ganhou uma belíssima versão de estúdio na voz de Elvis. É um daqueles momentos de Elvis em que se deve saborear cada nuance de seu vocal, de forma calma, complementada, introspectiva. E aqui está também seu grande problema. Veja, esse tipo de arranjo nunca daria certo para uma plateia como as que existiam em Las Vegas ou nos shows de Elvis pelos EUA. Essa canção exige introspecção, sensatez e sensibilidade. Ela é feita para se mexer internamente com quem a ouve, definitivamente ela não foi composta para se rebolar na frente da caipirada red neck dos States! Las Vegas? Não havia lugar pior no mundo para cantá-la. Me perdoe os gringos mas poucas pessoas são mais estúpidas do que o americano médio! E Las Vegas estava cheio deles! Será que riqueza interior e introspecção seria encontrado naquela plateia formada por americanos calvos de meia idade, cheios de valores comprados no mercado barato da esquina, novos ricos esbanjando dinheiro nos cassinos com suas esposas e seus cabelos escorrendo laquê, maquilagens que fariam corar Alice Cooper e com os botões de seus vestidos bregas explodindo de tão gordas?! Claro que não, muito longe disso. Se a versão ao vivo fracassou foi simplesmente porque era o momento errado para um público que nada tinha a ver com seu sentimento e que estava mais preocupada em encher a pança jantando lá na frente de Elvis. Quer situação mais sem graça que essa? Elvis deve ter se tocado e nunca mais a cantou ao vivo. Um perda, só podemos lamentar mais uma vez.
A terceira canção que merece ser destacada aqui é "If Your Talk in Your Sleep" do disco "Promised Land". Esse disco é na minha opinião bem irregular em termos de qualidade. Particularmente não gosto muito dessa canção mas nem por isso tiro seus méritos. Essa pelo menos ainda teve uma sobrevida um pouco melhor nos palcos, sendo utilizada em praticamente toda essa temporada em Las Vegas, sendo descartada pra sempre depois. Aqui como sempre temos uma versão quase no ponto, quase do mesmo nível do estúdio. Não que Elvis estivesse no ponto ótimo nessa apresentação em particular, mas sim que a versão do estúdio nunca me deixou plenamente satisfeito. Acho ela, pra ser bem sincero, mal gravada, com Elvis levemente disperso e preguiçoso. Como a melodia vai por esse lado tudo vira uma tremenda sopa de repetição e tédio. Seguramente não vai figurar entre os melhores momentos de Elvis, nem nos palcos e nem muito menos nos estúdios. Mas vale o registro por ter sido rara nos palcos, menos rara é verdade, mas se a compararmos com as mais manjadas até que fica em posição confortável.
O resto do disco não traz grandes mudanças. Poucas novidades? Certamente. Porém se formos levar em conta o que acontecia com Elvis nessa época está mais do que bom. Para não dizer que não falei das flores vou destacar apenas algumas canções, que se não são novidades absolutas e nem tampouco relevantes no quesito "raridade" devem pelo menos ser citadas, principalmente por serem boas versões ou por acabarem, de uma forma ou outra, nos chamando a atenção. Entre elas devo confessar que "Promised Land" está bem menos apática do que de costume, "Polk Salad Annie" mantém um certo interesse, "Love Me Tender" está um pouco acima de sua mediocridade habitual e "I'm Leavin" junto a "Bridge Over Troubled Water" salvam a lista das canções "manjadas" do repertório.
Depois desse "susto" em que Elvis tentou mudar alguma coisa nos palcos tudo voltou a ser como antes, para nossa tristeza. Elvis não mais tentou fazer mudanças significativas no repertório, seu show continuou pobre no aspecto cênico e sem nenhuma qualidade tecnológica por trás, tudo muito simples e nada digno de um artista tão importante quanto ele. Tudo seria como sempre foi, as mesmas músicas, os mesmos arranjos, as mesmas luzes, os mesmos equipamentos técnicos básicos, enfim, tudo de acordo com a mente "circense - caça níqueis" do "genial" Coronel Tom Parker. E assim foi até 1977. Até sua última turnê Elvis levou sua vida na estrada da mesma forma que começou lá em 1969, desde sua estreia de volta aos palcos. Além disso Elvis continuou preso ao famigerado circuito de shows em cassinos hotéis, se apresentando para os mesmos públicos quadrados e contando as mesmas piadas. Seu talento, que considero único no mundo, novamente foi jogado pelo ralo musical do século que passou.
Se tudo "dançou" no atacado, pelo menos temos alguns poucos momentos no varejo que ainda valem algo realmente. Como essas pequenas preciosidades ao vivo que aqui tratei. Talvez as únicas canções que não fariam meu filho ter a sensação de já ter ouvido esse cd muitas e muitas vezes antes. Certamente as tocarei mais de agora em diante, quem sabe meu filho um dia venha até mim e fale: "Poxa pai, ainda bem que o senhor comprou outro disco ao vivo de Elvis, aquele eu não agüentava mais ouvir!" Sábias palavras meu filho... sábias palavras...
Erick Steve e Pablo Aluísio.
Se você um dia optou por ter uma coleção de bootlegs do cantor Elvis Presley tem que estar ciente que vai ouvir a mesma música em umas quinhentas versões diferentes no mínimo. Você tem tolerância para algo assim? Você se cansa de uma canção depois de ouvi-la, por exemplo, umas 900 vezes? Não, bem então você tem aptidão para colecionar bootlegs ao vivo de Elvis dos anos 70, caso contrário procure logo outro hobbie. É isso mesmo, ser colecionador de cds desse cantor durante os 70's é literalmente afundar em milhares de "CC Riders", "I Got a womans" e como se isso não bastasse ainda vai ter que aturar milhares de versões vergonhosas de rocks que mudaram o mundo nos anos 50 mas que eram tratados por Elvis com desdém e escárnio no fim de sua vida. Então topa embarcar nessa barca furada? Bem, a primeira dica é realmente comprar logo um belo equipamento de fones de ouvido para curtir sua obsessão sozinho a não ser que você queira que sua esposa ou marido lhe mate em poucas semanas, pedindo o divórcio urgentemente ou então queira sadicamente mesmo ser processado pelo vizinho por tortura mental.
Todos os colecionadores de bootlegs sabem que um dos pecados de Elvis nos anos 70 foi o uso e abuso (pensou de remédios? não, não é isso...) do mesmo repertório, show após show... as mesmas canções repetidas e o pior: muitas vezes até mesmo as mesmas piadas!!! Não resta dúvida que na maior parte do tempo Elvis realmente colocava seu talento e sua banda em controle remoto e ia para o palco cumprir tabela, sem muito esforço e empenho! Esse fato já era notório até mesmo para os fãs que seguiam o cantor quando ele ainda estava vivo e cruzando os EUA de costa a costa. Logicamente estou me referindo ao público mais fiel, aos colecionadores da época mesmo, aqueles que adquiriam todos os concertos nas famigeradas fitas cassete, naquela que pode ser considerada a época jurássica dos Bootlegs! Pois bem... pois saiba que esse pessoal já reclamava dos concertos repetitivos à exaustão apresentados por Elvis durante os 70's.
Muito provavelmente se você adquirisse de dez a vinte cassetes de concertos inéditos naquele tempo das cavernas iria notar pouquíssima mudança entre eles... a mesma e velha ladainha de sempre, o mesmo velho esquema de repetição nauseante: See, See Rider, I Got a Woman, Love Me... e fechando Can't Help Falling in Love. Um amigo de longa data, velho colecionador e fã daqueles tempos pioneiros, relembra que no comércio informal de shows piratas de Elvis o que determinava a valorização ou desvalorização de algum tape era justamente a inclusão ou não de canções novas, que fugissem da rotina. Um concerto banal, repetido, não alcançava boa repercussão. O legal era um show diferente, seja na seleção das canções, seja em algo que acontecesse de diferente com o cantor durante as temporadas ou turnês. Nessa segunda categoria estão certamente o famoso quebra pau entre Elvis e seus fãs "cucarachas" e o tão falado College (estou, é óbvio, me referindo ao verdadeiro concerto e não ao falso que enganou tanta gente por aí... mas essa é outra história).
Pois já nos anos 70 um dos mais famosos e conhecidos da primeira categoria (a dos shows com repertório diferenciado) era justamente a apresentação que aqui foi lançada pelo selo Fort Baxter com o nome de If You Talk In Your Sleep. Ele era uma cerejinha do bolo, uma estrela solitária quando se tornou popular por aqueles tempos. Também não era para menos. Se o fã deseja fugir da repetição constante, se ele não aguenta mais ouvir a milésima versão de See See Rider ou dar mais um sorrisinho amarelo com as piadinhas (também repetidas) durante a execução de I got a Woman, eu recomendo esse Bootleg, um dos mais incomuns da carreira de Elvis Presley.
Ele traz o show realizado pelo cantor no dia 19 de agosto de 1974 em Las Vegas, essa que foi a apresentação inaugural da temporada do cantor nessa cidade durante aquele ano. Pela primeira vez, em bastante tempo, Elvis procurava sair de seu comodismo lendário e apresentar um concerto com algo de novo, com alguma novidade. Não foi uma mudança radical, mas foi uma mudança afinal. Parecia que até mesmo Elvis não aguentava mais se ouvir cantando aquele repertório (que inclusive já tinha até mesmo enchido o saco dos caras da banda do cantor, como muitos mesmo disseram em entrevistas após a morte do cantor).
Assim foram banidas as costumeiras, irritantes e maçantes versões "meia boca" de See See Rider, I Got a Woman e Love Me (tristemente massacrada em muitas apresentações esquecíveis do Rei do Rock durante os 70's)... Só isso já serviria para levantar a orelha dos fãs mais ligados em mudanças. Mas não foi só. Para falar a verdade a mudança foi tão surpreendente que Elvis até mesmo cortou da apresentação a introdução de 2001 - para alguns uma apoteose, para outros de uma breguice intolerável. Enfim, parecia que a partir dessa apresentação Elvis iria mesmo chutar o balde e mudar tudo, mesmo depois de continuar na mesma durante cinco longos anos.
Alguns até mesmo diriam o velho ditado: "antes tarde do que nunca"... Bem, como afirmei antes parecia que uma nova era estava vindo por aí... pelo menos parecia. Eu já conhecia essa apresentação desde 1984, quando morava na Europa. Na época o que tínhamos eram cópias de fitas K7 pra lá de precárias. Mas já dava para perceber que, dentro de suas limitações, a qualidade de som era boa e, bem ao contrário dos toscos "audiences" daqueles tempos, o áudio tinha sido captado diretamente da mesa de som. Era uma qualidade desequilibrada sim, com instrumentos abafando outros instrumentos, defeitos de sonoridade e balanceamento, mas pelo menos tinha uma leve "qualidade sonora" (e isso para quem era fã hardcore de Elvis nos anos 80 fazia toda a diferença do mundo, acreditem!).
Esse tape já era relativamente conhecido entre os norte-americanos mas para os ingleses ainda era uma novidade lá pelos idos de 1980, 1981. O que mais atraiu os fãs europeus naqueles distantes anos 80 foi justamente o singular repertório do cantor nessa noite em Vegas. Para falar a verdade muitos ficaram mesmo pasmos com a mudança de Elvis. Canções que de certa forma foram negligenciadas impiedosamente em seus lançamentos pela RCA ganhavam o merecido reconhecimento por parte de Elvis e banda. Uma maravilha logo exclamaram os mais exaltados! Porém, mesma na época eu procurei manter minha fleuma tipicamente britânica. Eu sempre fui bem discreto nesse aspecto até porque de fãs descabelados eu quero mesmo uma enorme distância. Realmente o CD trazia algumas novidades mas não era assim a oitava maravilha do mundo, calminha aí friends. Isso me lembra mesmo a velha máxima: "Em terra de cego, caolho é rei".
A primeira vez que o ouvi foi durante uma reunião de um fã club inglês em Manchester. Sempre achei fãs clubes e suas "ideologias" de uma besteira sem tamanho, mas naquela época essa era a única forma de se entrosar e conhecer pessoalmente os grandes colecionadores, os senhores que ocupavam o ápice da pirâmide alimentar, os que eram reconhecidamente os verdadeiros tops de linha! Internet?! Isso não existia meu caro Watson! Ou você estava dentro do círculo dos grandes colecionadores ou fora, e isso significava um bocado de trato social para ser bem recebido pelos mestres ou então ser completamente ignorado por eles (e em razão disso ficar por fora das novidades carimbadas também!). Eu fiz minha parte e participei de muito chá beneficiente com a única finalidade de criar laços de amizade e mais do que tudo, aprender com todas essas feras que tanto admirava.
Mas voltemos ao tape de 1974. Depois do impacto inicial ele novamente sumiu do mapa, circulando apenas entre os fãs mais militantes. Foi somente muitos anos depois desse contato inicial que ele finalmente foi lançado em CD pelo selo Fort Baxter. Era a última etapa de toda a estrada que um tape raro deve trilhar antes de perder o título de "raridade". É sempre assim, o tape é descoberto ou produzido por alguém, circula entre o alto clero dos colecionadores e depois de um tempo ele é finalmente negociado para cair nas mãos do povão! Esse é, enfim, todo o círculo natural desse tipo de gravação. E pensar que tem muito fã por ai que pensa estar descobrindo o santo graal quando compra um cd desses selos piratas! Santa inocência Batman...
Vamos nos concentrar nas três canções que realmente trazem algo de novo nesse cd. São elas: Down In The Alley, Good Time Charlie Got The Blues e em menor escala If You Talk in Your Sleep.
Down In The Alley é uma regravação de uma música do grupo negro The Clovers. Essa é uma velha banda de Blues que teve uma infinidade de formações nos anos que viriam após sua fundação e que respeitando suas influências de blues sempre bebeu direto da fonte dos grandes mestres desse gênero musical. Esse tipo de Know How foi importante para Elvis porque quando ela a gravou inicialmente em 1966 esse blues representava antes de tudo em um sopro de vida no meio da pantanosa produção de Elvis da época, com todas aquelas canções horríveis falando de mariscos e ostras, uma porcariada incrível. Para nosso desespero Tom Parker não era Brian Epstein e a destruiu dentro da discografia de Elvis a lançando no estúpido LP Spinout. Valha-me Deus! De qualquer forma verdade seja dita: Elvis sabia muito bem o que prestava e o que era lixo cultural. Parece que ele realmente gostava dela e se redimiu da bobagem patrocinada por Parker nessa noite pois a trouxe de volta nesse show de 1974. E a versão ficou realmente boa? Sim, surpreendentemente é uma boa versão. Talvez seu pequeno pecado seja novamente em relação aos metais, quase virando o caldo mas que felizmente se segura. A música em si tem a pegada certa, o espírito correto e seu senso rítmico, típico dos melhores blues, se destaca muito bem. Certamente ela deveria ter sido firmada no repertório de Elvis. Porém como bem sabemos, quando a esmola é muita o cego desconfia e Down In The Alley iria sumir definitivamente depois dessa apresentação. Que pena, só podemos lamentar mesmo.
Depois dela aparece outro blues (primoroso, diga-se de passagem) e também pouquíssimo utilizado por Elvis Presley nos palcos, "pouquíssimo" entenda-se uma única vez! "Good Time Charlie Got The Blues" é a canção a que me refiro. Antes de escrever mais sobre ela quero chamar atenção para um fato que sequer consigo entender. Pasmem. Com disco novo no mercado, "Good Times", que vinha derrapando nas paradas mais do que avião em aeroporto brasileiro, Elvis mal se animava para trazer para os shows as canções desse LP, que se não era uma maravilha pelo menos era muito mais interessante do que seus discos do ano anterior, "Raised On Rock" e "Elvis", ambos de 1973 e ambos facilmente esquecíveis. Como tornar um álbum de sucesso se nem ao menos se tem disposição de se trabalhar pelo menos de duas a três músicas do novo disco? De todas as músicas apenas "My Boy" teve uma repercussão maior por parte de Elvis, sendo até que bem utilizada em 1973 para depois ser negligenciada em 74 e só voltando novamente aos repertórios em 1975. Fora ela o resto das canções desse disco naufragado foram a pique junto com o restante do álbum, caindo em um desmerecido esquecimento por parte do público e do próprio Elvis. Embora algumas delas, como Spanish Eyes, fossem utilizadas esporadicamente elas jamais entraram de forma habitual em seus concertos. "Good Times" certamente merecia um destino melhor.
Mas vamos voltar ao blues em questão. Essa música, "Good Time Charlie Got The Blues", que tem uma letra simples e pra variar bem melancólica e nostálgica, tratando sobre tristeza, despedidas e solidão, ganhou uma belíssima versão de estúdio na voz de Elvis. É um daqueles momentos de Elvis em que se deve saborear cada nuance de seu vocal, de forma calma, complementada, introspectiva. E aqui está também seu grande problema. Veja, esse tipo de arranjo nunca daria certo para uma plateia como as que existiam em Las Vegas ou nos shows de Elvis pelos EUA. Essa canção exige introspecção, sensatez e sensibilidade. Ela é feita para se mexer internamente com quem a ouve, definitivamente ela não foi composta para se rebolar na frente da caipirada red neck dos States! Las Vegas? Não havia lugar pior no mundo para cantá-la. Me perdoe os gringos mas poucas pessoas são mais estúpidas do que o americano médio! E Las Vegas estava cheio deles! Será que riqueza interior e introspecção seria encontrado naquela plateia formada por americanos calvos de meia idade, cheios de valores comprados no mercado barato da esquina, novos ricos esbanjando dinheiro nos cassinos com suas esposas e seus cabelos escorrendo laquê, maquilagens que fariam corar Alice Cooper e com os botões de seus vestidos bregas explodindo de tão gordas?! Claro que não, muito longe disso. Se a versão ao vivo fracassou foi simplesmente porque era o momento errado para um público que nada tinha a ver com seu sentimento e que estava mais preocupada em encher a pança jantando lá na frente de Elvis. Quer situação mais sem graça que essa? Elvis deve ter se tocado e nunca mais a cantou ao vivo. Um perda, só podemos lamentar mais uma vez.
A terceira canção que merece ser destacada aqui é "If Your Talk in Your Sleep" do disco "Promised Land". Esse disco é na minha opinião bem irregular em termos de qualidade. Particularmente não gosto muito dessa canção mas nem por isso tiro seus méritos. Essa pelo menos ainda teve uma sobrevida um pouco melhor nos palcos, sendo utilizada em praticamente toda essa temporada em Las Vegas, sendo descartada pra sempre depois. Aqui como sempre temos uma versão quase no ponto, quase do mesmo nível do estúdio. Não que Elvis estivesse no ponto ótimo nessa apresentação em particular, mas sim que a versão do estúdio nunca me deixou plenamente satisfeito. Acho ela, pra ser bem sincero, mal gravada, com Elvis levemente disperso e preguiçoso. Como a melodia vai por esse lado tudo vira uma tremenda sopa de repetição e tédio. Seguramente não vai figurar entre os melhores momentos de Elvis, nem nos palcos e nem muito menos nos estúdios. Mas vale o registro por ter sido rara nos palcos, menos rara é verdade, mas se a compararmos com as mais manjadas até que fica em posição confortável.
O resto do disco não traz grandes mudanças. Poucas novidades? Certamente. Porém se formos levar em conta o que acontecia com Elvis nessa época está mais do que bom. Para não dizer que não falei das flores vou destacar apenas algumas canções, que se não são novidades absolutas e nem tampouco relevantes no quesito "raridade" devem pelo menos ser citadas, principalmente por serem boas versões ou por acabarem, de uma forma ou outra, nos chamando a atenção. Entre elas devo confessar que "Promised Land" está bem menos apática do que de costume, "Polk Salad Annie" mantém um certo interesse, "Love Me Tender" está um pouco acima de sua mediocridade habitual e "I'm Leavin" junto a "Bridge Over Troubled Water" salvam a lista das canções "manjadas" do repertório.
Depois desse "susto" em que Elvis tentou mudar alguma coisa nos palcos tudo voltou a ser como antes, para nossa tristeza. Elvis não mais tentou fazer mudanças significativas no repertório, seu show continuou pobre no aspecto cênico e sem nenhuma qualidade tecnológica por trás, tudo muito simples e nada digno de um artista tão importante quanto ele. Tudo seria como sempre foi, as mesmas músicas, os mesmos arranjos, as mesmas luzes, os mesmos equipamentos técnicos básicos, enfim, tudo de acordo com a mente "circense - caça níqueis" do "genial" Coronel Tom Parker. E assim foi até 1977. Até sua última turnê Elvis levou sua vida na estrada da mesma forma que começou lá em 1969, desde sua estreia de volta aos palcos. Além disso Elvis continuou preso ao famigerado circuito de shows em cassinos hotéis, se apresentando para os mesmos públicos quadrados e contando as mesmas piadas. Seu talento, que considero único no mundo, novamente foi jogado pelo ralo musical do século que passou.
Se tudo "dançou" no atacado, pelo menos temos alguns poucos momentos no varejo que ainda valem algo realmente. Como essas pequenas preciosidades ao vivo que aqui tratei. Talvez as únicas canções que não fariam meu filho ter a sensação de já ter ouvido esse cd muitas e muitas vezes antes. Certamente as tocarei mais de agora em diante, quem sabe meu filho um dia venha até mim e fale: "Poxa pai, ainda bem que o senhor comprou outro disco ao vivo de Elvis, aquele eu não agüentava mais ouvir!" Sábias palavras meu filho... sábias palavras...
Erick Steve e Pablo Aluísio.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Elvis Presley - Good Times (1974)
Como as primeiras sessões no Stax Studios deixaram a desejar em termos de quantidade de músicas gravadas, Elvis retornou ao mesmo local para gravar mais canções para sua gravadora. O disco Good Times traz grande parte desse material. Formado por músicas gravadas em julho e dezembro de 1973 o álbum se distancia bastante da sonoridade do Raised On Rock e assume um tom nitidamente country. Basicamente Good Times é uma reunião de canções nesse gênero, que a partir desse ponto teria cada vez mais força em seu repertório de estúdio.
Apesar de sua boa sonoridade Good Times não conseguiu se destacar na principal parada da Billboard, alcançando uma desapontadora posição 90 entre os mais vendidos. As razões para essa baixa posição - uma dos mais fracos desempenhos de Elvis nas charts durante os anos 70 - são várias e não podem ser resumidas em apenas um fator. Uma delas foi a pouca publicidade feita pela RCA no momento de seu lançamento. Apostando mais no circuito onde Elvis era mais popular (o sul dos EUA) a gravadora acabou negligenciando o disco nos grandes centros urbanos, o que o levou a ser praticamente ignorado do público em geral. Além disso nenhuma canção tem Good Times tinha grande potencial para virar hit (com exceção de My Boy que conseguiu se sobressair e fazer sucesso, inclusive no Brasil).
De maneira geral o álbum era formado realmente por um grupo de músicas mais intimistas e nem um pouco comerciais. A vendagem baixa se fez sentir no Brasil onde o disco sequer foi lançado. A própria faixa My Boy, que faria sucesso por aqui, acabou sendo incluída no disco seguinte, Promised Land, esse bem mais comercial. De qualquer forma, mesmo não fazendo o sucesso esperado Good Times caiu nas graças dos fãs de Elvis após sua morte e hoje é devidamente reconhecido, ganhando recentemente uma merecida edição com muitos takes pelo selo FTD. Essas são as canções do disco "Good Times" (CPL1 0475):
TAKE GOOD CARE OF HER ( Warren / Kent) - Outra canção em que Elvis coloca seus grupos vocais em primeiro plano. Aliás o cantor nunca perdeu mesmo seu complexo de cantor gospel. A canção tem bom desenvolvimento e acompanhamento, mas não consegue se sobressair ou se destacar dentro do vasto catálogo do Rei do Rock nos anos 70. Gravada no dia 21 de julho de 1973 nos estúdios Stax de Memphis não obteve grande sucesso quando lançada no lado B do single "I've Got You Thing About You Baby" em janeiro de 1974.
LOVING ARMS (Tom Jans) – Linda canção que é praticamente desconhecida até mesmo pelos fãs de Elvis. Melancólica e introspectiva na medida certa, "Loving Arms," traz uma belíssima interpretação de Presley. A ausência quase completa de refrão demonstra de forma inequívoca como sua melodia é bem escrita. Um dos grandes momentos de Elvis em estúdio durante a primeira metade dos anos 70. Assim como "Take Good Care Of Her" essa também foi lançada como lado B de um single, "My Boy", só que dessa vez apenas na Inglaterra (nos Estados Unidos "My Boy" foi lançada com "Thinking About You"no lado B). Gravada no dia 13 de dezembro de 1973 no Stax Studios, nas mesmas sessões que deram origem também ao disco "Promised Land".
I GOT A FEELING IN MY BODY (Dennis Linde) – Canção de Linde, autor de "Burning Love," que tentou em vão repetir o sucesso do grande hit de Elvis nos anos 70. A música tem muito balanço e energia, mas curiosamente não foi bem aproveitada por Elvis nos palcos, aonde sem dúvida teria melhor sorte. Já sua versão em estúdio passou batida entre as outras canções desse disco. A guitarra de Burton segue um arranjo bem em voga durante aqueles anos, que inclusive lembra muito alguns temas escritos para seriados televisivos dos anos 70. Diferente, mas na média. Gravada nas sessões de dezembro de 1973 em Memphis.
IF THAT ISN'T LOVE (Dotie R) – Música de rotina que não traz nada de muito relevante. Sem dúvida não contribuiu muito para alavancar as vendas desse disco de Elvis, que diga-se de passagem, conseguiu chegar apenas na 90º posição da parada nacional da Billboard em março de 1974. As vendas foram tão desanimadoras que o LP não chegou nem mesmo a ser lançado no Brasil em sua época de lançamento. Aliás o ano de 1974 foi terrível para os fãs brasileiros de Elvis, pois todos os discos lançados por ele nesse ano permaneceram inéditos em nosso país por longos anos. Quem quisesse ouvir as novas músicas inéditas do rei teria que importar dos EUA, o que não era fácil naqueles tempos. Parece que a negligência da gravadora do cantor vem de longa data no Brasil. Em 1992, porém, finalmente "Good Times" foi oficialmente lançado em nossas lojas. Nada menos do que um atraso de 18 anos! Antes tarde do que nunca.
SHE WEARS MY RING (Felice e Boulderaux Bryant) – Mais uma música que não acrescenta muito. Tanto que foi utilizada na edição original do LP para fechar o antigo lado A do disco. Não significa que seja apenas um "tapa buraco", mas sim que dentro do conjunto dessas canções fica bem abaixo do esperado ou do nível das demais presentes nesse trabalho de Elvis. Apesar de tudo deve ser retirada do limbo em que se encontra para ser novamente reavaliada pelos fãs. Foi a música que encerrou as sessões de dezembro de 1973, sendo rapidamente esquecida e ignorada.
I'VE GOT THING ABOUT YOU BABY (Tony Joe White) – Do mesmo autor de "Polk Salad Annie", é um dos pontos altos do disco. Lançada como single e considerada a música de trabalho do disco foi praticamente ignorada por Elvis em suas apresentações ao vivo (novamente!). Em consequência disso o single não alcançou uma boa posição na parada Billboard, alcançando apenas um fraco 39º lugar entre os mais vendidos. Aliás a partir de 1973 Elvis inovou muito pouco em seus números ao vivo, seguindo quase sempre um repertório básico com poucas alterações em seu set list. Um desperdício sem dúvida, pois é outro bom momento com fluência melódica agradável e excelente acompanhamento vocal que ficaria perfeito para levantar e chacoalhar a plateia. Curiosidade: na capa do single lançado em janeiro de 1974 havia o anúncio de um especial de páscoa com Elvis na TV! Esse programa nunca foi feito, sendo cancelado pouco depois que o single chegou às lojas, pela mesma pessoa que mandou colocar a publicidade na capa, o Coronel Tom Parker.
MY BOY (Claude Francois / JP Bourtayre) – Versão inglesa escrita por Bill Martin e Phil Couter para a famosa música francesa "Parce Que T'aime, Mon Enfant" . Obviamente pelo conteúdo da letra Elvis estava se identificando com o tema central da canção. Outro fator que certamente levou Elvis a gravá-la foi a oportunidade de interpretar uma canção que dava espaço para ele demonstrar sua virtuose vocal. Nos Estados Unidos só foi lançada um ano depois em single com "Thinking About You" no lado B, essa aliás do disco "Promised Land", chegando ao Top 20, uma boa posição para Elvis nessa época. No Brasil aconteceu uma coisa curiosa: como já escrevi antes, o disco "Good Times" não foi lançado por aqui em 1974, porém no começo de 75 "My Boy" estourou nas rádios nacionais e se tornou um grande sucesso. A RCA Brasil então teve que correr e numa desastrada tentativa de lançar a música em nosso país a colocou abrindo o lado B do disco "Promised Land" numa manobra única em todo o mundo. Só mesmo Elvis Presley para fazer sucesso com uma canção que nem sequer chegou a ser lançada nas lojas a tempo!
SPANISH EYES (Kaempfert / Singleton / Snyder) – Para quem gravou "It's Now or Never" ou "Surrender" não traz grandes novidades. Apenas mostra que Elvis continuava interessado em atingir outros públicos e outras nacionalidades, em especial a comunidade latina dos Estados Unidos. Elvis sempre teve essa aproximação com ritmos europeus e sempre que era possível tentava gravar ou apresentar alguma música que pudesse servir de identificação para essas pessoas. Com bom ritmo, letra e vocalização, "Spanish Eyes" só não conseguiu maior repercussão por pura falta de divulgação por parte da RCA, do Coronel e do próprio Elvis. Uma versão, sem acompanhamento vocal nenhum, foi ainda lançada no disco "Memories of Elvis".
TALK ABOUT GOOD TIMES (Les Reed) – Outro ótimo momento do disco, numa canção que já havia sido lançada antes por Chuck Berry na primeira metade dos anos 60. Ao contrário da versão de Berry, que traz muitas guitarras estridentes, Elvis resolveu mudar o enfoque para uma batida bem mais country e contida. Inclusive orientou pessoalmente seus músicos para que a canção tivesse um arranjo bem mais sofisticada e regional. O resultado ficou acima das expectativas e se transformou em mais um dos pontos altos do disco. O único senão talvez seja pelo conteúdo da música, que de certa forma tenta novamente enquadrar Elvis apenas como um artista centrado meramente na pura nostalgia. Apesar desse pequeno pecado, "Talk About Good Times" é um sopro de alegria e ar fresco no material excessivamente romântico apresentado por Elvis durante esse período.
GOOD TIME CHARLIE'S GOT THE BLUES (Danny O'Keefe) – Para o guitarrista James Burton este foi um dos seus maiores momentos ao lado de Elvis Presley. Lindamente executada, com ótimo arranjo, bem superior a muitas canções do restante de "Good Times", "Good Time Charlie's Got The Blues" é uma pequena pérola perdida no fundo do mar da discografia de Elvis. Mesmo que em certos trechos seja extremamente melancólica e triste, a canção sobreviveu dignamente ao tempo e hoje é um exemplo perfeito do grande entrosamento que havia entre Elvis e a TCB Band. Além de todos esses méritos, a faixa ainda traz Elvis com sobriedade e perfeito domínio vocal em toda a duração da música. Fecha o disco com chave de ouro. Excelente.
Elvis Presley - Good Times (1974): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / Johnny Cristopher (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Norbert Putnam (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / David Briggs (piano e orgão) / Per-Erik "Pete" Hallin (piano e orgão) / J.D.Summer and the Stamps (vocais) / Voice (vocal) / Dennis Linde (guitarra) / Alan Rush (guitarra) / Rob Galbraith (percussão) / Bob Ogdin (piano) / Randy Cullers (orgão) / Kathy Westmoreland, Mary Greene, Mary Holladay, Susan Pilknton (vocais) / Produzido e arranjado por Felton Jarvis / Gravado no Stax Recording Studio, Memphis, nos dias 21 e 22 de julho e 10 a 16 de dezembro de 1973 / Data de lançamento: Março de 1974 / Melhor posição alcançada nas charts: #90 (EUA) e #42 (UK).
Pablo Aluísio.
Apesar de sua boa sonoridade Good Times não conseguiu se destacar na principal parada da Billboard, alcançando uma desapontadora posição 90 entre os mais vendidos. As razões para essa baixa posição - uma dos mais fracos desempenhos de Elvis nas charts durante os anos 70 - são várias e não podem ser resumidas em apenas um fator. Uma delas foi a pouca publicidade feita pela RCA no momento de seu lançamento. Apostando mais no circuito onde Elvis era mais popular (o sul dos EUA) a gravadora acabou negligenciando o disco nos grandes centros urbanos, o que o levou a ser praticamente ignorado do público em geral. Além disso nenhuma canção tem Good Times tinha grande potencial para virar hit (com exceção de My Boy que conseguiu se sobressair e fazer sucesso, inclusive no Brasil).
De maneira geral o álbum era formado realmente por um grupo de músicas mais intimistas e nem um pouco comerciais. A vendagem baixa se fez sentir no Brasil onde o disco sequer foi lançado. A própria faixa My Boy, que faria sucesso por aqui, acabou sendo incluída no disco seguinte, Promised Land, esse bem mais comercial. De qualquer forma, mesmo não fazendo o sucesso esperado Good Times caiu nas graças dos fãs de Elvis após sua morte e hoje é devidamente reconhecido, ganhando recentemente uma merecida edição com muitos takes pelo selo FTD. Essas são as canções do disco "Good Times" (CPL1 0475):
TAKE GOOD CARE OF HER ( Warren / Kent) - Outra canção em que Elvis coloca seus grupos vocais em primeiro plano. Aliás o cantor nunca perdeu mesmo seu complexo de cantor gospel. A canção tem bom desenvolvimento e acompanhamento, mas não consegue se sobressair ou se destacar dentro do vasto catálogo do Rei do Rock nos anos 70. Gravada no dia 21 de julho de 1973 nos estúdios Stax de Memphis não obteve grande sucesso quando lançada no lado B do single "I've Got You Thing About You Baby" em janeiro de 1974.
LOVING ARMS (Tom Jans) – Linda canção que é praticamente desconhecida até mesmo pelos fãs de Elvis. Melancólica e introspectiva na medida certa, "Loving Arms," traz uma belíssima interpretação de Presley. A ausência quase completa de refrão demonstra de forma inequívoca como sua melodia é bem escrita. Um dos grandes momentos de Elvis em estúdio durante a primeira metade dos anos 70. Assim como "Take Good Care Of Her" essa também foi lançada como lado B de um single, "My Boy", só que dessa vez apenas na Inglaterra (nos Estados Unidos "My Boy" foi lançada com "Thinking About You"no lado B). Gravada no dia 13 de dezembro de 1973 no Stax Studios, nas mesmas sessões que deram origem também ao disco "Promised Land".
I GOT A FEELING IN MY BODY (Dennis Linde) – Canção de Linde, autor de "Burning Love," que tentou em vão repetir o sucesso do grande hit de Elvis nos anos 70. A música tem muito balanço e energia, mas curiosamente não foi bem aproveitada por Elvis nos palcos, aonde sem dúvida teria melhor sorte. Já sua versão em estúdio passou batida entre as outras canções desse disco. A guitarra de Burton segue um arranjo bem em voga durante aqueles anos, que inclusive lembra muito alguns temas escritos para seriados televisivos dos anos 70. Diferente, mas na média. Gravada nas sessões de dezembro de 1973 em Memphis.
IF THAT ISN'T LOVE (Dotie R) – Música de rotina que não traz nada de muito relevante. Sem dúvida não contribuiu muito para alavancar as vendas desse disco de Elvis, que diga-se de passagem, conseguiu chegar apenas na 90º posição da parada nacional da Billboard em março de 1974. As vendas foram tão desanimadoras que o LP não chegou nem mesmo a ser lançado no Brasil em sua época de lançamento. Aliás o ano de 1974 foi terrível para os fãs brasileiros de Elvis, pois todos os discos lançados por ele nesse ano permaneceram inéditos em nosso país por longos anos. Quem quisesse ouvir as novas músicas inéditas do rei teria que importar dos EUA, o que não era fácil naqueles tempos. Parece que a negligência da gravadora do cantor vem de longa data no Brasil. Em 1992, porém, finalmente "Good Times" foi oficialmente lançado em nossas lojas. Nada menos do que um atraso de 18 anos! Antes tarde do que nunca.
SHE WEARS MY RING (Felice e Boulderaux Bryant) – Mais uma música que não acrescenta muito. Tanto que foi utilizada na edição original do LP para fechar o antigo lado A do disco. Não significa que seja apenas um "tapa buraco", mas sim que dentro do conjunto dessas canções fica bem abaixo do esperado ou do nível das demais presentes nesse trabalho de Elvis. Apesar de tudo deve ser retirada do limbo em que se encontra para ser novamente reavaliada pelos fãs. Foi a música que encerrou as sessões de dezembro de 1973, sendo rapidamente esquecida e ignorada.
I'VE GOT THING ABOUT YOU BABY (Tony Joe White) – Do mesmo autor de "Polk Salad Annie", é um dos pontos altos do disco. Lançada como single e considerada a música de trabalho do disco foi praticamente ignorada por Elvis em suas apresentações ao vivo (novamente!). Em consequência disso o single não alcançou uma boa posição na parada Billboard, alcançando apenas um fraco 39º lugar entre os mais vendidos. Aliás a partir de 1973 Elvis inovou muito pouco em seus números ao vivo, seguindo quase sempre um repertório básico com poucas alterações em seu set list. Um desperdício sem dúvida, pois é outro bom momento com fluência melódica agradável e excelente acompanhamento vocal que ficaria perfeito para levantar e chacoalhar a plateia. Curiosidade: na capa do single lançado em janeiro de 1974 havia o anúncio de um especial de páscoa com Elvis na TV! Esse programa nunca foi feito, sendo cancelado pouco depois que o single chegou às lojas, pela mesma pessoa que mandou colocar a publicidade na capa, o Coronel Tom Parker.
MY BOY (Claude Francois / JP Bourtayre) – Versão inglesa escrita por Bill Martin e Phil Couter para a famosa música francesa "Parce Que T'aime, Mon Enfant" . Obviamente pelo conteúdo da letra Elvis estava se identificando com o tema central da canção. Outro fator que certamente levou Elvis a gravá-la foi a oportunidade de interpretar uma canção que dava espaço para ele demonstrar sua virtuose vocal. Nos Estados Unidos só foi lançada um ano depois em single com "Thinking About You" no lado B, essa aliás do disco "Promised Land", chegando ao Top 20, uma boa posição para Elvis nessa época. No Brasil aconteceu uma coisa curiosa: como já escrevi antes, o disco "Good Times" não foi lançado por aqui em 1974, porém no começo de 75 "My Boy" estourou nas rádios nacionais e se tornou um grande sucesso. A RCA Brasil então teve que correr e numa desastrada tentativa de lançar a música em nosso país a colocou abrindo o lado B do disco "Promised Land" numa manobra única em todo o mundo. Só mesmo Elvis Presley para fazer sucesso com uma canção que nem sequer chegou a ser lançada nas lojas a tempo!
SPANISH EYES (Kaempfert / Singleton / Snyder) – Para quem gravou "It's Now or Never" ou "Surrender" não traz grandes novidades. Apenas mostra que Elvis continuava interessado em atingir outros públicos e outras nacionalidades, em especial a comunidade latina dos Estados Unidos. Elvis sempre teve essa aproximação com ritmos europeus e sempre que era possível tentava gravar ou apresentar alguma música que pudesse servir de identificação para essas pessoas. Com bom ritmo, letra e vocalização, "Spanish Eyes" só não conseguiu maior repercussão por pura falta de divulgação por parte da RCA, do Coronel e do próprio Elvis. Uma versão, sem acompanhamento vocal nenhum, foi ainda lançada no disco "Memories of Elvis".
TALK ABOUT GOOD TIMES (Les Reed) – Outro ótimo momento do disco, numa canção que já havia sido lançada antes por Chuck Berry na primeira metade dos anos 60. Ao contrário da versão de Berry, que traz muitas guitarras estridentes, Elvis resolveu mudar o enfoque para uma batida bem mais country e contida. Inclusive orientou pessoalmente seus músicos para que a canção tivesse um arranjo bem mais sofisticada e regional. O resultado ficou acima das expectativas e se transformou em mais um dos pontos altos do disco. O único senão talvez seja pelo conteúdo da música, que de certa forma tenta novamente enquadrar Elvis apenas como um artista centrado meramente na pura nostalgia. Apesar desse pequeno pecado, "Talk About Good Times" é um sopro de alegria e ar fresco no material excessivamente romântico apresentado por Elvis durante esse período.
GOOD TIME CHARLIE'S GOT THE BLUES (Danny O'Keefe) – Para o guitarrista James Burton este foi um dos seus maiores momentos ao lado de Elvis Presley. Lindamente executada, com ótimo arranjo, bem superior a muitas canções do restante de "Good Times", "Good Time Charlie's Got The Blues" é uma pequena pérola perdida no fundo do mar da discografia de Elvis. Mesmo que em certos trechos seja extremamente melancólica e triste, a canção sobreviveu dignamente ao tempo e hoje é um exemplo perfeito do grande entrosamento que havia entre Elvis e a TCB Band. Além de todos esses méritos, a faixa ainda traz Elvis com sobriedade e perfeito domínio vocal em toda a duração da música. Fecha o disco com chave de ouro. Excelente.
Elvis Presley - Good Times (1974): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / Johnny Cristopher (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Norbert Putnam (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / David Briggs (piano e orgão) / Per-Erik "Pete" Hallin (piano e orgão) / J.D.Summer and the Stamps (vocais) / Voice (vocal) / Dennis Linde (guitarra) / Alan Rush (guitarra) / Rob Galbraith (percussão) / Bob Ogdin (piano) / Randy Cullers (orgão) / Kathy Westmoreland, Mary Greene, Mary Holladay, Susan Pilknton (vocais) / Produzido e arranjado por Felton Jarvis / Gravado no Stax Recording Studio, Memphis, nos dias 21 e 22 de julho e 10 a 16 de dezembro de 1973 / Data de lançamento: Março de 1974 / Melhor posição alcançada nas charts: #90 (EUA) e #42 (UK).
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Spanish Eyes
Quando eu comecei a colecionar Bootlegs há muito tempo atrás as gravadoras desse tipo de lançamento lançavam um LP com um nome de fantasia qualquer e depois disso simplesmente desapareciam! Naquele tempo não havia nada parecido com o que acontece hoje. Veja o caso desse selo "Fort Baxter". Eles não só lançaram vários títulos como também não fizeram nenhuma questão em se esconderem, pelo contrário! O que realmente aconteceu foi a promoção dos títulos, de forma tranquila, sem maiores problemas. Sem nenhuma preocupação eles criaram uma verdadeira linha alternativa de CDs de Elvis Presley. Os tempos realmente mudaram!
Isso levanta muitas questões, inclusive sobre a verdadeira situação jurídica desses selos. Certamente não fazem jus ao velho espírito pirata que imperava nesse tipo de lançamento nos tempos passados. Entre os grandes colecionadores sempre houve o boato de que quem realmente estaria por trás desses selos é a própria EPE! Isso seria muito conveniente, se formos pensar bem. Existem gravações que não conseguiriam vender bem no mercado comum. Para eles a única e melhor saída seria mesmo vender tudo com o "maldito", mas interessante, conveniente e prestigiado, rótulo de "bootlegs"! É mais chique, atrai mais o velho consumidor, quem compra pensa que adquiriu um grande tesouro! Será mesmo?
Não vou entrar muito nessa questão, apenas lancei o questionamento. Madison, Fort Baxter, isso tudo pode ser apenas rótulos de aluguel para os donos da EPE. Seria uma válvula de escape para títulos anticomerciais, principalmente de "audiences" (gravações feitas na plateia), pois alguns desses são tão toscos que a EPE não o lançariam comercialmente. O que seria um pouco melhor seria lançado pela FTD e o resto por selos obscuros, "alternativos" e o mais importante de tudo, altamente convenientes. Nem precisa pagar impostos! Piratas não pagam impostos! Não disse que tudo era muito conveniente?! O mundo é dos espertos meu caro Watson!
Deixemos isso para trás. Vamos agora escrever um pouco sobre esse CD, Spanish Eyes do selo Fort Baxter. Quando escrevi no primeiro artigo sobre Live Pearl Harbor, muita gente me escreveu pedindo que na próxima análise eu me concentrasse em títulos mais acessíveis e menos raros. Então escolhi esse show, que de raro não tem nada, mas que é bom, tem qualidade, e traz coisas interessantes a se debater. Também atendi a todos que me pediram que fizesse análises de Bootlegs ao vivo dos anos 70. Então como o pedido de vocês é uma ordem para mim, cá estou eu para satisfazer a todos que me escreveram.
O CD foi gravado em Lake Tahoe no dia 24 de maio de 1974 no midnight show. Essa temporada de Elvis é ainda bem desconhecida pois poucos CDs foram lançados com apenas alguns shows. Tenho os três soundboards gravados nessa ocasião. Deles, Spanish Eyes é o melhor. O que foi gravado no dia seguinte, chamado And The King for The Dessert traz um Elvis pouco interessado no show e o outro, de título A Profile, The King On Stage é na minha opinião meio banal, mesmo que seja um pouco valorizado demais por alguns fãs. Exagero puro! Coisa de marinheiro de primeira viagem!
Eu realmente muitas vezes me sinto solidário com Elvis. Veja, um artista do nível de Elvis se apresentando em hotéis cassinos sempre me pareceu um erro dos grandes por parte do Coronel. Então Elvis se tornou um dos maiores ídolos do século XX para terminar seus dias cantando para um público cafona como esse que visitava um lugar desses?! Que chato! Deveria ser mesmo muito ruim e tedioso ficar cantando para um público tão careta como esse, você se esforçando lá no palco e na sua frente um bando de gente jantando! Putz... fala sério...
O Coronel preferia mesmo ganhar suas migalhas em lugares como esse! Ao invés de levar Elvis pelo mundo afora ele preferia deixar o "Rei do Rock" se afundar nesses cassinos enquanto ficava jogando o dinheiro dele fora nas roletas! E ainda tem gente que acha o máximo esse tipo de situação, que acha que Elvis estava fazendo grandes avanços em sua carreira se apresentando em lugares como Lake Tahoe. Coitado do Elvis. Vamos encarar a realidade. Só podia ficar mortalmente entediado mesmo, que tipo de desafio uma apresentação como essa iria significar? Com a palavra os que defendem essa "estratégia genial" de Tom Parker...isso claro se existir alguém assim!
O show é na rotina. Pouca coisa muda. Elvis estava tão condicionado a fazer apresentações iguais nessa época que muito provavelmente ele ficava no controle remoto. Pelo menos aqui não há nada que cause arrepios ou que o destaque dos demais títulos por algo inadequado feito por Elvis no palco. Ele está na média, não comete nenhum vexame, não sai no braço com fãs peruanos, não fala palavrões, não aparece altamente "desnorteado", não sai nem um milímetro de uma apresentação altamente convencional. Mas...peraí... você pode estar se perguntando, então por que fazer uma análise de algo assim tão sem destaque? Ora, por isso mesmo, que tal avaliar o que Elvis fazia na média durante aquele período? Deixemos os tabloides sensacionalistas de lado, vamos dar uma espiadinha no Elvis profissional acima de tudo que ia sim marcar ponto, que ia sim fazer um show sem grandes surpresas... enfim, que tal dar uma olhada em Elvis, operário padrão?
O que será de nós ao sentarmos para ouvir um novo bootleg e perceber que ele vai trazer o mesmo e velho repertório de sempre?! Alguém aguenta ainda ouvir a dobradinha See See Rider / I Got A Woman ?! Quantas vezes Elvis utilizou essa abertura em seus shows? Mil vezes, um milhão de vezes?! É capaz... Elvis deveria ter se tocado de certas coisas. Essa abertura foi criada em suas primeiras temporadas, a de 1969 e a de 1970. Mas aqui estamos em 1974 com a mesma abertura? Poxa, alguém deveria ter dado um toque em Elvis, que tal mudar um pouquinho para a coisa ficar menos repetitiva?
Elvis está nitidamente entediado no começo do concerto. Em See See Rider ele transparece com nitidez que realmente está no controle remoto. Sem pique e animação Elvis vai indo... sem um pingo de empolgação! Até parece um funcionário público chegando para trabalhar e bater o ponto. Fraco, muito fraco. Só demonstra um pouco (pouquinho mesmo) de ânimo quando algumas fãs gritam... Na hora que ele vai contar: "One, Two..." na parte final dessa canção, seu desânimo é total e completo. Em I Got a Woman a coisa se repete. A mesma brincadeira na hora do "Well...well...well...", os mesmos risinhos do puxa saco Charlie Hodge (esse cara era muito chato...) e apenas um comentário rápido dele ao afirmar brincando que a plateia estava cheio de "maníacos (ou maníacas, dependendo do ponto de vista) sexuais". Infelizmente Elvis conseguia ser repetitivo até mesmo nas piadinhas...
O mais curioso nessa apresentação é que Elvis até que canta corretamente seus velhos sucessos. A versão de Love Me não é nada demais mas também não é medíocre. Tryn To Get You tem até uma certa dignidade, muitas vezes não presente em outras versões dos anos 70. Aqui Elvis até se anima a soltar o vozeirão e promove uma pequena (na verdade mínima) mudança na letra! All Shook Up vai pelo mesmo caminho. Apesar de James Burton estar errando os mini solos que acompanham a canção de forma vergonhosa, Elvis mantém o interesse, mesmo que na terça parte final da canção adote a velha postura "Puxa... estou de saco cheio...". É uma pena. Love Me Tender também traz pequenas mudanças na letra em seus versos iniciais. Elvis brinca com suas echarpes azuis (certamente estava nesse momento distribuindo esses panos que até hoje são adorados e venerados por fãs talibãs). Até Hound Dog fica na média. O que estraga mesmo é esse arranjo discoteca dos anos 70... com aquele toque de guitarra ultra, hiper ultrapassado. Fever traz Elvis a meia voz. Ele dá um enorme grito no meio da música, como que imitando uma fã: "Elvisssss.....". Talvez ele tenha gritado para acordar e espantar o sono ou então para acordar a plateia cafona que deveria estar assistindo o show, não sabemos, de qualquer forma o público realmente parece não ter achado muita graça. No finalzinho da canção o espírito Karatê-Sam baixa em Elvis e ele começa a utilizar aquele vocabulário típico dos lutadores...haja saco... Depois disso Elvis, penosamente, entediadíssimo, parte para o repertório mais contemporâneo de sua carreira.
Certamente não vou aqui comentar música a música. Todas as demais canções desse concerto são altamente convencionais, altamente. E quando digo convencional não estou elogiando Elvis ou algo parecido. Estou apenas afirmando que as músicas, além de serem muito manjadas já naqueles tempos de 1974, ainda trazem Elvis em uma noite pouca inspirada! Não disse que faria uma análise em cima de um momento "funcionário público" de Elvis Presley? Então...
Três canções apenas fazem com que nosso cérebro seja ligado por breves momentos. São essas canções que valem a pena, que qualificam Spanish Eyes como o melhor desse pior. Vamos a elas. No meio de inúmeros momentos e versões "três vias com carimbo" (ou seja, altamente burocráticas do burocrático Elvis) encontramos pequenas pérolas perdidas. Spanish Eyes, que dá nome ao CD é o primeiro bom momento. Após oferecê-la Elvis inicia uma bela, bela mesmo, versão dessa canção. Claro que essa música nunca foi unanimidade entre os fãs do cantor. Muitos a acusam inclusive de ser brega, cucaracha e outras definições nada lisonjeiras. Mas vamos deixar o colonialismo cultural de lado e apreciar esse bom momento. Até os metais (altamente exagerados) empolgam... depois de ouvir essa versão (de preferência acompanhado de um belo Cuba Libre) duvido que você não se sinta em algum bueiro mexicano atrás de algumas maravilhosas "señoritas"...(sinceramente...esse meu portunhol me mata!)
Deixando o inferninho mexicano de lado Elvis nos leva direto para a igreja do lugar! Isso mesmo! A segunda boa versão desse CD é justamente a sacra Why Me Lord. Não poderia ser diferente. Eu sinceramente acho que Elvis deveria pensar consigo mesmo: "Estou aqui no meio dessa p... de deserto. Fazendo um show altamente meia boca, talvez tenha chegado o momento de louvar ao Senhor de forma decente!". É isso mesmo. Elvis sempre, sempre renascia quando cantava gospel. O cantor simplesmente se transformava, o que era tédio virava concentração, o que era desleixo virava atenção e o que era desânimo virava emoção verdadeira. Uma pena que Elvis só mostrava sinais de vida em momentos raros como esse! No restante da apresentação apenas Help Me se salva, outra que também é misto quente indecente entre country music e gospel sacros... vai entender...
Defina Help Me! É country? É gospel? Citando meu amigo Pablo em recente artigo realmente não saberia definir com exatidão que tipo de música é essa! A única certeza é que Elvis estava pedindo ajuda mesmo, implorando aos céus para suportar tanta mesmice em sua carreira estagnada! Depois de Aloha Elvis entrou numa rotina que duraria até o fim de seus dias. Muitos shows, muitas vezes passando pelas mesmas cidades, discos ao vivo, discos ocasionais de estúdio, pouca renovação...pouca inovação! Elvis, que em muitas vezes em sua longa carreira já tinha entrado em ciclos repetitivos (como as trilhas sonoras dos anos 60) novamente estava dentro de um! Sem desafios ele foi ficando cada vez mais velho e desiludido... o resto da história já sabemos. Enfim, Help Me é o último bom momento do CD. Depois dele Elvis joga o paletó na cadeira e vai tomar um cafezinho com seu camaradas de repartição...
Aliás, permita escrever, Elvis tinha mesmo que pedir ajuda a um estilista também! Algumas jumpsuits que ele usou nessa temporada realmente eram um terror estético. Repare na foto em que ele está se apresentando em Lake Tahoe. As melhores roupas de palco de Elvis sempre foram aquelas do começo dos anos 70, muito mais simples, despojadas, e claro, mais elegantes. Depois Elvis parece que entrou em uma disputa pessoal com Liberace para ver quem se apresentava com o traje mais exótico (para não dizer brega)! A tênue linha entre elegância e breguice certamente foi rompida por Elvis nesse período, como aliás bem observou Priscilla Presley em seu livro "Elvis e Eu".
Elvis também estava bem gordinho nessa temporada. Certamente o cantor perdeu a linha durante essa época. Em 1974 Elvis teve grandes aumentos de peso, tanto que foi durante esses shows que a aparência dele começou a chamar muito a atenção. O cantor se apresentava pálido, gordo e cansado. Seu cabelo também não ajudava muito o que fazia muitos fãs mais desavisados levantarem a hipótese (absurda é claro) de que ele estaria usando perucas durante esses concertos. A única parte positiva era que no tocante a sua voz Elvis ia melhorando a cada dia, trazendo belas interpretações (isso quando não deixava o tédio lhe dominar por completo!).
Vale a pena ter Spanish Eyes na coleção? Depende. É o que sempre digo: se você é um jovem fã de Elvis deixe esse tipo de lançamento de lado. Procure ouvir os discos oficiais de Elvis, por uma simples razão: nada do que você vá encontrar em Cds como esse você não vai ouvir (e melhor) nos títulos oficiais. Digo como fà de longa data: se você não for uma pessoa muito interessada em Elvis, se você se contenta em só adquirir o melhor do cantor, então os discos oficiais ao vivo dele já estão de bom tamanho! Bootlegs são a sobra mesmo, claro que existem shows interessantes, claro que existem gravações raras, mas isso só vai lhe interessar em um segundo momento, depois que você já tiver ouvido seus melhores registros (os oficiais). Em que vai lhe adiantar ficar ouvindo milhares de versões praticamente iguais de See See Rider ou I Got a Woman nos anos 70? Em nada. O que foi lançado oficialmente pela RCA já traz um belo retrato do que Elvis foi nos palcos durante os anos 70. O resto é preciosismo e repetição Ad Nauseam... vai por mim!
Erick Steve e Pablo Aluísio.
Isso levanta muitas questões, inclusive sobre a verdadeira situação jurídica desses selos. Certamente não fazem jus ao velho espírito pirata que imperava nesse tipo de lançamento nos tempos passados. Entre os grandes colecionadores sempre houve o boato de que quem realmente estaria por trás desses selos é a própria EPE! Isso seria muito conveniente, se formos pensar bem. Existem gravações que não conseguiriam vender bem no mercado comum. Para eles a única e melhor saída seria mesmo vender tudo com o "maldito", mas interessante, conveniente e prestigiado, rótulo de "bootlegs"! É mais chique, atrai mais o velho consumidor, quem compra pensa que adquiriu um grande tesouro! Será mesmo?
Não vou entrar muito nessa questão, apenas lancei o questionamento. Madison, Fort Baxter, isso tudo pode ser apenas rótulos de aluguel para os donos da EPE. Seria uma válvula de escape para títulos anticomerciais, principalmente de "audiences" (gravações feitas na plateia), pois alguns desses são tão toscos que a EPE não o lançariam comercialmente. O que seria um pouco melhor seria lançado pela FTD e o resto por selos obscuros, "alternativos" e o mais importante de tudo, altamente convenientes. Nem precisa pagar impostos! Piratas não pagam impostos! Não disse que tudo era muito conveniente?! O mundo é dos espertos meu caro Watson!
Deixemos isso para trás. Vamos agora escrever um pouco sobre esse CD, Spanish Eyes do selo Fort Baxter. Quando escrevi no primeiro artigo sobre Live Pearl Harbor, muita gente me escreveu pedindo que na próxima análise eu me concentrasse em títulos mais acessíveis e menos raros. Então escolhi esse show, que de raro não tem nada, mas que é bom, tem qualidade, e traz coisas interessantes a se debater. Também atendi a todos que me pediram que fizesse análises de Bootlegs ao vivo dos anos 70. Então como o pedido de vocês é uma ordem para mim, cá estou eu para satisfazer a todos que me escreveram.
O CD foi gravado em Lake Tahoe no dia 24 de maio de 1974 no midnight show. Essa temporada de Elvis é ainda bem desconhecida pois poucos CDs foram lançados com apenas alguns shows. Tenho os três soundboards gravados nessa ocasião. Deles, Spanish Eyes é o melhor. O que foi gravado no dia seguinte, chamado And The King for The Dessert traz um Elvis pouco interessado no show e o outro, de título A Profile, The King On Stage é na minha opinião meio banal, mesmo que seja um pouco valorizado demais por alguns fãs. Exagero puro! Coisa de marinheiro de primeira viagem!
Eu realmente muitas vezes me sinto solidário com Elvis. Veja, um artista do nível de Elvis se apresentando em hotéis cassinos sempre me pareceu um erro dos grandes por parte do Coronel. Então Elvis se tornou um dos maiores ídolos do século XX para terminar seus dias cantando para um público cafona como esse que visitava um lugar desses?! Que chato! Deveria ser mesmo muito ruim e tedioso ficar cantando para um público tão careta como esse, você se esforçando lá no palco e na sua frente um bando de gente jantando! Putz... fala sério...
O Coronel preferia mesmo ganhar suas migalhas em lugares como esse! Ao invés de levar Elvis pelo mundo afora ele preferia deixar o "Rei do Rock" se afundar nesses cassinos enquanto ficava jogando o dinheiro dele fora nas roletas! E ainda tem gente que acha o máximo esse tipo de situação, que acha que Elvis estava fazendo grandes avanços em sua carreira se apresentando em lugares como Lake Tahoe. Coitado do Elvis. Vamos encarar a realidade. Só podia ficar mortalmente entediado mesmo, que tipo de desafio uma apresentação como essa iria significar? Com a palavra os que defendem essa "estratégia genial" de Tom Parker...isso claro se existir alguém assim!
O show é na rotina. Pouca coisa muda. Elvis estava tão condicionado a fazer apresentações iguais nessa época que muito provavelmente ele ficava no controle remoto. Pelo menos aqui não há nada que cause arrepios ou que o destaque dos demais títulos por algo inadequado feito por Elvis no palco. Ele está na média, não comete nenhum vexame, não sai no braço com fãs peruanos, não fala palavrões, não aparece altamente "desnorteado", não sai nem um milímetro de uma apresentação altamente convencional. Mas...peraí... você pode estar se perguntando, então por que fazer uma análise de algo assim tão sem destaque? Ora, por isso mesmo, que tal avaliar o que Elvis fazia na média durante aquele período? Deixemos os tabloides sensacionalistas de lado, vamos dar uma espiadinha no Elvis profissional acima de tudo que ia sim marcar ponto, que ia sim fazer um show sem grandes surpresas... enfim, que tal dar uma olhada em Elvis, operário padrão?
O que será de nós ao sentarmos para ouvir um novo bootleg e perceber que ele vai trazer o mesmo e velho repertório de sempre?! Alguém aguenta ainda ouvir a dobradinha See See Rider / I Got A Woman ?! Quantas vezes Elvis utilizou essa abertura em seus shows? Mil vezes, um milhão de vezes?! É capaz... Elvis deveria ter se tocado de certas coisas. Essa abertura foi criada em suas primeiras temporadas, a de 1969 e a de 1970. Mas aqui estamos em 1974 com a mesma abertura? Poxa, alguém deveria ter dado um toque em Elvis, que tal mudar um pouquinho para a coisa ficar menos repetitiva?
Elvis está nitidamente entediado no começo do concerto. Em See See Rider ele transparece com nitidez que realmente está no controle remoto. Sem pique e animação Elvis vai indo... sem um pingo de empolgação! Até parece um funcionário público chegando para trabalhar e bater o ponto. Fraco, muito fraco. Só demonstra um pouco (pouquinho mesmo) de ânimo quando algumas fãs gritam... Na hora que ele vai contar: "One, Two..." na parte final dessa canção, seu desânimo é total e completo. Em I Got a Woman a coisa se repete. A mesma brincadeira na hora do "Well...well...well...", os mesmos risinhos do puxa saco Charlie Hodge (esse cara era muito chato...) e apenas um comentário rápido dele ao afirmar brincando que a plateia estava cheio de "maníacos (ou maníacas, dependendo do ponto de vista) sexuais". Infelizmente Elvis conseguia ser repetitivo até mesmo nas piadinhas...
O mais curioso nessa apresentação é que Elvis até que canta corretamente seus velhos sucessos. A versão de Love Me não é nada demais mas também não é medíocre. Tryn To Get You tem até uma certa dignidade, muitas vezes não presente em outras versões dos anos 70. Aqui Elvis até se anima a soltar o vozeirão e promove uma pequena (na verdade mínima) mudança na letra! All Shook Up vai pelo mesmo caminho. Apesar de James Burton estar errando os mini solos que acompanham a canção de forma vergonhosa, Elvis mantém o interesse, mesmo que na terça parte final da canção adote a velha postura "Puxa... estou de saco cheio...". É uma pena. Love Me Tender também traz pequenas mudanças na letra em seus versos iniciais. Elvis brinca com suas echarpes azuis (certamente estava nesse momento distribuindo esses panos que até hoje são adorados e venerados por fãs talibãs). Até Hound Dog fica na média. O que estraga mesmo é esse arranjo discoteca dos anos 70... com aquele toque de guitarra ultra, hiper ultrapassado. Fever traz Elvis a meia voz. Ele dá um enorme grito no meio da música, como que imitando uma fã: "Elvisssss.....". Talvez ele tenha gritado para acordar e espantar o sono ou então para acordar a plateia cafona que deveria estar assistindo o show, não sabemos, de qualquer forma o público realmente parece não ter achado muita graça. No finalzinho da canção o espírito Karatê-Sam baixa em Elvis e ele começa a utilizar aquele vocabulário típico dos lutadores...haja saco... Depois disso Elvis, penosamente, entediadíssimo, parte para o repertório mais contemporâneo de sua carreira.
Certamente não vou aqui comentar música a música. Todas as demais canções desse concerto são altamente convencionais, altamente. E quando digo convencional não estou elogiando Elvis ou algo parecido. Estou apenas afirmando que as músicas, além de serem muito manjadas já naqueles tempos de 1974, ainda trazem Elvis em uma noite pouca inspirada! Não disse que faria uma análise em cima de um momento "funcionário público" de Elvis Presley? Então...
Três canções apenas fazem com que nosso cérebro seja ligado por breves momentos. São essas canções que valem a pena, que qualificam Spanish Eyes como o melhor desse pior. Vamos a elas. No meio de inúmeros momentos e versões "três vias com carimbo" (ou seja, altamente burocráticas do burocrático Elvis) encontramos pequenas pérolas perdidas. Spanish Eyes, que dá nome ao CD é o primeiro bom momento. Após oferecê-la Elvis inicia uma bela, bela mesmo, versão dessa canção. Claro que essa música nunca foi unanimidade entre os fãs do cantor. Muitos a acusam inclusive de ser brega, cucaracha e outras definições nada lisonjeiras. Mas vamos deixar o colonialismo cultural de lado e apreciar esse bom momento. Até os metais (altamente exagerados) empolgam... depois de ouvir essa versão (de preferência acompanhado de um belo Cuba Libre) duvido que você não se sinta em algum bueiro mexicano atrás de algumas maravilhosas "señoritas"...(sinceramente...esse meu portunhol me mata!)
Deixando o inferninho mexicano de lado Elvis nos leva direto para a igreja do lugar! Isso mesmo! A segunda boa versão desse CD é justamente a sacra Why Me Lord. Não poderia ser diferente. Eu sinceramente acho que Elvis deveria pensar consigo mesmo: "Estou aqui no meio dessa p... de deserto. Fazendo um show altamente meia boca, talvez tenha chegado o momento de louvar ao Senhor de forma decente!". É isso mesmo. Elvis sempre, sempre renascia quando cantava gospel. O cantor simplesmente se transformava, o que era tédio virava concentração, o que era desleixo virava atenção e o que era desânimo virava emoção verdadeira. Uma pena que Elvis só mostrava sinais de vida em momentos raros como esse! No restante da apresentação apenas Help Me se salva, outra que também é misto quente indecente entre country music e gospel sacros... vai entender...
Defina Help Me! É country? É gospel? Citando meu amigo Pablo em recente artigo realmente não saberia definir com exatidão que tipo de música é essa! A única certeza é que Elvis estava pedindo ajuda mesmo, implorando aos céus para suportar tanta mesmice em sua carreira estagnada! Depois de Aloha Elvis entrou numa rotina que duraria até o fim de seus dias. Muitos shows, muitas vezes passando pelas mesmas cidades, discos ao vivo, discos ocasionais de estúdio, pouca renovação...pouca inovação! Elvis, que em muitas vezes em sua longa carreira já tinha entrado em ciclos repetitivos (como as trilhas sonoras dos anos 60) novamente estava dentro de um! Sem desafios ele foi ficando cada vez mais velho e desiludido... o resto da história já sabemos. Enfim, Help Me é o último bom momento do CD. Depois dele Elvis joga o paletó na cadeira e vai tomar um cafezinho com seu camaradas de repartição...
Aliás, permita escrever, Elvis tinha mesmo que pedir ajuda a um estilista também! Algumas jumpsuits que ele usou nessa temporada realmente eram um terror estético. Repare na foto em que ele está se apresentando em Lake Tahoe. As melhores roupas de palco de Elvis sempre foram aquelas do começo dos anos 70, muito mais simples, despojadas, e claro, mais elegantes. Depois Elvis parece que entrou em uma disputa pessoal com Liberace para ver quem se apresentava com o traje mais exótico (para não dizer brega)! A tênue linha entre elegância e breguice certamente foi rompida por Elvis nesse período, como aliás bem observou Priscilla Presley em seu livro "Elvis e Eu".
Elvis também estava bem gordinho nessa temporada. Certamente o cantor perdeu a linha durante essa época. Em 1974 Elvis teve grandes aumentos de peso, tanto que foi durante esses shows que a aparência dele começou a chamar muito a atenção. O cantor se apresentava pálido, gordo e cansado. Seu cabelo também não ajudava muito o que fazia muitos fãs mais desavisados levantarem a hipótese (absurda é claro) de que ele estaria usando perucas durante esses concertos. A única parte positiva era que no tocante a sua voz Elvis ia melhorando a cada dia, trazendo belas interpretações (isso quando não deixava o tédio lhe dominar por completo!).
Vale a pena ter Spanish Eyes na coleção? Depende. É o que sempre digo: se você é um jovem fã de Elvis deixe esse tipo de lançamento de lado. Procure ouvir os discos oficiais de Elvis, por uma simples razão: nada do que você vá encontrar em Cds como esse você não vai ouvir (e melhor) nos títulos oficiais. Digo como fà de longa data: se você não for uma pessoa muito interessada em Elvis, se você se contenta em só adquirir o melhor do cantor, então os discos oficiais ao vivo dele já estão de bom tamanho! Bootlegs são a sobra mesmo, claro que existem shows interessantes, claro que existem gravações raras, mas isso só vai lhe interessar em um segundo momento, depois que você já tiver ouvido seus melhores registros (os oficiais). Em que vai lhe adiantar ficar ouvindo milhares de versões praticamente iguais de See See Rider ou I Got a Woman nos anos 70? Em nada. O que foi lançado oficialmente pela RCA já traz um belo retrato do que Elvis foi nos palcos durante os anos 70. O resto é preciosismo e repetição Ad Nauseam... vai por mim!
Erick Steve e Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Elvis Presley - Raised On Rock (1973)
Em julho de 1973 Elvis finalmente aceitou gravar material novo. O local escolhido foi um estúdio de gravação de Memphis chamado Stax Studios. Esse selo era bem conhecido pelas inúmeros discos de soul e R&B que vinham sendo lançados desde o final da década de 50. Era material essencialmente negro e como Elvis sempre gostou da sonoridade black a escolha caiu como uma luva para ele. O cantor não gravava em Memphis desde 1969 e as expectativas eram grandes quando finalmente começaram as sessões. Inicialmente a intenção do produtor Felton Jarvis era gravar um vasto material e realizar uma nova maratona de gravações. Para isso reservaram seis noites no Stax. Embora a ideia fosse muito boa, Jarvis esqueceu de levar em conta a própria situação pessoal de Elvis nessa época. A realidade era que o cantor vinha enfrentando cada vez mais problemas, principalmente de saúde.
As dificuldades surgiram logo no primeiro dia. Elvis chegou seis horas atrasado no estúdio e acabou encontrando uma banda exausta de tanto esperar. O clima certamente não era dos melhores e ele logo percebeu isso. Embora a intenção da produção fosse gravar vasto material, Elvis mostrou-se pouco produtivo nessa ocasião e o problema se repetiu nos demais dias. Elvis não conseguia mais apresentar o antigo pique de antes, se limitando a gravar poucas músicas de cada vez. Muito disperso, sem se focar nas músicas selecionadas, Elvis foi gradativamente perdendo o interesse. O pior aconteceu alguns dias depois quando após gravar apenas uma canção Elvis se encheu e foi embora, deixando a programação pelo meio do caminho, decidindo impulsivamente abandonar definitivamente as sessões. Elvis, que era um dos mais produtivos artistas de sua época, agora enfrentava vários problemas pessoais que interferiam diretamente em seu trabalho. Como a RCA ainda não tinha material suficiente para a composição de um álbum levou seus equipamentos para a casa dele em Palm Springs dois meses depois, onde após finalizar três faixas o disco finalmente ficou completo.
O resultado final chegou nas lojas em outubro de 1973. Apesar das inúmeras dificuldades em sua gravação o LP mostrou-se coeso e de boa qualidade. A faixa título, de autoria de Mark James, já demonstrava ser bastante original e singular dentro da discografia de Elvis, tendo personalidade própria e uma sonoridade bem diferenciada. Outro grande destaque do álbum vinha de For Ol Times Sake, com um belo e rico arranjo de cordas. As duas inclusive seriam lançadas em single um mês antes do lançamento do disco. Até mesmo as faixas gravadas em Palm Springs como I Miss You e Are You Sincere mantinham um bom nível técnico.
Raised On Rock também marcou o reencontro de Elvis com sua antiga dupla de compositores, Leiber e Stoller. Eles estavam afastados da carreira do cantor desde os anos 60, quando o Coronel Parker os colocou de lado, por serem "caros" demais e isso apesar de terem compostos alguns dos maiores sucessos da carreira de Elvis! De qualquer forma lá estava Elvis de volta aos microfones para interpretar mais uma vez canções da dupla. As duas escolhidas, If You Don´t Come Back e Three Corn Patches, não eram músicas excepcionais ou fora de série, porém tinham seus méritos. If You Don´t Come Back, por exemplo, tinha um balanço essencialmente black que combinava muito bem com o clima do Stax de uma maneira em geral. A seleção fechava com um country agradável, Girl Of Mine, e uma música antiga escrita por Eddy Arnold, chamada Sweet Angeline. Assim Raised On Rock acabou cumprindo seu papel, colocando material novo no mercado e de quebra trazendo um pequeno sopro de inovação na discografia oficial de Elvis.
RAISED ON ROCK (Mark James) - Canção título do disco. Foi lançada em single junto com "For Ol'Times Sake" em Setembro de 1973. A letra feita pelo ótimo compositor Mark James faz um balanço emocional dos anos iniciais do Rock'n'Roll. A harmonia também é bastante original, transformando o conjunto em um belo momento da carreira de Elvis Presley.
ARE YOU SINCERE (Wayne Walker) - Música gravada na casa de Elvis em Palm Springs em Setembro de 1973. Participaram desta "sessão", o guitarrista James Burton, o grupo vocal Voice, o amigo e músico Charlie Hodge, o baixista Thomas Hensley e o engenheiro de som Rick Ruggieri. Depois as gravações sofreram acréscimos de instrumentos providenciados por Felton Jarvis.
FIND OUT WHAT'S HAPPENING (Jerry Crutchfield) - Música cujo arranjo segue um estilo por demais utilizado nos anos 70. Em destaque a vocalização feminina, que contou com a ótima e subestimada Kathy Westmoreland. Bom momento do disco.
I MISS YOU (J.D.Summer) - Outra gravada em Palm Springs. Elvis conta aqui com a preciosa colaboração do grupo vocal formado por ele chamado Voice. Elvis reuniu alguns músicos que estavam desempregados e formou um grupo vocal gospel para acompanhá-lo em shows e nas gravações. Esta música marca a estréia do grupo em gravações de estúdio.
GIRL OF MINE (Reed / Mason) - Country muito popular nos Estados Unidos. Esta canção deixa transparecer todo o esgotamento físico e emocional de Elvis. Tão exausto ele estava durante as sessões de gravação deste disco que neste dia (24 de julho) ele só conseguiu gravar uma música. Nos anos 60 Elvis gravava um LP inteiro em uma noite e agora, doente e exausto só conseguiu completar uma canção. A verdade era que seu estilo de vida, os shows, as viagens, os compromissos sem fim, a tensão insuportável dos camarins, a histeria dos fãs e a solidão dos quartos de hotéis estavam destruindo a saúde de Elvis Presley.
FOR OL'TIMES SAKE (Tony Joe White) - Lado B do single "Raised On Rock". Uma das músicas românticas mais bonitas e bem arranjadas da carreira de Elvis. O destaque fica com o ótimo arranjo de cordas executado por Burton, Christopher, Young e Dennis Linde (autor do grande sucesso de Elvis "Burning Love").
IF YOU DON'T COME BACK (Leiber / Stoller) - Canção que marca o reencontro de Elvis com os compositores Jerry Leiber e Mike Stoller. Esta união legou ao século XX as melhores canções de Rock'n'Roll da história como "Jailhouse Rock", "Trouble","Hound Dog" e várias outras. Aqui Elvis faz a mágica acontecer mais uma vez, pois esta e "Three Corn Patches" são as melhores canções do disco. Elvis até renasce quando canta estas músicas voltando novamente ao pique e ao entusiasmo dos anos 50.
JUST A LITTLE BIT (Rosco Gordon) - Sucesso do começo dos anos 60. Se Elvis estava exausto depois de tantos compromissos, seus músicos também estavam. Muitos deles acompanhavam o Rei na estrada e estavam à beira de um colapso nervoso. O baixista Tommy Cogbill começou a tocar deitado no chão, o que acarretou numa reprimenda enérgica do produtor Jarvis. Além disso o baterista Al Jackson começou a beber dentro do estúdio o que acabou levando o produtor Felton Jarvis a demiti-lo. Realmente o clima não estava dos melhores.
SWEET ANGELINE (Eddy Arnold / Martini / Morrow) - Esta música só foi completada por Elvis depois, pois ele não teve tempo suficiente para completá-la. Assim em Setembro de 1973 Elvis reuniu-se com James Burton e mais alguns músicos em sua casa em Palm Springs para terminar a gravação desta canção. Apesar de toda a dificuldade a canção se tornou uma das mais belas da discografia de Presley durante os anos 70. Muito bonita, com melodia atraente esta canção é um dos pontos altos do disco.
THREE CORN PATCHES (Leiber / Stoller) - Canção que fecha o disco. Mais uma maravilhosa composição de Leiber e Stoller. Elvis Presley perdeu muito com o afastamento da dupla durante os anos 60. Tudo culpa do Coronel Parker que só visava o lucro e nunca a qualidade. Esta e outras atitudes acabaram levando Elvis a desprezar seu empresário, inclusive o demitindo em uma ocasião. Porém já era tarde demais, o estrago já estava feito e Presley acabou o readmitindo, pois o Coronel cobrou uma verdadeira fortuna para acabar a sociedade entre ambos.
Elvis Presley - Raised On Rock (1973): Elvis Presley (vocal) / James Burton (guitarra) / Reggie Young (guitarra) / Dennis Linde (guitarra) / Bobby Manual (guitarra) / Johnny Christopher (guitarra) / Tommy Cogbill (baixo) / Donald Dunn (baixo) / Thomas Hensley (baixo) / Jerry Carrigan (bateria) / Ronnie Tutt (bateria) / Al Jackson (bateria) / Bobby Wood (piano) / Don Summer (piano) / Bobby Emons (orgão) / J.D.Summer and The Stamps (vocais) / Voice (vocais) / Kathy Westmoreland, Mary Greene, Mary Holladay, Ginger Holladay (vocais) / Al Pachucki (engenheiro) / Felton Jarvis (Produção e Arranjo) / Gravado nos dias 21 a 25 de julho de 1973, Stax Recording Studios, Memphis - 22 e 23 de setembro de 1973, Palm Springs / Data de lançamento: outubro de 1973 / Melhor Posição nas Paradas: #50 (EUA).
Pablo Aluísio.
As dificuldades surgiram logo no primeiro dia. Elvis chegou seis horas atrasado no estúdio e acabou encontrando uma banda exausta de tanto esperar. O clima certamente não era dos melhores e ele logo percebeu isso. Embora a intenção da produção fosse gravar vasto material, Elvis mostrou-se pouco produtivo nessa ocasião e o problema se repetiu nos demais dias. Elvis não conseguia mais apresentar o antigo pique de antes, se limitando a gravar poucas músicas de cada vez. Muito disperso, sem se focar nas músicas selecionadas, Elvis foi gradativamente perdendo o interesse. O pior aconteceu alguns dias depois quando após gravar apenas uma canção Elvis se encheu e foi embora, deixando a programação pelo meio do caminho, decidindo impulsivamente abandonar definitivamente as sessões. Elvis, que era um dos mais produtivos artistas de sua época, agora enfrentava vários problemas pessoais que interferiam diretamente em seu trabalho. Como a RCA ainda não tinha material suficiente para a composição de um álbum levou seus equipamentos para a casa dele em Palm Springs dois meses depois, onde após finalizar três faixas o disco finalmente ficou completo.
O resultado final chegou nas lojas em outubro de 1973. Apesar das inúmeras dificuldades em sua gravação o LP mostrou-se coeso e de boa qualidade. A faixa título, de autoria de Mark James, já demonstrava ser bastante original e singular dentro da discografia de Elvis, tendo personalidade própria e uma sonoridade bem diferenciada. Outro grande destaque do álbum vinha de For Ol Times Sake, com um belo e rico arranjo de cordas. As duas inclusive seriam lançadas em single um mês antes do lançamento do disco. Até mesmo as faixas gravadas em Palm Springs como I Miss You e Are You Sincere mantinham um bom nível técnico.
Raised On Rock também marcou o reencontro de Elvis com sua antiga dupla de compositores, Leiber e Stoller. Eles estavam afastados da carreira do cantor desde os anos 60, quando o Coronel Parker os colocou de lado, por serem "caros" demais e isso apesar de terem compostos alguns dos maiores sucessos da carreira de Elvis! De qualquer forma lá estava Elvis de volta aos microfones para interpretar mais uma vez canções da dupla. As duas escolhidas, If You Don´t Come Back e Three Corn Patches, não eram músicas excepcionais ou fora de série, porém tinham seus méritos. If You Don´t Come Back, por exemplo, tinha um balanço essencialmente black que combinava muito bem com o clima do Stax de uma maneira em geral. A seleção fechava com um country agradável, Girl Of Mine, e uma música antiga escrita por Eddy Arnold, chamada Sweet Angeline. Assim Raised On Rock acabou cumprindo seu papel, colocando material novo no mercado e de quebra trazendo um pequeno sopro de inovação na discografia oficial de Elvis.
RAISED ON ROCK (Mark James) - Canção título do disco. Foi lançada em single junto com "For Ol'Times Sake" em Setembro de 1973. A letra feita pelo ótimo compositor Mark James faz um balanço emocional dos anos iniciais do Rock'n'Roll. A harmonia também é bastante original, transformando o conjunto em um belo momento da carreira de Elvis Presley.
ARE YOU SINCERE (Wayne Walker) - Música gravada na casa de Elvis em Palm Springs em Setembro de 1973. Participaram desta "sessão", o guitarrista James Burton, o grupo vocal Voice, o amigo e músico Charlie Hodge, o baixista Thomas Hensley e o engenheiro de som Rick Ruggieri. Depois as gravações sofreram acréscimos de instrumentos providenciados por Felton Jarvis.
FIND OUT WHAT'S HAPPENING (Jerry Crutchfield) - Música cujo arranjo segue um estilo por demais utilizado nos anos 70. Em destaque a vocalização feminina, que contou com a ótima e subestimada Kathy Westmoreland. Bom momento do disco.
I MISS YOU (J.D.Summer) - Outra gravada em Palm Springs. Elvis conta aqui com a preciosa colaboração do grupo vocal formado por ele chamado Voice. Elvis reuniu alguns músicos que estavam desempregados e formou um grupo vocal gospel para acompanhá-lo em shows e nas gravações. Esta música marca a estréia do grupo em gravações de estúdio.
GIRL OF MINE (Reed / Mason) - Country muito popular nos Estados Unidos. Esta canção deixa transparecer todo o esgotamento físico e emocional de Elvis. Tão exausto ele estava durante as sessões de gravação deste disco que neste dia (24 de julho) ele só conseguiu gravar uma música. Nos anos 60 Elvis gravava um LP inteiro em uma noite e agora, doente e exausto só conseguiu completar uma canção. A verdade era que seu estilo de vida, os shows, as viagens, os compromissos sem fim, a tensão insuportável dos camarins, a histeria dos fãs e a solidão dos quartos de hotéis estavam destruindo a saúde de Elvis Presley.
FOR OL'TIMES SAKE (Tony Joe White) - Lado B do single "Raised On Rock". Uma das músicas românticas mais bonitas e bem arranjadas da carreira de Elvis. O destaque fica com o ótimo arranjo de cordas executado por Burton, Christopher, Young e Dennis Linde (autor do grande sucesso de Elvis "Burning Love").
IF YOU DON'T COME BACK (Leiber / Stoller) - Canção que marca o reencontro de Elvis com os compositores Jerry Leiber e Mike Stoller. Esta união legou ao século XX as melhores canções de Rock'n'Roll da história como "Jailhouse Rock", "Trouble","Hound Dog" e várias outras. Aqui Elvis faz a mágica acontecer mais uma vez, pois esta e "Three Corn Patches" são as melhores canções do disco. Elvis até renasce quando canta estas músicas voltando novamente ao pique e ao entusiasmo dos anos 50.
JUST A LITTLE BIT (Rosco Gordon) - Sucesso do começo dos anos 60. Se Elvis estava exausto depois de tantos compromissos, seus músicos também estavam. Muitos deles acompanhavam o Rei na estrada e estavam à beira de um colapso nervoso. O baixista Tommy Cogbill começou a tocar deitado no chão, o que acarretou numa reprimenda enérgica do produtor Jarvis. Além disso o baterista Al Jackson começou a beber dentro do estúdio o que acabou levando o produtor Felton Jarvis a demiti-lo. Realmente o clima não estava dos melhores.
SWEET ANGELINE (Eddy Arnold / Martini / Morrow) - Esta música só foi completada por Elvis depois, pois ele não teve tempo suficiente para completá-la. Assim em Setembro de 1973 Elvis reuniu-se com James Burton e mais alguns músicos em sua casa em Palm Springs para terminar a gravação desta canção. Apesar de toda a dificuldade a canção se tornou uma das mais belas da discografia de Presley durante os anos 70. Muito bonita, com melodia atraente esta canção é um dos pontos altos do disco.
THREE CORN PATCHES (Leiber / Stoller) - Canção que fecha o disco. Mais uma maravilhosa composição de Leiber e Stoller. Elvis Presley perdeu muito com o afastamento da dupla durante os anos 60. Tudo culpa do Coronel Parker que só visava o lucro e nunca a qualidade. Esta e outras atitudes acabaram levando Elvis a desprezar seu empresário, inclusive o demitindo em uma ocasião. Porém já era tarde demais, o estrago já estava feito e Presley acabou o readmitindo, pois o Coronel cobrou uma verdadeira fortuna para acabar a sociedade entre ambos.
Elvis Presley - Raised On Rock (1973): Elvis Presley (vocal) / James Burton (guitarra) / Reggie Young (guitarra) / Dennis Linde (guitarra) / Bobby Manual (guitarra) / Johnny Christopher (guitarra) / Tommy Cogbill (baixo) / Donald Dunn (baixo) / Thomas Hensley (baixo) / Jerry Carrigan (bateria) / Ronnie Tutt (bateria) / Al Jackson (bateria) / Bobby Wood (piano) / Don Summer (piano) / Bobby Emons (orgão) / J.D.Summer and The Stamps (vocais) / Voice (vocais) / Kathy Westmoreland, Mary Greene, Mary Holladay, Ginger Holladay (vocais) / Al Pachucki (engenheiro) / Felton Jarvis (Produção e Arranjo) / Gravado nos dias 21 a 25 de julho de 1973, Stax Recording Studios, Memphis - 22 e 23 de setembro de 1973, Palm Springs / Data de lançamento: outubro de 1973 / Melhor Posição nas Paradas: #50 (EUA).
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis (1973)
Tentando ainda pegar carona no sucesso de Aloha From Hawaii a RCA lançou apenas alguns meses depois da trilha do especial de TV esse disco intitulado simplesmente de "Elvis". Como esse também era o nome de seu segundo LP lançado em 1956 os fãs acabaram batizando informalmente o novo disco de "The Fool Album" por causa da música de trabalho "Fool". Para compor "Elvis" o produtor Felton Jarvis fez uma colcha de retalhos sonora, misturando canções de sessões diferentes de Elvis, jam sessions e registros ao vivo. Como muitas vezes aconteceu na discografia de Elvis esse também foi um LP composto meio na improvisação, misturando faixas que nada tinham em comum. A estrutura dele basicamente é formada por várias canções que tinham sido inicialmente gravadas com a finalidade de compor a trilha sonora do filme Elvis On Tour e algumas canções que sobraram das sessões de Nashville em 1971.
Esse é o caso da faixa principal do disco, a música "Fool". Gravada em março de 1972 em Hollywood, foi produzida visando a inclusão na trilha de Elvis On Tour, porém com o cancelamento desse disco a canção ficou mais de um ano arquivada esperando o momento de ser lançada no mercado. Inicialmente foi (mal) aproveitada como lado B do single Steamroller Blues. Depois finalmente ganhou destaque abrindo o primeiro disco de inéditas de Elvis em 1973. A RCA inclusive se empenhou em sua promoção, disponibilizando até mesmo um single especial duplo (com a música em ambos os lados) para ser distribuído exclusivamente às emissoras de rádios. Apesar do esforço a música nunca emplacou completamente, não conseguindo se firmar entre os grandes sucessos da carreira de Elvis. "Where do I Go From Here" também é outra proveniente da nunca lançada trilha sonora de Elvis On Tour. Também gravada em março de 1972 ficou bastante tempo arquivada antes de ganhar a luz do dia. Não é uma das mais inspiradas canções da carreira de Elvis mas tem suas qualidades. Das sessões de 1971 em Nashville, o produtor Felton Jarvis ainda desenterrou "Love Me, Love The Lead I Life", uma faixa extremamente melancólica e sentimental. Com o lançamento dela e do country "For Lovin Me" praticamente se esgotou o lote de músicas dessa produtiva maratona de gravação.
Como Elvis vinha cada vez mais se destacando nos concertos ao vivo, Felton resolveu incluir uma faixa gravada em Las Vegas, na temporada realizada em fevereiro de 1972. Essa música, "It´s Impossible", é um dos pontos altos do disco, pois conta com uma interpretação perfeita por parte do cantor. Como sempre o grupo vocal também se destaca, conseguindo ser sutil e marcante na mesma medida. Uma das maiores curiosidades do "The Fool Album" foi a inclusão de 3 músicas gravadas informalmente por Elvis em fevereiro de 1971 na cidade de Nashville: "It´s Still Here", "I Will Be True" e "I´ll Take You Home Again Kathleen". Inicialmente registradas mais como um aquecimento antes das gravações principais, as faixas acabaram caindo nas graças do produtor por serem extremamente inspiradas e por contar com um Elvis bem disposto, tocando piano, praticamente se auto acompanhando solitário dentro do estúdio. Essas eram músicas antigas de que Elvis gostava muito, quase sempre as tocando em Graceland. "I´ll Take You Home Again Kathleen", por exemplo, foi escrita em 1912, ganhando uma versão popular em 1957 na voz de Slim Whitman e "I Will Be True" era de autoria de Ivory Joe Hunter, um dos compositores preferidos de Elvis.
Um dos grandes destaques do "The Fool Album" é uma outra gravação informal, na realidade uma longa Jam Session, onde Elvis cantou o clássico de Bob Dylan, "Don´t Think Twice, It´s All Right". Infelizmente, apesar de sua oportuna inclusão, Felton Jarvis a editou aqui para uma quase mini versão da gravação inteira, que o grande público só iria conhecer muitos anos depois. A impressão que passa é que o produtor não acreditou muito na gravação e a colocou apenas timidamente no disco oficial, como uma maneira do importante registro não passar em branco na discografia oficial de Elvis Presley. O LP se completa com uma música menor, Padre. Outra canção gravada em Nashville em 1971, que nunca alcançou maior destaque dentro da carreira do cantor. Lançado em julho de 1973, "Elvis" ou "The Fool Album" não conseguiu se destacar nas paradas, fazendo timidamente parte das principais listas de vendas. De qualquer forma o lançamento serviu para oficializar algumas interessantes gravações de Elvis que jaziam injustamente em um verdadeiro limbo musical. Eias as canções do disco:
FOOL (James Last / Carl Sigman) - Esta canção foi gravada em março de 1972 em Hollywood para ser usada na trilha sonora do filme "Elvis On Tour" (Elvis Triunfal, 1972). Porém a RCA desistiu de lançar este disco e ao invés disto investiu nos LPs gravados ao vivo "Madison Square Garden" e "Aloha From Hawaii". Assim esta canção foi arquivada e só foi lançada em março de 1973, como lado B do single "Steamroller Blues" (música gravada ao vivo no "Aloha From Hawaii"). Se tornou mais tarde carro chefe deste disco o que deixou Elvis surpreso.
WHERE DO I GO FROM HERE (Williams) - Outra que deveria fazer parte da trilha de "Elvis On Tour" (Elvis triunfal, 1972). Foi também gravada em março de 1972, em Hollywood e nunca usada. Felton Jarvis a achou perdida nos arquivos da RCA e a incluiu neste LP. Nessas mesmas sessões foram gravadas as canções de um dos singles mais vendidos da carreira de Elvis: "Burning Love / It's A Matter of Time".
LOVE ME, LOVE THE LIFE I LEAD (Macauley / Greenaway) - Canção romântica bem ao estilo de Presley da primeira metade dos anos 70. Esta música foi gravada em maio de 1971 em Nashville. Foi a última canção gravada por Elvis naquelas exaustivas sessões. Naquela ocasião o cantor gravou mais de trinta canções que dariam origem a diversos LPs como "He Touched Me" (premiado disco de música Gospel), "Elvis Now" (um de seus discos mais populares dos anos 70) e "Elvis Sings the Wonderfull World Of Christmas" (tentativa mal sucedida da RCA de reviver o clássico "Elvis Christmas Album" ).
IT'S STILL HERE (Hunter) - Elvis ao piano. Canção gravada em 19 de fevereiro de 1971 em Nashville. Os músicos presentes a esta sessão lembram que Elvis chegou muito inspirado na manhã deste dia e gravou três canções de uma só vez ao piano, sozinho, sem acompanhamento. O interessante é que o horário preferido de Elvis para gravar era durante as madrugadas e esta gravação feita logo pela manhã foi uma quebra no seu "Modus Operandi".
IT'S IMPOSSIBLE (Manzanero / Wayne) - Gravada ao vivo em Las Vegas no dia 16 de fevereiro de 1972. É outro grande exemplo do talento de Elvis gravado nos palcos de Nevada. A canção havia se tornado sucesso na voz do cantor Perry Como, mas se imortalizou mesmo na voz do Rei. Ela foi gravada nos trabalhos iniciais do premiado filme "Elvis On Tour" (Elvis triunfal, 1972), mas como a RCA desistiu da trilha sonora do mesmo, ela ficou arquivada até Felton Jarvis a trazer à tona novamente e nos revelar mais um grande momento da carreira de Elvis Presley.
FOR LOVIN' ME (Gordon Lightfoot) - Country que foi sucesso na voz de Peter, Paul and Mary nos anos sessenta. A versão de Elvis foi gravada no dia 15 de março de 1971. Aqui o cantor exercita uma linha vocal do qual ele admirava muito. Em 1970 iria ser lançado um disco de Presley só com estes tipos de música: "Elvis Country - I'm 10.000 years old".
PADRE (LaRue / Webster / Romans) - Uma das músicas preferidas de Elvis Presley. Pode-se inclusive notar a extrema empolgação de Elvis nesta faixa. A versão original foi um velho sucesso dos anos 50 e que foi regravada nos anos 70 por Marty Robbins. A versão de Elvis foi gravada no dia 15 de maio de 1971 em Nashville.
I'LL TAKE YOU HOME AGAIN, KATHLEEN (adaptado por Elvis) - Esta é outra das canções que Elvis gravou ao piano na manhã do dia 19 de fevereiro de 1971. Sozinho ao piano Elvis Presley dá uma prova de seu enorme talento. Esta canção faz parte do folclore norte americano e sua primeira versão data de 1912, na voz de Will Oakland, seguida da versão de Slim Whitman lançada em 1957 pelo selo Imperial.
I WILL BE TRUE (Hunter) - A terceira música de Elvis gravada na manhã do dia 19. Esta e It's Still Here são versões do Rei do Rock para velhas canções de Ivory Joe Hunter. Sempre Elvis gravava canções antigas e lhes dava um novo tratamento. Os arranjos e as adaptações destas três músicas foram creditadas inteiramente a Elvis Presley.
DON'T THINK TWICE, IT'S ALL RIGHT (Bob Dylan) - Sucesso escrito por Bob Dylan que se tornou famosa nas vozes de Peter, Paul and Mary em 1963 e The Four Seasons em 1965. O cantor e compositor Bob Dylan sempre foi um fã declarado de Elvis, tanto que ele afirmou na revista Rolling Stone:"Sempre quis que Elvis Presley gravasse minhas músicas e ele gravou "Tomorrow is a Long Time", é o disco que guardo com maior carinho".
Elvis Presley - Elvis (1973): Elvis Presley (vocal e piano) / James Burton (guitarra) / Chip Young (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Norbert Putnam (baixo) / Jerry Carrigan (percussão e bateria) / Kenneth Buttrey (bateria) / David Briggs (piano) / Joe Moscheo (piano) / Glen Spreen (Orgão) / Charlie McCoy (orgão, harmônica e percussão) / The Imperials (vocais) / June Page, Millie Kirkham, Temple Riser e Ginger Holladay (Vocais) / Al Pachucki (engenheiro de Som) / Produzido e arranjado por Felton Jarvis / Gravado no dia 15 de março de 1971, RCA's Studios B, Nashville - 15 a 21 de maio de 1971, RCA's Studios B, Nashville - 16 de fevereiro de 1972, Las Vegas Hilton - 27 a 29 de março de 1972, RCA's Studios C, Hollywood / Data de lançamento: julho de 1973. / Melhor posição nas paradas: #52 (EUA) e #16 (UK).
Pablo Aluísio.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Elvis Presley - Aloha From Hawaii (1973)
Nos dias de hoje uma transmissão via satélite soa banal, faz parte do cotidiano dos canais de TV e não desperta a atenção ou admiração de mais ninguém. Isso porém não era o cenário tecnológico em 1973. Naquele ano as transmissões ao vivo eram caras, complicadas e uma novidade reservada apenas para grandes eventos. Aloha From Hawaii foi um desses eventos de repercussão em nível mundial que mereceram uma cobertura dessa magnitude. Uma apresentação de Elvis Presley transmitida para vários países ao redor do mundo, com ampla cobertura da imprensa. A ideia foi desenvolvida pelos produtores Joan Deary e Marty Pasetta. Como Elvis era um nome conhecido nos quatro cantos do mundo e como ele não havia feito nenhuma turnê mundial logo se tornou o nome mais adequado para a transmissão de um concerto ao vivo ao redor do globo.
Embora inicialmente a ideia tenha sido genial sua execução esbarrou em alguns problemas que iriam surgir no momento da venda do especial para as TVs mundiais. O primeiro grande empecilho foi justamente o local onde seria realizado o show. O Havaí é localizado em um região do planeta cujo fuso horário simplesmente não bate com o fuso horário dos países que estavam mais interessados na transmissão (EUA e Europa). Em contrapartida caía como uma luva para os países orientais próximos ao Japão e redondezas. Embora as emissoras americanas e europeias tenham tentado mudar o local de realização do Aloha os produtores não voltaram atrás em suas convicções, até porque não haveria muito sentido em mudar o local já que o evento era beneficiente em prol do centro Kui Lee, que obviamente era localizado nas ilhas havaianas. Em vista disso o especial só foi realmente transmitido ao vivo para os seguintes países: Japão, Austrália, Nova Zelândia, Filipinas, Coreia e Vietnã. Europa e EUA só assistiram o tape quase um mês depois da transmissão. No Brasil o especial passou em brancas nuvens, sequer sendo exibido na época.
O concerto foi realizado no Honolulu International Center com público estimado em 5 mil pessoas, um número bem abaixo do que Elvis estava acostumado a se apresentar em suas turnês. O problema realmente foi que não havia mais espaço para um público maior. O local não era muito adequado para grandes plateias. Elvis realizou uma apresentação tecnicamente perfeita, com pequenas e pontuais falhas que nada afetaram em relação ao conjunto do que foi apresentado. Certamente para ele tudo era uma grande novidade e como sabia que o especial de TV seria exibido em vários países procurou cantar da melhor forma possível, limitando ao máximo as brincadeiras que estava acostumado a fazer nos shows pelos EUA. Para muitos esse seria inclusive o grande problema do Aloha From Hawaii, com um Elvis sério e concentrado demais. Realmente para quem estava acostumado com seus shows habituais o Aloha acabou soando um pouco formal além da conta. Por outro lado para quem apreciava belas interpretações por parte de Elvis certamente encontrou nesse concerto um prato cheio, pois ele esteve impecável em várias das músicas apresentadas.
A trilha sonora foi lançada em álbum duplo, o que não prejudicou em suas vendas pois o LP logo chegou ao primeiro lugar das paradas americanas. Aloha inclusive foi o último disco da carreira de Elvis a ocupar o topo da principal lista da parada Billboard. Um grande sucesso de vendas que se tornou um novo e muito bem-vindo êxito comercial para o cantor. Sua arte final era bem trabalhada, com um grande mapa mundial em sua parte interna onde se poderia ler em vários idiomas a frase "Amamos a Elvis" (em bom português luso é bom frisar). Sua capa porém recebeu críticas ao longo dos anos pois a foto de Elvis não o mostrava em seu melhor ângulo. Isso de certa forma era algo menor. Musicalmente o álbum trazia várias novidades para os colecionadores que só tinham acesso aos seus LPs oficiais: My Way, I'll Remember You, You Gave Me A Mountain, Something, Steamroller Blues, It´s Over, I'm So Lonesome I Could Cry, Welcome To My World e What Now My Love apareciam pela primeira vez na discografia de Elvis, para deleite dos fãs.
Durante muitos anos se afirmou que o Aloha From Hawaii foi o primeiro evento ao vivo a bater a audiência da chegada do homem à lua. Isso é uma verdade apenas em termos pois tudo depende do método a se adotar para medir o número final de sua audiência. Se essa audiência for medida levando-se em conta todos os países que assistiram ao show, mesmo que posteriormente à transmissão ao vivo (como aconteceu com o público americano e europeu) então teremos um público realmente maior do que foi alcançado na transmissão da Apolo 11. Caso contrário, se levarmos em conta apenas os países da Oceania e Ásia que efetivamente assistiram Elvis ao vivo então certamente esse número não foi superado. De qualquer forma isso tem uma importância relativa nos dias de hoje. O que realmente importa foi que o Aloha From Hawaii acabou se tornando um marco, um divisor de águas na carreira de Elvis. Para muitos ele marcou o final de um dos períodos mais criativos do artista (que havia começado em 1969). Uma coisa porém é certa: Aloha From Hawaii foi realmente um grande momento da vida e obra de Elvis Presley, um concerto que entrou para a história.
Elvis Presley - Aloha From Hawaii (1973)
Also Sprach Zarathustra
See See Rider
Burning Love
Something
You Gave Me A Mountain
Steamroller Blues
My Way
Love Me
Johnny B. Goode
It's Over
Blue Suede Shoes
I'm So Lonesome I Could Cry
I Can't Stop Loving You
Hound Dog
What Now My Love
Fever
Welcome To My World
Suspicious Minds
I'll Remember You
Long Tall Sally / Whole Lot-ta Shakin' Goin' On
An American Trilogy
A Big Hunk O'Love
Can't Help Falling In Love
Elvis Presley - Aloha From Hawaii (1973): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / John Wilknson (guitarra) / Charlie Hodge (violão e vocais) / Jerry Scheff (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / Glen Hardin (piano) / J.D.Summer and the Stamps (vocais) / The Sweet Inspirations (vocais) / Kathy Westmoreland (vocais) / Joe Guercio Orquestra / Produzido por Marty Pasetta, Elvis Presley e Joan Deary / Arranjado por Felton Jarvis e Elvis Presley / Gravado ao vivo no H.I.C. Arena, Honolulu, Hawaii, no dia 14 de janeiro de 1973 / Data de Lançamento: fevereiro de 1973 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #11 (UK).
Pablo Aluísio.
Embora inicialmente a ideia tenha sido genial sua execução esbarrou em alguns problemas que iriam surgir no momento da venda do especial para as TVs mundiais. O primeiro grande empecilho foi justamente o local onde seria realizado o show. O Havaí é localizado em um região do planeta cujo fuso horário simplesmente não bate com o fuso horário dos países que estavam mais interessados na transmissão (EUA e Europa). Em contrapartida caía como uma luva para os países orientais próximos ao Japão e redondezas. Embora as emissoras americanas e europeias tenham tentado mudar o local de realização do Aloha os produtores não voltaram atrás em suas convicções, até porque não haveria muito sentido em mudar o local já que o evento era beneficiente em prol do centro Kui Lee, que obviamente era localizado nas ilhas havaianas. Em vista disso o especial só foi realmente transmitido ao vivo para os seguintes países: Japão, Austrália, Nova Zelândia, Filipinas, Coreia e Vietnã. Europa e EUA só assistiram o tape quase um mês depois da transmissão. No Brasil o especial passou em brancas nuvens, sequer sendo exibido na época.
O concerto foi realizado no Honolulu International Center com público estimado em 5 mil pessoas, um número bem abaixo do que Elvis estava acostumado a se apresentar em suas turnês. O problema realmente foi que não havia mais espaço para um público maior. O local não era muito adequado para grandes plateias. Elvis realizou uma apresentação tecnicamente perfeita, com pequenas e pontuais falhas que nada afetaram em relação ao conjunto do que foi apresentado. Certamente para ele tudo era uma grande novidade e como sabia que o especial de TV seria exibido em vários países procurou cantar da melhor forma possível, limitando ao máximo as brincadeiras que estava acostumado a fazer nos shows pelos EUA. Para muitos esse seria inclusive o grande problema do Aloha From Hawaii, com um Elvis sério e concentrado demais. Realmente para quem estava acostumado com seus shows habituais o Aloha acabou soando um pouco formal além da conta. Por outro lado para quem apreciava belas interpretações por parte de Elvis certamente encontrou nesse concerto um prato cheio, pois ele esteve impecável em várias das músicas apresentadas.
A trilha sonora foi lançada em álbum duplo, o que não prejudicou em suas vendas pois o LP logo chegou ao primeiro lugar das paradas americanas. Aloha inclusive foi o último disco da carreira de Elvis a ocupar o topo da principal lista da parada Billboard. Um grande sucesso de vendas que se tornou um novo e muito bem-vindo êxito comercial para o cantor. Sua arte final era bem trabalhada, com um grande mapa mundial em sua parte interna onde se poderia ler em vários idiomas a frase "Amamos a Elvis" (em bom português luso é bom frisar). Sua capa porém recebeu críticas ao longo dos anos pois a foto de Elvis não o mostrava em seu melhor ângulo. Isso de certa forma era algo menor. Musicalmente o álbum trazia várias novidades para os colecionadores que só tinham acesso aos seus LPs oficiais: My Way, I'll Remember You, You Gave Me A Mountain, Something, Steamroller Blues, It´s Over, I'm So Lonesome I Could Cry, Welcome To My World e What Now My Love apareciam pela primeira vez na discografia de Elvis, para deleite dos fãs.
Durante muitos anos se afirmou que o Aloha From Hawaii foi o primeiro evento ao vivo a bater a audiência da chegada do homem à lua. Isso é uma verdade apenas em termos pois tudo depende do método a se adotar para medir o número final de sua audiência. Se essa audiência for medida levando-se em conta todos os países que assistiram ao show, mesmo que posteriormente à transmissão ao vivo (como aconteceu com o público americano e europeu) então teremos um público realmente maior do que foi alcançado na transmissão da Apolo 11. Caso contrário, se levarmos em conta apenas os países da Oceania e Ásia que efetivamente assistiram Elvis ao vivo então certamente esse número não foi superado. De qualquer forma isso tem uma importância relativa nos dias de hoje. O que realmente importa foi que o Aloha From Hawaii acabou se tornando um marco, um divisor de águas na carreira de Elvis. Para muitos ele marcou o final de um dos períodos mais criativos do artista (que havia começado em 1969). Uma coisa porém é certa: Aloha From Hawaii foi realmente um grande momento da vida e obra de Elvis Presley, um concerto que entrou para a história.
Elvis Presley - Aloha From Hawaii (1973)
Also Sprach Zarathustra
See See Rider
Burning Love
Something
You Gave Me A Mountain
Steamroller Blues
My Way
Love Me
Johnny B. Goode
It's Over
Blue Suede Shoes
I'm So Lonesome I Could Cry
I Can't Stop Loving You
Hound Dog
What Now My Love
Fever
Welcome To My World
Suspicious Minds
I'll Remember You
Long Tall Sally / Whole Lot-ta Shakin' Goin' On
An American Trilogy
A Big Hunk O'Love
Can't Help Falling In Love
Elvis Presley - Aloha From Hawaii (1973): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / John Wilknson (guitarra) / Charlie Hodge (violão e vocais) / Jerry Scheff (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / Glen Hardin (piano) / J.D.Summer and the Stamps (vocais) / The Sweet Inspirations (vocais) / Kathy Westmoreland (vocais) / Joe Guercio Orquestra / Produzido por Marty Pasetta, Elvis Presley e Joan Deary / Arranjado por Felton Jarvis e Elvis Presley / Gravado ao vivo no H.I.C. Arena, Honolulu, Hawaii, no dia 14 de janeiro de 1973 / Data de Lançamento: fevereiro de 1973 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #11 (UK).
Pablo Aluísio.
Elvis Triunfal
Com a boa repercussão do documentário "Elvis é Assim" (That´s The Way It Is, 1970) a MGM resolveu repetir a dose e produzir mais um documentário mostrando Elvis Presley nos palcos. Para não se tornar algo totalmente igual ao filme anterior porém o foco foi mudado. Ao invés de mostrar Presley em Las Vegas como na produção de 1970 a equipe da MGM resolveu seguir o cantor pelos Estados Unidos afora. Os diretores Robert Abel e Pierre Adidge colocaram o pé na estrada junto com Elvis e banda e foram registrar in loco o corre corre das concorridas turnês de Elvis pelos grandes centros do país. Usando de câmeras mais leves e de fácil deslocamento eles conseguiram captar bem o clima que antecedia os grandes concertos de Elvis. Se apresentando em grandes estádios o filme traz um rico material desses belos momentos ao vivo do astro. Além dos concertos os diretores ainda filmaram Elvis nos estúdios, em ensaios, sendo recebido pelos fãs por onde passava, mostrando um artista em um dos melhores momentos de sua carreira. O único erro maior dos diretores foi não terem registrado o concerto de Elvis no Madison Square Garden, uma apresentação histórica que parou Nova Iorque e que contou com grandes nomes na platéia prestigiando Elvis (inclusive os ex beatles John Lennon e George Harrison). Ao invés do Madison optou-se por captar momentos de shows diversos que Elvis foi realizando nessa mesma turnê.
Obviamente que um documentário como esse é especialmente indicado aos fãs de Elvis Presley mas para os cinéfilos em geral "Elvis On Tour" é também recomendado por alguns motivos básicos. O principal deles foi a participação de Martiin Scorsese no projeto. O famoso diretor participou do complicado processo de edição do filme. Com tanto material filmado - em algumas cenas seis câmeras filmavam ao mesmo tempo Elvis e seu grupo - foi necessário organizar tudo e Scorsese participou ativamente desse processo. O resultado se vê na tela, uma ótima montagem e edição de imagens que colaboraram bastante para o filme se tornar um sucesso de crítica e público na época de seu lançamento. O reconhecimento veio na noite de entrega do Globo de Ouro quando "Elvis Triunfal" foi premiado como o melhor documentário do ano. Mais um êxito na carreira de Elvis Presley nos cinemas naquele que ironicamente se tornaria seu último filme.
Elvis Triunfal (Elvis On Tour, EUA, 1972) Direção: Robert Abel, Pierre Adidge / Roteiro: Robert Abel, Pierre Adidge / Elenco: Elvis Presley, TCB Band, Joe Esposito, Charlie Hodge / Sinopse: Documentário que mostra a turnê que o cantor Elvis Presley realizou pelos Estados Unidos no ano de 1972. Vencedor do Globo de Ouro de melhor documentário.
Pablo Aluísio.
Obviamente que um documentário como esse é especialmente indicado aos fãs de Elvis Presley mas para os cinéfilos em geral "Elvis On Tour" é também recomendado por alguns motivos básicos. O principal deles foi a participação de Martiin Scorsese no projeto. O famoso diretor participou do complicado processo de edição do filme. Com tanto material filmado - em algumas cenas seis câmeras filmavam ao mesmo tempo Elvis e seu grupo - foi necessário organizar tudo e Scorsese participou ativamente desse processo. O resultado se vê na tela, uma ótima montagem e edição de imagens que colaboraram bastante para o filme se tornar um sucesso de crítica e público na época de seu lançamento. O reconhecimento veio na noite de entrega do Globo de Ouro quando "Elvis Triunfal" foi premiado como o melhor documentário do ano. Mais um êxito na carreira de Elvis Presley nos cinemas naquele que ironicamente se tornaria seu último filme.
Elvis Triunfal (Elvis On Tour, EUA, 1972) Direção: Robert Abel, Pierre Adidge / Roteiro: Robert Abel, Pierre Adidge / Elenco: Elvis Presley, TCB Band, Joe Esposito, Charlie Hodge / Sinopse: Documentário que mostra a turnê que o cantor Elvis Presley realizou pelos Estados Unidos no ano de 1972. Vencedor do Globo de Ouro de melhor documentário.
Pablo Aluísio.
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