Nickie Ferrante (Cary Grant) é um playboy conquistador que se apaixona por uma espirituosa passageira, Terry McKay (Deborah Kerr), durante uma viagem de navio entre a Europa e os Estados Unidos. O problema é que ambos estão comprometidos. Ele com uma rica herdeira nova-iorquina e ela por um homem bem sucedido que a venera. Quando a viagem chega ao fim resolvem criar um pacto romântico. Caso não se casem em seis meses com seus respectivos e atuais pares, se encontrarão no alto do prédio Empire State (um dos cartões postais de Nova Iorque) para firmarem compromisso entre si.
Um dos filmes românticos mais famosos de Hollywood. "Tarde Demais Para Esquecer" marcou época por causa de sua trama romântica e cheia de charme. Junte a isso um casal muito entrosado em cena e uma trilha sonora simplesmente inesquecível (cantada pelo ótimo cantor Vic Damone). O roteiro criou escola no cinema americano, tanto que o filme acabou sendo refeito duas vezes nos anos seguintes (versões com Tom Hanks e Warren Beatty). O que poucos sabem é que o próprio "Tarde Demais Para Esquecer" era o remake de um clássico da década de 1930 chamado "Duas Vidas" estrelado pela atriz Irene Dunne (hoje injustamente esquecida). Em termos práticos podemos notar duas partes bem distintas na produção. Na primeira acompanhamos o casal se conhecendo e finalmente se apaixonando dentro do transatlântico. Em minha opinião é o melhor momento do filme. Cary Grant com todo seu charme tenta superar sua fama de "conquistador barato" para conquistar a bela e madura Deborah Kerr (muito bonita no filme, elegante e vestida com alta costura).
A aproximação entre eles é sutil, feita de pequenos momentos - como convém a um romance passado na década de 50. Já a segunda parte mostra os encontros e desencontros do casal em terra firme (e que não seria adequado comentar detalhes aqui para não atrapalhar os que ainda não assistiram). Esse segundo ato é um pouco inferior ao primeiro. Subtramas desnecessárias aparecem (como o grupo infantil) e números musicais se alongam além do razoável. Mesmo assim o clímax, apesar de um pouco apressado, fecha com chave de ouro a trama. Infelizmente nos dias atuais já não temos tantos filmes assim. Os próprios relacionamentos mudaram, a moralidade que movia os personagens de "Tarde Demais Para Esquecer", com toda a culpa pela suposta infidelidade, não existe mais. As pessoas hoje em dia simplesmente traem, sem necessidade de encontros marcados em noites chuvosas! Os romances são mais rasos e passageiros e quanto menos envolvimento existir, melhor. De qualquer forma para quem ainda gosta de um boa estória de amor o filme vai cair muito bem. Não há como negar que ele envelheceu um pouco, podendo soar meloso para os mais jovens, mas mesmo assim isso é o de menos pois seu saudosismo acabou virando um charme a mais em um filme já tão charmoso, mesmo após tantos anos de seu lançamento.
Tarde Demais Para Esquecer (An Affair to Remember, Estados Unidos, 1957) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Leo McCarey / Roteiro: Delmer Davis, Leo McCarey / Elenco: Cary Grant, Deborah Kerr, Richard Danning, Neva Patterson, Cathleen Nesbitt, Robert Q. Lewis / Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Som e Melhor Música Original (An Affair to Remember).
Pablo Aluísio.
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